Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
André do Nascimento Barbosa 2 Divergente e rotacional de campos eletrostáticos Agora, vamos estudar mais a fundo as características matemáticas que estão presentes na teoria eletrostática. Como havia dito, o cálculo de qualquer campo elétrico estacionário pode ser feito através de E(r) = 1 4 πϵ0 V ' ρ(r ') (r - r ')|| r - r ' ||3 ⅆV ' Entretanto, sabemos que as integrais que temos que resolver, dependendo da complexidade geométrica imposta faz deste cálculo extremamente complicado. Sendo assim, vamos operar com o operador nabla e verificar propriedades importante do campo elétrico estático. 2.1 Fluxo do campo elétrico e lei de Gauss COnsidere um campo vetorial qualquer, por exemplo, F (r). Sabemos que o fluxo Φ deste campo sobre uma superfície qualquer S é dado porΦ = S F (r).ⅆS ' (1) Da mesma forma, é o que acontece com o campo elétrico. Sabemos então que Φe = S E(r).ⅆS ' Por simplicidade, suponha o fluxo de uma carga pontual fixada na origem. Sabemos que o campo é dado por E(r) = 1 4 πϵ0 q r || r ||3 Assim, para uma carga pontual, o fluxo será dado por Φe = q 4 πϵ0 S (r|| r ||3 . r2 Sen ϕ ⅆθ ⅆϕ r || r || = = q 4 πϵ0 S Sen ϕ ⅆθ ⅆϕ = Φe = qϵ0 Observe que este fluxo é constante. Para um conjunto de cargas, vale o princípio de superposição de campos, assim Φe = s i=1 n Ei ·ⅆS ' = i=1 n s' Ei ·ⅆS ' = ϵ0 i=1 n qiϵ0 (2) Então, o fluxo de um campo qualquer E =∑i=1n Ei sobre uma superfície fechada é sempre constante. logo s E ·ⅆS = Qtotalϵ0 (3) A equação (3) é muito importante, ela pode ser usada para calcular a intensidade de campo e qualquer distribuição de cargas. É interessante notar também que Qtotal = V ' ρ(r ') ⅆV ' Substitundo em (3) e aplicando o teorema de Gauss no lado esquerdo, obtemos s' ∇ ·E ⅆV ' = 1ϵ0 V ' ρ(r ') ⅆV ' Como os dois volumes são arbitrários, identificamos a forma diferencial da equação (3): ∇ ·E = ρϵ0 (4) Universalmente, as equações (3) e (4) são conhecidas como Leis de Gauss para o campo elétrico, respectivamente nas suas formas integral e diferencial. Ela é sempre válida, é uma equação chave da teoria e de fato, facilita muito em determinar campos elétricos de geometrias alta- mentes simétricas. Seria equivocado dizer que podemos provar a Lei de Gauss à partir da Lei de Coulomb, o serto seria que a Lei de Coulomb obedece à lei de Gauss, que é muito mais fundamental. Entretanto, vamos aplciar o operador divergente diretamente na equação do campo coulombiano e verificar a equação (4) e conseguentemente a (3). 2.2 Divergente do campo coulombiano Aplicando diretamente o operador divergente no campo de Coulomb, ∇ ·E(r) = ∇ · 1 4 πϵ0 V ' ρ(r ') (r - r ')|| r - r ' ||3 ⅆV ' Movendo o operador para dentro da integral e, lembrando que ele opera em quantidades “sem linha, ficamos com ∇ ·E(r) = 1 4 πϵ0 V ' ∇ · (r - r ')|| r - r ' ||3 ρ(r ') ⅆV ' Lembrando que ∇ · (r - r ')|| r - r ' ||3 = 4 πδ3(r - r ') Usando as propriedades da delta de Dirac, obtemos ∇ ·E(r) = 1 4 πϵ0 V ' 4 πδ3(r - r ') ρ(r ') ⅆV ' = ρϵ0 Ou seja, recuperamos a equação (4). Fazendo um processo inverso, chegamos também à equação (3). Em resumo, verificamos que o campo coulombiano es´ta de acordo com a Lei de Gauss. Como havia dito, ela é sempre válida, entretanto, seu uso em exercícios para determinação de campos torna-se limitado à apenas problemas com alto grau de simetria. De fato, vamos calcular o campo elétrico de alguns corpos bem simples para demonstrar o uso da Lei de Gauss em exercicios. 2.3 Exemplos para obtenção de campos usando a lei de Gauss Exemplo 1: Campo elétrico de um fio infinito. Considere um fio retilíneo de comprimento infinito. Vamos usar a lei de Gauss para determinar o campo elétrico em uma direção perpendicular. O problema sugere uma simetria cilíndrica, como mostra o esquema abaixo: 2 2 Divergente e rotacional de campos eletrostáticos.nb z x y 0 Superfície gaussiana n1 n2 n3 R Esquema de um fio infinito Solução: Usando a lei de Gauss, temos o fato que Qϵ0 = S E.ⅆS = A1 E.n1 ⅆ A1 + A2 E.n2 ⅆ A2 + A3 E.n3 ⅆ A3 Como, A1 E.n1 ⅆ A1 + A3 E.n3 ⅆ A3 = 0 Como a intensidade do campo é igual sobre toda a superfície, Qϵ0 = A2 E.n2 ⅆ A2 = A2 E ⅆ A2 = E A2 A área A2 nada mais é do que A2 = 2 π R. L Assim E = Q 2 π ϵ0 R. L Lembrando que a carga no fio é dada pela integral Q = z ρ ⅆ z ' temos E = ρ 2 π ϵ0 R Como esse campo aponta radialmente para fora do eixo z, temos E = ρ 2 π ϵ0 R r Este resultado pode ser obtido também tirando um limite par acomprimento infinito do campo para um fio de comprimento determinado. 2 Divergente e rotacional de campos eletrostáticos.nb 3 Exemplo 2: Campo elétrico de um plano infinito. Neste segundo exemplo, vamos considerar um plano infinito ode vamos aplicar a lei de Gauss. Este exemplo não necessita nenhum esquemas, ele é muito fácil de ser visualizado. Solução: Temos neste caso, o fato que Qϵ0 = A E ⅆ A Supondo um campo constante, integramos ⅆ:A Qϵ0 = E .2 A Este campo é a soma das contribuições superiores e inferiores ao plano, explicando o 2 multiplicando A. Agora, como a carga total é dada por Q = ρ.A Temos finalmente, E = ρ 2 ϵ0 Observe que esta é a intensidade do campo, o vetor direção aponta na direção perpendicular à superfície gaussiana, assim. E = ρ 2 ϵ0 r Exemplo 3: Campo elétrico de uma esfera de Raio R. Neste último exemplo, vamos usar a lei de Gauss para encontrar o campo elétrico de uma esfera maciça novamente. Lembrando do grande esforço matemático que se tem quando calculamos diretamente pela integral da lei de Coulomb, o resultado é praticamente trivial usando a Lei de Gauss pelo fato de ser um corpo altamente simétrico. r Superfície Esquema de uma esfera com uma superfície gaussiana Solução: Na superfície gaussiana, a magnetude do campo elétrico é igual em todos os seus pontos, sendo assim 4 2 Divergente e rotacional de campos eletrostáticos.nb Qϵ0 = S E ·ⅆS = E A ⅆ A A diferencial ⅆA simplesmente é dada por ⅆ A = 8 π r ⅆ r Assim, Qϵ0 = E A 8 π r ⅆ r = E4 π r2 Como esperado, E = Q 4 πϵ0 r2 Como este campo aponta perpendicular à superfície gaussiana, E = Q 4 πϵ0 r3 r 2.4 Rotacional do campo elétrico Da mesma maneira que a lei de Gauss, podemos chegar ao resultado que queremos diretamente das condições que são consequencias do princípio de superposisão. Entretanto, vamos aplicar o o operador rotacional diretamente sobre o campo elétrico coulombiano. Considere então a seguinte operação: ∇ ×E(r) = ∇ × 1 4 πϵ0 V ' ρ(r ') (r - r ')|| r - r ' ||3 ⅆV ' Embutindo o operador dentro da integral e lembrando que ele atua apenas em coordenadas com linha, obtemos ∇ ×E(r) = 1 4 πϵ0 V ' ∇ × (r - r ')|| r - r ' ||3 ρ(r ') ⅆV ' Mas, lançando mão de um importante resultado da análise vetorial, ∇ × (r - r ')|| r - r ' ||3 = 0 Temos ∇ ×E(r) = 0 (5) Obviamente, a forma integral de (5) será dada por C E ·ⅆ l = 0 (6) Sabemos que pelo teorema de Stokes temos o seguinte resultado: C E ·ⅆ l = S ∇ ×E(r) ·ⅆS Sendo assim, de (5), resulta em (6). Uma curiosidade é que toda a eletrostática no vácuo está contida nas equações (4) e (5), que são conhecidas como equações de Maxwell para a eletrostática. 2 Divergente e rotacional de campos eletrostáticos.nb 5
Compartilhar