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Biomas do Brasil A classificação dos biomas normalmente obedece a critérios relacionados ao tipo de vegetação predominante e as formas de relevo presentes na área. Como são possíveis muitas definições para o termo, a ênfase em um ou outro aspecto vai depender da relevância que este aspecto apresenta para a compreensão da dinâmica do bioma bem como do conhecimento sobre a constituição da região estudada. Assim, alguns biomas são facilmente reconhecidos e determinados, outros dependem do enfoque que se deseja dar. Brasil apresenta uma área territorial com dimensões continentais da ordem de 8.514.877 km2, uma localização geográfica privilegiada principalmente do ponto de vista climático, uma variedade considerável de solos e relevo com altitudes variando do nível do mar até aproximadamente de 3000m. Essas condições permitem a adaptação de um grande número de espécies vegetais e animais que, quando distribuídas e organizadas numa grande área caracterizada por um tipo de vegetação dominante recebem o nome de biomas. O IBGE classifica esses conjuntos ambientais em seis grandes biomas, (ver figura...), ou seja, o bioma Amazônia, o bioma Cerrado, o bioma Mata atlântica, o bioma Caatinga o bioma Pampa e o bioma Pantanal. O bioma Amazônia O Bioma Amazônia ocorre no norte do Brasil e também nos países vizinhos como Bolívia, Equador, Colômbia, Guiana Francesa, Suriname, Guiana, Venezuela, Peru e Bolívia. Abrange uma área territorial de aproximadamente 7.000.000 km2 sendo que destes 5.000.000km2 pertencem ao Brasil com presença significativa em vários estados da federação, abrangendo a totalidade das terras do Acre, Amazonas Amapá, Roraima, Pará, e partes dos estados do Maranhão, Mato Grosso, Rondônia e Tocantins. Este bioma corresponde a 60% do território brasileiro. Como marca que identifica o bioma temos a maior floresta tropical do planeta que abriga mais de um terço das espécies existentes no mundo, só de árvores são mais de 2500 espécies. Além da sua riqueza em biodiversidade a floresta se caracteriza por apresentar porte avantajado, ser densa e extremamente heterogênea. Outra característica marcante se refere à sua diferenciação e disposição interna, ou seja, a diferentes formações florestais acompanham as modificações do relevo assim, a floresta pode ser dividida em vários três estratos principais, ou seja, mata de igapó, mata de várzea e mata de terra firme. Mata de igapó corresponde porção da floresta que se desenvolve junta à planície de inundação. Nestas áreas os solos encontram-se permanentemente inundados, somente as espécies adaptadas as condições de grande umidade se desenvolvem. A vegetação é constituída por árvores de menor porte no estrato superior, associadas a arbustos, cipós entre outras formações nos andares inferiores, porém com grande densidade, caracterizando assim essa porção da floresta como mata fechada. Seguindo a hierarquia do relevo encontramos a mata de várzea, esta por sua vez ocupa porções do terreno um pouco mais elevadas denominadas de terraço fluvial, onde as inundações são periódicas de acordo com os ciclos de cheias e vazantes. Nestes locais, o trabalho dos rios é importantíssimo para a manutenção da fertilidade dos solos já que depositam grandes quantidades de sedimentos e de nutrientes. A boa qualidade dos solos associada a períodos de menor umidade, pois esses solos não estão sujeitos a inundações permanentes, permitem o desenvolvimento de uma vegetação de maior porte, com árvores de até 40m de altura. A mata de várzea é a zona de transição entre a mata de igapó e a floresta de terra firme. A mata de terra ocupa as áreas mais elevadas do relevo e caracteriza-se principalmente pela sua exuberância, o estrato superior é constituído de árvores que podem chegar até 60m de altitude com copas bastante fechadas, dificultando a chegada da luz ao nível do solo. Esse fato interfere no desenvolvimento da vegetação dos estratos inferiores, por isso essa parte da floresta é mais aberta. A condição de tropicalidade é determinante para o desenvolvimento deste bioma já que o clima quente e úmido associado à topografia regional e o sistema hidrológico permitem a instalação de uma variedade grande de ecossistemas que abrigam formações pioneiras, florestas, campos, savanas, brejos, entre outras. Outro aspecto importante a ser ressaltado do bioma Amazônia, é o fato de que a exuberância da floresta, assim como a sua grande biodiversidade não são frutos da qualidade dos seus solos, pois estes na sua grande maioria são pobres em nutrientes naturais. Apenas 10% dos solos da Amazônia apresentam boa fertilidade natural. Como então se explica o desenvolvimento da maior floresta do planeta sobre solos pobres? A resposta para esta questão passa pelo entendimento da dinâmica do ambiente ao longo do ano onde a interação dos elementos do clima com à topografia, a hidrografia e a ciclagem dos nutrientes dentro da própria floresta proporcionam as condições ideais para o desenvolvimento da floresta vejamos: A floresta amazônica está assentada sobre a maior bacia hidrográfica do mundo tendo no seu entorno terras mais elevadas como planalto central do Brasil ao sul, o planalto das Guianas ao norte, a cordilheira do Andes a oeste. Esse contexto permite que a rede hidrográfica transporte grandes quantidades de sedimentos e de nutrientes oriundos dos processos erosivos das áreas mais altas do entorno para o interior da bacia, portanto, parte considerável dos nutrientes que alimentando a floresta tem sua origem fora do bioma. Esse processo também é fortemente influenciado pelo clima, pois este se caracteriza por apresentar grande radiação solar, altas temperaturas durante o ano todo e índices pluviométricos superiores a 2000mm bem distribuídos durante o ano. Apenas parte da Amazônia oriental apresenta um período curto de poucas chuvas. Os volumes de chuvas associados ao derretimento do gelo dos Andes nas estações mais quentes, disponibiliza um grande volume de água para abastecer o sistema hidrológico do local tornando os rios caudalosos, que inundam áreas significativas da floresta nesses períodos. O clima por sua vez também vai ser influenciado pela floresta, pois aproximadamente 50% das chuvas que precipitam na área decorrem da evapotranspiração da mesma, também a grande umidade do ar presente na área contribui para a manutenção da temperatura do ar, por isso a sensação de abafamento no interior da floresta. As condições de umidade e temperaturas elevadas permitem a decomposição da matéria orgânica de forma acelerada disponibilizando nutrientes para a floresta manter o seu metabolismo. Portanto, a dinâmica da floresta não se explica por si apenas, mas pelo conjunto das interações entre os vários elementos que se manifestam no interior do bioma como também no seu entorno. A floresta amazônica vem sendo fortemente pressionada pelo avanço da fronteira agrícola e extração de madeira atividades essa que tem contribuído de forma constante para a diminuição e degradação do ambiente. Mata atlântica O bioma Mata Atlântica se desenvolve sobre aproximadamente 13% do território brasileiro o que representa pouco mais de 85000 Km². Estende-se pela costa litorânea desde o Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, abrangendo parte dos estados de Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Bahia, Paraíba, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul e a totalidade das terras dos estados do Espírito Santo, Rio de Janeiro e Santa Catarina. Em algumas regiões a mata atlântica penetra para o interior do continente ocupando parte das áreas dos estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul chegando ao Paraguai e a Argentina. Mata Atlântica por caracterizar-se como uma florestatropical, assemelha-se bastante à floresta Amazônica em se tratando principalmente de exuberância. No entanto apresenta características próprias em virtude dos de sua localização geográfica e demais fatores de ordem física que a afetam. Assim a mata atlântica é latifoliada e perene, fechada e muito heterogênea, apresenta uma variedade de formações vegetais, com estruturas e composições florísticas bem diferenciadas, acompanhando as características climáticas e de topografia da região de ocorrência. No entanto, um elemento comum a todos os ambientes é determinante para a dinâmica do bioma como um todo, ou seja, a exposição aos ventos úmidos que sopram do oceano. Assim, a mata atlântica é reconhecida também como um mosaico de biomas, pois na sua constituição podem ser encontrados vários tipos de florestas como a mata de Araucária, as matas de encosta e a floresta estacional semidecídua, entre outras formações. Também a fauna é muito rica, no entanto muitas espécies estão correndo risco de extinção devido principalmente a degradação do ambiente. Essa diversidade de ecossistemas detém a maior biodiversidade do Brasil e uma das maiores do planeta. Alguns fatores de ordem geográfica condicionaram o desenvolvimento dessa grande diversidade de ambientes do bioma mata atlântica, dentre eles destacamos a localização, o clima, e a topografia vejamos: o bioma se formou sobre uma extensa faixa latitudinal do território brasileiro, como reflexo disso ocorrem significativas variações de energia ao longo do ano fato que afeta além do metabolismo das plantas as características do clima. Nessa faixa temos climas tropicais quentes e úmidos na porção centro norte e climas subtropicais úmidos, com temperaturas amenas no verão e frias no inverno na metade sul. Por vezes, em situações pontuais também temos os efeitos da altitude sobre o clima com ocorrência de temperaturas amenas mesmo nas regiões de clima tropical. As condições de grande umidade na área são determinadas pela presença constante de ar úmido proveniente do oceano, no litoral do sudeste chove aproximadamente 3000mm anuais fato que caracteriza este ambiente como um dos mais úmidos do Brasil. Os efeitos da topografia sobre a dispersão geográfica dos ecossistemas também é decisiva neste bioma já que o mesmo se desenvolve entre altitudes baixas da planície litorânea até as áreas mais elevadas do planalto com aproximadamente 3000m. Essa condição permite a instalação de mosaicos paisagísticos organizados em vários estratos acompanhando as variações de temperatura e umidade decorrentes das mudanças de altitude. Assim a diversidade climática influenciada pela posição geográfica, presença de oceano e altitude conjuntamente com a fertilidade natural dos solos favorece a presença de uma biodiversidade maior inclusive que a verificada na floresta amazônica. A mata atlântica já cobriu aproximadamente 15% do território nacional, encontra-se atualmente reduzida a menos de 7% da cobertura original, por isso é um dos biomas brasileiros mais degradados. Somente nas áreas de difícil acesso como a Serra do Mar onde a topografia muito acidentada impediu a ocupação humana ainda apresenta mata original. Essa situação decorre do processo de ocupação do espaço brasileiro, pelo fato da população ter se instalado no litoral, inicialmente. Portanto é o bioma que a mais tempo sofre com às agressões das atividades humanas. Na busca de preservar o que ainda resta, o bioma mata atlântica é protegido atualmente por uma legislação específica com fins de conservação. Assim, temos em sua área diversas Unidades de Conservação nas quais medidas restritivas procuram evitar maior desmatamento e preservar a fauna e a flora. Cerrado O bioma Cerrado é um típico representante das savanas no Brasil, se caracteriza por apresentar diversas formações vegetais com o predomínio de pequenas árvores e arbustos bastante retorcidos, com casca grossa, geralmente caducifólia e com raízes profundas. Influenciadas pelas características dos solos e pelo clima, outras formações também se fazem presentes como os campos de cerrados com predominância das gramíneas e redução da densidade arbórea, o cerradão constituído por árvores de porte médio que se assemelha a uma floresta e matas de galeria junto aos rios. Essa diversidade de formações contribui para que o cerrado seja considerado o bioma de savanas mais rico do planeta em biodiversidade, podendo ser comparado a áreas de florestas tropicais neste aspecto. Outra característica marcante do cerrado é a capacidade adaptação da vegetação a presença do fogo, neste ambiente essa possibilidade pode ocorrer de forma espontânea e ou provocada. O bioma cerrado ocupa uma área de aproximadamente 2.000.000 de km2 correspondente a 24% do território nacional. É a segunda maior formação vegetal do país; entretanto, a devastação causada pela ocupação humana vem reduzindo gradativamente essa participação, restando atualmente menos de 20% da formação original. Estende-se principalmente sobre as terras do centro do Brasil, incluindo os estados de Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e Mato Grosso. O cerrado também se desenvolve nos estados do Maranhão, Tocantins, Bahia, Piauí, Rondônia, São Paulo, e Paraná. Dentre os fatores principais que condicionam a dinâmica dos cerrados podemos destacar o clima e os solos. O primeiro se caracteriza por apresentar radiação solar intensa durante o ano todo e duas estações bem definidas, ou seja, o verão chuvoso e o inverno seco, com a estiagem podendo se prolongar por até 7 meses do ano. Essa condição produz uma característica peculiar à vegetação do local isto é, o ciclo vegetativo é mais curto, pois como o déficit hídrico restringe o desenvolvimento de todas as funções da planta, esta reduz o seu metabolismo. Assim, à medida que situação hídrica se estabiliza em poucos dias as plantas se recuperam e retomam o ciclo completo novamente abrangendo as estapas dede a germinação até a frutificação. Já os solos por sua vez apresentam-se extremamente pobres em fertilidade natural muito ácidos e pouco agregados, a topografia mais suave contribui para a manutenção dos mesmos minimizando os processos erosivos. Apesar do seu aspecto de aridez no bioma cerrado existem áreas deprimidas que armazenam grandes quantidades de água nos períodos de chuva, áreas essas denominadas conforme as regiões, de brejos e ou veredas. Também ocorre o afloramento de águas subterrâneas em alguns locais. Essa situação contribui para a formação de das nascentes de grandes bacias hidrográficas do Brasil com destaque para as bacias do Paraná, Araguaia-Tocantins e São Francisco. A diminuição progressiva da área do cerrado brasileiro decorre do extrativismo vegetal para a fabricação do carvão que abastece as siderúrgicas e principalmente pela expansão das atividades agropecuárias com destaque a cultura da soja. A atividade agrícola foi possível nessas áreas à medida que se criaram as condições para a correção da acidez e reposição de nutrientes no solo por meio dos insumos agrícolas modernos. Caatinga O bioma da caatinga que significa mata branca na linguagem tupi, recebe esse nome em alusão a vegetação sem folhas em tons esbranquiçados que predomina durante o verão. Este é um bioma que para alguns é exclusivamente brasileiro se desenvolve principalmente sobre o território dos estados nordestinos, desde o Maranhão até a Bahia passando Pelos estados do Ceará, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe e Alagoas, atingindo também o norte de Minas Gerais. O referido bioma abrange aproximadamente 10% do território nacional, ocupando uma área de 844.000 Km². É constituído principalmente por savana estépica já que se desenvolve sobre clima semi-árido cujos índices pluviométricos ficamabaixo de 700mm anuais. Este tipo climático apresenta como características principais variações de temperatura entre 23ºC e 33ºC com médias anuais de entorno d 28ºC. As chuvas são mal distribuídas durante o período e por vezes se concentram em dois ou três meses do ano. O período de maior ocorrência de chuvas é conhecido na região como inverno, no entanto não há coincidência com os meses de inverno do hemisfério sul, pois as chuvas se concentram principalmente no outono, isto é de março a junho. A aridez presente no bioma caatinga está associado principalmente à presença do planalto da Borborema na sua porção leste fato que impede o ar úmido proveniente do oceano atlântico de atingir o interior do continente, concentrando as chuvas no litoral. Os solos da região normalmente são rasos e apresentam grande quantidade de afloramentos rochosos na superfície, apesar disso, são razoavelmente férteis naturalmente. Uma característica marcante dos solos dessa região é o fato dos mesmos se tornarem por vezes salinos, pois o processo de evaporação é maior do que a precipitação, neste caso os sais dissolvidos afloram na superfície salinizando-os. O processo de salinização pode ser acelerado devido à irrigação mal conduzida. Outra característica importante do Bioma caatinga refere-se aos longos períodos de estiagens aos quais o mesmo é submetido podendo chegar a alguns pontos por mais de dois anos. Essa condição torna o sistema hídrico muito frágil fazendo com que a maioria dos rios da região adquirem características de sazonalidade deixando de correr em alguns trechos na superfície, durante longo período. A exceção é o rio São Francisco que corta grande parte deste bioma. Apesar da aridez climática que afeta o bioma, o mesmo apresenta uma rica biodiversidade, pois a vegetação adquiriu mecanismos para compensar a pouca umidade. Essa formação, portanto, é caracterizada como caducifólia e xerófila. Algumas plantas desenvolveram raízes profundas e espinhos, assim conseguem manter o seu metabolismo economizando água. As cactáceas são um bom exemplo. Outras plantas como arbustos e árvores de pequeno porte além de desenvolverem espinhos em seus troncos mantém as folhas em suas copas somente no período das chuvas, portanto, durante aproximadamente 8 meses do ano elas estão economizando água. Do ponto de vista ambiental o bioma Caatinga que em sua grande parte corresponde ao sertão nordestino também está muito alterado, pois conjuntamente com a mata atlântica foi um dos primeiros espaços a ser ocupados no Brasil. As atividades da agropecuária conjuntamente com o extrativismo vegetal deixaram marcas profundas tanto na vegetação original que está sendo diminuída drasticamente quanto na qualidade dos solos já que prática agrícolas inadequadas tendem a sua exaustão. Na atualidade a agricultura somente é viável mediante a irrigação. Esta por sua vez ocorre principalmente no vale do são Francisco e no entorno dos grandes açudes construídos para armazenar água. Cabe aqui ressaltar o projeto ora em curso da transposição das águas do São Francisco como mais uma das medidas adotadas para viabilizar a permanência da população no campo. Pantanal O bioma pantanal cobre uma área aproximada de 210000 km2 quadrados, sendo que destes 150000 km2 pertencem ao território brasileiro distribuído entre os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o restante integra os territórios da Bolívia e do Paraguai, onde é chamado de chaco. A região é maior planície aluvial alagável do mundo sendo drenada por um complexo sistema de rios e canais das bacias hidrográficas do dos rios Paraguai e Paraná. As altitudes são baixas com médias próximas a 100m, no entanto, nas bordas da bacia podem atingir até 200 m. As diferenças topográficas associadas ao clima da região caracterizado como tropical quente e úmido com uma estação seca, são determinantes para o sistema pantaneiro já que o seu funcionamento é influenciado pelos períodos de cheias e vazantes. Assim, as chuvas que tem início em novembro e se estendem normalmente até abril, elevam o nível dos rios que deságuam no pantanal inundando extensas áreas, podendo atingir até dois terços do total da área. A partir desse momento tem início a vazante quando as águas começam a baixar de forma lenta e os solos secam. A vazante se estende até o final da primavera quando o ciclo de chuvas recomeça. Esse processo é fortemente influenciado pela pouca declividade do terreno na área da planície de inundação, ou seja, no sentido norte sul a variação de declividade pode chegar à 1cm ou 2cm por km enquanto que no sentido leste-oeste pode atingir de 6cm à 12cm, portanto o terreno é plano. Esta característica da topografia funciona como um regulador hidrológico, pois permite a retenção de grandes volumes de água provenientes das partes mais altas da bacia no período das chuvas e a liberação lenta aos cursos d’ água no período seco. Como o escoamento da água é lento pode ocorrer que a parte sul do pantanal continue enchendo mesmo quando o período das chuvas já tenha se reduzido desse modo, por vezes, as cheias podem se prolongar até os meses de inverno. O ciclo da vida do pantanal depende dessa dinâmica, assim durante a época das chuvas, são depositadas grandes quantidades de nutrientes nos solos sob a forma de sedimentos e uma fina camada de húmus, esses nutrientes são responsáveis pela retomada e desenvolvimento da vegetação durante o período seco. Também no período das cheias, a água forma canais e lagunas e abastece lagoas permanentes e baias, interligando os diversos ambientes aquáticos e permitindo dessa forma o deslocamento, alimentação e reprodução das espécies. Na época de seca, acompanhando o lento deslocamento da água em direção ao rio Paraguai é comum se formar lagoas isoladas, que passam abrigar grandes quantidades de peixes e plantas. À medida que estas vão secando se tornam pontos de alimentação, abrigo e reprodução para inúmeras espécies de aves, inclusive migratórias e outros animais que se concentram nestes locais em busca de alimento. Outra característica importante presente ao bioma pantanal refere-se a sua grande diversidade biológica, nele podemos encontrar as principais formações vegetais dos demais biomas brasileiros como o Cerrado, floresta Amazônia, a Mata Atlântica, a Caatinga, matas ciliares entre outras. Como formação predominante e que identifica o bioma temos a savana estépica alagada. Portanto, pode-se dizer que o pantanal é um mosaico de biomas. O bioma pantanal também desempenha uma importante função ecológica à medida que pela suas características geográficas, possibilita a integração das espécies das duas maiores bacias hidrográficas sul americanas, ou seja, a bacia Platina e a bacia Amazônica. Através dessa integração é possível a dispersão das espécies e a troca de material genético tanto de fauna como de flora entre essas bacias, fato este que melhora o padrão genético e garante a manutenção da biodiversidade. Esta situação, somada aos pulsos de inundação, permite o desenvolvimento de uma significativa diversidade de espécies além de tornar o bioma um refúgio para muitas espécies de animais que se tornaram extintas em outros biomas. Entre as principais ameaças que assombram o pantanal podemos destacar os efeitos da expansão agrícola nas suas bordas, principalmente em relação aos processos erosivos que estão assoreando o local e a contaminação por agrotóxicos e as atividades da pecuária, esta em escala menor, pois de certa forma já está integrada ao ambiente, já que é desenvolvida à muito tempo. Cabe aqui ressaltar que o bioma pantanal é uma importante fonte de água doce, a segunda maior do Brasil, este fato por si só determina a necessidade de manutenção dos ciclos hidrológicos e da conservação da biodiversidade para a sustentabilidadedo sistema e da população que ocupa este espaço. Pampa O bioma pampa se estende por uma vasta área de topografia plana em torno de 700000km2 distribuídos entre os territórios do Brasil, Argentina e Uruguai. No Brasil é encontrado na metade sul do Estado do Rio Grande do Sul onde ocupa uma área aproximada de 170000 km2 que corresponde a 60% do território gaúcho e pouco mais de 2% do território nacional. É constituído principalmente por vegetação herbácea com predominância das gramíneas, no entanto outras tipologias campestres se fazem presentes como arbustos, matas de galeria e capões isolados. Os campos recebem denominações específicas de acordo com a ocorrência da vegetação, assim nas regiões ondas gramíneas são exclusivas recebem o nome de campos limpos é o caso de grande parte do pampa uruguaio e argentino, no Brasil, as gramíneas encontram-se misturadas a arbustos, neste caso temos os campos sujos. Apesar de o Bioma pampa ser encontrado apenas no Estado do Rio Grande do Sul, formações campestres bem diversificadas também podem ser encontradas de forma descontínua, em outras áreas do território brasileiro como os campos de cima da serra do planalto meridional onde a vegetação campestre se desenvolve entremeada à mata de araucária, os campos de altitude da Serra da Mantiqueira, as formações rasteiras inundáveis na ilha de Marajó e em parte do estado de Roraima onde a vegetação se aproxima das savanas. No bioma pampa, de modo geral a vegetação campestre mostra uma aparente uniformidade, no entanto pode se perceber a disposição em estratos, assim a partir do topo temos a instalação de forma rala da formação herbácea mais baixa com poucas espécies, pois nestas áreas normalmente os solos são mais rasos e apresentam pouca condição de reter água, a medida que se desce á encosta ocorre a maior presença de umidade no solo, isso possibilita a instalação de um vegetação mais densa aparecendo também as leguminosas. Na parte baixa da topografia a mata aluvial se instala favorecida pela maior umidade e pelos sedimentos ricos em nutrientes que são depositados pelos processos erosivos das área de maior altitude. A mata aluvial é rica em espécies arbóreas. O bioma pampa se desenvolve sob as condições de clima temperado com chuvas bem distribuídas durante ano. Os índices pluviométricos indicam precipitações anuais em torno de 1500mm, são um pouco menores do que os verificados na área de mata ao norte. Apresenta temperaturas baixas nos meses de inverso com a ocorrência freqüente de geadas e verões quentes. As temperaturas médias anuais ficam em torno dos de 18°C. Assim, de certa forma a vegetação está condicionada mais pelas características de solos do que clima já que este não se apresenta como um fator limitante para a maioria das espécies. Os solos nas regiões de topografia mais elevada denominada de coxilhas se apresentam mais rasos e pobres em nutrientes e bastante suscetível à erosão. Já nas áreas de várzeas adquirem grande fertilidade natural fato que proporcionou o desenvolvimento da agricultura, principalmente do arroz, no Rio Grande do Sul. Do ponto de vista da biodiversidade, o bioma pampa apesar de sua fisionomia aparentemente frágil, apresenta a maior biodiversidade deste tipo de formação do planeta, restam ainda em torno de 40% da vegetação original com mais de 3000 espécies de plantas que servem de abrigo para uma centena de espécies de mamíferos e mais de 400 espécies de aves. Essa diversidade está sedo ameaçada pela expansão da agricultura já que os solos podem ser recuperados pelos insumos da agricultura moderna, no entanto se mal manejados podem levar ao fenômeno da arenização como já ocorre em alguns pontos próximos à fronteira sudoeste mais precisamente nos municípios de Quaraí e Alegrete. Outras ameaças referem-se a atividade da pecuária que continua a utilizar a prática das queimadas para a limpeza da área, impedindo dessa forma que a formação arbustiva se desenvolva em condições normais e, mais recentemente o florestamento com espécies exóticas, levado adiante pelos interesses da indústria de celulose, principalmente.
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