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CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 www.pontodosconcursos.com.br 1 Saudações, prezado(a) aluno(a)! Em nossa aula 2, estudaremos a regência de alguns nomes e verbos, além de casos de ocorrência (ou não) da crase. Em relação à regência, digo “de alguns nomes e verbos” porque a grande quantidade deles no léxico da nossa Língua não nos permite estudar o assunto em sua inteireza. Ficaremos, então, no estudo da regência de um grupo de nomes e verbos cujo conhecimento não pode faltar a você. REGÊNCIA NOMINAL Regência nominal é a relação entre um substantivo, adjetivo ou advérbio transitivo e seu respectivo complemento nominal. Essa relação é intermediada por uma preposição. Vejamos três exemplos do que acabei de falar: (1) Os cursos do Ponto têm sido úteis a muitos candidatos. (2) Por causa dos cursos do Ponto, muitos candidatos estão mais perto da aprovação. (3) Todos vocês têm capacidade para passar no concurso! É importante você notar que muitos nomes seguem o mesmo regime dos verbos correspondentes. Conhecer o regime de um verbo significa, nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Abaixo está uma relação de nomes e suas regências que merecem sua atenção, já que o emprego deles é frequente em concursos das mais diversas bancas examinadoras: ADJ. COMP. NOMINAL PREP. ADV. COMP. NOMINAL PREP. (de + a) SUBST. COMP. NOMINAL PREP. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 www.pontodosconcursos.com.br 2 Acessível a Acostumado a ou com Alheio a Alusão a Ansioso por Atenção a ou para Atento a ou em Benéfico a Compatível com Cuidadoso com Desacostumado a ou com Desatento a Desfavorável a Desrespeito a Estranho a Favorável a Fiel a Grato a Hábil em Habituado a Inacessível a Indeciso em Invasão de Junto a ou de Leal a Maior de Morador em Natural de Necessário a Necessidade de Nocivo a Ódio a ou contra Odioso a ou para Posterior a Preferência a ou por Preferível a Prejudicial a Próprio de ou para Próximo a ou de Querido de ou por Residente em Respeito a ou por Sensível a Simpatia por Simpático a Útil a ou para Versado em CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 3 Atenção especial deve ser dada aos nomes que regem preposição A, por possibilitarem a ocorrência de crase. Foi explorando esse conhecimento que uma questão apareceu na prova elabora pelo Cespe, para o cargo de técnico judiciário do Supremo Tribunal Federal, em 2008. 1 O consumo das famílias deverá crescer 7,5% neste ano, tornando-se um dos principais responsáveis pelo crescimento do produto interno bruto, previsto em 5%. A 4 nova estimativa do consumo das famílias é uma das principais mudanças nas perspectivas para a economia brasileira em 2008 traçadas pela Confederação Nacional da 7 Indústria em relação às previsões apresentadas em dezembro do ano passado, quando o aumento do consumo foi estimado em 6,2%. (...) O Estado de S. Paulo, 7/4/2008 (com adaptações). 1. (Cespe/STF/Técnico Judiciário/2008) Na linha 7, o emprego do sinal indicativo de crase em “às previsões” justifica-se pela presença de preposição, exigida pela locução “em relação”, e pelo emprego de artigo definido feminino plural antes de “previsões”. Comentário – Note que a locução “em relação a” possui em sua parte final a preposição a. Essa expressão exige sim um complemento, que no caso em estudo está pluralizada e acompanhada de artigo definido: “as previsões apresentadas em dezembro do ano passado”. O encontro de a (preposição) com as (artigo) desencadeia a fusão desses dois vocábulos, que na escrita é evidenciada pelo emprego do acento grave indicativo de crase. Gabarito – Item certo. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 4 (...) Omite-se, propositadamente, 7 que o mais longo período da história da vida humana foi orientado pela cooperação e solidariedade, valores fundamentais para a sobrevivência da espécie. (...) Henrique Rattner. Tecnologia e sociedade. In: Internet: <www.espacoacademico.com.br> (com adaptações). 2. (Cespe/IPAJM/Advogado/2010) A coerência e a correção gramatical do texto seriam mantidas ao se substituir “fundamentais para a sobrevivência” (l.9) por fundamentais a sobrevivência. Comentário – O emprego da preposição a (no lugar de “para”) para reger o complemento do adjetivo “fundamentais” deve fazer surgir a crase, pois ela se aglutina com o artigo “a” que determina o substantivo “sobrevivência”: “fundamentais à sobrevivência”. Gabarito – Item errado. (...) Então, o estudo classifica essa drástica redução na 43 intensidade das emissões de gás carbônico relacionadas às atividades econômicas de “sem precedente e, provavelmente, impossível”, reforçando a defesa da estagnação econômica. (...) Ricardo Young. Mudanças no consumo. In: CartaCapital, 26/2/2010. Internet: <www.cartacapital.com.br> (com adaptações). 3. (Cespe/AGU/Administrador/2010) Na linha 45, o termo “da” pode ser trocado por à, o que, embora altere a regência do nome, mantém seu sentido no texto. Comentário – A preposição “de”, que se contraiu com o artigo definido feminino “a”, decorre da regência do substantivo abstrato “defesa” (esse é CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 5 um caso de regência nominal). A troca da preposição original por a não causa prejuízos ao texto (permanece a ideia de que a estagnação econômica é defendida) e faz surgir a crase, que deve ser indicada pelo acento grave (`): “defesa a a estagnação” = “defesa à estagnação” Lemos em Cegalla (2008:487), por exemplo, que: “Certos substantivos e adjetivos admitem mais de uma regência. A escolha desta ou daquela preposição deve, no entanto, obedecer às exigências da clareza e da eufonia e adequar-se aos diferentes matizes do pensamento.” O que podemos entender quando o pesquisador diz "admitem mais de uma regência" e logo em seguida menciona "A escolha desta ou daquela preposição"? Devemos entender que mudança de preposição tem a ver com mudança de regência. Gabarito – Item certo. A seleção de uma ou outra preposição para acompanhar o nome regente parece não ter critérios bem definidos. Em consulta feita ao Dicionário de regimes substantivos e adjetivos1, de Francisco Fernandes, observam-se, por exemplo, variadas construções possíveis para satisfazer a regência do substantivo dificuldade(s), entre elas estão: (4) "Com pouco mais estaria o Dr. Luís em dificuldades com fornecedores." (5) "O ar carbonifica-se duma espessura ácida, que pelas dificuldades de o respirar propende à sonolência." 1 FERNANDES, Francisco, 1980, Dicionário de regimes substantivos e adjetivos, Porto Alegre, Editora Globo. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 6 (6) "Eu não tive dificuldade em mostrar que Felisbelo procurava apenas uma achega." (7) "Nunca encontrou dificuldade na realização de seus projetos." Observa-se aquiapenas a obrigatoriedade de se contrair a preposição em com o artigo correspondente ao substantivo com o qual forma um constituinte. Isso é o que ocorre em (7). Há bons dicionários que nos orientam a utilizar as preposições adequadamente. Um deles é o Dicionário prático de regência nominal, do professor Celso Pedro Luft. E é importante lê-los. A omissão ou o uso inadequado da preposição trazem prejuízo à frase. Verifique a partir de agora outras questões de provas anteriores. 1 Uma antiga preocupação dos legisladores do passado era a de assegurar o direito dos povos de manter “os costumes da terra”. (...) Mauro Santayana. Jornal do Brasil, 24/11/2006. 4. (Cespe/TSE/Analista Administrativo/2007) No que diz respeito aos sentidos e a aspectos gramaticais do texto acima, julgue a assertiva abaixo. Na expressão “era a de assegurar” (l. 2), a presença da preposição “de” decorre da regência de “preocupação” (l. 1). Comentário – Possivelmente, a dificuldade de alguns candidatos em julgar este item ocorreu por causa da ausência do vocábulo “preocupação” na expressão em destaque. Analise novamente o enunciado e perceba que ocorre a elipse do substantivo “preocupação”. Note: “Uma antiga preocupação dos legisladores do passado era a [preocupação] de assegurar o direito dos povos de manter ‘os costumes da terra’”. Ficou melhor agora? CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 7 Tanto diante de “os legisladores”, quanto de “assegurar”, a preposição de se faz presente em virtude da regência do substantivo “preocupação”. Gabarito – Item certo. 1 A Câmara dos Deputados brasileira aprovou, por 265 votos favoráveis e 61 contrários, a adesão da Venezuela ao MERCOSUL, bloco regional formado por Brasil, 4 Argentina, Paraguai e Uruguai. O protocolo de adesão, assinado em julho de 2006, ainda precisa ser aprovado pelo Senado para entrar em vigor. 7 Os congressos do Uruguai, da Argentina e da própria Venezuela já votaram pela entrada do país no MERCOSUL. Apenas o Paraguai e o Brasil ainda não chancelaram o 10 acordo. Dados da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional mostram que a entrada do país resultará em um bloco com mais de 250 milhões de habitantes, área de 13 12,7 milhões de km2, PIB superior a U$ 1 trilhão (aproximadamente 76% do PIB da América do Sul) e comércio global superior a US$ 300 bilhões. (...) Maria Clara Cabral. Folha de S. Paulo, 18/12/2008. 5. (Cespe/IRBr/Bolsas-prêmio/2009) O emprego de preposição em “ao MERCOSUL” (l.3) justifica-se pela regência de “contrários” (l.2), que exige preposição a. Comentário – Na verdade, a preposição a é exigida pela regência do nome “adesão” (adesão de quem a quê?): “a adesão da Venezuela ao MERCOSUL”. Gabarito – Item errado. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 8 6. (Cespe/IRBr/Bolsas-prêmio/2009) Nas duas ocorrências de “superior a” (l.13 e 15), “a” funciona como artigo definido. Comentário – O vocábulo “a” é preposição exigida pelo nome “superior” (superior a quê?), que é seguido por complemento: “superior a U$ 1 trilhão” e “superior a US$ 300 bilhões”. Gabarito – Item errado. Como você está indo até agora? Caso não tenha entendido alguma explicação, sugiro que volte a ela imediatamente. Não prossiga sem que as dúvidas tenham sido esclarecidas. Ao entrarmos no tópico sobre regência verbal (faremos isso nas próximas linhas), é recomendável que você esteja seguro em relação ao que acabamos de estudar. Outras informações serão acrescentadas. Não deixe que as dúvidas se acumulem. REGÊNCIA VERBAL Comecemos este tópico trazendo à memória conceitos de transitividade verbal. Você se lembra disso? Não é nenhum “bicho de sete cabeças”! Quer ver? Enfatizarei uma explicação já apresentada aqui no Ponto por mim mesmo. Eu a desenvolvi a partir da análise de uma questão que apareceu na prova do último concurso público de admissão à carreira de diplomata do Instituto Rio Branco (IRBr), em 8/3/2009. O que é o que é? 1 Se recebo um presente dado com carinho por pessoa de quem não gosto — como se chama o que sinto? Uma pessoa de quem não se gosta mais e que não gosta mais da 4 gente — como se chama essa mágoa e esse rancor? Estar ocupado, e de repente parar por ter sido tomado por uma CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 9 VTD desocupação beata, milagrosa, sorridente e idiota — como se 7 chama o que se sentiu? O único modo de chamar é perguntar: como se chama? Até hoje só consegui nomear com a própria pergunta. Qual é o nome? e é este o nome. Clarice Lispector. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p. 199. 7. (Cespe/IRBr/Diplomata/2009) No título do texto, as duas ocorrências da forma verbal “é” são sintaticamente equivalentes. Comentário – Não é possível responder à questão sem antes perceber que a distinção entre as duas ocorrências da forma verbal ”é” leva em conta esse tópico da nossa Língua: transitividade verbal. Na verdade, a questão requer noções semântico-sintáticas, e não apenas sintáticas. Verbos cujos complementos (objetos diretos ou objetos indiretos) lhes integram os sentidos são classificados como transitivos. Estão divididos em: a) transitivos diretos: seus complementos (objetos diretos) não são introduzidos obrigatoriamente por preposição; (8) Quero água. (9) A médico, confessor e letrado nunca enganes. Em (9), a preposição “A” é empregada simplesmente por motivo de ênfase, e não pela exigência da transitividade do verbo. Nesse caso, o complemento vem preposicionado; contudo permanece como objeto direto. b) transitivos indiretos: seus complementos (objetos indiretos) são necessariamente introduzidos por uma preposição, exceto quando empregado um pronome oblíquo átono (me, te, se, nos, vos, lhe); VTD OD ODP CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 10 . (10) Gosto de água (11) Custou-me entender o assunto. c) transitivos diretos e indiretos: reúnem, ao mesmo tempo, objetos diretos e indiretos; . (12) Deram-lhe um presente Há também verbos considerados de sentidos completos, por não exigirem complementos que lhes integrem os significados. São conhecidos como intransitivos. (13) Infelizmente, a vítima do acidente morreu. Todos esses verbos são considerados nocionais (possuem valor semântico, denotam acontecimento, fenômeno natural, desejo, atividade mental). Existe ainda uma categoria de verbos que precisa ser mencionada aqui. É a dos verbos de ligação, também considerados não nocionais ou copulativos. Esses verbos, de significados indefinidos (ou predicações incompletas), unem (ligam, servem de “ponte”) o sujeito da oração a seu predicativo (função esta desempenhada por adjetivos, substantivos ou pronomes). (14) Maria é feliz. Verbos de ligação denotam situação permanente, situação transitória, mudança de situação. VTI OI VTI OI VTDI OI OD VI Suj. VL Pred. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 11 (15) João é estudioso. (situação permanente) (16) João está cansado. (situação transitória) (17) João ficou alegre. (mudança de situação) Estaria tudo muitobom se as coisas fossem tão certinhas assim, não é mesmo? O fato é que a classificação de um verbo em transitivo direto, transitivo indireto, transitivo direto e indireto, intransitivo ou de ligação dependerá das relações semântico- -sintáticas entre os termos da oração. (18) João anda cansado. (19) João anda depressa. Em (18), o verbo (“anda”) denota o estado de “João” no momento da fala e liga o sujeito da oração (“João”) ao seu predicativo (“cansado”). É, pois, verbo de ligação (copulativo, não nocional). Em (19), o mesmo verbo agora indica a ação exercida pelo sujeito. É, pois, verbo nocional. Notem que o vocábulo “depressa” não integra o significado do verbo, mas indica a circunstância (de modo) em que a ação é desenvolvida. Creio que agora podemos responder à questão da prova do IRBr. Perceba, preliminarmente, que o título do texto é composto por duas orações: (20) O que é o... (21) ...que é? Notoriamente, trata-se de um período composto por subordinação. A primeira oração é a principal; a segunda, subordinada. Esta CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 12 – repare bem – é introduzida pelo pronome relativo “que”. Portanto, é uma oração subordinada adjetiva. O verbo da primeira oração (“é”) liga o predicativo “o” (pronome demonstrativo substantivo) ao sujeito “que”. Em uma análise semântico- -sintática, portanto, ele ocorre como verbo de ligação, copulativo, não nocional. O mesmo verbo, na segunda oração, não faz esse tipo de “ponte”. Ressalte-se que nela nem existe adjetivo, substantivo ou pronome substantivo desempenhando a função de predicativo do sujeito. Em (21), o verbo é tomado como intransitivo, nocional. Gabarito – item errado. Uma vez entendido o porquê da classificação de um verbo em transitivo (direto; indireto; direto e indireto), intransitivo ou de ligação, já estamos aptos a tratar especificamente da regência de alguns verbos. Diga-se ainda que “a regência verbal pretende estabelecer os diversos regimes com que um verbo pode ser empregado”, como nos ensina o eminente professor Décio Sena. 1 Na atualidade, em qualquer parte do mundo, podem desenvolver-se atividades de apoio logístico ou de recrutamento ao terrorismo. Isso se deve à sua própria lógica 4 de disseminação transnacional, que busca continuamente novas áreas de atuação e, também, às vantagens específicas que cada país pode oferecer a membros de organizações 7 extremistas, como facilidades de obtenção de documentos falsos ou de acesso a seu território, além de movimentação, refúgio e acesso a bens de natureza material e tecnológica. (...) Paulo de Tarso Resende Paniago. O desafio do terrorismo internacional. In: Revista CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 13 Brasileira de Inteligência. Brasília: ABIN, v. 3, n.º 4, set./2007, p. 36. 8. (Cespe/Abin/Agente de Inteligência/2008) Em “às vantagens” (l.5), o sinal indicativo de crase justifica-se pela regência de “deve” (l.3) e pela presença de artigo definido feminino plural. Comentário – Repare que o verbo analisado indica, no contexto analisado, a causa do que é declarado no período anterior. Nesse sentido, é transitivo indireto e exige preposição A, que, ao lado do artigo definido feminino plural AS que inicia seu complemento, faz surgir o fenômeno linguístico conhecido como crase. Gabarito – Item certo. Observação. Já foi dito aqui que alguns verbos podem ter sua transitividade mudada conforme o contexto. Tal é o caso também do verbo que estamos analisando. Na frase O marido devia satisfações à esposa, o verbo (no sentido de “ter de pagar; ter dívidas ou obrigações”) é agora transitivo direto e indireto. Note que o vocábulo “satisfações” completa o sentido do verbo sem a necessidade de preposição, enquanto o termo “à esposa” – outro complemento do mesmo verbo – surge regido pela preposição “a”, que se fundiu com o artigo feminino singular “a” (repare o acento indicativo de crase). 1 Assistimos à dissolução dos discursos homogeneizantes e totalizantes da ciência e da cultura. Não existe narração ou gênero do discurso capaz de dar um 4 traçado único, um horizonte de sentido unitário da experiência da vida, da cultura, da ciência ou da subjetividade. Há histórias, no plural; o mundo tornou-se 7 intensamente complexo e as respostas não são diretas nem estáveis. (...) CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 14 Dora Fried Schnitman. Introdução: ciência, cultura e subjetividade. In: Dora Fried Schnitman (Org.). Novos paradigmas, cultura e subjetividade, p. 17 (com adaptações). 9. (Cespe/Abin/Oficial de Inteligência/2008) O emprego do sinal indicativo de crase em “à dissolução” (l. 1) deve-se à dupla possibilidade de relações sintático-semânticas para o verbo assistir. Comentário – Vamos aproveitar esta questão de prova para conhecer as acepções do verbo ASSISTIR. a) Transitivo indireto com sentido de VER, OBSERVAR; seu complemento é regido pela preposição A: Assistimos ao final do campeonato. b) Transitivo indireto com sentido de COMPETIR, CABER, TER DIREITO; seu complemento também é regido pela preposição A: Não assiste ao professor reclamar tanto. c) Transitivo direto ou transitivo indireto (neste caso, exige preposição A) com sentido de SOCORRER, PRESTAR ASSISTÊNCIA: O médico assistiu a vítima. Igualmente correta estaria a construção: O médico assistiu à vítima. Repare o acento grave indicativo de crase (fusão da preposição A com o artigo feminino A(S) que antecede substantivo de mesmo gênero gramatical). d) Intransitivo com sentido de MORAR, RESIDIR: Há cinco anos resido em Brasília. Observe a presença da preposição “em” exigida pelo verbo e que introduz o adjunto adverbial de lugar (não confunda esse termo com objeto indireto). Agora já podemos dar início ao comentário da questão propriamente dito. O gabarito oficial considerou este item anulado. Por quê? A parte final da declaração traz um conceito discutível. A ocorrência da crase, muito embora dependa realmente da regência do verbo ASSISTIR, deve-se ainda pela presença do artigo feminino A que acompanha o substantivo “dissolução”. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 15 Não obstante, a admissão do verbo ASSISTIR como transitivo direto ou indireto só faz sentido se o tomarmos com os valores semânticos indicados em c). No contexto em que surge, essa concepção alteraria o sentido do que se pretende comunicar. Portanto, melhor seria a interpretação do verbo ASSISTIR como transitivo indireto, indicando a observação do fato exposto no período em que surge. Gabarito – Item realmente mal formulado, melhor foi ter sido anulado mesmo. 1 Um homem do século XVI ou XVII ficaria espantado com as exigências de identidade civil a que nós nos submetemos com naturalidade. Assim que nossas crianças começam a falar, 4 ensinamos-lhes seu nome, o nome de seus pais e sua idade. (...) Philippe Ariès. História social da criança e da família. Dora Flaksman (Trad.), p. 1-2 (com adaptações). 10. (Cespe/Abin/Oficial de Inteligência/2008) O emprego da preposição antes do pronome, em “a que” (l. 2), atende à regra gramatical que exige a preposição a regendo um dos complementos do verbo submeter. Comentário– A resolução deste item precisa considerar dois ensinamentos importantes. O primeiro é a própria razão de ser desta aula e tratada nesta seção: regência verbal. Realmente, o significado da forma verbal “submetermos” – tomado como transitivo direto e indireto – exige um complemento sem preposição (“nos”, pronome pessoal oblíquo átono) e outro complemento regido pela preposição A (o objeto indireto). Mas qual é mesmo esse complemento que deve ser preposicionado? É o pronome relativo “que”, substituto semântico da expressão nominal “as exigências de identidade civil”. O segundo ensinamento diz respeito à colocação da preposição exigida pelo verbo que integra orações subordinadas adjetivas CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 16 (“a que nós nos submetemos com naturalidade”). Sim, a preposição exigida pelo verbo deve, em casos semelhantes, anteceder o pronome relativo introdutório dessas orações. Gabarito – Item certo. 11. (Cespe/TSE/Analista Administrativo/2007) Assinale a opção que apresenta fragmento de texto gramaticalmente correto. a) “Estamos num caminho certo, no caminho que consagra o sistema que preserva, acima de tudo, a vontade do eleitor”, destacou. O presidente lembrou de que a expectativa inicial era de chegar ao patamar de 90% dos votos totalizados em todo o país às 22 horas, mas o índice foi alcançado às 19 h 30 min. b) Ao responder uma questão sobre os resultados apontados na apuração do segundo turno presidencial, o ministro Marco Aurélio considerou que, “sem dúvida alguma, a diferença maior de votos resulta por legitimidade para o candidato eleito”. O ministro Marco Aurélio congratulou aos eleitores brasileiros que, mais uma vez, compareceram às urnas para exercer “esse direito inerente à cidadania, que é o direito de escolher os representantes”. Comentário – Alternativa A: apresenta dois problemas de regência verbal. O primeiro deles é o emprego da preposição “de” para reger o complemento da forma verbal “lembrou”. É comum que algumas pessoas se atrapalhem com o uso dos verbos LEMBRAR/ESQUECER. Isso ocorre porque esses verbos apresentas variados regimes. Vamos a eles! a) Transitivos diretos quando conjugados sem auxílio do pronome (parte integrante do verbo): Esqueci o livro. Lembrou cada detalhe. Temos aqui: I) sujeito oculto: eu e ele; II) objeto direto: “o livro” e “cada detalhe”. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 17 b) Transitivos indiretos quando conjugados pronominalmente (parte integrante do verbo): Esqueci-me do livro. Lembrou-se de cada detalhe. O que temos agora? I) parte integrante do verbo: “me” e “se”; II) objeto indireto: “do livro”; “de cada detalhe”. c) Transitivos indiretos quando em construções nas quais a coisa esquecida assume a função de sujeito e a pessoa (normalmente representada pelo pronome oblíquo) representa o objeto indireto: Esqueceu-me o livro. Lembrou-me cada detalhe. Perceba: I) sujeito: “o livro” e “cada detalhe”; II) objeto indireto: “me”. De acordo com a explicação em A, você pode entender que o verbo “lembrou” é transitivo direto e a preposição “de” que o segue está “sobrando” no enunciado. Também está “sobrando” a preposição “de” que rege a oração subordinada substantiva predicativa “chegar ao patamar de 90% dos votos totalizados em todo o país”. A redação correta deve ser a seguinte: “Estamos num caminho certo, no caminho que consagra o sistema que preserva, acima de tudo, a vontade do eleitor”, destacou. O presidente lembrou que a expectativa inicial era chegar ao patamar de 90% dos votos totalizados em todo o país às 22h, mas o índice foi alcançado às 19h30min. Voltemos agora nossas atenções para a alternativa B, em que há três problemas de regência verbal. A primeira diz respeito ao regime do verbo RESPONDER, que pode ser empregado como: a) Transitivo direto e indireto (exige preposição A) com objeto direto representado por coisa e objeto indireto representado por pessoa: Respondi o telegrama ao amigo. b) Transitivo indireto (exige preposição A) com relação à pergunta feita: Ele respondeu ao interrogatório. c) Transitivo direto com relação ao que foi respondido ou à resposta dada: Ele respondeu que não iria à praia. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 18 Note a ausência da preposição A antes do complemento do verbo “responder” na passagem em surge, indicando erroneamente seu emprego como transitivo direto. E não é só isso: o verbo RESULTAR, transitivo indireto, rege preposição EM e não “por” como está no texto. Por último, o verbo CONGRATULAR é transitivo direto, isto é, seu complemento não necessita de preposição. Mas ele foi utilizado como verbo transitivo indireto. Caso seu emprego se desse com aspecto pronominal (congratular-se), seria também transitivo indireto, porém regendo preposição COM. O emprego da preposição “a” é completamente descabido. Gabarito – Itens errados. (...) Para crescer mais e de maneira 13 socialmente mais includente, do que o Brasil realmente precisa é que se desconstrua o mito do gigante adormecido. E, para isso, carecemos de um discurso que apresente à sociedade os custos 16 reais que precisam ser pagos para promover a prosperidade de cada indivíduo e do conjunto da nossa sociedade. Carlos Pio. Gigante adormecido. In: Correio Braziliense, 15/4/2010 (com adaptações) 12. (Cespe/IPAJM/Advogado/2010) A ausência da preposição de antes do complemento de “precisa” (l.13) indica que essa forma verbal está sendo usada em função de auxiliar, como em precisar construir. Comentário – Na verdade, a preposição de existe e o verbo precisar é principal e não integra nenhuma locução. Repare que ela esta aglutinou-se (“do”) com o pronome demonstrativo “o” (= aquilo) que surgiu antes do pronome relativo “que”. Cegalla (2008:513) ensina que a anteposição da preposição ao pronome demonstrativo tem a vantagem de tornar a frase CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 19 mais leve e eufônica. Ele afirma que é opcional repetir a preposição depois do verbo ser: “Do que ele menos se lembrava era da perfídia que os inspirou.” (Machado de Assis) Atente agora para as possíveis regências do verbo precisar: – TRANSITIVO INDIRETO com sentido de ter necessidade, necessitar: O país precisa de bons professores. Quem não precisa deles? Observação: quando acompanhado de infinitivo, a língua tende a dispensar a preposição: “Precisavam ser duros, virar tatus.” (Graciliano Ramos) “Precisava ter a cabeça fria.” (Machado de Assis) – TRANSITIVO DIRETO no sentido de indicar com exatidão: A testemunha não soube precisar a hora do acidente. Gabarito – Item errado. (...) Desde então, 7 vêm se impondo, entre especialistas ou não, a compreensão sistêmica do ecossistema hipercomplexo em que vivemos e a necessidade de uma mudança nos comportamentos 10 predatórios e irresponsáveis, individuais e coletivos, a fim de permitir um desenvolvimento sustentável, capaz de atender às necessidades do presente, sem comprometer a vida futura 13 sobre a Terra. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 20 Paulo Marchiori Buss.Ética e ambiente. In: Desafios éticos, p. 70-1 (com adaptações). 13. (Cespe/TCU/Analista de Controle Externo) O emprego do sinal indicativo de crase em “às necessidades” (l. 12) é obrigatório; a omissão desse sinal provocaria erro gramatical por desrespeitar as regras de regência estabelecidas pelo padrão culto da linguagem. Comentário – A regência aludida é a do verbo “atender” (l. 11). Então, você precisa conhecer o regime dele para responder corretamente à questão. ATENDER é trnasitivo direto ou indireto (neste caso, exige preposição A), indiferentemente. Por exemplo: Atendi o chamado imediatamente. ou Atendi ao chamado imediatamene. Portanto, ao se empregar a crase na expressão “às necessidades”, esse verbo foi tomado como transitivo indireto. Igualmente correta estaria a construção “as necessidades” (sem sinal indicativo de crase), se o mesmo verbo fosse empregado com regência transitiva direta. Gabarito – Item errado. Atenção! Seguem o mesmo regime de ATENDER os verbos SATISFAZER e PRESIDIR. O diretor presidiu a(à) reunião. Satisfarei (a)o teu desejo. 1 O real não é constituído por coisas. Nossa experiência direta e imediata da realidade leva-nos a imaginar que o real é feito de coisas (sejam elas naturais ou humanas), 4 isto é, de objetos físicos, psíquicos, culturais oferecidos à nossa percepção e às nossas vivências. (...) Marilena Chaui. O que é ideologia, p. 16-8 (com adaptações). 14. (Cespe/Anatel/Analista/2009) Preservam-se as relações de coerência e a correção gramatical do texto ao se inserir a preposição de logo depois CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 21 da forma verbal “imaginar” (l.2), escrevendo-se: (...) imaginar de que o real (...). Comentário – Não é difícil perceber que o verbo “imaginar” é transitivo direto e que, por isso mesmo, seu complemento não vem regido por preposição (quem imagina, imagina algo). Logo, a preposição “de” não tem vez no segmento. Gabarito – Item errado. 1 O poder político é produto de uma convenção, não da natureza, como postulava Aristóteles, e nasce juntamente com a sociedade, quando os homens decidem abrir mão de 4 toda a sua liberdade natural, a fim de protegerem os seus direitos naturais, consubstanciados na propriedade, na vida, na liberdade e em outros bens. (...) Daniela Romanelli da Silva. Poder, constituição e voto. In: Filosofia, ciência&vida. Ano III, n.º 27, p. 40-1 (com adaptações). 15. (Cespe/Anatel/Analista/2009) Preservam-se a correção gramatical do texto e a coerência entre os argumentos ao se substituir “consubstanciados” (l.5) por que consubstanciam. Comentário – A melhor maneira de perceber o equívoco é reescrever a passagme como a banca indica: “que consubstanciam na propriedade, na vida, na liberdade e em outros bens”. Antes, o adjetivo-particípio exigia a preposição “em” (consubstanciados em quê?). Agora, a forma verbal consubstanciam (consubstanciam o quê?) possui regência transitiva direta e dispensa a preposição. Gabarito – Item errado. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 22 1 Aprendemos a pensar o Brasil como gigante adormecido. O mito nos diz que o sucesso está garantido pela grandeza dos nossos recursos naturais, humanos e culturais. (...) Carlos Pio. Gigante adormecido. In: Correio Braziliense, 15/4/2010 (com adaptações). 16. (Cespe/IPAJM/Advogado/2010) A omissão da preposição em no complemento de pensar, como se vê em “pensar o Brasil” (l.1), indica uma linguagem pouco formal; em texto com mais formalidade seria usado: pensar no Brasil. Comentário – Esta foi de lascar! Acostumados a utilizar o verbo pensar como transitivo indireto (pensar em), muitos candidatos erraram a questão. Portanto eis aqui uma excelente oportunidade para aprendermos um pouco mais sobre os regimes desse verbo. Como verbo INTRNASITIVO, ele se equivale a analisar, refletir, raciocinar. Exemplo: Antes de decidir, pense! Como verbo TRNASITIVO INDIRETO (ocorrência muito comum entre nós), exige a preposição em para reger seu complemento (objeto indireto) e significa imaginar, cogitar. Exemplo: “Quando penso em você fecho os olhos de saudade.” (Fágner) Como verbo TRANSITIVO DIRETO (uso menos comum), é sinônimo de cuidar, tratar. Exemplo: A equipe permaneceu pensando as vítimas do terretmoto. Foi com o último sentido que o verbo pensar surgiu no texto da prova. Entenda-se: Aprendemos a tratar o Brasil como se le fosse CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 23 um gigante adormecido. Portanto o emprego dele também demonstra o uso formal da linguagem. Gabarito – Item errado. (...) 4 A palavra “projeto” remete-se à antecipação e, em boa parte, ao voluntarismo. Não se trata unicamente de prever o futuro e, sim, de mudar o seu rumo em consequência de um 7 conjunto de valores e de necessidades. (...) Ignacy Sachs. Voltando ao planejamento. Internet: <www.envolverde.com.br.> (com adaptações). 17. (Cespe/Aneel/Cargos de Nível Superior/2010) A supressão da preposição antes dos vocábulos “antecipação” (l.4) e “voluntarismo” (l.5), com a manutenção dos artigos definidos, não acarretaria prejuízo sintático ao texto. Comentário – A preposição a (“à” = a [prep.]+ a [art.]; “ao” = a [pre.]+ o [art.]) é uma exigência do verbo remeter (remeter a). Suprimi-la da aglutinação existente em “à antecipação” e da combinação em “ao voluntarismo” constitui erro de regência Gabarito – Item errado. Precisamos ainda conhecer a regência de mais alguns verbos. ASPIRAR a) VTD = sorver, respirar: Gosto de aspirar o ar puro do campo. b) VTI (prep. A) = desejar, almejar: O escriturário aspira ao cargo de gerente. CHAMAR CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 24 a) VTD = convocar, solicitar a presença: Chamei o professor. b) VTI (prep. POR) = invocar, pedir ajuda: Chamei por Deus. c) VTD ou VTI = qualificar, nomear, apelidar: Chamei-o patriota (de patriota) // Chamei-lhe patriota (de patriota). CUSTAR a) VTI (conjugado na 3ª pessoa) = ser difícil, ser penoso: Custou-me entender este assunto. b) VTDI = acarretar: A imprudência custou-lhe lágrimas amargas. c) VI = estabelecer preço: Este rádio custou vinte reais. IMPLICAR a) VTD = acarretar, trazer conseqüência: Teu nervosismo implicou a tua reprovação. b) VTI (prep. COM) = contender: Ela implica muito com o seu irmão. c) VTI (prep. EM) = pronominal: Implicou-se em situações delicadas. INFORMAR/AVISAR/CIENTIFICAR/NOTIFICAR a) VTDI: Informei a prova ao aluno. Informei o aluno da (de + a) prova. 1 A Organização dos Estados Americanos (OEA) naufraga em um mar de alternativas regionais, cujo acento maior é a exclusão dos EUA. É o caso da proposta de uma 4 nova organização de países da América Latina e Caribe, que se junta a outras iniciativas do mesmo teor, como o Grupo do Rio e a UNASUL. O poder de Washington já fora avisado 7 por instituições acadêmicas norte-americanas de que a OEA corre o risco de perder vigência. (...) Newton Carlos. Folha de S.Paulo, 18/12/2008 (com adaptações). CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 25 18. (Cespe/IRBr/Bolsas-prêmio/2009)Em “de que a OEA” (l.7), o emprego de preposição “de” se deve à regência de “avisado” (l.6). Comentário – Usou-se o particípio do verbo avisar em construção de voz passiva. Perceba que “O poder de Washington” fora avisado de algo, ou seja, “de que a OEA corre o risco de perder vigência”. Gabarito – Item certo. PREFERIR a) VTDI (seu complemento indireto é regido pela preposição A): Prefiro cinema a televisão. Prefiro o cinema à (a + a) televisão. (CERTO). Prefiro mais cinema do (de + o) que televisão. (ERRADO). Obs.: O significado de PREFERIR não admite gradações (mais... que; menos... que; tanto... quanto). Além disso, a preposição que rege seu complemento indireto é, obrigatoriamente, A. VISAR a) VTD = mirar, ver: O caçador visou o tigre. b) VTD = rubricar, dar visto: O gerente visou o cheque. c) VTI (prep. A)= almejar, ter como objetivo: Visamos ao bom ensino da linguagem. MORAR/RESIDIR/SITUAR a) VI (prep. EM): Ela reside na (em + a) rua Dr. Nilo Peçanha. (CERTO) / Ela reside à (a + a) rua Dr. Nilo Peçanha. (ERRADO) OBEDECER/DESOBEDECER a) VTI (prep. A): Obedeço a meu pai. Não desobedeça a seus pais. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 26 CRASE Vamos agora estudar os casos de ocorrência (ou não) de crase, um fenômeno linguístico que consiste na pronúncia de vogais idênticas e sequenciais em uma mesma sílaba. Observe como isso se dá nos versos do poeta Casemiro de Abreu: “Teu pensamento é como o Sol que morre Há de cismando mergulhar-se em mágoas Durante a noite quando o orvalho desce.” Entretanto, o que nos interessa nesta aula são apenas os casos de crase envolvendo a preposição A e a vogal A, que recebem notação gráfica específica (acento grave): À. (22) Fomos à (a + a) festa de aniversário do nosso vizinho. Como regra geral, toda vez que um termo regente (seja nome, seja verbo) exigir preposição A e o termo regido vier determinado pelo artigo feminino A(S), a crase surgirá e deverá ser indicada pelo acento grave (`), como no exemplo acima. Analise estas questões de prova: 19. (Cespe/ME/Agente Administrativo/2008) Hoje, o que funciona em Educação é indicar à professora o que realizar, dando-lhe a oportunidade de escolher os próprios métodos. Comentário – Note que o verbo “indicar” requer dois complementos: um regido sem preposição (“o que realizar”) e outro regido pela preposição “a” (“a professora”), a qual se une ao artigo definido feminino “a” integrante do complemento indireto. Em outras palavras, vale o velho e bom ensinamento: “indicar algo a (preposição) alguém”. Gabarito – Item certo. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 27 1 O real não é constituído por coisas. Nossa experiência direta e imediata da realidade leva-nos a imaginar que o real é feito de coisas (sejam elas naturais ou humanas), 4 isto é, de objetos físicos, psíquicos, culturais oferecidos à nossa percepção e às nossas vivências. (...) Marilena Chaui. O que é ideologia, p. 16-8 (com adaptações). 20. (Cespe/Anatel/Analista/2009) O sinal de crase em “oferecidos à nossa percepção e às nossas vivências” (l.4-5) indica que “oferecidos” tem complemento regido pela preposição a. Comentário – Sim, é verdade o que foi declarado. O adjetivo-particípio “oferecidos” reclama preposição a para reger seu complemento (oferecido a quem?). Como os termos regidos admitem a presença do artigo feminino (singular no primeiro caso e plural no segundo), a crase surge naturalmente: a + a = à; a + as = às. Gabarito – Item certo. 1 O Brasil e o Paraguai vão discutir a revisão do Tratado de Itaipu e uma possível renegociação da dívida de US$ 19,6 bilhões da hidrelétrica com o Tesouro Nacional. 4 A decisão foi tomada durante um encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e o paraguaio Fernando Lugo, paralelamente à Cúpula da América Latina e Caribe. (...) Denise Chrispim Marin e Tânia Monteiro. O Estado de S. Paulo, 18/12/2008 (com adaptações). 21. (Cespe/IRBr/Bolsa-prêmio/2009) O sinal indicativo de crase em “à Cúpula” (l.6) justifica-se pela regência de “paralelamente”, que exige preposição a, e pela presença de artigo definido feminino singular. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 28 Comentário – É isso mesmo. O advérbio “paralelamente” requer a preposição a (paralelamente a que?), que se aglutina com o artigo singular a que determina a expressão “Cúpula da América Latina e Caribe”. Gabarito – Item certo. 1 A Alemanha vai enfrentar a pior recessão desde a 2.ª Guerra Mundial e já planeja, para 2009, um novo pacote de estímulo à economia. (...) Jamil Chade. O Estado de S. Paulo, 18/12/2008 (com adaptações). 22. (Cespe/IRBr/Bolsa-prêmio/2009) O sinal indicativo de crase em “à economia” (l.3) justifica-se pela regência de “planeja” (l.2) e pela presença de artigo definido feminino. Comentário – Aqui o motivo é outro. A regência não é do verbo “planeja” (que sequer pede preposição, pois é transitivo direto); mas, sim, do substantivo “estímulo” (linha 3). Gabarito – Item errado. Também merecem destaque os casos de crase que surgem do encontro da preposição A com a letra A que inicia os pronomes demonstrativos AQUELA(S), AQUELE(S) e AQUILO, bem como com o A (= aquela) pronome demonstrativo. (23) O aluno referia-se àquela questão anulada da prova. (24) O prêmio foi dado à que chegou primeiro. Em (23), a forma verbal “referia-se” (“se” é parte integrante do verbo) é transitivo indireto. Seu complemento é regido pela preposição A, que se une ao A inicial do pronome demonstrativo “aquela”. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 29 Em (24), o complemento indireto de “dado” é regido também pela preposição A, que se funde com o pronome demonstrativo A (= aquela). Vejamos outra questão de prova: 23. (Cespe/CEF/Técnico Bancário/2006) Julgue os seguintes itens quanto à concordância e à regência. 12% de desconto no IR, incidente sobre os rendimentos alcançados com a aplicação dos recursos, são permitidos aqueles contribuintes que tem aplicação no PREVINVEST da CAIXA. Comentário – Comentarei apenas o que se refere à ocorrência da crase neste exercício. A expressão “são permitidos” deve fazer surgir um complemento indireto regido pela preposição A: algo é permitido a alguém. O termo que lhe serve de complemento indireto (“aqueles... da CAIXA”) é iniciado pelo pronome demonstrativo “aqueles”. Pois bem, o encontro da preposição A com a letra A inicial do pronome demonstrativo implica a ocorrência da crase: àquelas, que não foi indicada no texto. Gabarito – Item errado. 1 É evidente que vivemos em um momento prodigioso da técnica, com transformações profundas das noções de espaço e tempo; mas a política do espírito não acompanha esse 4 alargamento do mundo: pelo contrário, vemos dominar no homem o encolhimento das fronteiras éticas e o esquecimento de algumas ideias essenciais que fundam o humanismo. Nada 7 vemos de semelhante ao que aconteceu, no plano das ideias, em outro momento de grandes transformações da técnica e também de grandes descobertas (...) CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIAAULA 2 30 Adauto Novaes. Sobre tempo e história. In: Adauto Novaes (Org.). Tempo e história. São Paulo: Companhia das Letras, p. 14-5 (com adaptações). 24. (Cespe/IPAJM/Advogado/2010) Na linha 7, as relações de regência entre “semelhante” e “aconteceu” permitem que o trecho “ao que” seja substituído por àquilo que, sem prejudicar a coerência nem a correção gramatical do texto. Comentário – Convém entender primeiro o que há no trecho original. O adjetivo “semelhante” exige preposição a para reger seu complemento: “semelhante ao que aconteceu” (isso é um caso de regência nominal, como visto na primeira parte desta aula). O vocábulo “o” é pronome demonstrativo (= aquilo); o “que” é pronome relativo. A substituição do “o” por “aquilo” faz aglutinarem-se a preposição exigida pelo adjetivo “semelhante” e a letra inicial do pronome relativo: “semelhante àquilo que aconteceu”. A tal aglutinação deve ser indicada por meio do acento grave indicativo de crase. Gabarito – Item certo. Passarei à explicação de outros casos obrigatórios de emprego do acento grave indicativo de crase. 1. Nas locuções adverbiais femininas (25) Sairás às pressas. (26) Todos, à uma, aplaudiram a decisão do professor. 2. Nas locuções prepositivas femininas (27) Vivia às expensas do (de + o) tio. (28) A polícia saiu à procura da (de + a)quadrilha. Observação: a crase será de rigor quando uma locução prepositiva terminada por a estiver diante de artigo feminino que acompanha substantivo. Veja um exemplo abaixo. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 31 1 Creio que há evidência contundente em favor do argumento de que os investimentos públicos em pesquisa científica têm tido um retorno bastante compensador em 4 termos da utilização para o bem-estar social dos progressos científicos obtidos. Por outro lado, creio também que se pode questionar, não somente quanto à aplicação de 7 conhecimentos científicos com finalidades destrutivas ou nocivas à humanidade e à natureza, mas também quanto à distribuição desses benefícios entre diferentes setores da sociedade. (...) Samuel Macdowell. Responsabilidade social dos cientistas. In: Estudos Avançados, vol. 2, n.º 3, São Paulo, set.-dez./1988 (com adaptações). 25. (Cespe/Inpe/Tecnologista/2009) As ocorrências de crase em “à aplicação” (l.6) e “à humanidade e à natureza” (l.8) justificam-se pelo uso obrigatório da preposição a nos complementos de “questionar” (l.6). Comentário – As ocorrências da crase justificam-se por outro motivo. Na linha 6, o a final da locução prepositiva “quanto a” contraiu-se com o artigo definido feminino da expressões “a aplicação” (repare que caso semelhante corre em “quanto à distribuição”, nas linhas 7 e 8). Na linha 8, a crase suge em razão da regência do adjetivo “nocivas” (nocivas a quê?) e da presença do artigo definido feminino das expressões “a humanidade” e “a natureza”. Gabarito – Item errado. (...) Enfrentam-se, teoricamente e na prática, as manifestações de saúde, a qual é alterada no seio da 10 sociedade devido aos efeitos da desigualdade da distribuição dos bens produzidos, à aquisição de uma multiplicidade de CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 32 conhecimentos e de erros, às possibilidades de domínio dos 13 territórios e comportamentos e ao choque contínuo dos conflitos. (...) Ada Ávila Assunção. Uma contribuição ao debate sobre as relações saúde e trabalho. In: Ciênc. Saúde Coletiva, v. 8, n.o 4, p. 1.005-18, 2003 (com adaptações). 26. (Cespe/Inca/Cargos de Nível Superior/2010) A presença da preposição a em “à aquisição” (l.11), “às possibilidades” (l.12) e “ao choque” (l.13) é exigida por “Enfrentam-se” (l.8); por isso, sua repetição é importante, pois explicita as relações entre termos tão distantes no período sintático. Comentário – O erro está na indicação do termo regente. A preposição integra a locução prepositiva “devido a” (l. 10). Observe que a crase decorre da aglutinação entre a preposição a e os artigos a e as que determinam os substantivos “aquisição” e “possibilidades”. Note bem: “...devido aos efeitos..., à aquisição..., às possibilidades... e ao choque...”. Gabarito – Item errado. (...) 34 O fenomenal crescimento da economia mundial no decorrer dos dois últimos séculos, baseado no uso das energias fósseis, provocou um aquecimento global de consequências 37 deletérias e, em parte, irreversíveis. Seria, no entanto, um erro considerar que o clima é a bola da vez e as urgências sociais podem esperar. Em 2007, existiam, no Brasil, 10,7 milhões de 40 indigentes e 46,3 milhões de pobres. E, enquanto os latifúndios de mais de mil hectares — 3% do total das propriedades rurais do Brasil — ocupam 57% das terras agriculturáveis, 43 4,8 milhões de famílias sem-terra estão à espera do chão para plantar. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 33 (...) Ignacy Sachs. Voltando ao planejamento. Internet: <www.envolverde.com.br.> (com adaptações). 27. (Cespe/Aneel/Cargos de Nível Superior/2010) O emprego do sinal indicativo de crase na expressão “à espera” (l.43) é obrigatório; portanto, sua retirada acarretaria prejuízo ao sentido do texto. Comentário – O examinador fez duas afirmativas: uma quanto à obrigatoriedade do acento indicativo de crase e outra a respeito do prejuízo semântico causado pela sua retirada. A primeira afirmativa é verdadeira, pois estamos diante da locução prepositiva feminina “à espera de” (nas locuções adverbiais, prepositivas e conjuntivas, o acento grave é empregado independentemente da relação entre termo regente e termo regido). Agora, experimente retirá-lo: “...4,8 milhões de famílias sem-terra estão a espera do chão para plantar”. A informação tem sua clareza prejudicada. É possível argumentar em favor da existência de uma espera: “a espera do chão”, com a finalidade de plantar. Assim, a passagem perderia a coesão e a coerência adequadas, ficaria inconclusa (“a espera do chão para plantar” – e daí?), e teria, repito, seu sentido prejudicado. A segunda afirmativa também é verdadeira. Gabarito – Item certo. 3. Nas locuções conjuntivas femininas (29) À medida que estudo, mais aprendo. (30) À proporção que vocês estudam, mais se aproximam da aprovação. 4. Antes de pronome possessivo feminino substantivo (retornem à aula 2, página 4, se vocês tiverem dúvidas quanto ao que seja pronome substantivo) CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 34 (31) Sou favorável à proposta dele e não à sua. (32) Refiro-me a sua proposta e à minha. 5. Antes de nomes masculinos quando possamos subentender as palavras MODA, MANEIRA (33) Cortou cabelo à (maneira de) príncipe Danilo. (34) Usava sapatos à (moda) Luís XV. 28. (Cespe/TSE/Analista Administrativo/2007) Assinale a opção que apresenta fragmento de texto gramaticalmente correto. O presidente do TSE, Marco Aurélio de Mello, atribuiu ao “aprimoramento” do processo eleitoral eletrônico avelocidade da totalização dos votos. Nesta última eleição, oTSE bateu o recorde histórico, alcançando a totalização de 90% dos votos às 19 h. Às 21 h 15 min, já haviam sido apuradas 99% das urnas. Comentário – Não existe erro de natureza gramatical nofragmento em análise. Ainda que haja outros aspectos gramaticais dignos de nota, ressaltarei somente o emprego correto e obrigatório dos dois acentos graves indicativos de crase nas locuções adverbiais “às 19 h” e “Às 21 h 15 min”. Gabarito – Item certo. Obs.: As demais alternatias foram omitidas propositalmente, por não atenderem ao propósito desta aula. Peço que se acostumem com esta metodologia de estudo. Há construções em que o fenômeno da crase pode ou não ocorrer. São casos facultativos de emprego do acento grave. 1. Antes de nome próprio feminino (se for personagem histórica, o uso é proibido) CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 35 (35) Refiro-me a (à) Joana. (36) Refiro-me a Joana d’Arc. 2. Antes de pronome possessivo feminino adjetivo. (37) Dedico a (à) minha irmã todo o meu trabalho. Convém ressaltar que o emprego facultativo do acento deriva da possibilidade de se omitir o artigo feminino A que antecede pronomes possessivos femininos que acompanham substantivos. 3. Quando o A (artigo) vem precedido pela preposição ATÉ. (38) Correu até a (à) árvore. Se pensarmos na frase Correu até o poste, por exemplo, perceberemos que a preposição A (“...até ao poste”) não foi empregada comcomitantemente à preposição “até”. Daí vem a alegação de que o emprego da preposição A é facultativo em casos semelhantes. Trabalho escravo: longe de casa há muito mais de uma semana (...) “Não conseguia dormir direito por não conseguir juntar dinheiro sequer para retornar 19 à minha cidade e rever a família”, relatou. Quando uma fazenda no município paraense de Piçarras foi fiscalizada em junho deste ano, Copaíba foi localizado pelo Grupo Móvel, 22 resgatado e recebeu de indenização trabalhista mais de R$ 5 mil. Revista Trabalho. Brasília: MTE, ago./set./out./2008, p. 40-2 (com adaptações). 29. (Cespe/MTE/Administrador/2008) O sinal indicativo de crase em ‘retornar à minha cidade’ (l. 18-19) é facultativo e a sua omissão preservaria os sentidos do texto e a correção das estruturas lingüísticas. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 36 Comentário – O verbo “retornar” – assim como outros verbos que indicam movimento, deslocamento – rege as preposições a, de e para, conforme o significado da mensagem que se quer transmitir. Na passagem analisada, empregou-se a preposição A. Ao seu lado, consta um pronome possessivo feminino adjetivo (“minha”), que faculta a presença do artigo feminino A sem que haja prejuízo algum para os sentidos do texto. Gabarito – Item certo. E há ainda os casos de crase proibida. 1. Antes de nomes masculinos (39) Comprou a prazo. (40) Dei aquela calça a este homem. 2. Antes de verbo. (41) Começou a chover. 1 O regime trabalhista, ao adotar estratégias de proteção à saúde do trabalhador, institui mecanismos de monitoração dos indivíduos, visando a evitar ou identificar precocemente os 4 agravos à sua saúde, quando produzidos ou desencadeados pelo exercício do trabalho. (...) Elias Tavares de Araújo. Perícia médica. In: José E. Assad (Coord.). Desafios éticos. Brasília: Conselho Federal de Medicina, 1993, p. 241 (com adaptações). 30. (Cespe/Inca/Cargos de Nível Superior/2010) Na linha 3, não se usa o acento grave na preposição a, logo depois de “visando”, porque o verbo “evitar” não admite o artigo definido feminino. Comentário – Questão fácil. A crase não ocorre diante de verbo realmente porque ele não admite artigo. O “a” é preposição. Gabarito – Item certo. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 37 3. Antes de pronome de tratamento (exceções: SENHORA, SENHORITA, MADAME) (42) Referiu-se a Vossa Excelência. 4. Antes de pronomes oblíquos (43) Dedico o meu trabalho a ela. 5. Antes de pronomes indefinidos (44) Ofereci um presente a alguém desta sala. 6. Antes de artigo indefinido (45) Concedeu a bolsa de estudos a uma menina pobre. Você deve comparar este exemplo com o (26), que traz uma locução adverbial feminina e constitui-se em caso obrigatório de crase. 7. Quando o A precede palavras femininas no plural (46) Respondeu a cartas pouco elogiosas. Aqui, existe apenas a preposição A, em decorrência da regência da forma verbal “Respondeu”. A ausência do artigo feminino plural (as) precedendo o substantivo “cartas” amplia, generaliza, indetermina o alcance semântico dele. Em resumo, é o seguinte: nunca use crase na seguinte estrutura: singular (a) + plural (cartas). 8. Quando a preposição A se encontra entre palavras idênticas (47) Perdeu o gol cara a cara com o goleiro. 9. Com o pronome relativo CUJO(S), CUJA(S) (48) A pessoa a cuja filha me refiro estuda neste colégio. O “a” que surge antes do pronome relativo é simplesmente a preposição exigida pela regência do verbo pronominal REFERIR-SE. Como o pronome relativo CUJO (e suas variações) não admite o uso de artigo que o acompanhe, não há o encontro de dois sons iguais. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 38 10. Com pronome relativo QUEM (49) A pessoa a quem me refiro estuda neste colégio. Vale também para este caso a explicação dada anteriormente. ATENÇÃO! É necessário ter cuidado com os pronomes relativos QUE e A QUAL. Em relação ao primeiro, a crase ocorrerá se o termo anterior a ele (seja verbo, seja nome) reger preposição A e o termo seguinte for um dos pronomes demonstrativos A(S), AQUELA(S), AQUELE(S), AQUILO (50) Dirigi-me às que estavam de serviço na recepção. Perceba que existe a contração da preposição A, exigida pelo verbo DIRIGIR-SE, com o pronome demonstrativo AS (= aquelas). (51) Sou favorável à que chegou primeiro. Em relação ao pronome relativo A QUAL, a crase surgirá se o termo posterior a ele reger preposição A, que deverá ocupar posição imediatamente anterior ao pronome, contraindo-se com o A inicial que o integra. (52) A festa à qual nos dirigimos começará agora. 11. Diante de qualquer preposição diferente de ATÉ (53) Ele o esperava desde as oito horas. (54) O trabalho ficará pronto após as seis horas. 12. Diante de nome próprio feminino que designe personagens históricas, ilustres, celebridades ou entidades religiosas (55) Refiro-me a Joana d’Arc. (56) Rogou a Nossa Senhora que o ajudasse. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 39 13. Antes dos pronomes demonstrativos ESTA, ESSA (57) Chegamos a esta cidade há cinco anos. 14. Quando se atribui ao substantivo valor semântico indefinido (58) Cristo não fazia jus a morte tão humilhante. 15. Antes da palavra DISTÂNCIA usada sem qualquer especificação (59) A vítima reconheceu o ladrão a distância. 31. (Cespe/ME/Agente Administrativo/2008) Julgue os fragmentos de texto apresentados nos próximos itens com relação à regência e ao emprego do sinal indicativo de crase. a) Parece que a Educação anda bem atrasada em relação à outras áreas do conhecimento. b) Antigamente, dizia-se à uma mestra exatamente o que ela deveria fazer e como deveria de proceder; existia um currículo bem específico e fechado. Comentário – O fenômeno da crase não deve ocorrer em construções sintáticas do tipo: preposição A seguida de palavra no plural,como em “à outras”. Na dúvida, volte ao ponto 7, exemplo (46). Também é indevido o ancento grave indicativo de crase diante de artigo indefinido (“à uma). Revise, se precisar, o ponto 6. Gabarito – Itens errados. (...) 10 O aumento do emprego e os programas de transferência de renda continuam a beneficiar mais as famílias que ganham menos, cujo consumo tende a aumentar 13 proporcionalmente mais do que o das famílias de renda mais CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 40 alta. A oferta de crédito, igualmente, atinge mais diretamente essa faixa. O Estado de S. Paulo, 7/4/2008 (com adaptações). 32. (Cespe/STF/Técnico Judiciário/2008) Em “tende a aumentar” (l. 12), não há sinal indicativo de crase porque antes de forma verbal não se emprega artigo definido feminino. Comentário – Sim, é isso mesmo. Esse “a” que surge entre os verbos é simplesmente uma preposição, que articula a locução verbal. Convém esclarecer que não se deve empregar artigo diante de verbo, exceto quando o propósito for substantivá-lo. Gabarito – Item certo. Considerando que os fragmentos apresentados nos próximos dois itens constituem partes sucessivas de um texto de Jamil Chade (O Estado de S. Paulo, 18/12/2008), julgue-os quanto à correção gramatical. 33. (Cespe/IRBr/Bolsas-prêmio/2009) A notícia obrigou a chanceler Angela Merkel anunciar um novo pacote de incentivo a economia que será implementado à partir de janeiro. O pacote incluiria bilhões de euros para obras de infraestrutura, comunicações e renovações de escolas. Comentário – No trecho “incentivo a cultura” houve omissão do acento grave indicativo de crase, que se justifica pela contração da preposição a regida pela nome “incentivo” (incentivo a quê?) e pelo artigo definido feminino a que acompanha o substantivo “economia”. Na expressão “à partir”, a crase é desautorizada, pois o vocábulo “paritr” é verbo. Diante de verbo não há crase. O verbo obrigar foi usado como bitransitivo (obrigou alguém a algo..). Seu objeto direto é o termo “a chanceler Angela Merkel”; CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 41 seu objeto indireto (regido pela preposição a) é a oração iniciada pelo verbo “anunciar”. Note a ausência da preposição. Gabarito – Item errado. 34. (Cespe/IRBr/Bolsas-prêmio/2009) Ataques à Merkel estão fazendo que ela perca popularidade, mesmo diante do pacote de mais de US$ 60 bilhões e incentivos fiscais anunciados em novembro. Ela ainda é vista como tendo hesitando em apoiar um estrategismo europeu de combate a crise. Comentário – A crase não deveria ocorrer diante do nome “Merkel”. Apesar de ser nome feminino, ele se refere a uma personagem ilustre. Mas a crase tem lugar na expressão “combate a crise”. O termo regente pede preposição a e o substantivo admite o artigo a. Gabarito – Item errado. Considerando que o fragmento constitui parte de um texto adaptado de O Globo (18/12/2008), julgue-o quanto à correção gramatical. 35. (Cespe/IRBr/Bolsas-prêmio/2009) Em nota, a OPEP justificou o corte, afirmando que “o volume de petróleo que entra no mercado continua bem acima da demanda atual”. Além disso, “o impacto da grave retração da economia global levou a destruição da demanda, resultando em uma pressão de queda com os preços sem precedentes”. Comentário – O verbo levar é transitivo indireto no sentido de acarretar ou conduzir e requer preposição a para reger seu complemento: “a destruição da demanda”. Como esse complemento admitiu o artigo definido a, a crase deveria ter sido indicada por meio do acento grave. Gabarito – Item errado. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 42 36. (Cespe/DPU/Agente Administrativo/2010 – adaptada) O trecho seguinte é adaptado do editorial do Jornal Zero Hora (RS) de 20/4/2010. Julgue-o quanto à correção gramatical. “A capacidade de atingir milhões de pessoas em apenas alguns segundos [falando sobre a internet] significa uma ferramenta de valor inestimavel, que já mostrou toda sua eficiência na eleição norte-americana que levou Barack Obama a Casa Branca, em um processo que foi visto como uma revolução na maneira de fazer campanha.” Comentário – O Cespe novamente explorou a regência do verbo levar, como na questão anterior. O detalhe agora é que o seu objeto indireto, regido pela preposição a, contém a palavra “Casa”. Quando ela vem seguida de determinante (“Casa Branca”), a crase é obrigatória (“levou Barack Obama à Casa Branca). Veja outro exemplo: Vou à casa florida. Quando a palavra casa vem sem nenhum determinante, a crase é proibida: Vou a casa imediatamente. Gabarito – Item errado. Por hoje é só. Na próxima aula, começaremos a estudar sintaxe da oração e do período. Antes disso, porém, espero as suas dúvidas e sugestões. Fique com Deus e bons estudos! Professor Albert Iglésia CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 43 QUESTÕES SEM COMENTÁRIOS 1 O consumo das famílias deverá crescer 7,5% neste ano, tornando-se um dos principais responsáveis pelo crescimento do produto interno bruto, previsto em 5%. A 4 nova estimativa do consumo das famílias é uma das principais mudanças nas perspectivas para a economia brasileira em 2008 traçadas pela Confederação Nacional da 7 Indústria em relação às previsões apresentadas em dezembro do ano passado, quando o aumento do consumo foi estimado em 6,2%. (...) O Estado de S. Paulo, 7/4/2008 (com adaptações). 1. (Cespe/STF/Técnico Judiciário/2008) Na linha 7, o emprego do sinal indicativo de crase em “às previsões” justifica-se pela presença de preposição, exigida pela locução “em relação”, e pelo emprego de artigo definido feminino plural antes de “previsões”. (...) Omite-se, propositadamente, 7 que o mais longo período da história da vida humana foi orientado pela cooperação e solidariedade, valores fundamentais para a sobrevivência da espécie. (...) Henrique Rattner. Tecnologia e sociedade. In: Internet: <www.espacoacademico.com.br> (com adaptações). 2. (Cespe/IPAJM/Advogado/2010) A coerência e a correção gramatical do texto seriam mantidas ao se substituir “fundamentais para a sobrevivência” (l.9) por fundamentais a sobrevivência. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 44 (...) Então, o estudo classifica essa drástica redução na 43 intensidade das emissões de gás carbônico relacionadas às atividades econômicas de “sem precedente e, provavelmente, impossível”, reforçando a defesa da estagnação econômica. (...) Ricardo Young. Mudanças no consumo. In: CartaCapital, 26/2/2010. Internet: <www.cartacapital.com.br> (com adaptações). 3. (Cespe/AGU/Administrador/2010) Na linha 45, o termo “da” pode ser trocado por à, o que, embora altere a regência do nome, mantém seu sentido no texto. 1 Uma antiga preocupação dos legisladores do passado era a de assegurar o direito dos povos de manter “os costumes da terra”. (...) Mauro Santayana. Jornal do Brasil, 24/11/2006. 4. (Cespe/TSE/Analista Administrativo/2007) No que diz respeito aos sentidos e a aspectos gramaticais do texto acima, julgue a assertiva abaixo. Na expressão “eraa de assegurar” (l. 2), a presença da preposição “de” decorre da regência de “preocupação” (l. 1). 1 A Câmara dos Deputados brasileira aprovou, por 265 votos favoráveis e 61 contrários, a adesão da Venezuela ao MERCOSUL, bloco regional formado por Brasil, 4 Argentina, Paraguai e Uruguai. O protocolo de adesão, assinado em julho de 2006, ainda precisa ser aprovado pelo Senado para entrar em vigor. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 45 7 Os congressos do Uruguai, da Argentina e da própria Venezuela já votaram pela entrada do país no MERCOSUL. Apenas o Paraguai e o Brasil ainda não chancelaram o 10 acordo. Dados da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional mostram que a entrada do país resultará em um bloco com mais de 250 milhões de habitantes, área de 13 12,7 milhões de km2, PIB superior a U$ 1 trilhão (aproximadamente 76% do PIB da América do Sul) e comércio global superior a US$ 300 bilhões. (...) Maria Clara Cabral. Folha de S. Paulo, 18/12/2008. 5. (Cespe/IRBr/Bolsas-prêmio/2009) O emprego de preposição em “ao MERCOSUL” (l.3) justifica-se pela regência de “contrários” (l.2), que exige preposição a. 6. (Cespe/IRBr/Bolsas-prêmio/2009) Nas duas ocorrências de “superior a” (l.13 e 15), “a” funciona como artigo definido. O que é o que é? 1 Se recebo um presente dado com carinho por pessoa de quem não gosto — como se chama o que sinto? Uma pessoa de quem não se gosta mais e que não gosta mais da 4 gente — como se chama essa mágoa e esse rancor? Estar ocupado, e de repente parar por ter sido tomado por uma desocupação beata, milagrosa, sorridente e idiota — como se 7 chama o que se sentiu? O único modo de chamar é perguntar: como se chama? Até hoje só consegui nomear com a própria pergunta. Qual é o nome? e é este o nome. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 46 Clarice Lispector. A descoberta do mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999, p. 199. 7. (Cespe/IRBr/Diplomata/2009) No título do texto, as duas ocorrências da forma verbal “é” são sintaticamente equivalentes. 1 Na atualidade, em qualquer parte do mundo, podem desenvolver-se atividades de apoio logístico ou de recrutamento ao terrorismo. Isso se deve à sua própria lógica 4 de disseminação transnacional, que busca continuamente novas áreas de atuação e, também, às vantagens específicas que cada país pode oferecer a membros de organizações 7 extremistas, como facilidades de obtenção de documentos falsos ou de acesso a seu território, além de movimentação, refúgio e acesso a bens de natureza material e tecnológica. (...) Paulo de Tarso Resende Paniago. O desafio do terrorismo internacional. In: Revista Brasileira de Inteligência. Brasília: ABIN, v. 3, n.º 4, set./2007, p. 36. 8. (Cespe/Abin/Agente de Inteligência/2008) Em “às vantagens” (l.5), o sinal indicativo de crase justifica-se pela regência de “deve” (l.3) e pela presença de artigo definido feminino plural. 1 Assistimos à dissolução dos discursos homogeneizantes e totalizantes da ciência e da cultura. Não existe narração ou gênero do discurso capaz de dar um 4 traçado único, um horizonte de sentido unitário da experiência da vida, da cultura, da ciência ou da subjetividade. Há histórias, no plural; o mundo tornou-se 7 intensamente complexo e as respostas não são diretas nem estáveis. (...) CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 47 Dora Fried Schnitman. Introdução: ciência, cultura e subjetividade. In: Dora Fried Schnitman (Org.). Novos paradigmas, cultura e subjetividade, p. 17 (com adaptações). 9. (Cespe/Abin/Oficial de Inteligência/2008) O emprego do sinal indicativo de crase em “à dissolução” (l. 1) deve-se à dupla possibilidade de relações sintático-semânticas para o verbo assistir. 1 Um homem do século XVI ou XVII ficaria espantado com as exigências de identidade civil a que nós nos submetemos com naturalidade. Assim que nossas crianças começam a falar, 4 ensinamos-lhes seu nome, o nome de seus pais e sua idade. (...) Philippe Ariès. História social da criança e da família. Dora Flaksman (Trad.), p. 1-2 (com adaptações). 10. (Cespe/Abin/Oficial de Inteligência/2008) O emprego da preposição antes do pronome, em “a que” (l. 2), atende à regra gramatical que exige a preposição a regendo um dos complementos do verbo submeter. 11. (Cespe/TSE/Analista Administrativo/2007) Assinale a opção que apresenta fragmento de texto gramaticalmente correto. a) “Estamos num caminho certo, no caminho que consagra o sistema que preserva, acima de tudo, a vontade do eleitor”, destacou. O presidente lembrou de que a expectativa inicial era de chegar ao patamar de 90% dos votos totalizados em todo o país às 22 horas, mas o índice foi alcançado às 19 h 30 min. b) Ao responder uma questão sobre os resultados apontados na apuração do segundo turno presidencial, o ministro Marco Aurélio considerou que, “sem dúvida alguma, a diferença maior de votos resulta por legitimidade para o candidato eleito”. O ministro Marco Aurélio congratulou aos eleitores brasileiros que, mais uma vez, compareceram CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 48 às urnas para exercer “esse direito inerente à cidadania, que é o direito de escolher os representantes”. (...) Para crescer mais e de maneira 13 socialmente mais includente, do que o Brasil realmente precisa é que se desconstrua o mito do gigante adormecido. E, para isso, carecemos de um discurso que apresente à sociedade os custos 16 reais que precisam ser pagos para promover a prosperidade de cada indivíduo e do conjunto da nossa sociedade. Carlos Pio. Gigante adormecido. In: Correio Braziliense, 15/4/2010 (com adaptações) 12. (Cespe/IPAJM/Advogado/2010) A ausência da preposição de antes do complemento de “precisa” (l.13) indica que essa forma verbal está sendo usada em função de auxiliar, como em precisar construir. (...) Desde então, 7 vêm se impondo, entre especialistas ou não, a compreensão sistêmica do ecossistema hipercomplexo em que vivemos e a necessidade de uma mudança nos comportamentos 10 predatórios e irresponsáveis, individuais e coletivos, a fim de permitir um desenvolvimento sustentável, capaz de atender às necessidades do presente, sem comprometer a vida futura 13 sobre a Terra. Paulo Marchiori Buss. Ética e ambiente. In: Desafios éticos, p. 70-1 (com adaptações). 13. (Cespe/TCU/Analista de Controle Externo) O emprego do sinal indicativo de crase em “às necessidades” (l. 12) é obrigatório; a omissão desse sinal provocaria erro gramatical por desrespeitar as regras de regência estabelecidas pelo padrão culto da linguagem. CURSO ON-LINE – PORTUGUÊS PARA O TRT/21ª REGIÃO TEORIA E EXERCÍCIOS – PROFESSOR ALBERT IGLÉSIA AULA 2 49 1 O real não é constituído por coisas. Nossa experiência direta e imediata da realidade leva-nos a imaginar que o real é feito de coisas (sejam elas naturais ou humanas), 4 isto é, de objetos físicos, psíquicos, culturais oferecidos à nossa percepção e às nossas vivências. (...) Marilena Chaui. O que é ideologia, p. 16-8 (com adaptações). 14. (Cespe/Anatel/Analista/2009) Preservam-se as relações de coerência e a correção gramatical do
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