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FLUIDOTERAPIA E REPOSIÇÃO HIDROELETROLÍTICA FLUIDOTERAPIA Definição e Objetivo ● Tratamento de suporte para pacientes. ● Principais objetivos ○ Expandir a volemia (aumentar o volume de sangue circulante). ○ Corrigir desequilíbrios hídricos e eletrolíticos (ajustar a quantidade de líquidos e sais no corpo). ○ Suplementar calorias e nutrientes (caso necessário). ○ Auxiliar no tratamento da doença primária (como suporte ao tratamento principal). Características da Terapia ● Individualizada: Adaptada às necessidades do paciente. ● Dinâmica: Requer monitorização constante para ajustes. Fatores a Considerar na Fluidoterapia ● Tipo de fluido: Escolhido conforme a necessidade do paciente. ● Volume administrado: Deve ser calculado corretamente. ● Taxa de infusão: velocidade de administração do fluido. ● Localização da distribuição: Avaliação entre os compartimentos intersticial (tecidos) e intravascular (vasos sanguíneos). DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA NO CORPO A água corporal total representa um percentual do peso corporal, variando conforme a idade e a condição do animal ● Adultos → 60% do peso corporal. ● Neonatos → 80% do peso corporal. ● Obesos → 40-50% do peso corporal (devido ao maior volume de gordura, que contém menos água). Compartimentos Líquidos Corporais A água no organismo está dividida em dois grandes compartimentos. ● Líquido Intracelular (LIC) → 50% do peso corporal. ○ Localizado dentro das células. ○ Contém principalmente potássio (K⁺) e magnésio (Mg²⁺). ● Líquido Extracelular (LEC) → 20% do peso corporal. ○ Líquido intersticial (15%) → Entre as células. ○ Plasma sanguíneo (5%) → No sangue. ○ Rico em sódio (Na⁺), cloreto (Cl⁻) e bicarbonato (HCO₃⁻). Exemplos com peso ● Cachorro de 10 kg ○ Água corporal total: 6 litros (60%). ○ FIC: 4 litros. ○ FEC: 2 litros (1,5 litros intersticial e 0,5 litros de plasma). ○ Matéria seca: 40%. ● Gato de 5 kg ○ Água corporal total: 3 litros (60%). ○ FIC: 2 litros. ○ FEC: 1 litro (0,75 litros intersticial e 0,25 litros de plasma). ○ Matéria seca: 40%. Movimento dos Fluidos no Corpo O movimento da água entre os compartimentos (intracelular e extracelular) é determinado pelo gradiente osmótico. ● Osmolalidade normal: 280 mosm/kg (280 mmol/kg) nos dois compartimentos. ● Aumento da osmolalidade do FEC: A água se move do FIC para o FEC, causando desidratação celular. ● Diminuição da osmolalidade do FEC: A água se move do FEC para o FIC, causando edema celular. A água se desloca entre os compartimentos por diferenças de pressão ● Pressão osmótica → Controlada pelos solutos, como sódio e proteínas. ● Pressão hidrostática → Determinada pela força do sangue empurrando os líquidos. Esse movimento mantém o equilíbrio hídrico entre células, vasos sanguíneos e tecidos. Perdas e Reposição de Água O corpo perde e repõe água constantemente para manter o equilíbrio ● Perdas sensíveis (podem ser medidas) → Urina e fezes. ● Perdas insensíveis (ocorrem sem percepção) → Respiração e transpiração. A ingestão de água e o controle hormonal ajudam a compensar essas perdas e manter a homeostase. Regulação Hídrica e Eletrolítica O corpo regula a quantidade de água e eletrólitos com ajuda de hormônios ● Hormônio Antidiurético (HAD) → Retém água nos rins e reduz a eliminação na urina. ● Aldosterona → Regula a reabsorção de sódio e a eliminação de potássio. Essa regulação garante que o volume sanguíneo e a concentração dos eletrólitos fiquem estáveis. DESIDRATAÇÃO Acontece quando o corpo perde mais líquidos do que ingere, causando um desequilíbrio. A desidratação pode ser classificada de acordo com a quantidade de sódio (Na⁺) e água perdida, afetando a osmolaridade do corpo. Tipos de Desidratação Desidratação Hipotônica (Mais sódio perdido do que água) ● O corpo perde mais sódio (Na⁺) do que água, levando à hiponatremia (baixo nível de sódio no sangue). ● Osmolaridade diminui (menos partículas dissolvidas no sangue). ● Redução do volume circulante, causando sinais clínicos evidentes de desidratação. ● Exames laboratoriais ○ Aumento do hematócrito (HT) → O sangue fica mais "concentrado". ○ Aumento das proteínas totais (PT) → Devido à perda de fluido sem reposição adequada. ● Causas comuns ○ Uso de diuréticos (remédios que aumentam a eliminação de urina). ○ Hipoadrenocorticismo (doença que afeta a produção de hormônios pelas glândulas adrenais). ○ Pancreatite, peritonite e hemorragia. Desidratação Isotônica (Perda proporcional de sódio e água) ● Perda equilibrada de sódio e água → A concentração de sódio no sangue permanece normal. ● A osmolaridade do sangue não muda, pois as proporções de solutos e água são mantidas. ● Exames laboratoriais ○ Hematócrito e proteínas totais podem estar normais. ● Causas comuns ○ Vômitos e diarreia, que eliminam água e eletrólitos proporcionalmente. Desidratação Hipertônica (Mais água perdida do que sódio) ● O corpo perde mais água do que sódio, resultando em hipernatremia (excesso de sódio no sangue). ● Aumento da osmolaridade → O sangue fica mais concentrado. ● Exames laboratoriais ○ Hematócrito e proteínas totais podem estar um pouco alterados. ● Causas comuns ○ Diabetes mellitus ou insipidus. ○ Insuficiência renal. ○ Queimaduras (provocam grande perda de líquidos pelo extravasamento de plasma). ○ Administração de soluções muito concentradas (excesso de sódio no soro aplicado). Avaliação do Espaço de Fluido Intravascular ● Histórico e Dados Clínicos do Paciente ○ Levantar informações como episódios de vômito, diarreia, baixa ingestão de líquidos, febre, sinais de hemorragia, etc. ● Parâmetros de Perfusão ○ Avaliar o estado mental. ○ Medir a frequência cardíaca. ○ Observar o tempo de enchimento capilar. ○ Verificar a cor da mucosa. ○ Checar a temperatura das extremidades. ○ Analisar o turgor da pele. ○ Avaliar a qualidade do pulso. ● Monitoramento e Exames ○ Monitorar a pressão arterial e os achados do eletrocardiograma. ○ Revisar resultados de exames laboratoriais e de imagem. Critérios para Avaliação do Volume Intravascular Hipovolemia (Volume Reduzido) Causas Comuns ● Vômito, diarréia, ingestão insuficiente de líquidos. ● Febre, perda de sangue ou hemorragia. Achados Clínicos ● Desidratação severa (acima de 12%). ● Sinais de hemorragia. ● Hipotensão (pressão baixa). ● Arritmias. Exames Complementares ● Alterações laboratoriais como hiperlactatemia, acidose metabólica, anemia aguda e hipoproteinemia. ● Exames de imagem podem evidenciar microcardia (redução do tamanho do coração). Hipervolemia (Excesso de Volume) Causas Comuns ● Sobrecarga de fluidos por administração excessiva. ● Polidipsia (consumo exagerado de líquidos). ● Intoxicação por sal ou uso de agentes osmóticos. Achados Clínicos ● Alterações no pulso (qualidade alterada). ● Presença de sopro cardíaco. ● Som de pulmão úmido. ● Sinais de congestão como distensão da veia jugular e edema periférico. ● Arritmias. Exames Complementares ● Hemodiluição (redução dos níveis de hematócrito, uréia e eletrólitos). ● Exames de imagem podem mostrar ascite (líquido na cavidade abdominal) ou efusão pleural (líquido nos pulmões). Avaliação do Espaço Intersticial Hidratação ● Avaliar os sinais de hidratação geral do paciente para identificar possíveis desequilíbrios no espaço intersticial. Avaliação do Espaço Intracelular Parâmetros Específicos ● Medir a concentração de sódio no paciente. ● Calcular o Déficit de Água Livre de Soluto (DAL) utilizando a fórmula A fórmula funciona da seguinte maneira 1. Subtrai-se 1 da razão entre a concentração de sódio do paciente e a desejada. Isso indica o desvio de sódio do paciente em relação ao valor normal. 2. Multiplica-se o valor obtido por 0,6 x Peso para calcular o volume total de água a ser corrigido no corpo do paciente. 3. O resultado é o Déficit de ÁguaLivre (DAL), ou seja, a quantidade de água a ser administrada para corrigir o desequilíbrio de sódio. Por exemplo, se o paciente tem 160 mEq/L de Na e a meta é 140 mEq/L, o cálculo seria: DAL =[(160140)−1]×(0,6×Peso) ● Esse cálculo ajuda a definir a quantidade de água necessária para corrigir os desequilíbrios na concentração de sódio. GRAU DE DESIDRATAÇÃO Para se avaliar precisa-se fazer 1. Anamnese 2. Exame físico 3. Estimativa clínica dos graus de desidratação 4. Exames laboratoriais Anamnese O que é? ● A anamnese é a coleta de informações sobre o histórico do paciente, realizada por meio de entrevistas com o tutor ou responsável. Perguntas essenciais ● Perda de peso? ● Tempo de evolução? ● Diarreia e vômitos? ● Presença de PU/PD (poliúria/polidipsia)? Exame Físico O que é? ● O exame físico envolve a avaliação direta do paciente para identificar sinais clínicos que indicam o estado de hidratação. Itens a se Valia ● Turgor cutâneo. ● Umidade das mucosas. ● Posição do globo ocular na órbita. ● Frequência cardíaca. ● Pulso periférico. ● Tempo de preenchimento capilar (TPC). Graus de desidratação em pequenos animais Pequenos Animais ● Sem desidratação detectável: Sem alterações evidentes no turgor e umidade. ● Desidratação leve: Redução discreta do turgor cutâneo. ● Desidratação moderada: Turgor diminuído moderadamente e mucosas secas. ● Desidratação severa: Turgor acentuadamente reduzido, olhos retraídos, pele que não retorna à sua posição (tenda cutânea), córnea opaca e sinais de hipovolemia, podendo evoluir para choque e risco de morte. Ruminantes % Estimado Achados no Exame Físico 12% Choque hipovolêmico, morte Exames Laboratoriais Hemograma ● Aumento do hematócrito. ● Hiperproteinemia. ● Presença de rouleaux eritrocitário. Bioquímicos Provas de função renal ● Uréia e creatinina. ● Identificação de azotemia pré-renal → TGF. ● Monitorização da eficácia da fluido para perfusão renal. Bioquímicos ● Glicemia. ● Presença de hiperglicemia ou hipoglicemia. ● Adição de glicose ao protocolo de fluido. Dosagem de eletrólitos ● Sódio, potássio e cloretos. ● Identificação dos desequilíbrios eletrolíticos. ○ Ex: hiponatremia ou hipernatremia. Hemogasometria ● Equilíbrio ácido básico. Urinálise ● Densidade: Normal a aumentada. ● OBS: Se houver hipostenúria, investigar causa base. ● Glicose, corpos cetônicos e proteínas. VIA DE ADMINISTRAÇÃO Critérios para Escolha da Via de Administração Tipo e Gravidade da Afecção ● Doenças mais graves exigem intervenções rápidas e efetivas, enquanto condições menos críticas podem ser manejadas com vias de absorção mais lenta. Estado Clínico e Funções do Organismo ● Avaliar a capacidade de absorção e resposta do paciente (por exemplo, consciência, reflexos, e estado geral). Grau de Desidratação e Tipo de Desequilíbrio ● Desidratação leve pode ser tratada com vias menos invasivas; casos severos necessitam de reposição rápida e monitorada. Duração e Evolução da Doença ● Processos agudos podem demandar intervenção imediata, enquanto doenças crônicas podem requerer reposição contínua ou manutenção. Tempo e Equipamentos Disponíveis ● Algumas vias precisam de maior infraestrutura (como ambiente asséptico e equipamentos de monitoramento), influenciando a escolha conforme a disponibilidade. Via Oral / Enteral Características ● Custo: Método econômico. ● Absorção: Relativamente lenta, pois depende do trato gastrointestinal. ● Métodos de Administração: Pode ser administrado por seringa ou através de tubo nasoesofágico. Indicações ● Desidratação discreta. ● Manutenção dos fluidos em pacientes que não necessitam de reposição imediata. ● Suplementação nutricional. Contraindicações ● Desidratação grave, onde a absorção lenta não seria adequada. ● Pacientes com vômitos frequentes. ● Baixo nível de consciência, que pode comprometer a segurança da administração. Possíveis Complicações ● Risco de aspiração em pacientes não cooperativos ou com reflexo de deglutição comprometido. Via Intravenosa (IV) Características ● Efeito Imediato: Permite a reposição rápida e efetiva dos fluidos. ● Acesso: Utiliza cateteres inseridos em veias periféricas ou na veia jugular. ● Requisitos Técnicos: Necessita de rigorosas técnicas de assepsia, tricotomia e utilização de fluidos estéreis. Indicações ● Situações de desidratação grave ou choque, em que a rápida reposição é crucial. Complicações Possíveis ● Inflamação local (flebite). ● Trombose vascular. ● Infecções devido a falhas na assepsia. ● Dificuldade na obtenção ou manutenção do acesso venoso (não aceitação do cateter). Tipos de Cateteres Via Subcutânea (SC) Características ● Absorção: Lenta, o que a torna adequada para casos de desidratação leve. ● Uso de Soluções: Recomenda-se o uso de soluções isotônicas. Indicações ● Reposição gradual de fluidos em situações menos urgentes. Recomendações de Administração ● Dose: 20-30 mL/kg no total, distribuídos entre os locais de aplicação. ● Frequência: Uma a duas vezes ao dia. ● Fluidos Recomendados ○ Ringer Lactato, Plasma Lyte ou Normosol R. ○ Evitar o NaCl 0,9%, que possui pH baixo e pode causar dor. Cuidados ● Aplicar em diversos locais, respeitando a capacidade de absorção e a elasticidade da pele (máximo de 10-20mL/kg por local). Complicações Possíveis ● Desenvolvimento de abscessos e celulite. ● Acúmulo de fluido que pode causar desconforto e, em alguns casos, redução da temperatura corporal. Via Intraóssea (IO) Características ● Indicações Específicas ○ Muito utilizada em neonatos e pacientes pediátricos quando o acesso venoso é difícil ou inviável. ● Locais de Inserção ○ Geralmente no fêmur ou úmero. ● Procedimento ○ Considerado doloroso, requer infiltração local com lidocaína (aplicada subcutaneamente e ao redor do periósteo). ● Limitações: ○ A taxa de infusão é limitada, geralmente em torno de 1 mL/kg/min. Indicações ● Situações de emergência onde o acesso venoso não pode ser rapidamente estabelecido. SOLUÇÕES UTILIZADAS NA FLUIDOTERAPIA Cristaloides Composição ● Baseados em água com eletrólitos. Classificação Soluções de Reposição ● Composição semelhante ao fluido extracelular. ● Podem ser: ○ Isotônicas: Mesma concentração de solutos do plasma, usadas para reidratação geral. ○ Hipertônicas: Maior concentração de solutos, indicadas para expandir rapidamente o volume intravascular. Soluções de Manutenção ● Formuladas para manter o equilíbrio em longo prazo. ● Contêm menos sódio e mais potássio que as soluções de reposição. Colóides Composição ● Contêm moléculas de alto peso (grandes proteínas ou polímeros). Ação ● Expandem e mantêm o volume intravascular de forma rápida e duradoura. Classificação ● Naturais: Sangue total, plasma e albumina concentrada. ● Sintéticos: Hidroxietilamido (HEA), gelatinas e dextranos. TIPOS DE FLUIDOTERAPIA Cristaloides NaCl 0,9% (Solução Salina Isotônica) ● Tipo: Solução de REPOSIÇÃO (não indicada para manutenção). Composição: Sódio, cloro e água. ● Tem efeito acidificante. Indicações ● Situações de alcalose. ● Hipoadrenocorticismo (quando há aumento de Na⁺). ● Insuficiência renal (IR) oligúrica ou anúrica, pois não retém potássio. ● Hipercalcemia (não contém Ca²⁺). Ringer com Lactato (Isotônico) ● Tipo: Solução de REPOSIÇÃO. Composição: Semelhante ao fluido extracelular (LEC), com pH 6,5. ● Possui efeito alcalinizante por meio do lactato, que é convertido em bicarbonato. Indicações ● Reposição de fluidos. ● Pode ser usada em manutenção (desde que o paciente esteja bem hidratado). ●Útil em casos de acidose metabólica. Contraindicações ● Hepatopatias (pelo processamento do lactato). ● Alcalose metabólica ou respiratória. ● Hipercalcemia (por conter Ca²⁺). ● Administração concomitante com sangue total (pode ativar a cascata de coagulação devido ao Ca²⁺). Ringer Simples (Isotônico) ● Tipo: Semelhante ao Ringer com lactato, mas sem lactato. Composição: Maior proporção de cloreto (Cl⁻) e cálcio (Ca²⁺); levemente acidificante. Indicações ● Situações de alcalose metabólica. Glicofisiológico (Glicose 5% + NaCl 0,9%) ● Tipo: Pode ser usado para reposição e manutenção (se o paciente já estiver bem hidratado). Composição ● Semelhante à NaCl 0,9% em osmolaridade; pH em torno de 4. Indicações ● Fonte de energia. ● Tratamento da hiponatremia em pacientes que já estão hidratados. Glicose 5% (Hipotônico) ● Tipo: Solução sem eletrólitos. ● Limitação: A velocidade de administração não deve exceder 0,5 g/kg/h para evitar glicosúria. Indicações ● Hipernatremia. ● Diluição de medicações compatíveis. Contraindicações ● Não indicada para ressuscitação em casos de choque hipovolêmico. Colóides Sintéticos Composição ● Derivados de dextranos (ex.: Dextran 40 e 70). ● Polímeros de gelatina (ex.: Haemacel e Polisocel). ● Amido de hidroxietila (Hetastarch). Indicações ● Em casos de choque hipovolêmico. ● Quando há necessidade de expansão rápida do volume intravascular. ● Geralmente utilizados quando o PPT (proteína plasmática total) está abaixo de 3,5 ou a albumina abaixo de 1,5. Contraindicações ● Doença renal crônica (DRC). ● Pacientes com coagulopatias (distúrbios de coagulação). Soluções Empregadas na Fluidoterapia Colóides Sintéticos Segurança ● Não há consenso quanto ao uso como fluido de ressuscitação. ● Uso em animais pequenos graves é controverso devido a preocupações com segurança e eficácia. Possíveis Complicações ● Risco de Insuficiência Renal Aguda (IRA). ● Coagulopatia (distúrbios na coagulação do sangue). Observação Adicional ● Em situações de alta permeabilidade vascular (como sepse, traumas ou danos endoteliais), pode reduzir o fornecimento de oxigênio. Colóides Naturais Produtos do Sangue ● Sangue total: Contém hemácias, leucócitos, plaquetas, fatores de coagulação, imunoglobulinas e albumina. ● Componentes Sanguíneos ○ Papa de hemácias (concentrado de hemácias). ○ Plasma fresco congelado. ○ Sangue fresco congelado. Custo: Cristaloide x Colóide Passo a Passo na Fluidoterapia 1. Avaliação do Paciente ○ Determinar o tipo e a porcentagem de desidratação. 2. Via de Administração ○ Escolha da via mais adequada (IV, subcutânea, etc.). 3. Tipo de Fluido ○ Decidir entre cristalóides e colóides conforme a situação. 4. Cálculo do Volume e Velocidade de Infusão ○ Definir a dose e a taxa de administração de acordo com as necessidades do paciente. Três Etapas da Fluidoterapia REANIMAÇÃO (Emergência) ● Objetivo: Expandir o volume intravascular rapidamente. ● Fluidos: Cristalóides ou colóides. ● Dose (bolus) ○ Gatos: 5-10 mL/kg/IV. ○ Cães: 15-20 mL/kg/IV. ● Duração: Administrar em cerca de 15 minutos. ● Monitoramento: Frequência cardíaca, pulso, pressão arterial, tempo de preenchimento capilar (TPC), temperatura, etc. ● Repetição: Bolus (refere-se a uma dose concentrada de um medicamento ou líquido que é administrada rapidamente) pode ser repetido se os parâmetros não normalizarem e o paciente permanecer hipovolêmico. REIDRATAÇÃO/REPOSIÇÃO ● Objetivo: Repor a volemia e corrigir as perdas intra e extracelulares. ● Cálculo do Volume Necessário ● Administração: Reposição lenta durante 12-24 horas com fluido isotônico tamponado. MANUTENÇÃO ● Objetivo: Manter a hidratação normal quando o paciente não consegue manter a homeostase por si. ● Pequenos animais ○ Cães: 60 mL/kg/dia ■ 132 x Peso (kg)0,75 ■ 30 x Peso (kg) + 70= mL/kg/dia ○ Gatos: 40 mL/kg/dia ■ 80 x Peso (kg)0,75 ■ 30 x Peso (kg) + 70= mL/kg/dia ○ Pediátricos ■ Cães: 3x dose adulto ■ Gato: 2,5 x dose adulto ● Grandes Animais ○ Neonatos = 150 mL/kg/dia. ○ Jovens = 100 mL/kg/dia. ○ Adultos = 50 mL/kg/dia. ● Observações ○ As necessidades de manutenção podem variar conforme espécie, idade e comorbidades. Cálculo Total da Necessidade de Fluidos ● Fórmula Geral ● Perdas Contínuas ○ Diarreia: 10-20 mL/kg. ○ Vômitos: 2,5-5 mL/kg. ○ Vômito e diarreia combinados: Cerca de 50 mL/kg. ● Importante ○ Personalizar o plano de fluidos para cada paciente e ajustar conforme o monitoramento e as perdas contínuas. EQUIPOS PARA INFUSÃO Conectores/Extensores ● Conectam o cateter intravenoso ao equipo do soro. ● Podem ter múltiplas saídas (polifix) ou saída simples. Disposição dos Equipos de Infusão Simples ● Câmara de gotejamento: para estimar a taxa de fluxo. ● Braçadeira reguladora: permite compressão ou liberação para ajustar a taxa. ● Ejetor lateral. Fotossensíveis ● Indicados para fluidos que são sensíveis à luz. Com Buretas ● Oferecem maior controle do volume, úteis para medicações diluídas. Para Bomba Infusora ● Equipados com haste flexora, usados em sistemas automatizados. Microgotas vs. Macrogotas ● Microgotas: 60 gotas/mL. ● Macrogotas: 20 gotas/mL. Bomba Eletrônica de Infusão ● Permite controle preciso do fluxo e do volume infundido. CÁLCULO DO FLUXO Exemplo apresentado ● Cão de 10 kg com gastroenterite viral, 8% de desidratação, com vômito e diarreia. Perguntas associadas (a serem respondidas com base nos cálculos) ● Qual fluido utilizar? Fluido escolhido ● Cristalóide isotônico, geralmente Ringer Lactato. Motivo ● Reposição de fluidos e eletrólitos de forma equilibrada, adequada para casos de gastroenterite (com perdas por vômito e diarreia). ● Qual o volume total de fluido a ser administrado em 24 horas? Cálculo do Déficit de Reidratação ● 10×0,08=0,8L(800mL) Manutenção ● Aproximadamente 60mL/kg/dia para cães ○ 60×10=600 mL/dia Reposição das perdas contínuas (vômito e diarreia) ● Considera-se, por exemplo, 50 mL/kg para perdas severas: ○ 50×10=500 mL Possível bolus inicial (ressuscitação) se necessário ● Pode ser administrado um bolus de 15-20 mL/kg, por exemplo, 20 mL/kg ○ 20×10=200 mL Volume total estimado em 24h Somando todos os componentes ○ 800 mL (déficit)+600mL (manutenção)+500 mL (perdas)+20 0 mL (bolus inicial) ≈ 2100 mL Resposta: Aproximadamente 2100 mL de fluidos devem ser administrados ao longo de 24 horas. ● Qual a velocidade de infusão usando o equipo macrogotas? Considerando Volume total: 2100 mL em 24 horas. Conversão de tempo ○ 24 horas = 1440 minutos. Cálculo da taxa de infusão em mL/min ○ 2100 mL/1440 min ≈ 1,46 mL/min Utilizando equipo macrogotas: ○ Geralmente 20 gotas = 1 mL. Cálculo em gotas/min: ○ 1,46 mL/min×20 gotas/mL≈29,2 gotas/min Resposta: Aproximadamente 30 gotas por minuto. MONITORIZAÇÃO DA FLUIDOTERAPIA Aspectos Fundamentais ● Observar a resposta do paciente. ● Prevenir complicações. ● Verificar a viabilidade do acesso venoso. Exame Físico ● Sinais de baixa perfusão: membros frios, temperatura retal baixa, aumento da frequência cardíaca e respiratória, palidez das mucosas, tempo de preenchimento capilar prolongado e depressão mental. Produção Urinária ● Em casos de hipovolemia e desidratação, há diminuição do fluxo sanguíneo renal. ● Débito urinário ideal: 1 a 2 mL/kg/h, com densidade normal aproximada (1,026 para cães; 1,035 para gatos). Exames Laboratoriais ● Hematócrito, proteínas totais, densidade urinária, albumina, ureia, lactato, eletrólitos, e hemogasometria. Parâmetros Gerais a Monitorar ● Taxa e qualidade do pulso, tempo de preenchimento capilar, coloração das mucosas, lactato sérico, frequência respiratória, densidade da urina, sons pulmonares, ureia, creatinina, turgor da pele, peso corporal, pressão arterial, estadomental, gasometria, temperatura e saturação de O₂. Consequências da Sobrecarga de Fluidos Possíveis complicações ● Diurese excessiva e perda de eletrólitos. ● Edema pulmonar e intersticial (efusões pleural, pericárdica, peritoneal). ● Aumento da taxa de mortalidade. Atenção Especial ● Pacientes renais e cardiopatas: risco de aumento da pressão venosa renal, edema (renal, cerebral, pulmonar, miocárdico, intestinal) e congestão hepática. Distúrbios Eletrolíticos e Glicêmicos Distúrbios de Potássio Hipocalemia ● Baixos níveis de potássio; causados por distúrbios gastrointestinais, perda urinária, anorexia prolongada. ● Sinais: fraqueza muscular, arritmias, câimbras. ● Tratamento: suplementação oral (citrato de potássio 40-75 mg/kg) ou intravenosa (cloreto de potássio, sem ultrapassar 0,5 mEq/kg/h; misturar bem os fluidos). Hipercalemia ● Níveis elevados de potássio; causados por DRC, obstrução ureteral, rompimento de bexiga, hipoadrenocorticismo. ● Sinais: fraqueza muscular, arritmias; tratamento focado na causa. Distúrbios de Cálcio Hipocalcemia ● Causas: gestação final, lactação, hipoparatireoidismo, deficiência de vitamina D. ● Sinais: rigidez muscular, fraqueza, taquicardia, tremores. ● Tratamento: administração de sais de cálcio ou vitamina D. Sérica de Potássio (mEq/L) mEq de KCl a adicionar a 250 mL de Ringer/Ringer Lactato mEq de KCl a adicionar a 500 mL de Ringer/Ringer Lactato mEq de KCl a adicionar a 1000 mL de Ringer/Ringer Lactato Taxa de infusão máxima (mL/kg/hora)