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PROJETO DE PRODUTOS
Jerry Adriani Capitani Mendelski
SUMÁRIO
Esta é uma obra coletiva organizada por iniciativa e direção do CENTRO SU-
PERIOR DE TECNOLOGIA TECBRASIL LTDA – Faculdades Ftec que, na for-
ma do art. 5º, VIII, h, da Lei nº 9.610/98, a publica sob sua marca e detém os 
direitos de exploração comercial e todos os demais previstos em contrato. É 
proibida a reprodução parcial ou integral sem autorização expressa e escrita.
CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC
Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS 
REITOR
Claudino José Meneguzzi Júnior
PRÓ-REITORA ACADÊMICA
Débora Frizzo
PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO
Altair Ruzzarin
DIRETOR DE ENSINO A DISTÂNCIA (EAD) 
Rafael Giovanella
Desenvolvido pela equipe de Criações para o Ensino a Distância (CREAD)
Coordenadora e Designer Instrucional 
Sabrina Maciel
Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem
Igor Zattera, Julia Oliveira, Thaís Munhoz 
Revisora
Luana dos Reis
HISTÓRICO E CONCEITOS 4
HISTÓRICO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO DE PRODUTOS 5
CONCEITO DE PRODUTO E CICLO DE VIDA 12
CONCEITOS DE CONFIABILIDADE E APLICAÇÕES 15
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E SERVIÇOS: PRINCÍPIOS, MODELOS E METODOLOGIAS 23
SINOPSE DA UNIDADE 30
CONCEPÇÃO GERAL DO PRODUTO 33
HISTÓRICO E ORIGEM DO APQP 34
PLANEJAMENTO DO PROJETO DO PRODUTO 35
FERRAMENTAS PARA O PROJETO DO PRODUTO 38
DESIGN FOR SIX SIGMA (DFSS) 42
ANÁLISE FUNCIONAL E DE VALOR 45
VA / VE ANÁLISE DE VALOR E ENGENHARIA DE VALOR 46
SINOPSE DA UNIDADE 48
EXECUÇÃO DO PRODUTO 52
CONCEPÇÃO POR MANUFATURA 53
CONCEITUAÇÃO DE ENGENHARIA DE PROCESSOS E ENGENHARIA INTEGRADA 56
GD&T E MSA CONCEITOS E IMPORTÂNCIA 58
GD&T 59
MSA 64
PROTOTIPAGEM 67
SINOPSE DA UNIDADE 70
INOVAÇÃO 73
INOVAÇÃO E PROPRIEDADE INTELECTUAL 74
BENCHMARKING - CONCEITOS E PRÁTICA 78
ENGENHARIA REVERSA 82
SINOPSE DA UNIDADE 84
3PROJETO DE PRODUTOS
APRESENTAÇÃO
Prezados, alunos!
Sejam bem-vindos à disciplina de Projeto de produtos!
O presente estudo busca enriquecer o curso acerca das atividades e práticas docentes, relati-
vas à disciplina de Projeto de produtos, na modalidade de Educação a distância do Uniftec.
Deste modo, preocupei-me em propor atividades autoinstrutivas, auxiliando na aplicação da 
ação didática do professor, associando atividades práticas aliadas ao caráter teórico e reflexivo.
Cada unidade foi desenvolvida pensando em retomar conceitos fundamentais de Projeto de 
produtos, sendo enfatizado desde as definições iniciais do histórico e contextualização do proje-
to de produtos, passando pelos tipos e as respectivas características dos instrumentos de medi-
ções e seus padrões de referência, tolerâncias, ajustes, incertezas de medição e os possíveis erros 
de medições identificados com suas respectivas causas, além de abordar questões referentes aos 
laboratórios e suas certificações, bem como as características das máquinas de medições por co-
ordenadas e os ensaios mecânicos dos metais.
Os assuntos trabalhados neste estudo estarão divididos em capítulos, os quais, inicialmen-
te, trataremos de uma apresentação e contextualização histórica de produto e o seu ciclo de vida. 
Após será apresentada uma abordagem, procurando estabelecer as fases de desenvolvimento de 
produtos e serviços, sendo enfatizado os princípios, modelos e metodologias. Sequencialmente, 
trataremos de analisar as características da inovação e propriedade intelectual.
O último capítulo abarcará a apresentação dos conceitos e especificações de pla-
nejamento do projeto do produto.
Basicamente, o material foi elaborado com o intuito de poder auxiliar o corre-
to entendimento e o consequente conhecimento das questões atreladas ao mundo de 
projeto de produtos, proporcionando o desenvolvimento das habilidades necessárias 
aos muitos profissionais que atuam ou convivem com questões relacionadas com o 
planejamento e desenvolvimento de projeto de produtos.
 Desta forma, ao estudante, será proporcionado o conhecimento de um cenário 
real, que o possibilite desenvolver um correto entendimento das questões de planeja-
mento e de desenvolvimento de um produto ou um serviço, desde suas origens até suas 
características especificadas pelo APQP.
4
HISTÓRICO E 
CONCEITOS 
O que é um projeto de um produto? Como funciona o seu ciclo de 
vida? Quais as técnicas utilizadas para identificarmos os níveis de 
confiabilidade? Quais as respectivas metodologias utilizadas para o 
desenvolvimento de produtos e serviços?
5PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
HISTÓRICO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO PROJETO DE PRODUTOS
Se considerássemos a respectiva etimologia da palavra projeto, a sua 
origem básica está atrelada ao latim projectu, o qual tem o significado de 
“lançado a diante”. Para um melhor entendimento, podemos considerar 
como uma respectiva ideia, referente à função atribuída a executar ou, de 
outra forma, realizar algo em um futuro, em que poderemos associar com 
um respectivo e consequente empreendimento a ser realizado dentro de um 
determinado esquema estabelecido.
A concepção da ideia de projetos não é nova, avaliando a origem da fun-
ção de desenvolvimento de projetos, podemos facilmente fazer uma viagem 
histórica e perceber que não é de hoje esta preocupação e definição de como 
devemos projetar e planejar. Neste sentido, convido a todos para fazermos 
uma pequena viagem no tempo, voltando quase no início da humanidade, ava-
liando quais são os pontos e características que podemos associar aos concei-
tos de projeto, nos dias atuais.
Inicialmente, sugiro que façamos uma pequena análise, estabelecen-
do uma linha de raciocínio que possibilite conceituar facilmente uma dife-
renciação entre:
• projetos;
• processo.
Pode parecer até banal, mas este entendimento e conhecimento inicial é muito importante e fundamental 
para que possamos percorrer todo este caminho evolutivo que corresponde ao projeto de produto, desta forma, 
conceituaremos a palavra processo. Observe algumas definições teóricas que podem auxiliar, neste sentido:
• Processo conforme um olhar científico de administração de empresas: é o conjunto de atividades 
realizadas na geração de resultados para o cliente, desde o início do pedido até a entrega do produto.
• Processo conforme um olhar transdisciplinar: é a sincronia entre insumos, atividades, infraestrutu-
ra e referências necessárias para adicionar valores ao ser humano.
• Processos conforme um olhar de gerenciamento de processos: é uma sequência de tarefas (ou ativi-
dades) que, ao serem executadas, transformam insumos em um resultado com valor agregado.
• Processo conforme definição do Dicionário Aurélio: é a maneira de operar, resolver ou ensinar; a 
técnica. Um caderno que contém os documentos relativos a um negócio; uma série de fenômenos su-
cessivos com nexo de causa e efeito.
Ao observarmos as definições expostas, assim como as principais características definidas e o res-
pectivo entender de cada linha de pensamentos existentes, podemos compilar tudo o que foi escrito e sin-
tetizar de uma forma para que possamos estabelecer e definir a especificação de processos como sendo um 
respectivo conjunto estruturado de atividades sequenciais, que apresentam relação lógica entre si, com a 
finalidade de atender as necessidades e as expectativas dos clientes externos e internos da empresa.
Da mesma forma, podemos exemplificar e verificar alguns exemplos que estabelecem definições 
sobre o que é projeto:
6PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
• Projeto conforme o PMI: é considerado um empreendimento específi-
co e temporário, com objetivo de criar um produto, serviço ou resultado 
único, sendo este, novo.
• Projeto conforme a International Standard Association - ISO-10006: 
é um processo que consiste em um grupo de atividades coordenadas e 
controladas com datas para início e término, empreendido para alcance 
de um objetivo, conforme requisitos específicos, incluindo limitações de 
tempo, custos e recursos.
Ao compararmos as definições básicas atribuídasinfraestrutura e respectivas finanças.
Azevedo e Politano (2009) identificaram que as necessidades de aplicação de ferramentas no projeto de 
produtos, estão alicerçadas devido à dificuldade de integração e o respectivo gerenciamento das fases dentro do 
próprio processo, ou com outros processos da empresa, bem como dificuldade do fluxo ordenado de informações 
e vantagem competitiva que agregam ao produto.
39PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Necessariamente, a utilização integrada de práticas e das ferramentas durante o 
projeto de produtos, onde as respectivas saídas de uma ferramenta ou prática são con-
sideradas como as informações de entrada de outra, objetiva incluir eficiência e dimi-
nuir o número de retrabalhos. Desta forma, a definição de quais ferramentas e práticas 
devem ser utilizadas, estará sempre relacionada com a cultura da empresa e o nível de 
conhecimento do time de projeto implantado.
Com relação as principais ferramentas existentes e utilizadas, podemos enumerar:
1. DFX- Design for X: Design for excellence ou projeto voltado com bases no concei-
to de qualidade total, pode ser identificada como uma filosofia que proporciona 
a colocação de um produto no mercado, de uma forma rápida e satisfatória, onde 
é considerado o incentivo à comunicação e cooperação. Podemos considerar que 
as ferramentas bem-sucedidas do DFX, são aquelas que racionalizam o produto 
e o processo, tornando-os modelos pragmáticos e facilmente assimilados pelos 
seus usuários, caracterizados como projetos de produtos simultâneos associados 
a processos e sistemas. 
Isto permite que a equipe de projetos veja os problemas de diferentes perspectivas 
sem perder o foco principal. Seus benefícios podem ser classificados em três categorias:
i. Categoria 1: os benefícios estão diretamente relacionados com as medidas, para 
tornar o produto cada vez mais competitivo, onde são visualizados:
• melhoria da qualidade e produtividade;
• redução do ciclo de vida;
• aumento da flexibilidade;
• satisfação dos clientes;
• clima organizacional.
ii. Categoria 2: melhoria e a racionalização das decisões no projeto do produto, incluindo os pro-
cessos e recursos, possibilitando uma introdução alternativa em todas as etapas iniciais, bem 
como uma diminuição dos potenciais e mudanças a serem realizadas nas etapas posteriores.
iii. Categoria 3: comunicação entre os participantes com a implantação de uma equipe de tra-
balho, na elaboração do projeto, que objetive a:
• simultaneidade e transparência das atividades;
• a melhoria no relacionamento entre usuários e fornecedores;
• a maior facilidade no gerenciamento do projeto;
• o desenvolvimento de um produto racionalizado e bem estruturado;
• a promoção da prática da engenharia simultânea.
40PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Ainda com relação a ferramenta DFX – Design for X, podemos identificar 
as principais ações desta ferramenta em um projeto de produto:
• reúne e apresenta os fatos sobre o produto e seus respectivos processos;
• esclarece e analisa as relações entre produto e processo;
• avalia o seu desempenho;
• evidencia as falhas e compara as alternativas possíveis;
• propõe revisões onde o projeto pode ser melhorado e prevê seu resultado;
• realiza as melhorias necessárias;
• permite a interação entre os participantes.
Ao analisarmos, percebemos que o DFX surgiu da necessidade evidencia-
da nas organizações em:
• integrar processos como montagem;
• planejar as fases iniciais do projeto de produtos;
• satisfazer as exigências funcionais em conjunto com a viabilidade de pro-
dução dos produtos. 
Ao considerarmos as respectivas e conhecidas técnicas que podem ser utilizadas no DFX, as mesmas 
são dispostas de diversas formas e orientações, abordando aspectos considerados diferentes do desem-
penho do produto, oferecendo orientações e métricas ao time de desenvolvimento, conforme podemos 
perceber em estudos de DEMOLY et al., (2011), HOLT e BARNES (2009) e REITMEIER E PAETZOLD (2012).
Conforme definido por Demoly et al. (2011), o DFA é o projeto / design orientado à montagem. É 
uma abordagem que se preocupa com a geometria do produto e visa melhorá-lo através de remodelação. 
Esse aspecto do DFX considera as exigências e restrições técnicas na montagem, diminuindo o lead-ti-
me de design e engenharia, o número de peças a serem montadas, melhorando a eficiência do produto 
durante seu ciclo de vida.
No mesmo sentido, conforme estudos realizados por Selvaraj, Radhakrishnan e Adithan (2008), o 
DFM é o design orientado à manufatura, considerando a minimização do número de peças, da variação 
de ferramentas de corte, de tolerâncias no projeto do produto e na incompatibilidade de montagem. Sua 
principal função é relacionar os objetivos dos desenhos técnicos e restrições de fabricação simultanea-
mente, solucionando os problemas durante a concepção, diminuindo o tempo total de projeto, aumen-
tando a confiabilidade do produto. 
2. FMEA- Failure Mode and Effects Analysis: A Análise dos Modos e Efeitos das Falhas (FMEA) pode ser 
considerada como uma ferramenta caracterizada como sistêmica, sendo utilizada com o objetivo de 
prever falhas potenciais nos sistemas produtivos ou em produtos e suas causas, garantindo que os pro-
blemas tenham sido resolvidos, formalizando e documentando disciplinas que os engenheiros devem 
seguir ao projetar, conforme estabelecido pelos estudos de RODRIGUES, DE PAULA; ECHEVESTE (2008).
41PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
O FMEA representa uma ferramenta importante para o desenvolvimento de produtos, onde:
• analisar de forma detalhada e individual, cada possível modo de falha; 
• consequente compreensão da relevância de cada falha; 
• identificação dos respectivos riscos nas fases iniciais do projeto; 
• garantia da qualidade relacionada ao produto;
• diminuição dos custos atrelados à garantia.
Neste sentido, para Murad (2011) e Rossi et al. (2011), o FMEA é utilizado de forma comum 
nas fases do desenvolvimento de produto, possibilitando a identificação das fontes de desper-
dícios e erros, tornando claro os pontos de melhoria e medidas corretivas, onde, se não forem 
identificadas, essas falhas seriam transmitidas aos consumidores e os respectivos custos, com 
garantia, subiriam substancialmente.
3. CAD/CAE/CAM: as ferramentas de desenho e especificações servem como respectivos avalia-
dores do desenvolvimento de produtos, uma vez que elas definem:
• as entradas;
• desenhos; 
• dados; 
• especificações de material e engenharia aos processos;
• asseguram que as tolerâncias das peças sejam compatíveis com as normas e dis-
ponibilidades de fabricação. 
Com elas, temos a possibilidade de identificar as respectivas dimensões que afe-
tam suas funções, identificadas como:
• durabilidade;
• qualidade;
• satisfação do cliente.
O CAD (Computer Aided Design) pode ser definido como uma ferramenta à con-
cepção de produtos e especificações, considerados como mais sofisticados, permitin-
do que as empresas desenvolvam produtos, utilizando uma quantidade menor de re-
cursos e, em um menor tempo, conforme estabelecido por MARION (2008). 
No mesmo sentido de análise, a ferramenta CAE (Computer Aided Engineering) 
tem por objetivo prestar um auxílio para a melhoria da qualidade final do produto, 
reduzindo o tempo total ao utilizar protótipos, identificado por Maluf Filho (2008). 
A simulação no software CAE identifica componentes que tenham grande impacto no 
desenvolvimento do produto.
42PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Com relação a ferramenta conhecida como CAM (Computer 
Aided Manufacturing), é utilizada com o objetivo de conhecer-
mos efetivamente os custos de atrelados de produção, as fer-
ramentas e as respectivas máquinas que serão necessárias para 
construção do produto em estudo, sendo utilizadas simulações.
DESIGN FOR SIX SIGMA (DFSS) 
Com relação as definições e características básicas, o DFSS 
estabelece um respectivo método a ser aplicadopara o desen-
volvimento de produtos, desenvolvimento de processos, ou 
ainda, serviços através da utilização de ferramentas dedicadas, 
utilizando-se como base o cliente com suas respectivas neces-
sidades, desejos e expectativas, ocasionando que o processo de 
desenvolvimento de produto passe por uma evolução, saindo de 
uma abordagem determinística para probabilística.
Conforme estudos desenvolvidos por Edgeman (2003), o 
autor salienta que com a base da aplicação do método DFSS, é 
possível desenvolver um produto mais robusto através de es-
tatística e métodos quantitativos, transitando da forma reati-
va, fazer e testar, para um modo preventivo, balanceado e com 
uma progressão otimizada.
O DFSS pode ser estabelecido como um método que apresente uma abordagem rigorosa para o desenvolvimento 
de produtos, processos ou serviços, na condição específica de produto certo na hora certa, logo, podemos identificar 
o método DFSS através dos objetivos de:
I. redução do tempo de entrega;
II. redução do custo de desenvolvimento;
III. aumento da eficiência e efetividade dos trabalhos de desenvolvimento.
43PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Em termos de estruturas, o DFSS apresenta um conjunto de ferramentas, assim como 
o Seis Sigma, que possui a capacidade de proporcionar benefícios tangíveis:
• excelente desempenho mecânico;
• redução significativa de utilização de matéria-prima;
• superar os problemas que causam falhas em novos produtos. 
Como defendido por Brue e Launsby (2003), existe a necessidade que seja entendi-
do que, apesar das diversas ferramentas identificadas pelo DFSS, eles são caracterizados 
como sendo um método e não uma estratégia, por se tratar de um método, tem a caracte-
rística da forte estruturação em fases.
Para Page (2004), o núcleo DFSS é estabelecido por uma consequente divisão das ativida-
des, em fases, para o respectivo desenvolvimento, organizadas em alguns modelos, tais como:
• DMADV (Definir, Medir, Analisar, Desenvolver e Verificar);
• IDDOV (Identificar, Definir, Desenvolver, Otimizar e Verificar);
• DMADOV (Definir, Medir, Analisar, Desenvolver, Otimizar e Verificar);
• DMCDOV (Definir, Medir, Caracterizar, Desenvolver, Otimizar e Verificar).
Entre outros, sendo a DMADV e a IDDOV as duas mais conhecidas.
Nos estudos de Deshpande (2016), a base do DFSS está caracterizada com cinco fa-
ses consideradas como interconectadas, sendo intituladas como Definir, Medir, Analisar, 
Projetar, Verificar (DMADV), com orientações do início ao fim para o cliente. Para Cudney 
Agustiady (2016), as fases são definidas como: 
• definir: o problema e a oportunidade de um novo produto, processo, ou serviço representa; 
• medida: mede o processo e reúne os dados associados ao problema, bem como os dados 
de VOC associados à oportunidade de projetar um novo produto, processo ou serviço; 
• analisar: analisa os dados, identificando as relações entre variáveis-chave, gerando 
novos conceitos de produtos e selecionando um novo produto com arquitetura das 
várias alternativas; 
• design: projetar novos elementos detalhados do produto e integrá-los para eliminar o 
problema, atendendo aos requisitos do cliente; 
• validar: o novo produto, processo ou serviço, garantindo aos clientes que os requi-
sitos sejam cumpridos.
Basicamente, a ideia geral do DFSS é sistematizar o processo de desenvolvimento a 
partir da pesquisa inicial com os clientes, para o lançamento final do produto, exigindo a 
aplicação de ferramentas consideradas como ferramentas específicas. O conceito pode ser 
aplicado em projetos realizados tanto para clientes internos quanto externos, bem como 
para o desenvolvimento de produtos e para o desenvolvimento de processos. 
44PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Nesse sentido, pode-se resumir o DFSS, como um poderoso método para auxiliar no 
sucesso do desenvolvimento de um novo produto ou uma nova tecnologia, sendo uma me-
todologia que emprega diferentes ferramentas estatísticas, analisando alguns parâmetros 
do projeto ou processo, acompanhado por um mecanismo de identificação das característi-
cas-chave do produto a ser projetado, conforme estabelecido por JOGLEKAR (2003).
Além de tudo, enquanto em programas Seis Sigma, os respectivos esforços são total-
mente concentrados para a redução de defeitos na fabricação, os conceitos de DFSS são ne-
cessariamente utilizados para a prevenção dos problemas ainda durante o planejamento do 
produto ou serviço, de modo a desenvolver um processo robusto, com alta qualidade. 
Se condicionássemos às questões relacionadas aos benefícios identificados com a im-
plantação do DFSS, podemos identificar os seguintes itens, caracterizados como benefícios:
I. reduzir a variabilidade dos processos;
II. aumentar a lucratividade;
III. reduzir os custos operacionais;
IV. reduzir os custos da não qualidade;
V. aumentar a produtividade;
VI. reduzir o tempo de ciclo;
VII. reduzir o volume de reclamações dos clientes;
VIII. aumentar o faturamento;
IX. reduzir a necessidade de inspeções. 
Necessariamente, percebemos que, quando da incorporação da abordagem DFSS, a 
equipe do projeto deve ser integrada, incluindo os membros internos e externos (forne-
cedores e clientes), com a identificação de esforços especiais para a implantação de uma 
equipe multinacional, assim como multicultural, possibilitando a implantação e adoção de 
um nível de projeto Seis Sigma.
45PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
ANÁLISE FUNCIONAL E DE VALOR
Com relação a análise de valor, podemos identificar que é um respectivo método criado 
pela empresa General Electric (GE), na década 40. Em paralelo às diversas abordagens atu-
ais, possuem o objetivo da redução de custos, aumento da qualidade do produto, melhoria 
de processo, análise de valor busca, destacar e implementar um método para a consequente 
avaliação do valor agregado durante a etapa de projeto do processo. 
Conforme definido nos estudos de Romeiro et al. (2010), a estruturação do método está 
totalmente baseada na identificação das funções do processo, assim como do produto, para que 
possamos determinar o respectivo grau de importância para cada um dos mesmos, com o obje-
tivo de atender suas expectativas sob o ponto de vista do consumidor e do valor agregado. Para 
Rozenfeld et al. (2006), os autores visam a metodologia, bem como o aumento do valor agregado 
em um produto existente, através de um conjunto de passos considerados como sistemáticos. 
Esta técnica é efetivamente aplicada por uma equipe específica, fazendo as análises de 
todas as funções existentes do produto, agregando o valor ao consumidor e buscando solu-
ções para reduzir custos. Desta forma, a sua aplicação permitirá ganhos evidentes, consi-
derados como significativos com a consequente redução de custos e a eficiência do produto. 
Para um respectivo produto ser considerado como bem desenvolvido, todas as áreas deve-
rão estar comprometidas com o negócio.
A respectiva e conhecida fase de Análise Funcional, em um estudo de valor, é identifica-
da de forma crucial à metodologia, sendo considerada, historicamente, a única característica 
diferenciadora da gestão de valor em relação a outros estilos e abordagens de gestão, con-
forme definido por MALE et al. (2007). O respectivo método da análise funcional proporciona 
que todas as partes consideradas identificadas de uma empresa ou organização, passassem a 
visualizar e se interessar pelos termos, de forma a conquistar os chamados resultados. 
A consequente implementação da análise funcional pode ser realizada por uma equipe 
multidisciplinar que abrange colaboradores que representem todas as áreas da organização, 
ligadas direta ou indiretamente a qualquer uma das fases do ciclo de vida do produto, con-
forme a BSI 12973 (2000):
• identificação e listagem: realizada através de um verbo (que exprime a ação a realizar) 
e um nome (que indica o elemento em que a ação é exercida), de modo que o seu objetivoseja claro e brevemente entendido. Esta primeira fase deve ser absolutamente extensiva 
para que nenhuma função seja esquecida;
46PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
• organização: objetiva uma lista ordenada das funções que devem ser consideradas ao longo 
do desenvolvimento do produto. Para as funções com o utilizador, a análise funcional estabe-
lece as necessidades a ser satisfeitas e, para as funções relacionadas com o produto / proces-
so, será fornecida informação relativa à maneira como são respondidas;
• caracterização: permite que a performance expectável seja quantificada para as diferentes 
funções. Devem ser descritos os níveis expectáveis de performance das funções, bem como 
meios para atingi-los, ponderando as necessidades dos clientes futuros. Os riscos que provêm 
da utilização do produto e as possibilidades de ocorrência de falhas são descritos e tomados 
em consideração. Este estágio estará completo se forem criadas condições para que possam 
ser descritas as possibilidades de variação nos níveis de performance das funções (a sua fle-
xibilidade descrita por classes e por rácios de custo / benefício ou outros);
• hierarquização: as funções relacionadas com o utilizador são hierarquizadas por ordem de 
importância para o consumidor. Todas as funções devem ser atribuídas a um peso, criando 
uma quantificação da ordem hierárquica;
• avaliação: as funções são avaliadas no seu estado atual. Esta apreciação não constitui uma 
definição dos custos, mas das expectativas do cliente em relação a cada função para que sejam 
ponderadas ao longo de todo o desenvolvimento do produto. No âmbito da gestão de valor, 
recorre-se a matrizes de avaliação e comparação, que permitam esta análise qualitativa.
Esta matriz pode ser utilizada na fase de Avaliação de Ideias da Análise do Valor, comparando 
soluções propostas, bem como medindo o valor que se pretende que seja fornecido ao consumidor.
VA / VE ANÁLISE DE VALOR E ENGENHARIA DE VALOR
Cada vez mais a redução dos custos é vista e identificada como um dos princi-
pais objetivos dos fornecedores que atuam de forma direta em uma chamada cadeia 
produtiva, com o objetivo maior de agregar um respectivo valor ao seu produto, no 
momento da venda. 
O respectivo valor agregado acaba interferindo de forma decisiva na qualidade, 
custo final e funcionalidade do produto, de uma forma em que, quanto maior for o valor 
que a empresa agrega em seus produtos, maior será a importância relevada pelo cliente.
47PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Com tais objetivos e com esta procura, cada vez mais os projetos de produtos começam a optar pela utilização 
da ferramenta de redução de custos, denominada VA/EV como uma forma de conseguir identificar alternativas que 
apresentem efetivas oportunidades de redução de custos em projetos. Conforme estudos realizados por Thamhain 
apud Vargas (2002), fica claro que as empresas e organizações devem levar em conta os altos custos de implantação 
do método de Análise de Valor e Engenharia de Valor – VA / EV, além das eminentes dificuldades de implementar-se 
uma análise quantitativa, considerada apurada da relação custo / benefício necessário à implantação da técnica.
Quando tratamos da questão de valor, existem dois tipos de operações que sempre devemos levar em con-
ta em nossas análises, assim como temos que entender a diferença:
• operações que agregam valor ao produto: transformam a matéria-prima, modificando a forma;
• operações que não agregam valor ao produto: caminhar para obter peças, desembalar peças vindas do for-
necedor e que são identificadas como perdas ou desnecessárias.
Ford, no início da década de trinta, estabelecia que o eixo central desse conceito consistia em observar que 
o desperdício dos materiais é uma consequência cuja causa encontra-se em uma perda muito mais relevante, 
associada à incorreta utilização das pessoas nos processos de produção, em virtude da deficiente análise dos 
processos de fabricação que geram estas perdas.
De uma forma muito prática, as atividades que são classificadas como as que transformam a matéria-pri-
ma, constituem o processamento, aumentando o seu valor agregado através de atividade de montagem de com-
ponentes, estampagem, tratamento térmico, dentre outras. Quanto maior for o valor agregado observado, maior 
será a eficiência da operação.
48PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
A aplicação da ferramenta de AV/EV acaba proporcionando um efetivo aumento do valor agre-
gado dos produtos, pois existe uma análise sobre os produtos e seus métodos produtivos.
Ao longo dos anos, observamos muitos significados para estes termos, sendo que, para al-
guns, pode ser considerado como um tratamento indistinto, mas possuindo o mesmo significado. 
Em alguns casos, identificam a Análise de Valor - AV - como sendo o trabalho realizado efetiva-
mente sobre algo que já existe, que esteja em curso e, consequentemente, o termo Engenharia de 
Valor - EV - às consequentes aplicações a recursos que não existem e que ainda estejam em fase de 
concepção ou de projeto. 
De forma prática, podemos estabelecer que o conceito atribuído a VA/ VE, pode ser definido como 
um sistema para solucionar potenciais problemas através do uso de um conjunto específico de técni-
cas, um corpo de conhecimentos e um grupo de pessoas especializadas, sendo um enfoque criativo e 
organizado, que tem como propósito a identificação e remoção de custos desnecessários.
A Engenharia/Análise do Valor é o esforço organizado, dirigido para analisar as funções de bens 
e serviços para atingir aquelas funções necessárias e características essenciais da maneira mais ren-
tável, CSILLAG (1995).
SINOPSE DA UNIDADE
No decorrer deste capítulo, conseguimos verificar as questões relacionadas ao método do APQP, sen-
do possível trabalharmos em relação as ferramentas específicas para o planejamento de produtos. Amplia-
mos nosso conhecimento sobre DFSS, da Análise de Funcional e Análise de Valor, assim como VA/VE.
49PROJETO DE PRODUTOS
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. Conceitue o APQP:
2. Quais as etapas que dividem o APQP?
3. Conforme Deshpande (2016), quais são as cinco fases 
do DFSS?
4. Defina o conceito de VA/VE.
50PROJETO DE PRODUTOS
GABARITO SUMÁRIO
1. Conceitue o APQP:
De forma conceitual, podemos identificar o APQP como sendo uma ferramenta utilizada para o 
acompanhamento da etapa de desenvolvimento do projeto de peças em seus fornecedores, onde a 
função básica identificada no APQP estabelece a necessidade iminente de uma redução dos custos, 
assim como da melhoria da qualidade final do produto projetado, bem como o acompanhamento 
dos registros gerados referentes aos produtos planejados com o objetivo de estabelecer um maior e 
mais eficiente controle durante as etapas do processo de planejamento e desenvolvimento.
2. Quais as etapas que dividem o APQP?
Planejar e definir os objetivos: 
a. “voz do cliente”, quais as necessidades e expectativas do cliente;
b. busca atingir o objetivo para o qual foi criado e então terminar. 
c. a empresa define a lista de materiais, assim como a sequência operacional dos processos preli-
minares, as características consideradas especiais do produto e o plano de garantia do produto.
Planejamento e desenvolvimento do produto: 
• considerar todos os fatores do projeto no planejamento do processo;
• definição das especificações de engenharia com relação ao controle de registo, tamanho 
da amostra, frequência e critérios de aceitação dos parâmetros;
• construção do protótipo para verificar a conformidade do produto em relação aos requi-
sitos do cliente;
• o plano de controle do protótipo, baseado em desenhos de engenharia e requisitos de 
especificação;
• análise da viabilidade preliminar, avaliação dos potenciais problemas durante a fabricação.
Planejamento e desenvolvimento do processo: 
• discussão das principais características do desenvolvimento de um sistema de produção 
e do seu controle;
• depende da conclusão,com sucesso, das duas etapas anteriores;
• submeter uma revisão do manual da qualidade e do plano de controle de fabricação, de 
modo a melhorar o sistema de qualidade;
• necessidade de um fluxograma do processo, que auxilia na elaboração do:
I. PFMEA (Process Failure Mode and Effect Analysis) deve ser realizado durante o 
planejamento da qualidade e antes da produção;
II. plano de Controle;
• requer um plano de controle de pré-lançamento;
• responsáveis da qualidade devem criar instruções de trabalho;
• desenvolver um plano para a Análise dos Sistemas de Medição (MSA).
Validação do produto e do processo: 
• é submetida após todos os ensaios na produção;
• deve haver a validação do plano de controle e o fluxograma do processo;
• a produção deverá executar as tarefas com as condições finais planejadas no projeto;
• utilização de dispositivos de medição e métodos usados no plano de controle, verificam-se 
as características críticas com as especificações técnicas do produto; 
51PROJETO DE PRODUTOS
GABARITO SUMÁRIO
• análise do sistema de medição e a capacidade do processo;
• análise no local de fabricação;
• a Aprovação das Peças de Produção (PPAP);
• análise do plano de controle da produção:
III. instruções de trabalho;
IV. calibres e equipamentos de teste, aos quais devem ser verificados em relação à Repetibilidade e à reprodutibilidade (R&R).
Avaliação, feedback e ação corretiva: 
d. após a validação do processo, avaliam-se as causas especiais e comuns presentes no processo de fabricação e a eficácia do sistema planejado;
e. plano de controle de produção é a base para a avaliação do produto.
3. Conforme Deshpande (2016), quais são as cinco fases do DFSS?
• definir: o problema e a oportunidade de um novo produto, processo, ou serviço que representa; 
• medida: mede o processo e reúne os dados associados ao problema, bem como os dados de VOC associados à oportunidade de projetar um novo produto, processo ou serviço; 
• analisar: os dados para identificar as relações entre variáveis-chave, gerar novos conceitos de produtos e selecionar um novo produto arquitetura das várias alternativas; 
• design: projetar novos elementos detalhados do produto e integrá-los para eliminar o problema e atender aos requisitos do cliente; 
• validar: o novo produto, processo ou serviço para garantir ao cliente que os requisitos sejam cumpridos.
4. Defina o conceito de VA/VE.
De forma prática, podemos estabelecer que o conceito atribuído a VA/ VE pode ser definido como um sistema para solucionar potenciais problemas através do uso de um conjunto específico de téc-
nicas, um corpo de conhecimentos e um grupo de pessoas especializadas, sendo um enfoque criativo e organizado, que tem como propósito a identificação e remoção de custos desnecessários.
52
EXECUÇÃO DO 
PRODUTO 
Vamos tirar do papel, produzir, operacionalizar e transformar em produto 
o projeto realizado? É necessária uma contextualização de produção, 
engenharia e ferramentas aplicadas.
53PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
CONCEPÇÃO POR MANUFATURA
Após a definição de qual produto será confeccionado, relacionado às suas características 
físicas, técnicas e de utilização, temos que partir para as determinações posteriores, que pos-
sam estabelecer qual será a forma que utilizaremos para conseguir conceber este produto. Qual o 
método e os processos que teremos de implantar para que a ideia inicial se torne realidade e seja 
possível a produção em escala deste produto. Neste sentido, surge a necessidade de entendermos 
as características básicas e fundamentais da manufatura.
Através de estudos realizados por Lamb (2015), a concepção de manufatura pode ser esta-
belecida como uma fabricação sistemática de produtos por meio da utilização de máquinas, fer-
ramentas e mão de obra, dividida em:
I. manufatura subtrativa;
II. manufatura formativa;
III. manufatura aditiva. 
Podemos evidenciar que a manufatura está totalmente ligada ao processo industrial, bem 
como aos sistemas de produção, os quais produzem bens de consumo, considerados como tangíveis.
Em um outro sentido, os estudos de Corrêa (2013) identificam que os sistemas de produção 
possuem sua origem primária na gestão de operações que, hoje, possui um escopo bem definido, 
sendo estudada nas escolas de administração e de engenharias, visando que é difícil de rastreá-
-la, quando passou a ser vista como uma ciência.
Através de uma análise temporal, conseguimos observar que as característi-
cas consideradas como básicas da manufatura, foram originadas na Inglaterra, por 
volta de 1776 e, posteriormente, nos Estados Unidos da América através da ação e 
do surgimento de grandes fábricas, as quais contavam com operários que estavam 
reunidos com o propósito de fabricar produtos, usando ferramentas próprias assim 
como a utilização de máquinas. 
De forma direta, podemos considerar que esta primeira caracterização e clas-
sificação tenha sido fruto da primeira onda iniciada através da expansão da primeira 
Revolução Industrial, no respectivo ano de 1776, onde, através de James Watt (1736-
1819), ocorreu o desenvolvimento e a comercialização do primeiro motor a vapor. 
54PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Ao analisarmos os estudos realizados por Skinner (1992), podemos observar a respectiva evolução em termos de con-
ceitos, filosofias e aplicações da manufatura ao longo dos séculos, assim como ela é propriamente abordada. 
Tabela 1 – Evolução da manufatura
ANO FASE FILOSOFIA BÁSICA
BASE DE 
COMPETIÇÃO
ORGANIZAÇÃO INDUSTRIAL
1400 - 
1700
Revolução Comercial
Colonização e 
comercialização
Navegação e novos 
produtos
Manufatura artesanal.
1765 - 
1815
I Revolução Industrial Início da mecanização Status e poder Início da manufatura industrial.
1800 - 
1850
A idade do capitalismo 
técnico
Poder e controle
Substituição de 
importações
Dono próximo da operação e domínio 
da tecnologia. 
Capataz cuida da produção.
1850 - 
1945
II Revolução ndustrial 
Administração científica 
Produção em massa 
Altos estoques
Intercambialidade de 
componentes
Baixo custo 
Eficiência 
Dono preocupado com a tecnologia e 
investimentos. 
Capataz vira encarregado e perde poder 
para administração. 
1940 - 
1960
Início da III Revolução 
Industrial
Curva de aprendizado. 
*Anos dourados da 
manufatura
Volume Automatização da mão de obra direta.
1960 - 
1980
Declínio da manufatura 
americana
Técnicas numéricas e 
computacionais
Automação de 
base eletrônica
Automatização da mão de obra indireta.
Entrada de novos com-
petidores no cenário.
Modelos simplificados e 
descentralizados
Qualidade total e 
variedade
Descentralização das decisões.
1980 - 
1996
Manufatura como base 
da competitividade
Um tipo de produção para 
estratégia de negócio
Qualidade 
Variedade 
Velocidade 
Fábricas focalizadas.
Trabalho em equipe.
Novos produtos no mercado. 
2011 
- ...
Início da IV Revolução 
Industrial
Manufatura avançada
Personalização 
Economia 
Robótica 
Trabalho homem e máquina. 
Avanços tecnológicos.
Fonte – Adaptação SKINNER 1992.
55PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Podemos perceber que o considerado marco fundamental da Primeira Revolução Industrial foi 
através da mecanização de atividades, executadas por mão de obra humana e agrária, onde a respectiva 
necessidade de mecanização originária da Revolução Comercial fez com que a economia se desenvol-
vesse de forma acelerada e aumentasse o poder aquisitivo de novos empresários e empregados, gerando 
novas necessidades e demandas para bens de consumo, onde ocorreu o declínio direto do Feudalismo. 
Necessariamente, a manufatura foi visualizada como um processo feito à mão pelo artesão, 
conhecida como manufatura artesanal, posteriormente, com Ricardo (1817) e Marx (1883), o tra-
balho humano industrial ganhou ênfase com o conceito de valor. 
Após isso, já em meados de 1950, no período identificado como pós Segunda Guerra Mundial, 
surgiu o Sistema Toyota deProdução (TPS), onde a manufatura em massa passa a ser comparada 
com a manufatura enxuta (Lean Manufacturing), do modelo japonês. 
Os sistemas de produção construídos a partir das ideias de Taylor, no período do pós-guerra, 
tiveram como principal preocupação obter ganhos de escala, pois, nessa época, a capacidade de 
produção era menor que a demanda. Era o tipo de situação product-out. 
Quando a demanda se torna inferior à oferta, faz-se necessária uma abordagem market-in, 
visando a necessidade de as empresas considerarem, simultaneamente, diferentes dimensões na 
elaboração de suas estratégias e na configuração de seu sistema de produção: custo, qualidade, 
flexibilidade, entrega / serviço e lead-time. Emerge a exigência de construir sistemas robustos 
de produção, capazes de responder ao mercado de maneira eficaz e eficiente, de acordo com as 
diferentes dimensões da concorrência.
Nestas condições, as características são outras, onde a ênfase está na melhoria 
contínua das operações por meio da diminuição de desperdícios e dos retrabalhos, 
com a redução de troca de ferramentas das máquinas (setups), gestão eficiente de 
estoques, com a implantação da filosofia just in time, e aumento na variedade de 
produtos para o cliente final.
Sequencialmente, podemos verificar que a Logística Empresarial assume um papel 
importante e estabelece o impulso como a ciência aplicada e responsável pela distribui-
ção de produtos, neste mesmo período, também surge o processo de automação, o termo 
criado pelo engenheiro da General Motors, nos EUA, para definir o uso de comandos ló-
gicos e programáveis, bem como equipamentos mecanizados para substituir o esforço e 
a inteligência humana ou a passagem automática das peças pelas fases consecutivas do 
processo de produção. Com o passar do tempo e aliado a tudo isso, ocorreu o surgimento 
e o crescimento da tecnologia da informação, onde a manufatura também evoluiu, sendo 
possível perceber que os níveis de integração, dentro das indústrias, aumentaram, con-
sideravelmente, a produtividade e, por consequência, a eficiência na gestão. 
Finalmente, a conhecida manufatura avançada, também especificada como 
Tecnologias de Manufatura Avançada (Advanced Manufacturing Technologies - AMT), 
definida como formas de tecnologias auxiliadas por computadores, envolvendo har-
dware e software para armazenar e manipular os dados inseridos e realizados por 
empresas manufatureiras com intenção de produzir peças, produtos ou equipamen-
tos de forma eficiente e eficaz.
56PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Neste sentido, podemos evidenciar que a manufatura avançada é estudada des-
de a década de 1990 e considerada uma nova maneira de obter vantagem competiti-
va, pois impacta nos negócios empresariais. Adotar essa tecnologia potencializa os 
processos gerenciais da empresa, em particular, pelo volume de dados coletados, que 
podem gerar informações estratégicas para tomada de decisões.
CONCEITUAÇÃO DE ENGENHARIA DE PROCESSOS E ENGENHARIA INTEGRADA
Normalmente, nas empresas e organizações, os departamentos de engenharia são estruturados 
em sua concepção, considerando uma subdivisão natural, onde podemos claramente verificar os res-
pectivos eixos de trabalhos com relação à concepção de produtos através da engenharia de produtos, 
bem como a concepção e implantação dos processos através da chamada engenharia de processos.
Essa segmentação, observada no departamento de engenharia, acaba ocasionado uma real 
divisão do departamento, onde podemos, em algumas situações, perceber divisões de hierar-
quias, equipamentos, mobiliário, pessoal e até condições de espaço físico. Muitas organizações 
possuem um departamento de engenharia estabelecido, porém, é possível evidenciar dois depar-
tamentos totalmente diferentes sob um mesmo comando.
A engenharia de processos possui a responsabilidade de estabelecer e definir as formas com as 
quais o produto será concebido; quais máquinas serão necessárias à confecção, em quantas etapas, 
com quais características, respondendo a específicas tolerâncias, permitindo avaliar as expectativas 
necessárias para a confecção do produto, transformando o processo produtivo capacitado para tanto.
Para Paim (2002), a engenharia de processos é entendida como uma arquitetura (framework) 
para compreensão, análise e melhoria dos processos internamente ou entre as organizações. Por 
meio da representação dos fluxos horizontais ou transversais de atividades e informações nas 
organizações, busca-se construir uma visão sistêmica de como as unidades de uma organização 
se integram, com vistas a gerar os resultados e agregar valores para os seus clientes finais.
57PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Esta divisão, algumas vezes intencionais, porém, não intencionais, acaba intitulando 
um ar de autonomia para os subdepartamentos, cada um com suas funções, cada um com 
suas responsabilidades, cada um com seus prazos e cada um com suas responsabilidades. Se 
analisássemos bem o produto a ser disponibilizado por um departamento de engenharia, é o 
projeto de um produto, o projeto que busca estabelecer desde os primários conceitos e defi-
nições, até a etapa de forma de fabricação e operacionaliza. Neste sentido, o tipo de resposta 
a ser esperada à base dos trabalhos e funções do departamento de engenharia, é dependente 
das duas funções e dos dois eixos, com trabalhos compartilhados, dependentes e sequenciais.
Podemos considerar que a aplicação da engenharia de processos, nas empresas, aca-
ba proporcionando a necessidade de uma maior capacidade de flexibilidade, direcionada às 
atividades, buscando os resultados considerados como integrados, nas organizações. 
Em um sentido, podemos entender que a abordagem por processos se contrapõe dire-
tamente ao sistema de estruturação de organizações por sistemas funcionais, onde a orga-
nização funcional faz com que ocorra uma potencialização e um aumento do conhecimento 
especializado, baseado na forma em que possuir um agrupamento de profissionais por es-
pecialidades técnicas, priorizando os indicadores de desempenho departamentais. 
De outra forma, não pode ser garantida, necessariamente, a resposta com um ótimo 
desempenho de forma global da empresa, estimulando um comportamento considerado 
como de isolamento e de competitividade interna.
Historicamente, a ideia da segmentação das ações do departamento de engenharia 
acaba, em algumas situações, sendo benéfica, mas, na grande maioria dos casos, acaba tra-
zendo dificuldades e considerações negativas ao melhor desenvolvimento do projeto. Tais 
fatores negativos podem influenciar questões relacionadas à comunicação, pois poderá ser 
afetada e, em alguns casos, pode até mesmo não existir. No mesmo sentido, podemos ob-
servar uma influência negativa em relação ao cumprimento de prazos, compartilhamen-
to de informações, definições, etc. Devido a isso, as organizações procuram estabelecer os 
conceitos de engenharia integrada e obter um maior alinhamento das funções, tanto da en-
genharia de produto como da engenharia de processo.
O grupo de pesquisa em engenharia integrada, do núcleo de manufatura avançada, 
vem desenvolvendo uma nova abordagem para o ensino do processo de desenvolvimento de 
produto para enfrentar estes desafios, onde será estabelecida uma estrutura de elementos 
e conceitos capazes de suportar o ensino e treinamento de uma visão integrada do processo 
de desenvolvimento de produto por meio de técnicas de didática ativa.
Esta estrutura é denominada como uma estrutura de cenário de engenharia integrada, 
ou, simplesmente, cenário, tal qual um “cenário” de teatro permite a atores a reprodução 
de uma história de ficção, e ao público a possibilidade de presenciar uma representação 
desta. Esta estrutura oferece um ambiente onde as pessoas possam “reproduzir” ou assistir 
técnicas e métodos relacionados com o desenvolvimento de produto, simulando o projeto 
de um novo produtoem um ambiente próximo da realidade de uma empresa. 
58PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
GD&T E MSA CONCEITOS E IMPORTÂNCIA
Um dos pontos mais importantes e significativos no planejamento de projeto de 
novos produtos está relacionado com a definição das características dimensionais a se-
rem obedecidas ao longo do processo produtivo, que possam contemplar as especifica-
ções dimensionais, definidas pelo planejamento do produto. Desta forma, as empresas 
e as organizações, cada vez mais, estão trabalhando e avaliando o emprego de ações e 
respectivas ferramentas que possibilitem a conciliação do dimensional planejado com o 
dimensional obtido pelo processo de fabricação.
Podemos verificar que, quando um processo produtivo é implantado, os compo-
nentes produzidos ou trabalhados devem seguir rigorosamente as especificações esta-
belecidas pela engenharia, durante a fase de desenvolvimento do projeto e, até mesmo, 
em algumas situações, as possíveis normas existentes que possam especificar as carac-
terísticas dos produtos durante as etapas da linha de produção.
Na prática fabril, em nenhum processo de fabricação nós conseguiremos obter 
o resultado da operação de forma exata e que atenda ao valor dimensional projetado, 
mais especificamente, nenhum processo existente tem a capacidade e a possibilidade 
de conceber um produto que represente o valor conhecido como nominal de produto. 
Esta especificidade acaba fazendo com que, na etapa de planejamento do projeto do 
produto, o departamento de engenharia venha a considerar esta variação existente, 
definindo uma faixa de aceitação para cada uma das cotas especificadas para os pro-
dutos a serem confeccionados. 
Adicionalmente, após a definição das faixas de tolerâncias a serem seguidas, será neces-
sário verificar se o processo de fabricação existente possui a consequente capacidade de aten-
dimento destas medidas, além disso, se os meios de inspeção existentes conseguem efetiva-
mente suprir esta necessidade de avaliação dimensional, protegendo o processo produtivo em 
relação a possíveis falhas e erros de usinagem.
Devemos sempre observar que, de forma prática, não existe processo de fabricação que 
possua a capacidade de produzir um número ilimitado de peças, exatamente na especificação 
nominal estabelecida pelo projeto do produto. Esta inexatidão está associada a diversas cau-
sas, dentre as quais, podemos enumerar a variação do maquinário, a variação dos dispositivos 
de fixação e até mesmo dispositivos de medição e controle, bem como da própria matéria-pri-
ma a ser trabalhada. Neste contexto, consideramos a especificação nominal como a dimensão 
especificada no desenho de uma peça, onde sua origem está atrelada a projetos mecânicos es-
pecíficos e associados à sua função final; às dimensões reais ou efetivas são as dimensões reais 
da peça, que podem ser maiores, menores ou iguais às dimensões nominais.
Estas necessidades são atreladas às atividades da engenharia de processo, que têm a res-
ponsabilidade de conhecer o processo produtivo que estará disponível para ser utilizado e de-
finir as faixas de tolerância a serem atendidas, bem como a forma que deveremos realizar as 
avaliações no processo, verificando se estas cotas, após os processos, estarão efetivamente 
cumprindo as existências dimensionais estabelecidas.
Para isso, a engenharia de processo utiliza ferramentas específicas, que auxiliarão a re-
alização destas atividades, sendo identificas por GD&T e MSA.
59PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
GD&T
Efetivamente, as faixas de tolerâncias são realmente aplicadas, 
tanto no controle de variações de forma geométrica, como também em 
variações de dimensões:
Figura 3 – Tolerâncias
Fonte: Autor.
60PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Com relação as questões dimensionais, dois princípios de tolerância são nor-
malmente classificados em literaturas técnicas, onde podemos destacar o conceito 
do princípio da tolerância tradicional ou cartesiana, a qual é limitada pela respecti-
va representação da forma da peça e os valores de suas dimensões, com tolerância 
para mais e para menos (+/-). Além deste, podemos destacar o conceito denomina-
do como tolerância geométrica.
Neste sentido, a respectiva necessidade da especificação de tolerância parte 
do princípio de que as variações inerentes do processo de fabricação e de controle 
fazem com que existam diferenças entre o que é projetado e o produto real, con-
forme estabelecido em estudos por Schneider (2005), onde, na figura, poderemos 
perceber a representação da intenção do projetista, expressada no desenho técnico 
(a) e no lado direito da figura, a geometria real da peça fabricada (b).
Figura 4 – Variação entre projeto e execução
Fonte: Adaptado de Schneider (2005).
As especificações geométricas de produtos, assim como as definições das Tolerâncias geo-
métricas – de forma, orientação, posição e batimento - Generalidades, símbolos, definições e in-
dicações em desenho, estão estabelecidas na ABNT NBR 6409:1997, que teve como base a norma 
ISO 1101:1983, posteriormente substituída pela norma ISO 1101:2004.
• tolerâncias de forma: variação total que um elemento permite aceitação em relação à sua 
geometria ideal;
• tolerância de orientação: variação total que um elemento pode aceitar em relação a outro ele-
mento mecânico para assegurar a montagem entre ambos;
• tolerância de posição: variação de posicionamento que um elemento pode aceitar em relação a 
referência de outro elemento;
• tolerância de batimento: variação total de um elemento em relação ao seu próprio eixo, quan-
do o elemento permite a rotação em torno do seu próprio eixo.
61PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Tabela 2 – Símbolos para característica tolerada
Figura 5 – Modelo de cotas
Fo
n
te
: A
B
N
T 
N
B
R
 6
4
0
9
:1
9
9
7
.
De uma forma geral, esta linguagem que foi associada aos desenhos, tipica-
mente em 2D, foi amplamente difundida no meio industrial através da identifica-
ção como GD&T (Geometrical Dimensioning and Tolerancing), suportada pela ASME 
(American Society of Mechanical Engineers) e GPS (Geometric Product Specification), 
suportada pela ISO (International Organization for Standardization).
De forma prática, podemos exemplificar o uso da linguagem do GD&T conforme 
a próxima figura, onde é possível constatar cotas de tolerâncias dimensionais e especi-
ficação de tolerâncias geométricas para paralelismo, posição, batimento circular radial 
e axial, perpendicularidade e tolerância de planeza, sendo possível observar a especifi-
cação de elementos de referência, denominados de A, B e C, para os elementos tolera-
dos e a condição de máximo material, denominado pelo símbolo M com um círculo.
Quando consideramos as evidentes limitações do método tradicional estabelecido, para poder espe-
cificar e expressar de forma correta as respectivas características geométricas do produto, evidenciamos 
a necessidade do desenvolvimento de uma linguagem que fosse considerada como padrão, desta forma, 
fosse possível também uma consideração quanto as simbologias necessárias para a indicação gráfica e o 
seu respectivo significado em um desenho técnico, conforme estabelecido por Wandeck e Sousa (2008). Fo
n
te
: A
S
M
E
 (
2
0
0
9
).
62PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Podemos compreender que as técnicas caracterizadas pelo sistema “GD&T”, compreendem 
uma linguagem utilizada a nível internacional, sendo usada em todos os projetos e desenvolvi-
mento de peças e componentes, descrevendo as suas principais características como o seu ta-
manho, forma, orientação e a localização dos seus principais elementos. Utiliza um conjunto de 
símbolos, regras, definições e convenções que são devidamente representadas nos desenhos dos 
componentes, conforme verificado em SENAI (2007).
Em seus estudos, Cogorno (2006) especifica que o GD&T pode ser utilizado quando consi-
deradas as seguintes situações: 
• necessita-se utilizar uma técnica clarae precisa de referências e coordenadas para a correta 
interpretação e entendimento no processo de manufatura e na inspeção da peça;
• características são críticas para a funcionalidade e montagem das peças;
• deseja-se diminuir a quantidade de peças conforme jogadas fora, devido a erros de metodologia;
• deseja-se diminuir a quantidade de alterações realizadas nos desenhos;
• utilizam-se equipamentos automáticos;
• utilizam-se calibres para verificação da conformidade das peças;
• deseja-se aumentar a produtividade;
• deseja-se diminuir a quantidade de notas para descrever requisitos de forma e geometria 
complexa de um componente;
Ainda conforme o autor, os benefícios gerados com a ferramenta podem ser 
enumerados como:
• aumento do campo de tolerância para uma zona até 57 % maior;
• consequentemente, a redução de custos gerada por um aumento na aprovação e uti-
lização dessas peças, há também ganho na produtividade pela utilização de equipa-
mentos automáticos e uso de calibres e dispositivos de controle nas inspeções;
• fácil e igual entendimento das características e controles que deverão ser realizados;
• desenhos mais claros e precisos que geram pouca ou nenhuma dúvida quanto 
à interpretação.
O GD&T está inserido dentro de diversas atividades ao longo do Processo de De-
senvolvimento de Produtos (PDP), onde podemos observar:
I. no estágio de definição dos requisitos, quando se identificam as características crí-
ticas do produto para cumprir requisitos de performance e estéticos. Nesse mo-
mento, dimensões críticas devem ser controladas segundo uma tolerância aceitável 
pelo consumidor. A definição dos esquemas de referenciais (datums) é amplamente 
direcionada pelos requisitos do produto e estratégia de processos de manufatura;
II. durante o projeto detalhado, quando o GD&T é aplicado nos desenhos de engenharia 
de peças e conjuntos, com o intuito de definir claramente as intenções de engenha-
ria dos requisitos dimensionais deles, conforme mencionado no início deste tópico;
63PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
III. em paralelo com o projeto detalhado do produto, no proje-
to dos processos de manufatura, o GD&T é aplicado para de-
terminar onde e como os componentes serão submetidos, ou 
referenciados, enquanto são fabricados e montados, ou seja, 
quais são as referências (datums) dos componentes para cons-
trução de ferramentais, dispositivos de montagem e de me-
dição – essas características devem ser idênticas aos datums 
do produto, ou extremamente próximas a eles, do contrário, 
variações inevitavelmente surgirão, desnecessariamente;
IV. nos estágios de validação do produto e processo, os da-
tums são empregados em todos os dispositivos usados 
para checar dimensões, ou para rotinas de CMM (Coordi-
nate-Measuring Machine), que inspecionam variações di-
mensionais de peças e conjuntos;
V. finalmente, durante a produção, quando a variação do pro-
duto devido aos processos de manufatura torna-se um fa-
tor de sobrevivência da companhia, a variação permitida é 
comunicada através dos planos de controle que utilizam o 
GD&T previamente definido nas fases de projeto, para in-
dicar ao inspetor dimensional como fazer corretamente as 
medições da amostragem da produção.
64PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
MSA
O objetivo principal do estudo e consequente aplicação de MAS está vinculado direta-
mente à possibilidade de podermos assegurar que as informações de medida que estão sendo 
efetivamente coletadas, representem de forma potencial e verdadeira, a real ocorrência em 
um processo produtivo. De forma prática, saberemos se as avaliações dimensionais possuem 
resultados considerados como confiáveis antes de avaliar ou melhorar qualquer processo. 
As práticas do MAS estabelecem dois eixos básicos:
I. conhecer as fontes de variação (operador, instrumento de medição, temperatura e etc.) 
que têm maior influência nos resultados gerados pelo Sistema de Medição;
II. verificar se o Sistema de Medição possui propriedades estatísticas compatíveis com as 
especificações.
Normalmente, com o MSA aplicado, conseguimos obter informações relevantes do 
tipo que estabelecem a quantidade e o tipo de variações de medição associadas aos sistemas 
de medição, sendo considerados os seguintes tipos: 
I. materiais;
II. métodos;
III. pessoas;
IV. ambiente;
V. maquinário;
VI. medição. 
65PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Em geral, qualquer valor medido observado tem algum erro e pode ser re-
presentado por:
Para a realização dos estudos de MAS, é necessária a consideração de alguns 
parâmetros básicos dos quais podemos citar a preocupação com a questão, se os 
operadores estão devidamente treinados e familiarizados com todos os equipa-
mentos disponíveis para a medição, da mesma forma, é necessário saber se o equi-
pamento é totalmente estável ao longo do tempo e se não há qualquer influência 
do ambiente externo sobre o processo de medição implantado. 
O MSA é considerado como uma ferramenta que confirma a capacidade do sis-
tema de medição à sua aplicação, ele não tem como objetivo provar/testar a equipe 
de operadores nem o processo de fabricação, porque considera que as premissas são 
verdadeiras. Caso não sejam, os resultados apontarão que áreas precisam de correção.
Temos sempre que entender e considerar que não existem sistemas de me-
dição que possam ser considerados como ideais, desta forma, é atribuição direta 
dos engenheiros responsáveis pela qualidade estabelecer uma adequação dos sis-
temas de medição para obter as propriedades estatísticas adequadas ao trabalho 
executado e às necessidades do produto. 
Os engenheiros de qualidade têm a responsabilidade de identificar as propriedades estatísticas 
para o uso dos dados. É responsabilidade assegurar que tais propriedades sejam a base para escolher 
o sistema de medição. Apesar das diferenças possíveis, existem algumas propriedades estatísticas 
que todos os sistemas devem ter:
• o sistema de medição deve estar sob controle estatístico, o que significa que a variação no sistema 
é devida somente a causas comuns e não a causas especiais;
• a variabilidade do sistema de medição deve ser pequena se comparada com a variabilidade do 
processo de manufatura;
• a variabilidade do sistema de medição deve ser pequena quando comparada com os limites 
de especificação;
• os incrementos de medida devem ser pequenos em relação ao que for menor entre a variabilidade 
do processo ou os limites de especificação.
O controle das variações dos resultados das medições é importante para estabelecer as médias 
e desvios, acompanhar a estabilidade no decorrer do tempo, estabelecer uma previsibilidade e obter 
coerência, onde o planejamento e gerenciamento adequados do sistema de medição visam propor-
cionar economia com os recursos de inspeção (instrumentos, dispositivos de controle, entre outros), 
até mesmo com o intervalo das inspeções.
Com relação as fontes de variação, um sistema de medição pode ser impactado diretamente por duas 
fontes de variação: a aleatória e a sistemática, que serão provenientes de causas comuns e causas especiais.
Valor Medido Observado = 
Valor Medido Verdadeiro + Erro de Medição
66PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Conforme estabelecido pelo Manual de MAS, para se controlar a 
variação do sistema de medição, é necessário identificar as fontes de 
variações potenciais e eliminar ou monitorar essas fontes de variação. 
Existem vários métodos para categorizar as fontes de variação, dentre 
eles, os diagramas de causa e efeito e os diagramas árvores de falhas.
Para o caso de erros de localização, os erros de tendência e linea-
ridade são inaceitáveis se forem significativamente diferentes de zero 
ou se excederem o erro máximo estabelecido pelo procedimento de ca-
libração do dispositivo de medição.
Os parâmetros Repetibilidade e Reprodutibilidade são utilizados 
como medidas de variação do sistema de medição. O R&R é o termo atri-
buídoao desvio padrão combinado da repetibilidade e da reprodutibili-
dade do sistema de medição. Conforme o Manual de MSA, a repetibili-
dade representa a variação nas medições obtidas com um instrumento 
de medição, quando usado várias vezes por um avaliador, enquanto me-
dindo uma característica idêntica de uma mesma peça/amostra. 
Tipicamente, a reprodutibilidade corresponde à variação das mé-
dias das medições feitas por diferentes avaliadores, utilizando um mes-
mo instrumento de medição, enquanto medindo a mesma característica 
de uma mesma peça/amostra.
Quando se trata de erros de dispersão, uma regra geral de aceitação é apresentada no Manual de MSA:
• erro menor que 10% - sistema de medição aceitável;
• erro entre 10% e 30% - o sistema pode ser aceito com base na importância de sua aplicação, no custo do 
aparato de medição e nos seus custos de reparo;
• erro acima de 30% - sistema de medição inaceitável.
Além disso, o número de categorias distintas (critério de discriminação) deve ser maior ou igual a 5.
Os seis elementos essenciais de um sistema de medição genérico são: o padrão, a peça, o instrumento, a 
pessoa, o procedimento e o ambiente. Os fatores que afetam essas áreas precisam ser entendidos, para serem 
controlados ou eliminados.
67PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
PROTOTIPAGEM
Uma das preocupações evidentes, nos projetos de desenvolvimento de 
produtos, é relacionada ao real atendimento das expectativas e conformi-
dade da questão, o que foi planejado com o que será produzido, para isso, a 
possibilidade de podermos confeccionar protótipos ao longo das etapas do 
planejamento, surge como uma alternativa valiosa para este entendimento, 
assim sendo, as operações de prototipagem assumem lugares de destaque no 
planejamento de produtos.
Em seus estudos específicos, podemos compreender que Schrage (2001) 
estabelece uma situação em que identifica a respectiva necessidade de se tor-
nar uma ideia tangível, considerada como a melhor forma para poder acabar 
com todas as incertezas durante a fase do desenvolvimento de um produto. 
Já nos estudos de Volpato et al. (2007), podemos evidenciar que os res-
pectivos e considerados modelos volumétricos são usados em diversas eta-
pas do processo de desenvolvimento de novos produtos e potencializam o 
designer a desenvolver novas ideias. Dependendo do estágio do processo de 
desenvolvimento, as informações aumentam e surgem as necessidades de 
respostas a questões mais específicas. Nesse ponto, pode-se aumentar a so-
fisticação e a complexidade das representações volumétricas dos modelos/
protótipos de acordo com a finalidade ou intenção.
68PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Neste sentido, o autor ressalta que a representação volumétrica de um produto pode ser realizada de diversas 
formas, utilizando-se dos mais variados tipos de materiais, que podem variar desde o conceito formal do modelo a 
ser produzido, onde destacamos:
I. processos de subtração – caracterizado pela produção baseada na modificação de um substrato (material), do qual 
são retiradas algumas porções até que seja obtida a consequente configuração considerada como final e desejada;
II. processos de adição - caracterizado pelo processo de confecção, baseado na colagem de partes fabricadas isoladamente;
III. processos de modelagem - processo caracterizado pelo fato do modelo ser elaborado através da utilização de mate-
riais de conformação plástica.
Conforme observamos, Lima (2006) acaba realizando uma classificação baseada em categorização dos modelos, 
levando em conta uma respectiva questão relativa ao tipo de execução a ser realizada para a obtenção das peças, que po-
demos identificar como:
I. protótipo: caracterizado por ser um modelo confeccionado em uma escala natural (1:1), para isso, utilizado um 
material igual ou semelhante ao material especificado no projeto; 
II. mocape: caracterizado por ser um modelo confeccionado em uma escala natural (1:1), sendo produzido com material 
diferente ao material especificado no projeto;
III. maquete: caracterizado por ser um modelo confeccionado em escala reduzida, sendo produzido como qualquer 
tipo de material;
IV. modelo ampliado: caracterizado por ser um modelo confeccionado em escala ampliada, sendo produzido com 
qualquer tipo de material. 
69PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Da mesma forma, o autor ainda faz uma classificação, onde considera a 
respectiva função a ser utilizada das peças:
I. teste: caracterizado por ser um modelo destinado à avaliação do compor-
tamento do produto ou componente a esforços estáticos ou dinâmicos;
II. funcional: caracterizado por ser um modelo destinado à avaliação de as-
pectos funcionais de sistemas ou subsistemas;
III. ergonômico: caracterizado por ser um modelo destinado à avaliação de 
aspectos morfológicos e/ou semânticos;
IV. volume ou estético: caracterizado por ser um modelo destinado à ava-
liação de aspectos formais;
V. produção: caracterizado por ser um modelo destinado à avaliação de 
processos de fabricação e/ou produção;
VI. apresentação: caracterizado por ser um modelo destinado à apresen-
tação pública;
VII. promocional: caracterizado por ser um modelo destinado à apreciação 
por parte do cliente, quanto a indicação dos atributos do produto;
VIII. arranjo: caracterizado por ser um modelo destinado à avaliação do leiau-
te (fábricas, mobiliário, etc.);
IX. eletrônico: caracterizado por ser um modelo confeccionado em imagem digitalizada para avaliação.
Conforme os estudos de Volpato et al. (2007), podemos verificar que os modelos podem servir como 
um auxílio para o processo, o qual pode ser dividido em dois grupos.
Primeiramente, considerando que os modelos são utilizados, principalmente nas fases iniciais do 
PDP, e o restante, podem ser classificados do seguinte modo: 
• maquete: especificamente esboço ou um modelo considerado como experimental, produzido em 
escala reduzida; 
• modelo volumétrico: caracterizado por ser um rascunho de confecção simples e com a utilização 
de materiais baratos para a sua produção. É considerado como o primeiro estudo de dimensões bá-
sicas e serve para visualizar sua forma;
• modelo de apresentação às fases iniciais: caracterizado por modelos que servem para as mais di-
versas finalidades e se aproximam ao máximo da estética final quanto ao acabamento e textura.
A segunda divisão inclui:
• protótipo físico ou visual: caracterizado por ser um protótipo para prova de conceito, utilizado 
para testar e experimentar ideias (forma e encaixe) de um produto. É focado no estudo da geome-
tria e não nos aspectos de material;
• analítico ou virtual: caracterizado por seus aspectos importantes serem analisados computacio-
nalmente (virtualmente);
70PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
• protótipo parcial ou focalizado: caracterizado por ser um protótipo que 
implementa alguns atributos de um produto, sendo um subsistema dele, 
representando um conjunto de características que permite o teste de as-
pectos funcionais;
• protótipo completo ou funcional: caracterizado por ser um protótipo que im-
plementa a maioria, ou todos os atributos de um componente ou de um produ-
to (em escala real, geralmente através de uma versão operacional do produto). 
Os protótipos estão totalmente voltados para o futuro, de ações com obje-
tivos futuros, onde, através deles, surgem como capacidade de ações com visão 
futura, no sentido de que eles sugerem como o futuro pode ser. A manifestação 
de ideias sobre os conceitos futuros é uma maneira de fazer com que as ideias 
sejam compartilhadas e inseridas à discussão, tanto com clientes como com os 
usuários e, internamente, com a própria equipe de projeto.
Efetivamente, um projeto só evolui através da aplicação de chamados mode-
los físicos, considerados como importantes meios de comunicação entre os desig-
ners e técnicos, bem como os designers e os clientes para quem o projeto é feito. 
Modelos preliminares, feitos de materiaisbásicos de modelagem, captu-
ram sua forma, cor, textura, mecanismos e permitem que o produto a ser cons-
truído possa ser visto a partir de vários ângulos. 
Para muitos autores, por mais avançado que seja o entendimento de um projeto, ele poderá fra-
cassar se o resultado não for funcional. Desta forma, ter conhecimento em relação aos materiais e pro-
cessos de fabricação, torna-se fundamental no processo de materialização de um projeto, seja na fase 
conceitual ou na fase ideológica.
SINOPSE DA UNIDADE
Neste último capítulo, trabalhamos os conceitos mais técnicos atrelados ao projeto de novos produ-
tos, onde foi possível trabalhar as questões relacionadas com concepção de manufatura, diferenciação e 
importância das engenharias de processo e produto, bem como a engenharia integrada. Da mesma forma, 
conseguimos observar as dimensões através de conceitos de GD&A, MSA e a respectiva prototipagem.
71PROJETO DE PRODUTOS
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. Conforme Paim (2002), defina engenharia de processos. 
2. Descreva as tolerâncias geométricas estabelecidas 
pela norma ISO 1101:2004.
3. Qual o real objetivo do MSA?
72PROJETO DE PRODUTOS
GABARITO SUMÁRIO
1. Conforme Paim (2002), defina engenharia de processos. 
A engenharia de processos é entendida como uma arquitetura (framework) para 
compreensão, análise e melhoria dos processos internamente ou entre as or-
ganizações. Por meio da representação dos fluxos horizontais ou transversais 
de atividades e informações nas organizações, busca-se construir uma visão 
sistêmica de como as unidades de uma organização se integram, com vistas a 
gerar os resultados e agregar valor para os seus clientes finais.
2. Descreva as tolerâncias geométricas estabelecidas pela norma ISO 1101:2004.
• tolerâncias de forma: variação total que um elemento permite acei-
tação em relação à sua geometria ideal;
• tolerância de orientação: variação total que um elemento pode acei-
tar em relação a outro elemento mecânico, assegurando a montagem 
entre ambos;
• tolerância de posição: variação de posicionamento que um elemento 
pode aceitar, em relação a referência de outro elemento;
• tolerância de batimento: variação total de um elemento em relação ao 
seu próprio eixo, quando o elemento é permitido à rotação em torno do 
seu próprio eixo.
3. Qual o real objetivo do MSA?
O objetivo principal do estudo e consequente aplicação de um, MAS está vin-
culado diretamente à possibilidade de podermos assegurar que as informações 
de medida estão sendo efetivamente coletadas, representado, de forma poten-
cial e verdadeira, a real ocorrência em um processo produtivo. De forma práti-
ca, saberemos se as avaliações dimensionais possuem resultados considerados 
como confiáveis antes de avaliar ou melhorar qualquer processo.
73
INOVAÇÃO 
Quando os produtos e os processos nascem, estão atrelados a questões 
de preenchimento de algumas lacunas de demandas existentes no 
mercado e a necessidades de inovações.
74PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
INOVAÇÃO E PROPRIEDADE INTELECTUAL
Historicamente, as questões relacionadas ao processo de 
inovação acabam assumindo um lugar muito importante em 
nosso cotidiano, de forma decisiva na sociedade moderna, para 
o crescimento e sobrevivência das empresas e organizações. 
Neste sentido, podemos evidenciar movimentações represen-
tativas que proporcionem, cada vez mais, condições para o de-
senvolvimento de inovações consideradas como sustentáveis e 
que possibilitem uma melhora na competitividade. 
Basicamente, com uma perspectiva de inovação, sendo 
considerada como um elemento capaz de ser determinante 
para a competitividade, podemos observar que o consequen-
te desenvolvimento econômico está totalmente atrelado ao 
processo de renovação das pessoas, das empresas e das insti-
tuições, muito presente na classe empresária, as quais têm a 
capacidade de aproveitar as oportunidades com consequentes 
investimentos e geração de riquezas. Desta forma, o real estí-
mulo à consequente competitividade empresarial, estabelece 
uma indução de comportamentos favoráveis à inovação siste-
mática, através do aperfeiçoamento contínuo e de inovações 
radicais, ou consideradas como disruptivas.
Podemos facilmente estabelecer que a inovação pode ser constituída como uma estratégia eficaz para o sucesso 
empresarial, quando considerado o seu potencial destinado à criação e o estabelecimento de ganhos considerados 
como competitivos.
Desta forma, podemos entender que inovar seria a ação responsável por:
• criar um produto;
• criar um processo produtivo;
• adotar novos comportamentos de mercado;
• utilizar novas matérias-primas;
• nova forma de organização ou gerenciamento.
Conforme estudos de Chen e Ho (2002), a inovação pode ser identificada a partir dos seguintes critérios: 
I. deve ser resultado de um processo criativo: a busca de uma nova solução para um problema, na esperança que ela 
leve a um ganho em eficiência e valor; 
II. deve ser algo novo: indica o grau de diferenciação que ela estabelece; uma inovação altamente distinta rees-
creve as regras do jogo; 
III. deve ser possível medir o seu impacto: é o fator que diferencia uma inovação de uma mera invenção.
75PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
A definição clara de uma inovação deve ser acompanhada por uma medida 
da novidade presente, uma vez que possuem diversos tipos de inovações, onde 
as definições consideradas como mais frequentes procuram estabelecer uma se-
paração das inovações em dois tipos principais: 
a. Inovações incrementais: representadas pelas práticas de melhoria contí-
nua, contendo um baixo grau de novidade.
b. Inovações radicais: também chamadas de disruptivas, que contêm um ele-
vado grau de novidade.
Junto com as respectivas ações para o desenvolvimento de inovações, são 
identificadas as necessidades quanto à adoção de típicos cuidados para se prote-
ger da Propriedade Intelectual (PI) sobre o produto de tais inovações, desta for-
ma, é sempre visível que ocorra um grande alinhamento entre estes dois temas.
Em estudos de Wipo (2011), identificamos que toda criação advinda do in-
telecto humano, tais como invenções, trabalhos artísticos e literários, símbolos, 
nomes, imagens, designs e formatos, com aplicação comercial, constituem um 
ativo, bem ou direito, registrados ou não, apropriados ou não, estarão ligados ao 
seu originador por sua própria natureza, de modo que se denomina propriedade 
intelectual muito mais do que apenas a criação em si, mas a relação entre o seu 
originador e sua respectiva criação intelectual.
76PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Para Di Blasi (2005), a definição de propriedade intelectual está relacionada com os direitos 
de uma pessoa sobre um bem imaterial ou intangível (música, pintura, literatura, arquitetura, 
escultura, fotografia, desenhos, audiovisuais, obras técnicas e científicas, etc.), onde a proprie-
dade industrial – patentes, marcas e desenhos industriais – é um substrato que trata dos bens 
imateriais aplicáveis à indústria e/ou comércio. Ao longo deste texto, PI ou Propriedade Intelec-
tual é o termo utilizado para descrever todos os tipos de proteção ou modalidades de PI, mesmo 
que não tenham aplicação industrial.
No mesmo sentido, Santos (2009) define a PI como sendo o direito referente às invenções 
e criações das pessoas, em todos os ramos de atividades, que garante a proteção sobre o trabalho 
resultante de sua invenção. Esse direito abrange os direitos autorais desse trabalho ou direitos de 
propriedade industrial sobre o trabalho material.
Em nosso país, PI tem o seu reconhecimento dificultado devido a sua proteção ser insuficiente, 
porém, juntamente à PI internacional, fica completa na defesa dos direitos e mantém maior prote-
ção ao autor. As leis brasileiras são aplicáveis apenas dentro de seu território, porém, no campo da 
PI, não há somente legislação interna, portanto, através de tratados e convenções, são definidas leis 
internacionais,cuja aplicabilidade é com acordo dos países participantes dentro de suas fronteiras. 
Não há limite territorial para a PI, pois invenções de todos os países estão melhorando a 
qualidade de vida do ser humano e gerando direitos aos criadores das obras e aos editores.
A propriedade intelectual possibilita um processo de coordenação entre agentes que se articu-
lam para utilizar conhecimentos fragmentados e de propriedade de diversos agentes econômicos. 
Nas áreas, as quais o setor público detém conhecimentos relevantes, a proteção 
jurídica tende a preservar a posição dessas instituições em termos da geração de co-
nhecimento, na medida em que, além da capacitação técnica e científica, passa a deter 
ativos que as qualificam como agentes em condições de estabelecer trocas com os de-
mais agentes econômicos.
Não obstante, essas relações têm lugar num mundo negocial, no qual a compe-
tência tecnológica é apenas uma entre diversas outras exigidas para que a interação 
entre parceiros ocorra, em condições mínimas de equilíbrio, entre as partes envolvidas.
Conceitualmente, a proteção à propriedade intelectual tem como objetivo in-
centivar as invenções e inovações. O sistema de patentes persegue um duplo e con-
traditório objetivo:
I. proteger os inventores contra imitações e estimular a atividade inventiva;
II. disseminar a informação tecnológica como mecanismo de facilitar a invenção e 
inovação em benefício de toda a sociedade.
Através das patentes, ao autor de invenção ou modelo de utilidade será asse-
gurado o direito de obter a patente que lhe garanta a propriedade, onde o direito 
possui um caráter temporal. Para a patente de invenção 20 anos da data do depósito 
e 10 anos da data da concessão; para o modelo de utilidade, 15 anos da data do depó-
sito e 7 anos da data da concessão.
77PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Esse direito é uma via de mão dupla: se, de um lado, o inventor ou 
detentor da patente tem o direito de utilizar, fruir e gozar o objeto de sua 
patente (ou objeto produzido por processo patenteado), por outro, deve 
descrever detalhadamente o conteúdo técnico da matéria protegida. 
Diferentemente de uma pura descoberta, a invenção tem a mão do 
homem modificando um estado natural de uma descoberta e, por isso, o 
requisito “atividade inventiva” faz parte da invenção propriamente dita.
Como formas de proteger, existem o segredo e a patente (já con-
ceituado no início deste item). O segredo não está previsto em lei, pois se 
trata de uma maneira de proteger o conhecimento pelo simples fato de 
não o divulgar, podendo, o possuidor, reservar esse conhecimento para 
si por prazo indeterminado, ou, ao menos, até onde conseguir “guar-
dar” este segredo. Obviamente, esta informação tem valor comercial, 
secreta. Este valor tem cunho competitivo para o negócio, por isso, seu 
interesse em não revelação. Por outro lado, a tutela do segredo não im-
pede um terceiro de utilizá-lo.
A patente é um título de propriedade temporária concedido pelo Es-
tado, com base na Lei de Propriedade Industrial (LPI), àqueles que inven-
tam novos produtos, processos ou fazem aperfeiçoamentos destinados à 
aplicação industrial (com atividade inventiva).
78PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
BENCHMARKING - CONCEITOS E PRÁTICA
A competitividade que as organizações demonstram, no 
atual cenário dos mercados, acaba traduzindo as atuais dimen-
sões globais e características constantemente alteradas por rápi-
das mudanças tecnológicas e de mercados. Desta forma, os pes-
quisadores e os administradores trabalham tentando, cada vez 
mais, criar e aperfeiçoar ferramentas que apoiem a formulação 
e implementação de uma estratégia empresarial, onde merece 
destaque, o chamado benchmarking.
De forma histórica, a busca pelo potencial do benchmarking, 
sendo visualizado como uma ferramenta gerencial, pode ser verifi-
cado no final da década de 70. Neste período, podemos claramente 
destacar como marco, o estudo realizado pela Xerox Corporation, 
que possibilitou conhecer as práticas empresariais japonesas.
Na época, as empresas japonesas estavam iniciando suas 
vendas no mercado norte-americano, com preços inferiores e 
variedade de modelos superiores às empresas locais. Tal cenário 
desafiador preocupava importantes executivos americanos, que 
passaram a ter interesse em conhecer o sistema japonês de pro-
dução e como alcançavam tal performance competitiva.
79PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
A ideia da Xerox, conhecer os melhores competidores existentes no cenário, foi 
considerada original para o ambiente corporativo. No entanto, cerca de 500 A.C., Sun 
Tzu, um general chinês, escreveu: “Se você conhecer seu inimigo e a si mesmo, não 
precisará temer o resultado de cem batalhas.” A partir desta contribuição de Sun Tzu 
e da constatação das práticas adotadas pelas empresas japonesas, comprovadamen-
te competitivas, iniciaram-se os estudos de benchmarking, concentrados em medir e 
comparar o desempenho de seus concorrentes diretos, ou seja, os resultados obtidos 
por empresas com produtos e processos semelhantes.
Conforme definido nos trabalhos de Navarro (2005), para que seja realizado o 
balizamento do processo de tomada de decisão, é importante que o sistema de in-
dicadores possibilite a realização de comparação interna e, principalmente, com o 
ambiente externo, trazendo ao gestor deste nível gerencial a possibilidade de identi-
ficação de elementos de apoio decisórios, relacionados a melhores práticas internas 
e do setor, proporcionando maior potencial competitivo à empresa.
Neste sentido, Costa et al. (2006) define que um papel importante da medi-
ção de desempenho é permitir que uma empresa execute o benchmarking, entendido 
como um processo contínuo e sistemático de investigação, relativo ao desempenho 
de processos ou produtos, comparando-os com aqueles identificados como as me-
lhores práticas. Ainda, o autor estabelece que o benchmarking é um processo siste-
mático de medir e comparar o desempenho de uma organização contra a de outras 
organizações semelhantes em atividades de negócios.
As empresas e organizações buscam, cada vez mais, o aprendizado em relação a ideia de que 
a efetiva e decisiva análise dos processos, que estão implantados e estabelecidos nas mesmas, é a 
ação fundamental para possibilitar uma compreensão em relação a excelência do processo e apren-
der lições a serem adaptadas à realidade específica de outro negócio ou atividade. 
A busca desta nova percepção e respectiva sistematização do processo de aprendizado pe-
las indústrias, quando consideradas as atuações dos líderes, vem aumentando consideravelmente, 
ocorrendo uma respectiva consolidação da ação de uma eficiente ferramenta de gestão, na busca 
da competitividade empresarial.
De forma prática, uma forma de se medir “o quanto” o sistema de produção é enxuto, é rea-
lizada através da aplicação de um questionário de Benchmarking Enxuto, o qual possibilita definir 
e estabelecer o diagnóstico da situação atual do sistema produtivo, a chamada foto atual e, a partir 
deste momento, é possível definir quais serão os fatores mais importantes para aplicarmos as me-
lhorias estabelecidas e voltadas à filosofia Lean na empresa.
A base desta filosofia tem sido aplicada em vários setores de uma organização, com o objeti-
vo de estabelecermos um planejamento de projeto de produtos considerado como mais eficaz. Um 
planejamento de produto, bem estruturado, é totalmente capaz de surpreender o cliente e gerar 
bens de consumo capazes de atender as suas necessidades da melhor forma possível. Desta forma 
e com tais resultados, para as organizações gerará vantagens competitivas no mercado, uma vez 
que este processo é considerado como fundamental às organizações.
80PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Através dos estudos realizados por Rozenfeld et al. (2006), podemos verificar que 85% dos custos 
do ciclo de vida dos produtos vêm de definições da fase dea processos, assim como 
as definições atribuídas a projetos, podemos verificar que, em ambos os casos, 
os dois modelos são efetivamente executados através do envolvimento de pes-
soas, sendo que podemos evidenciar que eles possuem um planejamento esta-
belecido e consomem recursos específicos. 
Um projeto pode ser caracterizado como um esforço temporário, focado em 
um escopo previamente definido e acordado, os quais possuem datas de início e 
fim definidas, com o objetivo de criar um ou mais produtos ou serviços.
Assim sendo, podemos considerar que um projeto é, normalmente, autori-
zado como resultado de uma ou mais considerações estratégicas. 
Estas podem ser uma demanda de mercado, necessidade organizacional, 
solicitação de um cliente, avanço tecnológico ou requisito legal.
7PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
As principais características dos projetos são:
• temporários, possuem um início e um fim definidos;
• planejados, executados e controlados;
• entregam produtos, serviços ou resultados exclusivos;
• desenvolvidos em etapas e continuam por incremento 
com uma elaboração progressiva;
• realizados por pessoas;
• com recursos limitados.
Agora que já entendemos a definição e a diferenciação 
entre processo e projeto, podemos realmente adentrar no 
assunto projetos, e evoluir ao longo de sua história. Algumas 
pequenas questões surgem:
• Quando surgiram os projetos?
• Quando foi estabelecido ou solicitado o primeiro pro-
jeto, no mundo? 
• Desde quando começamos a falar de projeto?
Para que possamos responder a essas perguntas, devemos 
nos valer um pouco da história e voltar a situações e tempos 
mais remotos para todos nós. Agora, veremos alguns exemplos 
que poderão nos auxiliar a identificar as respostas:
I. Pirâmides Gizé no Egito (2.631 - 2.494 a.C.) 
a. Recursos para construção da grande pirâmide. 
• 100 mil trabalhadores;
• 2 milhões de blocos de pedra, pesando, em média, 2 tone-
ladas e meia.
b. Tempo: 20 anos.
c. Pagamento: cerveja.
d. Altura: 450 pés = 49 andares.
e. Gerente do projeto: Rei Kufu, também conhecido como Fa-
raó Quéops.
f. Curiosidades: 
• as fases da pirâmide estão posicionadas para os quatro 
pontos cardinais;
• a base da Grande Pirâmide forma um quadrado quase per-
feito: cada lado tem mais de 230 metros de comprimento.
8PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
II. A Grande Muralha da China (221 a.C. a século XV) 
a. Recursos para construção da Grande Muralha: 
• 1 milhão de trabalhadores, entre soldados, camponeses e cativos;
• 300 milhões de metros cúbicos de material.
b. Tempo: em média 1700 anos.
c. Pagamento: não se sabe.
d. Extensão: 8.850 Km.
e. Gerente do projeto: vários, sendo que o primeiro foi o imperador Qin Shihuang, da di-
nastia CHIN.
III. Canal de Suez (1878 a.C. - 1839 a.C.)
a. Recursos para construção do canal de Suez: 
• 1,5 milhões de egípcios.
b. Tempo: 39 anos. 
c. Pagamento: não se sabe.
d. Extensão: 163 Km.
e. Época da construção: 1878 a.C. - 1839 a.C.
f. 1º gerente do projeto: Faraó Senuseret III.
g. Localização: EGITO - Une o mar mediterrâneo com o mar vermelho.
9PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Com estes três exemplos, podemos perceber que falar e lidar com projetos, bem 
como, efetivamente, executá-los, não é nada novo para o ser humano, para nós. Ao longo 
de nossa evolução, sistematicamente, estamos cada vez mais envolvidos com projetos, 
mesmo que não percebamos. Por isso, a ferramenta projetar já faz parte de nossas vidas 
há muito e muito anos.
Para fecharmos esta primeira parte, onde tentamos diferenciar as questões rela-
cionadas a projetos das funções e caraterísticas relacionadas com processo e operações, 
podemos facilmente identificar que as principais diferenças estão relacionadas com:
a. Projeto: 
• temporário e único;
• busca atingir o objetivo para o qual foi criado e terminá-lo. 
b. Processo ou operação:
• repetitiva e rotineira;
• seu objetivo é manter o funcionamento da área/negócio já existente;
• não tem data pré-definida para término.
Porém, no mesmo sentido, também podemos identificar algumas características 
comuns tanto para processo ou projeto:
• os recursos são limitados;
• devem ser planejados, executados e controlados.
Ainda dentro da ideia de uma análise, para que possamos observar modelos que estejam di-
recionados com projetos, um outro exemplo trata do período conhecido como o das grandes nave-
gações, de certa forma decisivo, considerado como um marco para o respectivo desenvolvimento 
da atividade de projeto, onde a arte de construir navios envolvia, por si só, diversas maneiras de 
formas de competência, em um trabalho totalmente integrado e altamente sofisticado para a época. 
Neste sentido de visão, Filho (2004) traz como exemplo um paralelo com o atual programa 
de exploração espacial que vivenciamos, e que guarda uma interessante semelhança com a famo-
sa e conhecida Escola de Sagres. O autor salienta que, embora a utilização de meios físicos como 
o papel (ou pergaminho) para o registro de produtos date do séc. XIV, a construção das caravelas 
constitui-se em um marco, pela utilização de desenhos construtivos em perspectiva, com o in-
tuito de documentar a construção do barco e transmitir informações entre os diversos envolvidos.
O autor menciona outro ponto considerado como importante para o desenvolvimento da 
construção de produtos e da atividade projetual, a colonização. As novas perspectivas comer-
ciais, representadas pelos habitats antes das colônias, onde não existia tradição em determi-
nadas formas de artesanato, levou a um enorme crescimento da demanda por novos produtos. 
A partir deste ponto, iniciou-se um gargalo nos meios de produção, que acabará por propiciar 
condições para o início da Revolução Industrial, no séc. XVIII.
10PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Basicamente, podemos considerar que, efetivamente, antes da era industrial, a função 
projetar estava intimamente interligada com obras de arte e artesanato. Com o advento da 
chamada era industrial, os respectivos princípios de mecânica e engenharia mecânica já co-
meçaram a indicar características e princípios que ainda hoje são utilizados e considerados 
de grande relevância, onde podemos destacar:
• conceito de uma solidez suficiente para os produtos;
• a capacidade de apresentar deformações pequenas;
• a capacidade de proporcionar um reduzido desgaste;
• uma capacidade de baixa resistência ao atrito;
• a possibilidade de um baixo dispêndio de material;
• a implantação de uma execução simples;
• conceitos de fácil montagem;
• a necessidade de poucos protótipos.
Em seus estudos, Pahl (2005) define que as funções de desenvolver e projetar podem 
ser identificadas como respectivas atividades de interesse efetivo da engenharia, buscando: 
• abranger um grande número dos campos da atividade humana;
• aplicar leis e conhecimentos das ciências naturais;
• adicionalmente, se apoiam no conhecimento prático especializado;
• em grande parte, são exercidas sob responsabilidade pessoal;
• criar os pressupostos para a concretização de ideias da solução.
Ainda conforme o autor, ele define a função projeto, considerando algumas visões dis-
tintas e apresentadas:
I. Ponto de vista da psicologia do trabalho: projetar é a atividade intelectual e criativa, que 
requer uma base segura de conhecimentos nas áreas de matemática, física, química, me-
cânica, termodinâmica, mecânica dos fluidos, eletrotécnica, assim como de tecnologias 
de produção, ciência dos materiais e ciência do projeto, além dos conhecimentos e experi-
ências no campo a ser trabalhado. Ao mesmo tempo, força de vontade, prazer em decidir, 
senso econômico, perseverança, otimismo e disposição em fazer parte das equipes são 
qualidades úteis, porém, imprescindíveis para projetistas em postos de responsabilidade.
II. Ponto de vista metodológico: projetar significa um processo de otimização com objeti-
vos predeterminados e condicionantes em partes conflitantes.projeto. Da mesma forma, um planejamento de 
projeto de produtos bem estruturado pode reduzir em 50% o tempo de lançamento de um produto, iden-
tificando problemas de projeto e fazendo as alterações com antecedência. O ganho é de tempo e de custos, 
pois essa boa estruturação evita o “efeito escala”, onde o custo das alterações aumenta em progressão 
geométrica de 10, à medida em que se avança nas fases do projeto.
Ainda com relação aos trabalhos de Costa (2006), identifica alguns aspectos considerados como chaves, 
pensando no desenvolvimento e implementação de iniciativas de benchmarking, dos quais podemos enumerar:
a. promover treinamento para as empresas envolvidas, incluindo a coleta, processamento, análise e co-
municação dos resultados às empresas; 
b. promover apoio às empresas, principalmente no que se refere a guiá-las para um melhor uso das in-
formações fornecidas pelos indicadores e práticas compartilhadas, encorajando a aplicação dessas 
práticas e a criação de novos conhecimentos dentro da empresa; 
c. motivar o benchmarking interno e depois externo; 
d. motivar as empresas a compartilhar informações equivalentes, no Clube de Benchmarking, e estimu-
lar questões para o real entendimento das práticas apresentadas; 
e. criar um ambiente de aprendizagem para as empresas, através de Clubes de Benchmarking, mo-
tivando a transferência de informação (conhecimento) adquirida, no referido ambiente, para o 
contexto da empresa.
81PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Ainda neste sentido, ao analisarmos os trabalhos de Costa et al. (2006), podemos identificar os princi-
pais benefícios que podem ser alcançados pelas organizações ao longo do processo de benchmarking, sendo:
I. atendimento mais adequado às exigências do cliente usuário; 
II. estabelecimento de metas com base em uma visão conjunta das condições externas;
III. determinação de medidas reais de desempenho; 
IV. conquista de uma posição competitiva;
V. conscientização a respeito das melhores práticas da indústria e sua busca.
Ao considerarmos as possíveis e prováveis barreiras que possam ser impostas à implantação do pro-
cesso de medição de desempenho, citamos:
a. a construção é um projeto orientado à indústria e cada empreendimento é único em termos de projeto e 
condições do local de construção; 
b. o estabelecimento de um sistema de medição de desempenho de um empreendimento e a incorporação 
de medidas dentro da rotina da empresa requer bastante esforço; 
c. a responsabilidade na coleta de dados, processamento e análise não são bem definidas no início do projeto; 
d. cada projeto possui uma equipe gerencial diferente, e o uso das medidas dependerá de suas habilidades e 
motivação de cada gestor. 
Com o objetivo de evitarmos e eliminarmos estas barreiras, neces-
sita-se da união de esforços das partes envolvidas, tais como entidades 
governamentais, clientes, empresas, instituições de pesquisa e organi-
zações da indústria. 
Outra barreira importante, considerada no processo de medição, é o 
longo tempo entre coleta, processamento e análise de dados. Contudo, os 
autores contribuem argumentando que a tecnologia da informação pode 
auxiliar na redução deste tempo, bem como quanto à incorporação do pro-
cesso de medição na rotina organizacional.
Podemos identificar várias classificações diferentes para definir o 
benchmarking, levando em conta o que se pretende comparar ou com quem 
a comparação é feita. A grande maioria dos autores tende para uma iden-
tificação básica e correspondente a quatro tipos, onde cada um deles está 
direcionado para objetivos considerados como específicos.
O benchmarking interno pode ser considerado aquele que realiza com-
parações em operações nas unidades, fábricas ou departamentos de uma 
mesma empresa ou organização, procurando identificar aquilo que se faz 
de melhor internamente. Uma característica observada é que os dados e 
as consequentes informações são considerados de fácil obtenção e não há 
uma dificuldade e preocupação em relação à confidencialidade.
82PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
O conceito de benchmarking competitivo ou concorrente, conhecido por engenharia rever-
sa, é realizado com um olhar voltado para dentro da indústria e identifica - se o que os concor-
rentes diretos, em produtos ou produtos substitutos, fazem de melhor, sendo necessário veri-
ficar a respectiva comparabilidade e a dificuldade presente na condição de obtenção dos dados.
O benchmarking funcional proporciona a comparação das funções consideradas 
como semelhantes, de empresas líderes nestas funções, mas não necessariamente cote-
jadas como concorrentes.
O benchmarking genérico tem a sua função vinculada com o foco direcionado para os 
processos da empresa, onde serão comparados com processos considerados como similares 
em outras organizações e que atuam em diferentes setores ou ramos de atividade.
ENGENHARIA REVERSA
Inicialmente, para tratarmos de engenharia reversa, necessitamos entender os con-
ceitos iniciais de Engenharia Progressiva, considerada como o tradicional processo de con-
tido, na engenharia de software, identificado por atividades totalmente progressivas do ci-
clo de vida, das quais partem um alto nível de abstração, para um baixo nível de abstração.
Desta forma, é possível afirmarmos que a Engenharia Reversa é caracterizada como 
sendo o consequente processo inverso da Engenharia Progressiva, caracterizado pelas ati-
vidades retroativas do ciclo de vida, que partem de um baixo nível de abstração para um alto 
nível de abstração. Basicamente, podemos considerar e entender que o termo Engenharia 
Reversa possui a sua origem derivada da análise realizada em hardware, uma vez que po-
demos considerar como comum a consequente prática realizada para decifrar projetos de 
produtos finalizados com intuito de duplicá-los, onde o conceito de Engenharia Reversa de 
Software pode, normalmente, ser considerado como um processo similar, porém, com o in-
tuito tradicional de obter apenas um entendimento completo do sistema.
Podemos estabelecer que a Engenharia Reversa é identificada como um processo de 
exame e compreensão do software existente, para recapturar ou recriar o projeto, decifran-
do quais serão os requisitos implementados pelo sistema, onde serão apresentados em um 
nível ou grau mais alto de abstração. Ainda através dos processos da Engenharia Reversa, 
um software pode ser visualizado em diferentes níveis de abstração, onde cada visualização 
abstrai características próprias da fase do ciclo de vida correspondente à abstração. 
83PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
A Engenharia Reversa pode ser estruturada através da identificação de alguns 
elementos, como:
I. nível de abstração: com o r aumento do nível de abstração, desta forma, mais 
compreensíveis se tornam todas as informações;
II. completitude do processo: está relacionado diretamente com o nível de deta-
lhes que é fornecido em cada nível de abstração;
III. interatividade: estabelece o consequente grau de participação do ser humano no 
processo de engenharia reversa, com o aumento do nível de abstração, a intera-
tividade também aumentará ou, de outra forma, a completitude será prejudicada;
IV. direcionalidade: na situação em que a direcionalidade possuir um sentido úni-
co, toda informação obtida a partir do código fonte será usada durante as ati-
vidades de manutenção, de outra forma, se a direcionalidade tem como ca-
racterística o sentido duplo, a informação será usada para “alimentar” uma 
ferramenta de reengenharia.
Basicamente, a Engenharia Reversa é uma técnica que tem a capacidade de pos-
sibilitar a captura de geometria destes modelos físicos e gerar um modelo conside-
rado como virtual, de forma digital e que poderá ser utilizado em sistemas compu-
tacionais, tais como CAE e CAM, no processo de fabricação de um novo produto.
84PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
A técnica pode claramente ser utilizada quando queremos projetar o 
produto,para que possamos otimizar peças, moldes e ferramentas existentes 
que não possuem informação CAD prévia, ou cuja a produção foi desconti-
nuada e, por algum motivo, não há documentação de projeto ou manufatura, 
conforme definido por SOKOVIC e KOPAC (2006).
Este respectivo método possibilita a captura de superfícies dos modelos 
que, de outra forma, seriam impossíveis de determinar, por exemplo, exclui o 
projetista da tarefa trabalhosa de dimensionar manualmente uma peça com-
plexa, ou um novo projeto utilizando um mock-up1, transformando esta in-
formação física em um modelo virtual. Além destas aplicações da Engenharia 
Reversa, podemos citar:
• manutenção de peças com geometria complexa;
• criação de produtos personalizados à indústria médica;
• aplicação na indústria de moldagem por injeção, na fabricação rápida de 
ferramentas;
• criação de embalagem de produtos por meio de termoformagem;
• personalização de produtos às áreas de vestuário, calçadista, acessórios 
como óculos e joias, e produtos que necessitam ser adaptados ao usuário.
Ao observarmos os grandes benefícios, podemos identificar que 
uma das grandes vantagens da representação de peças digitais, atra-
vés da utilização do processo de Engenharia Reversa, está relacionada 
ao fato do modelo poder ser corrigido e modificado conforme as ne-
cessidades. Estas informações poderão ser transferidas para diversos 
equipamentos, possibilitando que diversos produtos possam ser fa-
bricados ao mesmo tempo.
Da mesma forma, o aumento da complexidade e o maior número 
de peças em um produto, faz com que a Engenharia Reversa possa as-
segurar, de uma forma correta, uma descrição dimensional do modelo 
físico em um tempo muito menor, logo, a Engenharia Reversa comunga 
tecnologias de prototipagem rápida, possibilitando o aumento da qua-
lidade do produto final através da otimização.
SINOPSE DA UNIDADE
A base deste capítulo teve o objetivo de podermos, dentro do proje-
to de produtos, estabelecer formas de obtenção de dados e consequentes 
informações que sejam consideradas pertinentes e importantes à defi-
nição da concepção do produto ou processo a ser planejado, sendo pos-
sível estudar o Benchmarking, os seus conceitos e práticas, assim como 
os conceitos de inovação e propriedade intelectual, a reengenharia.
85PROJETO DE PRODUTOS
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. O processo de inovar está relacionado com ações atreladas a? 
2. Quais são as possíveis barreiras atreladas ao benchmarking?
3. Qual a definição para Engenharia Reversa?
86PROJETO DE PRODUTOS
GABARITO SUMÁRIO
1. O processo de inovar está relacionado com ações atreladas a? 
• criar um produto;
• criar um processo produtivo;
• adotar novos comportamentos de mercado;
• utilizar novas matérias-primas;
• nova forma de organização ou gerenciamento.
2. Quais são as possíveis barreiras atreladas ao benchmarking?
A construção é um projeto orientado à indústria e cada empreendimento é único em termos de projeto e con-
dições do local de construção.
O estabelecimento de um sistema de medição de desempenho de um empreendimento e a incorporação de 
medidas dentro da rotina da empresa requer bastante esforço.
A responsabilidade na coleta de dados, processamento e análise, não são bem definidas no início do projeto.
Cada projeto, geralmente, possui uma equipe gerencial diferente e o uso das medidas dependerá de suas ha-
bilidades e motivação de cada gestor. 
3. Qual a definição para Engenharia Reversa?
É possível afirmarmos que a Engenharia Reversa é caracterizada como sendo o consequente processo inverso da 
Engenharia Progressiva, caracterizado pelas atividades retroativas do ciclo de vida, que partem de um baixo nível 
de abstração para um alto nível de abstração. Basicamente, podemos considerar e entender que o termo Engenha-
ria Reversa possui a sua origem derivada da análise realizada em hardware, uma vez que podemos considerar como 
comum a consequente prática realizada para decifrar projetos de produtos finalizados com intuito de duplicá-los, 
onde o conceito de Engenharia Reversa de Software pode ser considerado como um processo similar, porém, com o 
intuito tradicional de obter apenas um entendimento completo do sistema.
87PROJETO DE PRODUTOS
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WIPO – World Intellectual Property Organization. What is intellectual proper-
ty. Disponível em: . Acesso em: 22/03/2020.
	Histórico e conceitos 
	Histórico e contextualização do projeto de produtos
	Conceito de produto e ciclo de vida
	Conceitos de confiabilidade e aplicações
	Desenvolvimento de produtos e serviços: princípios, modelos e metodologias
	Sinopse da unidade
	Concepção geral do produto 
	Histórico e origem do APQP
	Planejamento do projeto do produto
	Ferramentas para o projeto do produto
	Design For Six Sigma (DFSS) 
	Análise funcional e de valor
	VA / VE Análise de Valor e Engenharia de Valor
	Sinopse da unidade
	Execução do produto 
	Concepção por manufatura
	Conceituação de engenharia de processos e engenharia integrada
	GD&T e MSA Conceitos e importância
	GD&T
	MSA
	Prototipagem
	Sinopse da unidade
	Inovação 
	Inovação e propriedade intelectual
	Benchmarking - Conceitos e prática
	Engenharia reversa
	Sinopse da unidadeOs requisitos variam em 
função do tempo, de modo que uma solução de projeto só pode ser objetivada ou alme-
jada de maneira otimizada, sob as condicionantes existentes à época da solicitação.
III. Ponto de vista organizacional: o projeto participa de forma significativa do ciclo de 
vida de um produto. O ciclo inicia por demanda do mercado ou por vontade, começando 
pelo planejamento do produto e, após sua utilização, terminando na sua reciclagem ou 
em outro tipo de descarte. Além deste processo, representar uma geração de valor des-
de a ideia até o produto, onde o projetista somente consegue levar a cabo sua tarefa, se 
trabalhar em estreita colaboração com outras áreas e pessoas de outras especialidades.
11PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Conforme os estudos publicados de Maynardes (2002), a autora faz um interessante res-
gate histórico do processo de desenvolvimento de produtos, argumentando que, no início do 
século XX, apesar do avanço da mecanização, as práticas projetuais ainda eram calcadas na-
quelas utilizadas pelos artesãos, sendo fortemente marcadas por questões estéticas. Logo de-
pois, os princípios do Taylorismo introduziram o pensamento científico e racional como base 
teórica para a organização produtiva, sendo aplicados por Henry Ford na organização da linha 
de produção automobilística. Isto ocasionou a adoção de uma postura teórica racionalista com 
relação aos procedimentos empregados no desenvolvimento de produtos e no design em geral.
Além de tudo que vimos e consideramos até agora sobre projetos, adicionalmente, po-
demos levar em conta também que, de outras formas específicas, alguns autores situam e 
visualizam a respectiva atividade projetual, propriamente dita, a partir de uma condição 
onde já exista um problema e que, de certa forma, já esteja analisado e definido, na etapa em 
que se canalizam tais análises para a configuração do produto. 
Por outro lado, alguns autores acabam por atribuir ao termo uma certa abrangência 
deste processo, incluindo no contexto do seu significado, as ações anteriores e posteriores 
àquelas de definição das características do produto em si, ou seja:
• a etapa de planejamento;
• a etapa de pesquisa;
• a etapa de acompanhamento de questões produtivas.
12PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
O projeto, quando observado como uma acepção mais ampla, passa a ser uma respec-
tiva organização, mesmo que, em alguns momentos, seja considerado como transitório, 
mas apresentando uma estrutura definida e implantada com respectivas regras de funcio-
namento, objetivos, gerência, equipe, insumos e etc.
CONCEITO DE PRODUTO E CICLO DE VIDA
Necessariamente, quando tratamos de projeto, temos que falar sobre projetos de pro-
dutos ou projeto de serviços. Esta diferenciação e clara contextualização, nós iremos estudar 
ao longo da disciplina, onde conseguiremos facilmente estabelecer uma linha de raciocínio 
que nos possibilite diferenciar estes dois eixos. Neste momento, trataremos e avaliaremos 
os conceitos de produto, bem como entenderemos as questões relacionadas ao respectivo 
ciclo de vida dos produtos. 
Inicialmente, verificaremos algumas definições, de alguns autores, que tratam direto 
sobre projeto de produtos, assim como as respectivas definições de produto.
Basicamente, e por que não dizer conceitualmente, podemos considerar e entender 
que, primeiramente, a ideia inicial de um respectivo produto pode ser considerada como 
um dos mais importantes resultados consequentes de uma correta e eficiente aplicação da 
fase de planejamento de produtos, servindo como alicerce e base de informações para poder 
direcionar as organizações quando da necessidade da tomada de decisões para definição da 
implantação ou do projeto. 
Porém, independente de todas as definições existentes e que acabam estabelecendo os 
respectivos limites do projeto, todos os autores acabam por chegar a um consenso que, para 
possibilitar uma real articulação e sintetização dos respectivos fatores referidos, temos a 
necessidade de possuir um profissional que detenha uma conduta sistematizadora própria 
à resolução de problemas.
Conforme estudos realizados por Feixo (2004), facilmente é possível evidenciar e per-
ceber que as respectivas decisões tomadas durante toda a fase de desenvolvimento do pro-
duto, podem torná-lo mais fácil ou mais difícil de poder ser fabricado. Devemos sempre 
compreender que, no respectivo momento que haverá a necessidade de se fazer a escolha 
por uma determinada alternativa de um respectivo projeto, devemos sempre estar atentos 
aos impactos que tais alternativas possam realmente ter sobre os tempos e custos de fabri-
cação, de operação, de manutenção e até mesmo de descarte do produto. Adicionalmente a 
isso tudo, devemos sempre levar em conta que possíveis decisões consideradas como in-
corretas e tomadas no início do desenvolvimento do produto, podem ser decisivas e muito 
difíceis de serem revertidas.
De uma forma geral, podemos considerar e entender que o projeto, assim entendido, 
passa a compreender e incorporar todos os respectivos meios que lhe foram atribuídos para 
sua execução, onde podemos ressaltar:
• escritório;
• gerente;
• equipe;
• materiais, etc. 
13PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
A estrutura preliminar de um respectivo produto concentra os mais importantes e de-
cisivos atributos atrelados a este produto, possuindo uma efetiva dependência em relação 
à perspectiva da visão que se queira dar, onde estas visões podem ser de forma conceitual 
ou até mesmo técnica, considerando, em alguns casos, uma descrição estratificada das ca-
racterísticas específicas do produto, uma descrição apenas funcional e usual do produto, ou 
uma descrição dos respectivos princípios de funcionamento do produto em questão, bem 
como uma verdadeira combinação destes. 
Conforme evidenciado nos estudos de Back (2008), temos, necessariamente, que di-
ferenciar os conceitos de ideia de produto e concepção de produto, onde a respectiva ideia 
de produto é um dos resultados do planejamento de produto enquanto que a concepção de 
produto é uma ideia que passou por um processo de refinamento e encontra-se na etapa de 
projeto conceitual. Conforme o autor, o número necessário de ideias geradas com o número 
de produtos lucrativos: para cada 100 ideias geradas, 18 chegam ao projeto conceitual, tor-
nando-se concepções de produto e, dessas, apenas 5 tornam-se produtos lucrativos.
 Para Kotler (2008), a definição de produto está baseada e com foco principal nas res-
pectivas necessidades e nos desejos do consumidor, como “qualquer coisa que possa ser 
oferecida a um mercado para atenção, aquisição, uso ou consumo, e que possa satisfazer a 
um desejo ou necessidade. 
Para o autor, os produtos vão além de bens tangíveis, onde de uma forma mais ampla, 
os produtos incluem objetos físicos, serviços, pessoas, locais, organizações, ideias ou com-
binações desses elementos.
O autor ainda ressalta que, aos níveis de produtos, pode-se pensar em três planos:
I. Produto básico: aquele que corresponde ao que o consumidor está realmente interessa-
do em comprar. “A mulher que compra um batom busca mais do que uma cor para os lá-
bios. Onde, como por exemplo, Charles Revlon em sua fábrica de cosméticos costumava 
dizer que ‘Na fábrica, nós fazemos cosméticos; mas na loja, vendemos esperança”.
14PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
II. Produto real: produto gerado a partir do produto básico, com cinco peculiaridades: 
a. nível de qualidade, 
b. características, 
c. design, 
d. marca, 
e. embalagem. 
Um terno do estilista italiano Giorgio Armani é um produto real. “Seu nome, peças, 
estilo, detalhes, embalagem e outros atributos foram combinados com cuidado para pro-
porcionar um benefício básico – uma forma eficiente e de alta qualidade”, no vestir.
III. Produto ampliado: produto fruto da união do produto básico e do produto real, com a 
oferta de serviços e benefícios extras ao consumidor.Como exemplo, pode-se destacar 
os serviços pós-venda como consertos (bainhas, ajustes), garantia de durabilidade do 
tecido ou indicação de lavanderia especializada em ternos.
Ainda em seus estudos, Kotler (2008) faz uma classificação de produtos em duas clas-
ses específicas, a de produtos de consumo e produtos industriais, sendo que para a classe 
dos produtos de consumo, o autor ainda relata a existência de uma subdivisão onde podemos 
destacar os produtos de conveniência, produtos de comparação e produtos de especialidade. 
Com relação a questão do ciclo de vida, podemos efetivamente considerar que não pos-
sui uma limitação e não podemos apenas restringir o ciclo de vida de produtos, a abrangência 
é bem maior onde se pode alcançar dimensões mais amplas e os seus respectivos conceitos 
podem ser definitivamente aplicados a empresas e até mesmo a setores dentro das empre-
sas e organizações, onde o ciclo de vida de cada empresa compreende vários produtos, cada 
um com seu próprio ciclo de vida.
A base do planejamento estratégico de uma empresa deve possibilitar que seja possível 
mapear as respectivas oportunidades de novos produtos, assim como novos serviços, onde 
existe uma necessidade de identificar e desenvolver estratégias próprias, que possam esta-
belecer uma forma de competitividade no mercado. 
Além disso, é necessário e importante que exista um processo de desenvolvimento 
dos produtos bem definido, considerando todas as respectivas fases do ciclo de vida destes, 
conforme definido por Maxwell & Vorst (2003).
Figura 1 – Fases do ciclo de vida do produto.
Fonte: Maxwell e Vorst (2003).
15PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
CONCEITOS DE CONFIABILIDADE E APLICAÇÕES
Ao observarmos o cenário mundial atual de comércio, podemos perceber que o acirramento 
da competitividade de mercado está cada vez mais presente e evidente entre as empresas e or-
ganizações. Este cenário acabou trazendo grandes e novos desafios que podem ser traduzidos no 
ponto de conseguirmos projetar e, consequentemente, desenvolver produtos, necessariamente, 
em um espaço de tempo mais curto, aliado com uma tecnologia considerada como superior à an-
terior e com custos reduzidos. Tais ações acabam sendo suportes importantes para que consiga-
mos garantir a sobrevivência dos negócios de empresas e organizações. 
Basicamente, podemos considerar que o consequente sucesso de um produto está totalmente 
atrelado e vinculado diretamente aos totais e eminentes requisitos conhecidos e exigidos por qualquer 
cliente, onde, desta forma, podemos facilmente identificar o mínimo que se espera de um produto:
• a qualidade;
• a confiabilidade;
• a entrega;
• o preço, são o mínimo que se espera.
Quando tratamos da chamada confiabilidade, podemos considerar que ela pode ser deter-
minada e identificada como uma das áreas mais importantes e complexas dentro do planeja-
mento de projetos de produtos. 
16PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Em estudos realizados por Rai & Singh (2003), os respectivos dados de garantia repre-
sentam uma rica fonte de retorno da confiabilidade do produto, pois apenas os testes de vida 
em laboratório não são suficientes para prever com confiança a performance do produto em 
campo. Ainda conforme os autores, estes dados com informações de tempo e quilometra-
gem de vida, estão restritos apenas ao período coberto pela garantia, ou seja, constituem 
dados incompletos, pois não se sabe o comportamento do produto após este período. Neste 
sentido, os autores consideram que os respectivos dados obtidos dentro do período de ga-
rantia, por sua vez, também podem apresentar valores inexatos de tempo, quilometragem e 
falhas vagas em alguns relatórios. 
Desta forma, quando consideramos trabalhar com dados, nesta situação, podemos 
conduzir a estimações não precisas de taxa de falhas em campo.
A função determinada de poder estabelecer um conhecimento da efetiva confiabi-
lidade de um produto, pode proporcionar com seus respectivos resultados, consequen-
temente, os futuros resultados possam ser considerados como mais eficazes dentro da 
engenharia, desta forma, temos que entender que, quando tratamos do conceito de con-
fiabilidade, temos que considerar uma real e efetiva combinação de técnicas consideradas 
como proativas e reativas, onde a base de uma confiabilidade deve ser especificada como a 
própria probabilidade que um produto consiga desempenhar às suas funções, considera-
das como primordiais, estabelecendo um período pré-determinado de tempo, além de se-
rem definidas e estabelecidas todas as respectivas características e específicas condições 
próprias para o seu respectivo uso. 
17PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Toda a base dos estudos da confiabilidade procura estabelecer uma possibi-
lidade de podermos evidenciar que toda a confiabilidade identificada para um res-
pectivo item é definida e estabelecida através de sua probabilidade de não ocorrer 
qualquer falha até um momento de tempo definido, considerado como t, onde 
conseguimos chegar a uma consequente função de confiabilidade R(t). Para isso, 
é necessária a utilização de dados históricos de tempos entre as falhas ocorridas, 
realizando uma modelagem conforme as funções já conhecidas, onde, normal-
mente, os cálculos são realizados com o auxílio de softwares modeladores.
Buscar a confiabilidade é garantir que um determinado item (equipa-
mento, conjunto ou peça) possa ser utilizado de forma plena, sem que este ve-
nha apresentar falhas, ou outra qualquer ocorrência. Buscar a confiabilidade é 
garantir a disponibilidade.
Conforme estudos realizados por Klingelfus & Gurski (2020), a consequen-
te e iminente busca da confiabilidade ocasiona a implantação de um considerado 
círculo virtuoso, relacionado às questões de melhoria, onde a redução do número 
total de defeitos, através de uma análise e uma identificação da causa raiz dos 
problemas dos equipamentos, ocasiona uma redução dos custos de manutenção 
envolvidos, a um aumento da produtividade e a melhoria da qualidade dos pro-
dutos. Conforme os autores, a confiabilidade acaba levando a um aumento da 
segurança, a uma redução dos riscos ambientais das plantas industriais, contri-
buindo decisivamente para um ambiente positivo e de moral elevada das equipes.
A engenharia de confiabilidade é uma grande aliada de diversos eixos da engenharia, onde podemos 
facilmente identificar as funções relacionadas ao desenvolvimento de projetos de produtos e serviços, 
assim como no eixo da manutenção. Basicamente, podemos considerar que a engenharia de confiabilida-
de atua de forma totalmente científica, com um toque muito amplo, atuando de forma mais direcionada 
em relação aos dados coletados pelas áreas operacionais, criando um sistema de maior impacto.
Ao observarmos de uma forma temporal e histórica o surgimento e a respectiva evolução dos 
conceitos de confiabilidade, podemos identificar que os conceitos básicos não são novos, muito pelo 
contrário, já vem de tempo, onde as primeiras ações e por que não dizer tentativas, já têm uma par-
ticipação desde o final do evento da Primeira Grande Guerra (1914 –1918), onde evidenciamos algu-
mas tentativas realizadas para o consequente desenvolvimento de um respectivo método de análise do 
tempo, relacionadas à confiabilidade, voltado para o entendimento da vida útil dos aviões com falhas 
precoces ocorridas ao longo deste evento.
 Um pouco mais tarde, no final da Segunda Grande Guerra (1939 –1945), ações voltadas para o en-
tendimento da confiabilidade dos itens, em campo de guerra, se tornou mais evidente, onde podemos 
perceber e evidenciar o surgimento das consideradas primeiras funções matemáticas que descreviam 
a confiabilidade de sistemas, e suas demais aplicações que visavam a busca pela garantia das funções 
originais. O ponto considerado como inicial e marcante para a busca pela confiabilidade ocorreu de 
forma real na década de 50 (início do período pós guerra),período conhecido como Guerra Fria (1945 - 
1989), onde ações mais expressivas foram estudadas e implantadas em empresas de segmentos espe-
cíficos, tais como aeronáutico, civil e militar, focando em um processo de manutenção mais assertiva, 
com base na extensão de vida útil de itens de alto custo, além dos fatores já mencionados: 
18PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
• segurança operacional; 
• qualidade de processo; 
• otimização de recursos;
• segurança ambiental.
Posteriormente, nas décadas de 60 e 70, momento de uma intensa movimen-
tação industrial, houve o consequente surgimento das primeiras ferramentas fun-
cionais de análise de falhas, com o intuito de avaliação e entendimento das falhas e 
seus modos, como por exemplo: FTA (Análise de Árvore de Falhas), FMEA (Análise 
de Modo de Falhas e Efeitos), entre outras, ainda durante a década de 70, assim como 
nos primórdios de 80 ocorreram experimentações com os primeiros modelamentos 
computacionais da confiabilidade de sistemas, onde foram utilizadas, como base, 
informações coletadas com as ferramentas funcionais.
 Mais adiante, na década de 90, foi possível verificar a implementação da confia-
bilidade como uma ferramenta eficaz, assim como uma efetiva área de estudo tácita, 
o que acabou estabelecendo a confiabilidade como uma área da engenharia. Basica-
mente, os segmentos de petróleo e gás, aviação e automobilística foram os primeiros 
a experimentar a engenharia de confiabilidade como área chave, e forte aliado a saú-
de de seus equipamentos, atuando em conjunto com a engenharia de manutenção.
19PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Para Nogueira & Toledo (1999), a confiabilidade é entendida e definida como a pro-
babilidade consequente de um sistema desempenhar a respectiva função que foi projetada, 
durante um determinado intervalo de tempo específico, considerando-se certas condições.
Os estudos de Miroslava (2015) ressaltam que a confiabilidade de um item pode ser es-
tabelecida e descrita de forma matemática, como sendo a probabilidade do mesmo cumprir 
sua respectiva função com sucesso, podendo assumir valores entre 0 e 1, podendo ser calcu-
lada por axiomas da probabilidade.
Além de tudo, a confiabilidade possui uma ligação estreita e direta com outras áreas da 
engenharia, que visam estabelecer melhorias contínuas nos processos, bem como estabele-
cer a confiabilidade efetiva diversas em outras frentes, tais como:
• Maior segurança e proteção ambiental: considerados como os principais benefícios 
obtidos, eles são resultados direto das informações geradas pelo RCM, as quais têm 
objetivo de identificar todos os possíveis riscos de falha existentes em máquinas, 
equipamentos e sistemas.
• Desempenho operacional melhorado: resultado direto do conhecimento de informa-
ções técnicas, as quais possibilitam uma avaliação prática da manutenção, possibili-
tando uma maior disponibilidade direta das máquinas e dos equipamentos no sistema 
produtivo, onde este respectivo aumento da disponibilidade é encarado como uma re-
sultante redução no tempo de reparo.
• Eficiência maior de manutenção (custo-efetivo): existem estudos que estabelecem a 
aplicação correta do RCM no sistema de manutenção, que podem, diretamente, esta-
belecer uma redução entre 40 a 70% na quantidade dos trabalhos de rotina, além de 
trabalhos de emergência a qual a redução pode ficar na faixa de 10 e 30%.
• Aumento da vida útil dos equipamentos: possibilita que as máquinas, equipamentos 
ou sistemas possam operar de forma que seja possível retirar o máximo possível de 
aproveitamento deles, sendo garantida a respectiva vida mais longa deles.
• Banco de dados de manutenção melhorado: possibilita a geração de um banco de da-
dos com informações reais e confiáveis, as quais possibilitam a sua utilização tanto 
pelo setor de manutenção como processo produtivo, assim como a inspeção e projetos.
• Trabalho em equipe – Motivação: a metodologia do sistema RCM promove uma in-
tegração entre os colaboradores pertencentes a equipes multifuncionais, sendo que 
os colaboradores se sentem valorizados pois são envolvidos para a análise e solução 
dos problemas, aumentando o consequente grau de comprometimento e compartilha-
mento de toda a organização da empresa na solução dos problemas.
• Social: de uma forma direta, a sociedade também é uma beneficiária dos resultados 
obtidos pela implantação correta do sistema RCM, onde a consequente eliminação ou 
redução das probabilidades das falhas funcionais faz com que os recursos naturais às 
atividades industriais sejam utilizados de forma mais racional, sem o respectivo des-
perdício, onde os possíveis acidentes com agressão ao meio ambiente serão evitados.
20PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Basicamente, podemos considerar que todas as medidas de confiabilidade possuem 
um grau respectivo de importância muito significativo, porém, 3 (três) delas são conside-
radas como vitais para o respectivo cálculo da confiabilidade e conferência de um sistema a 
prova de falhas, podemos enumerar:
• Função de confiabilidade R(t);
• Função de Risco h(t);
• Curva da Banheira.
Na função de Confiabilidade R (t), a confiabilidade R (t), como já definido, é a probabi-
lidade que o sistema não falhou por um certo período t conhecido. Ter um sistema confiável, 
é ter um sistema livre de falhas, pelo menos num período conhecido e previsto.
A função da confiabilidade pode ser expressa pela equação 01: 
Como já mencionado, a confiabilidade sendo a probabilidade de falha com relação a t, 
colabora para o aumento da confiabilidade na medida em que modos de falhas, em um sis-
tema, são bloqueados a montante, ainda nas fases iniciais de desenvolvimento.
Branco Filho (2006), em seus estudos, especificam que a função confiabilidade são 
definidas por expressões matemáticas que dependem diretamente da distribuição estatís-
tica a que os tempos para falha são associados. Dessa forma, algumas funções de densidade 
de probabilidade podem se fazer presentes, expressando confiabilidade, que se enquadram 
como Distribuições Exponenciais, Normais, Log-normais, Weibull, Poisson, etc. 
Conforme o autor, uma distribuição pode ser definida matematicamente por sua equa-
ção de função de densidade de probabilidade, sendo a mais comum forma de parametrizar a 
distribuição Weibull.
 A distribuição de Weibull pode ser descrita conforme a fórmula 02:
Onde:
• t – Variável que define o período de vida útil podendo ser expresso em distância percor-
rida (km), em número de ciclos (n) ou em tempo de funcionamento (h);
• β – Parâmetro de forma;
• η – Parâmetro de escala;
• γ – Parâmetro de posição.
R(t)=P(T≤t)
 f(t)=β/η 〖((t-γ)/η)〗 ^(β-1) e^(〖-((t-γ)/η)〗^β )
(01)
(02)
21PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Neste sentido, podemos considerar que entre todas as funções de densidade de proba-
bilidade existentes, a respectiva distribuição Weibull é considerada como a mais utilizada 
em estudos representativos de confiabilidade, uma vez que ela possui como características 
uma alta versatilidade, podemos considerar que a análise de sobrevivência é mais concreta.
A função de risco h(t), logo atrás da função confiabilidade R(t), pode ser considerada 
uma das mais conhecidas medidas de confiabilidade. Esta função tem como objetivo avaliar 
a quantidade de risco de um determinado item, associada a uma unidade no tempo t.
A função de risco é de vital importância na análise do risco de um determinado item ao 
longo do tempo. A função de risco é conhecida como taxa de falha ou taxa de risco.
A função de risco pode ser derivada usando probabilidade condicional. Para a probabi-
lidade de falha entre t e t + ∆t, considere a equação matemática 03:
Onde: 
• t – Variável que define o período de vida útil, podendo ser expresso em distância percor-
rida (km), em número de ciclos (n) ou em tempo de funcionamento (h);
• P – Probabilidade.
A unidade de medida utilizada, na construção de uma funçãode risco, é falhas por uni-
dade de tempo. A forma da função de risco indica como uma unidade envelhece.
A função de risco pode ser interpretada como a quantidade de riscos possíveis que so-
brecarregam um determinado item, em um tempo t. Quanto menor o valor desta função, 
menor o risco a que este item está exposto.
A curva da Banheira é uma falha que pode ser definida como a interrupção ou alteração 
da capacidade de um item em desempenhar uma função previamente projetada, requerida 
ou esperada pelo usuário.
Basicamente, a respectiva análise do comportamento da taxa de falha de um equipa-
mento, máquina ou sistema, ao longo de um dado período, pode ser representada por uma 
curva específica e que possui a sua forma como a de uma banheira, a chamada curva da ba-
nheira (bathtube curve). De forma prática, a respectiva curva representa as conhecidas fases 
da vida, características de um sistema, destacando:
a. mortalidade infantil;
b. maturidade;
c. mortalidade senil.
P (t≤ T ≤ t + ∆t) ∫_t^(t+△t)▒〖f (u) du〗= R(t)-R (t+∆t ) (03)
22PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Conforme definido por Selito (2005), estas respectivas fases estão associadas ao fator 
identificado de forma 𝛄, que é um dos parâmetros de uma eventual distribuição de Weibull, 
a qual descreve a confiabilidade do item.
Para Lafraia (2001), o autor identifica que podemos considerar que, para cada período es-
pecífico, podemos associar diferentes tipos de falha, onde nem todos os tipos de equipamentos 
ou sistemas mostram todas as fases da curva, como por exemplo, um programa de computador 
que se enquadra como um sistema que possui somente a fase de mortalidade infantil.
 
Na primeira parte do gráfico, observamos o chamado período de mortalidade infantil, 
onde a respectiva taxa de falhas é muito alta, porém, apresenta uma característica decres-
cente, logo, as respectivas falhas, consideradas como preliminarmente, são devidamente 
causadas por defeitos de origem congênita ou fraqueza, assim como de erros de projeto.
Para Selitto (2005), em seus estudos, o autor aponta que, neste período, a melhor es-
tratégia de manutenção é a corretiva, desta forma, a incumbência da manutenção, não será 
apenas à ação de reparo do equipamento, mas sim corrigi-lo, para que a falha não se repita. 
Neste sentido, Macchi (2012) salienta que a prática continuada da manutenção corretiva, ou 
engenharia de manutenção, permite que o equipamento evolua à maturidade.
Entre t1 e t2, a qual identificamos como a fase de maturidade ou período de vida útil, 
o respectivo valor médio da taxa de falha é sempre constante, onde as falhas ocorrem por 
causas consideradas como aleatórias, ou como externas ao sistema.
Às consideradas falhas aleatórias, podem ser controladas e até mesmo eliminadas com 
a adoção de ações que possibilitem a implantação de projetos de equipamentos mais robustos. 
Conforme Macchi (2012), caso algum defeito seja detectado, será realizado o diagnóstico e anali-
sada a tendência e uma intervenção de manutenção será executada antes da data prevista à falha.
Ao observarmos o gráfico da curva da banheira, é possível perceber e identificar que, após 
o período conhecido como t2, evidenciaremos uma elevação da taxa de falhas, área que identi-
ficamos como a mortalidade senil, que representa o início do período final de vida do item.
Em seus estudos, Selitto (2005) identifica que o término da vida útil, sob o ponto de vista 
de confiabilidade, que ocorre quando o item ingressa no período de mortalidade senil, não deve 
ser confundido com sua obsolescência do ponto de vista mercadológico ou produtivo. Nesta, o 
item é substituído por haver desaparecido o valor atribuído à função que desempenha. Naquela, 
a substituição ocorre por queda na confiabilidade do item em produzir o valor que dele se espera.
Figura 2 – Curva da Banheira
Fo
n
te
: A
u
to
r.
23PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Para Siqueira (2005), existe a possibilidade de distinguir a vida segura de vida econômica:
• Vida segura: o item opera até que a probabilidade de falha ultrapasse um patamar de segurança.
• Vida econômica: o item opera enquanto a função que desempenha continua sendo necessária.
O autor destaca que sistemas industriais evoluem na curva da banheira segundo várias 
características. Lafraia (2001) ressalta que pode não existir alguma fase, passando-se, por 
exemplo, da mortalidade infantil para a senil, diretamente, onde tal região é dita sem memó-
ria de falha (failure memoryless), pois a incidência de uma falha no tempo t não tem correlação 
com o tempo até a próxima falha.
DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS E SERVIÇOS: PRINCÍPIOS, MODELOS E 
METODOLOGIAS
Quando tratamos do planejamento e o desenvolvimento de produtos e serviços, 
podemos facilmente identificar que estas atividades são consideradas como uma das 
principais e mais importantes para ganhos diretos em relação à competitividade. Es-
tes resultados são evidenciados devido à real e crescente necessidade de cada vez mais 
lançarmos produtos novos no mercado e que possam satisfazer todas as necessidades 
dos consumidores no mercado.
Basicamente, se observarmos as atividades relacionadas ao desenvolvimento de 
produtos e serviços, podemos facilmente perceber que a base destas ações está atrela-
da a obtenção e gerenciamento de novas ideias, muito próximo às questões de inova-
ção e o uso da criatividade, que será considerada como primordial e essencial em todos 
os estágios do projeto de desenvolvimento de produtos e serviços. 
Atualmente, a respectiva qualidade do produto não é identificada mais como 
um critério a ser considerado como decisivo para superar as expectativas dos clien-
tes, mas considerada como um dos critérios exigidos pelo próprio cliente. A qualida-
de acaba sendo identificada como um desempenho do processo de desenvolvimento, 
no mesmo sentido, o tempo de desenvolvimento também pode ser identificado como 
uma forma de avaliação das exigências dos clientes quanto à introdução de novas tec-
nologias aos produtos e aos serviços.
24PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Podemos considerar que a maior parte dos projetos é dedicada às varian-
tes de um produto, incluindo o redesenho ou o aperfeiçoamento de produtos já 
existentes no mercado, porém, isso não torna a criatividade menos importan-
te durante esse processo, conforme definido por Baxter (2000).
De acordo com os estudos realizados por Back (2008), o autor identifica 
que o processo do projeto de produtos deu-se de uma forma mais sistemática 
a partir da década de 1960, onde, mais tarde, na década de 1980, o desenvolvi-
mento de produto passou a ocupar uma posição relevante, desta forma, méto-
dos e ferramentas têm sido desenvolvidos. Conforme o autor, o conceito de de-
senvolvimento de produto é entendido como todo processo de transformação 
de informações necessárias para a identificação da demanda, a produção e o 
uso do produto. Logo, os meios de produção de um determinado produto estão 
intimamente relacionados ao seu desenvolvimento, de forma que é importan-
te compreender as metodologias do processo de desenvolvimento de produto.
Olson (2001), em seus trabalhos, estabelece que o Processo de Desen-
volvimento de Produto é um processo multidisciplinar em essência, estando 
associado à cooperação entre Marketing, Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e 
Operações (manufatura), especialmente no que tange ao grau de inovação dos 
produtos e aos momentos em que se dá tal integração nas etapas iniciais de 
desenvolvimento ou nas fases posteriores, sendo que essa cooperação liga-se 
diretamente ao sucesso de um produto.
Com relação a metodologias e modelos para o planejamento e desenvolvimento de produtos, alguns 
autores identificam sistemáticas próprias que tendem a estabelecer uma sequência operacional sistêmi-
ca a fim de possibilitar o estabelecimento de padrões para o consequente desenvolvimento de produtos. 
Conforme os estudosde Back (2008), o autor propõe uma metodologia baseada em três fases principais:
I. Planejamento: 
• nesta etapa, buscam-se os fatores de influência no projeto do produto e no plano de manufatura;
• a saída desta etapa consiste nas especificações do projeto do produto; 
• a etapa seguinte, apresentada pelos autores, é o projeto conceitual; 
• nesta etapa, é conduzida a análise funcional do produto, a proposta de concepções de produto e a se-
leção da mais adequada. Iniciam-se os estudos para identificação dos processos produtivos, etapa na 
qual ocorre a elaboração do plano de projeto.
II. Elaboração do projeto do produto: 
• o leiaute final do produto é definido;
• também é definido todo o plano de fabricação do produto e o plano de fabricação e teste do protótipo;
• a última etapa da fase de elaboração do projeto do produto é o projeto detalhado;
• nesta etapa, o protótipo é finalizado, testado e aprovado, as especificações detalhadas do produto são 
concluídas e a solicitação de investimento é realizada para a industrialização do produto.
25PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
III. Implementação do lote piloto: 
• etapa que envolve a execução do plano de manufatura e o encerramento do projeto;
• esta fase é composta de três divisões denominadas: preparação da produção, lançamento e 
validação do produto.
Rozenfeld (2006) apresenta um respectivo modelo de PDP também desenvolvido 
e identificado através de fases, que classificam o término de uma fase como a entrega 
de um conjunto de resultados. Desta forma, o respectivo modelo apresenta três ma-
crofases principais, as quais são consequentemente subdivididas: 
I. Pré-desenvolvimento: 
Conforme Rozenfeld (2006), esta fase apresenta o início do desenvolvimento do 
projeto, na qual as ideias são geradas, visando atender as necessidades do cliente. As 
restrições de cada ideia são avaliadas e listadas as ideias mais interessantes à empresa.
II. Desenvolvimento:
a. Projeto informacional: consiste na coleta de informações para o desenvolvi-
mento do projeto.
b. Projeto conceitual: nesta fase, as necessidades para atendimento dos requisitos e 
especificações são definidas.
c. Projeto detalhado: fase de elaboração dos desenhos de produto e construção e tes-
te dos protótipos.
d. Preparação da produção: ocorre o detalhamento dos processos produtivos, espe-
cificação dos equipamentos, aquisição dos equipamentos e instalação destes. Nes-
ta fase, o ambiente fabril é construído.
e. Lançamento: inicia-se a produção do produto.
26PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
III. Pós-desenvolvimento: consiste no acompanhamento da pro-
dução até o fim de vida do produto.
Outro modelo que podemos identificar está tratado nos estu-
dos realizados por Pahl & Beitz (1996), onde o respectivo modelo 
está dividido em fases consideradas como principais:
I. Planejamento e clarificação da tarefa: clarificação da tarefa, 
levantam-se todas as informações referentes aos requisitos do 
produto e principais restrições deste.
II. Projeto conceitual: faz-se a construção da estrutura funcional 
do produto, com o objetivo de desenvolver princípios de solução.
III. Projeto preliminar: os conceitos definidos na fase anterior 
são profundamente analisados, de modo que os dimensiona-
mentos são conduzidos.
IV. Projeto detalhado: todas as especificações do produto são ela-
boradas em detalhe. Esta fase inclui configuração de forma, di-
mensões, tolerâncias e materiais, sendo realizada a definição do 
processo de fabricação. O objetivo principal desta fase é ter cla-
ramente definido o produto e processo de fabricação. Após esta 
fase, parte-se à implementação do processo produtivo.
27PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Adicionalmente aos modelos apresentados, em estudos realizados por Clark & Fuji-
moto (1991), está estabelecida uma divisão em etapas de um respectivo modelo para PDP, 
onde ele representa cinco etapas específicas:
I. Geração e escolha do conceito do produto 
a. As informações obtidas sobre as necessidades dos clientes, informações sobre os con-
correntes, assim como dados a respeito dos riscos tecnológicos, oportunidades ofere-
cidas pelo mercado e padrões, bem como regras do ambiente, são reunidos e formam o 
que é chamado de definição do produto.
b. O Benchmarking, o QFD e as sete ferramentas gerenciais da qualidade são as técnicas 
mais adequadas para se aplicar durante esta fase. O Benchmarking, por exemplo, é ca-
paz de oferecer informações e tendências a respeito dos concorrentes, enquanto o QFD 
traz para dentro da empresa a voz do consumidor.
II. Planejamento do produto
a. O conceito do produto é traduzido em premissas mais concretas como estilo, layout e 
escolha e determinação dos componentes do produto, assim como os custos começam a 
ser especificados através do que foi planejado e concebido.
b. O QFD e confiabilidade são essenciais no que diz respeito às especificações do produto 
de acordo com as necessidades e desejos do consumidor. A AV/EV avalia o valor das fun-
ções de um determinado produto, assim como continua o uso das 7FGQ. Inicia-se a pre-
ocupação com a sistematização e organização das informações tanto de projeto quanto 
de produto e, por isso, torna-se útil a aplicação do PDM.
III. Engenharia do produto 
a. As informações geradas nas primeiras fases transformam-se em desenhos e nor-
mas, ou seja, em projetos específicos que detalham o produto com suas dimensões 
e características reais. São realizadas construções de protótipos com o objetivo de 
avaliar o conceito do produto.
b. As técnicas estatísticas como o DOE/Método Taguchi, o FMEA e a Confiabilidade são 
muito aplicáveis, pois avaliam o desempenho do produto. O QFD, o PDM e AV/EV ainda 
podem ser utilizados, e a novidade é a introdução dos sistemas CAD/CAE/CAM.
IV. Engenharia do processo
a. As informações sobre o projeto do produto são transformadas em informações relativas 
ao projeto do processo, materializando dos fatores de produção como máquinas, ferra-
mentas, métodos de trabalho e perfil de mão de obra.
b. Os sistemas CAD/CAE/CAM e o PDM ainda são muito úteis. A aplicação do DFMA permite 
que a Engenharia do Processo seja feita a partir da voz da manufatura. As FGQ continu-
am sendo utilizadas para auxiliar na solução de problemas, caso necessário.
28PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
V. Produção piloto
a. Inicia-se a produção do produto simulando as condições normais de opera-
ção da fábrica, de forma a produzir os primeiros exemplares do produto para 
teste, realizando os acertos finais no processo de fabricação.
b. Como o processo de desenvolvimento de produto tem suas atividades base-
adas em um ciclo de projetar-construir-testar, suas atividades típicas esta-
rão sempre sujeitas a constantes alterações e, por esse motivo, as etapas do 
processo devem interagir para que não ocorram grandes retrabalhos. A En-
genharia Simultânea é uma filosofia aplicada durante todo o processo de de-
senvolvimento. O paralelismo das atividades deve acontecer desde o início e 
se estender até que se atinja a produção propriamente dita.
Conforme evidenciado por Back (2008), a etapa de geração de ideias se 
encontra no projeto informacional do Processo de Desenvolvimento de Pro-
dutos (PDP), enquanto a geração de concepções e alternativas encontra-se na 
etapa de projeto conceitual.
Da mesma forma, também podemos verificar a relação existente aos chama-
dos sistemas de produtos e serviços, neste sentido, Mien; Feng; Leng (2005) res-
saltam que existem disponíveis, na literatura, os chamados modelos relacionados 
ao Desenvolvimento de Produto (PDP) e Desenvolvimento de Serviços (PDS).
29PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
Em algumas situações específicas de serviços, a respectiva qualidade de sua 
parcela, considerada como tangível, pode ter uma importância maior que a respec-
tiva qualidade da sua parcela intangível, enquanto para outros, ocorre o inverso. 
Ferreira & Toledo (2010) estabelecem que o processode desenvolvimento 
de produtos é uma das atividades mais importantes para ganhos em competiti-
vidade, devido à crescente necessidade de se lançar produtos novos, que satisfa-
çam as necessidades de consumidores cada vez mais exigentes.
Simplificadamente, podemos considerar que vários métodos e ferramentas 
relacionados ao desenvolvimento de produtos e serviços, podem ser identifica-
das como métodos e ferramentas que seriam utilizadas de forma exclusiva, no 
desenvolvimento de PDP e PDS, das quais podemos citar: 
I. Quality Function Deployment (QFD);
II. Benchmarking;
III. Focus groups; 
IV. Brainstorming; 
V. Failure Modes and Effects Analysis (FMEA); 
Basicamente, podemos perceber que todas as organizações acabam variando em suas respectivas 
operações, desde aquelas consideradas como de manufatura até as consideradas como prestadoras de 
serviço, onde podemos perceber uma linha entre estas, que oferecem tanto bens quanto serviços.
Antes de tratarmos mais sobre o consequente desenvolvimento de serviços, é necessária uma 
análise sobre o que significa serviço. Através dos estudos de Lovelock & Wright (2001), podemos evi-
denciar que serviço pode significar duas coisas:
1. em primeiro lugar, serviço é um ato ou desempenho oferecido por uma parte a outra;
2. em segundo lugar, os serviços são atividades econômicas que criam valores e fornecem benefícios 
para clientes em tempos e lugares específicos, como decorrência da realização de uma mudança 
desejada no/em nome do destinatário do serviço.
Conforme observado por Buffa (1983), ao analisarmos a respectiva natureza do sistema de entrega 
dos produtos físicos, há uma linha limítrofe existente entre produtos (tangíveis) e serviços (intangí-
veis), considerada menos aparente. O autor relata, como exemplo, o processo de compra de um auto-
móvel, onde, necessariamente, estamos comprando não somente o veículo (tangível), mas a garantia e 
alguns serviços (intangíveis) para o carro. Na mesma linha, o autor cita o serviço de atendimento médi-
co em um hospital, obtém-se não apenas as recomendações e os cuidados profissionais, tais como ética, 
atenção e profissionalismo, considerados intangíveis, mas também medicamentos (amostras grátis, 
por exemplo), exames de raios-X, entre outros, que são considerados produtos, ou seja, tangíveis. 
30PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
VI. Modelo de Kano; 
VII. Computer Supported Cooperative Work 
in Design (CSCW-D);
VIII. Storyboarding; 
IX. Integration Definition for Function Mo-
deling (IDEF); 
X. Requirement Information Cell (RIC); 
XI. Service blueprint; 
XII. Servqual. 
SINOPSE DA UNIDADE
Basicamente, conseguimos apresentar 
as questões históricas relacionadas ao de-
senvolvimento de projetos e produtos, bem 
como foi possível verificar os conceitos do 
ciclo de vida do produto, além da definição 
de confiabilidade e os princípios do desen-
volvimento de produtos e serviços.
31PROJETO DE PRODUTOS
EXERCÍCIOS SUMÁRIO
1. Cite algumas das definições teóricas estabelecidas para a 
palavra processo:
2. Com relação as diferenças entre processo e projeto, enume-
re os principais fatores que estabelecem esta diferença.
3. Conforme os estudos de Back (2008), quais são as três fases 
principais da metodologia?
32PROJETO DE PRODUTOS
GABARITO SUMÁRIO
1. Cite algumas das definições teóricas estabelecidas para a palavra processo:
• Processo, conforme um olhar científico de administração de empresas, é o conjunto de atividades 
realizadas na geração de resultados para o cliente, desde o início do pedido até a entrega do produto.
• Processo, conforme um olhar transdisciplinar, é a sincronia entre insumos, atividades, infraestru-
tura e referências necessárias para adicionar valores para o ser humano.
• Processos, conforme um olhar de gerenciamento de processos, é uma sequência de tarefas (ou ati-
vidades) que, ao serem executadas, transformam insumos em um resultado com valor agregado.
• Processo, conforme definição do Dicionário Aurélio, é a maneira de operar, resolver ou ensinar; a 
técnica. Um caderno que contém os documentos relativos a um negócio; uma série de fenômenos 
sucessivos com nexo de causa e efeito.
2. Com relação as diferenças entre processo e projeto, enumere os principais fatores que estabele-
cem esta diferença.
• Projeto: 
• temporário e único; 
• busca atingir o objetivo para o qual foi criado e então terminar. 
• Processo ou operação: 
• repetitiva e rotineira; 
• seu objetivo é manter o funcionamento da área/negócio já existente; 
• não tem data pré-definida para término.
3. Conforme os estudos de Back (2008), quais são as três fases principais da metodologia?
Planejamento: 
a. Nesta etapa, buscam-se os fatores de influência no projeto do produto e no plano de manufatura.
b. A saída desta etapa consiste nas especificações do projeto do produto.
c. A etapa seguinte é o projeto conceitual. 
d. Nesta etapa, é conduzida a análise funcional do produto, a proposta de concepções de produto e a 
seleção da mais adequada; iniciam-se os estudos para identificação dos processos produtivos, etapa 
na qual ocorre a elaboração do plano de projeto.
Elaboração do projeto do produto: 
e. O leiaute final do produto é definido.
f. Também é definido todo o plano de fabricação do produto e o plano de fabricação e teste do protótipo.
g. A última etapa da fase de elaboração do projeto do produto é o projeto detalhado .
h. Nesta etapa, o protótipo é finalizado, testado e aprovado, as especificações detalhadas do produto 
são concluídas e a solicitação de investimento é realizada para a industrialização do produto.
Implementação do lote piloto: 
i. Etapa que envolve a execução do plano de manufatura e o encerramento do projeto.
j. Esta fase é composta de três divisões: preparação da produção, lançamento e validação do produto.
33
CONCEPÇÃO GERAL 
DO PRODUTO 
Quando nasceu? Como nasceu? Quais as especificações e definições 
estabelecidas à metrologia, assim como os possíveis erros de medições e 
a certificação de laboratórios?
34PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
HISTÓRICO E ORIGEM DO APQP
Ao analisarmos o chamado contexto histórico, podemos perceber e 
identificar que, em virtude do evidente aumento da competitividade no setor 
automobilístico, as empresas montadoras necessitavam de um tempo de de-
senvolvimento cada vez mais curto, sem que isso viesse a impactar na quali-
dade do produto ou dos serviços que seriam lançados por estas organizações.
Cada vez mais, podíamos perceber que o respectivo nível de detalha-
mento do projeto, assim como o tamanho e a quantidade de informações 
existentes em cada um dos componentes de um projeto de um veículo, au-
mentou de forma muito significativa. Este maior incremento ocasionou uma 
real sobrecarga em relação às informações entre departamentos, onde há 
uma necessidade de auxílio de parceiros no respectivo processo de desen-
volvimento. Desta forma, são necessariamente selecionados, na etapa inicial 
dos projetos, respectivos fornecedores que possam ser identificados como 
especialistas em determinados processos, os quais participam de forma di-
reta no desenvolvimento do produto, contribuindo com a sua assumida res-
ponsabilidade pelo projeto considerado ideal a ser aplicado em cada caso.
Neste sentido, Rocha (2008) define que as montadoras acabam con-
tinuamente transmitindo e repassando atividades, responsabilidades, bem 
como conhecimento para seus fornecedores, seja no desenvolvimento de 
produtos, seja no aprimoramento dos processos.
Nesta linha de ação, podemos considerar e identificar que, necessariamente, estas atividades e processos 
acabam gerando muitos documentos que precisam ser acompanhados e monitorados, porém, existia uma lacuna 
referente a uma ferramenta que fosse considerada como eficaz e que apresentasse uma capacidade de centralizar 
as respectivas informações pertinentes, possibilitando a orientação do processo de desenvolvimento de produto.
Rocha(2009) salienta que as montadoras americanas requisitam as práticas da ISO/TS 16949, tais como 
Ford, Chrysler e GM, criaram uma sistemática chamada APQP, onde os respectivos procedimentos foram es-
tabelecidos e descritos no manual publicado pelo AIAG (Automotive Industry Action Group).
Conforme definido por Chrysler (1995), o APQP foi fundamentado pelas indústrias automobilísticas 
americanas com o intuito de facilitar o respectivo controle de informação existente entre montadoras e for-
necedores, visando ter um mesmo nível de acompanhamento de todo o processo de desenvolvimento da peça.
Conforme estudos realizados por Silva (2013), o autor define que a respectiva meta estabelecida pelas 
montadoras General Motor (GM), Chrysler e Ford, criadoras da ferramenta APQP (Advanced Product Quality 
Planning), é facilitar a comunicação entre os envolvidos no desenvolvimento e fabricação, assegurando que 
os passos e datas sejam cumpridos dentro do prazo.
De forma conceitual, podemos identificar o APQP como sendo uma respectiva ferramenta utilizada 
para o acompanhamento da etapa de desenvolvimento do projeto de peças em seus fornecedores, onde a 
função básica identifica que o APQP estabelece a necessidade iminente de uma redução dos custos, assim 
como da melhoria da qualidade final do produto projetado, bem como do respectivo acompanhamento dos 
registros gerados, referentes aos produtos planejados com o objetivo de estabelecer um maior e mais efi-
ciente controle durante as respectivas etapas do processo de planejamento e desenvolvimento.
35PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
PLANEJAMENTO DO PROJETO DO PRODUTO
Simplificadamente, podemos considerar que o planeja-
mento do projeto do produto pode ser definido e estabelecido 
como um respectivo conjunto de atividades, que buscam de-
finir e estabelecer as respectivas especificações de projeto sob 
a visão produtiva, para que seja possível a consequente pro-
dução dos itens, logo, para que seja estabelecido o seu pro-
cesso de produção, para que a manufatura possa produzi-lo. 
Conforme Rozenfeld (2006), o próprio planejamento de 
produto pode envolver as respectivas atividades de acompa-
nhamento do produto após seu lançamento, para que possí-
veis mudanças necessárias possam ser realizadas. 
A sistemática do APQP estabelece uma sequência con-
siderada como lógica de análise às consequentes práticas do 
trabalho, além de ferramentas e técnicas para torná-lo fá-
cil de seguir. Porém, devemos considerar que cada plano de 
qualidade do produto gerado é considerado como único, o 
momento atual e a sua sequência de execução dependem ne-
cessariamente das premissas ou outras questões considera-
das como práticas do cliente.
36PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
O APQP representa uma ferramenta versátil ao possibilitar a inclusão ou a respectiva 
substituição de tarefas entre as fases dos processos, permitindo a obtenção de um melhor 
resultado em relação ao resultado inicial estabelecido, demonstrando um total controle 
sobre o processo de planejamento do projeto do produto. O APQP pode ser identificado e 
composto pelas seguintes etapas:
I. Planejar e definir os objetivos: 
a. “voz do cliente”, quais as necessidades e expectativas do cliente;
b. informações necessárias para o planejamento e definição do programa de qualidade;
c. a empresa define a respectiva lista de materiais e a sequência operacional dos proces-
sos preliminares, assim como características consideradas especiais do produto e o 
respectivo plano de garantia do produto.
II. Planejamento e desenvolvimento do produto: 
a. considerar todos os fatores do projeto no planejamento do processo;
b. definição das especificações de engenharia com relação a controle de registo, tama-
nho da amostra, frequência e critérios de aceitação dos parâmetros;
c. construção do protótipo para verificar a conformidade do produto em relação aos re-
quisitos do cliente;
d. o plano de controle do protótipo baseado em desenhos de engenharia e requisitos de espe-
cificação;
e. análise da viabilidade preliminar, avaliação dos potenciais problemas durante a fabricação.
III. Planejamento e desenvolvimento do processo: 
a. discussão das principais características do desenvolvimento de um sistema de produção e 
do seu controle;
b. depende da conclusão com sucesso das duas etapas anteriores;
c. submeter uma revisão do manual da qualidade e do plano de controle de fabricação, de 
modo a melhorar o sistema de qualidade;
d. necessidade de um fluxograma do processo, que auxilia na elaboração do:
i. PFMEA (Process Failure Mode and Effect Analysis) deve ser realizado durante o plane-
jamento da qualidade e antes da produção;
ii. plano de controle;
e. requer um plano de controle de pré-lançamento;
f. responsáveis da qualidade devem criar instruções de trabalho;
g. desenvolver um plano para a Análise dos Sistemas de Medição (MSA).
37PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
IV. Validação do produto e do processo: 
a. é submetida após todos os ensaios na produção;
b. deve haver a validação do plano de controle e o fluxograma 
do processo;
c. a produção deverá executar as tarefas com as condições fi-
nais planejadas no projeto;
d. utilização de dispositivos de medição e métodos usados no 
plano de controle, verificam-se as características críticas 
com as especificações técnicas do produto; 
e. análise do sistema de medição e a capacidade do processo;
f. análise no local de fabricação;
g. a aprovação das peças de produção (PPAP);
h. análise ao plano de controle da produção;
i. instruções de trabalho;
ii. calibres e equipamentos de teste, ao quais devem ser 
verificados em relação à Repetibilidade e à Reprodu-
tibilidade (R&R).
V. Avaliação, feedback e ação corretiva: 
a. após a validação do processo, avaliam-se as causas especiais e comuns presentes no processo de fabricação e a efi-
cácia do sistema planejado;
b. plano de controle de produção é a base para a avaliação do produto.
38PROJETO DE PRODUTOS
 SUMÁRIO
FERRAMENTAS PARA O PROJETO DO PRODUTO
Quando tratamos das ferramentas de suporte ao desenvolvimen-
to de produtos, podemos claramente entender e compreender como 
respectivos meios disponíveis nas empresas e organizações, a fim de 
poder auxiliar o entendimento, bem como a definição, a execução ou o 
controle das tarefas e consequentes atividades, bem como as soluções 
de problemas para o desenvolvimento do projeto de produtos.
Todas estas ferramentas identificam e definem as interações 
entre o projeto do produto e o projeto de fabricação, com o objetivo 
de proporcionar uma necessária otimização do produto como tam-
bém do processo quanto ao custo total, aos requisitos de qualidade e 
a questão de produtividade final.
Conforme estudos dirigidos por Chordá, Gunasekaran, Arambri 
(2002), identificaram que a consequente eficácia de um projeto de pla-
nejamento de produto está atrelada a um devido apoio da alta gerência, 
representada pela definição e estabelecimento de uma direção clara e 
realista, onde possam haver investimentos em recursos, tanto finan-
ceiros quanto humanos, assim como o estabelecimento de uma equipe 
multifuncional deve definir um planejamento de desenvolvimento de 
produtos, orientando-se sobre as respectivas exigências do mercado.
Aliado aos chamados suportes computacionais, as ferramentas metodológicas podem ser vinculadas 
aos desenvolvimentos de projetos, contribuindo para redução do custo total do ciclo de vida do produto, bem 
como do tempo de desenvolvimento, uma vez que serão eliminados ciclos de retrabalho, existindo um posi-
tivo impacto na produção.
Conforme estabelecido pelos estudos de Toledo et al. (2008), empresas que optam por desconsiderar e não 
utilizar o desenvolvimento das ferramentas de apoio aos projetos de produto, necessariamente, acabam enfren-
tando grandes dificuldades atreladas aos novos conhecimentos, sendo limitadas nas suas culturas organizacio-
nais, impactando em sua

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