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Contabil Revista Aprender out2011 (1)

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Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal
Conselho Diretor
Presidente Contador Adriano de Andrade Marrocos
Vice-pres. de Administração Contadora Clara Salgado Azevedo Lima
Vice-pres. de Controle Interno Contadora Ana Maria Mallmann Costi
Vice-pres. de Fiscalização e Ética Contador Marcelo Daia Barreto
Vice-pres. de Registro Profissional Contadora Maria Lúcia de Sousa Morais
Vice-pres. de Desenvolvimento Profissional Contador Fábio Macedo Valois
Câmara de Controle Interno
Vice-presidente Contadora Ana Maria Mallmann Costi
Membros Efetivos: Contador José Luiz Marques Barreto; Técnico em Contabilidade Lúcia de Fátima Ribeiro Confessor.
Membros Suplentes: Contador Fernando de Freitas Melo; Contador Messias Raimundo de Faria; Técnico em Contabilidade Maria Elzira da Costa.
Câmara de Fiscalização
Vice-presidente Contador Marcelo Daia Barreto
Membros Efetivos: Contadora Sandra Maria Batista; Contadora Daniela Priscila Alves de Oliveira; Técnico em Contabilidade Jucimei Geraldo da Costa.
Membros Suplentes: Contadora Onésia Delfino; Contador Fernando Emílio Ferrari Sabino: Contador Carlos Alberto Torres Pires; Técnico em Contabilidade
Flávio Carvalho Miranda.
Câmara de Ética e Disciplina
Vice-presidente Contador Marcelo Daia Barreto
Membros Efetivos: Contadora Sandra Maria Batista; Contadora Daniela Priscila Alves de Oliveira; Técnico em Contabilidade Pedro Duarte Costa Filho;Técnico
em Contabilidade Jucimei Geraldo da Costa.
Membros Suplentes: Contador Carlos Alberto Torres Pires; Contador Fernando Emílio Ferrari Sabino; Contadora Onésia Delfino; Técnico em Contabilidade
Flávio Carvalho Miranda; Técnico em Contabilidade José Pereira de Araújo.
Câmara de Registro Profissional
Vice-presidente Contadora Maria Lúcia de Sousa Morais
Membros Efetivos: Contadora Francisca Tomaz Rodrigues; Técnico em Contabilidade Francisco Chagas de Melo.
Membros Suplentes: Contador Ricardo Gomide Castanheira; Contador Salvador de Carvalho Leal; Técnico em Contabilidade Cezar Alves de Medeiros.
Câmara de Desenvolvimento Profissional
Vice-presidente Contador Fábio Macedo Valois
Membros Efetivos: Contadora Clara Salgado Azevedo Lima; Técnico em Contabilidade Robson Santos Cândido.
Membros Suplentes: Contador Eduardo Tadeu Vieira; Contador José Arimatéa Soares de Oliveira; Técnico em Contabilidade Adalberto da Silva Nascimento.
SCRS 503, bloco B, lo ja 31/33 tel : 3321-1757
www.crcdf.org.br
Revista Aprender Contábil
Publicação do Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal
Conselho Editorial:
Contador Adriano de Andrade Marrocos
Contadora Ana Maria Mallmann Costi
Contador Eduardo Tadeu Vieira
Contador Fábio Macedo Valois
Contador João Alberto de Arruda
Contador José Antonio de França
Contador José Arimatéa Soares de Oliveira
Projeto e Design Digital:
www.pubblicare.com.br
pubblicare@pubblicare.com.br
Apresentação
Como o próprio título sugere, este livro é um convite à construção do conhecimento
que passa por iniciativas e ações para o “APRENDER CONTÁBIL”. Aqui, estão vários trabalhos de
estudantes dos cursos de Bacharelado em Ciências Contábeis das Instituições de Ensino Superior
do Distrito Federal. A leitura destes trabalhos dará ao leitor informações e interpretações sobre
o resultado de pesquisas desenvolvidas pelos alunos de graduação.
Ao assumirmos a gestão do Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal nos
comprometemos a envidar esforços para cumprir com o binômio “Harmonizar e Desenvolver”. Assim,
a Plenária do CRC/DF, no dia 24/11/2010, aprovou a Resolução CRCDF nº 147 que instituiu o Prêmio
Mérito Acadêmico. A consolidação desta veio pela operacionalização definida na Portaria CRCDF nº
086/2010 baixada por esta Presidência.
O citado prêmio tem por objetivo agraciar os melhores trabalhos de conclusão de curso
reconhecendo o projeto pedagógico em prática nas Instituições de Ensino Superior do Distrito Federal.
Sabemos que os trabalhos publicados foram construídos com esforço ímpar de seus atores, alunos de
graduação e futuros profissionais, com a zelosa dedicação dos professores orientadores.
Este livro, por todas essas razões, além de um livro de idéias, é mais um motivo de orgulho
para a Classe Contábil do DF. A difusão do conhecimento construído em várias instituições de ensino
superior por meio de uma publicação única, harmônica e compartilhada, demonstra o nível de
comprometimento de nossos coordenadores de cursos, professores e estudantes.
Com este livro não só estamos confirmando o elevado nível de nossas instituições de
ensino, mas também nosso compromisso de sempre contribuir para o aperfeiçoamento da profissão
contábil do Distrito Federal e do Brasil.
Adriano de Andrade Marrocos
Presidente
Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal
Prefácio
A diversidade de situações e condições que a sociedade atual experimenta, como
conseqüência de mudanças nos cenários político, econômico e social, conjectura para que
segmentos dessa sociedade se mobilize no sentido de mostrar rumos, contribuir de forma
organizada para o crescimento sustentado e promoção coletiva do bem-estar.
O segmento representado pelos Contabilistas, como parte da sociedade, deve envidar
esforços para ofertar meios que contribuam para aquisição e consolidação da plena cidadania. Uma
das formas tangível de materializar esse esforço é a disponibilização de meios para divulgação de
conhecimento. Neste sentido, a disponibilização de um veículo para divulgar produção científica, como
o que está sendo apresentado, Aprender Contábil, é plenamente oportuna.
Aprender Contábil, como periódico destinado a divulgar o conhecimento, se incorporará
aos poucos existentes, e com a força de entusiastas da Contabilidade de promover a socialização do
saber, tem futuro promissor e destaque entre os mais bem conceituados veículos de divulgação da
produção intelectual.
A Classe Contábil do Distrito Federal, com essa ação motivadora de instituir o Aprender
Contábil, presta um relevante e valioso serviço à sociedade, permitindo que estudantes, professores,
pesquisadores e profissionais possam divulgar seus estudos e pesquisas e contribuírem para a formação
do patrimônio cultural da sociedade.
Concluindo, agradecemos aos professores e pesquisadores que abnegadamente se colocam
à disposição do Aprender Contábil como participantes do conselho editorial, como avaliadores, como
revisores e outras atividades para que o sucesso dessa iniciativa seja coroada de êxito.
MsC. José Antonio de França
Sumário
A Ação Fiscalizadora da Entidade de Classe e a Formação dos Egressos do Curso
de Ciências Contábeis no Distrito Federal
Guilherme Toshio Nantes Nagaya
Centro Univesitário de Brasília – UniCEUB
Adoção das Normas Internacionais de Contabilidade: Nível de Conhecimento
dos Profissionais Contábeis das Micro, Pequenas e Médias Empresas de Brasília
Kalvin Martins Brito
Faculdades Integradas Unicesp – Facicesp
Análise de Conteúdos: Lei 11.638/2007 – Estudo Comparativo entre as Normas
Brasileiras de Contabilidade e as Normas Internacionais do IASB
Danielle Couto se Paiva e Jeanyne Ganho de Bittencourt
Universidade Católica de Brasília – UCB
Créditos de Carbono: Estudo exploratório sobre sua
Tributação no Mercado Brasileiro
Karla Cardoso Lima
Universidade Católica de Brasília – UCB
Finanças Comportamentais: Um Estudo sobre o Perfil Comportamental dos
Estudantes e Professores dos Cursos Ciências Contábeis e Administração da
Universidade Católica de Brasília que atuam como Investidores
Adriana Feliciano Alves
Universidade Católica de Brasília – UCB
IRFS: Contabilidade Repaginada. Impacto da Lei 11.638/07 no
Resultado das Sociedades por Ações
Verlayne de Sousa Ramiro da Silva
Faculdade Projeção
Metodologia de Custos utilizadapelo Sistema de Informações de Custos do
Governo Federal – SIC
Clayton Telles Dos Santos
Centro Universitário do Distrito Federal – UDF
Métodos de Custeio Por Absorção é Variável: Aplicação a uma Prestadorad
Serviço em Atividade Física no Distrito Federal
Silvânia Batista de Souza
Centro Universitário de Brasília – UniCEUB
O Suprimento de Fundos como um Dispositivo Legal de utilização nos Trabalhos
Realizados pelo Conselho Federal de Enfermagem
Cecília Gabrielli Silva de Albergaria
Centro Universitário de Brasília – UniCEUB
ANEXO I - RESOLUÇÃO CRC/DF NO 147/2010
ANEXO II - PORTARIA CRC/DF NO 086/201
Apresentação
Prefácio
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127
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Revista Aprender Contábil
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Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal
A evolução da tecnologia e dos procedimentos, associados às atualizações da legislação societária
e das normas da profissão contábil exigem atualização do conhecimento e ação mais eficiente
da entidade fiscalizadora. Nesse particular, o CRC/DF desempenha papel de relevância na defesa
da sociedade e preservação da credibilidade e prestígio da classe contábil, principalmente, no
desempenho do seu papel fiscalizador que coíbe práticas irregulares, aplicando punições. Esta
monografia estudou, com base nos resultados da ação fiscalizadora do CRC/DF, a relação existente
entre estas infrações, as exigências das normas que regulam o exercício da profissão e as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o curso de Ciências Contábeis que norteiam a formação dos egressos
do Curso de Graduação de Ciências Contábeis. Assim, teve como problema responder se o
conhecimento e a análise das principais incidências de infrações cometidas e das punições
atribuídas aos contabilistas registrados no CRC/DF podem contribuir com a melhoria da formação
dos egressos do Curso de Ciências Contábeis. Portanto, constituíram os objetivos do estudo
identificar essas infrações e verificar as punições aplicadas no período de 2006 a 2010, bem
como, analisar a relação com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em
Ciências Contábeis de modo a sugerir às instituições de ensino superior uma abordagem mais
incisiva e multidisciplinar de determinados aspectos e, assim, contribuir na formação de
profissionais qualificados e orientados para uma conduta ética-profissional. A metodologia
aplicada consistiu na pesquisa através de levantamento bibliográfico, estudo de artigos e de
pesquisa de campo com a coleta e análise de dados documentais oriundos de relatórios emitidos
pela Secretaria de F iscalização do CRC/DF. A primeira parte do trabalho consistiu na
contextualização do tema, abrangendo a ética, ética profissional e o Código de Ética Profissional
do Contabilista. Na segunda foram abordadas as infrações e punições autuadas pelo CRC/DF e as
Diretrizes Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Ciências Contábeis. Por fim, as
considerações finais demonstram que a análise das infrações cometidas pelos contabilistas sugere
a necessidade de aplicação da interdisciplinaridade nas metodologias pedagógicas, bem como a
importância do constante aprimoramento das práticas fiscalizatórias dos CRC ’s e da
conscientização dos egressos para a importância da ética profissional, o que somente contribuirá
com o comprometimento e credibilidade da classe contábil.
Palavras chave: Ética profissional, Código de Ética
Profissional, Infrações, Diretrizes Curriculares.
GUILHERME TOSHIO NANTES NAGAYA
R.A.: 2075902/8
Centro Universitário de Brasília – Uniceub
Faculdade de Tecnologia e Ciências Sociais Aplicadas – FATECS
Curso: Ciências Contábeis
Coordenador: Rogério Ramos Marques
Professor Orientador: João Alberto de Arruda
RESUMO
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Revista Aprender Contábil
A evolução da contabilidade e seu consequente papel de maior
relevância para a sociedade trouxeram diversas atribuições aos
contabilistas e, de forma inerente, a responsabilidade se torna cada
vez maior. Essa complexidade nos trabalhos contábeis faz com que a
cada dia os profissionais se deparem com os mais variados dilemas
de cunho ético. Tais problemas nem sempre tem a solução adequada,
muitas vezes por desconhecimento, outras por ações deliberadamente
premeditadas.
Nesse momento, surge a necessidade de fiscalização dos atos
contábeis a fim de coibir práticas irregulares, aplicando punições
exemplares, de modo a respaldar a classe contábil perante a sociedade.
Essa preocupação com o comportamento ético-profissional dos
contabilistas é conhecida desde o advento do Decreto-Lei 9.295/46
que criou o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e os Conselhos
Regionais de Contabilidade (CRC), atualizado recentemente pela Lei
12.249 de 2010.
Outro mecanismo de orientação da conduta dos contabilistas foi
a elaboração de um Código de Ética próprio através da Resolução CFC
290/70 que, devido a evolução natural, foi reeditado em 1996 através
da Resolução CFC 803/96 e atualizado pela Resolução CFC 1.307/10.
O Conselho Federal de Contabilidade e os Conselhos Regionais de
Contabilidade representam a classe contábil brasileira e são regidos
por legislação específica que os autoriza a regulamentar os atos e as
normas da profissão, dentre estas, tem como prerrogativa exercer
fiscalização sobre o trabalho desenvolvido por seus pares.
Nesse sentido, este trabalho teve por objetivo identificar as
infrações cometidas por contabilistas registrados no Conselho Regional
do Distrito Federal (CRC/DF) e verificar as punições aplicadas no
período de 2006 a 2010, e seu problema foi verificar se conhecimento
e a análise das principais incidências de infrações cometidas e das
punições atribuídas aos contabilistas registrados no CRC/DF podem
contribuir com a melhoria da formação dos egressos do Curso de
Ciências Contábeis.
Pretendeu também analisar a relação com as Diretrizes
Curriculares Nacionais para o curso de graduação em Ciências
Contábeis de modo a sugerir às instituições de ensino superior uma
abordagem mais incisiva e multidisciplinar de determinados aspectos
e, assim, contribuir na formação de profissionais qualificados e
orientados para uma conduta ética-profissional. A metodologia
utilizada consistiu na pesquisa através de levantamento bibliográfico,
estudo de artigos e de pesquisa de campo com a coleta e análise de
dados documentais oriundos de relatórios emitidos pela Secretaria
de Fiscalização do CRC/DF que abrangem o período de 2006 a 2010 e
que foram condensados em tabelas de modo a facilitar sua análise.
Os dados estavam desorganizados, apresentavam duplicidade, a
nomenclatura das infrações não estava padronizada, enfim, não
permitiam uma análise mais precisa do modo em que se encontravam.
1. INTRODUÇÃO Por isso as infrações de natureza semelhante foram agrupadas em
categorias mais genéricas, fato que reduziu o universo pesquisado em
aproximadamente 77% (de 71 para 16 tiposde infrações).
A presente monografia verificou que o conhecimento e a análise
das principais incidências de infrações cometidas e das punições
atribuídas aos contabilistas registrados no CRC/DF podem contribuir
com a melhoria da formação dos egressos do Curso de Ciências
Contábeis.
Assim, foram apresentadas sugestões de melhorias na formação
 dos acadêmicos de Ciências Contábeis para que seja possível
“conscientizar a classe contábil para exercer com dignidade e honradez
as ações profissionais” (CFC, 2003, p.9), bem como, poderá ajudar
para que futuros trabalhos na conscientização da ética na profissão e
do processo de fiscalização sejam otimizados, pois só assim teremos
contabilistas cuja conduta seja de acordo com o bem-estar da
comunidade e das instituições às quais servem.
2. ÉTICA
Antes de abordar as questões relativas à ética profissional faz-se
necessário introduzir o leitor ao tema, estabelecendo preliminarmente
conceituações e objetivos da ética propriamente dita.
De acordo com o CFC (2003, p. 9) a “palavra ética vem do grego
éthos e significa, analogamente, modo do ser ou caráter, como forma
de vida também adquirida ou conquistada pelo homem”.
O moderno dicionário da língua portuguesa Michaelis (2009)
define ética como:
1 Parte da F ilosofia que estuda os valores morais e os
princípios ideais da conduta humana. É ciência normativa que
serve de base à filosofia prática. 2 Conjunto de princípios
morais que se devem observar no exercício de uma profissão;
deontologia. 3 Med Febre lenta e contínua que acompanha
doenças crônicas. É. social: parte prática da filosofia social,
que indica as normas a que devem ajustar-se as relações entre
os diversos membros da sociedade.
Lopes de Sá (2010, p. 3) conceitua a ética como “a ciência da
conduta humana perante o ser e seus semelhantes”, ou seja, envolve
a ação do homem quanto a prática ou não do bem e seu desempenho
em relação às normas comportamentais, sob a ótica de suas intenções.
A ética também pode ser definida de forma simplificada como o
ramo da filosofia que avalia o que é moralmente bom ou mau, certo
ou errado, conduzindo a idéia de universalidade moral expressa em
princípios para todo pensamento normal e sadio (LISBOA, 1997).
Ainda na mesma corrente o CFC (2003, p. 24) estabelece que “a
ética tem como objetivo o estudo da conduta humana e a
padronização das condutas com fins de diminuir os conflitos que
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Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal
possam surgir da convivência em sociedade e no desenvolvimento
profissional”.
Lisboa conclui que o objetivo da ética constitui-se pelo estudo do
comportamento humano quando inserido em uma sociedade, tendo
por objeto o estabelecimento de níveis de convivência aceitáveis entre
os integrantes do grupo e na relação entre sociedades.
No entendimento de CHAUÍ (1995 apud CFC, 2003, p. 11):
A exis tência de um agente consciente,
reconhecendo a diferença entre os pares de
opostos, é condição sine qua non da conduta ética.
E a consciência moral não só reconhece essas
diferenças, como julga o valor dos atos e das
condutas à luz de seus valores, assumindo as
responsabilidades deles.
Assim, para uma efetiva integração nessa relação de modelos de
convivência aceitáveis, ou seja, para um estado de consciência ética
é necessário que os integrantes de tal sociedade não só aceitem os
modelos para a conduta como julguem estes como próprios (LOPES
DE SÁ, 2010).
Como não é objetivo do presente trabalho aprofundar na temática
da ética, faz- se suficiente para a contextualização do leitor o exposto
acerca de definições básicas sobre o assunto.
3. ÉTICA PROFISSIONAL E O CÓDIGO DE ÉTICA
PROFISSIONAL
A contabilidade como uma das profissões mais antigas se
desenvolveu com a sociedade moderna e se tornou uma prática
inerente ao cotidiano das empresas e das pessoas.
Por ser indispensável para as empresas e instituições foi-lhe
proporcionada uma gama enorme de responsabilidades e deveres visto
que lida diariamente com valores materiais tendo total conhecimento
dos fenômenos patrimoniais e ainda contribui para as tomadas de
decisões.
Além disso, o contabilista também tem papel nitidamente social
seja influenciando na prosperidade da empresa com consequente
progresso social e econômico, seja no campo da informação
beneficiando aqueles que necessitam de informes adequados, e ainda,
auxiliando a justiça como perito.
Do crescimento da profissão nasce a necessidade de tutela do
trabalho que se processa pelo caminho da exigência de uma ética,
imposta através dos conselhos profissionais e de agremiações
classistas (LOPES DE SÁ, 2010, p. 129).
Toda organização depende de uma disciplina comportamental e
de conduta. Assim ensina Lopes de Sá (2010, p. 127):
Cada conjunto profissional deve seguir uma ordem que
permita a evolução harmônica do trabalho de todos, a partir
da conduta de cada um, através de uma tutela no trabalho
que conduza a regulação do individualismo perante o coletivo.
Ainda conforme o mesmo autor, as associações humanas
necessitam de um equilíbrio estabelecido pela disciplina individual
de cada um de seus membros de forma que a “autonomia dos seres
se coordena na finalidade do todo”.
Essa ordem necessária para um comportamento e conduta ilibados
dos membros de uma classe é estabelecida através da normatização
da ética profissional, definida como “o conjunto de normas que
direciona a conduta dos integrantes de determinada profissão”. (CFC,
2003, p. 23)
Nesse contexto surge a necessidade do órgão da classe fiscalizar
as atividades exercidas por seus membros protegendo a sociedade
dos maus profissionais e, ainda, resguardando a imagem de toda uma
profissão.
Para Borges e Medeiros (2007, p. 64) “a ética profissional pode,
então, ser conceituada como o conjunto de condutas técnicas e sociais
exigidas por uma determinada classe aos membros que a ela são
ligados”, sendo que o comportamento condizente com as práticas
exigidas irá proporcionar ao profissional o reconhecimento de seus
pares bem como de toda a sociedade. Ainda afirmam que “a rigor,
existe, ou deveria existir, uma ética aplicada a cada atividade
profissional”.
Assim, Lopes de Sá (2010, p. 129) define o surgimento da
consciência de grupo:
[...] quase sempre, mais por interesse de defesa que por
altruísmo. Isto porque, garantida a liberdade de trabalho, se
não se regular e tutelar a conduta, o individualismo pode
transformar a vida dos profissionais em reciprocidade de
agressão.
Assim surge a figura do Código de Ética Profissional, que tem por
pressuposto regulamentar o exercício da profissão, representando um
conjunto de elementos presentes em qualquer atividade profissional,
como os deveres e regras de boa conduta de membros de determinado
grupo.
O CFC (2003, p. 24) esclarece:
Desta forma, nascem os códigos de ética profissionais, para
tentar padronizar procedimentos diante de determinadas
situações cotidianas, cujo objetivo será divulgar o senso de
justiça que todo profissional deve ser possuidor, sempre
lutando por uma sociedade mais justa.
Lisboa (1997, p. 58) conceitua um código de ética profissional
como:
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Revista Aprender Contábil
[...] uma relação das praticas de comportamento que se
espera sejam observadas no exercício da profissão [...] visam
ao bem- estar da sociedade, de forma a assegurar a lisura de
procedimentos de seus membros dentro e fora da instituição.
O mesmo autor determina que um código de ética deve abranger
ao menos quatro elementos: competência (nível de competência
técnico-profissional), sigilo (discrição, confidencialidade), integridade
(conduta e comportamento adequados) e objetividade (clareza e
relevânciadas informações).
Entretanto, para Bifi (2009, p. 20), o código de ética deve
contemplar os seguintes aspectos: especificidade (precisão,
exemplificação), publicidade (documentos públicos disponíveis a
todos), clareza (objetivos e realistas), revisão (documentos “vivos”
que precisam ser atualizados) e obrigatoriedade (é preciso que haja
alguma forma de fazer cumprir os códigos).
Assim, Bifi (2009, p. 38) espera que:
[...] um código de ética contenha parâmetros que auxiliem o
profissional em todas as etapas do processo de tomada de
decisão ética e especifique sanções que o levem a considerar
a conduta, exposta no código, diante das demais alternativas
disponíveis para o tomador de decisões.
Conforme o Conselho Federal de Contabilidade (2003, p. 21) o
Código de Ética Profissional do Contabilista (CEPC) brasileiro foi criado
em 1950 durante o V Congresso Brasileiro de Contabilidade, mas
somente em 1970 é que foi realmente efetivado através da Resolução
CFC 290/70. Em meados dos anos 90 foi editada sua segunda versão
por meio da Resolução CFC 803/96 atualizada pela Resolução CFC
1.307/10 em vigência até os dias atuais e se baseia em 4 grandes
tópicos: os deveres e proibições, honorários profissionais, deveres em
relação aos colegas de classe e infrações disciplinares.
Também existem referências aos princípios éticos em todo o texto
do CEPC, em especial no art. 2, inciso I que cita alguns, como o zelo
(empenho, cuidado e atenção), a diligência (presteza ou agilidade), a
honestidade (conduta decente e proba), a independência e a dignidade
profissionais.
Tais princípios “regem o exercício da profissão, essenciais para a
manutenção da credibilidade da classe junto à sociedade”. (Bifi, 2009,
p. 41)
Porém, mesmo com o estabelecimento de normas e condutas
através de um Código de Ética, não é possível abranger todas as
situações de dilemas éticos pelos quais se depararão o profissional
contábil. No entanto, para que este profissional consiga solucionar
seus conflitos de forma idônea é fundamental que se tenha uma
consciência ético-profissional guiada pelo bom senso de forma a
buscar não apenas seu próprio benefício, mas o bem estar de toda a
categoria profissional.
Nesse sentido, percebe-se a importância da ética profissional no
relacionamento do contabilista com clientes ou outros profissionais.
Contudo, se faz necessário certo nível de comprometimento que os
identifique como “profissionais diferenciados e que não estejam
abertos à participação ou coniventes com atos e ações reconhecidas
pela sociedade como imorais ou ilícitas”. (CFC, 2003).
Ainda sobre o tema, Alves (2007, p. 67) determina que:
[...] se o Código de Ética profissional é percebido pelo
indivíduo como guia de conduta, ele estará mais propenso a
cumprir as normas emanadas do CFC, reduzindo, dessa
forma, a possibi l idade de ocorrência de ações que
prejudiquem os diversos usuários das informações contábeis.
Além dessa predisposição para acatar as normas do Código
de Ética, fatores como religião, o nível de escolaridade, a
cultura organizacional, dentre outros, podem influenciar o
processo decisório ético do indivíduo.
É fundamental para o profissional contábil estar preparado técnica
e moralmente como bem aborda Handel (1994 apud CFC, 2003, p.
19):
Não é possível nem permissível a um profissional ter todos
os conhecimentos técnicos para exercer com maestria a
profissão contábil se este mesmo profissional não desenvolver
suas atividades baseado num comportamento ético em
relação aos demais colegas e a terceiros interessados.
O profissional de contabilidade apesar de ser influenciado pelo
poder coercitivo do código de ética profissional através de suas
sanções éticas e disciplinares, precisa alcançar uma posição superior
e, segundo Borges e Medeiros (2007, p. 64), “com a introjeção e
consequente demonstração, através de suas ações, dos seus valores
e deveres éticos pessoais e sociais”, de modo a não cometer erros
que venham a comprometer toda a imagem da categoria.
Assim, percebe-se a importância de um código de ética não
somente por sua função social através do estabelecimento de um grau
de confiança entre os usuários das informações contábeis, mas
também como orientador de conduta ética do contabilista. Nas
palavras de Lisboa (2001 apud BIFI, 2009, p. 38):
De qualquer maneira, mesmo que sofra uma série de
imperfeições, um código de ética é importante, especialmente
para servir como base para uma cultura própria para o
profissional da contabilidade. Por definir os padrões de
comportamento, o código minimiza ambiguidades, reduzindo
a intensidade dos dilemas éticos e positivamente impactando
no comportamento e no raciocínio moral do profissional de
contabilidade.
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Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal
É evidente a relevância do tema para toda a classe contábil. A ética
contábil deve estar presente no dia a dia do profissional e o código
de ética profissional, atua como instrumento normativo e serve de
guia para uma conduta moral e ética.
Por determinar os deveres e obrigações na profissão o CEPC fixa
as formas de penalidades quando transgredidos seus preceitos para
que os profissionais considerem preliminarmente as decisões ético-
profissionais que irão tomar.
As infrações decorrentes de descumprimento do CEPC e as ações
corretivas aplicadas pelos órgãos de fiscalização serão abordadas de
forma mais complexa no próximo capítulo.
4. INFRAÇÕES E PUNIÇÕES AUTUADAS PELO CRC/DF E
AS DIRETRIZES CURRICULARES NACIONAIS PARA O CURSO
DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
4.1 TIPOS DE INFRAÇÕES
Conforme o CFC (2003, p. 61) seu sistema tem aplicado ações
fiscalizatórias abrangentes, que contemplam vários programas e
critérios de fiscalização. Tal fato coloca a “profissão contábil como a
número um em matéria de fiscalização. Nenhuma outra profissão
promoveu, em todos os tempos, a quantidade de diligências de
fiscalização como a profissão contábil”.
Isso se deve ao desempenho satisfatório dos programas já que
sua atividade primordial é a fiscalização do exercício profissional,
contribuindo para o resguardo tanto da sociedade como dos membros
da própria classe.
Essa fiscalização possui amplo embasamento legal, dentre estes,
a Resolução CFC 960 de 30 de abril de 2003 que dispõe sobre o
Regulamento Geral dos Conselhos de Contabilidade e em seu capítulo
4 determina quais são as infrações passíveis de punição:
Art. 24. Constitui infração:
I – transgredir o Código de Ética Profissional;
II – exercer a profissão sem registro no CRC ou, quando
registrado, esteja impedido de fazê-lo;
III – manter ou integrar organização contábil em desacordo
com o estabelecido em ato específico do CFC;
IV – deixar o profissional ou a organização contábi l de
comunicar, ao CRC, a mudança de domicílio ou endereço, bem
como a ocorrência de outros fatos necessários ao controle e
fiscalização profissional;
V – transgredir os Princípios Fundamentais de Contabilidade
e as Normas Brasileiras de Contabilidade;
VI – manter conduta incompatível com o exercício da
profissão, desde que não previsto em outro dispositivo;
VII – fazer falsa prova de qualquer dos requisitos para registro
em CRC;
VIII – incidir em erros reiterados, evidenciando incapacidade
profissional;
IX – reter abusivamente ou extraviar livros ou documentos
contábeis que lhes tenham sido profissionalmente confiados;
X – praticar, no exercício da atividade profissional, ato que a
lei define como crime ou contravenção;
XI – praticar ato destinado a fraudar as rendas públicas;
XII – elaborar peças contábeis sem lastro em documentação
hábil e idônea;
XIII – emitir peças contábeis com valoresdivergentes dos
constantes da escrituração contábil;
XIV – deixar de apresentar prova de contratação dos serviços
profissionais, quando exigida pelo CRC, a fim de comprovar
os limites e a extensão da responsabilidade técnica perante
cliente ou empregador, ou, ainda e quando for o caso, servir
de contraprova em denúncias de concorrência desleal.
Tais infrações são fiscalizadas pelo Conselho Regional de
Contabilidade do Distrito Federal, pois conforme o art.10 do Decreto-
Lei n° 9.295/46 fazem parte das atribuições dos conselhos regionais
“examinar reclamações e representações escritas acerca dos serviços
de registro e das infrações dos dispositivos legais vigentes, relativos
ao exercício da profissão de contabilista”, bem como, “fiscalizar o
exercício das profissões de contador e guarda-livros, impedindo e
punindo infrações”.
Ademais, o trabalho de fiscalização dos CRCs poderia ter maior
efetividade com a aplicação de ações preventivas, isto é, incluindo
ações de fiscalização rotineiras e aleatórias ao invés de apenas
examinar casos em que já foram descumpridos preceitos do CEPC.
Essa ação antecipada contribuiria para um decréscimo na quantidade
de processos de infrações julgados já que possivelmente inibiria os
infratores a darem continuidade às irregularidades.
Conforme o primeiro inciso da Resolução CFC 960, também são
fiscalizadas as transgressões ao Código de Ética Profissional do
Contador descritas como deveres e proibições do profissional da
contabilidade na Resolução 803/96, in verbis:
Art. 2º São deveres do Profissional da Contabilidade:
I – exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e
capacidade técnica, observada toda a legislação vigente, em
especial aos Princípios de Contabi lidade e as Normas
Brasileiras de Contabilidade, e resguardados os interesses de
seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade
e independência profissionais;
II – guardar sigilo sobre o que souber em razão do exercício
profissional lícito, inclusive no âmbito do serviço público,
ressalvados os casos previstos em lei ou quando solicitado
por autoridades competentes, entre estas os Conselhos
Regionais de Contabilidade;
III – zelar pela sua competência exclusiva na orientação técnica
dos serviços a seu cargo;
IV – comunicar, desde logo, ao cliente ou empregador, em
documento reservado, eventual circunstância adversa que
12
Revista Aprender Contábil
possa influir na decisão daquele que lhe formular consulta
ou lhe confiar trabalho, estendendo-se a obrigação a sócios e
executores;
V – inteirar-se de todas as circunstâncias, antes de emitir
opinião sobre qualquer caso;
VI – renunciar às funções que exerce, logo que se positive
falta de confiança por parte do cliente ou empregador, a quem
deverá notificar com trinta dias de antecedência, zelando,
contudo, para que os interesse dos mesmos não sejam
prejudicados, evitando declarações públicas sobre os motivos
da renúncia;
VII – se substituído em suas funções, informar ao substituto
sobre fatos que devam chegar ao conhecimento desse, a fim
de habilitá- lo para o bom desempenho das funções a serem
exercidas;
VII I – manifestar, a qualquer tempo, a exis tência de
impedimento para o exercício da profissão;
IX – ser solidário com os movimentos de defesa da dignidade
profissional, seja propugnando por remuneração condigna,
seja zelando por condições de trabalho compatíveis com o
exercício ético-profissional da Contabil idade e seu
aprimoramento técnico.
X – cumprir os Programas Obrigatórios de Educação
Continuada estabelecidos pelo CFC;
(Criado pelo Art. 5º, da Resolução CFC nº 1.307/10, de
09/12/2010)
XI – comunicar, ao CRC, a mudança de seu domicílio ou
endereço e da organização contábil de sua responsabilidade,
bem como a ocorrência de outros fatos necessários ao
controle e fiscalização profissional.
(Criado pelo Art. 6º, da Resolução CFC nº 1.307/10, de
09/12/2010)
XII – auxiliar a fiscalização do exercício profissional.
(Criado pelo Art. 7º, da Resolução CFC nº 1.307/10, de
09/12/2010).
4.2 INFRAÇÕES AUTUADAS PELO CRC/DF
Dados extraídos dos relatórios emitidos pela Secretaria de
Fiscalização do CRC/DF foram condensados e reclassificados de acordo
com o padrão de classificação utilizado pelo Conselho Regional
Contábil do Rio Grande do Sul (CRC/RS) com algumas alterações.
As infrações a seguir englobam o período de 2006 a 2010 e foram
distribuídas em uma única tabela de modo a facilitar sua visualização
e análise.
Tabela 1:
Quantidade de infrações autuadas pelo CRC/DF entre 2006 e 2010.
Tipos de Infrações 2006 2007 2008 2009 2010 Total (%)
Apropriação indébita
Deixar de apresentar
plano de ação/
revisão/ análise de
procedimentos de
auditoria
Deixar de elaborar
contratos de
prestação de serviços
Deixar de elaborar
escrituração contábil
Emissão de decores
com valores
divergentes / sem
base legal
Exercício da profissão
contábil com registro
baixado, vencido ou
suspenso
Exercício da profissão
contábil sem registro
Exercício ilegal da
profissão – leigos
Incapacidade técnica
Inexecução de
serviços
Irregularidades de
registro cadastral de
sociedade e escritório
individual
Irregularidades
relativas as NBCs
Prática de atos
irregulares/
adulteração ou
manipulação de
documentos
Profissionais que
respondem por
sociedades de forma
irregular
Retenção de livros e
documentos de
clientes
Descumprimento do
CEPC – Outros
Total de infrações
(%)
0 3 1 0 0 4 0,22
2 3 4 5 14 28 1,57
4 6 10 5 6 31 1,73
15 24 37 21 27 124 6,94
87 119 118 78 133 535 29,94
2 5 11 13 4 35 1,96
4 3 30 140 1 178 9,96
1 9 22 7 8 47 2,63
1 13 1 4 5 24 1,34
2 15 6 11 1 35 1,96
10 16 8 17 53 104 5,82
1 4 0 6 0 11 0,62
4 5 3 2 0 14 0,78
10 18 109 61 50 248 13,88
2 10 1 7 0 20 1,12
18 19 49 57 206 349 19,53
163 272 410 434 508 1787 100
9 15 23 24 29 100 ----
Fonte: Relatório do CRC/DF com adaptações.
13
Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal
Foram agrupadas as infrações de natureza semelhante em grupos
mais abrangentes, fato que reduziu o universo em aproximadamente
77% (de 71 tipos de infrações para 16).
Algumas classes retratam apenas a penalidade descrita, a saber:
apropriação indébita; deixar de elaborar contratos de prestação de
serviços; exercício da profissão com registro baixado, vencido ou
suspenso; exercício i legal da profissão; incapacidade técnica;
inexecução de serviços; retenção de livros e documentos de clientes.
Outros casos exemplificam situação contrária a anterior e mesmo
com a aglomeração de muitas infrações em uma classe mais genérica,
ainda assim não totalizam percentual relevante no total de infrações.
Pertencem a esse grupo as seguintes infrações: “deixar de apresentar
plano de ação / revisão / análise de procedimentos de auditoria” e
“ irregularidades de registro cadastral de sociedade e escritório
individual”
A primeira merece atenção já que engloba 7 infrações distintas
como “emissão de pareceres sem papéis de trabalho”, “recusar
apresentar estes a fiscalização do CRC” e “falta de apresentação de
carta de responsabilidade da administração para comprovação da
evidencia dos trabalhos”, e, apesar disso, correspondem a apenas
1,57% do total. Porém entre 2006 e 2010 este item vem apresentando
uma variação crescente constante, chegando ao último ano analisado
com 14 incidências, que corresponde a 7 vezes do ocorrido em 2006.
O segundo grupo possui 6 infrações em seu rol (sociedade
sem registro cadastral, escritório individual sem registro cadastral,entre outros.) e contribui com 5,82% do total.
Percebem-se ainda algumas situações que embora haja alguma
aglomeração de infrações o percentual em relação à totalidade é
irrelevante, isto se não levarmos em consideração sobre a gravidade
dos atos praticados. São os casos de “irregularidades relativas as NBCs”
com 0,62%; e “prática de atos irregulares / adulteração ou
manipulação de documentos” com 0,78%.
Importante ressalvar que há um crescimento relevante no
total de infrações autuadas pelo CRC/DF, com 163 autuações em
2006 chegando a 508 em 2010, o que representa uma variação de
211,66%, perfazendo um total de 1787 casos no período.
4.3 AS 5 INFRAÇÕES COM MAIOR INCIDÊNCIA E AS DIRETRIZES
CURRICULARES NACIONAIS PARA O CURSO DE GRADUAÇÃO EM
CIÊNCIAS CONTÁBEIS
Foram extraídas da tabela 1, as 5 infrações com maior incidência
no período analisado, que correspondem a 80% do total e estão
dispostas no gráfico a seguir.
Principais Infrações - CRC/DF
250
200
150
100
50
0
2006 2007 2008 2009 2010
Emissão de decores com valo-
res divergentes/ sem base legal
Exercício da profissão contábil
sem registro
Profissionais que respondem
por sociedade de forma irregu-
lar
x x
x
x
x
x Descumprimento do CEPC - ou-
tros
* *
*
* *
* Deixar de elaborar escrituração
contábil
Fonte: Elaborado pelo autor.
Pela relevância no quantitativo total de infrações cometidas no
período de 2006 a 2010, cada uma das 5 infrações dispostas no gráfico
será analisada individualmente.
O Conselho Nacional de Educação (CNE) através da Resolução CNE/
CES 10, de 16 de dezembro de 2004 instituiu as Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Curso de Ciências Contábeis, obrigatórias para as
Instituições de Educação Superior, que englobam exigências relativas
ao objetivo do curso, perfil dos egressos, projeto pedagógico,
organização curricular, e ainda, capacitação, competências e
habilidades do futuro contabilista.
Em seu art. 4º estabeleceu que o curso de Ciências Contábeis deve
formar profissionais com ao menos as seguintes competências e
habilidades:
I - utilizar adequadamente a terminologia e a linguagem
das Ciências Contábeis e Atuariais;
II - demonstrar visão sistêmica e interdisciplinar da
atividade contábil;
III - elaborar pareceres e relatórios que contribuam para o
desempenho eficiente e eficaz de seus usuários, quaisquer
que sejam os modelos organizacionais;
IV - aplicar adequadamente a legislação inerente às funções
contábeis;
V - desenvolver, com motivação e através de permanente
articulação, a liderança entre equipes multidisciplinares
para a captação de insumos necessários aos controles
técnicos, à geração e disseminação de informações contábeis,
com reconhecido nível de precisão;
VI - exercer suas responsabilidades com o expressivo domínio
das funções contábeis, incluindo noções de atividades
atuariais e de quantificações de informações financeiras,
patrimoniais e governamentais, que viabilizem aos agentes
econômicos e aos administradores de qualquer segmento
produtivo ou institucional o pleno cumprimento de seus
encargos quanto ao gerenciamento, aos controles e à
prestação de contas de sua gestão perante à sociedade,
gerando também informações para a tomada de decisão,
organização de atitudes e construção de valores orientados
para a cidadania;
VII - desenvolver, analisar e implantar sistemas de informação
contábil e de controle gerencial, revelando capacidade crítico
analítica para avaliar as implicações organizacionais com a
tecnologia da informação;
14
Revista Aprender Contábil
VIII - exercer com ética e proficiência as atribuições e
prerrogativas que lhe são prescritas através da legislação
específica, revelando domínios adequados aos diferentes
modelos organizacionais.
Assim, a interpretação dos dados de destaque no gráfico, bem
como, a observação das diretrizes e princípios instituídos pelo CNE
permitem observar que:
1) O item “Deixar de elaborar escrituração contábil”: apresenta
pouca variação durante o período chegando ao máximo de 37
incidências em 2008. Porém, apesar de corresponder com uma parcela
de 6,94% do total, sinaliza para nossa atenção, pois é uma premissa
fundamental na prestação de serviços contábeis, isto é, a essência do
exercício profissional do contabilista.
Essa infração deriva do descumprimento de preceitos da
contabilidade estabelecidos em sua formação básica. Tal profissional
não atende a supracitada resolução em seu art. 4 inciso VI no que
tange a possuir o “expressivo domínio das funções contábeis” ou, na
pior das hipóteses, pode ter agido de má-fé.
Além disso, o infrator também fere preceitos acerca das atribuições
profissionais que são reguladas pelo Decreto 9295/46, em especial ao
art. 25 alínea b:
Art. 25. São considerados trabalhos técnicos de contabilidade:
b) escrituração dos livros de contabilidade obrigatórios, bem
como de todos os necessários no conjunto da organização
contábi l e levantamento dos respectivos balanços e
demonstrações;
2) O item “Emissão de decores com valores divergentes / sem base
legal”: estão incluídas nessa classificação diversas ocorrências, tais
como: beneficiário da DECORE firmada sem documento em base hábil
e legal; profissional da Contabi l idade que f irma declaração
comprobatória de percepção de rendimentos sem base legal;
apresentando valores divergentes, etc.
É a categoria que mais contribui para o montante com 29,94%, e
mesmo tendo apresentado uma queda até 2009, teve um aumento
substancial em 2010 com 133 infrações.
Este caso se encaixa perfeitamente na descrição do inciso IV da
resolução que determina a aplicação adequada da legislação inerente
às funções contábeis e fica evidente o descumprimento do disposto.
Essa situação implica na necessidade de maior rigor por parte do
CRC/DF tanto nos critérios de fiscalização e de punição aplicados aos
infratores.
3) O item “Exercício da profissão contábil sem registro”: no período
analisado, tem baixa incidência, com exceção para o ano de 2009 em
que foram emitidas expressivas 140 infrações. A maioria dessas
infrações se refere exatamente a “diplomado sem registro no CRC” e
alguns casos são relativos a “profissional de contabilidade sem registro
secundário”, que se torna obrigatório quando o profissional atua em
jurisdição diversa daquela onde possui o registro originário.
O art. 12 do Decreto-lei 9.295/46 determina que somente poderão
exercer a profissão os profissionais devidamente habilitados, ou seja,
aqueles que possuem o diploma de conclusão do curso de Bacharelado
em Ciências Contábeis, obtêm aprovação em exame de suficiência
(alteração dada pelo art. 76 da lei 12.249 de 11 de junho de 2010) e
realizam registro no Conselho Regional de Contabilidade a que
estiverem sujeitos.
Para reafirmar tal premissa, o Decreto-lei 9.295/46 estabelece
novamente a obrigatoriedade do registro no Conselho Regional no
art.20:
Art. 20. Todo aquele que, mediante anúncios, placas, cartões
comerciais, ou outros meios, se propuser ao exercício da
profissão de contabilista, em qualquer de seus ramos, fica
sujeito às penalidades aplicáveis ao exercício ilegal da
profissão, se não estiver devidamente registrado.
Parágrafo único. Para f ins de f iscal ização, f icam os
profissionais obrigados a declarar, em todo e qualquer
trabalho realizado e nos elementos previstos neste artigo, a
sua categoria profissional de contador ou guarda-livros, bem
como o número de seu registro no Conselho Regional.
Nessa situação, denota-se uma falta gravíssima, pois apesar de
serem profissionais formados, estes não estão habilitados a exercer
quaisquer das capacidadese competências prescritas no art. 4 da
Resolução CNE/CES 10, de 16 de Dezembro de 2004.
O estabelecimento de programas pelo CRC/DF em convênio com
as instituições de ensino superior possivelmente influenciaria na
redução nos números observados dessa ocorrência. A abordagem
através de campanhas de esclarecimento com palestras, cursos,
congressos, workshops, entre outros, pode implicar no conhecimento
e fixação de matéria essencial para o exercício da profissão.
4) O item “Profissionais que respondem por sociedades de forma
irregular”: de 2006 a 2008 cresceu vertiginosamente passando de 10
para 109 incidências. Porém em 2010 houve uma redução para 50
casos (45,87% do total em 2008).
Abrange os casos em que as sociedades são compostas por
contabilistas suspensos, com registro baixado, registro provisório
vencido, entre outros. Compartilha da mesma observação, do item
anterior, já que a baixa, vencimento ou suspensão do registro
desabilita o profissional a atuar no mercado.
Também sinaliza para aprimoramento e modernização dos
procedimentos de fiscalização do CRC/DF, de modo a tornar o processo
cada vez mais eficiente.
5) O item “Descumprimento do CEP – Outros”: é a categoria
na qual está inserida a maior quantidade de tipos de infrações. São
casos expressamente dispostos no CEPC como: falta de zelo, mudança
de domicil io ou endereço sem comunicação, aviltamento de
15
Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal
honorários e concorrência desleal, assinatura de documentos ou peças
contábeis elaborados por outrem, perito contador ou perito contador
assistente desempenhando esta função quando deveria declarar-se
impedido, entre outras. Todas estas infrações éticas correspondem a
19,53% do total e percebe-se uma variação crescente, constante no
período com a autuação de 18 infrações em 2006 chegando a
agravantes 206 em 2010.
Esse aspecto é destacado na Resolução CNE/CES 10/04 do em seu
art.4, inciso VII, que preconiza o exercício da ética e proficiência as
atribuições e prerrogativas que lhe são prescritas.
Infere-se que há necessidade de maior abrangência do tema ética
por parte das instituições de ensino. Cabe a estas não se restringirem
à carga horária estabelecida para tal disciplina, mas sim, aplicar o
conceito de interdisciplinaridade de modo a garantir que o formando
realmente absorva os princípios da boa conduta profissional.
4.3 PUNIÇÕES APLICADAS AOS CONTABILISTAS
O Decreto-lei 9295/46 determina que o CFC seja o responsável por
fiscalizar a prática de seus tutelados, e, consequentemente, de aplicar
punições àqueles que realizarem atos que contrariem as normas de
conduta estabelecidas pela classe profissional.
Diante disso, o CEPC e Resolução CFC 1.309/10 estabelecem as
penalidades para quem transgride os preceitos contidos no código,
sendo que tais penas são aplicadas de acordo com a gravidade da
infração.
Para Bifi (2009, p. 62) as penas podem ser divididas em dois grupos:
1) Disciplinares: multas e suspensão, e;
2) Éticas: Multa, suspensão, advertência reservada, censura
reservada e censura pública.
De acordo com o CFC (2003, p. 61) o processo ético-disciplinar
percorre o seguinte caminho:
As faltas apuradas no decorrer do trabalho darão origem,
inicialmente, aos autos de infrações, depois aos processos
éticos, quando as faltas forem dessa natureza, e/ou a
processos disciplinares, nos casos de descumprimento de
formalidades diversas.
Assim, a tabela abaixo demonstra o resultado do processo de
apuração das infrações cometidas pelos contabilistas.
Tabela 2:
Quantidade de punições julgadas na plenária pelo CRC/DF no período
de 2006 a 2010:
Penalidades 2006 2007 2008 2009 2010 Total (%)
Multa 16 102 126 136 164 544 54,84
Advertência reservada 8 65 86 88 80 327 32,97
Censura reservada 4 24 29 11 22 90 9,07
Censura pública 1 5 1 5 3 15 1,51
Suspensão 1 3 5 3 4 16 1,61
Total 30 199 247 243 273 992 100
(%) 3,02 20,06 24,90 24,50 27,52 100 ——
Fonte: Relatório do CRC/DF com adaptações.
O quadro foi consolidado apenas com dados dos processos
julgados pela plenária do CRC/DF devido à falta de informações sobre
as penalidades aplicadas nos processos julgados nas câmaras.
Assim, há uma distorção entre o total de infrações auferidas pelo CRC/
DF e o total de punições aplicadas já que para as 1787 infrações autuadas
(tabela 1) observamos apenas 992 punições aplicadas (tabela 2).
Isso se deve por não ter sido feita a contabilização dos processos
julgados apenas pela câmara, conforme exposto anteriormente,
tampouco os arquivamentos ocorridos e ainda pela possibilidade de
serem aplicadas penas cumulativas como, por exemplo, multa e
advertência reservada, fato que também causaria alterações na
quantidade de punições.
Além disso, deve-se levar em consideração que o ano da prática
da infração não será necessariamente o mesmo ano do julgamento
desta.
Esse capítulo tem característica meramente ilustrativa, como
forma apenas de demonstrar através de estatísticas todo o processo
ético-disciplinar no âmbito dos Conselhos Regionais de Contabilidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A profissão contábil está em constante crescimento tanto na
quantidade de formandos lançados no mercado de trabalho como no
seu grau de relevância para a sociedade.
Assim, a promoção da categoria para um patamar de alta
confiabilidade ética e qualidade dos serviços prestados ocorrerá
principalmente com a observação de dois aspectos: controle e
fiscalização da profissão e o constante aprimoramento na formação
de novos profissionais.
Para tanto, se faz necessário que os CRCs tenham amplo
conhecimento das situações de regularidade e irregularidade que
existam ou possam vir a existir, o que ocorrerá com a capacitação e
modernização dos meios de fiscalização.
O conhecimento dessas informações é de extrema importância
para que se possa utilizá-las nos diferentes programas de ação da
entidade: seja fiscalização, orientação, discussão, inclusão das
instituições de ensino superior no processo, entre outros.
Este trabalho alcançou seus objetivos ao verificar as infrações
cometidas por contabilistas registrados no CRC/DF no período de
16
Revista Aprender Contábil
2006 a 2010 e associá-los às exigências das normas que regulam o
exercício da profissão contábil e das Diretrizes Curriculares Nacionais
para o curso de graduação em Ciências Contábeis estabelecendo
hipóteses de relações entre estas e sugestões para a formação de
contadores pautados pelo profissionalismo e conduta ética.
O levantamento de dados realizado junto ao CRC/DF permitiu
quantificar e qualificar as infrações cometidas por contabilistas entre
2006 e 2010.
O referencial teórico abordou a ética e a ética profissional com
destaque para o código de ética profissional, pois a maioria das
infrações averiguadas é de natureza ética ou ao menos possuem
ligações com a temática.
Após a exposição teórica, se tornou viável a análise dos dados
enviados pelo CRC/DF, o que possibilitou ao estudo uma
aproximação entre teoria e realidade. Porém, as dificuldades
encontradas na classificação das infrações por parte do CRC/DF
sugerem melhorias no processo de fiscalização, o que poderia ser feito
através da constituição de grupos de estudos permanentes incumbidos
de sugerir reformulações das discriminações das infrações de modo a
uniformizar e unificar aquelas que são similares ou equivalentes.
Quanto à observação das Diretrizes Curriculares Nacionais para o
curso de Ciências Contábeis, obrigatórias para as Instituições de
Educação Superior, no contexto das infrações cometidas por
contabilistas no âmbito do DF, denota-se a necessidade de utilizaçãode metodologias pedagógicas mais eficientes, para que os egressos
realmente percebam a necessidade e a importância de uma atuação
digna e ética no mercado de trabalho.
As instituições de ensino poderiam despertar maior atenção dos
discentes para a importância do CEPC e o trabalho de fiscalização dos
CRCs com a utilização de exemplos reais no conteúdo ministrado em
sala de aula. Esse entrelaçamento entre teoria e prática seria benéfico
a todos e tais situações reais poderiam ser disponibilizadas através
de convênios estabelecidos entre as instituições de ensino superior e
a entidade fiscalizadora mediante o compromisso de sigilo na
identificação dos infratores envolvidos nos processos.
Outra forma de realizar uma “fiscalização preventiva” é a
conscientização de contabilistas através de programas de educação
continuada, o que contribui também, para a valorização profissional.
Este estudo demonstra um panorama das infrações cometidas por
contabilistas no DF e sugestões de melhorias aliadas ao ensino
superior. Assim, poderá ajudar para que futuros trabalhos na
conscientização da ética na profissão e do processo de fiscalização
sejam otimizados, pois só assim teremos contabilistas cuja conduta
seja de acordo com o bem-estar da comunidade e das instituições às
quais servem.
Portanto, para o aumento do prestígio e credibilidade da profissão
é fundamental observar os preceitos éticos, e para tanto se faz
necessário a inserção dessa fi losofia na formação de futuros
contabilistas.
17
Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal
ALVES, Francisco José dos Santos et al. Um estudo empírico sobre a importância do código de ética profissional para o contabilista.
Revista Contabilidade & Finanças – USP, São Paulo, Edição 30 anos de doutorado, p. 58-68, jun 2007. Disponível em: <http://
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BIFI, Cláudio Rafael: Penalidades aplicadas aos contabilistas infratores reincidentes ao Código de Ética do Contabilista do Estado de São
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CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Abordagens éticas para o profissional contábil. Brasília: CFC, 2003.
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REFERÊNCIAS
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Revista Aprender Contábil
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Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal
KALVIN MARTINS BRITO
Instituto Científico de Ensino Superior e Pesquisa – Unicesp/Soebras
Curso: Ciências Contábeis
Coordenador: Manoel Teles Menezes Neto
Professor Orientador: Alexandre Fernandes Braga
RESUMO
A globalização e a internacionalização dos mercados financeiros, trouxeram a necessidade da
padronização das práticas contábeis entre as diversas nações ao redor do mundo. Essas práticas
foram denominadas de “Normas Internacionais de Contabilidade”, emitidas inicialmente pelo
IASC – International Accounting Standards Committee, por meio de pronunciamentos chamados
de IAS – Insternational Accounting Satandards. Em 2001, o IASC foi substituído pelo IASB –
International Accounting Standards Board, que passou a emitir pronunciamentos chamados de
IFRS – Internacional Financial Reporting Standards. No Brasil, o processo de convergência tem
como órgão centralizador e responsável por interpretar e traduzir as normas internacionais o
CPC – Comitê de Pronunciamentos Contábeis. As normas traduzidas por este órgão –
Pronunciamentos Técnicos CPC – formam o arcabouço das práticas contábeis a serem adotadas
no país a partir do ano base de 2010. Nesse sentido, o Brasil vem se adequando às mudanças no
cenário econômico mundial quanto à harmonização das normas de contabilidade. Essa
harmonização traz consigo algumas dificuldades, principalmente em relação à capacitação de
profissionais, às diferenças culturais e ao próprio sistema jurídico (o qual é baseado em leis). As
normas implicam na aplicação da essência econômica das transações contábeis em detrimento
à sua forma jurídica, o que torna a prática contábil mais subjetiva, onde o julgamento e a
interpretação do profissional passam a ser relevantes na decisão, demonstrando mais uma vez a
importância da reciclagem e preparação de profissionais contábeis para a elaboração e
apresentação das demonstrações contábeis das entidades. Desse modo, o trabalho buscou
analisar o nível de conhecimento e preparação dos profissionais contábeis responsáveis pela
contabilidade das micro, pequenas e médias empresas de Brasília quanto à adoção do
Pronunciamento Técnico CPC PME – Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas.
Palavras-Chave: Contabilidade; Normas
Internacionais de Contabilidade; Harmonização;
Padronização; Práticas Contábeis.20
Revista Aprender Contábil
1. INTRODUÇÃO
O Banco Central (BACEN), a partir de 2005, passou a elaborar e
divulgar suas demonstrações contábeis adotando as normas
internacionais de contabilidade (NICs). Em 2007, a Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) e o Conselho Monetário Nacional (CMN),
determinaram que a partir do ano base 2010 as empresas de capital
aberto também deveriam elaborar e divulgar suas demonstrações
contábeis de acordo com o esse padrão internacional.
Em 28 de dezembro de 2007, foi promulgada a Lei n.º 11.638, que
em geral, fez com que o Brasil fosse introduzido em um novo cenário:
o das normas internacionais de contabilidade. Após essa lei, as
empresas de grande porte e as demais empresas constituídas sob a
forma de Sociedade Anônima passaram a ser obrigadas a divulgar suas
informações financeiras e patrimoniais em normas internacionais de
contabilidade.
Assim, todas as empresas que possuem ações negociadas em
bolsas de valo- res, seguradoras, instituições financeiras, sociedades
anônimas, e empresas de grande porte deverão adotar o padrão
internacional de contabilidade até o ano base de 2010.
A partir de então, e como as normas internacionais é um assunto
latente no cenário econômico mundial e no dia a dia das grandes
companhias, as demais empresas estão começando a observar e se
adaptar ao novo cenário, como é o caso das sociedades anônimas de
capital fechado, e especialmente das micro, pequenas e médias
empresas (MPMEs). Tendo em vista que o mercado financeiro tem
exigido cada vez mais transparência das entidades, a título de
exemplificação, as instituições financeiras para concessão de crédito
exigem que a empresa tomadora tenha suas demonstrações
financeiras no padrão adotado atualmente, caso a empresa não as
tenha, as taxas de juros cobradas são elevadas e a concessão pode
até mesmo ser negada pela instituição.
O padrão internacional de contabilidade é dado por meio das IFRS
– Inter- nacional Financial Reporting Standards – que no Brasil são
traduzidas, interpretadas e divulgadas em forma de pronunciamentos
pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Este comitê é um
importante órgão para esta convergência dos padrões de contabilidade
brasileiros aos internacionais como constatado na revista KPMG
Business Magazine 18 (2010):
Desde que o Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC)
passou a emitir as orientações que devem guiar o processo
de convergência da contabilidade realizada no Brasil rumo às
normas internacionais (IFRS), teve início uma verdadeira
revolução na forma como as empresas efetuam sua
contabi l idade. Não restam dúvidas de que, além de
necessária, a conversão às IFRS vai melhorar
consideravelmente a transparência e a comparabilidade entre
diferentes companhias. E, com isso, ganha a economia como
um todo, ganha a sociedade.
Em dezembro de 2009, este comitê emitiu o pronunciamento CPC-
PME, instituído pela Resolução CFC 1.255 e pela NBC T 19.41, com
vigência a partir do ano de 2010. Assim, todas as empresas
consideradas Pequenas e Médias passaram a ter de adotar a NBC T
19.41. Para tanto, a aplicação da norma internacional para PMEs
implica na capacitação dos profissionais que serão responsáveis pela
elaboração e divulgação das demonstrações financeiras com suas
respectivas notas explicativas.
1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA
Tendo em vista toda a discussão em torno da convergência às
normas internacionais e a obrigatoriedade de sua adoção, a partir do
ano base de 2010, chega-se a seguinte questão: qual é o nível de
conhecimento e de preparação dos profissionais contábeis
responsáveis pelas micro, pequenas e médias empresas de Brasília,
para que estas se adéqüem ao padrão internacional de contabilidade?
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 OBJETIVO GERAL
Analisar o nível de conhecimento e de preparação dos profissionais
contábeis, em Brasília, responsáveis pelas micro, pequenas e médias
empresas (MPMEs) para adoção das normas internacionais de
contabilidade.
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Para viabilizar o alcance do objetivo geral estabelecido, foram
definidos os seguintes objetivos específicos:
I) Verificar a obrigatoriedade legal para adoção das normas
internacionais de contabilidade para MPMEs;
II) Entender a evolução das empresas e da contabilidade;
III) Entender as novas práticas contábeis para MPMEs;
IV) Evidenciar as ações e participações dos profissionais contábeis
das MPMEs.
Existe um interesse muito grande dos profissionais ligados à
contabilidade, na matéria relacionada com as normas internacionais,
uma vez que a tendência é de que as empresas, em geral, adotem o
novo modelo proposto pelas normas, principalmente porque as
empresas brasileiras muitas vezes, com capacidade para expandir sua
atuação e de exportar bens e serviços, esbarravam no nível de
comparabilidade de suas demonstrações contábeis com outros países,
1.3 JUSTIFICATIVA
21
Conselho Regional de Contabilidade do Distrito Federal
dificultando o acesso ao mercado internacional. E isso não é um fator
exclusivo para as empresas brasileiras, a adoção das normas é uma
tendência do mercado internacional como um todo, uma vez que as
práticas contábeis serão harmonizadas possibi l itando a
comparabilidade das práticas adotadas em todo o mundo.
A proposta do tema é importante no contexto atual, visto que a
adoção das normas internacionais será obrigatória a partir deste ano,
não somente para as grandes corporações e empresas de grande porte
como também para as demais empresas, assim as pesquisas
relacionadas a este cenário se fazem necessárias para aprofundar o
entendimento sobre as novas práticas contábeis em termos globais e
também pelo aspecto de que existem poucos estudos voltados a este
tema.
Essa pesquisa está voltada para a adoção dessas normas pelas
micro, pequenas e médias empresas, uma vez que existem poucos
estudos nesta área, principalmente quando se trata de normas
internacionais de contabilidade, pois essas empresas têm grande
importância na economia participando com 20% no PIB e gerando
empregos e renda.
Logo, o estudo em questão é importante para o entendimento
dos propósitos da adoção das referidas normas e evidenciar o nível
de conhecimento e preparação dos profissionais contábeis das micro,
pequenas e médias empresas nessa mudança. Ademais, a pesquisa
contribuirá para os estudos realizados na área contábil, mais
especif icamente no que tange as normas internacionais de
contabilidade e sua adoção no Brasil.
1.4 ESTRUTURA DO TRABALHO
Este trabalho está dividido em seis capítulos, incluindo esta
Introdução. No segundo capítulo são apresentadas as questões que
levaram à evolução das empresas no tempo em relação ao
desenvolvimento da Contabilidade como matéria científica, até a
contextualização da convergência das práticas contábeis às
internacionais.
O capítulo 3 apresenta as definições de pequenas e médias
empresas, a visão do cenário econômico dessas empresas no Brasil e
a adoção do Pronunciamento Técnico CPC PME – Contabilidade para
Pequenas e Médias Empresas.
O quarto capítulo trata da metodologia de pesquisa abordada, que
implicaram nas análises e nos resultados apresentados no capítulo 5,
que são em relação ao nível de conhecimento e preparação dos
profissionais contábeis responsáveis pela contabilidade de micro,
pequenas e médias empresas em Brasília.
O capítulo 6 apresenta as considerações finais do trabalho,
inclusive com a indicação para elaboração de trabalhos posteriores
no meio acadêmico.
2. A EVOLUÇÃO DA EMPRESA E DA CONTABILIDADE
2.1 ANTECEDENTES HISTÓRICOS
De forma geral, há relatos de que a Contabilidade surgiu entre os
anos 6.000 e 4.000 a.C.. Nessa época, os processos de controlesencontrados foram, basicamente, inventários de mercadorias,
identificação de posse e definição de valores como base de troca, ainda
assim não poderiam ser considerados como um sistema contábil
(LOPES et. al., 2009).
No processo evolutivo da contabilidade, a partir do século XIII,
surge a figura do Frei Luca Pacioli, que publicou a obra intitulada de
Summa de Arithmetica, Geometrica, Proportioni et Proportionalita, a
qual tratava principalmente de matemática, com um capítulo exclusivo
para tratar do método das partidas dobradas, o Particularis de
Computis et Escripturis (LOPES, et al., 2009).
Como conseqüência dessa divulgação veio a necessidade do Livro
Razão, do qual segundo Luca Pacioli, apud Hendriksen e Van Breda
(1999, p. 39):
[....] no encerramento do período deve-se somar todos os
débitos e colocar no lado esquerdo, somar todos os créditos
e colocá-los do lado direito, depois fazer nova soma dos
valores para se certificar se os totais dos débitos estão iguais
ao dos créditos, caso estejam iguais, é sinal que o Razão terá
sido bem mantido, sendo isso fundamental para um bom
comerciante. Caso contrário, não sendo um bom contador em
seus negócios, andará como um cego, e muitas perdas
poderão ocorrer.
Segundo Iudícibus (2004), Pacioli foi “provavelmente o primeiro a
dar uma exposição completa e com muitos detalhes, ainda hoje atuais,
da Contabilidade”.
Nesse sentido, afirmam Iudicíbus (2000) e Hendriksen e Van Breda
(1999), que a Contabilidade tornou-se, realmente, uma disciplina no
renascimento italiano, principalmente nas cidades de Veneza, Gênova,
Florença, Pisa entre outras, pois estas cidades eram a vanguarda do
comércio e da indústria.
Colaborando com essa idéia, Lopes et al. (2009) diz que esse
“parece ser o marco para a Contabilidade como modelo de controle
sistematizado, permitindo, inclusive, a avaliação do estado do
patrimônio dos empreendimentos”.
Nesse período, a disciplina passa a ter sua evolução contada a
partir das “escolas do pensamento contábil”, que se formaram da
busca constante de que a Contabilidade se tornasse objeto de estudo
e também, segundo Herrmann Júnior (1996) apud Lopes et. al. (2009),
para resolver a questão de uma definição cientí f ica pra a
Contabilidade.
Considera-se como sendo a primeira escola do pensamento
contábil a Escola Contista que, em linhas gerais, Schmidt (2008) apud
22
Revista Aprender Contábil
Lopes et al. (2009) afirma que “a contabilidade deveria se preocupar
especialmente com o processo de escrituração e com as técnicas de
registro através do sistema de contas”.
Ademais essa escola teve como contribuição principal a
personificação das contas propostas por Edmundo Degrange, em que
os créditos e débitos eram pertencentes ao próprio comerciante, e
que resistiu mesmo diante da não aceitação geral, com os princípios
do dever e do haver.
Surge, então, a Escola Personalista com os principais nomes sendo:
Francesco Marchi; Giusepe Cerboni1; e Giovani Rossi. Como na escola
anterior não era justificada a relação econômica e jurídica da sua
abordagem, os pensadores dessa escola fundamentaram-se na figura
de um gestor, que era responsável por todo o patrimônio da Entidade.
Para isso, segundo Lopes et al. (2009), Marchi dividiu sua teoria em
três grupos:
1. contas do proprietário: Capital, Lucro e Perdas. A conta
de Lucro e Perdas compreendia as contas de Receitas e as
contas de Despesas;
2. contas dos agentes consignatários: Dinheiro, Mercadorias,
os Bens Móveis etc.;
3. contas de correspondentes: devedores e credores. Estas
contas representavam as relações com terceiros (grifos do
autor).
Giusepe Cerboni, com base na personificação das contas proposta
por Marchi, estabeleceu as re lações jurídicas envolvendo o
proprietário, os agentes e os correspondentes, a partir da idéia de
que havia direitos e obrigações de uns para com outros e que essas
eram registradas em contas que compunham o Balanço Patrimonial.
Porém, sua maior contribuição para a escola foi na criação da
metodologia logismográfica ou simplesmente escrituração das contas,
com foco voltado principalmente para os Balanços: Patrimonial e
Econômico.
A Escola Neocontista ou Controlista possuía uma abordagem
racional e positivista, defendida principalmente por Fábio Besta, que
não era a favor de Cerboni. Nessa escola o foco é no controle da
riqueza patrimonial da entidade por meio de controles com funções
particulares, porém agindo de maneira integrada. Para melhor
entendimento de seu estudo, Besta dividiu as contas em dois grupos
distintos: principais, que correspondiam aos bens patrimoniais; e
derivados, que eram relativas ao patrimônio liquido e suas variações.
Os princípios dessa escola contábil perderam força depois que
surgiu a idéia de unidade de gestão, que trazia consigo o conceito de
aziendalismo2, defendida por Gino Zapa, constituindo assim uma nova
escola.
Segundo Iudícibus (2004, p. 37), a escola aziendalista afirmava que
a Contabilidade era um componente básico para a gestão, e também
um dos principais. Para Lopes et al. (2009) o campo de pesquisa
nessa escola, era direcionado para os aspectos de organização e
administração.
Como principal nome, Zapa observou que havia uma relação entre
a Organização, a Administração e a Contabilidade, que se referia
basicamente ao estudo econômico da gestão patrimonial e financeira
das entidades. Seus estudos foram de grande importância para o
desenvolvimento do conhecimento contábil atual.
Já no século XX, surge a Escola Patrimonialista com Vincenzo Masi,
onde o foco do estudo estava voltado para o patrimônio das aziendas,
que por sua vez era considerado o objeto de estudo da Contabilidade.
O patrimônio era administrado com o intuito de crescimento
econômico, possibilitando, desde que medido monetariamente, se
estudar os aspectos estáticos e dinâmicos da condição patrimonial
das aziendas.
Em 1926, Masi publicou um artigo com o título “A Contabilidade
como Ciência do Patrimônio”, onde apresentava as bases de sua teoria.
Alguns autores seguiram a teoria patrimonialista proposta por Masi e
destacaram-se como, Jaime Lopes Amorim, Gonçalves da Silva,
Francisco D’Áuria e Frederico Herrmann Júnior. (LOPES et. al., 2009).
Conforme Rocha (2010), em 1988, o professor Antônio Lopes de
Sá apresentou uma nova abordagem da teoria patrimonialista, a
Neopatrimonialista, mas não a definiu como uma escola do
pensamento contábil porque ainda estava em fase de construção
científica. A doutrina Neopatrimonialista surgiu da Teoria Geral do
Conhecimento Contábil, que foi estruturada a partir de diversas teorias
do próprio professor e fundamentada nas teorias de Masi, D’Áuria e
Amorim. Essa doutrina foi apresentada por meio da Teoria das Funções
Sistemáticas:
Concebi essa teoria a partir de muitos teoremas que havia
conseguido produ- zir tendo por matrizes cinco grandes
axiomas (transformação, relações lógi- cas, sistemas, eficácia
e prosperidade social); embora não exclusivos, esses teoremas
foram os determinantes da estrutura doutrinária. Admitindo
que no patrimônio tudo se transforma, tudo se relaciona, tudo
se organiza em siste- mas, tudo busca a eficácia e nada pode
estar alheio aos continentes, estabele- ci todo um processo
lógico de construção de uma teoria geral que pudesse
alimentar todas as demais (SÁ, 2010).
O neopatrimonialismo propõe o estudo do patrimônio de forma
holística, vinculando o patrimonialismo ao âmbito social, e “conjugam
conhecimentos e os complementam em torno do estudo do fenômeno
patrimonial” (LOPES et. al., 2009).
Apesar de toda contribuição positiva que as escolas européias
tenham deixado como legado, segundo Iudícibus

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