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meio ambiente

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UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA – NEaD
Responsabilidade Social 
e Meio Ambiente 
Livro-texto EaD
Natal/RN
2011
D973r Dusi, Luciane. 
 Responsabilidade social e meio ambiente / 
 Luciane Dusi. – Natal: Edunp, 2011. 
 266p. : il. ; 20 X 28 cm
 Ebook – Livro eletrônico disponível on-line.
ISBN 978-85-61140-75-5
 1. Responsabilidade social – Gestão ambiental. I. Título.
RN/UnP/SIB CDU 316.64:504.06
DIRIGENTES DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
Reitoria
Sâmela Soraya Gomes de Oliveira
Pró-Reitoria de Graduação e Ação Comunitária
Sandra Amaral de Araújo
Pró-Reitoria de Pesquisa, Extensão e Pós-Graduação
Aarão Lyra
NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA 
DA UNIVERSIDADE POTIGUAR – UnP
Coordenação Geral 
Barney Silveira Arruda
Coordenação Acadêmica
Luciana Lopes Xavier
Coordenação Pedagógica
Edilene Cândido da Silva
Design Instrucional
Priscilla Carla Silveira Menezes
Coordenação de Produção 
de Recursos Didáticos
Michelle Cristine Mazzetto Betti
Revisão de Linguagem e Estrutura em EaD
 Priscilla Carla Silveira Menezes 
Thalyta Mabel Nobre Barbosa 
Úrsula Andréa de Araújo Silva
Gravação e Edição de Vídeos
Daniel Rizzi
Coordenação de Logística 
Helionara Lucena Nunes
Supervisão de Logística (Mossoró)
Fábio Pereira da Silva
Apoio Acadêmico
Flávia Helena Miranda de Araújo 
Thalyta Mabel Nobre Barbosa
 Úrsula Andréa de Araújo Silva
Assistente Administrativo
Eliane Ferreira de Santana
Gibson Marcelo Galvão de Sousa 
Miriam Flávia Medeiros de Araújo
Ricardo Luiz Quirino da Silva 
Luciane Dusi
Responsabilidade Social 
e Meio Ambiente
1a Edição
Natal/RN
2011
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE RECURSOS DIDÁTICOS
Organização
Luciana Lopes Xavier
Michelle Cristine Mazzetto Betti
Coordenação de Produção de Recursos Didáticos
Michelle Cristine Mazzetto Betti
Revisão de Linguagem e Estrutura em EaD
Úrsula Andréa de Araújo Silva
Ilustração do Mascote
Lucio Masaaki Matsuno
EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO
Delinea - Tecnologia Educacional
Coordenação Pedagógica
Margarete Lazzaris Kleis
Coordenação de Editoração
Charlie Anderson Olsen
Larissa Kleis Pereira
Coordenação de Revisão Gramatical e Normativa
Simone Regina Dias
Eduard Marquardt
Revisão Gramatical e Normativa
Sandra Spricigo
Coordenação de Diagramação
Alexandre Alves de Freitas Noronha
Diagramação
Michelle Cristina Damasco
Ilustrações
Alexandre Beck
Luciane Dusi
Olá! Sou autora deste livro-texto e gostaria que você soubesse 
quem sou. Tenho graduação em Engenharia Sanitária e Ambiental 
e sou mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal 
de Santa Catarina.
Já atuei como professora em cursos tecnológicos na área de meio 
ambiente e cursos voltados aos funcionários públicos da área ambiental. 
Trabalhei durante quatro anos como gerente de licenciamento e 
de fiscalização ambiental na Fundação de Meio Ambiente do Estado de 
Santa Catarina. Participei de projetos sociais em diversas comunidades, 
nos quais obtive uma experiência bastante enriquecedora. 
Atualmente, dedico-me à docência, à consultoria e a trabalhos 
voluntários em prol de uma sociedade melhor. Minha linha principal 
de trabalho está concentrada na gestão ambiental e social. 
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e Meio aMbiente
Olá! Nesta disciplina, você será apresentado ao tema da 
responsabilidade social empresarial, desde o ponto de vista de 
conceitos fundamentais, como o da ética, até conceitos mais 
práticos da responsabilidade social empresarial, como estratégia 
norteadora para políticas corporativas.
Neste sentido, nos primeiros capítulos, abordaremos os 
instrumentos de gestão relacionados, bem como as principais 
normas existentes que norteiam a implantação da responsabilidade 
social nas empresas. 
Em um segundo momento, iremos abordar o enfoque da 
sociedade e das empresas em suas relações com o meio ambiente 
e a importância da gestão dos recursos ambientais e os principais 
instrumentos de gestão.
E finalmente, trataremos da integração da responsabilidade 
social com a responsabilidade ambiental nas empresas. 
Finalizado o estudo deste livro-texto, você será capaz de 
identificar os aspectos mais relevantes sobre a responsabilidade 
social e ambiental nas empresas, estando apto a contribuir 
adequadamente em trabalhos relacionados aos temas, uma vez 
que terá desenvolvido uma visão abrangente a respeito do assunto.
Mais do que um defensor fervoroso dos direitos sociais e da 
preservação ambiental, você terá compreendido e desenvolvido 
valores adequados a uma atuação eficaz.
Mais do que ser um ativista nestas áreas, atualmente muito 
carentes de atenção e de projetos, você terá condições de saber 
identificar e aplicar as ferramentas necessárias para contribuir com 
o desenvolvimento dos trabalhos.
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Convido você a se entregar a esta busca de conhecimento sobre a 
responsabilidade social e ambiental nas empresas. Espero, ainda, que você 
termine seu estudo com um gostinho de “quero mais”, já que acredito que é 
característica comum aos jovens o interesse pelas questões aqui apresentadas.
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OCapítulo 1 - Introdução à responsabilidade social ................................... 131.1 Contextualizando ........................................................................................................... 131.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................... 14
1.2.1 Ética e moral .......................................................................................................... 14
1.2.2 Conceito de lei ...................................................................................................... 22
1.2.3 Ética profissional e ética empresarial ............................................................ 27
1.2.4 Sociedade e cidadania ....................................................................................... 33
1.2.5 Direitos humanos e leis trabalhistas ............................................................. 37
1.3 Aplicando a teoria na prática ..................................................................................... 42
1.4 Para saber mais ............................................................................................................... 43
1.5 Relembrando ................................................................................................................... 43
1.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................. 44
Onde encontrar ...................................................................................................................... 45
Capítulo 2 - Responsabilidade social nos negócios ................................. 47
2.1 Contextualizando ........................................................................................................... 47
2.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................... 48
2.2.1 Responsabilidade social: histórico ................................................................. 48
2.2.2 Responsabilidade social: conceito e abordagens .................................... 55
2.2.3 Teoria dos stakeholders...........................................................................62
2.2.4 Por que investir em responsabilidade social? ............................................ 65
2.2.5 Exemplos de responsabilidade social nos negócios ............................... 70
2.3 Aplicando a teoria na prática .....................................................................................
72
2.4 Para saber mais ............................................................................................................... 74
2.5 Relembrando ................................................................................................................... 74
2.6 Testando os seus conhecimentos ............................................................................. 75
Onde encontrar ...................................................................................................................... 76
Capítulo 3 - Orientação estratégica à responsabilidade social 
e elementos de formalização ..................................................................... 79
3.1 Contextualizando ........................................................................................................... 79
3.2 Conhecendo a teoria ..................................................................................................... 80
3.2.1 Responsabilidade social como estratégia ................................................... 80
3.2.2 Política de responsabilidade social ................................................................ 83
3.2.3 Relatório de responsabilidade social ............................................................ 85
3.2.4 Balanço social ........................................................................................................ 87
3.2.5 Indicadores Ethos de responsabilidade social .......................................... 91
3.2.6 Selo social ............................................................................................................... 93
3.2.7 Marketing social ................................................................................................... 97
3.3 Aplicando a teoria na prática ...................................................................................103
3.4 Para saber mais .............................................................................................................105
3.5 Relembrando .................................................................................................................105
3.6 Testando os seus conhecimentos ...........................................................................106
Onde encontrar ....................................................................................................................107
Capítulo 4 - Implementação da responsabilidade social e normas orientadoras ...109
4.1 Contextualizando ..................................................................................................................................109
4.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................110
4.2.1 Como implementar um processo de responsabilidade social nos negócios ........110
4.2.2 Principais elementos de gestão .............................................................................................117
4.2.3 As normas orientadoras: NBR 16001, SA 8000, AA 1000 e ISO 26000 ......................118
4.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................135
4.4 Para saber mais ......................................................................................................................................137
4.5 Relembrando ..........................................................................................................................................137
4.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................139
Onde encontrar .............................................................................................................................................139
Capítulo 5 - Sociedade e meio ambiente .....................................................................141
5.1 Contextualizando ..................................................................................................................................141
5.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................142
5.2.1 Conceito de meio ambiente ...................................................................................................142
5.2.2 Os ciclos da natureza, os seres vivos e a ecologia ...........................................................153
5.2.3 Sociedade e meio ambiente ..................................................................................................158
5.2.4 A sustentabilidade ......................................................................................................................161
5.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................163
5.4 Para saber mais ......................................................................................................................................164
5.5 Relembrando ..........................................................................................................................................165
5.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................166
Onde encontrar .............................................................................................................................................166
Capítulo 6 - Empresa e meio ambiente ........................................................................167
6.1 Contextualizando ..................................................................................................................................167
6.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................168
6.2.1 Responsabilidade ambiental: histórico ...............................................................................168
6.2.2 Relação empresa e meio ambiente ......................................................................................175
6.2.3 As empresas e os órgãos públicos de meio ambiente, sociedade e clientes ........179
6.2.4 A imagem ambiental da empresa .........................................................................................185
6.2.5 Exemplos de bons projetos de empresas que investem em meio ambiente .......187
6.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................193
6.4 Para saber mais ......................................................................................................................................194
6.5 Relembrando ..........................................................................................................................................195
6.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................195
Onde encontrar .............................................................................................................................................196
Capítulo 7 - A importância da gestão dos recursos ambientais ................................197
7.1 Contextualizando ..................................................................................................................................197
7.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................198
7.2.1 Conceito de recursos ambientais .........................................................................................198
7.2.2 Empresas: consumo de recursos ambientais e impactos associados ......................203
7.2.3 Programa de monitoramento dos impactos .....................................................................210
7.2.4 Gestão ambiental .......................................................................................................................213
7.2.5 A norma ISO 14001 .....................................................................................................................214
7.2.6 Selos verdes ..................................................................................................................................217
7.2.7 Ciclo de vida do produto ........................................................................................................ 219
7.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................224
7.4 Para saber mais ......................................................................................................................................225
7.5 Relembrando ..........................................................................................................................................225
7.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................227
Onde encontrar .............................................................................................................................................228
Capítulo 8 - A importância da gestão dos recursos ambientais ................................229
8.1 Contextualizando ..................................................................................................................................229
8.2 Conhecendo a teoria ............................................................................................................................229
8.2.1 Relação entre responsabilidade social e responsabilidade ambiental ....................229
8.2.2 Formas de integração ...............................................................................................................234
8.2.3 Exemplos de programas e projetos socioambientais ....................................................237
8.2.4 Resultados esperados da responsabilidade socioambiental 
 para empresa e sociedade ...............................................................................................................252
8.3 Aplicando a teoria na prática ............................................................................................................254
8.4 Para saber mais ......................................................................................................................................256
8.5 Relembrando ..........................................................................................................................................257
8.6 Testando os seus conhecimentos ....................................................................................................258
Onde encontrar .............................................................................................................................................259
Referências ....................................................................................................................262
Capítulo 1
13 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
INTRODUÇÃO À RESPONSABILIDADE SOCIAL
CAPÍTULO 1
1.1 contextualizando
Neste capítulo, você irá estudar alguns conceitos que dão fundamentação 
ao tema da responsabilidade social.
Inicialmente, vamos abordar o tema de maneira um pouco mais teórica, 
tendo como base pressupostos filosóficos encontrados, principalmente, em 
textos clássicos de autores como Platão e Aristóteles.
Esta escolha se justifica em função da atualidade dos temas abordados pelos 
filósofos em questão, ainda que tenham elaborado suas obras há vários séculos.
Ressaltamos a importância desse contato com os conceitos iniciais, pois eles 
serão úteis para justificar a o contexto da responsabilidade social nas empresas. 
Com base no que veremos aqui, esperamos que ao final do capítulo você 
seja capaz de:
 • conceituar ética e moral e perceber sua importância para a sociedade;
 • compreender o sentido de lei e sua aplicação;
 • delinear sobre a importância da ética profissional e ética empresarial 
nas empresas;
 • conceituar sociedade e cidadania;
 • identificar a origem dos direitos humanos e composição das leis trabalhistas.
Capítulo 1
14 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
1.2 conhecendo a teoria
1.2.1 Ética e moral
Preparado para começar? Esperamos que sim, afinal, a partir de agora, vamos 
estudar os conceitos de ética e moral, já que eles são importantes para construirmos 
uma base de sustentação ao tema da responsabilidade social e meio ambiente.
Quem já não ouviu comentários do tipo “Essa atitude não foi ética da 
parte dele” ou “você não tem moral para falar sobre isso”?
Frases assim estão geralmente relacionadas a situações nas quais alguém 
teve atitudes inadequadas em relação ao esperado para sua função ou posição 
social. Ou ainda quando alguém nos aconselha a fazer algo de determinada 
maneira, mas ao mesmo tempo não segue seus próprios conselhos.
Com base nisto, você pode perceber que, em resumo, tanto ética como 
moral se referem a comportamentos e costumes, à forma de agir das pessoas, 
o que, por sua vez, tem a ver com sua cultura e valores. Esta mesma definição 
para ética e moral – ambas como comportamentos e costumes – pode ser 
encontrada na história das civilizações grega e romana, nas obras escritas por 
alguns de seus principais pensadores. 
Se procurarmos nos dicionários, veja a seguir o que iremos encontrar.
CONCEITO
Ética é o estudo dos juízos de apreciação 
referentes à conduta humana passível de 
qualificação do ponto de vista do bem e do mal, 
seja em relação à determinada sociedade, seja 
de modo absoluto (FERREIRA, 1986). 
Por sua vez, moral é o conjunto de regras de conduta consideradas 
como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, 
quer para grupo ou pessoa determinada (FERREIRA, 1986).
Você pode observar que, segundo as definições dicionarizadas, o conceito 
de ética está relacionado a algo mais teórico, ao “estudo dos juízos”. Já a definição 
de moral está associada a um sentido mais prático, como “regras de conduta”.
Capítulo 1
15 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
Você consegue perceber que em comparação com as definições clássicas, 
houve uma separação conceitual entre ética e moral?
Pois bem, diante disso, vamos então analisar a origem da separação 
entre esses dois conceitos.
A palavra ética vem do grego ethos, ao passo que moral tem sua raiz no 
latim mores, significando tanto ethos como mores a mesma coisa: costumes.
Então, qual a possível origem desta separação entre os conceitos de 
ética e moral?
Para responder a esta pergunta, é preciso observar as duas civilizações 
das quais falamos anteriormente, a grega e a romana.
De acordo com os registros históricos, os gregos eram um povo voltado 
para a contemplação da beleza, do bem, da justiça, da verdade e do amor, e 
com base nisto estruturaram um caminho ético e estético muito elevado.
Os romanos, por sua vez, eram um povo mais prático, mais do agir do 
que do contemplar. Eles adotaram a concepção ética do povo grego, porém, 
deram a ela uma conotação muito mais prática. Podemos dizer que os romanos 
transformaram a ética grega em costumes e comportamentos práticos, 
aplicáveis às tarefas do dia a dia (ISASA, 2008).
Provavelmente, reside aí a principal razão pela confusão, ou divisão, dos 
nossos dias com as definições de ética e moral. Pensamos que ética é uma 
coisa mais elevada do que moral porque os gregos eram mais teóricos, mais
abstratos, muito liberais no plano do relacionamento, e os romanos eram 
muito mais objetivos e práticos (ISASA, 2008).
Agora que já introduzimos o tema, vamos então nos aprofundar no conceito 
de ética e verificar o que Platão e Aristóteles nos deixaram escrito sobre o assunto. 
Primeiramente, você já sabe quem foi Platão, não é mesmo? Isso mesmo. 
Platão (428-348 a.C.) foi um filósofo e matemático do período clássico da 
Grécia Antiga, autor de diversos diálogos filosóficos e fundador da Academia 
em Atenas, a primeira instituição de educação superior do mundo ocidental. 
Juntamente com seu mentor, Sócrates, e seu pupilo, Aristóteles, Platão ajudou 
a construir os alicerces da filosofia natural, da ciência e da filosofia ocidental. 
Capítulo 1
16 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
A ética, segundo Platão, consiste na aplicação da doutrina das ideias e, em 
particular, da ideia do bem à vida humana. A moralidade consiste, para Platão, 
na participação da ideia do bem ao agir humano ou, em outras palavras, na 
imitação do bem. Assim, as pessoas serão felizes (PONCHIROLLI, 2007).
Mas como se realiza a imitação do bem no agir humano? 
Como vimos, a ética está associada ao exercício 
de fazer o bem.
Você não concorda que este tipo de agir deveria 
ser mais divulgado atualmente?
Talvez, dessa forma poderíamos ter menos 
problemas sociais se as pessoas exercitassem 
fazer o bem. Você concorda com isso?
REFLEXÃO
Na realidade, as pessoas diferem na escolha dos meios que conduzem 
à felicidade. Para uns, ela consiste no prazer e, para outros, na sabedoria 
(PONCHIROLLI, 2007). Então, antes de prosseguirmos, é importante conceituar 
melhor a felicidade. 
Vamos ver como Platão a define? 
Para o filósofo, a felicidade deve ser algo que se baste a si mesmo. 
Nem somente na sabedoria nem só no prazer consistirá a felicidade, mas na 
harmonia de ambos. Mas é preciso ressaltar que nem todo prazer é apto para 
a felicidade. O verdadeiro prazer consiste no gozo da ciência e da verdade, 
que acompanha precisamente a sabedoria (PONCHIROLLI, 2007).
Muito bem, Platão também esclarece a forma pela qual devemos agir 
para sermos éticos e, por consequência, felizes, e esta forma de agir está 
pautada na sabedoria e no prazer verdadeiro.
A sabedoria é algo que passamos a vida toda buscando. Está relacionada 
com nossas experiências diretas, com nossas reflexões sobre estas experiências 
e com o estudo que fazemos na busca do conhecimento que nos leve a 
compreender melhor as experiências de vida. 
Capítulo 1
17 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
Para compreender melhor isto que acabamos de mencionar, vamos 
imaginar a seguinte situação: uma pessoa passa por um relacionamento 
difícil, em que o sentimento verdadeiro de amizade não foi correspondido 
e isto resultou numa mágoa muito grande. Nessa busca da sabedoria, essa 
pessoa primeiramente deveria observar a situação pela qual passou: seu 
comportamento e suas atitudes no relacionamento. Depois disso, é preciso 
refletir sobre suas observações e identificar os principais aspectos (os motivos, 
os sentimentos envolvidos, as carências e expectativas etc.). Identificados os 
pontos críticos, ela deveria procurar pessoas mais sábias, de confiança, livros 
ou outro recurso de conhecimento que pudesse ajudá-la a se desvencilhar de 
qualquer tipo de reflexão inadequada, esclarecer dúvidas e prestar orientação. 
Você consegue visualizar que, agindo assim, de forma contínua, essa 
pessoa conseguiria melhorar gradativamente as suas experiências de amizade?
Faz sentido esse caminho, não é mesmo?
Inclusive, esse tipo de comportamento, reflexivo e analítico, será produtivo 
também na sua vida profissional. São inúmeros os desafios pelos quais passamos 
em nossos trabalhos, e se adotamos o caminho da sabedoria para lidarmos com 
as situações críticas, sobrará mais tempo e eficácia no trabalho.
Mas por que geralmente não agimos assim, no 
caminho da sabedoria? Por que geralmente 
perdemos anos nos lamentando por algo errado 
que nos aconteceu? Perdemos muito tempo, 
muitos amigos e nos desgastamos tanto na 
vida pessoal quanto profissional, alimentando 
pensamentos críticos que não nos acrescentam 
coisa alguma e ainda prejudicam a nossa saúde. 
Vamos entrar para o caminho da sabedoria?
REFLEXÃO
Convido você a continuar nosso estudo sobre ética, partindo agora 
para os trabalhos de outro filósofo chamado Aristóteles. Vamos relembrar 
quem foi Aristóteles?
Aristóteles (384-322 a.C.) foi um filósofo grego que aos 18 anos entrou 
na escola de Platão e lá permaneceu por 19 anos, até a morte do mestre. Por 
Capítulo 1
18 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
volta do ano 343 a.C., Filipe da Macedônia convidou-o para encarregar-se da 
educação de seu filho, Alexandre, o qual foi influenciado significativamente 
pelos pensamentos deste sábio. Aristóteles fundou sua própria escola em Atenas 
e nos deixou muitas obras que reúnem um material científico incalculável, que 
lhe permitiu fazer avançar de um modo prodigioso o saber de seu tempo.
Aristóteles coloca que o bem supremo realizável pelo ser humano (e, portanto 
a felicidade) consiste em aperfeiçoar-se enquanto homem. “O homem que quer 
viver bem deve viver sempre segundo a razão.” (PONCHIROLLI, 2007, p. 23-24)
É importante saber que quando Aristóteles se refere à razão, ele não 
está tratando apenas da nossa capacidade receptora e processadora de 
informações. Aliás, o que nos distingue como seres racionais é a capacidade 
de conhecer. E conhecer está ligado à capacidade de entender o que a coisa é 
no que ela tem de essencial. 
Vamos recorrer a um exemplo fictício para facilitar a compreensão 
da razão nos termos aristotélicos. Imagine o seguinte depoimento de um 
funcionário sobre seu colega de trabalho: “Meu parceiro de trabalho é formado 
em administração, tem uma esposa e dois filhos. Seu coração é enorme, um dia 
desses, ele terminou um relatório para mim, pois meu chefe estava precisando 
deste documento e eu estava resolvendo um problema na nossa filial e não tinha 
condições de atender a necessidade do meu chefe. Meu amigo de trabalho se 
chama Jorge, às vezes fico pensando se a inspiração do seu nome veio de São 
Jorge, o santo guerreiro, pois sua honra e moral me fazem lembrar este santo.” 
INTERAGINDO
O que é essencial em Jorge, o que o torna 
diferente e especial para seu colega de trabalho? 
O fato de ele ser formado em administração e ter 
dois filhos ou de agir como um parceiro? O que é 
essencial em Jorge, na sua percepção? Exponha 
sua perspectiva no ambiente virtual de aprendizagem.
A ação por meio da razão não é a mesma coisa que a ação por meio do 
pensamento lógico e objetivo, mas da aplicação do conhecimento sobre o objeto 
observado, extraindo sua essência da melhor forma possível, de acordo, é claro, 
com a capacidade de cada um de fazê-lo. O exercício de buscar a essência das 
Capítulo 1
19 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
coisas nos torna mais capazes de viver o bem, pois clareia nossa visão de mundo, 
nos permite ver melhor e, por consequência, fazer melhores escolhas.
A aplicação da razão, todavia, exige que estejamos conscientes em todo o 
processo de ação, reflexão e estudo. Não podemos aplicar a razão de qualquer 
forma. Então, temos que compreender como funciona a consciência.
A consciência faz o sujeito ver o que é justo e reto, nas circunstâncias concretas 
em que se encontra. A consciência não julga, indica. Sua função não é aprovar 
nem condenar, mas mostrar o que é justo e reto para que a vontade livre se 
autodecida a seguir o bem. A qualidade ética da ação concreta depende da 
conformidade do agir com o que a consciência faz ver ao
sujeito que é justo 
e reto, no momento de agir. O ato humano é bom ou mau na medida em que 
a autodecisão do sujeito se conforma, ou não, com o que a consciência diz ser 
justo e reto (PONCHIROLLI, 2007).
Logo, a consciência é a responsável por colocar as cartas na mesa, cabendo 
à vontade do sujeito a escolha sobre cada uma delas. A formação da consciência 
reside na capacidade de ir ao encontro do que é realmente bom, na liberdade, 
procurando e zelando constantemente pela verdade, reconhecendo os próprios 
limites e as próprias capacidades (PONCHIROLLI, 2007).
Aristóteles coloca a felicidade como a atividade da alma segundo suas 
virtudes. Mas o que significam as virtudes? Por que elas são importantes para 
o desenvolvimento da ética e moral?
Para Aristóteles, as virtudes éticas ou morais consistem em dominar as 
tendências e impulsos irracionais. A virtude implica justa proporção, justo meio 
entre dois excessos. A virtude ética é a justa medida entre dois vícios opostos, 
ou seja, entre o participar por excesso ou por defeito em uma mesma emoção 
(PONCHIROLLI, 2007, p. 24).
Estamos caminhando cada vez mais para o aspecto prático do exercício 
da ética, você consegue perceber? Aristóteles nos ensina que, para sermos 
éticos, precisamos conhecer e exercitar as nossas virtudes.
Vamos, então, identificar as virtudes humanas listadas por Aristóteles. 
Capítulo 1
20 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
Quadro 1 – As virtudes segundo Aristóteles
Virtude ética Por excesso Por defeito
A mansidão A ira A impassibilidade
A coragem A temeridade A covardia
O pudor A impudência A timidez
A temperança A intemperança A insensibilidade
A justiça O lucro A perda
A liberdade A prodigalidade A avareza
A amabilidade A hostilidade A adulação
A seriedade A complacência A soberba
A magnanimidade A vaidade A modéstia
A magnificência A faustosidade A mesquinhez
Fonte: Sandrini (apud PONCHIROLLI, 2007)
Exercitar as nossas virtudes não é uma tarefa fácil, você pode estar 
certo disso. Nem sempre conseguimos acertar nesse exercício. O importante, 
no entanto, para imprimir um comportamento ético na nossa forma de vida 
não é acertar sempre. É estar atento e reconhecer os momentos em que 
agimos de forma inapropriada, para que, na medida do possível, possamos ir 
melhorando, ou ainda para que possamos nos redimir com nossos colegas sem 
maiores traumas e ou confusões.
Para ajudá-lo a refletir sobre a existência dessas virtudes em você ou nas 
pessoas com as quais se relaciona, vamos acompanhar um método prático.
Aristóteles indica três critérios que nos permitem certificar a existência 
da virtude. Segundo o filósofo (apud PONCHIROLLI, 2007), a virtude é uma 
disposição do caráter que leva a pessoa a agir:
 • fora dos extremos, quer por excesso quer por falta;
 • segundo um princípio racional;
 • de forma coerente com os exemplos deixados pelos homens dotados 
de sabedoria prática.
Capítulo 1
21 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
Você pode agora fazer o seguinte exercício: 
reflita sobre cada virtude listada no quadro citado 
anteriormente e procure identificar qual seu 
comportamento típico. Ele está predominando nos 
extremos ou não? É possível que, em alguns casos 
sim, isto é normal. Mas preste atenção: a ideia 
consiste em fazer o esforço de caminhar no sentido 
do equilíbrio. Faça esse exercício periodicamente e 
registre as mudanças quando elas ocorrerem.
REFLEXÃO
Com base no que vimos até aqui, podemos perceber que tanto os gregos 
como os romanos referiam-se à mesma coisa quando falavam de ética e moral. 
Tratava-se de harmonizar o homem, de ajudá-lo para que nele brotassem as 
fontes de justiça e do bem. A figura a seguir ilustra a busca pelo equilíbrio.
Devemos ficar atentos ao fato de que, 
quando somos éticos, pode surgir em nós 
certa indignação frente às normas injustas 
e petrificadas aceitas com normalidade 
(PONCHIROLLI, 2007). Todavia, já construímos 
uma linha de raciocínio suficientemente 
clara para entendermos que ficar indignado 
e revoltado não é uma atitude sábia. 
A ética consiste no equilíbrio 
e afastamento das ações extremas. 
Logo, alimentar um comportamento de 
indignação a ponto de resultar em ações 
extremas não é a aplicação do conceito 
de ética, se não uma ação pautada nas emoções, e não na razão.
Conhecer o conceito de ética e aplicá-lo não significa que mudamos 
instantaneamente e muito menos que o mundo ao nosso redor tornou-se pior, 
já que a partir desse ponto passamos a identificar a falta das virtudes, em 
geral, no comportamento humano. 
Porém, estudar sobre ética e aplicar os ensinamentos é o início do 
caminho para aqueles que pretendem se tornar melhores e mais felizes.
Figura 1 – Equilíbrio é palavra-chave para agir com ética
Fonte: <http://commons.wikimedia.org>
Capítulo 1
22 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
A efetivação da ética e da moral em um ambiente de trabalho, por 
exemplo, depende muito mais do comportamento prático das pessoas do que 
da argumentação teórica sobre o tema. Apesar de a primeira não excluir a 
segunda, ela a supera no grau de importância.
Enfim, a melhor atitude a ser tomada para modificar o comportamento 
de outras pessoas é dar exemplo. Assim, com moral, as palavras não são 
necessárias, mas as ações são capazes de impactar e fazer mudar ou 
permanecer um ambiente ético.
1.2.2 conceito de lei
Agora vamos aprender um pouco sobre o conceito de lei?
Conhecê-lo será importante para você compreender a importância, tanto 
dos regramentos internos de uma organização quanto da legislação editada 
pelos entes públicos municipais, estaduais, federais e também internacionais. 
Cabe ao advogado, como peça essencial para a administração da justiça, 
o conhecimento detalhado das leis, suas aplicações e consequências. Todavia, 
a todo brasileiro é atribuída a obrigação do conhecimento da lei. 
Mas qual é a origem das leis? Elas sempre existiram da forma como são hoje?
Vamos buscar novamente na história as respostas para nossas perguntas?
Primeiramente, procure perceber como todas as coisas estão encadeadas. 
Observando o mundo que nos cerca, podemos constatar o processo de inter-
relacionamento de todas as coisas e todos os seres: cidade a cidade, bairro 
a bairro, casa a casa, pessoa a pessoa, enfim, processos que vão do micro 
ao macro. No movimento de evolução desse todo, impõe-se a necessidade 
das leis com a finalidade de harmonização da totalidade de seus elementos 
integrantes, com a mínima destruição possível. 
Segundo Platão, as verdadeiras leis são as que surgem sob a inspiração dos 
deuses. O verdadeiro legislador é aquele que atingiu tal grau de sabedoria e 
virtude que se transforma no intercessor entre o divino e o terrestre, buscando 
estabelecer a máxima virtude, a felicidade, a harmonia comum e o bem-estar 
dos que observam as leis. A lei, então, teria um caráter eterno e imutável. Ela 
Capítulo 1
23 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
não poderia ser discutida, pois não é obra de alguma autoridade, é divina 
(SOARES; MOURA; MENEGHETTI, 2009).
Lei com duração eterna, você já pensou nisto?
Atualmente, esta afirmação não faz sentido algum, pois observamos 
constantes alterações legais, tais como as mudanças em andamento 
no código florestal, a legalização da união de pessoas do mesmo sexo 
e a reformulação do código nacional de trânsito ocorrida há alguns 
anos, por exemplo. Dentro de uma empresa, também acontece coisa 
semelhante. Sua política interna não é intocável e periodicamente passa 
por revisões com o objetivo de atualizá-la às mudanças ocorridas no 
ambiente corporativo.
Ocorre que as leis, nas antigas civilizações, eram
pautadas em elementos 
fundamentais do direito, não eram formuladas para finalidades específicas 
como as nossas leis atualmente são. 
Outro aspecto a ser levado em consideração é que vivemos em uma 
sociedade em constantes mudanças, diferentemente do que ocorria nessas 
civilizações que existiram há mais de dois mil anos.
Naquela época, as leis eram passadas de pais para filhos através das 
crenças. Daí que surgiu, nesse contexto, uma ideia de direito natural, em que 
as leis não necessitavam ser escritas. Aliás, mesmo quando começou o registro 
escrito das leis, estas continuavam ligadas a um naturalismo (COULANGES, 
2008 apud SOARES; MOURA; MENEGHETTI, 2009).
Outros tempos aqueles, não?
Toda a formação referente às leis era obtida pelo filho por meio dos 
ensinamentos do pai. Este processo, realizado em cada família, garantia o 
conhecimento da lei por todos.
Hoje não contamos com tal possibilidade. As leis são muito vastas e o 
tempo disponível para a relação entre pai e filho pode abarcar os ensinamentos 
éticos, mas de forma alguma conseguiria ser suficiente para repassar todas as 
leis importantes existentes.
Capítulo 1
24 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
Sendo assim, um pai, atualmente, pode passar ao seu filho a importância 
de conhecer e cumprir a lei, mas competirá a cada um estudar os textos legais 
por si, no momento oportuno.
Segundo Platão, o homem não é prudente nem sábio de nascença, 
age quase sempre com ambição e egoísmo na convivência social. Também 
segundo ele, a lei somente cumprirá papel educativo se preservar a liberdade, 
se for repassada pelo exercício da força persuasiva (e não da coativa) sobre o 
cidadão (SANTOS, 2003).
Todavia, o papel educativo da lei, considerado por Platão, não é 
observado no contexto de elaboração dos textos legais de hoje. De forma geral, 
a legislação atual acaba tendo características que denominamos de comando-
controle, tendendo na sua maioria a um caráter repressor e fiscalizatório. 
Talvez pelo fato de nossa sociedade apresentar um comportamento que se 
distancia cada vez mais do ideal filosófico de Platão.
Correspondendo ao entendimento dos nossos dias, temos a definição 
prática para o conceito de lei.
DEFINIÇÃO
As leis são acordos de caráter obrigatório, 
estabelecidos entre pessoas de um grupo para 
garantir justiça mínima, ou direitos mínimos de 
ser. Sem dúvida nenhuma, a lei não é a justiça, isto 
é, o cumprimento da lei não é o máximo que as 
pessoas conseguem desenvolver em prol da própria 
realização. A lei é um instrumento para fazer justiça. 
Toda lei deve ser uma ordenação da razão em vista 
do bem comum, promulgada por quem tem o cargo 
de chefia na comunidade (PONCHIROLLI, 2007). 
Vamos conhecer, de forma geral, como está organizado o Estado 
brasileiro e onde as leis são elaboradas?
O Brasil é uma federação, que possui três esferas de governo: a União; 
os estados e o Distrito Federal; e os municípios. A Constituição Federal criou 
oficialmente três poderes responsáveis por manter um equilíbrio sadio na 
administração política do país. São eles:
Capítulo 1
25 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
 • o poder executivo: aqui operam o presidente, os governadores e 
prefeitos, juntamente com suas equipes de governo;
 • o poder legislativo: formado, no nível nacional, pelo Congresso Nacional 
bicameral (Senado e Câmara de Deputados), no nível estadual pela 
Assembleia Legislativa e no nível municipal pelas Câmaras de Vereadores;
 • o poder judiciário: formado pelos diversos tribunais. 
O poder executivo e o poder legislativo estão organizados de forma 
independente em todas as três esferas de governo (municipal, estadual e 
federal). Já o poder judiciário está organizado apenas nos níveis federal e 
estadual. A figura a seguir traz o Palácio da Justiça, um dos ambientes de 
atuação do poder judiciário.
EXPLORANDO
Conheça melhor os três poderes e as suas 
atribuições no site do governo federal: <www.
plenarinho.gov.br/camara/com-a-palavra/os-
tres-poderes-e-suas-atribuicoes>.
Figura 2 – Palácio da Justiça, em Brasília
Fonte: marcelometal <http://commons.wikimedia.org>
Capítulo 1
26 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
O sistema jurídico brasileiro baseia-se na Constituição Federal, que foi 
promulgada em 5 de outubro de 1988 e é a lei fundamental do Brasil. Todos 
as outras legislações e as decisões dos tribunais devem corresponder a seus 
princípios. Os estados têm suas próprias Constituições, que não devem entrar 
em contradição com a Constituição Federal. Os municípios e o Distrito Federal 
não têm constituições próprias, em vez disso, eles têm leis orgânicas.
O poder legislativo é a principal fonte de elaboração das leis, embora, 
em determinadas questões, representantes dos poderes judiciário e executivo 
possam promulgar normas jurídicas.
Já a jurisdição - o julgamento e aplicação final da lei - é administrada pelo 
poder judiciário, embora em situações raras a Constituição Federal permita 
que o Senado interfira nas decisões jurídicas.
Existem também jurisdições especializadas como a Justiça Militar, a 
Justiça do Trabalho e a Justiça Eleitoral. O tribunal mais alto é o Supremo 
Tribunal Federal.
Denominam-se fontes do direito internacional os modos pelos quais a 
norma jurídica se manifesta e, ao contrário do que ocorre com as leis no direito 
brasileiro, elas não possuem uma ordem hierárquica. As suas fontes estão 
nomeadas no art. 38 do Estatuto da Corte Internacional de Justiça. São elas:
 • os tratados ou convenções internacionais;
 • o costume;
 • os princípios gerais de direito, comuns às nações civilizadas;
 • a jurisprudência;
 • a doutrina;
 • a equidade como instrumentos de interpretação e integração do 
direito internacional.
Existem ainda duas outras fontes não nomeadas no artigo 38, que são os 
atos unilaterais e as deliberações das organizações internacionais.
Podemos, então, concluir que as leis atualmente possuem uma forma 
bastante diferenciada de elaboração e aplicação daquela utilizada na 
antiguidade pelas civilizações gregas e romanas.
Capítulo 1
27 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
Sem criticar um ou outro sistema, o importante está em nos atermos 
na essência, no propósito das leis, que é de manter o “todo” (que pode ser 
uma cidade, um estado, um país ou o planeta) operando dentro de padrões 
adequados e satisfatórios aos seres humanos e também aos demais seres vivos, 
permitindo que evoluam e progridam sempre. 
EXPLORANDO
Explore o site do Ministério das Relações 
Internacionais do governo federal para conhecer 
um pouco mais sobre os atos normativos 
internacionais: <www.itamaraty.gov.br>. Vamos lá!
1.2.3 Ética profissional e ética empresarial
A partir de agora, vamos procurar aplicar o conceito de ética ao universo 
profissional e organizacional. Primeiramente, veremos a ética profissional e, 
em seguida, a empresarial, já que esta última abordará a relação do profissional 
ético com seu ambiente corporativo.
A atividade profissional é a ação produtiva de bens materiais e serviços. 
A ética é condição essencial para o exercício de qualquer profissão. Segundo 
Sá (apud PONCHIROLLI, 2007), cada conjunto de profissões deve seguir uma 
ordem de conduta que permita a evolução harmônica do trabalho de todos, a 
partir da conduta de cada um, através de uma tutela no trabalho que conduza 
a regulação do individualismo perante o coletivo.
As universidades formam anualmente diversos profissionais, tais como 
contadores, engenheiros, dentistas, médicos, administradores etc. Cada 
novo profissional passará a exercer sua profissão da melhor forma possível, 
de acordo com o conhecimento adquirido nas aulas. Todavia, para que
essas 
profissões tenham um espírito único, capaz de promover o desempenho pleno 
de suas funções sem prejuízos à sociedade ou qualquer pessoa, os códigos de 
ética irão tratar de estabelecer deveres e proibições que orientarão o bom 
desempenho dos trabalhos. 
Os códigos de ética estruturam e sistematizam as exigências éticas de todos 
os profissionais no tríplice plano: de orientação, disciplina e de fiscalização. 
Capítulo 1
28 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
Portanto, mais do que orientação, os códigos de ética também servem como 
instrumento de fiscalização, por meio do qual se pode embasar processos judiciais. 
Figura 3 – O que fazer ou não fazer no ambiente profissional?
Fonte: Beck (2011)
Para que possamos observar como isto acontece na prática, que tal 
tomarmos como exemplo o código de ética do contador?
Este código foi aprovado pela Resolução CFC 803/96, do Conselho Federal 
de Contabilidade. Todas as referências a ele foram extraídas do documento 
disponível no site do Conselho: <www.cfc.org.br/sisweb/sre/docs/RES_803.DOC>.
Vamos, então, acompanhar de que trata o código?
Já no artigo 1° é apresentado o objetivo: este código de ética profissional 
tem por objetivo fixar a forma pela qual se devem conduzir os contabilistas, 
quando no exercício profissional (PONCHIROLLI, 2007).
Continuando, do artigo 2º até o 5° são apresentados os deveres e as proibições. 
Quanto aos deveres dos contabilistas, conforme exposto no artigo 2º, 
são alguns deles:
I - exercer a profissão com zelo, diligência e honestidade [...];
[...]
V - inteirar-se de todas as circunstâncias antes de emitir opinião 
sobre qualquer caso;
VI - renunciar às funções que exerce, logo que se positive falta de 
confiança por parte do cliente ou empregador, a quem deverá 
Capítulo 1
29 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
notificar com trinta dias de antecedência, zelando, contudo, para 
que os interesses dos mesmos não sejam prejudicados, evitando 
declarações públicas sobre os motivos da renúncia;
[...] (CFC, 1996).
Além disso, conforme artigo 3º, é vedado ao contabilista:
[...]
II - assumir, direta ou indiretamente, serviços de qualquer natureza, 
com prejuízo moral ou desprestígio para a classe;
[...]
X - prejudicar, culposa ou dolosamente, interesse confiado a sua 
responsabilidade profissional;
[...]
XII - reter abusivamente livros, papéis ou documentos, 
comprovadamente confiados a sua guarda. [...] (CFC, 1996).
Estes são alguns deveres e proibições contidos no código de ética do 
contador. Podemos observar que os itens abordam situações que podem 
ocorrer durante a carreira do profissional e que possuem formas de reação já 
bem definidas pela classe, evitando uma possível deturpação do exercício da 
profissão e malefícios à sociedade, em vez de benefícios.
O código segue com artigos que abrangem aspectos do valor dos serviços 
profissionais, dos deveres em relação aos colegas e à classe e finaliza com as 
penalidades decorrentes de transgressões ao código.
Assim como os contabilistas, cada profissão possui seu código de ética, 
que surge no momento da formatura expresso por todos os novos profissionais 
quando fazem seu juramento. Esse ritual previsto no momento da formatura 
evidencia a importância da ética profissional no exercício da profissão.
Vamos agora observar a ética do ponto de vista das organizações?
Você sabia que muitas empresas possuem seus próprios códigos de 
ética? Sim, são documentos que visam o bom andamento dos trabalhos dos 
profissionais, dentro dos princípios éticos e morais.
A razão de ser do código de ética, então, é fornecer critérios ou diretrizes 
para que as pessoas descubram formas éticas de se conduzir. É mais para orientar 
do que solucionar os dilemas éticos da organização (PONCHIROLLI, 2007).
Capítulo 1
30 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
Observe que a solução dos problemas relacionados à falta de 
comportamento ético não será dada por meio do código, pois ela exige a 
atuação das pessoas. O código vai nortear o assunto, mas os problemas serão 
resolvidos pessoalmente, por meio de conversas e diálogos em que caberá ao 
líder compreender os motivos pelos quais o código de ética não está sendo 
cumprido e tomar as atitudes necessárias à readequação dos trabalhos. 
A maioria dos códigos de ética das organizações aborda temas como: 
conflitos de interesse, conduta ilegal, segurança dos ativos da empresa, 
honestidade nas comunicações dos negócios da empresa, denúncias, 
suborno, entretenimento e viagem, propriedade de informação, contratos 
governamentais, responsabilidade de cada parceiro, assédio moral, assédio 
sexual, uso de drogas e álcool (PONCHIROLLI, 2007).
A ética é importante no universo organizacional, já que as empresas, 
as organizações ou instituições são agentes da sociedade que dependem de 
homens de caráter bem formado, livres, inteligentes, competentes e eficazes 
(PONCHIROLLI, 2007).
As pessoas são essenciais dentro das organizações. Não substituímos o 
trabalho dos seres humanos pelos computadores, sendo os recursos tecnológicos 
somente ferramentas que fornecem o suporte para facilitar ou apoiar as ações 
humanas. Assim, as pessoas são o “capital” de maior valor dentro de uma 
empresa e para que este “capital” mantenha a qualidade necessária, deve ser 
cultivado e orientado de acordo com os preceitos éticos.
As virtudes integrantes de uma organização definem seu clima ético, 
componente fundamental da cultura empresarial. Conforme Ponchirolli (2007), 
os clientes e parceiros acabam por solidificar sua confiança na empresa, pela 
percepção que têm de sua cultura. Eles esperam encontrar, por exemplo, muita 
dedicação aos clientes, cooperação com a comunidade, respeito às pessoas, 
trabalho em equipe, espírito empreendedor e integridade nos profissionais de 
todos os níveis hierárquicos. 
Vamos refletir um pouco sobre isso.
O que é cultura empresarial?
Capítulo 1
31 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
O que faz alguém gostar de trabalhar em uma empresa e ter orgulho de 
fazer parte dela?
O que constrói a fidelização de um cliente ou a prestatividade de 
um fornecedor? 
As respostas para estas perguntas não estão restritas ao caráter 
financeiro. Não é somente um bom salário o que vai trazer satisfação a um 
funcionário. Você deve concordar que não é somente o melhor preço que vai 
fidelizar um cliente ou, ainda, o pagamento em dia de um fornecedor não é o 
único requisito para torná-lo parceiro da empresa. 
Uma empresa sólida está informada sobre a política financeira aplicada as 
suas atividades e se esforça por manter-se dentro dos parâmetros de mercado. 
Todavia, uma empresa sólida também possui e alimenta uma cultura interna 
de valores morais que possam satisfazer os anseios humanos das pessoas com 
as quais se relaciona. Ela compreende o ser humano e dedica esforços para 
construir e manter um clima no trabalho digno a ele. 
É este clima de atenção, respeito e solidariedade que vai unir as pessoas e 
fazer com que elas, juntas, viabilizem a solidez da empresa no mercado. Assim, não 
será qualquer vento ou instabilidade do mercado que vai fazer estremecer suas 
estruturas. Essa é uma empresa sólida e apta a enfrentar as intempéries do mercado.
Para Arruda (apud PONCHIROLLI, 2007), cada organização estabelece um 
sistema de valores, explícito ou não, para que haja uma homogeneidade na 
forma de conduzir questões específicas e relativas a seus clientes e parceiros.
Saiba que a ética nos negócios reflete os hábitos e as escolhas que os 
administradores fazem no que diz respeito às suas próprias atividades e às do 
restante da organização. 
Conforme Ponchirolli (2007), a ética
empresarial leva em consideração 
três áreas básicas de tomada de decisão gerencial:
 • escolhas quanto à lei;
 • escolhas sobre os assuntos econômicos e sociais estão além do 
domínio da lei;
 • escolhas sobre a preeminência do interesse próprio. 
Capítulo 1
32 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
É importante considerar o papel destacado do líder na implementação 
da cultura ética dentro de uma empresa. Esse sujeito, ou essas pessoas, que 
vão variar em número de acordo com o porte da empresa, têm a atribuição de 
refletir os valores éticos da empresa. 
Vamos pensar sobre isso. 
Por exemplo, um filho respeita, segue fielmente as ordens e convive bem 
com um pai que possui baixa moral? O que acontece nas famílias nas quais o 
pai é alcoólatra, bate na esposa e não trabalha para suprir as necessidades 
financeiras do lar? Esta família de desestruturará. Na melhor das hipóteses, 
o filho tentará se firmar na vida elegendo outro líder ou outro referencial 
para seguir em frente e ter êxito, mas não podemos descartar a possibilidade 
de ele se tornar uma pessoa com sérios problemas, com uma vida cheia de 
dificuldades oriundas de sua falta de estrutura familiar. 
Para uma organização, seus líderes são como pais (ou mães) de família, 
são exemplos e são observados por todos os seus subordinados. Caso a 
liderança não tenha suporte ético suficiente para promover uma cultura 
organizacional sadia, a empresa tenderá à ruptura, cedo ou tarde, mesmo que 
tenha excelentes funcionários.
Líderes não precisam ser perfeitos, precisam ser justos, começando 
consigo mesmos. Saber identificar seus erros e corrigi-los o mais rápido 
possível é o caminho ideal.
Aqui podemos aplicar aqueles conhecidos ditos populares: só não erra 
aquele que não faz. Ou ainda: errar uma vez é normal, persistir no erro é burrice. 
Uma das principais questões da ética nos negócios e para o administrador 
preocupado em sustentar altos padrões de comportamento empresarial não 
é considerar todos os homens e mulheres de negócio antiéticos. A supervisão 
do cumprimento das regras é necessária, mas não assegura uma conduta 
ética nos negócios. A tarefa urgente de todo líder empresarial é concentrar-
se não apenas naquilo que não deve ser feito, mas também naquilo que 
o administrador ético deve pensar em termos morais e econômicos. É 
nesse ponto que a liderança moral verdadeira vai acontecer nas empresas 
(PONCHIROLLI, 2007).
Capítulo 1
33 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
A velocidade com a qual a comunicação é feita hoje em dia é um elemento 
bastante importante a ser considerado. Em um mundo onde a comunicação 
é valor e os efeitos da globalização pesam sobre a administração, ao mesmo 
tempo em que a impulsionam para a transformação sistemática, surge a 
reflexão sobre a importância da ética nos negócios. 
Muitas vezes, são necessárias apenas algumas horas para destruir uma 
imagem que a empresa leva anos para construir. Um cliente mal atendido pode, 
por exemplo, disparar um e-mail para sua lista de contatos contendo sua crítica 
à organização e contando mil e uma coisas que o desagradaram sobre o produto 
ou a forma como foi atendido. Até se provar a veracidade ou calúnia sobre os 
fatos, ou ainda até se identificar os reais culpados, a situação já saiu do controle. 
Então, a empresa gastará uma quantidade de recursos, tanto humanos quanto 
financeiros, o que pode provocar um impacto significativo em sua gestão.
Portanto, criar e manter um ambiente ético nas empresas é elemento 
importante para fornecer a ela um componente de estabilidade, prevenindo 
problemas e possibilitando uma atuação mais efetiva quando eles surgirem. 
1.2.4 sociedade e cidadania
Vamos agora estudar um pouco sobre o conceito de sociedade e de cidadania?
Conhecer e refletir sobre esses conceitos nos fará compreender melhor a 
natureza da sociedade e do comportamento de seus indivíduos.
DEFINIÇÃO
Segundo o dicionário Aurélio, sociedade é o 
conjunto de pessoas que vivem em certa faixa 
de tempo e de espaço, seguindo normas comuns 
e que são unidas pelo sentimento de consciência 
do grupo (FERREIRA, 1986).
Nesta definição temos apresentadas as características do elemento 
sociedade, mas por que, afinal, as pessoas vivem em sociedade? Não 
poderiam viver sozinhas? Quais as necessidades de uma sociedade? Como 
se organiza uma? 
Capítulo 1
34 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
Em sua obra A República, Platão conjetura sobre a fundação de uma 
cidade, partindo, para isso, de uma associação voluntária de homens. Ou seja, 
ele considera que viver em sociedade é um ato voluntário das pessoas, foi uma 
ação natural do comportamento das pessoas.
Mas vamos analisar isso mais detalhadamente.
Conforme Ponchirolli (2007), do ponto de vista funcional, uma sociedade 
organizada nasce porque cada um de nós não é autárquico, isto é, não se 
basta a si mesmo e tem necessidade dos serviços de muitos homens. Em uma 
sociedade, são imprescindíveis os serviços de todos aqueles que provêm as 
necessidades materiais, desde o alimento até as vestes e habitação.
Esta primeira classe é constituída de homens nos quais prevalece o 
aspecto “concupiscível” da alma. Ainda conforme o mesmo autor, essa classe 
social é boa quando nela predomina a virtude da “temperança. 
Mas o que significa a virtude da temperança? 
Temperança é a virtude de quem é moderado, de quem modera 
apetites e paixões. Em outras palavras, podemos dizer ainda que 
temperança é: “sobriedade, comedimento, economia, parcimônia” 
(FERREIRA, 1986). Assim, é destacado que, para o bom desempenho da 
classe de pessoas abordada anteriormente, seus componentes sejam 
atentos no controle de seus desejos e não permitam que estes governem 
seu modo de vida.
Também em A República, Platão escreve que se todos os homens 
satisfizessem as suas próprias necessidades (ou seja, se cada um confeccionasse 
sua própria roupa, armas, ferramentas, habitação e cultivassem a terra etc.), 
todas as funções e artigos seriam mal feitos ou grosseiramente confeccionados, 
exceto na especialidade própria de cada um.
Platão soluciona o problema fazendo canalizar as atividades por 
profissões. Por exemplo, o sapateiro faria os sapatos para todos, o mesmo se 
passando para as outras profissões. Então, todas as coisas seriam bem feitas e 
cada um encontrá-las-ia tão satisfatórias como se tivesse tido cem vezes mais 
dinheiro, tempo e habilidade do que fez uso na realidade.
Capítulo 1
35 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
O fato é que a sociedade fez participar cada um na confecção de todos 
os bens, seus e dos outros.
Em segundo lugar, na sociedade são necessários os serviços de alguns 
homens responsáveis pela guarda e defesa da cidade. A segunda classe é 
constituída de homens nos quais prevalece a força “irascível” e volitiva da 
alma. A virtude dessa classe social deve ser a fortaleza ou a coragem, destaca 
Ponchirolli (2007).
Vamos esclarecer melhor essa questão?
As pessoas que cuidam da guarda da cidade devem vigiar a sua propensão 
à ira, a facilidade de irritação, pois trata-se de guerreiros, de homens destinados 
ao combate, que andam armados e possuem a autorização para o uso das 
ferramentas de combate. Sendo assim, a eles cabe o exercício da ação pautada 
no controle consciente dos atos, pois agir de forma descontrolada poderá 
acarretar em sérios riscos à sociedade. 
É compreensível que a virtude da classe dos que guardam a cidade deva 
ser a fortaleza, pois sua posição na sociedade tenderá a colocá-los em situações 
difíceis, possivelmente que impliquem em sacrificar suas próprias vidas em 
detrimento da segurança da cidade.
O que acontecerá se homens
covardes fizerem parte dessa classe? Estaria 
a cidade segura?
Ao final, na sociedade, é necessária a dedicação de alguns poucos homens 
que saibam governar adequadamente a cidade. A terceira classe então é 
formada pelos governantes, que deverão ser aqueles que tenham amado a 
cidade mais do que os outros, tenham cumprido com zelo sua própria missão e, 
especialmente, tenham aprendido a conhecer e contemplar o bem. Conforme 
Platão (apud PONCHIROLLI, 2007), nos governantes, portanto, predomina a 
alma racional, e sua virtude específica é a sabedoria. 
A cidade necessita, então, de três classes sociais: 
 • a dos lavradores, artesãos e comerciantes;
 • a dos guardas;
 • a dos governantes. 
Capítulo 1
36 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
Quando cada cidadão e cada classe social desempenham as funções que 
lhes são próprias da melhor forma, e fazem aquilo que por natureza e por lei 
são convocados a fazer, então se realiza a justiça perfeita. Existe, assim, uma 
correspondência harmônica entre as virtudes da cidade e as virtudes do indivíduo.
Visto isso, agora conseguimos vislumbrar alguns elementos-chave que 
nos fazem compreender melhor a sociedade e suas necessidades.
Vimos que existem diferentes necessidades na sociedade e que essas 
demandas devem ser supridas por aqueles que melhor podem oferecê-las, de 
acordo com sua natureza. Tal organização permite a configuração de uma 
sociedade harmoniosa, adequada.
É importante não fazermos julgamento sobre a relevância de cada uma 
das classes sociais, de forma a darmos mais valor a uma em detrimento das 
outras. A questão fundamental é compreender que cada uma desempenha 
um papel específico, nem pior nem melhor que o outro, apenas diferente.
Agora, para continuar, que tal acompanharmos uma definição de cidadania? 
DEFINIÇÃO
Cidadania é a qualidade ou estado do cidadão. 
Por sua vez, cidadão é o indivíduo no gozo 
dos direitos civis e políticos do Estado, ou no 
desempenho dos seus deveres para com este 
(FERREIRA, 1986).
Vemos aqui uma relação pautada em direitos e deveres. A cidadania é 
a qualidade atribuída àqueles que exercem seus papéis na sociedade e que, 
por outro lado, também se beneficiam dos seus direitos, em uma relação 
equilibrada e justa. 
É comum nos depararmos com a definição de cidadania relacionada a 
uma empresa, por meio de expressões do tipo: empresa tal é uma empresa 
cidadã. Mas o que esta expressão significa realmente? 
Ao intitular uma empresa ou instituição como cidadã, a denominação está 
se referindo à empresa como executora de atividades em prol da sociedade, 
Capítulo 1
37 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
tendo em vista que, cada vez mais, a atuação empresarial vem extrapolando 
seus ambientes internos. Geralmente, essas empresas possuem atividades e 
projetos sociais, dedicam recursos financeiros e humanos para o benefício da 
sociedade, nas diversas áreas em que podem ser aplicados.
Com isso, estamos próximos de encerrar este primeiro capítulo.
Mas será que uma empresa pode intitular-se cidadã sem observar 
plenamente a questão dos direitos humanos e trabalhistas?
Pois é justamente este o tema que você acompanha na seção seguinte. 
1.2.5 Direitos humanos e leis trabalhistas
Para começar esta seção, vamos compreender o significado e a origem 
dos direitos humanos e das leis trabalhistas?
Se estudarmos a fundo o conceito dos direitos humanos, veremos que ele 
é variável de acordo com a concepção político-ideológica de cada um. Em vista 
disso, o objetivo aqui é esclarecer o tema de forma abrangente para que você 
possa identificar essas tendências e compreender a origem das diferenciações.
Segundo Araújo Filho (1997), podemos ter três grandes concepções para 
fundamentar filosoficamente os direitos de uma pessoa: concepções idealistas, 
concepções positivistas e concepções crítico-materialistas. Vamos agora ver 
cada uma delas.
 • Concepção idealista: fundamenta os direitos humanos a partir de uma 
visão abstrata que pode se manifestar na razão natural humana. Diz-
se naturais por se entender que se tratam de direitos inatos, ou seja, 
inerentes à natureza do homem, direitos que cabem ao homem só 
pelo fato de ser homem. O direito natural é ligado à natureza humana 
porque expressa suas inclinações racionais de maneira que a lei venha 
determinar ou manifestar o que a reta razão concebe como belo e bom. 
Segundo esta concepção, onde houver vida em comum encontraremos 
princípios que não são contingentes ou variáveis (ARAÚJO FILHO, 1997).
 • Concepção positivista: é aquela que considera fundamentais os 
direitos reconhecidos pelo Estado, por meio da sua ordem jurídica. 
Capítulo 1
38 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
Considera os direitos humanos não como um produto ideal de um 
poder superior ao do Estado – como a razão ou a natureza – mas, 
sim, como a expressão genuína da vontade estatal, cuja existência 
e efetividade estariam condicionadas ao processo de legitimação 
do poder público. De acordo com esta concepção, qualquer direito 
somente existiria quando previsto em lei, que passa a assumir a 
condição de único valor. E como o direito repousa exclusivamente 
na lei, não haveria por que cogitar-se acerca de uma ordem ideal de 
direitos (ARAÚJO FILHO, 1997).
Vemos uma clara diferenciação entre a concepção idealista e 
positivista, certo?
Na concepção idealista, os direitos humanos são de tal forma 
fundamentais que não precisam estar expressos em lei. Já na concepção 
positivista, a existência da lei é condição primeira à existência do direito, ao 
passo que, não estando previsto em lei, ele não existe.
 • Concepção crítico-materialista: esta concepção foi inspirada na obra 
de Marx. Os direitos considerados fundamentais não passavam da 
expressão formal de um processo político-social e ideológico realizado 
por lutas sociais no momento da ascensão da burguesia ao poder 
político (ARAÚJO FILHO, 1997).
Karl Heinrich Marx (1818-1883): filósofo, 
economista e militante revolucionário alemão 
de origem judaica nascido em Trier, na Renânia, 
então província da Prússia, cujo pensamento de 
coletivizar as riquezas e distribuir justiça social 
mudou radicalmente a história política da 
humanidade, gerando as revoluções socialistas.
Fonte: <http://commons.
wikimedia.org>
BIOGRAFIA
De acordo com Araújo Filho (1997), para a concepção crítico-materialista, 
os direitos humanos, por mais fundamentais que sejam, nasceram de forma 
gradual em determinadas circunstâncias, não todos de uma vez e nem de 
Capítulo 1
39 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
uma vez por todas: nasceram quando deveriam ou poderiam nascer, como 
manifestação direta das necessidades de tal ou qual época e intentos de 
satisfazer estas necessidades. 
Vejamos aqui que, para esta concepção, os direitos humanos não têm sua 
origem nem nas leis naturais que regem a existência dos seres humanos, nem 
no Estado, como elemento superior capaz de definir o que é melhor para a 
sociedade, mas sim na luta das classes sociais registradas ao longo do tempo, 
sem as quais esses direitos não teriam sido assegurados da forma como foram 
estabelecidos nas declarações internacionais e constituições federais dos países.
Os direitos humanos são universais, indivisíveis e interdependentes. 
Vamos entender o que significam estas características, conforme a Secretaria 
de Direitos Humanos do Governo Federal (2011).
 • Universais: são universais porque são atribuídos igualmente a todas as 
pessoas, sem distinção, em todo o planeta. 
 • Indivisíveis e interdependentes: porque somente sua efetivação 
integral e completa garante que o princípio do respeito à dignidade 
da pessoa humana seja realizado.
Os direitos econômicos e sociais, 
por exemplo, não podem ser protegidos com prejuízo dos direitos 
civis e políticos concernentes à liberdade. 
Sendo assim, os direitos humanos são válidos para todos, brasileiros, 
africanos ou norte-americanos, apesar das diferenças sociais e políticas 
existentes. Todavia, fica evidente que existe uma distância a ser percorrida até 
que eles sejam realmente efetivados conforme concebidos, certo?
Na esfera internacional, os principais documentos existentes para a 
promoção e defesa dos direitos humanos são:
 • a Declaração Universal dos Direitos Humanos;
 • o Pacto dos Direitos Civis e Políticos e seus protocolos adicionais;
 • o Pacto dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais;
 • a Convenção Americana dos Direitos Humanos.
Há, ainda, pelo menos 13 convenções ou declarações da Organização das 
Nações Unidas (ONU) que focalizam temas específicos como racismo, direitos 
Capítulo 1
40 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
da mulher, criança, trabalhadores, migrantes, tortura, desaparecimentos 
forçados, povos indígenas e pessoas com deficiência (SEDH, 2011).
No Brasil, a Constituição Federal de 1988 incorporou os direitos consignados 
na Declaração Universal, assegurando a todos os brasileiros que estes direitos 
fossem garantidos pelo Estado com o apoio de toda a sociedade (SEDH, 2011).
A Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/
PR) é responsável pela articulação interministerial e intersetorial das políticas 
de promoção e proteção aos direitos humanos no Brasil. Criada em 1977, 
dentro do Ministério da Justiça, foi alçada ao status de ministério em 2003. As 
principais atribuições da SDH/PR são (SDH, 2011):
• Propor políticas e diretrizes que orientem a promoção dos direitos 
humanos, criando ou apoiando projetos, programas e ações com 
tal finalidade;
• Articular parcerias com os poderes Legislativo e Judiciário, com os 
estados e municípios, com a sociedade civil e com organizações 
internacionais para trabalho de promoção e defesa dos direitos 
humanos;
• Coordenar a Política Nacional de Direitos Humanos segundo as 
diretrizes do Programa Nacional de Direitos Humanos;
• Receber e encaminhar informações e denúncias de violações de 
direitos da criança e do adolescente, da pessoa com deficiência, 
da população de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais 
e de todos os grupos sociais vulneráveis;
• A SDH/PR atua como Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos.
Conforme você viu, os direitos dos trabalhadores estão inseridos nos direitos 
humanos, já que não é possível dissociar o homem da sua porção trabalhadora. 
Portanto, depois de conhecermos a diferentes formas de concepção dos direitos 
humanos, os principais documentos internacionais e a organização deste tipo 
de direitos aqui no nosso país, passamos então a estudar as leis trabalhistas.
O direito do trabalho é a parte do ordenamento jurídico que rege as relações 
de trabalho subordinado, prestado por uma pessoa a um terceiro, sob a dependência 
deste e em troca de uma remuneração contratualmente ajustada (SAAD, 2011).
Muitos autores afirmam que a consolidação das leis do trabalho é o 
diploma legal mais difundido no Brasil. Esta afirmação é correta porque não 
há, entre nós, quem não tenha interesse em conhecer as normas que regulam 
Capítulo 1
41 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
as relações de trabalho nela previstas, já que todos somos (ou pretendemos 
ser) empregados ou empregadores, ou ambas as coisas ao mesmo tempo. 
DEFINIÇÃO
Segundo a definição de Gallart Folch (1936, apud 
SAAD, 2011): direito do trabalho é o conjunto de 
normas jurídicas destinadas a regular as relações 
de trabalho entre patrões e operários e, além 
disso, outros aspectos da vida destes últimos, 
mas precisamente em razão de suas condições de trabalhadores. 
O direito do trabalho abrange não apenas o contrato individual, mas 
também a organização sindical, o direito administrativo do trabalho, o direito 
internacional do trabalho, convenções e acordos coletivos.
Para você ter uma ideia do conteúdo que abrange o direito do trabalho, 
vamos citar alguns itens expressos nas leis trabalhistas:
 • identificação profissional (carteira de trabalho, anotações, livros 
de registro);
 • a duração do trabalho (jornada de trabalho, período de descanso, 
trabalho noturno);
 • o salário mínimo (conceito, as regiões, fixação);
 • as férias anuais (duração, remuneração, prescrição);
 • condições de trabalho (são tratadas diversas profissões de forma 
específica, tais como professores, químicos e bancários);
 • proteção do trabalho da mulher (discriminação, métodos e locais, 
maternidade);
 • proteção do trabalho do menor (duração, carteira de trabalho e 
previdência social, deveres dos responsáveis);
 • contrato individual do trabalho;
 • enquadramento sindical;
 • convenções coletivas de trabalho;
 • comissões de conciliação prévia;
 • ministério público do trabalho;
 • processo judiciário do trabalho;
 • serviços auxiliares da justiça do trabalho.
Capítulo 1
42 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
Com isto, encerramos aqui o primeiro capítulo da nossa disciplina de 
Responsabilidade Social. Embora sejam temas que, à primeira vista, possam 
parecer desconexos, estão todos relacionados. 
Como você pode ter percebido, a lei prescinde da ética para ser justa. É 
a mesma ética que vai ditar relações profissionais e empresariais harmoniosas, 
assim como resulta em uma sociedade equilibrada.
Se é ética, a sociedade é também cidadã. Um lugar justo, no qual não 
apenas florescem, mas são respeitados os direitos humanos e trabalhistas.
1.3 aplicando a teoria na prática
Agora, chegou o momento de aplicarmos o que estudamos até aqui em 
um exemplo prático.
Imagine a seguinte situação: um colega seu de trabalho está precisando 
de sua ajuda para terminar um relatório, cujo prazo de entrega está expirando.
Você sabe fazer o relatório, mas está com suas atividades programadas 
em sequência e não dispõe de muito tempo para distrações, o que significa 
que precisa ser bem eficiente para acabar com todas as demandas que estão 
sobre sua mesa.
Mas seu colega está numa situação crítica, ele precisa entregar o relatório 
e não sabe como fazer.
Você deve parar o que está fazendo para ajudá-lo? Por que você deveria 
ajudá-lo? Seria ético deixar seu colega sem ajuda? E, mais importante, como 
você pode realmente ajudá-lo?
De acordo com o que estudamos, sim, é seu dever parar o que está fazendo 
para ajudá-lo. Isto porque no ambiente de trabalho devemos procurar um 
clima de cooperação, não de competição. Assim, toda a equipe cresce junto.
Seria falta de ética você se negar a ajudar um membro da sua equipe.
Capítulo 1
43 Responsabilidade Social e Meio Ambiente
Neste exercício de ajudar seu colega de trabalho, você deve procurar 
aplicar a virtude do comportamento humano chamada liberdade e fugir dos 
extremos que são chamados de prodigalidade ou avareza.
Se em vez de ajudá-lo você se negar a parar o que está fazendo, você 
estará agindo com avareza. Entretanto, perceba que mesmo ajudando-o, você 
o fizer tomando tempo demasiado, você estará agindo num outro extremo 
chamado de prodigalidade.
Na situação aqui apresentada, a qualidade de sua ação está no ato de 
identificar a necessidade de seu colega e orientá-lo de forma objetiva, pois 
você também precisa fazer o que está sobre sua atribuição.
1.4 para saber mais
título: a república
Autor: Platão Editora: Martin Claret Ano: 2007
Esta obra deixada por Platão aborda vários temas, todos subordinados à 
questão central da justiça. É uma das obras-primas de Platão e da literatura 
universal, leitura obrigatória para aqueles

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