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Nota de Aula 2015.2 Teoria do Conhecimento (1)

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Av. Dom Luís, 911, Meireles 
Fortaleza-Ceará – CEP 60160-230 
Tel. (0xx85) 3461-2020 / FAX (0xx85) 3461.2020 Ramal 4074 
 E-mail: fc@christus.br 
1 
 
 
 
 
 
 
 
TEORIA DO CONHECIMENTO//GNOSEOLOGIA//EPISTEMOLOGIA 
 
 
“Todos os homens, por natureza, desejam conhecer. Sinal disso é o prazer que nos proporciona nossos sentidos. 
(...) Conhecimento e compreensão pertencem antes à arte do que à experiência. Donde se conclui que a Sabedoria 
depende, antes de tudo, do conhecimento.” Aristóteles. 
 
“Há muitas razões pelas quais a Arte pode interessar ao Direito. Uma das primeiras é a formação humanística dos 
juristas. Mas há muito mais. O próprio Direito, se não for encarado como forma simplesmente legalista, positivista 
e dogmática (três tipos de pensamentos que confluem) pode ser encarado como episteme que comporta uma parte 
científica, uma parte técnica e uma parte artística.” Paulo Ferreira da Cunha 
 
“A arte, assim como o direito, serve para ordenar o mundo. O direito, bem como a arte, estende uma ponte do 
passado ao futuro. A interpretação jurídica e a interpretação artística não são duas coisas diversas, mas uma coisa 
só. Se o direito não fosse arte a interpretação não teria nada para fazer.” Francesco Carnelutti 
 
 
O SUJEITO COGNOSCENTE E O OBJETO COGNOSCÍVEL: 
 
René Descartes: no Discurso do Método criou a ideia de que o homem, graças à técnica, deveria se tornar 
mestre e senhor da natureza. O Eu pensante precisava transformar o mundo exterior para conhecê-lo e dominá-
lo. A racionalidade presente no sujeito capta a racionalidade presente no objeto. Homem e natureza, sujeito e 
objeto se bifurcam. Cria o sujeito epistemológico. Um sujeito do conhecimento destituído de sua psicologia, suas 
emoções, suas paixões e sua história. O sujeito cognoscente adequado é aquele que será pura consciência de 
si. Penso, logo existo é o emblema de todo saber irrefutável. Seu método é o geométrico-algébrico. O sujeito que 
conhece geometrizando o espaço desencanta o mundo. O objetivo é reduzir o campo de espanto e admiração 
do mundo. Uma natureza abstrata, formalizada e objetivada possibilita ao sujeito do conhecimento conhecê-la, 
controlá-la e dominá-la através de sua matematização. Crítica de Horkheimer: Descartes inviabilizou qualquer 
harmonia entre o homem e a natureza. Não há diálogo entre o sujeito e o objeto, mas tensão e luta. Ele cria o 
mito do racionalismo clássico. 
 
O século XVII inicia-se com Descartes (1596-1650), o pai da filosofia moderna, e o estabelecimento do princípio 
da dúvida metódica, partindo da célebre afirmação: penso, logo, existo. Preceitos do método: 1º) Nunca receber 
como verdadeira coisa alguma que não se reconheça evidente como tal, isto é, evitar cuidadosamente a 
precipitação e a prevenção, e não aceitar senão aqueles juízos que se apresentem clara e distintamente ao 
espírito, de modo a não ser possível a dúvida a respeito deles; 2º) Dividir as dificuldades, que devem serem 
examinadas em tantas parcelas quantas se fizerem necessárias; 3º) Conduzir com ordem os pensamentos, 
DISCIPLINA: Filosofia 
Prof.: Nicodemos F. Maia 
CARGA HORÁRIA: 
80h / a 
GRAU DE ENSINO: 
GRADUAÇÃO (Bacharelado) CURSO DE DIREITO 
CÓDIGO: 
31076 
 
NOTA DE AULA 
DISCIPLINA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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partindo dos objetos mais simples e mais fáceis, para subir, pouco a pouco, como por degraus, até o 
conhecimento daqueles objetos mais compostos, supondo mesmo a existência de ordem entre aqueles não se 
precedem naturalmente uns aos outros; 4º) Fazer sempre enumerações tão completas e revisões tão gerais que 
se possa estar seguro de nada se haver omitido. 
 
CONCEITOS BÁSICOS: 
 
1) GNOSEOLOGIA//GNOSIOLOGIA: é o estudo, a doutrina ou o tratado sobre o conhecimento. Abrange os aspectos: 
lógico, psicológico e o crítico. Neste último sentido, vale como a teoria do conhecimento ou como preferem alguns, 
axiologia do conhecimento que é a parte da Filosofia que abrange o valor objetivo do conhecimento, aí incluído o seu 
alcance metafísico. Afirmar que a verdade é um valor significa que: o verdadeiro confere às coisas, aos seres humanos e 
ao mundo um sentido que não teriam se fossem considerados indiferentes à verdade e à falsidade. 
 
2) EPISTEMOLOGIA: discurso sobre a ciência. Ainda que usado para significar a teoria do conhecimento, o termo 
emprega-se hoje preferentemente para designar o estudo crítico da forma da ciência e não de seu conteúdo. Segundo 
definição do Webster’s New World Dictionary, epistemologia é: “o estudo ou teoria da origem, natureza, métodos e limites 
do conhecimento”. O sentido da expressão é controverso e a distinção entre gnoseologia e epistemologia é quase sempre 
desconsiderada entre autores da língua inglesa. Gnose indica conhecimento. Já epistéme, conforme Platão, refere-se a um 
setor particular da gnoseologia, um tipo de conhecimento com exatidão, certeza e rigor científico. A distinção entre 
conhecimento filosófico e o científico depende da postura do observador perante o objeto e de transmissão dos 
conhecimentos adquiridos. O direito é uma ciência ou não é uma ciência? Se é, como colocar o direito é um quadro geral 
das ciências e estabelecer seus caracteres específicos, objeto, método, etc. Ciência em seus aspectos conotativo (sentido) 
e denotativo (alcance/ quais as posturas que, apesar de diferentes, podem ser consideradas científicas? (Adeodato) 
 
3) TEORIA DO CONHECIMENTO: é uma interpretação e uma explicação filosófica do conhecimento humano. O que é o 
conhecimento? A tríade compreende o sujeito, a imagem e o objeto. Espécies: 3.1) sensível: sensações; percepções 
(todo) e imagens – 3.2) intelectual: idéias e juízos. Sensações são pressupostos da percepção. Imagens: quando a 
sensação ou percepção cessa; é a representação de um objeto ao espírito. A imagem não é idêntica a um objeto. Segundo 
H. Bergson o objeto simples não pode ser, para nós, igual sempre a si próprio, mas, pelo contrário, é sempre diferente, 
segundo os modos pelos quais se apresenta e segundo os modos pelos quais os percebemos. Cada sensação e toda 
percepção de um objeto deve corresponder a uma imagem particular. Imaginação é a capacidade de conservar e 
reproduzir imagens. 
 
4) TEORIAS SOBRE A VERDADE: “A verdade nunca é descoberta num espaço vazio; a descoberta é um ato de 
diferenciação praticado em um ambiente bastante denso de opiniões; e, se a descoberta se refere à verdade da existência 
humana, chocará o ambiente em um amplo leque de suas mais arraigadas convicções.” “Uma teoria não é apenas a 
emissão de uma opinião qualquer a respeito da existência humana em sociedade; é uma tentativa de formular o sentido da 
existência, explicando o conteúdo de um gênero definido de experiências.” (ERIC VOEGELIN). MALATESTA: A verdade é 
a conformidade da noção ideológica com a realidade. 
4.1 - COMO REPRESENTAÇÃO: O conhecimento é verdadeiro na medida em que seu conteúdo concorda com o objeto 
visado. Logo, o conceito de verdade é relacional. Para Aristóteles, o conhecimento é a medida e o objeto é a coisa medida. 
A verdade é, pois, perceber e dizer o que se percebe. O falso e o verdadeiro não se encontram nas coisas, mas no 
pensamento (Metafísica). A essência do conhecimento está ligado ao conceito de verdade. 4.2 - RELATIVA: 
PROTÁGORAS admitia que o homem é a medida de todas as coisas, tanto das que são quanto das que não são. Platão o 
expressou a fórmula "Deus é a medida", em oposição à definição de Protágoras "o homem é a medida. 4.2.1 – 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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RELATIVISMO NORMATIVO: não há verdades, mas apenas costumes variáveis de uma sociedade para outra. 4.2.2 – 
RELATIVISMO COGNITIVO: negação da possibilidade de conhecimento do real. Influência de fatores individuais, coletivos 
e ideológicos. 
4.3 - COMO DESCOBRIMENTO: é a verdade originária do ser. A reflexão heideggeriana sobre o ser encontra-se no 
encalço da interpretação grega da verdade como Alethéia. A questão da verdade é problematizada por Heidegger no 
âmbito do que poderíamos nomear de hermenêutica ontológica. Esta investiga as palavras geradoras dos pensadores 
originários da Grécia arcaica, os pré-socráticos (Heráclito). A retomada crítica que ele faz do significado de alethéia 
justifica-se como a pedra de toque que possibilita a compreensão do sentido do ser, pelo viés da interpretação. 
4.4 - DO CRISTIANISMO: Eu sou o caminho a verdade e a Vida, disse Jesus. 
4.5 - DO PRAGMATISMO: A relação entre nossa pretensão à verdade e o resto do mundo é aqui concebida como causal e não como 
representacional. 
4.6 – VERDADE NECESSÁRIA: é uma verdade que é sempre verdadeira em qualquer circunstância ou em todos os mundos 
possíveis(Leibniz). Ex.: os solteiros são não casados. Pra morrer é preciso viver. 
4.7 – VERDADE CONTINGENTE – é uma proposição verdadeira, mas poderia ter sido falsa. Depende de fatos que estão fora da linguagem. 
Ex.: é verdade que sou filósofo. 
4.8 – VERDADE COMO COERÊNCIA: é verdade que testamos as nossas crenças quanto à sua verdade à luz de outras 
crenças. Não podemos sair de nosso sistema de crenças e a experiência tem um papel fundamental neste aspecto. 
 
- PROBLEMAS CAPITAIS DA TEORIA DO CONHECIMENTO - 
 
5) É POSSÍVEL CONHECER? 
- ESCOLAS FILOSÓFICAS QUE RESPONDEM A INDAGAÇÃO: 
 
5.1) DOGMATISMO: sim (do grego dogma - doutrina estabelecida). O conhecimento é crença estabelecida. Segundo 
TOCQUELIVILLE: as convicções dogmáticas podem mudar de forma e de objeto; mas seria impossível fazer com que não 
existam convicções dogmáticas, isto é, juízos que os homens recebam com confiança e sem discutir. O acesso a palavra é 
uma porta aberta aos delírios humanos. A dogmática está aí para fechar essa porta. A dogmática é hoje entendida como 
antítese da razão. O Direito é o último lugar onde o dogmatismo está explicitamente em obra. 
5.2) CETICISMO: não. PIRRO recomenda a suspensão do juízo: a EPOKHÉ. Não há certeza, apenas verossimilhança. 
Não há conhecimento: de dois juízos contraditórios um é tão verdadeiro quanto o outro. O ceticismo metafísico é chamado 
de positivismo (COMTE); é um estado de crise. Surge quando o espírito humano é chamado a mudar de doutrina. Meio 
indispensável entre um dogmatismo e outro. 
5.3) SUBJETIVISMO E RELATIVISMO: sim. A verdade existe, mas é limitada no âmbito de sua validade. O primeiro 
coloca a dependência do conhecimento de fatores internos (O Homem é a medida de todas as coisas) e o segundo de 
fatores externos (cultura, meio ambiente, valores). Para ambos não há verdade universalmente válida; 
5.4) PRAGMATISMO: sim. Como o ceticismo abandona o conceito de verdade clássico como coerência entre o 
pensamento e objeto. O verdadeiro significa o útil, valioso. O intelecto não foi dado ao homem para conhecer e investigar, 
mas para que possa orientar-se na vida prática e é dessa determinação prática de fins que o conhecimento humano retira 
seu sentido e seu valor. Para Nietzsche: “A verdade não é um valor teórico, mas uma expressão para a utilidade, para a 
função do juízo que é conservadora de vida e servidora da vontade de poder.”; 
5.5) CRITICISMO: sim. Intermediário entre o dogmatismo e o ceticismo. Seu fundador é KANT. 
 
6) QUAL A ORIGEM DO CONHECIMENTO? 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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.6.1) RACIONALISMO: Platão dizia que aquilo que é concebido pela opinião, com ajuda da sensação e sem ajuda da 
razão, está sempre em um processo de tornar-se e perecer, e nunca verdadeiramente é. Deste modo, os sentidos jamais 
fornecerão um conhecimento genuíno. 
6.1.1) TEORIAS DAS IDEIAS INATAS CARTESIANAS 
1. Idéias adventícias (isto é, vindas de fora): são aquelas que se originam de nossas sensações, percepções, lembranças. 
Por exemplo, a idéia de árvore, de pássaro, de instrumentos musicais, etc. São nossas idéias cotidianas e costumeiras. 
2. Idéias fictícias: são aquelas que criamos em nossa fantasia e imaginação, compondo seres inexistentes com pedaços 
ou partes de idéias adventícias que estão em nossa memória. Por exemplo, cavalo alado, fadas, elfos, duendes, dragões, 
Super-Homem, etc. São as fabulações das artes, da literatura, dos contos infantis, dos mitos, das superstições. Essas 
idéias nunca são verdadeiras, pois não correspondem a nada que exista realmente e sabemos que foram inventadas por 
nós, mesmo quando as recebemos já prontas de outros que as inventaram. 
3. Idéias inatas: são aquelas que não poderiam vir de nossa experiência sensorial porque não há objetos sensoriais ou 
sensíveis para elas, nem poderiam vir de nossa fantasia, pois não tivemos experiência sensorial para compô-las a partir de 
nossa memória. As idéias inatas são inteiramente racionais e só podem existir porque já nascemos com elas. Por exemplo, 
a idéia do infinito (pois não temos qualquer experiência do infinito), as idéias matemáticas (a matemática pode trabalhar 
com a idéia de uma figura de mil lados, o quiliógono, e, no entanto, jamais tivemos e jamais teremos a percepção de uma 
figura de mil lados). Essas idéias, diz Descartes, são “a assinatura do Criador” no espírito das criaturas racionais, e a razão 
é a luz natural inata que nos permite conhecer a verdade. Como as idéias inatas são colocadas em nosso espírito por 
Deus, serão sempre verdadeiras, isto é, sempre corresponderão integralmente às coisas a que se referem, e, graças a 
elas, podemos julgar quando uma idéia adventícia é verdadeira ou falsa e saber que as idéias fictícias são sempre falsas 
(não correspondem a nada fora de nós). Ainda segundo Descartes, as idéias inatas são as mais simples que possuímos 
(simples não quer dizer “fáceis”, e sim não-compostas de outras idéias). A mais famosa das idéias inatas cartesianas é o 
“Penso, logo existo”. Por serem simples, as idéias inatas são conhecidas por intuição e são elas o ponto de partida da 
dedução racional e da indução, que conhecem as idéias complexas ou compostas. A tese central dos inatistas é a 
seguinte: se não possuirmos em nosso espírito a razão e a verdade, nunca teremos como saber se um conhecimento é 
verdadeiro ou falso, isto é, nunca saberemos se uma idéia corresponde ou não à realidade. 
 
6.2)EMPIRISMO: a experiência é a única origem do conhecimento. Percepção interna (autopercepção) e externa 
(percepção sensível). Contrariamente aos defensores do inatismo, os empiristas afirmam que a razão, a verdade e as 
idéias racionais são adquiridos por nós através da experiência. Antes da experiência, dizem eles, nossa razão é como uma 
“folha em branco”, onde nada foi escrito; uma “tábula rasa”, onde nada foi gravado. Somos como uma cera sem forma e 
sem nada impresso nela, até que a experiência venha escrever na folha, gravar na tábula, e dar forma à cera. Os 
empiristas ingleses: no decorrer da história da Filosofia muitos filósofos defenderam a tese empirista, mas os mais 
famosos e conhecidos são os filósofos ingleses dos séculos XVI ao XVIII, chamados, por isso, de empiristas ingleses: 
Francis Bacon, John Locke, George Berkeley e David Hume. Que dizem os empiristas? Nossos conhecimentos começam 
com a experiência dos sentidos, isto é, com as sensações. Os objetos exteriores excitam nossos órgãos dos sentidos e 
vemos cores, sentimossabores e odores, ouvimos sons, sentimos a diferença entre o áspero e o liso, o quente e o frio, etc. 
As idéias, trazidas pela experiência, isto é, pela sensação, pela percepção e pelo hábito, são levadas à memória e, de lá, a 
razão as apanha para formar os pensamentos. A experiência escreve e grava em nosso espírito as idéias, e a razão irá 
associá-las, combiná-las ou separá-las, formando todos os nossos pensamentos. Por isso, David Hume dirá que a razão é 
o hábito de associar idéias, seja por semelhança, seja por diferença. O exemplo mais importante (por causa das 
conseqüências futuras) oferecido por Hume para mostrar como formamos hábitos racionais é o da origem do princípio da 
causalidade (razão suficiente). Fundador: LOCKE: a alma é um papel em branco. 
 
6.3) INTELECTUALISMO: ambos participam do processo de formação do conhecimento. Fundador: ARISTÓTELES: razão 
e experiência constituem o fundamento do conhecimento. As idéias não são um mundo a parte, pairando no vazio, são as 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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formas essenciais das coisas. A razão atua como uma luz para que o homem possa perceber a realidade. O fator racional 
deriva do empírico. O conceito vem da experiência. 
 6.4) APRIORISMO: o fundador é KANT: conceitos sem intuições são vazios; intuições sem conceitos são cegas. Espaço 
e tempo são formas de intuição. São condições de qualquer conhecimento. A razão introduz ordem no mundo das 
sensações, percepções e imagens. Autonomia do sujeito. Como posso conhecer? Como você quiser. 
 
7) QUAL A ESSÊNCIA DO CONHECIMENTO? Depende. Seu centro de gravidade está no sujeito ou no objeto? Se for no 
sujeito, temos o subjetivismo; se for no objeto, teremos o objetivismo: idealismo e realismo. No caso do objetivismo este é 
quem determina o sujeito. Para PLATÃO as idéias são realidades objetivamente dadas. Elas formam um reino objetivo, a 
parte. HUSSERL vai chamar essas idéias de intuição das essências. Subjetivismo: tenta ancorar a essência do 
conhecimento no sujeito. A realidade está fundada na consciência do sujeito. Todos os elementos metafísicos e 
psicológicos são eliminados do núcleo do pensamento. O sujeito não é metafísico, mas lógico. 
 
8) QUAL O CRITÉRIO DE VERDADE? Não basta que nosso juízo seja verdadeiro. Devemos alcançar a certeza de que 
ele é verdadeiro: a) ausência de contradição; b) evidência de percepção; c) evidência do pensamento conceitual. Questões 
de análise conceitual, de percepção e de valor: 
 
1) Os brasileiros consideram certos manter a natureza em posição inferior à dos homens? 
2) Você considera certo manter a natureza em posição inferior à dos homens? 
3) Pode alguém está certo sobre o que é certo? 
 
1)Temos a liberdade de votar como quisermos? 
2) A liberdade de votar como quisermos é algo positivo? 
3) Será que algum de nossos atos é realmente livre? 
 
1) É provável que o socialismo se espalhe pelo mundo? 
2) O socialismo é um sistema agradável de governo? 
3) O socialismo é compatível com a democracia? 
 
1) O fenômeno jurídico passa a ser visto como sinônimo de sociabilidade? 
2) Tem-se o direito, enquanto justiça como valor ideal? 
3) O que é realmente a justiça? 
 
TEXTO(1): WILLIAM JAMES, O PRAGMÁTICO 
 
Freqüentemente consideramos a eficiência técnica ou prática de um conhecimento como prova de sua objetividade. "É verdade, já que 
funciona!" Mas admitimos também que muitas verdades não são em si mesmas de nenhuma utilidade. O que concluir quanto às relações 
entre verdade e eficiência de uma idéia? A posição mais partilhada, digamos a do realista, consiste em afirmar que a verdade de uma idéia 
reside em sua correspondência com o mundo exterior e que representa assim a condição ou o meio de nosso domínio sobre o mundo: "O 
homem só comanda a natureza lhe obedecendo" (Francis Bacon). Contrariando essa interpretação, o pragmatismo afirma que a verdade não 
consiste em sua relação com uma realidade exterior por essência inapreensível, mas que se determina em vista de suas conseqüências 
práticas. 
 
Essa posição - que conta múltiplas versões e com a qual se aprecia qualificar a mentalidade anglo-saxônica - foi popularizada por 
William James (1842-1910) da seguinte forma: "A verdade é um acontecimento que se produz para uma idéia. Esta se torna verdadeira; é 
tornada verdadeira por certos fatos." E esta verificação deve ser entendida no sentido de conseqüência prática que nos agrada: "O verdadeiro 
consiste simplesmente no que é vantajoso para nosso pensamento, da mesma forma que o justo consiste simplesmente no que é vantajoso 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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para nossa conduta. Quero dizer vantajoso mais ou menos de qualquer maneira; vantajoso a longo prazo e no conjunto; pois o que é 
vantajoso em relação à experiência atualmente em vista não o será necessariamente no mesmo grau em relação a experiências ulteriores." 
 
Nessa perspectiva, em que a realidade é concebida como sempre mais rica do que as idéias que dela podemos fazer, as verdades 
não são descobertas mas inventadas e sempre momentâneas. É preciso assim compreender que "a verdade é somente uma espécie de bem 
e não, como supomos habitualmente, uma categoria diferente do bem. A verdade é o nome de tudo o que se revela ser o bem no domínio da 
crença". O pragmatismo foi freqüentemente acusado de confundir a verdade absoluta e eterna com a justificação de que, sendo relativa a um 
público dado, é efêmera. Mas essa recusa em distinguir entre a verdade e a justificação não é nem mais nem menos que a tese c entral do 
pragmatismo, para o qual "a crença é verídica por natureza" na medida em que é pela mesma razão que a maioria de nossas crenças é 
verdadeira e que a maioria de nossas crenças é justificada. 
 
A relação entre nossa pretensão à verdade e o resto do mundo é aqui concebida como causal e não como representacional. E o efeito 
que causa é nosso arraiga mento a crenças que se revelam guias confiáveis para obter o que desejamos. Nesse novo contexto, a verdade 
não pode mais residir senão na coerência prática e utilitária das crenças entre si, na coerência do conjunto das crenças que constituem cada 
sociedade. O conhecimento não deve mais ser considerado como um instrumento que me permitiria conhecer o mundo, mas como um 
mundo de lavra humana. Tampouco é um olhar objetivo pousado sobre o mundo mas uma ação por inteiro, um investimento real do homem 
no mundo. O que o pragmatismo (do grego pragma, ação) entende assim instalar é a substituição de uma problemática epistemológica por 
uma problemática social. Convém então dirigir aos pragmáticos a seguinte questão: o pragmatismo é útil? 
 LAURENT MAYET 
 
TEXTO(2): O Benefício da Dúvida 
 
Autor: Ferreira Gullar 
Fonte: Folha de S. Paulo (edição impressa) 
 
Difícil é lidar com donos da verdade. Não há dúvida de que todos nós nos apoiamos em algumas certezas e temos opinião 
formada sobre determinados assuntos; é inevitável e necessário. Se somos, como creio que somos, seres culturais, 
vivemos num mundo que construímos a partir de nossas experiências e conhecimentos. Há aqueles que não chegam a 
formular claramente para si o que conhecem e sabem, mas há outros que, pelo contrário, têm opiniões formadas sobre 
tudo ou quase tudo. 
Até aí nada de mais; o problema é quando o cara se convence de que suas opiniões são as únicas verdadeiras e, portanto, 
incontestáveis. Se ele se defronta com outro imbuído da mesma certeza, arma-se um barraco. 
De qualquer maneira, se se tratade um indivíduo qualquer que se julga dono da verdade, a coisa não vai além de algumas 
discussões acaloradas, que podem até chegar a ofensas pessoais. O problema se agrava quando o dono da verdade tem 
lábia, carisma e se considera salvador da pátria. Dependendo das circunstâncias, ele pode empolgar milhões de pessoas e 
se tornar, vamos dizer, um “führer”. 
As pessoas necessitam de verdades e, se surge alguém dizendo as verdades que elas querem ouvir, adotam-no como 
líder ou profeta e passam a pensar e agir conforme o que ele diga. Hitler foi um exemplo quase inacreditável de um líder 
carismático que levou uma nação inteira ao estado de hipnose e seus asseclas à prática de crimes estarrecedores. 
A loucura torna-se lógica quando a verdade torna-se indiscutível. Foi o que ocorreu também durante a Inquisição: para 
salvar a alma do desgraçado, os sacerdotes exigiam que ele admitisse estar possuído pelo diabo; se não admitia, era 
torturado para confessar e, se confessava, era queimado na fogueira, pois só assim sua alma seria salva. Tudo muito 
lógico. E os inquisidores, donos da verdade, não duvidavam um só momento de que agiam conforme a vontade de Deus e 
faziam o bem ao torturar e matar. 
Foi também em nome do bem – desta vez não do bem espiritual, mas do bem social – que os fanáticos seguidores de Pol 
Pot levaram à morte milhões de seus irmãos. Os comunistas do Khmer Vermelho haviam aprendido marxismo em Paris 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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não sei com que professor que lhes ensinara o caminho para salvar o país: transferir a maior parte da população urbana 
para o campo. Detentores de tal verdade, ocuparam militarmente as cidades e obrigaram os moradores de determinados 
bairros a deixarem imediatamente suas casas e rumarem para o interior do país. Quem não obedeceu foi executado e os 
que obedeceram, ao chegarem ao campo, não tinham casa onde morar nem o que comer e, assim, morreram de inanição. 
Enquanto isso, Pol Pot e seus seguidores vibravam cheios de certeza revolucionária. 
É inconcebível o que os homens podem fazer levados por uma convicção e, das convicções humanas, como se sabe, a 
mais poderosa é a fé em Deus, fale ele pela boca de Cristo, de Buda ou de Muhammad. Porque vivemos num mundo 
inventado por nós, vejo Deus como a mais extraordinária de 
nossas invenções. Sei, porém, que, para os que crêem na sua existência, ele foi quem criou a tudo e a todos, estando fora 
de discussão tanto a sua existência quanto a sua infinita bondade e sapiência. 
A convicção na existência de Deus foi a base sobre a qual se construiu a comunidade humana desde seus primórdios, a 
inspiração dos sentimentos e valores sem os quais a civilização teria sido inviável. Em todas as religiões, Deus significa 
amor, justiça, fraternidade, igualdade e salvação. Não obstante, pode o amor a Deus, a fé na sua palavra, como já se viu, 
nos empurrar para a intolerância e para o ódio. 
Não é fácil crer fervorosamente numa religião e, ao mesmo tempo, ser tolerante com as demais. 
As circunstâncias históricas e sociais podem possibilitar o convívio entre pessoas de crenças diferentes, mas, numa 
situação como do Oriente Médio hoje, é difícil manter esse equilíbrio. Ali, para grande parte da população, o conflito político 
e militar ganhou o aspecto de uma guerra religiosa e, assim, para eles, o seu inimigo é também inimigo de seu Deus e a 
sua luta contra ele, sagrada. Não é justo dizer que todos pensam assim, mas essa visão inabalável pode ser facilmente 
manipulada com objetivos políticos. 
Isso ajuda a entender por que algumas caricaturas – publicadas inicialmente num jornal dinamarquês e republicadas em 
outros jornais europeus – provocaram a fúria de milhares de muçulmanos que chegaram a pedir a cabeça do caricaturista. 
Se da parte dos manifestantes houve uma reação exagerada – que não aceita desculpas e toma a irreflexão de alguns 
jornalistas como a hostilidade de povos e governos europeus contra o islã–, da parte dos jornais e do caricaturista houve 
certa imprudência, tomada como insulto à crença de milhões de pessoas. 
Mas não cansamos de nos espantar com a reação, às vezes sem limites, a que as pessoas são levadas por suas 
convicções. E isso me faz achar que um pouco de dúvida não faz mal a ninguém. Aos messias e seus seguidores, prefiro 
os homens tolerantes, para quem as verdades são provisórias, fruto mais do consenso que de certezas inquestionáveis. 
 
Texto(3): Conhecimento 
Convite à Filosofia 
De Marilena Chaui 
Ed. Ática, São Paulo, 2000. 
O conhecimento 
Capítulo O pensamento 
Pensando… 
Certa vez um grego disse: “O pensamento é o passeio da alma”. Com isso quis dizer que o pensamento é a maneira como 
nosso espírito parece sair de dentro de si mesmo e percorrer o mundo para conhecê-lo. Assim como no passeio levamos 
nosso corpo a toda parte, no pensamento levamos nossa alma a toda parte e mais longe do que o corpo, pois a alma não 
encontra obstáculos físicos para seu caminhar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Em nosso cotidiano usamos as palavras pensar e pensamento em sentidos variados e múltiplos. Podemos chegar a uma 
pessoa amiga, vê-la silenciosa e dizer-lhe: “Por favor, diga-me seu pensamento, em que você está pensando?”. Com isso, 
reconhecemos uma atividade solitária, invisível para nós e que precisa ser proferida para ser compartilhada. 
E já mencionamos o célebre “Penso, logo existo” (Cogito, ergo sum), de Descartes, e a definição do homem como “caniço 
pensante”, feita por Pascal. Aqui, pensar e pensamento indicam a própria essência da natureza humana. 
Pensar, portanto, é suspender o julgamento (até formar uma idéia ou opinião), pesar (comparar idéias, opiniões, pontos de 
vista), avaliar (julgar o valor de uma idéia ou opinião, ou seja, se é verdadeira ou falsa, justa ou injusta, adequada ou 
inadequada), examinar (idéias, opiniões, juízos, pontos de vista), ponderar (isto é, pesar idéias e pontos de vista para 
escolher um deles), equilibrar (encontrar o meio-termo entre extremos ou entre opostos). Pensare, derivando-se de 
pendere, caracteriza-se mais como uma atividade sobre idéias, opiniões, juízos e pontos de vista já existentes do que como 
criação ou produção de uma idéia ou ponto de vista. 
Por esse motivo, quando lemos os textos filosóficos antigos e modernos, escritos em latim, notamos que não usam 
pendere e pensare para dizer pensar, mas empregam dois outros verbos: cogitare e intelligere. 
Cogitare significa: considerar atentamente e meditar. Esse verbo vem do outro, agere, que significa: empurrar para diante 
de si, e também do verbo agitare, que significa: empurrar para frente com força, agitar. Pensar, enquanto cogitare, é 
colocar diante de si alguma coisa para considerá-la com atenção ou forçar alguma coisa a ficar diante de nós para ser 
examinada. 
O verbo intelligere vem da composição de duas outras palavras: inter, isto é, entre, e legere, que significa: colher, reunir, 
recolher, escolher e ler (isto é, reunir as letras com os olhos). Por isso, intelligere significa: escolher entre, reunir entre 
vários, apanhar, aprender, compreender, ler entre, ler dentro de. Donde: conhecer e entender. 
Se reunirmos os vários sentidos dos três verbos – pensare, cogitare e intelligere -, veremos que pensar e pensamento 
sempre significam atividades que exigem atenção: pesar, avaliar, equilibrar, colocar diante de si para considerar, reunir e 
escolher, colher e recolher. O pensamento é, assim, uma atividade pela qual a consciência ou a inteligência coloca algodiante de si para atentamente considerar, avaliar, pesar, equilibrar, reunir, compreender, escolher, entender e ler por 
dentro. 
O pensamento exprime nossa existência como seres racionais e capazes de conhecimento abstrato e intelectual, e 
sobretudo manifesta sua própria capacidade para dar a si mesmo leis, normas, regras e princípios para alcançar a verdade 
de alguma coisa. 
A inteligência 
A psicologia costuma definir a inteligência por sua função, considerando-a uma atividade de adaptação ao ambiente, 
através do estabelecimento de relações entre meios e fins para a solução de um problema ou de uma dificuldade. Essa 
definição concebe, portanto, a inteligência como uma atividade eminentemente prática e a distingue de duas outras que 
também possuem finalidade adaptativa e relacionam meios e fins: o instinto e o hábito. 
Compartilhamos o instinto e o hábito com os animais. O instinto, por exemplo, nos leva automaticamente a contrair a pupila 
quando nossos olhos estão muito expostos à luz e a dilatá-la quando estamos na escuridão; leva-nos a afastar 
rapidamente a mão de uma superfície muito quente que possa queimar-nos. O instinto é inato. Ao contrário, o hábito é 
adquirido, mas, como o instinto, tende a realizar-se automaticamente. Por exemplo, quem adquire o hábito de dirigir um 
veículo, muda as marchas, pisa na embreagem, no acelerador ou no freio sem precisar pensar nessas operações; quem 
aprende a patinar ou a nadar, realiza maquinalmente os gestos necessários, depois de adquiri-los. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Instinto e hábito são formas de comportamento cuja principal característica é serem especializados ou específicos: a 
abelha sabe fazer a colméia, mas é incapaz de fazer o ninho; o joão-de-barro constrói uma “casa”, mas é incapaz de fazer 
uma colméia; posso aprender a nadar, mas esse hábito não me faz saber andar de bicicleta. 
O instinto e o hábito especializam as funções, os meios e os fins e não possuem flexibilidade para mudá-los ou para 
adaptar um novo meio para um novo fim, nem para usar meios novos para um fim já existente. A tendência do instinto ou 
do hábito é a repetição e o automatismo das respostas aos problemas. 
A inteligência difere do instinto e do hábito por sua flexibilidade, pela capacidade de encontrar novos meios para um novo 
fim, ou de adaptar meios existentes para uma finalidade nova, pela possibilidade de enfrentar de maneira diferente 
situações novas e inventar novas soluções para elas, pela capacidade de escolher entre vários meios possíveis e entre 
vários fins possíveis. Nesse nível prático, a inteligência é capaz de criar instrumentos, isto é, de dar uma função nova e um 
sentido novo a coisas já existentes, para que sirvam de meios a novos fins. 
Compartilhamos a inteligência prática com alguns animais, especialmente com os chimpanzés. O psicólogo Köhler fez 
experiências com alguns desses animais e demonstrou que eram capazes de comportamentos inteligentes: 
Inteligência e linguagem 
Não somos dotados apenas de inteligência prática ou instrumental, mas também de inteligência teórica e abstrata. 
Pensamos. 
O exercício da inteligência como pensamento é inseparável da linguagem, como já vimos, pois a linguagem é o que nos 
permite estabelecer relações, concebê-las e compreendê-las. Graças às significações escada e rede, a criança pode 
pensar nesses objetos e fabricá-los. 
A linguagem articula percepções e memórias, percepções e imaginações, oferecendo ao pensamento um fluxo temporal 
que conserva e interliga as idéias. 
A inteligência humana, enquanto atividade mental e de linguagem, pode ser definida como a capacidade para enfrentar ou 
colocar diante de si problemas práticos e teóricos, para os quais encontra, elabora ou concebe soluções, seja pela criação 
de instrumentos práticos (as técnicas), seja pela criação de significações (idéias e conceitos). Caracteriza-se pela 
flexibilidade, plasticidade e inovação, bem como pela possibilidade de transformar a própria realidade (trabalho, artes, 
técnicas, ações políticas, etc.). A inteligência se realiza, portanto, como conhecimento e ação. 
O conhecimento inteligente apreende o sentido das palavras, interpreta-o, inventa novos sentidos para palavras antigas ou 
cria novas palavras para novos sentidos. O movimento de conhecer é, pois, um movimento cujo corpo é a linguagem. 
Graças a ela, compartilhamos com outros os nossos conhecimentos e recebemos de outros os conhecimentos. 
Comunicação, informação, memória cultural, transmissão, inovação e ruptura: eis o que a linguagem permite à inteligência. 
Clarificação, organização, ordenamento, análise, interpretação, compreensão, síntese, articulação: eis o que a inteligência 
oferece à linguagem. 
Inteligência e pensamento 
A inteligência colhe, recolhe e reúne os dados oferecidos pela percepção, pela imaginação, pela memória e pela 
linguagem, formando redes de significações com as quais organizamos e ordenamos nosso mundo e nossa vida, 
recebendo e doando sentido a eles. O pensamento, porém, vai além do trabalho da inteligência: abstrai (ou seja, separa) 
os dados das condições imediatas de nossa experiência e os elabora sob a forma de conceitos, idéias e juízos, 
estabelecendo articulações internas e necessárias entre eles pelo raciocínio (indução e dedução), pela análise e pela 
síntese. Formula teorias, procura prová-las e verificá-las, pois está voltado para a verdade do conhecimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Um conceito ou uma idéia é uma rede de significações que nos oferece: o sentido interno e essencial daquilo a que se 
refere; os nexos causais ou as relações necessárias entre seus elementos, de sorte que por eles conhecemos a origem, os 
princípios, as conseqüências, as causas e os efeitos daquilo a que se refere. O conceito ou idéia nos oferece a essência-
significação necessária de alguma coisa, sua origem ou causa, suas conseqüências ou seus efeitos, seu modo de ser e de 
agir. 
Os conceitos ou idéias são redes de significações cujos nexos um ligações são expressos pelo pensamento através dos 
juízosi, pelos quais estabelecemos os elos internos e necessários entre um ser e as qualidades, as propriedades, os 
atributos que lhe pertencem, assim como aqueles predicados que lhe são acidentais e que podem ser retirados sem que 
isso afete o sentido e a realidade de um ser. 
Um conjunto de juízos constitui uma teoria, quando: 
● estabelece com clareza um campo de objetos e os procedimentos para conhecê-los e enunciá-los; 
● organizam-se e ordenam-se os conceitos; 
● articulam-se e demonstram-se os juízos, verificando seu acordo com regras e princípios de racionalidade e 
demonstração. 
Teoria é explicação, descrição e interpretação geral das causas, formas, modalidades e relações de um campo de objetos, 
conhecidos graças a conhecimentos específicos, próprios à natureza dos objetos investigados. 
A necessidade do método 
A palavra método vem do grego, methodos, composta de meta: através de, por meio de, e de hodos: via, caminho. Usar 
um método é seguir regular e ordenadamente um caminho através do qual uma certa finalidade ou um certo objetivo é 
alcançado. No caso do conhecimento, é o caminho ordenado que o pensamento segue por meio de um conjunto de regras 
e procedimentos racionais, com três finalidades: 
1. conduzir à descoberta de uma verdade até então desconhecida; 
2. permitir a demonstração e a prova de uma verdade já conhecida; 
3. permitir a verificação de conhecimentos paraaveriguar se são ou não verdadeiros. 
O método é, portanto, um instrumento racional para adquirir, demonstrar ou verificar conhecimentos. 
Por que se sente a necessidade de um método? Porque, como vimos, o erro, a ilusão, o falso, a mentira rondam o 
conhecimento, interferem na experiência e no pensamento. Para dar segurança ao conhecimento, o pensamento cria 
regras e procedimentos que permitam ao sujeito cognoscente aferir e controlar todos os passos que realiza no 
conhecimento de algum objeto ou conjunto de objetos. 
No caso das ciências exatas (as matemáticas), o método é chamado axiomático, isto é, baseia o conhecimento num 
conjunto de termos primitivos e de axiomas, que são o ponto de partida da construção e demonstração dos objetos. 
No caso das ciências naturais (física, química, biologia, etc.), o método é chamado experimental e hipotético. Experimental, 
porque se baseia em observações e em experimentos, tanto para formular quanto para verificar as teorias. Hipotético, 
porque os cientistas partem de hipóteses sobre os objetos que guiam os experimentos e a avaliação dos resultados. 
No caso das ciências humanas (psicologia, sociologia, antropologia, história, etc.), o método é chamado compreensivo-
interpretativo, porque seu objeto são as significações ou os sentidos dos comportamentos, das práticas e das instituições 
realizadas ou produzidas pelos seres humanos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Quanto à Filosofia, embora os filósofos tenham oscilado entre vários métodos possíveis, atualmente quatro traços são 
comuns aos diferentes métodos filosóficos: 
1. o método é reflexivo – parte da auto-análise ou do autoconhecimento do pensamento; 
2. é crítico – investiga os fundamentos e as condições necessárias da possibilidade do conhecimento verdadeiro, da ação 
ética, da criação artística e da atividade política; 
3. é descritivo – descreve as estruturas internas ou essências de cada campo de objetos do conhecimento e das formas de 
ação humana; 
4. é interpretativo – busca as formas da linguagem e as significações ou os sentidos dos objetos, dos fatos, das práticas e 
das instituições, suas origens e transformações. 
 
(i) Como já vimos, o juízo relaciona positiva ou negativamente um sujeito S e um predicado ou conjunto de 
predicados P; S é P; S não é P. Também relaciona S e P necessariamente: “Sócrates é mortal”; 
acidentalmente: “Sócrates é pequeno”; possivelmente: “Sócrates poderá vir à praça”, “Se não chover, Sócrates 
virá à praça”, etc.

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