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IUS RESUMOS Introdução ao Direito Eleitoral Organizado por: Samille Lima Alves IUS RESUMOS I. INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL ........................................................................................ 3 1. Definindo o Direito Eleitoral ............................................................................................................ 3 1.1 Conceito e características do Direito Eleitoral ................................................................... 3 1.2 Da função e do objeto do Direito Eleitoral ......................................................................... 4 1.3 Competência legislativa sobre matéria eleitoral ............................................................... 5 2. Fontes do Direito Eleitoral ............................................................................................................... 5 3. Interpretação do Direito Eleitoral: proporcionalidade e razoabilidade ........................... 7 4. Direito eleitoral e outras disciplinas ............................................................................................. 9 5. Referências .......................................................................................................................................... 10 SUMÁRIO INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL [3] O Direito Eleitoral é ramo autônomo do direito que trata de institutos fundamentais para a sociedade, a saber, democracia, direitos políticos e representação política. Desses podemos extrair outros, por exemplo, as condições de alistamento e elegibilidade, os partidos políticos, o funcionamento da justiça eleitoral, o processo eleitoral, as ações eleitorais. Elementos que nos são tão próximos, mas que precisamos conhecer de forma mais aprofundada. Dessa forma, estudaremos inicialmente o que é o Direito eleitoral, suas características essenciais, as fontes, formas de interpretação e o relacionamento com outros ramos do Direito. Bons estudos. Samille Lima Alves Equipe Ius Resumos --- ♠ --- I. INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL 1. Definindo o Direito Eleitoral 1.1 Conceito e características do Direito Eleitoral O direito eleitoral é conceituado e caracterizado da seguinte forma1: José Jairo Gomes: É o ramo do Direito Público cujo objeto são os institutos, as normas e os procedimentos regularizadores dos direitos políticos. Normatiza o exercício do sufrágio com vistas à concretização da soberania popular Conceito Jaime Barreiros Neto: Ramo do Direito Público diretamente relacionado à instrumentalização da participação política e à consagração do exercício do poder de sufrágio popular INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL IUS RESUMOS Marcos Ramayana: Ramo do Direito Público que disciplina o alistamento eleitoral, o registro de candidatos, a propaganda política eleitoral, a votação, apuração e diplomação, além de regularizar os sistemas eleitorais, os direitos políticos ativos e passivos, a organização judiciária eleitoral dos partidos políticos e do Ministério Público dispondo de um sistema repressivo penal especial Thales e Camila Cerqueira: Ramo do Direito Público (Direito Constitucional) que visa o direito ao sufrágio, bem como o direito de participar do governo e sujeitar-se à filiação, à organização partidária e aos procedimentos criminais e cíveis e, em especial, à preparação, regulamentação, organização e apuração das eleições Ramo do Direito Público interno Institutos de conceitos indeterminados Normas de natureza cogente ou imperativa Soberania popular, moralidade, normalidade e legitimidade das eleições, liberdade de voto, entre outros Não podem ser alteradas pela vontade dos envolvidos no processo eleitoral ou por particular O Direito Público trata das relações envolvendo o Estado e os entes públicos, na condição de poder político soberano Características O Direito Eleitoral é um ramo autônomo, pois tem princípios próprios, autonomia legislativa e uma justiça especializada 1.2 Da função e do objeto do Direito Eleitoral O Direito Eleitoral tem por função e objeto2: Regulamentar o processo e o procedimento eleitoral Garantir a soberania popular através do voto Garantir a normalidade e a legitimidade do pleito eleitoral Função Desde a distribuição do eleitorado ao julgamento de ações de impugnação de mandatos Que o resultado apurado nas urnas seja justo e corresponda à vontade do eleitorado INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL [5] Objeto Normatização do processo eleitoral Alistamento eleitoral Organização das eleições Registro de candidaturas Organização do eleitorado Campanhas eleitorais Apuração Divulgação dos resultados Votação Diplomação dos eleitos O procedimento eleitoral é formado por eleições e consultas populares - plebiscito e referendo A competência da Justiça Eleitoral estende-se após a diplomação dos eleitos: julgamento das ações de impugnação de mandatos e recursos contra a diplomação A posse dos diplomados é função dos Poderes Executivo e Legislativo Atenção 1.3 Competência legislativa sobre matéria eleitoral Sobre a competência para legislar sobre direito eleitoral o art. 22, I da CF/1988 dispõe que: Competência privativa da União Os Estados poderão legislar sobre questões específicas de direito eleitoral, desde que autorizado por Lei Complementar Previsão Legal Art. 22, I e parágrafo único da CF/88 Competência legislativa Medida Provisória não pode tratar de regras de Direito Eleitoral ou Partidário, de acordo com o art. 62, I, a, CF/88 Importante! 2. Fontes do Direito Eleitoral No mundo jurídico, entende-se por fonte do direito: IUS RESUMOS Fontes do Direito Refere-se a origem primária do direito, são os fatores determinam o surgimento da norma ou também o fundamento de validade da ordem jurídica. São, ainda, instâncias de manifestação normativa Conceito Fonte formal Forma de manifestação ou exteriorização da norma jurídica – é o direito objetivo vigente Fonte direta, primária ou imediata A fonte primacial para composição da norma jurídica Fonte indireta, secundária ou mediata Contribuem de forma suplementar para a formação da norma Fonte material A matéria-prima para formação da norma, advinda da sociedade, da natureza Fonte histórica Documentos jurídicos produzidos no passado e que ainda influenciam as normas jurídicas da atualidade Costume jurídico no direito consuetudinário e a lei em sentido amplo no sistema civil law Analogia, princípios gerais do direito, jurisprudência, doutrina, equidade Fatos sociais, históricos, políticos, ambientais, a religião, a moral Direito romano, Código de Napoleão, Corpus Juris Civilis, Lei das XII Tábuas, Magna Carta Inglesa Leis, jurisprudência, tratados internacionais, costume jurídico, a doutrina As fontes formais ainda se subdividem em fontes estatais e não estatais, que se caracterizam por: Produzido nas instâncias do poder institucionalizado Legislativa: leis, decretos, regulamentos Jurisprudencial: sentenças, precedentes judiciais, súmulas Convencional: tratados e convenções internacionais Fonte estatal Produzido pela sociedade, juristas, doutrinadores e estudiosos do direito Costume jurídico Doutrina Negócios jurídicos Fonte não estatal Fonte formal INTRODUÇÃOAO DIREITO ELEITORAL [7] Com esses esclarecimentos podemos elencar as fontes do direito eleitoral, destacando-se as fontes formais3: Institui princípios e normas fundamentais – democracia, nacionalidade, direitos políticos, sistemas eleitorais, a organização da Justiça Eleitoral, entre outros Fontes do Direito Eleitoral Constituição Federal Normas sobre alistamento, sistemas eleitorais, recursos e crimes eleitorais Código Eleitoral Lei nº 4.737/65 Estabelece casos de inelegibilidade, prazos de cessação, procedimento de ações eleitorais Lei de Inelegilibilidades LC nº 64/90 Produzido nas instâncias do poder institucionalizado Lei dos Partidos Políticos Lei nº 9.096/95 Refere-se ao poder regulamentar do Judiciário. É ato-regra com força de lei, que dispõe sobre instruções necessárias para execução da Lei de eleições (art. 105). Não pode limitar direitos, contrariando determinação legal Resolução do TSE Orientação sem força executiva. Refere-se a determinado caso concreto Consulta a Tribunal Eleitoral Decisões dos Tribunais Eleitorais que não se generalizam Decisões da Justiça Eleitoral a) Minirreforma Eleitoral - Lei nº 11.300/2006 - alterou dispositivos da Lei das Eleições b) Lei da Ficha Limpa- Lei Complementar nº 135/2010 - alterou dispositivos da Lei das Inelegibilidades Normas importantes Normas sobre coligações, registro dos candidatos, prestação de contas Lei das Eleições Lei nº 9.504/97 3. Interpretação do Direito Eleitoral: proporcionalidade e razoabilidade De acordo com José Jairo Gomes (2015, p. 28-33), o Direito Eleitoral pode ser interpretado utilizando-se os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, que são: IUS RESUMOS A proporcionalidade observa 3 (três) etapas: Constitui um método ou critério desenvolvido para alcançar uma decisão racional sobre determinado problema jurídico, no qual se vislumbre colisão de princípios ou direitos fundamentais Proporcionalidade Proporcionalidade em sentido estrito Necessidade O intérprete deve escolher aquilo que é viável e idôneo para que se possa alcançar o resultado almejado Trata-se da ponderação dos princípios colidentes. Deve-se escolher o que impõe menor ônus ao princípio colidente que é afastado Opta pelo meio menos gravoso para alcance do objetivo Adequação1 2 3 As etapas devem ser observadas em ordem, porém, não é preciso que se examinem todas em um determinado caso, pois elas são subsidiárias Desenvolvido pela jurisprudência alemã - ambientado no sistema civil law Se uma etapa resolver o problema, as demais não precisam ser utilizadas Impõe um controle aos atos estatais, que são submetidos a uma análise de legitimidade e compatibilidade ou adequação entre o objetivo almejado e o meio escolhido para alcançá-lo Serve ao controle judicial de atos estatais, quer emanem do Poder Executivo e do Legislativo, objetivando a proteção das pessoas contra atos arbitrários e não justificáveis do Estado Razoabilidade Princípio constitucional implícito, cunhado no sistema jurídico anglo-americano – filiado ao common law Aquilo que é conforme à razão, racional, o que é revestido de bom-senso ou prudência, a medida justa ou adequada à luz das circunstâncias, dos valores sociais e do Direito Sistema jurídico inglês Sistema jurídico dos EUA Sistema jurídico brasileiro INTRODUÇÃO AO DIREITO ELEITORAL [9] No Brasil existe confusão entre os princípios (apesar de serem diferentes). E existem juristas que defendem que a razoabilidade é mais ampla que a proporcionalidade, e vice-versa Atenção 4. Direito eleitoral e outras disciplinas De acordo com José Jairo Gomes (2015, p. 23), o direito eleitoral constitui um microssistema jurídico em razão de conter princípios e diretrizes próprios e também os princípios eleitorais ligados a várias áreas do Direito. Dentre as áreas jurídicas que mais influenciam o Direito Eleitoral, destacamos4: A Constituição é a fonte primária do Direito eleitoral Direito constitucional Compartilham as noções de fenômeno político, o poder, acesso e ocupação legítima de cargos eletivos Ciência Política e Teoria Geral do Estado Conceitos domicílio, pessoa física e jurídica, patrimônio, bens, capacidade, responsabilidade, invalidade, decadência, direitos de personalidade; relações de família (parentesco, casamento e união estável) e das inelegibilidades; da validade de negócios jurídicos como doação de recursos a candidatos e partidos, entre outros Direito Civil Teoria de crimes aplicados no âmbito eleitoral – noções de lugar, tempo, consumação e tentativa, transação penal, concurso de normas, etc Direito Penal Regras subsidiárias do processo jurisdicional eleitoral Direito Processual Civil e Penal Extraem-se normas de controle das finanças dos partidos políticos e aplicação de penalidades pecuniárias Direito Financeiro e Tributário Organização e funcionamento da Justiça Eleitoral, da gestão do processo eleitoral, conceitos de poder de polícia, agente e servidor público Direito Administrativo Em comum os conceitos de personalidade, legitimidade, relação jurídica, direitos subjetivo e objetivo, sistema e microssistema, método, interpretação e aplicação do Direito, conceito indeterminado, ato ilícito Teoria Geral do Direito --- ♠ --- IUS RESUMOS 5. Referências BARREIROS NETO, Jaime. Direito eleitoral. 5. ed. Salvador: Jus Podivm, 2015. (Coleção sinopses para concursos). CERQUEIRA, Thales Tácito de; CERQUEIRA, Camila Albuquerque. Direito eleitoral esquematizado. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2012. GOMES, José Jairo. Direito eleitoral. 11. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Atlas, 2015 RAMAYANA, Marcos. Direito eleitoral. 10. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2010. NOTAS: 1 Gomes (2015, p. 21, 26), Barreiros Neto (2015, p. 21), Ramayana (2010, p. 14), Cerqueira (2012). 2 Ramayana (2010, p. 13), Barreiros Neto (2015, p. 22); 3 Gomes (2015, p. 25-26), Barreiros Neto (2015, p. 44-48. 4 Gomes (2015, p. 23-28), Barreiros Neto (2015, p. 42-44).
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