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Material do Curso online de R

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Calendário de Atividades do Curso
Calendário de Atividades do Curso
DIA ATIVIDADE
16 de agosto a 5 de
setembro
Fórum de apresentação. Início do Curso
 
25 de agosto Prazo final para participação no Fórum de Apresentação. O não
cumprimento da atividade proposta implicará na
exclusão do aluno e consequente convocação daqueles
que estiverem aguardando a segunda chamada.
16 de setembro Prazo final para o envio das avaliações das Unidades 1 e 2 do
Módulo I.
 
30 de setembro Prazo final para o envio das avaliações das Unidades 3 a 5 do
Módulo I.
 
03 a 17 de outubro 1º Fórum Temático: tema a ser sugerido pelo Tutor
 
18 de outubro Prazo final para o envio das avaliações das Unidades 1 e 2 do
Módulo II.
 
24 de outubro Prazo final para envio da avaliação da Unidade 3 do Módulo II.
 
1 a 15 de novembro 2º Fórum Temático: tema a ser sugerido pelo Tutor
 
4 de novembro Prazo final para o envio das avaliações das Unidades 1 e 2 do
Módulo III.
 
11 de novembro Prazo final para o envio da avaliação das Unidades 3 e 4
Módulo III.
 
22 de novembro Prazo final para envio da avaliação final do Curso.
 
30 de novembro Encerramento do acesso ao Curso.
 
Sugestões para um bom estudo:
As atitudes do estudante a distância, traduzidas em hábitos de estudo, são fatores que ajudam o aluno a persistir e permanecer no
curso, determinando o sucesso final. Nossas sugestões para que você tenha um bom aproveitamento são as seguintes:
administre bem seu tempo - assegure-se de que terá disponibilidade para se dedicar ao estudo;
consulte com regularidade a agenda e o calendário do curso - o não cumprimento de algumas das datas implicará a sua
reprovação no curso;
procure realizar as atividades dentro dos prazos previstos - eles são planejados de forma a otimizar os resultados pretendidos e a
pontualidade demonstra seu compromisso com o processo de aprendizagem;
execute as atividades propostas em sequência de unidades/módulos - os exercícios respondidos fora da ordem ficam aguardando a
vez para serem corrigidos e você corre o risco de se esquecer de retomá-los;
sempre que acessar a plataforma, navegue pelos ambientes de estudo para ver se algo novo foi acrescentado;
a plataforma é o melhor canal de comunicação com a tutoria - recorra preferencialmente ao tutor para sanar suas dúvidas de
conteúdo; utilize o botão “Mensagem” no menu “Comunicação”.
participe dos fóruns de debates - eles são instrumentos valiosíssimos de interação com o grupo, além de integrarem a avaliação.
Leia atentamente o "Guia do Estudante"! Ele contém orientações indispensáveis para seu sucesso no curso!
Guia do Estudante
Guia do Estudante
As orientações abaixo ajudarão você, estudante a distância, a utilizar melhor os recursos didáticos do nosso curso.
Estas instruções visam a auxiliá-lo durante todo o seu percurso, levando-o a um maior aproveitamento e sucesso em seus estudos.
O material didático, elaborado conforme os preceitos da Educação a Distância, está dividido em três módulos, cujos conteúdos são
colocados de maneira clara e compreensível.
A tutoria é um importante sistema de ajuda pedagógica do ensino a distância, oferecendo orientação e atendimento às dúvidas sobre os
conteúdos. Nossa tutoria é composta de especialistas que atendem a todos os alunos, durante o período do curso.
 
Familiarize-se com os recursos disponíveis no ambiente virtual de aprendizagem:
Agenda
Visível na tela inicial do Trilhas. Funciona como um “Mural” de
comunicação do professor-tutor e da coordenação com os
alunos. Na agenda há lembretes das datas limite de envio das
atividades do curso, além dos Fóruns temáticos.
 
Dados
(Instruções para salvar
sua foto no Trilhas)
1. Na tela inicial do ambiente virtual - Trilhas, abaixo da
Agenda, clique na aba Dados; 2. O primeiro dado solicitado é
a foto. Clique em Procurar e anexe o arquivo que deve estar
salvo em seu equipamento (deve ter a extensão .jpeg ou
.jpg para ser reconhecido pelo sistema); 3. Salve. Sua foto
estará visível nessa mesma página.
 
 
Navegação
No cabeçalho e no rodapé do texto-base, os botões
Próximo/Anterior darão opção de avançar e recuar no
conteúdo.
Para navegar pelos módulos/unidades escolhidos: na seta,
abra o índice e clique na opção desejada.
Observe que, acima do campo de navegação, o sistema
informa seu posicionamento no texto-base até o número da
página.
Ao acessar o curso, explore as funcionalidades localizadas no menu lateral:
Comunicação:
 
Fórum
Ambiente de comunicação com o tutor e colegas.
Ao clicar em Fórum, o quadro é aberto abaixo do texto-base.
Ali, leia as instruções de como participar.
O fórum de apresentação é de participação obrigatória, pois a
não participação na data-limite implicará a reprovação do
aluno para convocação de 2ª chamada.
 
Mensagem
Espaço onde você envia e recebe mensagens dos
participantes do curso (colegas e professores). Funciona como
um "e-mail interno". Basta clicar sobre a imagem do colega a
quem quer endereçar a mensagem, redigi-la e salvá-la. Para
responder você deve clicar na foto do destinatário.
Apoio:
Caderno Ali você poderá fazer anotações durante o estudo e
resgatá-las, modificá-las ou copiá-las a qualquer momento. É
possível colar anotações trazidas de fontes externas.
 
Arquivos
Neste espaço você poderá criar pastas, inserir arquivos e
compartilhá-los com outros usuários. Você deve clicar na
linha da sua turma. Visualize os arquivos disponibilizados,
 como o calendário do curso, critérios de avaliação ou textos
adicionais.
 
Glossário
Acesse verbetes de termos e expressões importantes
presentes no texto-base. (Para acessar, digite o termo ou
expressão, ou busque pela letra inicial. Você também pode
clicar em "ok" sem preenchimento, e aparecerão todos os
verbetes. Para abrir, basta clicar sobre o termo ou
expressão.) Note que no próprio texto-base as palavras e
expressões que conduzem a verbetes vêm com um tênue
sublinhado - clicando sobre elas você também acessa a
respectiva explicação.
Bibliografia
Referência de obras utilizadas na elaboração do conteúdo, e
de obras complementares, visando a ampliar, para o aluno, o
universo de fontes de pesquisa
 
Links relacionados
Acesso à listagem de links de interesse, relacionados ao
curso/disciplina. Primeiro, você visualiza a tela de
"Categorias", que servem para organizar os links em temas
específicos, facilitando sua busca. Em seguida, dentro de uma
dada categoria, aparecerá a listagem com os links, para
acesso.
 
Mapas
Contextualize geograficamente os conteúdos, consultando os
mapas, que podem ser ampliados para visualização de
detalhes.
Versão para imprimir
Se quiser imprimir uma página ou toda uma parte do
texto-base, este é o local para fazê-lo. É possível também
imprimir o conteúdo completo. (Importante: antes de
autorizar a impressão, certifique-se do número de páginas
que serão impressas.)
Avaliação:
 
Trabalhos / Redações
Esta é a ferramenta que propicia a criação de textos e
trabalhos, mediante monitoramento, auxílio e correção pelo
professor. A metodologia utilizada é da criação passo a passo,
e é possível salvar cada versão do trabalho, para garantir a
memória das alterações e checar a evolução da tarefa
proposta.
Avaliações Este é o local onde se podem realizar todos os procedimentos
relativos às avaliações propostas.
Painel de desempenho
Local onde você visualizará toda a sua trajetória de
avaliações, com as respectivas notas atribuídas e médias
resultantes. Fique atento aos parâmetros avaliativos
determinados pela instituição.
Página 02
Atividades de Estudo:
 
Diversas atividades
irão auxiliá-lo, funcionando como reforço na aprendizagem.
 
 
Autoavaliação
Após o estudo do conteúdo de cada unidade, você deverá
realizar os Exercícios. Essas atividades foram desenvolvidas para
você mesmo verificar o progresso obtido ao longo do percurso.
As autoavaliações serão corrigidas automaticamente pelo
sistema. Ela pode ser refeita tantas vezes quanto necessário.
Acesso pelo menu Avaliações.
 
 
 
 
Avaliação de
Unidade
Essa atividade, proposta ao final de cada unidade, será corrigida
pelo tutor. Espera-se que o aluno demonstre capacidade de
análise e domínio dos temas estudados.
Acesse pelo campo Avaliação no botão Trabalhos/Redações.
Para enviar para correção, clique em “Salvar e finalizar”. Caso
queira salvar para continuar mais tarde, clique em “Salvar
versão”.
 
Observe no Painel de desempenho: verde - atividade
corrigida; cinza – atividade salva, mas não finalizada para
correção ou devolvida para ser refeita. Fique ligado!
Avaliação
Final do
Curso
Ao final do curso o aluno deverá cumprir a Avaliação Final do
Curso. No campo Avaliação, clique em Trabalhos/Redações e
acesse a avaliação correspondente.
 
ATENÇÃO! Não reproduza material de terceiros. Sua resposta pode conter
trechos de citação, desde que a fonte seja informada.
 
 
 
Fórum
O fórum é um valioso instrumento de integração possibilitando
que todos os participantes se conheçam e compartilhem
conhecimentos. Sua participação é obrigatória e será
considerada na composição da nota final do curso. Localize o
acesso por meio do campo Comunicação.
 
Painel de
desempenho
Pelo painel de desempenho você acompanha suas atividades no
curso. Observe pela cor indicada na legenda a situação dos
exercícios, avaliações e fóruns. Dê um clique no quadradinho
branco, indicado por uma letra (T ou F) que o sistema mostrará
a atividade desejada. Consulte-o regularmente. Leia com
atenção as observações do professor-tutor.
 
 
 Aprovação
 
 
 
As avaliações finais de unidade, de curso e os fóruns temáticos
somam 100 pontos. Serão considerados aprovados os alunos que
efetuarem todas as avaliações e participarem de ao menos 1
dos 2 fóruns, obtendo média mínima igual ou superior a 70
(setenta).
 
CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 
Módulo I Módulo II Módulo III
Avaliação de
Unidade
Total parcial Avaliação de
Unidade
Total parcial Avaliação de Unidade Total parcial
U1 - 5 
 
25
U1 – 3 
9
U1 – 3 
 
12
U2 - 5 U2 – 3 U2 – 3
U3 - 5 U3 – 3 U3 – 3
U4 - 5 U4 – 3
U5 - 5 
 
 1º FÓRUM 18 2º FÓRUM 18
 
Avaliação Final do
Curso
 
18
Total Geral 100
MÉDIA PARA APROVAÇÃO – 70 PONTOS dos 100 possíveis. Também é necessária, para aprovação, a participação nos 2 fóruns
temáticos e o cumprimento das avaliações propostas. 
Certificação Eletrônica: Decorridos 10 dias após a data de conclusão do curso, entre com seu nome de usuário e senha e clique no ícone Emitir
certificado. Você terá a opção de imprimir o CERTIFICADO e uma DECLARAÇÃO com o conteúdo programático. Poderá também salvar o arquivo, para
posterior impressão. Caso deseje uma impressão especial, bastará utilizar papel com gramatura ou textura diferenciada.
Para os inscritos a partir do segundo semestre de 2011, o ILB passou a fornecer autenticação digital, cujo código consta do certificado e
que pode ser acessada na página inicial (a mesma em que é feito o login). 
 
página 03
Confira os ícones utilizados neste curso:
Acesse o texto
sugerido
 Assista ao filme ou
ao vídeo
Avaliação Final do
Curso
 
Atenção
Autoavaliação
 
Comunique-se!
Curiosidade
Avaliação Final de
Unidade
Para refletir
Você sabia?
Literatura sugerida
Objetivo de
aprendizagem
Pesquise na
Internet
 
Conclusões
Não perca!
 
 Suporte técnico
 O Núcleo Web do ILB oferece apoio a problemas de acesso ao ambiente virtual
de aprendizagem e orientações para a utilização dos recursos e ferramentas de EaD.
 E-mail: ilbead@senado.gov.br
 (Identifique a mensagem, informando seu nome completo e o curso
 em que está inscrito.)
 Telefone: (00+55) (61) 3303-1475
 Horários de atendimento ao aluno virtual: 10h às 12h e 15h às 17h (dias úteis)
 
Apresentação
Bem-vindo ao curso!
Cada vez mais o estudo das Relações Internacionais adquire relevância, sobretudo diante do processo de globalização e do crescimento
do intercâmbio de informações, bens, pessoas e serviços entre os entes internacionais. Nesse contexto, o Brasil necessita ampliar sua
atuação em diferentes áreas da Política, do Direito e da Economia Internacional.
O Poder Legislativo, em virtude de suas atribuições e competências constitucionalmente previstas, ocupa papel de destaque nas ações de
Política Externa. Daí a importância da preparação de seus quadros no tocante a fundamentos das Relações Internacionais e questões
internacionais contemporâneas.
Assim, o Instituto Legislativo Brasileiro promove, dando continuidade ao Programa de Educação a Distância para os quadros do Poder
Legislativo, o presente “Curso de Relações Internacionais: Teoria e História”. O objetivo é instruir os cursistas a respeito de relações
internacionais, permitindo-lhes a eficiente aplicação em suas atividades de assessoria parlamentar ou governamental.
O público-alvo do curso é constituído por servidores públicos, com destaque para aqueles que atuam no assessoramento de tomadores de
decisão nos três Poderes. Além dos servidores, podem realizar o presente curso todas as pessoas interessadas em relações internacionais
e questões internacionais contemporâneas: profissionais liberais, membros do corpo diplomático, estudantes, entre outros.
O cursista contará com o apoio dos tutores, que estarão disponíveis para esclarecimentos e orientações. O contato com os tutores do
curso é feito por meio do "Trilhas", a nova Plataforma de Educação a Distância do ILB.
Lembramos, finalmente, que este é um curso introdutório. Há muito a ser explorado no estudo das Relações Internacionais. Esperamos
que o presente curso sirva para despertar o interesse sobre essa temática tão intrigante.
Desejamos que você tenha excelente aproveitamento neste curso introdutório às Relações Internacionais: Teoria e História!
Bom proveito!
A equipe organizadora do curso.
Módulo I - Conceitos Elementares e Correntes Teóricas das Relações Internacionais
Unidade 1
As Relações Internacionais no Mundo Contemporâneo: Dilemas e Perspectivas
Unidade 2
Conceitos Fundamentais
Unidade 3
Correntes teóricas das Relações Internacionais
Unidade 4
O Realismo
Unidade 5
Sociedade Internacional: Aspectos Gerais
Unidade 1 - As Relações Internacionais no Mundo Contemporâneo: Dilemas e Perspectivas
Nesta Unidade, são tratados alguns dilemas e perspectivas relacionadas à questão das Relações Internacionais. Serão abordados os temas:
 
-As Relações Internacionais no Mundo Contemporâneo e a Globalização
-A Importância das Relações Internacionais para o Brasil
-Relações Internacionais como Disciplina Independente
 
Objetivos da Unidade: 
 
Ao final desta Unidade inicial, o aluno deverá estar apto a:
 
# identificar os principais pontos da agenda de relações internacionais contemporâneas;
# estabelecer o conceito e as características da Globalização;
# estabelecer a importância das relações internacionais para o Brasil;
# assinalar a evolução histórica e a importância de Relações Internacionais como disciplina 
 acadêmica.
 
 
 
 
 
Em um curso de educação a distância por meio da Internet, o estudante tem um papel central no estabelecimento de
uma relação de qualidade com o conteúdo proposto. Portanto, procure organizar-se para ter o melhor aproveitamento
possível do curso.
pág. 01
AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS NO MUNDO CONTEMPORÂNEO
 
 
 
Antes de iniciar os estudos desta Unidade, assista ao primeiro vídeo
educacional da série: Conexão Mundo (“Aldeia Global Mundo Digital” –
as duas partes), disponível na página do ILB.
Conexão Mundo é uma série de 20 programas sobre relações
internacionais que oferece informações necessárias à
compreensão dos novos processos de intercâmbio entre as
nações. Os programas enfocam toda a história das relações
entre os povos, os tratados e políticas para a nova ordem
internacional e procuram desvendar conceitos como o de
“globalização”, “blocos econômicos” etc.
 
As últimas décadas do século XX foram marcadas pela intensificação das relações entre os povos, de uma maneira como nunca
experimentada anteriormente. Cada vez mais, as distâncias estão menores, tempo e espaço perdem o significado que tinham para
nossos pais e avós, e as pessoas de diferentes locais do globo tomam consciência de que “a menor distância entre dois pontos é uma
tecla”.
 
O século XXI chegou trazendo grandes conquistas: o mundo está menor, globalizado, interligado física e eletronicamente; pode-se tomar
café em Londres e almoçar em Washington; as fronteiras perdem sua importância; o sistema internacional vê-se cada vez mais
integrado; a tecnologia alcança milhões de pessoas, e não há limite ao conhecimento humano. O último século do segundo milênio
presenciou uma evolução tecnológica inimaginável!
 
pág. 02
O PROCESSO DE GLOBALIZAÇÃO
 
O termo globalização pode ser entendido como fenômeno de aceleração e intensificação de mecanismos,
processos e atividades, com vista à promoção de uma interdependência global e, em última escala, à
integração econômica e política em âmbito mundial. Trata-se de conceito revolucionário, envolvendo
aspectos sociais, econômicos, culturais e políticos. Registre-se, ademais, que essa é apenas uma das
várias conceituações do fenômeno, o qual não é recente, mas se acelerou a partir da segunda metade do
século XX.
 
Um dos aspectos mais importantes da globalização envolve a ideia crescente do “mundo sem fronteiras”.
Isso é perceptível em termos como “aldeia global” e “economia global”. Poucos lugares do mundo estão a
mais de dez dias de viagem, e a comunicação através das fronteiras é praticamente instantânea.
 
 
Em nossos dias, com as economias interligadas, blocos se formam, com consequências que
ultrapassam os benefícios econômicos, pois as conquistas sociais e políticas de um membro do
bloco logo deverão chegar aos territórios de todos os outros. Princípios como a democracia e a
prevalência dos direitos humanos podem ser defendidos e arguídos em troca de benefícios
econômicos. Cite-se, por exemplo, o caso de países como Grécia, Portugal e Espanha, que, para
serem aceitos na então Comunidade Europeia, tiveram que promover importantes mudanças
econômicas, sociais e políticas. O mesmo se aplica à Turquia, que aspira a tornar-se parte da
moderna Europa. 
Assim, o atual processo de globalização envolve a integração econômica mundial em diversos
níveis, com a redução das distâncias em virtude do desenvolvimento de mecanismos de produção
e distribuição de bens em escala global, e do fortalecimento dos meios de comunicação. Nesse
contexto, novos Atores, como as organizações não governamentais, as empresas transnacionais,
a opinião pública e a mídia, ganham destaque ao influenciarem a conduta dos Estados.
 
No caso do Mercado Comum do Sul
(MERCOSUL), há a chamada “cláusula
democrática”, a qual estabelece que
apenas países sob regimes
democráticos podem participar do
bloco. Essa cláusula teria contribuído
para que fossem evitadas alternativas
autoritárias em alguns países do
Mercosul, em momentos de crise
institucional. 
 
Uma leitura essencial sobre o tema é o artigo de Paulo Roberto de Almeida, “Contra a Antiglobalização”. 
pág. 03
DILEMAS DA GLOBALIZAÇÃO
 
Entretanto, a globalização também é marcada por problemas em escala mundial. Nesse sentido, há a criminalidade que ultrapassa as
fronteiras dos Estados, com organizações criminosas exercendo suas atividades ilícitas de maneira organizada e internacional. Crimes
como o narcotráfico, o tráfico de armas, o tráfico de pessoas e de animais e a pirataria, todos esses há muito não são problemas
exclusivos de um ou outro país, mas são questões globais que devem ser encaradas globalmente. E a base do crime organizado é a
lavagem de dinheiro, que movimenta cerca de um trilhão de dólares por ano no mundo, ou 4% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial,
segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).
 
Assim, ao lado das grandes conquistas, há novos e grandes desafios: parte significativa da população mundial ainda permanece no século
XIX. Nações ricas e prósperas convivem com Estados que comportam milhões de miseráveis. Alguns locais do globo ainda não saíram da
Idade Média! Novas e antigas doenças afligem milhões. Cite-se, ainda, a parte significativa da raça humana que sofre com a fome, a
pobreza, as guerras. A sociedade internacional presencia crises econômicas, políticas, culturais e sociais. E o destino da humanidade
permanece uma grande incógnita.
 
Para maiores detalhes sobre a lavagem de dinheiro e de seus efeitos no mercado internacional, vale conferir: ODON, Tiago Ivo. Lavagem de
dinheiro: os efeitos macroeconômicos e o bem jurídico tutelado. Revista de Informação Legislativa, Brasília, ano 40, n. 160, p. 333-349,
out./dez. 2003.
pág. 04
MEIO AMBIENTE, DIREITOS HUMANOS, CONFLITOS INTERNACIONAIS
 
 
Outro importante tema de relações internacionais neste mundo globalizado envolve os problemas
ambientais. Cada vez mais a humanidade toma consciência de que as questões ambientais não
podem ser tratadas como assuntos internos dos Estados e que os danos ambientais ultrapassam
as fronteiras. A terra é um corpo único e seus recursos ambientais são patrimônio de todos os
seres humanos e das futuras gerações. Daí que os males causados ao meio ambiente afetam toda
a humanidade.
Convém registrar que, para Relações
Internacionais como disciplina
acadêmica ou área do conhecimento,
empregaremos iniciais maiúsculas,
enquanto que, quando nos referirmos
ao objeto de estudo, usaremos o
termo em minúsculo.
 
No último quartel do século XX, a proteção ao meio ambiente passou a ser uma das grandes preocupações da comunidade internacional,
não só na área governamental, mas também entre todos os habitantes da terra. A Conferência do Rio de Janeiro de 1992 exerceu essa
salutar influência, e multiplicaram-se nas últimas décadas os tratados sobre todos os aspectos ambientais, tanto assim que se calcula em
mais de mil os tratados internacionais assinados sobre meio ambiente.
 
Também a proteção aos direitos humanos é um assunto em voga, sobretudo quando notícias de violações a esses direitos nos chegam de
todas as partes do planeta. No moderno sistema internacional, agressões contra uma pessoa devem ser consideradas crimes contra toda
a raça humana. O intenso trabalho das cortes internacionais de direitos humanos na Europa e no continente americano – da qual foi
presidente o brasileiro Antônio Augusto Cançado Trindade – refletem essa nova realidade.
 
Ademais, à medida que nos aproximamos uns dos outros, surgem também os conflitos, outro componente marcante da agenda
internacional desde sempre. E no extremo dos conflitos, temos a guerra, sob suas diferentes formas. Nesse sentido, o século XX foi
marcado por uma grande quantidade de guerras pelo globo, inclusive com dois conflitos que envolveram praticamente toda a sociedade
internacional.
 
De fato, uma das grandes certezas do século XXI é que nele ainda presenciaremos o fenômeno da guerra. Entretanto, alguns cogitam
mesmo que a guerra no século XXI não será mais entre países, mas entre civilizações (HUNTINGTON,
1998).
 
 
Em caso de dúvidas, contate o seu tutor por meio da Plataforma de Educação a Distância do ILB (menu "Comunicação" - "Mensagem") ou por
e-mail. Ele está à sua disposição e pode ajudá-lo.
 
pág. 05
IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
 
Eis, portanto, o grande paradoxo global: ao lado de grandes conquistas, grandes desafios! E é nesse contexto que se percebe a
necessidade de conhecimento das relações internacionais. Atualmente, quem não estiver informado sobre o que ocorre no mundo poderá
ver-se bastante limitado, pessoal e profissionalmente.
 
Hoje, a sociedade internacional está tão interligada, tão integrada em um processo de globalização, que situações ocorridas na China
podem afetar a nós, brasileiros, do outro lado do planeta. Daí que o problema do outro passa a ser também um problema nosso, e o
bem-estar de cada homem passa a significar o bem-estar de toda a humanidade. Nesse contexto, se você não é parte da solução, é parte
do problema! 
Assista à aula proferida pelo Professor Doutor Joanisval Brito Gonçalves, por ocasião do curso presencial ministrado no ILB, no primeiro semestre
de 2008. Aumente o som de seu equipamento e bons estudos! 
Duração: 5min24
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O BRASIL E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Como quinto maior país do globo em população e dimensão territorial, e estando entre as maiores economias
do planeta, com condições e pretensões de se tornar uma Grande Potência, o Brasil não pode se furtar a ter
um papel de destaque nas relações internacionais. As transformações e acontecimentos no mundo globalizado
farão cada vez mais parte de nosso dia a dia em uma tendência praticamente irreversível.
 
Estamos estrategicamente localizados, com fronteiras com praticamente todos os países sul-americanos e com o
Atlântico como principal via para a Europa e a África. Ademais, somos uma nação tida como pacífica e respeitadora
do direito internacional e com incontestáveis atributos de liderança regional. Finalmente, não devemos desconsiderar
nossas maiores riquezas: os recursos naturais e um povo multiétnico, empreendedor e, nos dizeres de Gilberto Freyre, com suas peculiares
“características antropofágicas”.
 
Pouco significativa diante de suas potencialidades é a atuação brasileira no cenário internacional. Apenas nas últimas décadas do século
XX é que o Brasil começou a se fazer mais presente. Isso coincide com o surgimento e o desenvolvimento dos primeiros cursos de
Relações Internacionais no País e com o aumento do interesse nas questões internacionais por parte de diversos setores da nossa
sociedade.
 
É premente a necessidade de que os brasileiros tenham algum conhecimento de Relações Internacionais. Na Administração Pública, essa
demanda é mais evidente. No Poder Legislativo, é fundamental que aqueles que assessoram os legisladores conheçam as principais
linhas da política internacional tão bem quanto conhecem a política interna brasileira. Afinal, política interna e política externa estão
estreitamente relacionadas: as ações daquela afetarão e serão afetadas por esta e vice-versa.
 
Um sítio interessante para o estudante e o profissional da área de Rel é o Inforel, que traz cobertura atualizada das questões de relações
internacionais e defesa nacional, além de artigos com análises interessantes (disponível em LINKS RELACIONADOS no menu APOIO). 
pág. 06
AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS E A CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA
 
A importância das relações internacionais também pode ser percebida na maneira como o tema é tratado na Constituição Federal. A
Carta Magna, já em seu Título I, referente aos “Princípios Fundamentais”, estabelece, no art. 4º, os princípios que regem as relações
internacionais do Brasil:
 
 
 
· Independência nacional;
· Prevalência dos direitos humanos;
· Autodeterminação dos povos;
· Não intervenção;
· Igualdade entre os Estados;
· Defesa da paz;
· Solução pacífica dos conflitos;
· Repúdio ao terrorismo e ao racismo;
· Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade;
· Concessão de asilo político.
 
 
Ainda no que concerne à Lei Maior, também os direitos e garantias fundamentais estão intimamente relacionados às experiências
vivenciadas pela comunidade das nações ao longo de sua história. Foi graças às revoluções em países como a Inglaterra, a França, os
EUA e a Rússia, e à difusão desses princípios para além de suas fronteiras, que o mundo moldou uma cultura de direitos fundamentais
que hoje são inquestionáveis em todo o planeta. E a violação a esses direitos gera repulsa da comunidade internacional.
 
Vereshchetin (1996), por exemplo, vê no que chama de “fator direitos humanos” um dos principais meios de retomada de uma cultura
mínima de proteção internacional no pós-Guerra. O relacionamento entre Estado e indivíduo, que tradicionalmente foi objeto de
preocupação de leis internas, não mais pode ser considerada uma questão puramente doméstica dos países.
 
A Constituição da Rússia de 1993, por exemplo, trouxe como princípio a incorporação das normas internacionais ao sistema jurídico
interno e a prevalência dos acordos internacionais dos quais a Federação Russa faça parte, caso estes estabeleçam regras que difiram
daquelas estipuladas em lei interna. Isso tem se mostrado uma tendência constitucional em vários países. Quando não há dispositivos
legais expressos, as cortes constitucionais têm dado o rumo da interpretação.
 
Na década de 1990, as cortes constitucionais da Hungria e da Polônia, por exemplo, decidiram que a Constituição e as normas internas deveriam
ser interpretadas de tal forma que as normas internacionais geralmente aceitas tivessem força efetiva.
 
Há, portanto, sinais de uma crescente interdependência até mesmo no campo jurídico no mundo, e o Tribunal Penal Internacional nada mais é do que uma
expressão e consequência disso.
 
pág. 07
O PODER LEGISLATIVO E AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
 
As relações internacionais do Brasil passam efetivamente pelo Poder Legislativo. Em nosso sistema jurídico-político, quaisquer tratados
que o Brasil celebre com outras nações ou com organizações internacionais devem necessariamente passar pelo aval do Congresso
Nacional antes de serem ratificados.
 
O art. 49 da Constituição Federal de 1988 é claro ao estabelecer, logo nos dois primeiros incisos, as competências exclusivas do
Congresso Nacional:
 
Art. 49. É da competência exclusiva do Congresso Nacional:
 
I – resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos
gravosos ao patrimônio nacional;
 
II – autorizar o Presidente da República a declarar guerra, a celebrar a paz, a permitir que forças estrangeiras
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente, ressalvados os casos previstos em lei
complementar;
 
E o Senado Federal, por sua vez, tem atribuições mais específicas, pois é a Casa Legislativa que avalia e aprova nossos embaixadores,
autoridades máximas das missões diplomáticas brasileiras, designados para representar o País no Exterior. Compete também ao Senado
autorizar as operações externas de natureza financeira dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios.
 
Cada Casa Legislativa possui comissões encarregadas dos temas de relações exteriores e defesa nacional. No Senado Federal, por
exemplo, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), composta por 19 membros titulares e 19 suplentes, é competente
para tratar das questões que envolvam as relações internacionais do País.
 
A legislação brasileira evidencia a importância do Poder Legislativo nos destinos das relações internacionais do País. E quanto mais o
Brasil busque integrar-se na comunidade das
nações e ocupar o seu devido papel de destaque, mais importante se faz o conhecimento,
na esfera do Legislativo, dos principais temas de relações internacionais.
pág. 08
O ESTUDO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
Antes de concluirmos a primeira Unidade, convém apresentar algumas considerações gerais sobre o estudo das relações internacionais
como disciplina, as áreas de atuação do profissional de relações internacionais e a realidade brasileira.
 
O estudo de Relações Internacionais envolve conhecimentos gerais de Direito, Economia, Administração, História, Filosofia, Sociologia,
Antropologia, Estatística e, sobretudo, de questões internacionais contemporâneas.
 
O interesse por temas de relações internacionais aumentou mais ainda após os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. Ao
assistirmos àqueles dramáticos acontecimentos em tempo real, alguns véus foram retirados, e aos poucos tomamos consciência de que
as distâncias físicas se estreitavam ao mesmo tempo em que as distâncias culturais e sociais aumentavam. O terrorismo passa também a
ser uma questão global, que afeta países nos hemisférios Norte e Sul, no Ocidente e no Oriente.
 
No campo profissional, as relações internacionais são aplicáveis em diversas áreas. No Brasil, há profissionais de relações internacionais
atuando em vários setores da Administração Pública e da iniciativa privada.
 
Em termos de carreira, uma das mais conhecidas é a diplomacia. O diplomata é o legítimo
representante do Governo e da nação junto a outros povos e organizações internacionais. Para se
tornar um diplomata no Brasil, é necessário o ingresso na carreira por meio de concurso público,
promovido pelo Instituto Rio Branco (IRBr) do Ministério das Relações Exteriores. Aprovado no
concurso, e após um período de treinamento no IRBr – para aqueles que não dispõem de título de
Mestre ou Doutor –, o diplomata inicia uma carreira como Terceiro Secretário, podendo chegar a
Embaixador.
 
Palácio do Itamaraty
Fonte:www.inforel.org
 
No serviço público, além da Chancelaria, o profissional de relações internacionais tem diante si alternativas de trabalho nos vários
órgãos da Administração Federal, Estadual e Municipal. Afinal, sempre há uma “assessoria internacional” em cada ministério,
secretaria, autarquia e empresas públicas. E o perfil do internacionalista se destaca. Constata-se a presença de profissionais de
relações internacionais nas principais carreiras de Estado.
 
Na iniciativa privada, outro leque de alternativas se abre ao profissional de relações internacionais. Além das grandes corporações
multinacionais e transnacionais, as empresas brasileiras de médio e grande porte já percebem a necessidade de atuarem em uma
economia globalizada. Assim, em um mundo cada vez mais integrado econômica e financeiramente, as empresas precisam de
profissionais que as auxiliem a se integrarem e a permanecerem no sistema internacional. Aquelas que desconsideram essa percepção
acabam por sucumbir.
 
Além disso, há a possibilidade de trabalho nas centenas de Organizações Internacionais e Organizações Não Governamentais que atuam
no globo: ONU, OEA, OIT, OMC, OPEP, UNESCO, FAO, Greenpeace, WWF e outras. Brasília tem representação da maior parte dos
organismos internacionais dos quais o Brasil é membro e, com isso, o mercado do profissional de relações internacionais se amplia na
Capital Federal.
pág. 09
RELAÇÕES INTERNACIONAIS COMO DISCIPLINA INDEPENDENTE
 
Até o início do século XX, as relações internacionais não eram estudadas como disciplina independente. O estudo do tema estava sempre
sob o manto de outras ciências, como o Direito, a Economia, a Sociologia e a Ciência Política.
 
À medida que a sociedade internacional tornava-se mais complexa e as relações entre os Estados mais diversificadas, relações estas que
envolviam conflito e cooperação, e que muitas vezes culminavam em situações que interferiam diretamente no quotidiano das pessoas e
na política interna das nações, percebeu-se a crescente necessidade de teorias que explicassem a conduta dos Atores em um cenário
internacional. Essas teorias e seu estudo deveriam constituir uma nova área do conhecimento, independente e com autonomia para
gerar suas próprias percepções da realidade. Daí o aparecimento das primeiras cátedras de Relações Internacionais pelo mundo.
 
Os cursos de Relações Internacionais surgiram na primeira metade do século XX, nas principais universidades europeias e norte-
americanas. Foram constituídos com o objetivo de produzir conhecimento que explicasse como se desenvolviam as relações entre os
Estados. Naquele contexto, as perguntas que impulsionariam o estudo estavam intimamente relacionadas ao grande trauma da Primeira
Guerra Mundial (1914-1918), conflito sem precedentes até então, que envolvera diversas nações do globo e causara pesadas perdas,
sobretudo no território europeu. Assim, os temas centrais eram:
 
· O que havia conduzido o mundo a uma situação de conflito tão drástica?
· O que leva os Estados à guerra?
· É possível se evitar o conflito entre os povos?
· Como agem os Atores internacionais e quais as forças que interferem na conduta desses entes?
 
Claro que, no decorrer do século XX, o estudo de Relações Internacionais diversificava-se à medida que os laços entre os povos
tornavam-se mais complexos e novos temas, como cooperação, desenvolvimento, integração, paz, direitos humanos e globalização,
vinham à baila. Atualmente, a disciplina é ampla e alcança as mais diferentes áreas de estudo, e evolui à medida que evolui a
complexidade da sociedade internacional. De fato, atualmente há cursos de Relações Internacionais nas principais universidades do
mundo e profissionais da área atuando nos mais variados segmentos dos setores público e privado.
 
O primeiro curso de Relações Internacionais no Brasil foi instituído na Universidade de Brasília, na década de 1970, fazendo da capital da
República o referencial brasileiro em estudos internacionais. Até meados da década de 1990, havia apenas dois cursos de Relações
Internacionais no Brasil – na Universidade de Brasília e na Universidade Estácio de Sá (Rio de Janeiro). Hoje, são dezenas de instituições
que oferecem a graduação em Relações Internacionais por todo o País. Trata-se, portanto, de carreira de grata expansão. Mesmo assim,
a contribuição brasileira para as relações internacionais ainda é muito incipiente, sobretudo para um país que tem potencial para se
tornar uma Grande Potência entre seus pares.
Feitas essas primeiras considerações acerca do tema de nosso curso, realize as atividades propostas e, em seguida, passemos às teorias e aos principais
conceitos utilizados pelos profissionais e estudiosos das Relações Internacionais. 
 
 
Atividades de autoavaliação - Para efeito de fixação dos conceitos estudados na Unidade, clique no menu lateral em "Avaliação" e escolha a que
se refere a esta Unidade(U1) e Módulo(M1): Rel I - Autoavaliação M1U1 e realize a atividade. Lembrando que essas questões serão corrigidas
automaticamente pelo sistema e que permitem que o aluno refaça, caso escolha a opção inadequada.
 
 
Avaliação da Unidade - Para auxiliá-lo a entender e refletir melhor sobre o conteúdo apresentado, responda à questão proposta. 
O exercício será corrigido e poderá ser comentado pelo Tutor. Caso seja necessário, o Professor-Tutor pode solicitar que você
reformule a questão, caso em que ele fará uma observação no seu campo de resposta, orientando-o nesse sentido. Nesse caso,
a atividade aparecerá em cinza no Painel de Desempenho. Acompanhe atentamente!
 Para acessar a atividade, localize o menu "Avaliação", clique na opção: Trabalhos/Redações - Avaliação da Unidade 1 Módulo I e
trabalhe com afinco.
 
Unidade 2 - Conceitos Fundamentais
 
A Unidade 2 tem como foco os conceitos básicos para a análise e compreensão do campo das Relações
Internacionais.
Objetivos da Unidade :
 
 
Ao final da unidade, o aluno deverá ser capaz de identificar e definir os seguintes conceitos fundamentais de relações
internacionais:
 
· Sociedade Internacional;
· Atores;
· Forças Profundas;
· Sistema Internacional;
· Potência;
· Hegemonia.
 
 
 
Lembre-se sempre dos objetivos estabelecidos, que devem servir de guias para o estudo do conteúdo e para a
autoavaliação do cursista. Tenha um bom aproveitamento!
 
 
 
 
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CONCEITOS FUNDAMENTAIS
Essencial para o desenvolvimento de nosso curso é a compreensão de conceitos fundamentais de Relações Internacionais. Nesse sentido,
seria complicado tentar iniciar qualquer análise de Relações Internacionais sem as noções desses conceitos essenciais. Os conceitos
elementares de Relações Internacionais sobre os quais se tratará neste curso são os de: 
· Sociedade Internacional;
· Atores;
· Forças Profundas;
· Sistema Internacional;
· Potência;
· Hegemonia.
 
Antes de iniciar o estudo desta Unidade, sugerimos que assista atentamente aos dois vídeos seguintes do Conexão
Mundo, “Conceitos Fundamentais de Relações Internacionais V2”, disponível no sítio do ILB.
A seguir, vamos procurar identificar os elementos mais importantes desses conceitos.
 
 
Sociedade Internacional
 
Um dos primeiros aspectos com o qual se depara aquele que inicia o estudo de Relações Internacionais refere-se à temática que
envolve a Sociedade Internacional.
Como definir Sociedade Internacional? Quais os elementos constitutivos desse conceito?
A ideia de Sociedade Internacional – termo cunhado por Hugo Grócio no século XVII – permite direcionar a
atenção para a atuação padronizada dos Estados. Apesar da ausência de uma autoridade central no cenário
internacional, os Estados exibem padrões de atuação que estão sujeitos a, e constituídos por, restrições de
diversas naturezas – históricas, sistêmicas, legais, morais etc.
Num primeiro momento, podemos relacionar Sociedade Internacional à evolução histórica das relações
entre os grupos, povos e, mais tarde, Estados-nações organizados em âmbito espacial determinado.
Podemos identificar a evolução da Sociedade Internacional a partir das relações entre os grupos primitivos
da Antiguidade, passando pelos reinos e impérios e chegando à Idade Contemporânea, com a ascensão do
Estado nacional e soberano nos séculos XVIII e XIX e o seu declínio, no século XX, frente a um sistema cada vez mais globalizado e
interdependente.
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Podemos falar em Sociedade Internacional antes mesmo da formação dos Estados nacionais, que só se deu, nos moldes como os
concebemos hoje (compostos de povo, território e soberania), há dois séculos. Mesmo que não houvesse consciência dos povos a esse
respeito, não há como negar a existência “de fato” de uma Sociedade Internacional na Antiguidade. Afinal, a partir do momento em que
surgem os primeiros grupos independentes e diferenciados, exercendo relações políticas, culturais ou comerciais entre si, tem-se uma
Sociedade Internacional embrionária. Das tribos passaram-se aos reinos, às cidades-estados e aos impérios, e estes, vistos em um
contexto macro e nas relações entre si, formavam a Sociedade Internacional do mundo antigo.
 
Claro que o primeiro modelo de Sociedade Internacional, inserido em um Sistema Internacional da Antiguidade, refletia mais um
conjunto de sociedades regionais localizadas, muitas vezes sem qualquer contato entre si e até sem consciência da existência das outras
sociedades. Era uma época em que as forças naturais limitavam a comunicação entre Oriente e Ocidente, e a “Sociedade Internacional
do sistema grego” mantinha pouco contato com a “Sociedade Internacional do extremo oriente” – na qual o império dinástico chinês era
o principal ator.
 
Somente com as grandes navegações e o expansionismo europeu pelo planeta é que se estrutura uma Sociedade Internacional global.
Assim, desde o século XVI, o mundo vai-se tornando cada vez mais integrado, seja pela força da economia e do comércio, seja pela força
dos canhões e das conquistas coloniais europeias. Paul Kennedy, em sua obra já clássica Ascensão e Queda das Grandes Potências,
analisa, com clareza, como o extremo oeste do continente euro-asiático, conhecido como Europa, com uma diversidade de povos e reinos
autônomos e marcado por conflitos regionais e fratricidas, consegue expandir-se pelo mundo e, em pouco mais de dois séculos, tornar-se
o centro de uma sociedade global, subjugando impérios tradicionais como a China e o Império Otomano.
 
O termo “internacional” foi utilizado pela primeira vez em 1780, pelo filósofo inglês Jeremias Bentham,
em sua obra Princípios de Moral e Legislação. Essa é a época do apogeu dos Estados nacionais, com o início
do declínio do absolutismo no continente europeu. Era um período em que a ideia de nação ainda estava
muito ligada à figura do soberano. A Sociedade Internacional representava, para os europeus, a
“Cristandade”, com seus paradigmas e princípios seculares. O Estado soberano era o principal Ator
internacional.
 
 
Foi com a Revolução Francesa que o conceito de nação deixou de ter caráter puramente simbólico e
passou a relacionar-se diretamente à questão da soberania. A soberania passou a residir essencialmente
na nação, onde o súdito tornou-se cidadão e as relações entre os Estados, até então simbolizados e
conduzidos pelos monarcas, estenderam-se às relações entre os povos. O século XX esclarece essa nova
perspectiva: as relações entre nações não são necessariamente relações entre os Estados, muito pelo
contrário.
 
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Não há dúvida de que essa Sociedade Internacional é dinâmica e tem sua evolução diretamente relacionada à evolução dos grupos,
povos, reinos, Estados, Impérios e nações, enfim, de todos os Atores que a compõem ou a compuseram e das forças que influenciam a
sua atuação.
 
Qual é, então, o conceito de Sociedade Internacional?
 
A resposta para essa pergunta é percebida de maneira diferenciada pelos teóricos das Relações Internacionais, que podem ser reunidos
em três grandes grupos (CERVERA, 1991). Para os teóricos do primeiro grupo, é simplesmente impossível definir Sociedade
Internacional. Limitam-se, assim, ao estudo dos componentes da Sociedade Internacional e à evolução das relações entre eles. Os
teóricos do segundo grupo dedicam-se a analisar a Sociedade Internacional em contraposição a outros grupos sociais. Por essa ótica, a
pergunta que se busca responder é “Como é a Sociedade Internacional?” É irrelevante, portanto, para esses autores, a formulação de um
conceito teórico para Sociedade Internacional. De qualquer maneira, eles não deixam de apresentar sua definição de Sociedade
Internacional, mas apenas para instrumentalizar suas explicações, como veremos adiante.
 
O terceiro grupo, majoritário, afirma não só ser possível, mas também necessário, proceder à definição do termo “Sociedade
Internacional”, para que se possa tratar com mais propriedade o estudo dos fenômenos internacionais e das relações que se
desenvolvem em seu meio. Uma vez que concordamos com essa percepção, apresentaremos nosso conceito de Sociedade Internacional.
Antes, porém, vejamos alguns conceitos de autores renomados.
Colliard (1978) afirma que Sociedade Internacional é o “conjunto de seres humanos que vivem sobre a terra”. Percebemos uma
definição genérica e abrangente, que põe completamente de lado as estruturas em que os seres humanos estão agrupados, como as
nações ou os Estados nacionais. Para o autor, o conceito de Sociedade Internacional confunde-se com o de “humanidade”. Chega-se a
perceber mesmo uma concepção idealista, pois a Sociedade Internacional teria em primeiro plano o indivíduo, independentemente de
suas origens e do grupo ou povo
a que pertence.
 
Hedley Bull (2002), com base em uma análise sistêmica, definiu Sociedade Internacional como um “grupo de comunidades políticas
independentes que não formam um sistema simples”.Definição mais precisa e completa de Sociedade Internacional é de Juan Carlos
Pereira (2001): “um âmbito espacial e global em que se desenvolve um amplo conjunto de relações entre grupos humanos
diferenciados, territorialmente ou geograficamente organizados e com poder de decisão.” O autor acredita que a Sociedade Internacional
estaria evoluindo para uma Comunidade Internacional.
 
Rafael Calduch Cervera (1991) define Sociedade Internacional como “aquela sociedade global (macrossociedade) que compreende os
grupos com um poder social autônomo, entre os quais se destacam os Estados, que mantêm entre si relações recíprocas, intensas,
duradouras e desiguais sobre as quais é assentada certa ordem comum”.
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Por fim, cabe apresentar nossa própria conceituação de Sociedade Internacional, que é baseada na corrente historiográfica, pela qual
buscamos reunir elementos que consideramos essenciais para a compreensão do termo e de sua evolução desde a Antiguidade:
 
A nosso ver, Sociedade Internacional pode ser definida como o conjunto de entes que interagem de maneira sistêmica em uma
esfera internacional sob a influência de forças profundas.
 
Desmembremos esse conceito para melhor compreensão.
 
Ator Internacional
 
A primeira parte de nosso conceito de Sociedade Internacional trata de um conjunto de entes. Esses entes nada mais são do que os
Atores internacionais. Ator internacional é toda autoridade, organização, grupo ou pessoa que representa ou pode vir a representar um
papel de destaque na Sociedade Internacional. A percepção desses Atores varia conforme o tempo e a corrente teórica que os identifica,
mas podemos destacar aqueles que, na atualidade, podem ser considerados os mais importantes: os Estados nacionais, os atores
governamentais interestatais (as organizações internacionais), os atores não governamentais interestatais (i.e., organizações
não-governamentais e empresas multi e transnacionais, entre outros) e os indivíduos.
 
Não são todas as pessoas, grupos ou organizações que podem ser identificados como Ator Internacional. Para nossa classificação, é
necessário que a atuação desses entes tenha destaque internacionalmente. Uma associação, por exemplo, estabelecida dentro de
determinado país e voltada em suas atividades e interesses prioritariamente ao âmbito interno daquele país não é um Ator internacional.
 
Não obstante, qualquer grupo, organização ou indivíduo pode vir a tornar-se Ator internacional. Grandes empresas transnacionais de
hoje foram, no passado, pequenas organizações comerciais, algumas de natureza familiar, que atuavam exclusivamente no interior de
seu país de origem, não sendo à época Atores internacionais. À medida que essas empresas cresceram, expandiram-se para além das
fronteiras de seus Estados de origem e começaram a atuar e influir na Sociedade Internacional, tornaram-se Atores internacionais.
 
Ainda sobre os Atores e seus dados estatísticos, sugere-se a publicação The World Factbook, produzida anualmente
pela Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), com dados atualizados sobre as nações do mundo.
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Sistema Internacional
 
O segundo aspecto de nosso conceito de Sociedade Internacional refere-se à atuação sistêmica na esfera internacional. Adotamos uma
abordagem sistêmica, em que o aspecto relacional é importante. Sistema pode ser conceituado como “conjunto de elementos e
instituições entre os quais se possa encontrar alguma relação” ou, ainda, “conjunto ordenado de meios de ação ou de ideias, tendente a
um resultado”. A abordagem sistêmica em relações internacionais vê o conjunto de inter-relações entre os Atores internacionais como
sujeito a padrões, normas – enfim, a forças profundas –, que remetem ao conjunto mais amplo, o sistema internacional como um todo.
 
As primeiras considerações a respeito do modelo sistêmico para explicar as Relações Internacionais tomaram por base referências da
Biologia e da Química. Nesse sentido, pode-se associar a noção de sistema ao corpo humano, no qual vários subsistemas – circulatório,
nevrálgico etc. – são compostos de órgãos que se relacionam e dependem uns dos outros. A ideia de sistema, portanto, está relacionada
a um ordenamento nas relações entre componentes e à interdependência entre esses componentes. 
Raymond Aron, em sua obra clássica Paz e Guerra entre as Nações, recorreu ao conceito de sistema para evocar a
dinâmica das relações internacionais. Assim, a Sociedade Internacional tem características suficientemente estáveis
para que possamos percebê-la como um sistema onde os Atores conduzem suas relações dentro de certos padrões.
Caberia apresentar um conceito de Sistema Internacional, de acordo com Frederic S. Pearson e J. Martin Rochester
(2000, p. 641):
 
Sistema Internacional. Conjunto de relações em âmbito mundial nas áreas política, econômica, social e tecnológica, em torno do
qual ocorrem as relações internacionais em um dado momento.
 
 Há ainda autores que separam as noções de Sociedade Internacional e de Sistema Internacional para identificar certos períodos
históricos. Por exemplo, Sociedade Internacional teria como substrato a ideia de concerto e harmonia internacional, que alguns
defendem corresponder, por exemplo, à Europa do pós-1815. Em contrapartida, Sistema Internacional traduziria a existência de vários
polos de poder que interagem entre si e não necessariamente se harmonizam no todo, o que alguns autores defendem corresponder ao
mundo pós-1945.
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Forças Profundas
 
Finalmente, de acordo com a nossa concepção de Sociedade Internacional, o terceiro elemento fundamental são as “forças profundas”.
A ideia de “forças profundas” origina-se da corrente historiográfica das Relações Internacionais, cujos principais expoentes foram Pierre
Renouvin e Jean-Baptiste Duroselle. De acordo com esses historiadores, as forças profundas nada mais seriam que determinados
fatores que influenciariam as ações das coletividades:
 
As condições geográficas, os movimentos demográficos, os interesses econômicos e financeiros, os traços da mentalidade
coletiva, as grandes correntes sentimentais, essas forças profundas formaram o quadro das relações entre os grupos humanos e,
em grande parte, lhes determinaram o caráter. O homem de Estado, nas suas decisões ou nos seus projetos, não pode
negligenciá-las; sofre-lhes a influência e é obrigado a constatar os limites que elas impõem à sua ação. Todavia, quando ele
possui, quer dons intelectuais, quer uma firmeza de caráter, quer um temperamento que o levam a transpor aqueles limites,
pode tentar modificar o jogo de semelhantes forças e utilizá-las para seus próprios fins.
 
Juan Carlos Pereira denomina tais forças profundas de “fatores condicionantes” (PEREIRA, 2001, p. 44). Identifica alguns desses
fatores: fator geográfico, fator demográfico, fator econômico, fator tecnológico, fator ideológico/sistema de valores, fator político-
jurídico e fator militar-estratégico.
 
Portanto, a Sociedade Internacional é composta de entes – Estados, organizações internacionais, organizações não governamentais,
empresas transnacionais, indivíduos, entre outros – que são influenciados pelas forças profundas – fatores geográficos, demográficos,
migratórios, políticos, econômicos e financeiros, ideológicos, religiosos, tecnológicos etc. – em suas ações sistêmicas na esfera
internacional.
Uma leitura complementar recomendada é a do texto sobre Rio Branco e as Forças Profundas, de Arno Wehling, sob o tema:
Visão de Rio Branco – o homem de estado e os fundamentos de sua política.
Além do clássico Histoire des rélations internationales, obra-mestra
da historiografia francesa das relações internacionais, caberia destacar dois
livros de Renouvin e Duroselle já traduzidos para o português: Introdução à História das Relações Internacionais – publicada em 1967 pela
Difusão Europeia do Livro, de São Paulo – e Todo Império Perecerá – um dos últimos grandes trabalhos de Duroselle, lançado no Brasil em
2000.
 
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Além dos conceitos já tratados, caberiam, em nosso curso introdutório, algumas observações – ainda que sem aprofundamento – a
respeito de outros conceitos essenciais para viabilizar nosso entendimento dos temas tratados no decorrer das próximas unidades.
Passemos a eles.
 
 
Potência
 
O Sistema Internacional é composto por uma diversidade de Atores. Nesse contexto, o Estado ocupa papel de destaque. Mas existem
diferenças marcantes entre os Estados na esfera internacional e o grau de influência (poder) que eles exercem. Assim, importante para
a compreensão das relações internacionais é a ideia de Potência e das diferentes gradações dessa classificação.
 
Há inúmeras definições para Potência. Segundo Martin Wight (2002), Potência é “um Estado moderno e soberano em seu aspecto
externo, e quase pode ser definido como a lealdade máxima em defesa da qual os homens hoje irão lutar”. Rafael Calduch Cervera
(1991), por sua vez, cita o conceito de Potência Internacional segundo C. M. Smouts, ou seja, como aquele Estado “mais ou menos
poderoso segundo sua capacidade de controlar as regras do jogo em um ou mais âmbitos-chaves da disputa internacional e segundo sua
habilidade de relacionar tais âmbitos para alcançar uma vantagem”.
 
Ao tratar da capacidade dos Estados de influenciarem a Sociedade Internacional, Martin Wight relaciona Potências Dominantes, Grandes
Potências, Potências Mundiais e Potências Menores. Potências Dominantes e Potências Mundiais seriam subdivisões do gênero Grande
Potência, uma vez que ambas as categorias se referem a Estados com interesses globais e capacidade de influência significativa no
Sistema Internacional. Em última análise, a diferenciação poderia ser restringida a Grandes Potências e Potências Menores.
 
Wight define Potência Dominante como aquela capaz de medir forças contra todos os rivais juntos. E
cita exemplos ao longo dos séculos, como Atenas, à época das Guerras do Peloponeso, o Império
Romano, a Espanha de Carlos V e de Filipe II, a França de Luís XIV, a Grã-Bretanha no século XIX e
os EUA no século XX.
 
Outro termo muito utilizado e cujas características vão além da Potência Dominante, conforme
definida por Wight, é o de Superpotência. Esse termo, cunhado com o advento da Guerra Fria,
designava exclusivamente URSS e EUA. Esses países, em virtude de suas capacidades nucleares –
com poder de destruição global –, inúmeras vezes associadas ao poderio militar convencional e à
influência político-ideológica mundial, tinham status único na comunidade das nações. Gounelle
(1992) indica quatro características das Superpotências:
têm capacidade de intervir em qualquer parte do globo;
dispõem de amplo arsenal, capaz de causar danos diferenciados dos armamentos convencionais
e composto tanto de armas nucleares quanto de outros meios de destruição em massa;
assumem a liderança de uma aliança militar (os EUA da OTAN e a URSS do Pacto de Varsóvia);
pretendem oferecer um modelo universal de sociedade.
Convém lembrar que a ideia de Superpotência ultrapassa em muito o potencial exclusivamente militar. De fato, a capacidade de
destruição massiva do planeta é o elemento central do conceito de Superpotência, mas o aspecto de liderança de um bloco de nações e
de pretensões de estabelecimento de uma sociedade universal em seus moldes político-econômico-ideológico-sociais não pode ser
desconsiderado.
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Atualmente, com o colapso da URSS, restou, no planeta, apenas uma Superpotência: os EUA. Alguns autores vislumbram a
possibilidade da China vir a ocupar, na segunda metade do século XXI, o lugar da URSS. Entretanto, ainda não há que se falar na China
como Superpotência, uma vez que esta, além de não dispor de arsenais nucleares capazes de fazer frente ao poderio de Estados como
EUA e Rússia, não tem pretensões – nem condições – de projetar um modelo sócio-político-cultural-ideológico seu para o mundo. A
Rússia, por sua vez, apesar de dispor de arsenais nucleares com capacidade de destruição massiva do planeta, não pode ser chamada
de Superpotência, exatamente porque também não tem condições de aspirar a qualquer pretensão hegemônica no sistema
internacional, como fazia a URSS. Assim, os EUA, considerados os vencedores da Guerra Fria, são hoje o único Estado com as
características básicas da superpotência e, de fato, essa nação tem-se tornado tão poderosa que já se cunha o conceito de
Hiperpotência, algo sem precedentes na História.
 
A Hiperpotência dispõe de um aparato bélico superior ao das demais Potências juntas. Esse aparato não se resume ao potencial das
armas de destruição em massa, mas inclui armamento convencional significativo e capacidade de operação militar em mais de um
teatro no globo. Ademais, trata-se de uma Economia de peso diante do sistema, sua influência na política internacional é marcante e,
ainda, consegue projetar seu modelo sócio-cultural e político para outras regiões do planeta.
 
Assim, os EUA não encontram, no início do século XXI, adversários militares à altura, e são a Grande Potência econômica e a liderança
mundial. Do ponto de vista econômico, por exemplo, apenas a coalizão das grandes economias europeias pode fazer frente aos EUA, o
mesmo se podendo dizer das economias asiáticas. A projeção de poder dos norte-americanos no mundo não encontra precedentes, e
alguns analistas já começam a analisar a política externa estadunidense como uma política de império. De qualquer maneira, o conceito
de Hiperpotência ainda encontra-se em desenvolvimento.
 
O conceito de Wight para Potência Dominante tem grande proximidade com a ideia de hegemon, ou seja, uma potência tão poderosa
que seria necessária uma coalizão de todas as demais nações para contê-la. A concepção de hegemon ultrapassa a esfera
exclusivamente político-militar, de modo que o Estado que detém esse título influencia a Sociedade Internacional em esferas diversas,
como a cultura, a estrutura social interna, a Economia e até o Direito. Além disso, essa influência do hegemon não ocorre
necessariamente de maneira impositiva. De fato, a hegemonia, como veremos a seguir, envolve um misto de coerção e consenso.
Finalmente, convém lembrar que o hegemon continua influenciando a Sociedade Internacional mesmo após perder esse status.
 
Interessante observar que a hegemonia dos EUA hoje é mantida mais por outros meios – o que alguns autores chamam de soft power
(poder suave) –, como a presença marcante na compilação e divulgação de notícias e diversões, na produção de bens de consumo, nas
inúmeras formas de cultura popular e sua identificação com a liberdade política e de mercado, do que propriamente por meio do hard
power (poder militar).
 
Além da potência hegemônica, há outros atores estatais com capacidade significativa de influência na Sociedade Internacional. Esses
são as Grandes Potências, as quais, inclusive, disputam a hegemonia entre si e aspiram tornar-se a potência dominante, chegando,
muitas vezes, a alcançar esse objetivo. De fato, as relações internacionais seriam um grande tabuleiro onde essas Potências
disputariam poder em um jogo de influência. Como exemplos atuais de Grandes Potências teríamos China, França, Rússia, Alemanha,
Japão e Grã-Bretanha.
 
As potências menores constituem a maioria. Seu grau de influência no sistema varia significativamente. Nesse grupo, poderiam ser
relacionadas desde as Potências Mundiais menores – como Espanha e Índia – até as Potências Regionais – Argentina e
Egito, por
exemplo. Vale destacar que uma Potência Menor hoje pode vir a tornar-se uma Grande Potência e até a Potência Dominante. Os EUA
são um bom exemplo disso.
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Max Gounelle (1992) comenta que, à medida que dispõe de capacidade de influenciar de maneira significativa os outros entes da
Sociedade Internacional em prol de seus interesses particulares, um Estado pode ser classificado como Microestado, Potência Local,
Potência Média, Grande Potência ou Superpotência.
 
Os microestados são aquelas pequenas soberanias que persistem em nossos dias e que, em sua maioria, tiveram origem na formação
histórica dos Estados nacionais europeus ou no processo de descolonização. Encontram-se constantemente sob amplo grau de
dependência frente a uma Potência e integram-se a grupos de Estados organizados no seio de organizações internacionais. Conviria
exemplificar nessa categoria países como o Principado de Mônaco e a República de San Marino, diversos Estados-arquipélagos no
Pacífico ou até algumas Repúblicas da América Central e Caribe. Apesar de minimamente influentes na Sociedade Internacional, esses
entes ganham força quando se associam e se fazem representar em organismos internacionais onde tenham poder de voto igual ao de
outros Estados.
 
As Potências Locais são as mais numerosas. Participantes das atividades comuns da vida internacional, esses entes têm como objetivos
principais sua própria sobrevivência e a defesa de sua soberania territorial. De maneira geral, não têm grandes pretensões
internacionais de projeção de poder e acabam também associados às Grandes Potências ou a Potências Regionais. Como exemplos para
essa categoria, teríamos países como Bolívia, Paraguai, Camboja, Albânia e Moçambique.
 
São classificados como Potência Regional ou Potência Média aqueles Estados aptos a representarem certo papel de destaque em
grandes áreas geopolíticas. Egito, Síria, Nigéria, Brasil, Argentina e Irã são exemplos de Potências Regionais ou Médias. Esses países
exercem influência em virtude de suas aptidões de liderança sob certos limites geográficos, fundadas em seus potenciais materiais ou
demográficos, suas envergaduras ideológicas ou seu peso militar, econômico e até social.
 
Gounelle, no entanto, diferencia Potências Regionais de Potências Médias ao afirmar que estas últimas têm ambições mundiais restritas
às suas próprias capacidades. Tais pretensões poderiam ser limitadas a domínios específicos (nuclear, cultural, econômico, diplomático).
A França, a Alemanha, a China e o Japão estariam nessa categoria. De fato, o que Gounelle relaciona como Potências Médias seria o
que se costuma chamar mais apropriadamente de Grandes Potências, ou seja, Potências com interesses globais e capacidade de
influenciar a Sociedade Internacional em diferentes domínios. Ao chamar Potências como China e Grã-Bretanha de Potências Médias,
Gounelle o faz comparando-as às Superpotências – à época, URSS e EUA.
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Hegemonia 
Tomamos como base para o conceito de Hegemonia a obra
International Relations: : the Key Concepts, de Martin Griffiths e
Terry O’Callaghan (London: Routledge, 2002).
 
Hegemonia, em grego, significa “liderança”. Em sentido amplo, portanto, em Relações Internacionais, o hegemon é o líder – ou o
Estado líder – de um grupo de nações.
 
Para que os conceitos de hegemonia e de hegemon sejam aplicáveis, presume-se que haja uma certa ordem na Sociedade
Internacional. Daí que, apesar de ser o Estado mais poderoso no cenário internacional, o hegemon só pode exercer sua liderança
(hegemonia) se houver relações de poder entre entes em um meio internacional.
 
Hegemonia consiste, então, no exercício de uma liderança ou comando em uma sociedade, com base em recursos de poder. Esses
recursos fundamentam-se em dois aspectos: coerção e consenso. Assim, toda relação de poder tem por base os graus de coerção e
consenso exercidos por um ente ou mais de um sobre os demais. À medida que é alterada essa relação, muda também a liderança no
grupo.
 
Para o exercício da hegemonia, o hegemon deve ter capacidade de atuar nas esferas de consenso e coerção. Uma relação que se baseie
apenas na coerção – por meio de recursos de força militar ou econômica – não pode ser verdadeiramente hegemônica, da mesma
maneira que é impossível a liderança da comunidade internacional com fulcro apenas no consenso dos demais Atores.
 
As relações internacionais têm sido marcadas pela disputa, por parte das Potências, da hegemonia na Sociedade Internacional. Essa
hegemonia, além de política, pode ser militar, econômica, cultural ou ideológica. Pode ser regional ou global. Um Estado que seja a
Potência hegemônica em uma dessas áreas muito provavelmente o será na maioria das outras. É claro que tal liderança pode ter
diferentes gradações e que uma grande Potência econômica em nossos dias pode não ter o mesmo poder de influência cultural ou até
militar no cenário internacional.
 
A Sociedade Internacional será sempre marcada por um hegemon, cujo interesse é manter o status quo do sistema, diante de outras
Potências que não pouparão esforços para se tornar o hegemon. De acordo com a teoria da estabilidade hegemônica, o hegemon tem
que ter capacidade de garantir a ordem do sistema, ordem que deve ser percebida pelos demais entes da comunidade como positiva a
seus interesses. Para isso, o hegemon deveria dispor de alguns atributos: liderança em um setor econômico ou tecnológico e poder
político baseado no poder militar. Podemos acrescentar a esses atributos a capacidade de obter consenso sobre sua liderança.
 
 
Não acumule dúvidas. Procure saná-las logo que apareçam.
pág. 11
Para Robert Gilpin, a estabilidade internacional depende da existência de uma hegemonia, que tenha tanto capacidade quanto vontade
de fornecer “bens públicos” internacionais, como lei, ordem e moeda estável. Conforme didática explicação de Griffiths (2004, p.
26-27):
 
(...) os mercados não podem crescer em produção e distribuição de bens e serviços se não houver um Estado que
forneça certos pré-requisitos. Por definição, os mercados dependem da transferência, por meio de um mecanismo
de preço eficiente, de bens e serviços que possam ser comprados e vendidos entre os principais agentes
particulares que permutam direitos de posse. Mas os mercados dependem do Estado para lhes dar, por coerção,
regulamentos, taxas e certos “bens públicos” que eles sozinhos não podem gerar. Isto inclui uma infraestrutura
legal de direitos e leis de propriedade para fazer contratos, uma infraestrutura coerciva que assegure a obediência
à lei, além de um meio de permuta estável (dinheiro) que assegure um padrão de avaliação dos bens e serviços.
Dentro das fronteiras territoriais do Estado, os governos fornecem tais bens. É claro que, internacionalmente, não
existe Estado no mundo capaz de multiplicar sua provisão em escala global. Baseando-se na obra de Charles
Kindleberger e na análise de E. H. Carr sobre o papel da Grã-Bretanha na economia internacional no século XIX,
Gilpin argumenta que a estabilidade e a “liberalização” da permuta internacional dependem da existência de uma
“hegemonia”, que tenha tanto capacidade quanto vontade de fornecer “bens públicos” internacionais, como lei,
ordem e uma moeda estável para o comércio financeiro.
 
Em termos gerais, essa é a Teoria da Estabilidade Hegemônica.
É uma teoria importante e voltaremos a ela na Unidade 4,
ao tratarmos do debate teórico travado entre neorrealistas
e neoliberais.
 
As Potências hegemônicas são as Grandes Potências na concepção de Wight, e o hegemon nada mais que a Potência Dominante. A
hegemonia político-ideológica no planeta, por exemplo, era disputada pelas Superpotências no contexto da Guerra Fria, mas a URSS
dificilmente poderia ser caracterizada como ameaça à hegemonia econômica dos EUA.
 
 
Deve-se esclarecer,
todavia, que, durante a maior parte da Guerra Fria, imaginava-se que a União Soviética se tornaria uma grande potência
econômica. Isso é especialmente válido para os anos 30: enquanto as economias ocidentais agonizavam por causa da crise de 1929, a economia
soviética crescia a taxas espantosamente altas.
pág. 12
 
 
Complementando os estudos sobre o conceito de Hegemonia, atente para esta aula do Professor Joanisval.
Duração: 2min55
Caso não consiga visualizar:
1) seu acesso ao Youtube pode estar bloqueado;
2) pode precisar atualizar o Flash Player (http://get.adobe.com/br/flashplayer/)
Essas observações introdutórias são suficientes e fundamentais para a compreensão das unidades seguintes e para a discussão dos temas
tratados neste curso.
 
Artigo interessante para concluir os estudos dessa Unidade é o texto de João Marques de Almeida, sobre Hegemonia Americana e
Multilateralismo.
 
Atividade de autoavaliação - Para efeito de fixação dos conceitos estudados na Unidade, clique no menu lateral em
"Avaliações" e escolha a que se refere a esta Unidade(U2) e Módulo(M1): Rel I - Autoavaliação M1U2 e realize a
atividade. Essas questões serão corrigidas automaticamente pelo sistema.
Avaliação da Unidade - Da mesma forma que na Unidade anterior, responda à questão proposta. Lembre-se de que, se
necessário, o Professor-Tutor pode solicitar que você reformule sua resposta. Nesse caso, ele fará uma observação no campo da
questão, orientando-o nesse sentido. Revendo o procedimento: para acessá-lo, busque o menu "Avaliação", escolha a opção:
Trabalhos/Redações - Avaliação da Unidade 2 Módulo I. Bom trabalho! Acompanhe seu Painel de Desempenho! Observe a
legenda com as cores indicadas! 
Unidade 3 - Correntes teóricas das Relações Internacionais
Aqui começa a terceira Unidade do Módulo I do curso de Introdução às Relações Internacionais. Nela, serão discutidas algumas correntes
teóricas das Relações Internacionais.
 
 
 
Objetivos da Unidade:
 
Ao final da unidade, o aluno deverá ser capaz de:
 # indicar e caracterizar as principais correntes teóricas das Relações Internacionais no Século XX;
 # identificar os principais debates teóricos da disciplina.
 
 
 
 
Esperamos que você tenha excelente aproveitamento em seus estudos!
 
 
 
pág. 01
TEORIAS DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS
 
O objeto material de qualquer ciência se define pela parcela de realidade que se pretende conhecer mediante a formação de teorias e a
utilização de um método científico (CERVERA, 1991). A teorização sobre as Relações Internacionais surgiu quando se buscou explicar a
existência e as condutas dos entes internacionais. É na Grécia Antiga, com a obra de Tucídides, História da Guerra do Peloponeso, que se
tem a primeira manifestação embrionária de uma teoria de Relações Internacionais.
 
Há algo que as ciências naturais e as ciências sociais, conforme Karl Popper, certamente têm em comum: a necessidade da teoria para
se desenvolverem. Nas palavras de Tomassini (1989, p. 55):
 
A ciência exige algo mais do que fatos e descrições de fatos. Exige uma explicação de por que ocorreram,
que efeitos causaram e algumas predições (ou, no caso das ciências sociais, conjecturas) sobre seu
comportamento provável no futuro, uma mescla de causalidade, teleologia e prospecção. No campo das
ciências sociais, como em outras ciências, a teoria é chamada a ministrar essas explicações, pondo ordem ao
mundo heterogêneo e muitas vezes incompreensível dos fatos isolados, e a arriscar algumas predições.
 
A Teoria do Equilíbrio de Poder
 
Começamos por essa teoria por uma razão simples: para muitos estudiosos da política
internacional, a Teoria do Equilíbrio de Poder, também conhecida como Teoria do Balanço de
Poder, é o que mais próximo existe de uma teoria política das relações internacionais. Arnold
Toynbee, conhecido historiador, chegou mesmo a dizer que tal teoria constituía uma “lei” da
História. 
 
Na era moderna, com o surgimento e desenvolvimento do Estado-nação, multiplicaram-se
também as teorizações a respeito das relações internacionais. Em um contexto de anarquia
internacional e de conflito entre os Estados, as práticas dos agentes e dos Atores na Sociedade
Internacional levaram à formulação de uma teoria que pode ser considerada a precursora da
análise convencional realista das relações internacionais, a Teoria do Equilíbrio de Poder.
 
A Teoria do Equilíbrio de Poder percebe o cenário internacional em uma situação de equilíbrio,
no qual o poder é distribuído entre os diversos Estados. Quando um Estado começa a se destacar
e a buscar aumentar seu poder frente os demais, há uma perturbação no equilíbrio, e faz-se
necessária uma coalizão das Potências para conter o Estado “pretensioso” e restaurar a ordem.
Assim, pressupondo o Estado como um Ator racional, a teoria defende que o balanço ou o equilíbrio de poder é a escolha preferível e,
portanto, a tendência do sistema internacional. A Teoria orientou as relações internacionais nos quatro séculos compreendidos entre a
Guerra dos Trinta Anos (1618-1648) e a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Foi útil para justificar as condutas dos Estados e ações
de governantes em um contexto anárquico e conflituoso, como será visto nas Unidades 2 e 3 do Módulo seguinte.
 
Alguns autores distinguem entre o equilíbrio de poder como uma política (esforço deliberado para prevenir predominância, hegemonia) e
como um padrão da política internacional (em que a interação entre os Estados tende a limitar ou frear a busca por hegemonia e, como
resultado, há um equilíbrio geral).
 
Com o fim da Primeira Guerra Mundial e as consequentes mudanças no cenário internacional e no equilíbrio de forças, em virtude dos
traumas causados pelo conflito e do desenvolvimento do discurso pacifista junto à opinião pública internacional, a Teoria do Equilíbrio de
Poder foi questionada. Sob o argumento de que essa doutrina não poderia perdurar em um sistema em que a guerra deveria ser evitada
a qualquer custo, o imediato pós-guerra foi marcado por novas concepções sobre as relações internacionais, baseadas em uma nova
corrente teórica, a qual se fundamentava no Direito Internacional, na solução pacífica das controvérsias e na busca de uma estrutura
supranacional que garantisse a paz: o Idealismo das Relações Internacionais.
 
Foi, portanto, na primeira metade do século XX que os primeiros teóricos de Relações Internacionais começaram a desenvolver suas
explicações sobre o tema em um contexto de disciplina autônoma. Claro que, em virtude de um objeto de estudo tão complexo, diversas
foram as correntes teóricas instituídas nas últimas décadas. Como não é este um curso de teoria, pretendemos apresentar apenas as
linhas gerais das correntes mais reconhecidas.
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A fase idealista
 
O Idealismo, como ficou conhecida a primeira grande corrente teórica de Relações Internacionais, surge em um contexto do final de um
conflito muito marcante, a Primeira Guerra Mundial, e reflete a crescente preocupação daqueles que então começavam a teorizar sobre
as relações internacionais:
 
Como se poderia buscar a paz na Sociedade Internacional, ou melhor, como evitar o conflito, sobretudo bélico, entre os Estados?
 
No que concerne ao contexto internacional, lembra Arenal (1984), o clima nunca poderia ter sido mais favorável ao Idealismo. A Grande
Guerra havia demonstrado a fragilidade da tradicional diplomacia europeia como meio para assegurar a ordem e a paz internacional. As
enormes perdas humanas e materiais produzidas pelo conflito foram responsáveis, também, pelo advento de uma opinião comum
universal segundo a qual a guerra deveria ser erradicada como instrumento de política dos Estados. Pregava-se, ademais, o
estabelecimento de um modelo de segurança coletiva

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