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CONTABILIDADE	APLICADA	AO	SETOR
PÚBLICO
UNIDADE 2 - SUBSISTEMAS DE CONTAS E O
PLANO DE CONTAS APLICADO AO SETOR
PU�BLICO – PCASP
Autoria: Graziana Olinda da Silva Mattos - Revisão técnica: Jardson Edson
Guedes da Silva Almeida
Introdução
Dando continuidade aos assuntos pertinentes ao orçamento público, nesta unidade a abordagem será
relacionada aos sistemas contábeis envolvidos na contabilidade aplicada ao setor público e seus
subsistemas. Além disso, trataremos amplamente sobre o plano de contas aplicado ao setor público –
PCASP – e a função das contas que o compõem. 
Para isso, traremos as seguintes re�lexões: Qual a importância de um plano de contas para a contabilidade
de maneira geral? Como ele auxilia na organização e no planejamento contábeis? E, sobre os sistemas
contábeis, como eles podem ser utilizados pela administração pública na obtenção de informações para a
tomada de decisão e para o planejamento orçamentário?
A contextualização desta unidade será efetuada levando em consideração os re�lexos que os registros
contábeis realizam diante dos fatos administrativos ocorridos no poder público das três esferas. Somado a
isso, será demonstrada a importância do plano de contas tanto para a contabilidade, como instrumento de
auxı́lio, quanto para a administração pública, como ferramenta de entendimento da área contábil. Será
explicado seu funcionamento e serão feitas simulações de lançamentos utilizando-o. O plano de contas
aplicado ao setor público é um importante avanço da contabilidade pública no sentido da padronização de
procedimentos e está inserido no processo de convergência das normas contábeis brasileiras às normas
contábeis internacionais. Assim, o foco desta unidade será o seu estudo aprofundado. 
Bons estudos!
2.1 Sistemas contábeis
Todas as informações pertinentes à contabilidade são condensadas e organizadas em sistema próprio, o
chamado sistema contábil. Esse sistema organiza as informações de forma que possam ser identi�icados e
mensurados todos os fatos registrados, entre outras ações exigidas pela própria ciência contábil.
De acordo com a NBC TSP 16.1:
Contabilidade Aplicada ao Setor Público é o ramo da ciência contábil que aplica, no processo
gerador de informações, os Princı́pios de Contabilidade e as normas contábeis direcionados ao
controle patrimonial de entidades do setor público.
O sistema contábil é organizado em subsistemas de informações, classi�icados de acordo com o tipo de
produto demandando pelos usuários, ou seja, a depender da natureza da informação. Os subsistemas são
os seguintes:
Patrimonial.
Orçamentário.
Custos.
•
•
•
•
Compensação.
Apesar de serem classi�icados por natureza de informação, ambos os sistemas são integrados entre si.
Portanto, um fato registrado em um dos sistemas pode gerar re�lexos em todos os demais. 
Quanto à escrituração contábil do setor público, julgamos muito pertinente o que Kohama (2016, p. 40)
enfatiza:
[...] a Contabilidade Pública não deve ser entendida apenas como destinada ao registro e
escrituração contábil, mas, também, à observação da legalidade dos atos da execução
orçamentária, através do controle e acompanhamento, que será prévio, concomitante e
subsequente, além de veri�icar a exata observância dos limites das cotas trimestrais atribuı́das
a cada unidade orçamentária, dentro do sistema que for instituı́do para esse �im.
Na verdade, com a padronização dos procedimentos contábeis no Brasil, em consonância com a
convergência das normas internacionais de contabilidade, os sistemas contábeis, como eram conhecidos,
foram readaptados aos novos normativos e transformados nos subsistemas que conheceremos na
atualidade. 
Vamos conhecer, a seguir, as principais caracterı́sticas de cada subsistema.
2.1.1 Subsistema patrimonial e orçamentário
O subsistema 	 patrimonial, como o próprio nome sugere, é aquele que realiza o registro, o
processamento e a evidenciação dos fatos relacionados ao patrimônio público do ente, os fatos que o
alteram. Esses fatos podem ser �inanceiros e não �inanceiros. 
Esse tipo de subsistema traz subsı́dios para a administração com os seguintes tipos de informação:
Alterações nos elementos patrimoniais.
Resultado econômico.
Resultado nominal.
#PraCegoVer: a �igura ilustra alguns painéis com diversas informações informatizadas e organizadas,
além de duas pessoas analisando e fazendo anotações sobre elas, remetendo aos subsistemas contábeis.
O subsistema	orçamentário registra e enfatiza informações relacionadas ao planejamento e à execução
do orçamento do ente público. 
Essas informações dizem respeito, principalmente, às seguintes atividades:
Dessa forma, quando o pro�issional contabilista registra um fato no sistema de contabilidade do ente
público, esse sistema direciona ao subsistema respectivo, a depender da informação registrada. Quando
for solicitada uma informação relacionada ao orçamento, por exemplo, o subsistema orçamentário é
demandado e entrega essa informação, organizada e parametrizada, facilitando o trabalho da gestão
pública. Ao pro�issional da contabilidade, cabe a tarefa de interpretar a informação e fornecer aos gestores
o que eles necessitam saber para tomarem suas decisões.
Figura 1 - Subsistemas contábeis
Fonte: Aurielaki, Shutterstock, 2020.
O próprio orçamento.
A programação e a execução orçamentárias.
As alterações orçamentárias.
O resultado orçamentário.
2.1.2 Subsistema de custos e compensação
O subsistema de custos, como o próprio nome indica, efetua registros relacionados aos custos envolvidos
nas atividades da entidade evidenciando informações que são de extrema relevância para a gestão no que
concerne à tomada de decisão.
Esse subsistema traz para os usuários os seguintes tipos de informação:
Custos inseridos no desenvolvimento dos
projetos, programas e atividades executados
pelo ente.
Custos pertinentes ao bom uso dos recursos
públicos.
Custos das unidades contábeis.
•
•
•
Figura 2 - Subsistema de custos
Fonte: Rawpixel.com, Mediapool, 2020.
#PraCegoVer: a �igura ilustra duas mãos segurando um tablet de onde saem informações relacionadas ao
subsistema de custos.
O subsistema de custos é o mais novo dos subsistemas implantados na contabilidade pública, após o inı́cio
do processo de padronização das normas contábeis em atendimento ao processo de convergência às
normas internacionais de contabilidade.
O quarto e último subsistema contábil é o de compensação. Esse subsistema realiza registros que, de
inı́cio, podem não impactar o patrimônio do ente público, mas que poderão fazê-lo posteriormente. Além
disso, também são efetuados registros que servem para o controle da gestão e registros temporários,
apenas para que se evidencie o fato enquanto ele permanece sob a tutela da administração. O subsistema
de compensação traz para os usuários informações importantes de controle para o ente público, a
exemplo das alterações potenciais nos elementos patrimoniais e acordos, garantias e responsabilidades. 
Os subsistemas contábeis existentes hoje obedecem ao dispositivo legal, da Lei 4.320/64, que, em seu art.
85, diz o seguinte:
Os serviços de contabilidade serão organizados de forma a permitirem o acompanhamento da
execução orçamentária, o conhecimento da composição patrimonial, a determinação dos
custos dos serviços industriais, o levantamento dos balanços gerais, a análise e a interpretação
dos resultados econômicos e �inanceiros.
Desse modo, a necessidade de a contabilidade ser abordada nos aspectos inseridos nos subsistemas, além
de ser necessária à gestão pública, é exigida pelo normativo legal citado. Os subsistemas foram sendoadaptados à evolução da ciência contábil, principalmente nas modi�icações recentes inseridas a partir do
processo de convergência dos normativos contábeis brasileiros aos normativos contábeis internacionais.
Tal processo trouxe para a ciência contábil a edição de normas especı́�icas, as chamadas Normas
Brasileiras de Contabilidade – NBC, que se aplicam tanto à contabilidade pública quanto à privada. No caso
da contabilidade aplicada ao setor público, foram editadas, pelo Conselho Federal de Contabilidade, as
normas brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público – NBC TSP. 
Os subsistemas precisam se interligar entre si e a outros sistemas de informações contábeis, que
porventura existam no ente público, para que possam auxiliar a gestão sobre os seguintes aspectos:
Se a missão do ente está sendo cumprida pelo
seu desempenho.
Se está havendo economicidade, e�iciência,
e�icácia e efetividade de acordo com a avaliação
dos resultados alcançados pela execução dos
programas de trabalho.
Se as metas estabelecidas no planejamento
foram alcançadas.
•
•
•
Com a avaliação dos riscos e das contingências.
Vamos analisar uma situação prática agora.
•
VAMOS PRATICAR?
A Prefeitura de Cruzeiro detectou recebimento de receita proveniente de IPTU.
Dessa forma, no momento do registro contábil desse fato, ele percorrerá o sistema
patrimonial com a entrada do numerário no caixa ou seu equivalente bem como o
registro passará pelo subsistema orçamentário por representar uma arrecadação
de uma receita prevista no orçamento da prefeitura.
2.2 Plano de contas
Basicamente, a contabilidade é trabalhada pelos registros de fatos que ocorrem no cotidiano do ente. Tais
registros são efetuados em contas especı́�icas, nomeadas de maneira padronizada para que o processo de
localização das informações possa ser facilitado e organizado. Essas contas são organizadas em um
importante instrumento da contabilidade denominado plano de contas.
#PraCegoVer: a �igura demonstra um plano de contas ilustrando algumas contas de receitas e despesas.
Vamos aprofundar alguns conceitos de plano de contas trazidos por autores da área contábil. Para Filho
(2014, p. 163):
[...] trata-se de uma estrutura ordenada e sistematizada, que dá suporte ao registro contábil,
formada por um conjunto de contas previamente estabelecido, que permite obter as
informações necessárias à elaboração de relatórios gerenciais e demonstrações contábeis
conforme as caracterı́sticas gerais da entidade, possibilitando a padronização de
procedimentos contábeis.
Já segundo Lima e Castro (2007, p. 110), o plano de contas representa “o projeto das contas julgadas
necessárias ao registro de todos os componentes patrimoniais e dos fenômenos da gestão, relativos a uma
determinada entidade”.
Por �im, de acordo com o MCASP (2018, p. 382):
Plano de contas é a estrutura básica da escrituração contábil, formada por uma relação
padronizada de contas contábeis, que permite o registro contábil dos atos e fatos praticados
pela entidade de maneira padronizada e sistematizada, bem como a elaboração de relatórios
gerenciais e demonstrações contábeis de acordo com as necessidades de informações dos
usuários.
Trazidos os conceitos, é importante ressaltar que um plano de contas bem estruturado traz segurança
para a informação contábil, pois ele padroniza as contas a serem utilizadas, além de organizá-las por
Figura 3 - Plano de contas
Fonte: Cokada, Mediapool, 2020.
natureza da informação a ser registrada. 
2.2.1 Plano de contas aplicado ao setor público – PCASP
Para a contabilidade pública, o plano de contas engloba aspectos especı́�icos e que são estabelecidos por
normativos contábeis e legais. O plano de contas aplicado ao setor público – PCASP é bem mais complexo e
com uma quantidade maior de informações e exigências se comparado aos planos de contas das empresas
privadas, por exemplo. 
De acordo com o Manual de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (MCASP 2018, p. 21):
O PCASP representa uma das maiores conquistas da contabilidade aplicada ao setor público.
Além de ser uma ferramenta para a consolidação das contas nacionais e instrumento para a
adoção das normas internacionais de contabilidade, o PCASP permitiu diversas inovações, por
exemplo: 
a. Segregação das informações orçamentárias e patrimoniais: no PCASP as contas contábeis
são classi�icadas segundo a natureza das informações que evidenciam – orçamentária,
patrimonial e de controle, de modo que os registros orçamentários não in�luenciem ou
alterem os registros patrimoniais, e vice-versa. 
b. Registro dos fatos que afetam o patrimônio público segundo o regime de competência: as
variações patrimoniais aumentativas (VPA) e as variações patrimoniais diminutivas (VPD)
registram as transações que aumentam ou diminuem o patrimônio lı́quido, devendo ser
reconhecidas nos perı́odos a que se referem, segundo seu fato gerador, sejam elas
dependentes ou independentes da execução orçamentária. 
c. Registro de procedimentos contábeis gerais em observância às normas internacionais, como
as provisões, os créditos tributários e não tributários, os estoques, os ativos imobilizados e
intangıv́eis, dentre outros. Incluem-se também os procedimentos de mensuração após o
reconhecimento, tais como a reavaliação, a depreciação, a amortização, a exaustão e a redução
ao valor recuperável (impairment), dentre outros. 
A necessidade de se ter qualidade nos fatos contábeis registrados pela administração pública, já que é uma
área que precisa ter transparência em seus atos, faz com que o PCASP seja frequentemente revisto e
reeditado para se adequar às necessidades de seus usuários. 
2.2.2 Objetivos do PCASP 
O objetivo precı́puo do plano de contas aplicado ao setor público é estabelecer a transparência dos fatos
registrados pela contabilidade a �im de que seus usuários possam ter acesso tempestivo a essas
informações de maneira que entendam o que os registros querem informar, por meio de um histórico
estabelecido pelos lançamentos efetuados.
VOCÊ QUER LER?
O Manual de Contabilidade Aplicado ao Setor Público – MCASP é um importante escrito
da contabilidade aplicada ao setor público e está disponıv́el na internet para ser
baixado gratuitamente. Ele é editado pela Secretaria do Tesouro Nacional – STN e
revisado periodicamente. Também está em constante adequação em detrimento do
processo de convergência das normais contábeis brasileiras com as normas
internacionais. Acesse em: https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/
manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26. (https://
www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-
setor-publico-mcasp/2019/26.)
https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26.
https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26.
https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26.
https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26.
https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26.
https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26.
https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26.
https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26.https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26.
https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26.
https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26.
https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26.
https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26.
https://www.tesourotransparente.gov.br/publicacoes/manual-de-contabilidade-aplicada-ao-setor-publico-mcasp/2019/26.
De acordo com Filho (2014, p. 155), o PCASP: 
E� um instrumento que vem contribuir com a modernização da contabilidade pública
brasileira, possibilitando a aplicação dos princı́pios contábeis em sua plenitude, além de
permitir o levantamento de informações para otimização da tomada de decisões por parte dos
usuários, contribuindo também, sobremaneira, para a consolidação das contas públicas e os
levantamentos das estatı́sticas �iscais do paı́s e dos entes federativos.
Além dos objetivos descritos até aqui, o MCASP (2018) elenca mais alguns importantes objetivos do plano
de contas aplicado ao setor público, ressaltando que ele foi estruturado e elaborado atendendo às
exigências dos normativos internacionais de acordo com o processo de convergência das normas
contábeis. 
Vamos conferir alguns desses objetivos:
Padronização dos registros contábeis dos entes
públicos.
Distinção dos registros por tipo de natureza: se
patrimonial, orçamentário ou de controle.
Atendimento das necessidades da
administração pública nas três esferas de
governo, nas empresas estatais dependentes e
nos regimes próprios de previdência.
VOCÊ SABIA?
A Lei 12.527/2011, a Lei da Transparência, determina que os entes públicos
informem em seus portais eletrônicos institucionais os registros sobre a execução
orçamentária, �inanceira, processos licitatórios, entre outras informações que
possam ser de interesse da sociedade em geral, pois essa ação vislumbra a
prestação de contas dos recursos públicos aplicados.
•
•
•
Permissão para que as contas contábeis do
setor público possam ser detalhadas até o nıv́el
exigido pela Secretaria do Tesouro Nacional.
Consolidação das contas públicas.
Elaboração dos demonstrativos contábeis
pertinentes ao setor público.
Viabilização da prestação de contas adequada.
Auxı́lio no processo de tomada de decisão no
que diz respeito à alocação de custos.
E� importante frisar que o normativo legal que primeiramente determinou a consolidação das contas
públicas nacionais foi a Lei 101/2000, conhecida como Lei de Responsabilidade Fiscal. Nesse processo de
consolidação, o PCASP entra como um importante instrumento. 
2.2.3 Estrutura do PCASP
O plano de contas aplicado ao setor público é organizado por meio de uma estrutura que permite a
disposição das contas conforme sua natureza, facilitando o acesso e a comunicação indireta com seus
usuários. 
•
•
•
•
•
#PraCegoVer: na �igura, é ilustrado um quadro contendo a estrutura de um plano de contas aplicado ao
setor público com subdivisões por natureza da informação e classes contábeis. 
De acordo com o quadro “Estrutura do PCASP”, �icam evidenciadas as três naturezas de informação
dispostas no plano, quais sejam: patrimonial, orçamentária e de controle. Além disso, as contas são
codi�icadas em oito classes. Cada classe representa uma informação especı́�ica. 
A natureza da informação evidenciada pelas contas das quatro primeiras classes, 1 a 4, é
patrimonial, ou seja, informa a situação do Patrimônio da Entidade Pública. A natureza da
informação das contas das duas classes seguintes, 5 e 6, é orçamentária, pois nessas classes
são feitos os controles do Planejamento e do Orçamento, desde a aprovação até a execução.
Por �im, a natureza da informação das contas das duas últimas classes, 7 e 8, é de controle,
pois nessas classes são registrados os atos potenciais e diversos controles. (MCASP, 2012 apud
BERNARDO, 2014)
Na natureza patrimonial das informações, estão inseridas as seguintes classes: ativo, passivo, patrimônio
lı́quido, variações patrimoniais aumentativas (VPA) e variações patrimoniais diminutivas (VPD). Essa
natureza re�lete registros que alteram o patrimônio do ente público de forma quantitativa e/ou qualitativa
no momento em que os fatos ocorrem. 
Na natureza orçamentária, as informações pertinentes estão diretamente ligadas ao planejamento e à
execução do orçamento anual do ente público. Assim, todos os fatos relacionados a qualquer registro
orçamentário devem ser escriturados nas contas da mesma natureza. E� importante ressaltar que os saldos
relacionados aos restos a pagar também são registrados nessa natureza por se tratar de orçamentos de
perı́odos anteriores.
Por �im, as informações relacionadas a controles gerenciais, ou seja, que servem para subsidiar relatórios,
demonstrativos e tomadas de decisão, são registradas nas contas de controle. Nesse grupo, os fatos
registrados têm potencial de afetar o patrimônio no futuro.
Quadro 1 - Estrutura do PCASP
Fonte: Elaborado pela autora, baseado em STN, 2018, p. 383.
Se visualizarmos o PCASP como um quadro, podemos descrevê-lo da seguinte forma: de um lado, temos o
ativo e, do outro, o 	passivo como os dois grandes grupos da contabilidade. Do lado do ativo, todas as
contas têm natureza devedora, ou seja, quando elas recebem registros “positivos” elas são debitadas. E,
do lado do passivo, todas as contas têm natureza credora, recebendo registros “positivos” e sendo
creditadas. 
De acordo com o MCASP (2018, p. 384), “a utilização do PCASP é obrigatória para todos os entes da
administração pública direta e indireta da União”. Para as demais entidades do poder público, sua
utilização é facultativa. 
VOCÊ SABIA?
A Lei de Responsabilidade Fiscal - LRF atribui à Secretaria do Tesouro Nacional –
STN a competência para editar normas gerais de consolidação das contas públicas.
Por esse motivo, o PCASP é editado e divulgado anualmente no sı́tio da STN na
internet, com acesso livre para todos os usuários interessados.
Figura 4 - Secretaria do Tesouro Nacional
Fonte: Ktsdesign, Mediapool, 2020.
#PraCegoVer: a �igura ilustra um globo que foca o Brasil e, ao redor dele, há muitas moedas e cédulas do
Real, demonstrando a Secretaria do Tesouro Nacional de maneira metafórica.
O plano de contas é um instrumento funcional da contabilidade que reúne todas as contas que serão
utilizadas nos diversos lançamentos dos registros diários das operações do ente. Dessa forma, a
composição dele é basicamente de contas contábeis. Para cada tipo de entidade, contas especı́�icas são
organizadas e padronizadas. No caso dos entes públicos, o PCASP dispõe essas contas. A seguir, você vai
aprender sobre as contas contábeis e suas funções. 
2.3 Função das contas
Todos os anos, a Secretaria do Tesouro Nacional revisa, edita e publica o plano de contas aplicado ao setor
público, para utilização no ano subsequente. Trata-se de um instrumento de escrituração contábil que
viabiliza a padronização das contas utilizadas pela contabilidade aplicada ao setor público e todos os
entes inseridos nesse contexto. No PCASP, cada conta é detalhada individualmente e sua função é
minuciosamente detalhada. 
Mas o que é uma conta contábil? De acordo com o MCASP (2018, p. 383):
Conta é a expressão qualitativa e quantitativa de fatos de mesma natureza, evidenciando a
composição, variação e estadodo patrimônio, bem como de bens, direitos, obrigações e
situações nele não compreendidas, mas que, direta ou indiretamente, possam vir a afetá-lo.
A organização das contas é efetuada em grupos de modo a separá-las segundo suas funções na
escrituração contábil, viabilizando a padronização dos registros com a utilização das partidas dobradas,
regra geral da ciência contábil. Além disso, elas possibilitam o controle de custos da execução pública bem
como o controle orçamentário.
Outra importante função das contas contábeis é a viabilização de elaboração dos demonstrativos
contábeis exigidos por legislação especı́�ica e normativos contábeis pertinentes.
VOCÊ QUER VER?
Você já assistiu a ou ouviu falar no �ilme “O Contador”? Ele retrata a rotina de um
pro�issional da contabilidade que possui o transtorno do espectro autista (autismo) e
que, mesmo com essa limitação, consegue superar todos os desa�ios que essa área e seu
transtorno impõem, levando uma vida tranquila. E� um �ilme surpreendente e instiga
muito o espectador. Fica a dica!
E� importante ressaltar que as contas contábeis não constituem somente uma exigência da contabilidade
ou da legislação. Elas são um importante instrumento de avaliação econômica e �inanceira do ente. Por
esse motivo, é extremamente importante que todos os atos e fatos sejam corretamente registrados, seja
por afetar o patrimônio, seja para o próprio controle da gestão.
2.3.1 Código da conta contábil
As contas contábeis inseridas no plano de contas aplicado ao setor público possuem sete nıv́eis de
desdobramento compostos por nove dı́gitos (MCASP, 2018). 
Elas se apresentam da seguinte forma:
X.	X.	X.	X.	X.	XX.	XX.	
Em que:
O PCASP é bem explicativo quanto a esse detalhamento ilustrado. Vamos dar um exemplo tirado dele, a
seguir:
1º	nível Informa a classe da conta e possui um dı́gito.
2º	nível Informa o grupo ao qual a conta pertence e possui um dı́gito.
3º	nível Informa o subgrupo da conta e possui um dı́gito.
4º	nível Traz o tı́tulo da conta e possui um dı́gito.
5º	nível E� o subtı́tulo da conta e possui um dı́gito.
6º	nível E� o item da conta e tem dois dı́gitos.
7º	nível E� o subitem da conta com dois dı́gitos
CASO
1.1.1.1.1.06.01	–	Banco	conta	movimento	–	RPPS
Esta conta é da classe ATIVO, grupo ATIVO 	 CIRCULANTE, subgrupo CAIXA 	 E
EQUIVALENTES 	DE 	CAIXA, tı́tulo CAIXA 	E 	EQUIVALENTES 	DE 	CAIXA 	EM 	MOEDA
NACIONAL, subtı́tulo CAIXA	E	EQUIVALENTES	DE	CAIXA	EM	MOEDA	NACIONAL	–
CONSOLIDAÇÃO, item CONTA	ÚNICA	RPPS, subitem BANCOS	CONTA	MOVIMENTO	–
RPPS. 
A princı́pio, pode parecer bem estranho e complexo. Mas não �ique preocupado, caro estudante! Todas
essas informações foram extraı́das do PCASP de forma bem simples. Ele é bem didático e autoexplicativo.
Além de detalhar cada nıv́el da conta contábil, ele traz ainda a função de cada conta. Continuando com o
mesmo exemplo, a função da conta, de acordo com o PCASP estendido 2020 é a seguinte:
Registra o somatório das disponibilidades bancarias agregadas nos itens conta única da
previdência social e outras contas, agregadas nos agentes �inanceiros autorizados.
O PCASP ainda identi�ica a natureza do saldo da conta, se credora ou devedora, bem como os entes que
podem utilizá-la e se é obrigatória para a União usá-la ou não. 
De maneira geral, o PCASP apresenta-se como uma estrutura complexa e que carrega muitas informações.
Por ele ter de atender à Administração Pública como um todo, precisa prever praticamente todos os tipos
de transações disponıv́eis dentro das atividades do setor público. Isso acaba por deixá-lo bastante denso.
Entretanto, precisamos reconhecer que ele condensa informações explicativas sobre tudo o que está
inserido nele. 
VOCÊ O CONHECE?
Entre tantos autores renomados da ciência contábil, vamos destacar o contabilista
Eliseu Martins. Sua passagem pela Escola Americana de Contabilidade lhe rendeu uma
das principais representações brasileiras. Além disso, viabilizou a reformulação dos
cursos de ciências contábeis no Brasil na década de 1980, ao defender a inclusão de
disciplinas que abordassem polı́tica, sociologia e �iloso�ia. Atualmente, ele faz parte da
diretoria da Comissão de Valores Mobiliários – CVM. 
#PraCegoVer: a �igura demonstra um livro diário aberto na conta banco conta movimento detalhando os
lançamentos em um banco estatal.
Contudo, isso não quer dizer que o pro�issional que vai utilizá-lo não precisa conhecer os preceitos da
ciência contábil. Pelo contrário. Ele precisa ser muito bem preparado e assimilar corretamente os
conteúdos pertinentes à área em que vai atuar. E, no caso da contabilidade aplicada ao setor público,
muito mais conhecimento será exigido do pro�issional em virtude de todo o aparato legal que envolve as
atividades públicas.
Sobre essas particularidades, Haddad e Mota (2015, p. 93) ressaltam que:
O Plano de Contas da Administração Federal é, portanto, de estrutura complexa, pois deve
conter tı́tulos para atender ao registro e à guarda de informações relativas a atos e fatos
administrativos praticados pelos gestores públicos que podem ser tı́picos da área pública.
Mas, por outro lado, deve também ser abrangente para registrar as transações comerciais,
industriais e �inanceiras de algumas entidades da administração indireta que praticam atos
bem peculiares da iniciativa privada: comprando e vendendo mercadorias, fabricando e
produzindo bens e serviços, construindo, ampliando e reformando imóveis, concedendo e
obtendo empréstimos etc; contendo para isso tı́tulos contábeis comuns à área empresarial,
como: empréstimos a receber, produtos em elaboração, produtos acabados, produtos para
venda, provisão para devedores duvidosos, depreciação acumulada, provisão para férias, ICMS
a recolher, IPI a recolher etc.
Nesse sentido, ressaltamos que a experiência é uma grande aliada para lidar com a contabilidade aplicada
ao setor público. Apesar de sabermos que é uma área que está em constante mudança tanto em sua
Figura 5 - Conta banco conta movimento
Fonte: R. Mackay Photography, LLC, Mediapool, 2020.
legislação quanto nas próprias entidades do setor público, o pro�issional bem preparado e em atividade
assı́dua saberá tirar de letra todos os possıv́eis percalços que possam surgir no decorrer de seus anos de
pro�issão.
VAMOS PRATICAR?
Já vimos que a Prefeitura de Cruzeiro recebeu receitas provenientes da
arrecadação de IPTU. Logo, no momento do registro contábil o PCASP deverá ser
acessado, mesmo que seja por meio de sistema de informática. Nele, poderemos
encontrar a conta relacionada ao recebimento dessas receitas no sentido
�inanceiro, ou seja, o numerário que entrará na instituição. E a conta relativa a esse
recebimento é a conta CAIXA E EQUIVALENTES DE CAIXA EM MOEDA NACIONAL,
cujo código é 1.1.1.1.1.00.00. No PCASP, conseguimos consultar manualmente
essas informações. Acesse-o para averiguar essa informação.
Conclusão
Vimos, nesta unidade, como funcionam e de que tratam os sistemas contábeis e seus subsistemas
patrimonial, orçamentário, de custos e de compensação, além de conhecer os re�lexos originados na
contabilização dos fatos administrativos da Administração Pública em cada subsistema.
Quanto ao plano de contas aplicado ao setor público – PCASP, sua utilização foi ilustrada pela simulação de
lançamentos contábeis. Além disso, foi ressaltada sua importância para os entes da Administração Pública,
independentemente da esfera a que pertençam, a saber: federal, estadual ou municipal.
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
• compreender como funcionam e de que tratam os sistemas
contábeis e seus subsistemas patrimonial,orçamentário, de
custos e de compensação;
• aprender o que é um plano de contas;
• conhecer o plano de contas aplicado ao setor público – PCASP
bem como todas as suas particularidades e especificidades.
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Bibliografia
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