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Unidade 1 – Conceito da Guerra
Se quisermos entender a guerra, devemo-nos perguntar por que os decisores políticos escolhem a força militar em vez de outros meios e recursos para atingir os objetivos desejados.
A guerra pode ser definida como um conflito de larga escala marcado pelo uso da violência entre grupos politicamente definidos – muitas vezes, com o emprego de forças militares – durante determinado período. Nem toda forma de violência, contudo, constitui um ato de guerra.
Guerra - Cenário caracterizado pela troca de ações hostis, efetuadas por forças militares ou paramilitares, entre duas ou mais partes e pelo mútuo reconhecimento do estado de confronto. Uma guerra pode ocorrer entre Estados (interestatal) ou, ainda, dentro de Estados (intraestatal), como é o caso de um conflito étnico ou de uma guerra civil entre grupos de uma mesma nacionalidade, por exemplo.O estado de guerra tende a perdurar até que uma das partes atinja seus objetivos ou até que uma delas opte pela rendição.
De acordo com a definição apresentada, podemos concluir que violência não é guerra, a não ser que seja empregada por uma unidade política contra outra unidade política.
A tradicional definição de Clausewitz torna a guerra um evento com um objetivo ainda mais específico.
Clausewitz-Influente escritor e militar prussiano. Seu mais famoso livro, Da guerra, publicado em 1837, é considerado um dos principais manuais de estratégia militar já escritos. Sendo um dos principais precursores da corrente teórica realista das Relações Internacionais, Clausewitz foi diretor da Academia Militar de Berlim, e suas produções são focadas na área de estudos da guerra.
Para Clausewitz, a guerra é um ato de força empregado para compelir outros atores – em princípio, seus oponentes – a realizar seus objetivos.
Guerras e concepção racionalista da guerra como uma instituição- Guerras são formas de comportamento humano construídas socialmente e em larga escala. Dessa forma, devem ser compreendidas dentro do contexto mais amplo dos seus cenários culturais e políticos.
A guerra é a violência organizada de unidades políticas contra outras unidades políticas. No entanto, devemos distinguir a guerra em seu sentido flexível, que envolve a violência organizada realizada por qualquer unidade política – uma tribo, um império antigo, um principado feudal, uma facção civil moderna –, da guerra em seu sentido restrito, que se refere à guerra internacional ou interestatal, ou seja, à violência organizada travada por Estados soberanos. No sistema estatal moderno, somente a guerra em sentido restrito – ou seja, a guerra internacional – é legítima.
Nas guerras, os Estados soberanos buscam preservar para si mesmos o monopólio do uso legítimo da violência. Em qualquer real hostilidade que possa ser chamada de guerra, as normas ou regras, leais ou não, sempre desempenham uma função.
Guerra e paz
O estudo da guerra procura reunir esforços para prevenir a sua ocorrência, reduzir a sua frequência ou mitigar as suas consequências.
A guerra é uma das atividades mais destrutivas das nossas sociedades. À medida que os séculos passaram, novas tecnologias e instituições tornaram os conflitos armados cada vez mais violentos.
	Guerra
	Quantidade de mortos
	Guerra dos Trinta Anos (1618-1648)
	
2 milhões de pessoas
	Guerras napoleônicas (1799-1815)
	
2 milhões e meio de pessoas
	Primeira Guerra Mundial (1914-1918)
	7,7 milhões de pessoas
	Segunda Guerra Mundial (1939-1945)
	13 milhões de pessoas
A tradicional definição de Clausewitz de guerra como a continuação da política por outros meios, como um instrumento para alcançar interesses políticos, sugere que ela é, intrinsecamente, política.
Nesse sentido, se quisermos entender a guerra, devemo-nos perguntar por que os decisores políticos escolhem a força militar em vez de outros meios e recursos para atingir os objetivos desejados.
É importante entendermos, em primeiro lugar, um dos problemas fundamentais da ordem global: se guerras são tão custosas, por que os Estados não resolvem as suas disputas de outras formas?
Existe uma série de fatores, tanto na política internacional quanto na política doméstica dos Estados, que fazem com que soluções pacíficas nem sempre sejam possíveis.
Catalisador de mudanças
A intensidade da guerra, muitas vezes, pode agir como um catalisador de mudanças sociais, políticas e econômicas.
A guerra pode acelerar ou colocar em movimento forças de transformação, modificando a indústria, a sociedade e os governos. Tais mudanças são, ao mesmo tempo, fundamentais e permanentes.
Basta olharmos para a década de ouro que se seguiu à Segunda Guerra Mundial.
Apesar da grande destruição causada pelo conflito, dois Estados se beneficiaram enormemente dos esforços de guerra e tiraram vantagens das mudanças provocadas pelo conflito – em especial, com relação aos avanços tecnológicos e industriais.
Isso explica, em parte, a emergência dos Estados Unidos e da União Soviética como superpotências na década de 1950.
Frequência e gravidade
A guerra tem sido um fenômeno recorrente da interação entre as pessoas, mas também tem variado enormemente em função da sua frequência e gravidade, ao longo do tempo e do espaço.
Durante os últimos cinco séculos, tivemos, em média, uma guerra envolvendo uma grande potência ou mais a cada década.
Severidade dos conflitos
A diminuição da frequência das guerras tem sido acompanhada do aumento da severidade nesses conflitos. Tal severidade é definida pelo número de mortes relacionadas ao conflito, tanto em termos absolutos quanto em relação à população.
A potencialização da severidade dos conflitos é, em grande medida, produto de avanços tecnológicos responsáveis pela criação de itens como:
	Além disso, vale destacarmos alguns avanços recentes, como:
· a utilização de aviões não tripulados (os drones), com capacidade estratégica de longa distância e
· o desenvolvimento de armamento militar padrão, como rifles e lançadores de granadas.
Outro fato que merece destaque é que essas tecnologias têm estado cada vez mais disponíveis para um número maior de pessoas.
Pg8
Unidade 2 – Direito Internacional e Guerra
Unidade 3 - Tendências no caráter da guerra
Unidade 4 - Novas guerras
Unidade 5 - Origens da paz

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