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Manuel Vaz Guedes Máquinas Eléctricas I A P O N T A M E N T O S Fac u ldade de Enge nharia Un ive rs idade do Po rto 2003 LICENCIATURA EM ENGENHARIA ELECTROTÉCNICA E DE COMPUTADORES FICHA DE DISCIPLINA DISCIPLINA MÁQUINAS ELÉCTRICAS I ANO LECTIVO 2003/2004 ANO 3º SEMESTRE 1º HORAS/SEMANA: 3 T + 2 P RAMO E Nº DE TURMAS: 1 T + 3 P DEPARTAMENTO QUE A LECCIONA DEEC CÓD IGO : EEC3122 www.fe.up .pt/me1 DOCENTES AULAS TEÓRICAS Manuel Vaz Guedes CATEGORIA Professor Associado com Agregação AULAS PRÁTICAS Manuel Vaz Guedes CATEGORIA Professor Associado com Agregação OBJECTIVOS DA DISCIPLINA Na disciplina de Máquinas Eléctricas I (E) estudam-se os aspectos gerais das máquinas eléctricas e faz-se o estudo do transformador. Nas aulas práticas executam-se trabalhos de laboratório (montagem + experimentação + registo e relatório). CONTEÚDO DA DISCIPLINA Do programa da disciplina de Máquinas Eléctricas I (E) faz parte o estudo global das máquinas eléctricas rotativas como Sistemas Electromecânicos de Conversão de Energia e também faz parte o estudo do transformador — aspectos construtivos e de aplicação, análise do funcionamento, transformador trifásico, transformadores especiais e fenómenos transitórios. Nas aulas práticas são feitos trabalhos de laboratório experimentais sobre os aspectos gerais dos diversos tipos de máquinas eléctricas e trabalhos de laboratório experimentais de apoio ao estudo do transformador. METODOLOGIA DA DISCIPLINA Aulas Teóricas — exposição dos assuntos do programa da disciplina pelo docente com análise de problemas ou com discussão de casos de índole prática Aulas Práticas — exposição da matéria pelo docente com discussão de casos de índole prática Aulas Práticas de Laboratório — execução de um trabalho de laboratório, registo do trabalho e elaboração do respectivo relatório por um grupo de três alunos Visita de Estudo — … (ob.) TEMPO DE ESTUDO Para além do tempo aplicado no estudo individual das matérias do programa da disciplina é necessário cerca de uma hora por semana para realização do relatório do trabalho de laboratório dentro do método de trabalho de grupo livremente adoptado pelos seus elementos BIBLIOGRAFIA Manuel Vaz Guedes; Sistemas Electromecânicos de Conversão de Energia, FEUP 2001 Manuel Vaz Guedes, Grandezas Periódicas Não Sinusoidais, FEUP 2001 Manuel Vaz Guedes; Máquinas Eléctricas I — apontamentos, FEUP 2003 Carlos Castro Carvalho; Transformadores, AEFEUP 1983 Manuel Vaz Guedes; Máquinas Eléctricas I — trabalhos de laboratório, FEUP 2003 Nestes textos pedagógicos é feita referência a uma extensa bibliografia disponível AVALIAÇÃO – Distribuída com Exame Final Frequência — realização integral dos trabalhos de laboratório nas aulas • 30% por realização dos trabalhos de laboratório e dos respectivos relatórios • 70% por prova escrita — com Teórica (s/. c.) – 70% e Teórica-prática (c/. c.) – 30% exame com primeira chamada e época de recurso Exame — realização integral dos trabalhos de laboratório nas aulas (30%) e prova escrita (70%) © Manuel Vaz Guedes, 1995 Máquinas Eléctricas 2 Resenha Histórica Im por t ân cia do T r an sf or m ador Transformador Trifásico (1891) A primeira transmissão de energia a grande distância sob a forma de corrente trifásica em alta tensão (14,8 kV) realizou-se em 1891 entre Lauffen e Frankfort (175 km), durante a Exposição Electrotécnica Internacional desta cidade. Já tinham sido feitas experiências na transmissão de energia em corrente alternada monofásica (1884, 1886). Nessa transmissão era utilizado um alternador que alimentava directamente a linha de transporte com uma tensão elevada, e somente junto da carga a tensão era baixada para o valor necessário à alimentação das lâmpadas de incandescência. Tal sistema estava limitado pelo valor da tensão do alternador, que, devido a problemas de isolamento, chegava aos 3 kV ou 4,4 kV, mas que não podia ultrapassar os 10 kV. No entanto, em todas estas experiências, impressionava o valor do rendimento da transmissão de energia: 70% a 80%. Porque em 1891 estavam criadas as condições — conhecimento do funcionamento em paralelo de transformadores (1885), existência de um motor de corrente alternada (1887; 1889), vantagem prática do sistema trifásico — desenvolveu-se um sistema de transmissão de energia em corrente trifásica com transformador estático em cada uma das extremidades da linha. O transformador trifásico (150 kVA) era constituído por um núcleo magnético triplo (ou em templo) formada por três colunas verticais, de 900 mm de altura e 270 cm2 de secção recta, localizadas nos vértices de um triângulo equilátero, com as extremidades reunidas por culassas formadas pelo enrolamento de uma banda de chapa de ferro com 76 mm de largura. A chapa de ferro tinha 0,5 mm de espessura e era isolada com papel de 0,08 mm de espessura. Os enrolamentos, mergulhados em óleo para um melhor isolamento, estavam ligados em estrela nos dois lados do transformador, e tinham os pontos neutros ligados à terra. Os isoladores de travessia de alta tensão eram em tubo de vidro, e posteriormente, em tubo de porcelana. A razão de transformação era de 95/14750 V, e a frequência 40 Hz. Estes transformadores apresentavam as seguintes vantagens construtivas: desmontagem fácil; enrolamentos com fabrico fácil; grande segurança na exploração; baixo custo; boa protecção mecânica contra contactos acidentais. Depois do retumbante êxito desta aplicação do transformador trifásico começou-se a vislumbrar a possibilidade de industrialização das cidades afastadas da tradicional fonte de energia mecânica: os rios. • 14 Introdução © Manuel Vaz Guedes, 2003 Transformadores B — Materiais Amorfos A aplicação dos conceitos da utilização racional de energia traduzem-se na distribuição de energia eléctrica por uma aplicação de transformadores com baixas perdas. Desta forma, entre outras vantagens, diminuem-se os custos de exploração das redes de distribuição de energia eléctrica. Tem sido grande, por isso, a experimentação e a inovação realizada no projecto e no fabrico de transformadores de distribuição. As perdas de energia dos transformadores de distribuição, como em qualquer outra máquina eléctrica, dividem-se em perdas constantes com a carga e perdas variáveis. Se as perdas variáveis são de difícil quantificação porque dependem do diagrama de cargas da rede, que não é, normalmente, conhecido, já as perdas constante, essencialmente ligadas à magnetização do material ferromagnético, podem ser contabilizadas para toda a vida útil da máquina. Atendendo a que uma rede de distribuição possui, sempre, um número elevado de transformadores, uma pequena diminuição das perdas de energia constantes naquelas máquinas eléctricas, traduz-se por substanciais economias na exploração de toda a rede eléctrica. Por isso, é uma agradável notícia o anúncio da utilização de materiais ferromagnéticos em ligas amorfas na construção dos núcleos dos transformadores de distribuição, e a consequente diminuição das perdas magnéticas de 50 % a 70 %, relativamente aos núcleos em chapa de aço silicioso. Isto, sem alterar a fiabilidade ou as características de funcionamento do transformador. Resultantes de uma investigação, cujos primórdios se estenderam dos anos cinquenta até aos anos setenta, as ligas de metais amorfos com propriedades ferromagnéticas são essencialmente formadas por ferro, boro e silício, mas, apesar de já estarem comercializadas, a sua estrutura atómica e o seu comportamento ferromagnético necessitam, ainda, de um maior conhecimento e de uma maior compreensão. Estas ligas metálicas, sem estrutura cristalina, apresentam boas propriedades magnéticas, quando comparadas com o aço silicioso de estrutura cristalina: têm menores perdaspor histerese; têm menores perdas por correntes de Foucault devido à resistividade elevada e à pequena espessura das bandas produzidas; necessitam de uma corrente eléctrica de magnetização menor para se obter uma mesma indução magnética. Mas, as ligas de materiais amorfos têm uma dureza cinco vezes superior à do aço silicioso, o que dificulta a sua maquinagem, têm um valor para a indução de saturação que é inferior ao dos aços siliciosos e são muito susceptíveis à acção dos ambientes corrosivos sobre a sua superfície. Outra característica destes materiais é que são obtidos, exclusivamente, sob a forma de bandas, ou faixas, que, actualmente, já têm uma largura de vinte centímetros, mas que têm pequena espessura (0,03 mm). Por isso, o tipo de núcleo utilizado nos transformadores de distribuição com ligas de metal amorfas é de construção diferente do habitual; toroidal, cruciforme, enrolada, etc… Apesar de já terem entrado em produção industrial, as ligas de metal amorfas para o núcleo de transformadores ainda têm um preço elevado. Assim, um transformador com estes novo material tem um custo 25% a 50% superior ao custo de um transformador tradicional. A utilização destes transformadores, só pode, por isso, ser feita num reduzido número de casos em que a poupança de energia obtida justifica um elevado investimento inicial. Apesar dessas desvantagens, este novo tipo de transformadores de distribuição já é utilizado em número significativo, e sem problemas especiais, em algumas redes eléctricas na gama média de potência. A diferentes dificuldades, inerentes a uma tecnologia emergente, que são apresentadas pela actual utilização dos transformadores de distribuição com núcleo de materiais amorfos, prenunciam uma maior investigação da qual há a esperar: melhoria das propriedades magnéticas, que resultará de uma melhor compreensão dos problemas de física de estado sólido inerentes às novas ligas; melhoria dos aspectos produtivos, possibilitando uma menor espessura das bandas obtidas e um melhor coeficiente de empacotamento do núcleo; melhoria das condições de construção por superação das dificuldades de maquinagem devidas ao valor elevado da dureza. Perante as perspectivas que a utilização dos materiais amorfos na construção do núcleo dos transformadores de distribuição criam, é de esperar que as dificuldades agora detectadas sejam rapidamente ultrapassadas, surgindo, então, uma máquina eléctrica capaz de melhor contribuir para uma distribuição racional da energia eléctrica. Publicado na revista ELECTRICIDADE, nº 289, p. 169, Março 1992 © Manuel Vaz Guedes, 1995 Máquinas Eléctricas 8 Resenha Histórica In duç ão Mag n é t ica Reprodução de uma página do diário de Faraday descrevendo experiências do dia 29 de Agosto de 1831 A experiência fundamental sobre a produção de Electricidade a partir do Magnetismo, encontra-se descrita no diário de Michael Faraday. Considera-se, também, que aqui foi descrito o transformador eléctrico pela primeira vez. “Aug. 29th, 1831. Expts. on the production of Electricty from Magnetism, etc, etc. Have had an iron ring made (soft iron), iron round and 7/8 inches thick and ring 6 inches in external diameter. Wound many coils of copper wire round one half, the coils being separated by twine and calico—there were 3 lenghths of wire each about 24 feet long and they could be connected as one lenght or used as separate lenghts. By trial with a trough (battery cell) each was insulated from the other. Will call this side of the ring A. On the other side but separated by an interval was wound wire in two pieces together amounting to about 60 feet in lenght, the direction being as with the former coils; this side call B. Charged battery of 10 pr plates 4 inches square. Made the coil on B side one coil and connected its extremeties by a copper wire passing to a distance and just over a magnetic needle (3 feet from iron ring). Then connected the ends of one of the pieces on A side with battery; immediatialy a sensible effect on needle. It oscillated and settled at last in original position. On breaking connection of A side Battery again a disturbance of the needle. Made all the wires on A side one coil and sent current from battery through the whole. Effect on needle much stronger than before. The effect on the needle then but a very small part of that which the wire communicating directly with the battery could produce”. A interrupção do circuito A provocou a indução de uma força electromotriz no circuito B; como o circuito estava fechado circulou uma corrente eléctrica que foi detectada pelo movimento da agulha magnética. • 16 Comportamento dos Transformadores Trifásicos © Manuel Vaz Guedes, 1996 Transformadores 0 — Capacidade Capacidade Serv. Ligação Observações Transformadores 100 kVA Dist. Dyn Isolamento seco; 17,5/0,4 kV 160 kVA Dist. Dn Imerso em óleo; 24/0,4 kV 600 kVA Dist. Dyn normalmente aplicado 800 kVA Dist. Dyn Posto de Transformação FEUP 2,5 MVA Dist. Dyn Imerso em óleo; 36/o,4 kV 3,15 MVA Dist. Dyn Isolamento seco; 36/0,4 kV 6 MVA Aux. — Aumento da capacidade de um transformador (120 MVA) 7,5 MVA Tr./Int — Subestação do Pocinho; 60/30 kV (retirado 1984) (a) 16 MVA Prod. YNd Central do Carregado; 220/5,5 kV; transformador de arranque 20 MVA Tr./Int YNd Subestação do Pocinho; 60/30 kV (instalado 1984) (a) 24,6 MVA Prod. — Central de Alto de Mira; 11,5/60 kV; (instalado 1975) 25 MVA Tr./Int — Subestação de Sacavém; 150/60 kV (retirado em 1995) 36 MVA Prod. dYN Central da Aguieira; 12/230 kV; transf. monofásicos em banco 45 MVA Prod. dYN Central do Barreiro; 10,5/60 kV (instalado em 1975) 45 MVA Tr./Int YNyn+d Subestação de Sacavém; 150/30 kV (retirado em 1988) (b) 50 MVA Tr./Int YNyn+d Subestação de Ermesinde; 150/60 kV (retirado em 1992) 60 MVA Tr./Int YNyn+d Subestação de Sacavém; 150/30 kV (instalado em 1988) (b) 63 MVA Tr./Int YNyn+d Subestação de Pombal; 220/60 kV (instalado em 1994) 67 MVA Prod. dYN Central de Carrapatelo; 10/240 kV (instalado em 1972) 90 MVA Prod. dYN Central de Torrão; 10/230 kV (+2,5%, –5%) (inst. 1988) 126 MVA Tr./Int YNynd Subestação de Custóias; 220/60/0,4 kV (instalado em 1994) 150 MVA Prod. dYN Central do Carregado; 15,5/220 kV (instalado em 1964) 170 MVA Tr./Int YNynd Subestação de Riba d’Ave; 400/60/20 kV (instalado em 1989) 315 MVA Prod. dYN Central de Setúbal; 18/420 kV (instalado em 1979) 340 MVA Prod. dYN Central de Sines; 18/420 kV (instalado em 1986) Autotransformadores 150 MVA Tr./Int YNa Subestação de Ruivães; 150/130 kV (instalado em 1982) 360 MVA Tr./Int YNa d Subestação de Riba d’Ave; 400/150/20 kV (inst. em 1987) 450 MVA Tr./Int Ya d Subestação de Recarei; 400/220/20 kV (instalado em 1990) Dist – distribuição; Prod. – produção; Tr./Int – transporte/interligação – MVG.96 – 70 O Alternador Síncrono Trifásico — modelização 1 9 9 6 © Manuel Vaz Guedes A pêndice A Fluxo T otal i z ado Nas máquinas eléctricas existem circuitos de material condutor, percorridos por uma intensidade de corrente eléctrica (de valor instantâneo i) e formando bobinas com várias espiras (N). A passagem da corrente eléctrica na bobina com N espiras produz uma força magnetomotriz F = N·i, que, devido ao comprimento do circuito magnético l, é responsável pelo aparecimento de um campo magnético de intensidade H; F = N·i = H·l. Considerando que o circuito magnético tem uma permeabilidade magnética constante µ = const., resulta que o circuito magnético vai ser sede de uma indução magnética B, tal que B = µ·H. Num ponto qualquer do circuito magnético existirá um fluxo de indução magnética φp = B·S, em que S é a área da secção recta do circuito magnético nesse ponto. Mas numa bobina de N espiras é natural que o fluxo de indução magnéticanão seja o mesmo para cada espira (devido à variação da secção recta no ponto do circuito magnético onde está a espira); surge, por isso, a consideração de um fluxo médio por espira φ. Existe, no entanto, uma quantidade que representa todo o fluxo que envolve (liga ou encadeia) todas as espiras: é o fluxo totalizado, ψ = N·φ. A variação do fluxo totalizado é responsável pelo aparecimento de uma força electromotriz, segundo a equação, e = – dψ dt onde estão representadas duas leis do Electromagnetismo: – Lei de Faraday — que estabelece que quando há uma variação do fluxo totalizado que envolve um circuito eléctrico, gera-se uma força electromotriz proporcional a essa variação (esta Lei foi formulada por Neumann em 1845, mas continua a designar-se Lei de Faraday); – Lei de Lenz — que estabelece que o sentido da força electromotriz gerada é tal que o efeito de qualquer corrente eléctrica por ela produzida no circuito eléctrico tende a opor-se à variação do fluxo indutor. Quando se considera um circuito eléctrico percorrido por um corrente eléctrica com uma intensidade que varia no tempo, verifica-se que essa variação é contrariada por uma força electromotriz gerada no próprio circuito. Denomina-se este fenómeno auto-indução; eL = – (dψL/dt). O fluxo magnético responsável por essa força electromotriz é criado pela própria corrente eléctrica variável no tempo. Considerando o meio magnético com propriedades lineares é possível definir um coeficiente entre o fluxo totalizado ψL que envolve a bobina e a intensidade da corrente eléctrica que o cria i: é o coeficiente de auto-indução L = ψL/i. Assim, eL = –L·(di/dt). Quando se consideram dois circuito eléctricos próximos, tal que o fluxo totalizado criado pela corrente eléctrica que percorre um circuito envolve o outro circuito, verifica-se que a uma variação da intensidade de corrente eléctrica num dos circuitos corresponde o aparecimento de uma força electromotriz induzida no outro circuito. Denomina-se este fenómeno indução-mútua: e21 = O Alternador Síncrono Trifásico — modelização 71 © Manuel Vaz Guedes 1 9 9 6 = – dψ21/dt. O fluxo magnético totalizado ψ21 responsável pela força electromotriz induzida no segundo circuito e21 é criado pela corrente eléctrica que percorre o primeiro circuito i1. Considerando que o meio magnético, onde se distribui o fluxo de indução magnética tem propriedades lineares, é possível definir um coeficiente entre o fluxo totalizado que envolve a segunda bobina ψ21 e a intensidade da corrente eléctrica que o cria i1: é coeficiente de indução mútua M21 = ψ21/i1. Assim, e21 = –M21·(di1/dt). Alterando a ordem de consideração dos dois circuitos surge um outro coeficiente de indução mútua M12 = ψ12/i2. Permanecendo constante a permeabilidade do circuito magnético, verifica-se que M12 = M21. Pode-se assim definir uma propriedade dos circuitos eléctricos: a indutância. indutância — é uma propriedade dum circuito eléctrico, ou de dois circuitos vizinhos, que determina o valor da força electromotriz induzida num dos circuitos pela variação da corrente eléctrica em qualquer um deles. No modelo de máquina eléctrica em que os diferentes circuitos eléctricos estão envolvidos (ligados) pelo campo magnético existe um indutância própria (coeficiente de auto-indução) e uma indutância mútua (coeficiente de indução mútua). Quando são não lineares as propriedades do meio em que se distribui o campo magnético que envolve os diferentes circuitos, deixa de ser constante o valor do coeficiente que liga o fluxo totalizado à intensidade de corrente eléctrica que o cria, L(i). Nessas circunstâncias, e = – d(L·i) dt = – (L· di dt + i· ( ∂L ∂ i . di dt )) Quando existe um fenómeno transitório num circuito eléctrico é importante considerar a variação do fluxo totalizado. Essa variação obedece ao teorema da invariância do fluxo totalizado: o fluxo totalizado de um circuito eléctrico fechado com resistência nula, e com uma tensão aplicada nula, permanece constante, independentemente da forma em que variam a indutância própria ou mútua, ou a forma como varia a intensidade da corrente eléctrica. ou, enunciado da forma como R. E. Doherty o apresentou: se a resistência de um circuito eléctrico fechado é nula, então a soma algébrica dos fluxos totalizados que envolvem o circuito deve permanecer constante. ∑ e = 0 ⇒ – ( dψc dt ) = 0 ⇒ – d dt (L·i + ∑ M·i) = 0 ⇒ (L·i + ∑ M·i) = constante — .a — © Manuel Vaz Guedes, 1995 Máquinas Eléctricas 9 Resenha Histórica N úcleo do T r an sf or m ador Aspectos Construtivos do Núcleo do Transformador Eléctrico Um transformador é formado por um núcleo de material ferromagnético em torno do qual estão enroladas duas bobinas, para que o fluxo magnético, criado no núcleo pela corrente eléctrica que circula numa bobina, envolva a outra bobina. A primeira bobina de indução (1), construída por M. Faraday em 1831, obedece ao aspecto construtivo de qualquer transformador. Em torno de um anel de ferro macio não dividido (maciço) com 15 cm de diâmetro exterior, e em cada lado do anel, foram enroladas uma bobina A e uma bobina B. Mas, nos primórdios da Electrotecnia, outras formas construtivas foram surgindo. Numa outra forma (2), desenvolvida por Varley (1856) para transformadores aplicados em Telegrafia, o núcleo magnético em arames de ferro tem um grande comprimento, sendo as pontas desses arames reviradas de forma a constituir, praticamente, um circuito magnético fechado. O transformador Ferranti (1891) seria construído segundo esta forma, somente os arames foram substituídos por bandas de chapa magnética. Existiu uma forma (3) devida a Zipernowsky em que o núcleo magnético é formado por uma bobina de arame de ferro, em torno do qual se enrolam as diversas secções das duas bobinas, dispostas alternadamente e que eram ligadas duas a duas. Também devida a Zipernowsky (1885) existiu uma outra forma (4) com as bobinas sobrepostas e com o núcleo constituído por arame de ferro bobinado em torno das bobinas de modo a que todo o cobre ficará envolvido pelo núcleo de ferro. Para esta forma Kapp propôs o nome de transformador couraçado. No Verão de 1885, W. Stanley trabalhando para a empresa Westinghouse projectou vários transformadores 500/100 V. Em Dezembro desse ano começou a utilizar núcleos fechados, em forma de H, com os enrolamentos envolvendo a coluna central e o circuito fechado por mais duas placas I. Posteriormente, Stanley utilizou a chapa coma forma de E, fechada por mais uma placa I. • Caderno de Estudos de MÁQUINAS ELÉCTRICAS nº 4 Caderno de Estudos de MÁQUINAS ELÉCTRICAS, nº 4, pp. 3–13, Dezembro de 1992 A Corrente Eléctrica de Magnet ização e A Formação do Circuito Equivalente M a nue l Va z Gue de s (Prof. Associado Agregado) Núc le o de Es tudos de M á quina s E lé c tr ic a s Fac uldade de Engenhar ia da Univ ers idade do Por t o Nos transformadores, o fluxo magnético, necessário ao funcionamento desta máquina eléctrica, é mantido pela circulação permanente de uma corrente eléctrica — a corrente eléctrica de magnetização — no enrolamento primário. Por isso, este fenómeno tem de aparecer representado em qualquer modelo do transformador. Devido ao carácter não linear das propriedades magnéticas do circuito magnético do transformador, a forma de onda da corrente eléctrica de magnetização é não sinusoidal. Por isso, é não linear o circuito eléctrico equivalente, capaz de modelizar os correspondentes fenómenos físicos, como o modelo que, actualmente, é utilizado nos estudos do funcionamento em regime transitório de um transformador aplicado em circuitos de medida, ou de protecção. Os conceitos envolvidos nesse tipo de modelização analógica, servem, também,para o desenvolvimento de um modelo matemático programável para integrar na simulação computacional dos regimes transitórios nos sistemas eléctricos. Apesar dos problemas com a excitação do transformador, com a corrente de magnetização e com as perdas no ferro já terem sido apresentados em diversos textos, [1] [2] [3], de uma forma que se tornou clássica, actualmente, torna-se necessário a sua apresentação de uma forma que realce os problemas de não linearidade, inerentes às necessidades de estudo do funcionamento de um transformador real nos sistemas eléctricos contemporâneos. 1 A Corrente Eléctrica de Magnetização No transformador, a ligação magnética entre os enrolamentos é feita por um fluxo magnético comum ψ(t), variável no tempo, que percorre um núcleo de material ferromagnético, e que é criado pela passagem de uma corrente eléctrica num dos enrolamentos que envolve o núcleo. A Corrente Eléctrica de Magnetização e A Formação do Circuito Equivalente 2 Quando o enrolamento indutor é formado por uma bobina de fio condutor com N espiras, que envolve um núcleo maciço de material ferromagnético, e que é percorrida por uma corrente eléctrica de valor instantâneo i(t), cria-se uma força magnetomotriz, F = N·i, que devido ao comprimento l do circuito magnético ser constante vai ser responsável pelo aparecimento de um campo magnético de valor H = N·i/l. Como o material do núcleo é ferromagnético, a relação entre o valor do campo magnético H e o valor da indução magnética B é não linear. Como o circuito magnético tem uma secção constante S, a indução magnética vai ser responsável pelo aparecimento de um fluxo de indução magnética totalizado ψ = B·S, que encadeia as N espiras do enrolamento indutor. Não sendo iguais os fluxos de indução magnética através da cada uma das espiras da bobina, considera-se φ = ψ/N como o fluxo de indução magnética médio por espira. Habitualmente, considera-se que na situação de vazio o fluxo magnético de fugas ψf é nulo; nessa situação o fluxo que, realmente, atravessa cada espira coincide com o fluxo médio por espira. i F H B ψ As relações entre as diversas grandezas que entram na caracterização do fenómeno da magnetização de um circuito ferromagnético, como o que forma o núcleo de um transformador, provam que há uma relação não linear ψ(i) entre o valor do fluxo magnético totalizado ψ e o valor da corrente eléctrica que o cria i. Essa relação depende das propriedades do material ferromagnético que constitui o núcleo, e é representada, com outras escalas, pela curva característica que relaciona a indução magnética com o campo magnético B(H). O núcleo do transformador é construído com materiais ferromagnéticos, isto é, com materiais que adquirem uma magnetização elevada quando são submetidos a um campo magnético externo. Quando, esses materiais são submetidos a uma primeira magnetização, para valores crescentes do campo magnético H, a indução magnética B assume valores que se podem relacionar através de uma curva de magnetização inicial, ou, simplesmente, curva de magnetização. Uma curva de magnetização, para um material ferromagnético, pode ser dividida naturalmente em três regiões. Numa primeira região (I) a curva parte da origem com uma inclinação dada pelo valor da permeabilidade magnético do vazio µo. Nesta região a curva de magnetização é, usualmente, reversível. Na segunda região (II) a curva de magnetização tem uma grande inclinação e é, praticamente, rectilínea, mas irreversível. A terceira região (III) da curva de magnetização é separada da segunda por um “joelho”, e tem um andamento rectilíneo. Nesta terceira região, o valor da indução magnética é quase independente do valor da intensidade do campo magnético e, portanto, a inclinação da curva é pequena, voltando a curva a i u N Circuito Magnético Maciço ψ H B I II III1,7 (T) (A/m) 0,8 0,4 200 400 600 Curva de Magnetização A Corrente Eléctrica de Magnetização e A Formação do Circuito Equivalente 3 ser reversível numa grande extensão. Este comportamento da curva de magnetização de um material ferromagnético resulta do comportamento destes materiais durante a magnetização, principalmente do alinhamento dos pequenos volumes de matéria onde os spins dos electrões estão espontaneamente alinhados — os domínios (P. Weiss, 1906). Depois de efectuada a primeira magnetização, a relação entre o campo magnético e a indução por ele criada deixa de ser unívoca, porque para cada valor do campo magnético existem dois valores da indução magnética, conforme aquele valor está a aumentar ou a diminuir segundo uma variação simétrica relativamente ao campo magnético nulo. Nas magnetizações subsequentes, o andamento da característica de magnetização dependerá das anteriores situações de magnetização; porque o material irá conservar um “registo” do seu anterior estado de magnetização — o valor da indução remanente. Assim, para uma magnetização alternada simétrica a relação entre os valores da indução magnética e o valor do campo magnético que os cria B(H) é um ciclo fechado — o ciclo histerético. Associado ao ciclo histerético de um material ferromagnético há uma informação sobre a densidade de energia posta em jogo durante o processo de magnetização. Quando é feita uma magnetização por aplicação de um campo magnético alternado simétrico, durante a fase de crescimento do campo, de 0 a H1, é consumida uma quantidade de energia por unidade de volume de material que é dada por wmc = W/v = ⌡⌠0 B1 H dB , que é proporcional à área limitada pelo ramo inferior do ciclo histerético, pelo semi-eixo positivo da indução magnética e por um segmento de recta paralelo ao eixo das abcissas e que passa por B1. Quando, na sequência da magnetização, o valor do campo é diminuído de H1 até 0, é devolvida uma quantidade de energia por unidade de volume de material que é dada por wmd = W/v = ⌡⌠B1 0 H dB , que é proporcional à área limitada por um segmento de recta paralelo ao eixo das abcissas e que passa por B1, pelo semi-eixo positivo da indução magnética e pelo ramo superior do ciclo histerético. De uma forma análoga, e devidamente adaptada, é possível verificar que ocorre algo semelhante durante a alternância negativa da magnetização, 0 → – H1. Durante um ciclo de magnetização, é gasta no trabalho de orientação dos domínios magnéticos uma quantidade de energia por unidade de volume proporcional à área contida no interior do ciclo histerético. No volume do material que constitui o núcleo magnético, esta energia é dissipada, sob a forma de calor: constitui a energia de perdas por histerese. Quando o campo magnético indutor da magnetização é variável no tempo, periódico com uma frequência f, existem f ciclos de magnetização em cada segundo e, consequentemente, haverá uma dissipação de energia devida à histerese magnética, com uma densidade volúmica f·wm; isto é, as perdas por histerese são proporcionais à frequência de H B Hc Br Br — Indução Remanente Hc — Força Coerciva Ciclo Histerético H B 0 H1 B1 H B 0 H1 B1 A Corrente Eléctrica de Magnetização e A Formação do Circuito Equivalente 4 magnetização. Mas, devido à variação, no tempo, do campo magnético existem, também, perdas de energia motivadas pelas correntes de Foucault. A variação no tempo do fluxo magnético dá origem ao aparecimento de um campo eléctrico no meio magnético do núcleo (Lei de Faraday). Nesse meio, formam-se circuitos fechados, nos quais se induz uma força electromotriz, que é proporcional à frequência do fluxo magnético indutor. A presença dessa força electromotriz induzida, num circuito fechado, provoca a circulação de uma corrente eléctrica. Ao conjunto dessas correntes eléctricas que aparecemno material ferromagnético, percorrido por um fluxo magnético variável no tempo, chama-se correntes de Foucault. Como os circuitos fechados têm uma dada resistência eléctrica, a circulação da corrente eléctrica nesses circuitos traduz- -se por uma libertação de calor, por efeito Joule. A energia dissipada em calor constitui a energia de perdas por correntes de Foucault. Uma forma de diminuir essas perdas de energia consiste na diminuição do valor da corrente eléctrica através da diminuição do comprimento dos circuitos fechados onde se induz a força electromotriz; o que se consegue com a divisão da área transversa em diversas pequenas áreas, por utilização de um material laminado. O valor da corrente eléctrica também é diminuído, através do aumento do valor da resistência do circuito fechado, por um aumento da resistividade do material ρ, o que se consegue com a adição de substâncias (silício) ao ferro em fusão. Como consequência do efeito magnético das correntes de Foucault, surge o efeito pelicular, que provoca a alteração da distribuição da indução magnética, perto do centro da lâmina de material ferromagnético, por acção do campo magnético de reacção criado por aquelas correntes parasitas. Este efeito é pronunciado quando o campo magnético indutor tem uma frequência elevada (> 950 Hz; 19º harmónico). À soma das perdas de energia, num transformador, motivadas pelo acção de um campo magnético variável no tempo, devidas à histerese magnética do material ferromagnético e às correntes de Foucault que circulam nesse material, chama-se perdas no ferro. A densidade volúmica destas perdas de energia é dada por uma fórmula do tipo, wFe = WFe/v = wh + wcF = k1·f·Bm2 + k2 ·f2·Bm2 Quando se procuram reduzir as perdas por correntes de Foucault, por utilização de um núcleo formado por um empacotamento de lâminas de material ferromagnético, surge um outro problema que tem influência no valor da corrente eléctrica de magnetização. Devido à forma como é realizado o empacotamento da chapa, essencialmente, devido à impossibilidade de se obter um ajuste perfeito entre a chapa das colunas e das travessas, surgem pequenos entreferros nos percursos do fluxo magnético. São zonas de permeabilidade magnética constante, mas baixa, µo = 4π·10–7 H/m, o que cria a necessidade de uma corrente eléctrica de magnetização maior, para que nesses percursos o fluxo ψ(t) Correntes de Foucault ψ(t) Correntes de Foucault (Laminagem) A Corrente Eléctrica de Magnetização e A Formação do Circuito Equivalente 5 magnético permaneça com o mesmo valor constante, que tem nos percursos feitos no interior do material ferromagnético. Para além deste, existem, ainda, outros fenómenos com efeitos cumulativos, como o desenvolvimento de correntes de Foucault entre lâminas, que ocorrem devido à execução do empacotamento do núcleo. O valor do acréscimo da corrente eléctrica de magnetização depende de muitos parâmetros construtivos: pressão do empacotamento, tolerâncias no corte da chapa, aspectos de montagem do núcleo, etc… Step–Lap Joint Butt–Lap Joint Os diferentes fenómenos inerentes à utilização de um núcleo formado por um empacotamento de lâminas de material ferromagnético, traduzem-se, através dos contributos das suas componentes, nas características da corrente eléctrica de magnetização: forma de onda, amplitude, esfasamento… Como a relação entre o fluxo magnético totalizado e a corrente eléctrica que o cria — a corrente eléctrica magnetizante [4, 05.25.115] — tem uma forma peculiar, um ciclo histerético, para o fluxo magnético ter uma variação sinusoidal no tempo, a corrente eléctrica de magnetização apresenta uma variação não sinusoidal. i i φ φ 0 t i1 t1 ψ1 ψ1 i1 Construção Gráfica A forma de onda da corrente magnetizante pode ser obtida através de uma construção gráfica, em que nas respectivas escalas, são representadas as curvas de variação no tempo do fluxo totalizado ψ(t) e a curva de variação do fluxo com a corrente ψ(i) para o material ferromagnético do núcleo. Fazendo corresponder, para um dado instante t1, o valor do fluxo indutor ψ1 e o valor corrente magnetizante necessária para o criar iψ1, obtém-se um ponto (iψ1, t1) da curva de variação no tempo da corrente magnetizante consumida para manter um determinado valor de fluxo no núcleo magnético, iψ. De uma A Corrente Eléctrica de Magnetização e A Formação do Circuito Equivalente 6 forma análoga podem ser determinados os pontos, da curva de variação da corrente eléctrica magnetizante, correspondentes ao ciclo negativo do fluxo magnético. Esta construção gráfica, com um carácter pedagógico notável, é actualmente substituída pela determinação numérica da curva de variação da corrente magnetizante no tempo iψ(t), a partir da expressão da variação no tempo do fluxo totalizado, ψ = ψm·cos(ωt), e da representação analítica do ciclo histerético, através de funções exponenciais ψ = kr·(1–exp(–ks·iψ)), ou através de expressões fraccionárias, ou através de séries de potências fraccionárias iψ = ∑r kr·ψαr, com αr < 1. Normalmente, o ciclo histerético encontra-se globalmente definido por várias expressões analíticas, válidas apenas para uma gama de valores da corrente eléctrica magnetizante. Obtém-se, por cálculo, uma amostragem dos valores da forma de onda da corrente eléctrica magnetizante, iψk(tk). A forma de onda da corrente magnetizante, tem um andamento não sinusoidal. Devido à simetria do ciclo histerético a forma de onda é constituída por duas semi-ondas com igual andamento, mas de sinal contrário. Uma análise harmónica desta onda [5], permite verificar que devido à semi-onda positiva ter andamento igual à semi-onda negativa, ela não possui termo contínuo, e apenas possui termos harmónicos de ordem ímpar, e, na situação em estudo em que há simetria da onda da corrente eléctrica relativamente ao eixo das ordenadas, essa onda apenas possui termos com variação em cosseno. Verifica-se, ainda que a forma de onda da corrente eléctrica magnetizante possui um valor de pico elevado, e que existe um ângulo de esfasamento entre a corrente eléctrica e o fluxo magnético: o ângulo de atraso magnético. Também os termos harmónicos além da amplitude decrescente com a ordem do harmónico, possuem um esfasamento (phase) próprio ϕh. Uo = 55,7 V Io = 1,66 A Po = 12,5 W h 1 3 5 7 9 11 13 |ih| A 1,99 1,03 0,22 0,06 0,04 16·10-3 12·10-3 / i h ° – 1 1 8,5 – 9,9 100,3 46,6 147,2 105,6 – 172,1 Núcleo Ferromagnético Saturado A importância dos termos harmónicos componentes da forma de onda de corrente eléctrica magnetizante é grande, sendo habitual salientar-se as consequências da existência do terceiro harmónico. Nos transformadores trifásicos de potência a possibilidade de circulação desse terceiro harmónico condiciona a escolha do tipo de ligação das bobinas dos enrolamentos do transformador, devido aos problemas criados nas redes de telecomunicações pela circulação do terceiro harmónico nas linhas de transporte de energia. Nos transformadores de sinal, a existência de uma terceiro harmónico na corrente magnetizante, com uma frequência tripla da frequência do termo fundamental e esfasado relativamente a esse termo, pode provocar problemas de distorção no sinal. Em qualquer destas situações, a existência de termos harmónicos com diferentes frequências pode provocar problemas de ressonância, para qualquer uma dessas frequências, no circuito eléctrico em que está inserido o transformador. Quando, por simplificação, se considera que o ciclo histerético de um material ferromagnético tem um andamento esbelto, em que o valor da força coerciva Hc é muito inferior ao valor do campo magnético de saturação Hs, e, apenas, se considera representada pela curva de magnetização a variação do fluxo magnético com acorrente eléctrica ψ(i), pode-se determinar a forma de onda da corrente magnetizante A Corrente Eléctrica de Magnetização e A Formação do Circuito Equivalente 7 por uma construção gráfica análoga à anterior, ou por meio de determinação numérica, a partir das expressões representativas das relações entre as grandezas envolvidas, t, ψ, iψ. Uma forma analítica de representar a relação i(ψ) é através de um polinómio incompleto da forma i = α·ψ + ß·ψ2m+1, com m>1 {m=3; m=4 ; m=5}, (ver Apêndice). Com uma expressão deste tipo, torna-se fácil elaborar um programa de computador capaz de determinar valores da corrente magnetizante e proceder à respectiva análise harmónica [5]. Nas condições desta hipótese de estudo, a forma de onda de variação da corrente eléctrica magnetizante iψ(t), ainda está representada por uma forma de onda não sinusoidal, com termos harmónicos de ordem ímpar e com variação em cosseno, mas o ângulo de atraso magnético é nulo, isto é, não existe esfasamento entre o fluxo magnético e a corrente eléctrica de magnetização. Note-se, que no estudo computacional apresentado podem surgir outros termos harmónicos, não previstos, mas resultantes de uma má aproximação da característica de magnetização pela expressão analítica apresentada. Nesta aproximação à realidade, a curva de magnetização ainda possui termos harmónicos, com importância nas aplicações do transformador tanto para potências elevadas, como no domínio do sinal. Uma última hipótese de estudo, consiste em considerar que durante todo o regime de funcionamento do transformador não ocorre saturação magnética, ou que o seu ponto de funcionamento está sempre colocado na parte rectilínea da característica de magnetização (zona II). Nessa hipótese de estudo, a característica de magnetização é linear, e consequentemente a forma de onda da corrente magnetizante é sinusoidal. Tal pode ser verificado por construção gráfica, ou por um simples programa de computador…. Esta situação de estudo, que não corresponde à realidade do funcionamento do transformador, pode ser necessária para aplicação de métodos de tratamento analítico, como o método simbólico de representação de grandezas sinusoidais, ou para permitir a representação das relações do fluxo magnético com a corrente eléctrica que o cria, através de parâmetros (indutâncias) constantes, como ocorre em certas aplicações da Teoria Generalizada das Máquinas Eléctricas. Para que exista um determinado fluxo magnético ψ(t), com variação sinusoidal no tempo, no núcleo do transformador é necessário que seja fornecido ao transformador uma corrente eléctrica magnetizante iψ(t), que tem uma variação no tempo não sinusoidal. Mas a presença do fluxo magnético variável no tempo, no núcleo ferromagnético do transformador, provoca o aparecimento de correntes de Foucault, com um valor proporcional à variação do fluxo no tempo, mas com um sentido tal que cria uma força magnetomotriz com um sentido, que se opõe ao da variação do fluxo magnético ψ. Essa acção tem de ser contrariada por uma componente sinusoidal da força magnetomotriz, criada por uma corrente eléctrica sinusoidal, com a mesma frequência que o fluxo magnético, que tem de ser fornecida ao transformador. Só desta forma o fluxo magnético permanece no valor necessário para criar uma força electromotriz, e(t) = = – dψ/dt, no enrolamento indutor, que verifique a equação eléctrica do enrolamento: u = Ri – e. Existe, por isso, uma componente sinusoidal da corrente eléctrica de magnetização icF(t) que está em fase com a Programa CORMAG Definir constantes pi, f, psim, m, np Dimensionar as matrizes i( ), psi( ), a( ), ik( ) Ler os np valores de i( ) e psi( ) Chamar subrotina MINQUA9(m,np,i( ),psi( ), Para cada valor do tempo tk psi = psim*cos(2*pi*f*tk) ik(tk) = a(1)*psi + a(2)*psi↑m repetir Chamar FOURIER_1 !%4, p. 21] Imprimir tk, ik( ), Bh( ), Ch( ) Fim A Corrente Eléctrica de Magnetização e A Formação do Circuito Equivalente 8 força electromotriz induzida e(t), e em quadratura avanço sobre o fluxo magnético ψ(t). Desta forma verifica-se para a corrente de magnetização i(t) que: i(t) = iψ(t) + icF(t). Por isso, a corrente final mantem-se distorcida, e aumenta o ângulo de atraso magnético. Mas devido à construção laminada do núcleo do transformador, mesmo quando efectuada com a melhor tecnologia (step-lap joint) e cuidado, existe a necessidade de fornecer uma corrente eléctrica de magnetização superior ao valor necessário para contrariar a acção das correntes de Foucault e para criar uma determinada onda sinusoidal de fluxo. Esse valor que depende do tipo, e modo, de construção do núcleo, pode ser determinado por curvas de magnetização para os entreferros (joint), próprias para o tipo de construção do núcleo utilizado, [1, p. 10]. Assim, o valor da corrente de magnetização, é: i(t) = iψ(t) + icF(t) + nj·iψj(t) não ultrapassando um valor de 5 % do valor da corrente do enrolamento, quando está alimentado pela respectiva tensão nominal. Por exemplo, para um transformador de distribuição trifásico actual com isolamento seco, (500 kVA, 15 000/400 V, Dy11, 50 Hz), verifica-se que a corrente de magnetização i ≅��� Io2 = 10,47 A (1,45 %). Para um transformador com uma capacidade inferior a 1 kVA, aquela relação entre correntes eléctricas pode ser bastante diferente. A determinação da corrente eléctrica, necessária à manutenção de um determinado fluxo magnético no núcleo real de um transformador, pode ser feita recorrendo ao cálculo através das curvas características das propriedades do material ferromagnético, ou por via experimental, mediante uma montagem de medida análoga à figurada [6, § 8.2]. Só há que atender ao carácter não linear da corrente eléctrica de magnetização, e, consequentemente, utilizar aparelhos de medida adaptados a uma onda não sinusoidal. Em todo este estudo considerou-se que o fluxo magnético tinha uma variação sinusoidal no tempo. Actualmente, devido à poluição harmónica introduzida nas redes eléctricas por cargas não lineares, sucede que a tensão de alimentação do transformador, e, portanto, o fluxo magnético são não sinusoidais. Nessa situação, todos os fenómenos descritos vêm agravados, e as Normas [6, § 8.4] prevêem a redução da corrente eléctrica de magnetização a uma base de tensão sinusoidal. Conhecida a forma de variação no tempo da corrente eléctrica de magnetização, assim como os fenómenos que ocorrem num núcleo de material ferromagnético laminado, resta procurar um modelo que permita efectuar estudos sobre o funcionamento de transformadores em qualquer regime: permanente ou transitório. Esse modelo, independentemente do seu tipo, deve representar os fenómenos característicos do funcionamento do núcleo: a criação do fluxo magnético, e as perdas de energia inerentes à situação física daquela criação. Quando se considera que o transformador está a funcionar na zona linear da característica de magnetização e se desprezam os efeitos dos entreferros do circuito magnético, e que portanto a corrente eléctrica magnetizante é sinusoidal, mas que existem perdas magnéticas, devidas às correntes de Foucault, resulta que a corrente de eléctrica de magnetização é sinusoidal e i ≡ I o, considerando-se como resultante da adição de duas componentes, I o = I m + I a: uma, a corrente eléctrica magnetizante I m, que é responsável pela criação do fluxo magnético, e a outra, a corrente eléctrica de perdas, que é A W Vf Circuito de Medida A Corrente Eléctrica de Magnetização e A Formação do Circuito Equivalente 9 responsável pelas perdas no circuito magnético, I a. A corrente de perdas está em fase com a força electromotriz e em quadraturaavanço sobre a componente magnetizante da corrente de magnetização, que nesta situação está em fase com o fluxo magnético. Este modelo descritivo, pode traduzir-se por um outro modelo — um circuito eléctrico de parâmetros concentrados — que apresente um comportamento eléctrico análogo ao do núcleo do transformador. A adição das duas componentes sugere que o circuito eléctrico é formado por um paralelo de dois ramos de circuito eléctrico, um, puramente óhmico, onde circula a corrente eléctrica de perdas I a, o outro, puramente indutivo, onde circula a corrente magnetizante I m. Ao circuito encontra-se aplicada uma tensão igual ao valor da força electromotriz que se induz no respectivo enrolamento. Quando se considera que as propriedades do circuito magnético ficam integralmente representadas pela característica de magnetização, a corrente eléctrica magnetizante tem um forma de onda distorcida, e sendo decomposta em série de termos harmónicos verifica-se que é formada por um conjunto de termos de ordem ímpar. Par que a corrente eléctrica de magnetização (= iψ(t) + icF(t) + nj·iψj(t)) pudesse ser representada por uma corrente eléctrica sinusoidal era necessário que essa corrente eléctrica produzisse os mesmos efeitos que a corrente de magnetização, o que implica que se procure uma corrente eléctrica com o mesmo valor eficaz. Assim, passa-se a considerar que o núcleo é percorrido por uma corrente eléctrica sinusoidal com o valor eficaz da corrente eléctrica de magnetização, Ief = ∑h I2hef , formada por duas componentes ( I m, I a), e utiliza-se um circuito eléctrico equivalente análogo ao primeiro. Mas, a presença dos termos harmónicos de mais alta frequência (h > 9), apesar da sua pequena amplitude, traduzir-se-ia por um aumento de perdas magnéticas com a frequência, que o modelo não representa. Há, para isso, que substituir a resistência linear por uma resistência não linear. Este modelo poderia representar o núcleo de um transformador com consideração da influência das frequências presentes na corrente eléctrica de magnetização, quando o fluxo magnético é sinusoidal. Isso exigia que as restantes resistências eléctricas existentes no transformador, principalmente a resistência do enrolamento primário, fossem modelizadas atendendo ao seu comportamento real face à frequência dos diferentes harmónicos presentes na corrente eléctrica. Quando existe a necessidade de considerar o real comportamento do núcleo do transformador, então a corrente eléctrica de magnetização tem de ser representada pelo seu valor instantâneo io(t) ≡ i(t), que corresponde à adição de uma corrente devida ao efeito das correntes de Foucault, com uma forma de onda não sinusoidal da corrente eléctrica magnetizante necessária para criar o fluxo sinusoidal ψ. Esta corrente só pode resultar da aplicação de uma tensão sinusoidal, igual à força electromotriz induzida no enrolamento primário e(t), a uma bobina não linear. Resulta assim um circuito eléctrico equivalente não linear, com os parâmetros concentrados definidos por expressões ImI aIo R L Imi (t)o Rnl L i (t)a Rnl i (t)ai (t)o i (t)m A Corrente Eléctrica de Magnetização e A Formação do Circuito Equivalente 10 analíticas, do tipo : iψ = ∑r kr·ψαr, e icF = kcF·eß+ ic. Com este modelo perde-se o interesse, e a simplicidade, característicos do circuito eléctrico equivalente quando utilizado na modelização de um fenómeno físico, envolvendo circuitos eléctricos. Existe, por isso, a necessidade de desenvolvimento de um modelo puramente computacional, que poderá ter um carácter qualitativo, mas que, mesmo quando for apenas quantitativo será complicado e de difícil determinação das expressões que definem os parâmetros. Os modelos apresentados tornar-se-iam ainda mais complicados se fosse considerado comportamento não sinusoidal da tensão de alimentação de algumas redes eléctricas, e, portanto do fluxo magnético. Nessa situação, o valor das perdas magnéticas, que dependem do valor da indução magnética, seria afectado pela amplitude dos harmónicos e pelo seu esfasamento, o que complicaria as respectivas expressões analíticas. Os circuitos equivalentes apresentados podem ser utilizados na análise do funcionamento dos transformadores de medida, em regime transitório, desde que não se considere que o regime de funcionamento altera o valor da indução remanente, ou, na sua forma computacional, podem ser integrados nos programas de análise do regime transitório de sistemas eléctricos. 3 Conclusão Devido às características não lineares das propriedades magnéticas dos materiais ferromagnéticos utilizados nos núcleos dos transformadores a corrente eléctrica de magnetização necessária à criação e manutenção do fluxo magnético, é não sinusoidal e existem perdas magnéticas, por histerese e por correntes de Foucault. A consideração destas correntes eléctricas não sinusoidais, e das perdas de energia permite o desenvolvimento de modelos do fenómeno de magnetização do núcleo do transformador, que representam integralmente as reais condições de magnetização. Abandonando considerações simplificativas usuais, surgem novos modelos, baseados em circuitos eléctricos equivalentes de parâmetros concentrados, mas não lineares, que podem representar os fenómenos principais. Surgem, também, modelos computacionais que apenas estabelecem relações entre expressões analíticas, de difícil determinação… Mas, as modernas condições de exploração dos sistemas eléctricos, e o regime de funcionamento transitório de alguns transformadores, impõem uma adopção criteriosa destes modelos. Referências Bibliográficas [1] E. E. Staff MI T; Magnetic Circuits and Transformers, MIT Press 1943 [2] L. F. Blume A. Boyajian G. Camilli; Transformer Engineering, John Wiley & Sons 1958 [3] Carlos Castro Carvalho; Transformadores, AEFEUP 1983 [4] CEI–05; Vocabulaire Electrotechnique Internationale — Définitions Fondamentales, CEI 1954 [5] Manuel Vaz Guedes; Grandezas Periódicas Não Sinusoidais, NEME 1992 [6] ANSI/IEEE C57.12.90; IEEE Standard Test Code for Liquid–Immersed Distribution, Power, and Regulating Transformers and…, IEEE 1987 [7] Manuel Vaz Guedes; Métodos Numéricos Para Análise do Campo Magnético das Máquinas Eléctricas, dissertação de doutoramento, FEUP 1983 A Corrente Eléctrica de Magnetização e A Formação do Circuito Equivalente 11 Apêndice Aproximação da Curva i(ψ) de um Material Ferromagnético Quando se considera a natureza não linear das propriedades de um material magnético, torna-se, frequentemente, necessário conhecer uma expressão algébrica que represente precisamente aquela curva característica. Existem vários tipos de expressões que permitem aproximar a curva de magnetização: expressões algébricas, ou transcendentes, do tipo funções spline, [7]. Um tipo de expressões, de cómoda utilização na representação da relação i(ψ), são as expressões polinomiais completas, de terceira ou de quarta ordem, que apresentam a vantagem de poderem ser facilmente diferenciadas ou integradas: i = ∑ r ar·ψ r. O critério de aproximação utilizado pode ser o que resulta da aplicação do método dos mínimos quadrados. No entanto, na utilização da expressão polinomial completa verifica-se que existem alguns membros que têm parâmetros ar com valores numéricos muito pequenos. Por isso, na aproximação da curva i(ψ) também se utiliza uma expressão polinomial reduzida, como: i = α·ψ + ß·ψ2m+1 com m>1, { m=3, m=4, m=5} A determinação dos parâmetros {α, ß} é feita com a utilização do método dos mínimos quadrados. Pretende-se minimizar a expressão do quadrado dos resíduos, ∑r [i(ψr) – ir]2 = F(α,ß) Diferenciando em ordem aos parâmetros, resulta o sistema de equações, ∂ F ∂α = 2· α ψr + β ψr2m+1 – ir∑ r ·ψr = 0 ∂ F ∂β = 2· α ψr + β ψr2m+1 – ir∑ r · ψr2m+1 = 0 A este sistema de equações pode ser dada a forma: ψr2∑ r · α + ψr2m+1∑ r · β = ir∑ r ψr ψr2m + 2∑ r · α + ψr2m+2 2∑ r · β = ir∑ r ψr2m+1 ≡ [S]·{a} = {t} A solução deste sistema de equações pode ser, rapidamente, determinada recorrendo à regra de Cramer. Com o auxílio de um pequeno programa de computador, onde se considera que a amostragem foi feita em np pontos, determina-se os valores dos parâmetros {α, ß} que ficarão no vector {a}. – MVG.92 – Programa MINQUA9 Definir constantes m, np Dimensionar as matrizes i( ), psi( ), S( ), t( ), a( ) Ler os np valores de i( ) e psi( ) Anular os elementos de [S] e {t} Para cada ponto ip até np S(1,1) = S(1,1) + psi(ip)*psi(ip) pk = psi(ip)↑(2*m+1) S(1,2) = S(1,2) + pk*psi(ip) S(2,2) = S(2,2) + pk*pk t(1) = t(1) + i(ip)*psi(ip) t(2) = t(2) + i(ip)*pk repetir S(2,1) = S(1,2) denom = S(1,1)*S(2,2) – S(2,1)*S(1,2) !%* Cramer a(1) = (t(1)*S(2,2) – t(2)*S(1,2))/denom !%* alfa a(2) = (S(1,1)*t(2) – S(2,1) *t(1))/denom !%* beta Imprimir a(1), a(2) Fim © Manuel Vaz Guedes, 1995 Máquinas Eléctricas 13 Resenha Histórica T r an sf or m ador Trifásico Transformador trifásico 50 kVA (1900) Os aspectos construtivos dos transformadores trifásicos têm evoluído ao longo do tempo. É interessante analisar um modelo apresentado na Exposição Internacional de Paris de 1900, e descrito na revista L’Industrie Électrique. O núcleo magnético é formado por três colunas verticais e de secção quadrada, com ângulos cortados. Por razões de simetria dipõem-se, em planta, como os vértices de um triângulo equilátero. As travessas ou culassas, que fecham magneticamente as extremidades das colunas são constituídas por pacotes de chapa dobrados em forma de V. Depois de colocados os enrolamentos as travessas são comprimidas contra as colunas entre duas placas de ferro fundido, com a placa inferior munida de patas para servir de base ao transformador. Um perno central, que serve para apertar as duas placas, termina na sua parte superior por um anel de suspensão, o que permite deslocar o aparelho. O enrolamento primário é bobinado com fio de cobre, enquanto que o enrolamento secundário é formado por banda de cobre. Existe isolamento entre as bobinas dos diferentes enrolamentos, que estão sobrepostas e alternadas, o que permite que o aparelho suporte, sem dano, uma tensão dupla da tensão nominal. Os terminais estão fixos às travessas através de isoladores de porcelana. O transformador é protegido por uma chapa perfurada. O rendimento deste tipo de transformador é 97,5% à plena carga, a regulação com uma carga óhmica é de 1,5%. • MVG: MVG: Particula ridade s dos Tran sforma dores com Isolamento Seco 1 Particularidades dos Transformadores com Isolamento Seco Manuel Vaz Guedes (Prof. Associado) DEEC-FEUP Nos úl t im os ano s t em aum ent ado a ap l icação dos t r ansf o rmad ores com iso lament o seco nas inst alações de d ist r i buição de energ ia eléct r ica. Est es t ransf o rm adores o f e recem melhores cond ições de inst alação em post os de t ransf o rm ação int er io res: ocupam um menor vo lume, são mais leves, r ed uzem o preço g lo bal do post o de t r ansf o rmação e, act ualment e, são const ruíd os de f o r ma a não al iment ar em, ou a não agr avarem , uma si t uação de incênd io . Dev ido às suas caract er íst i cas const rut i vas, em que o núc leo e o s enr o lament os est ão env o lv ido s por um meio iso lant e seco , est es t ransf o rm adores t êm car act er íst icas de f unc io nament o , asp ect os de mont ag em e cuidado s de manut enção que lhe são p rópr ios. Fig. 1 - Transformador trifásico com isolamento seco Particula ridade s dos Tran sforma dores com Isolamento Seco 2 Apesar do estudo dos transformadores, como máquinas eléctricas estáticas, se encontrar bem documentado, [1], [2], [3], neste artigo apresentam-se os aspectos construtivos, e as características de funcionamento que dão aos transformadores com isolamento seco um carácter próprio. No projecto e na construção destes transformadores sobressaem os cuidados postos nos enrolamentos quanto às suas características eléctricas, mecânicas e térmicas. A utilização de um enrolamento de baixa tensão em folha, ou banda, metálica, de cobre ou de alumínio, assim como a utilização de um enrolamento de alta tensão, moldado sob vácuo numa resina epoxi de composição especial, dão a estes transformadores um bom comportamento mecânico numa situação de curto–circuito, torna-os insensíveis a problemas de humidade ambiental e permite uma melhor distribuição da tensão ao longo do enrolamento nas condições do ensaio com onda de choque. Com o auxílio do esquema eléctrico equivalente simplificado torna-se fácil visualizar a influência dos aspectos construtivos particulares dos transformadores com isolamento seco no valor dos parâmetros desta máquina eléctrica e consequentemente no valor de algumas grandezas características como a tensão de curto-circuito, que poderá ter um valor superior ao de um transformador equivalente imerso em óleo. Na análise das características de funcionamento verifica-se que tem de existir uma preocupação constante com as situações susceptíveis de alterar as condições de aquecimento do transformador. Devido à influência que a temperatura tem na duração dos isolantes utilizados neste tipo de transformadores as implicações das condições de carga e dos regimes de funcionamento transitório são objecto de um estudo cuidado. Também a distribuição e a evolução do campo térmico, no domínio das partes constituintes destes transformadores, exigem um estudo minucioso [4 ] . Estes transformadores, que apresentam problemas de construção bastante delicados têm algumas limitações na sua utilização: só podem ser utilizados em aplicações com uma tensão mais elevada igual ou inferior a 36 kV, gama da Média Tensão. No entanto, a sua aplicação é aconselhada em redes eléctricas com necessidade de uma segurança elevada. A utilização dos transformadores com isolamento seco, por entidades públicas e privadas, tem aumentado, apesar do seu preço ser superior ao dos transformadores imersos em óleo. Já há alguns anos que os transformadores com isolamento seco são fabricados pela Indústria Nacional. 1. Aspect os Const rut ivos Sob o ponto de vista funcional estas máquinas eléctricas apresentam as características comuns a todos os transformadores; têm um núcleo magnético fechado em torno do qual existem, pelo menos, dois enrolamentos ligados a sistemas de tensão com características diferentes. No entanto, estes transformadores com isolamento seco apresentam a particularidade de o meio isolante de cada um dos enrolamentos ser formado por materiais sólidos, o que evita a necessidade de uma cuba, ou invólucro hermético, destinada a conter um isolante líquido ou gazoso, e, por isso, ocupam um volume menor. Particula ridade s dos Tran sforma dores com Isolamento Seco 3 Como não existe invólucro os terminais de ligação dos enrolamentos não necessitam de, através de isoladores de travessia, serem colocados na parte superior da cuba. Os terminais podem estar colocados dos lados do transformador, na parte superior ou na parte inferior, e assim introduzirem uma maior versatilidade no projecto global do posto de transformação. Para além do aspecto que já foi apresentado, cada uma das partes constituintes deste tipo de transformadores tem aspectos construtivos que lhesão próprios, [ 5 ] . 1.1 Núcleo Magnét ico O núcleo magnético de um transformador destina-se assegurar um bom acoplamento magnético entre os diferentes enrolamentos. Para isso, cria-se um circuito de elevada permeabilidade magnética, mediante a utilização de um material ferromagnético [1], [3]. No caso dos transformadores com isolamento seco o núcleo é constituído por um empilhamento de chapa de aço silicioso (3 % a 5 %), com cristais orientados, laminada a frio, e recoberta de uma camada que serve de isolante eléctrico interlaminar. Como são maiores os espaços entre enrolamentos estes núcleos são cortados com janelas maiores do que as dos núcleos dos correspondentes transformadores imersos em óleo. Também a superfície transversal das colunas do núcleo dos transformadores com isolamento seco é maior porque a indução magnética nas colunas é menor e porque a tensão por espira é normalmente maior, para diminuir a reactância do circuito eléctrico. Como a dissipação de energia de perdas magnéticas no núcleo, perdas que são proporcionais ao quadrado da indução magnética, se traduz por um aumento da temperatura do núcleo, convém que o valor da indução magnética seja conservado baixo para diminuir o valor daquelas perdas, e consequentemente para diminuir o aquecimento que elas produzem. Também com a utilização de um valor baixo da indução magnética se provoca uma diminuição do ruído do transformador. O problema do ruído emitido pelo transformador é importante porque este destina-se a trabalhar no interior dos edifícios, normalmente perto dos consumidores da energia eléctrica. Para diminuir aquele ruído, o núcleo magnético é fortemente comprimido pelas abas de perfilado fixadas às culassas. As colunas do transformador são rigidamente cintadas. Também com o fim de diminuir o ruído, e depois de montado, o núcleo do transformador é recoberto com uma camada de um verniz anti–corrosivo, que é de um tipo suficientemente elástico para compensar as dilatações e contracções provocadas pela variação da temperatura. 1.2 Enrolament os Os enrolamentos, do lado de alta tensão e do lado de baixa tensão, têm aspectos construtivos diferentes. No entanto, têm em comum o facto de estarem completamente envolvidos, ou moldados, por um isolamento sólido o que lhes dá unidade e uma elevada resistência mecânica. Particula ridade s dos Tran sforma dores com Isolamento Seco 4 Quanto às qualidades eléctricas do material isolante, exige-se que tenha boas características dieléctricas e também que durante a fase de moldagem tenha adquirido uma boa homogeneidade para evitar situações que permitam a existência de descargas parciais no interior do isolamento. As características térmicas do material devem ser tais que permitam uma boa condução do calor do enrolamento, onde é gerado por efeito Joule, para o ar envolvente. Isto reforça a necessidade de umas boas características dieléctricas para ser possível obter um bom nível de isolamento eléctrico com uma pequena espessura de material isolante. Também as propriedades termo–mecânicas do material devem ser tais que, numa situação de curto–circuito, possam ser fácilmente absorvidas as tensões mecânicas de origem térmica. Uma importante característica do material isolante é o seu comportamento ao fogo. O material deve ser ignífugo, porque não deve alimentar uma situação de incêndio. Pretende-se ainda que o material, quando submetido a altas temperaturas, não liberte, por decomposição, produtos gazosos tóxicos ou corrosivos. Para satisfazer todo este conjunto de restrições utiliza-se um material compósito formado por: uma resina epoxi, um endurecedor e uma carga pulverulenta, que se destina a dar as características mecânicas e térmicas requeridas pelo produto final. Esta pasta é normalmente formada e vazada sob vácuo e a baixa temperatura. As características finais são obtidas por polimerização a uma temperatura alta e, eventualmente, sob pressão. O material isolante assim obtido apresenta características que o permitem classificar como pertencente à classe F — admite um aquecimento de 100° K. O enrolamento de alta tensão é projectado e construído tendo em atenção o comportamento do transformador durante o ensaio com a onda de choque normalizada. Este enrolamento pode ser realizado em fio ou em barra de cobre esmaltado, revestida de um isolamento, e formando camadas concêntricas que também recebem um reforço do isolamento entre camadas. Este conjunto que forma a parte eléctrica do enrolamento, é moldado sob vácuo em resina epoxi que depois é polimerizada sob pressão. – I solamento entre camadas concêntricas – Condutor revestido A T Fig. 2 - Aspecto do enrolamento de alta tensão Uma outra forma de realizar este enrolamento, de alta tensão, consiste em formar a bobina com fio, ou barra de cobre esmaltado, sem qualquer revestimento, mas distribuído ao longo da altura do transformador de uma forma estudada. Eventualmente esta bobina de alta tensão pode Particula ridade s dos Tran sforma dores com Isolamento Seco 5 ser imediatamente enrolada sobre o enrolamento de baixa tensão, com as diferentes camadas separadas por um isolante à base de fibra de vidro. O conjunto é imediatamente envolvido e moldado, sob vácuo, numa resina epoxi. O enrolamento de alta tensão fica, assim, com boas características de comportamento à onda de tensão normalizada, consegue-se uma distribuição de tensão ao longo do enrolamento com um gradiente linear, e também fica com uma estrutura homogénea favorável à ausência de descargas parciais, a uma boa condução do calor, e ao não aparecimento de rachaduras nas situações de choque térmico. Com a utilização do isolamento seco entre as diversas espiras do enrolamento tem-se procurado aumentar o valor da capacidade equivalente distribuída entre espiras Ce, de modo a que o parâmetro α = Cm/ Ce, que estabelece a razão entre a capacidade global entre espiras e a capacidade global entre a espira e a massa Cm, seja o menor possível. Quando o parâmetro α tende para zero a distribuição da tensão da onda de choque ao longo do enrolamento tende para uma distribuição linear, [1], como se pode ver pela figura 3. 1 , 00 , 80 , 60 , 40 , 20 , 01 , 00 , 80 , 60 , 40 , 20 , 0 x / L 0 , 0 0 , 2 0 , 4 0 , 6 0 , 8 1 , 0 Neutro isolado u / U o α = 0 α = 1 α = 5 α = 10 0 , 0 0 , 2 0 , 4 0 , 6 0 , 8 1 , 0 x / L α = 0 α = 5 α = 10 u / U oNeutro à terra L1 2L L12L Fig. 3 - Distribuição da tensão de choque ao longo do enrolamento Atendendo à figura 4 pode-se verificar que a capacidade parcial entre espiras C'e depende da permitividade relativa do material isolante εr, e da distância entre espiras d. Utilizando um material com maior permitividade relativa εr, e diminuindo, por construção, a distância entre espiras d, pode-se aumentar o valor da capacidade parcial entre espiras C'e. Na realidade, a resina epoxi t em uma maior permitividade do que os materiais imersos em óleo de transformador e a distância entre espiras pode ser diminuída pela utilização de um material isolante de boa qualidade. São estas preocupações com a construção do enrolamento que levaram alguns fabricantes a adoptar um enrolamento de alta tensão directamente montado sobre o enrolamento de baixa tensão e isolado apenas pelo esmalte do cobre e pela resina epoxi que molda o enrolamento. Particula ridade s dos Tran sforma dores com Isolamento Seco 6 C'ec 'm C'e ε r d S ∝ d L1 L 2 Fig. 4 - Forma de alterar o valor da capacidade parcial entre espiras C'e O valor da capacidade parcial entre espira e a massa C'm pode ser diminuído por um aumento da espessura do dieléctrico (di+1 - di), como se demonstra atendendo à fórmula para o cálculodos condensadores cilíndricos com várias camadas de dieléctrico. No entanto, o valor da espessura da camada dieléctrica está condicionado pela necessidade de uma condução rápida, para o ambiente, do calor desenvolvido no enrolamento. c 'm 1 d i ε i r 1 d i di+1 ln ( )∝ ∑ i di+1 Fig. 5 - Forma de alterar o valor da capacidade parcial entre espira e massa C'm O enrolamento de baixa tensão é projectado de forma a que sejam muito reduzidos os esforços mecânicos axiais numa situação de curto-circuito. B T – Condutor – Isolamento entre camadas Fig. 6 - Aspecto do enrolamento de baixa tensão No lado de baixa tensão, utiliza-se um enrolamento em chapa rectangular, ou banda, de cobre electrolítico ou de alumínio, em que a ligação aos terminais é feita através de uma barra soldada numa extremidade da banda. Entre as diferentes camadas do enrolamento existe uma Particula ridade s dos Tran sforma dores com Isolamento Seco 7 lâmina de isolante, em material compósito reforçado com fibra de vidro. O isolamento destas diferentes camadas é reforçado na superfície para assegurar um bom islomento entre o enrolamento de baixa tensão e o núcleo e entre o enrolamento de baixa tensão e o enrolamento de alta tensão. O enrolamento de baixa tensão pode estar dividido em vários sub-enrolamentos, ligados em série, e separados por um canal de ventilação. Nesse canal existem vários calços destinados a darem rigidez mecânica ao conjunto. – Enrolamento de baixa tensão – Enrolamento de alta tensão – Calço – Reforço do isolamento Fig. 7 - Desenho esquemático da distribuição dos enrolamentos em torno de uma coluna Os enrolamentos em banda, que são mais baratos que os outros enrolamentos, devido à sua construção, apresentam uma boa resistência mecânica. Não se deformam fácilmente, mesmo quando submetidos às tensões mecânicas provocadas por um curto-circuito. Mas, estes enrolamentos apresentam problemas que condicionam a sua utilização em transformadores para potências elevadas. A distribuição da corrente eléctrica ao longo da altura do enrolamento não é constante [6], f igura 8, devido a fenómenos provocados pelas correntes de Foucault. Como a distribuição da corrente não é uniforme, as perdas Joule também não se distribuem igualmente por todo o enrolamento, e consequentemente o aquecimento do enrolamento não é uniforme. 0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 1 ,00 1 ,25 1 ,50 1 ,75 2 ,00 2 ,25 2 ,50 Altura (%) J (A/m^2) C C C A Fig. 8 - Distribuição da densidade de corrente eléctrica J no enrolamento, [ 6 ] Como os transformadores com isolamento seco são, essencialmente, utilizados nas redes de distribuição de energia eléctrica, são transformadores trifásicos. Por isso, existe um problema construtivo relacionado com a ligação entre os enrolamentos das diferentes fases. Na maioria dos casos essa ligação é feita por barras colocadas ao longo da parte lateral do transformador. Mas quando o transformador tem o primário ligado em triângulo, é possível estabelecer as ligações de um modo permanente, moldando o conjunto com a resina de Particula ridade s dos Tran sforma dores com Isolamento Seco 8 isolamento e dando-lhe a forma de uma barra que se coloca ao longo da superfície lateral do transformador. As ligações do enrolamento secundário, dado que é o de baixa tensão, não acarretam grandes problemas de isolamento eléctrico e podem ser dispostas nas zonas mais convenientes do transformador. Normalmente são preparadas para que a ligação dos cabos eléctricos seja feita directamente. No enrolamento de alta tensão podem existir terminais que permitem efectuar a regulação da tensão, por exemplo ± 5 %, com o transformador fora de carga. Os transformadores com isolamento seco, para facilitar as operações de transporte e instalação, são montados sobre rodas. Fig. 9 - Transformador trifásico com isolamento seco Como o núcleo magnético dos transformadores com isolamento seco está protegido por verniz, e os enrolamentos se encontram moldados na resina de isolamento, não é necessário qualquer invólucro que o proteja das agressões físicas e químicas do meio ambiente exterior. É até necessário que exista a possibilidade de o ar circular livremente nas proximidades do transformador. Mas, para certas aplicações, o transformador é colocado num invólucro metálico, tipo armário, não desmontável, e com uma tampa para acesso aos terminais. Este invólucro possui ranhuras para promover a circulação do ar, e, eventualmente, pode possuir ventiladores que provocando uma maior circulação do ar e uma ventilação forçada do transformador permitam um regime de funcionamento com uma maior sobrecarga temporária. Os materiais utilizados como isolantes, resinas epoxi e tecidos de fibra de vidro, são caros. Por isso o preço de um transformador com isolamento seco é aproximadamente 1,5 vezes superior ao preço de um transformador equivalente imerso em óleo. 2. Parâmet ros e Grandez as Caract eríst icas O estudo das características de funcionamento dos transformadores com isolamento seco também pode ser efectuado por meio de um circuito eléctrico equivalente. Devido às particularidades construtivas deste tipo de transformadores, os diversos parâmetros do circuito equivalente têm valores diferentes dos correspondentes parâmetros de um transformador Particula ridade s dos Tran sforma dores com Isolamento Seco 9 imerso em óleo. Com a utilização de chapa magnética de cristais orientados na construção do núcleo obtém–se um valor da indução magnética razoável com uma corrente eléctrica de magnetização baixa. Nesta situação, o fluxo magnético pode supor-se constante em qualquer regime de carga, e o estudo das características de funcionamento do transformador pode ser feito com a utilização do esquema equivalente simplificado, reduzido a um dos lados do transformador, [ 1 ] . R2X U 2 2 U 12 R o2 X o2 I 12 2 Io2I U 12 U 2 2 IZ 2 = + I 12 o2I 2I += Fig. 10 - Esquema eléctrico equivalente simplificado reduzido ao secundário, [ 1 ] O circuito eléctrico de magnetização, que é percorrido pela corrente eléctrica de magnetização, reduzida ao secundário, Io2, que é suposta ser constante com a variação da carga, representa os fenómenos de magnetização e de perdas no núcleo do transformador. Como as dimensões do núcleo vêm aumentadas, o volume de material magnético é maior assim como a potência de perdas no ferro, que têm um valor dado pela potência absorvida no ensaio em vazio. O aumento das perdas em vazio traduz-se por uma diminuição relativa do valor da resistência de magnetização, reduzida ao secundário Ro2. Potência nominal (kVA) Perdas em vazio (W) Perdas em curto-circuito (W) Tensão de curto-circuito (%) Transformador com isolamento seco Transformador imerso em óleo 800 1900 7500 6 800 1550 8200 4 Fig. 11 - Comparação dos valores característicos de dois tipos de transformadores O circuito eléctrico do primário e do secundário têm uma construção especial. Em particular, o circuito eléctrico do secundário é constituído em chapa de cobre, que se estende por toda a altura do enrolamento. A resistência eléctrica deste circuito é menor do que a resistência de um circuito construído com várias espiras de fio ou de barra de cobre. Por este motivo a resistência equivalente, reduzida ao secundário, R2 = r12 + r2, tem um valor menor. No ensaio em curto-circuito, este facto traduz-se por um valor menor para as perdas em curto- circuito. Particula ridade s dos Tran sforma dores com Isolamento Seco 10 A reactância combinada de fugas, reduzida ao secundário, X2 = x1 2 + x2, deste tipo de transformador vem aumentada porque são maiores
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