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5
Plano de Estudo:
• Tópico 1: Introdução à cultura, perspectivas de análise sobre a cultura, Univer-
salismo, relativismo e multiculturalismo;
• Tópico 2: Processos culturais: difusão cultural, aculturação e endoculturação.
Cultura e identidade brasileira;
• Tópico 3: Cultura popular, de massa e pensamento social. Indivíduo e socieda-
de. Cultura de massa e indústria cultural;
• Tópico 4: Manifestações e Cultura popular: festejos, folguedos e tradições
populares do folclore brasileiro;
• Tópico 5: As culturas e as particularidades de um referencial brasileiro. Meca-
nismos municipais, estaduais e federais de incentivo à cultura;
• Tópico 6: Cultura e Turismo: Patrimônio cultural. Patrimônio e tombamento.
Museus e centros culturais;
• Tópico 7: Fatores culturais em epidemiologia. Cultura e farmacologia: drogas,
álcool e tabaco. Aspectos culturais do estresse e do sofrimento;
• Tópico 8: Cultura e Poder.
Objetivos de Aprendizagem:
• Realizar uma introdução à cultura. Perspectivas de análise sobre a cultura.
Universalismo, relativismo e multiculturalismo;
• Conhecer os processos culturais: difusão cultural, aculturação e endocultura-
ção. cultura e identidade brasileira;
• Relacionar-se com a cultura popular, de massa e pensamento social. Além de o
Indivíduo e sociedade e indústria cultural;
• Reconhecer as manifestações e a cultura popular com os festejos, folguedos e
tradições populares do folclore brasileiro;
• Conscientizar-se da cultura e as particularidades de um referencial brasileiro.
Com os mecanismos municipais, estaduais e federais de incentivo à cultura;
• Conhecer a cultura e turismo: Patrimônio cultural. Patrimônio e tombamento.
Museus e centros culturais;
• Identificar os fatores culturais em epidemiologia. Cultura e farmacologia: drogas,
álcool e tabaco. Aspectos culturais do estresse e do sofrimento;
• Relacionar a Cultura e Poder.
INTRODUÇÃO À CULTURA,
PERSPECTIVAS DE ANÁLISE SOBRE
A CULTURA, UNIVERSALISMO,
RELATIVISMO EMULTICULTURALISMO.
TÓPICO
7INTRODUÇÃO À CULTURA, PERSPECTIVAS DE ANÁLISE SOBRE A CULTURA, UNIVERSALISMO,
RELATIVISMO EMULTICULTURALISMO.
TÓPICO 1
Para iniciar nossos estudos, temos que conceituar a definição de cultura. Fazer
uma reflexão sobre o tema. Mas o que é cultura para você? Todos os povos têm cultura?
Ao refletirmos sobre essas perguntas, somos levados a crer que a cultura existe em todos
os lugares e todos os povos, pois a cultura é transmitida pelos povos, mesmo que seja de
boca em boca, de progênie para progênie. Vale ressaltar que essa herança norteará as
atitudes, regras e modos de agir de um determinado povo. Ou seja, é uma herança social
que promove a convivência harmoniosa entre um determinado povo. Podemos acrescentar
que não é apenas pela socialização que se adquire a cultura, mas através de símbolos e
linguagens que são entre os membros de uma localidade.
A definição de cultura pode variar de sociólogo, antropólogo e outros estudiosos.
Mas neste momento, utilizaremos o conceito de Barroso, Bonete e Queiroz (2018, p. 38),
afirmando que cultura é “aquele todo complexo que inclui conhecimento, crença, arte, mo-
ral, direito, costume e outras capacidades e hábitos adquiridos pelo homem como membro
de uma sociedade”.
Salientando que a cultura fica evidente quando observamos os valores e comporta-
mentos dentro de uma região específica e que isso fica mais aparente nas ações sociais de
um determinado grupo. Portanto, podemos dizer que a cultura é exclusiva das sociedades
humanas, já que, a partir dela, se pode traçar a diferenciação entre o homem e o animal
(BARROSO; BONETE e QUEIROZ, 2018, p. 39). Ou seja, somente o homem tem a capa-
cidade de construir e disseminar a cultura.
8INTRODUÇÃO À CULTURA, PERSPECTIVAS DE ANÁLISE SOBRE A CULTURA, UNIVERSALISMO,
RELATIVISMO EMULTICULTURALISMO.
TÓPICO 1
Ainda sobre a definição de cultura, podemos abordá-la através de alguns pontos
específicos como a visão humana. Vale ressaltar que os homens agem de acordo com
os padrões e regras instituídas por um determinado grupo e quando um age de maneira
contrária é considerado um desviado, um infrator. Então, o estigma de ser rotulado como
infrator acaba por resultar em atos discriminatórios dentro de uma determinada sociedade.
Por isso, ocorre a coerção social, no qual as pessoas são condicionadas a agir de acordo
com as normas e expectativas protegidas por aquela cultura.
Barroso, Bonete e Queiroz (2018), acrescentam ainda dizendo que:
Dentro das sociedades, cada um pode ocupar um papel social diferente,
determinado pelo convívio entre os membros da comunidade. Por isso, a
aprendizagem cultural não se dá como herança biológica e sim como heran-
ça social através da imitação e reprodução, consciente e inconsciente, dos
aspectos culturais que permeiam o ambiente social no qual os indivíduos
estão mergulhados (BARROSO; BONETE e QUEIROZ, 2018, p. 40).
Você já observou que a cultura de um povo passa pela alimentação? Vale ressal-
tar ainda que os padrões determinados por uma sociedade também podem ser vistos na
alimentação, ou seja, tem grupos sociais que mantém uma boa alimentação no qual a po-
pulação é saudável, enquanto outros consomem comidas pesadas, gordurosas que afetam
a qualidade de vida daquela localidade cultural. Gerando alteração do sono, obesidade e
diminuição da expectativa de vida.
Outro ponto importante sobre a cultura é que nem todos os indivíduos dentro de
uma realidade cultural específica participam de todos os momentos e recortes existentes.
Pois existem condicionantes que podem alterar a participação dos indivíduos nas ativida-
des, como a questão da idade, papel social, entre outros. Vale destacar que com o passar
do tempo e conhecendo as regras e normas existentes, a pessoa escolhe onde participar
no leque do arcabouço cultural de uma sociedade. Um exemplo que podemos apresentar é
a participação religiosa, ou seja, pode conhecer o catolicismo, mas com o passar do tempo
pode se tornar evangélico ou até mesmo o exercendo o ateísmo.
Já Barroso, Bonete e Queiroz (2018), nos agrega ainda dizendo que:
É importante que os indivíduos conheçam e participem de alguns aspectos
culturais que possibilitem a comunicação e articulação com os outros mem-
bros da sociedade. Saber como agir e se comportar em determinadas si-
tuações faz parte da convivência, ainda que essa seja uma aprendizagem
processual e nem sempre se aja como deveria (BARROSO; BONETE e
QUEIROZ, 2018, p. 40).
9INTRODUÇÃO À CULTURA, PERSPECTIVAS DE ANÁLISE SOBRE A CULTURA, UNIVERSALISMO,
RELATIVISMO EMULTICULTURALISMO.
TÓPICO 1
Assim, podemos afirmar que podemos escolher no leque cultural o que faremos,
mas precisamos entender e respeitar outras regras sociais para vivermos em comunidade
de maneira harmoniosa.
Podemos demonstrar ainda que, a cultura pode ser modificada em alguns pontos
com o passar do tempo. Talvez você tenha ouvido: “- Na minha época não tinha essa pouca
vergonha!”, ou visto as mudanças temporais nas fotografias quando observamos as roupas,
cortes de cabelo, músicas, gírias, e outros componentes culturais de um determinado povo.
Sobre essas mudanças, Barroso, Bonete e Queiroz (2018), diz que:
As mudanças culturais ocorrem de modo endógeno ou exógeno. O modo en-
dógeno pode ser decorrente do próprio sistema cultural, a partir dos membros
que participam dessa sociedade. O modo exógeno se dá por meio de um con-
tato cultural, com outros povos, que acaba interferindo em práticas culturais es-
tabelecidas antes do contato (BARROSO; BONETE e QUEIROZ, 2018, p. 43).
Outro ponto que devemos entender em relação à cultura, é a rapidez que podemos
conhecê-las e entendê-las na atualidade, pois observamos as mudanças e conhecemos
muitas culturas ao redor do mundo. Salientando que é observável a linguagem, músicas,
danças, vestimentas e podemos nos deparar com pré-conceitos entre as diferenças cultu-
rais. Por exemplo, podemos achar estranho em uma sociedade islâmica o uso da burca,
enquantoeles acham estranho o uso de biquíni. Talvez você ache estranho o homem poder
se casar com várias mulheres, mas a cultura pode ser poligâmica ou monogâmica. Assim,
nasce as diferenças culturais e nasce o etnocentrismo. Pois achamos que o nosso é o cor-
reto, superior, melhor, entre outras coisas. Visto que o meu certo e errado não é o do outro.
Após a Segunda Guerra Mundial, com o advento dos direitos humanos, nasce o
que chamamos de universalismo cultural, ou seja, temos que proteger o homem e sua
dignidade independente da diferença cultural. Isso, se torna perigoso, pois alguns países
decidem fatos culturais de outros como inferiores, resultando até mesmo no imperialismo
ou neocolonialismo, promovendo a aculturação.
Outro ponto seria o relativismo cultural, ou seja, devemos respeitar a autonomia
cultural de cada povo. Assim, podemos afirmar que se torna uma oposição ao universalis-
mo, não podendo aplicar um princípio universal entre diferentes culturas.
Existe também a ideia do multiculturalismo, ou seja, essa corrente propõe a exis-
tência de uma harmonia na convivência da pluralidade cultural.
Deste modo, deve-se levar em consideração os princípios de igualdade e
reconhecimento das diferenças, para pensar em uma concepção de direitos
humanos aglutinadora, híbrida e agregadora. Assim, não se deseja opor uni-
versalismo e relativismo, mas compor um diálogo entre essas teorias para
defesa dos direitos humanos, sem descaracterizar as particularidades das
diversas culturas (BARROSO; BONETE e QUEIROZ, 2018, p. 53).
10PROCESSOS CULTURAIS: DIFUSÃO CULTURAL, ACULTURAÇÃO E ENDOCULTURAÇÃO. CULTURA
E IDENTIDADE BRASILEIRA
TÓPICO 2
PROCESSOS CULTURAIS: DIFUSÃO
CULTURAL, ACULTURAÇÃO E
ENDOCULTURAÇÃO. CULTURA E
IDENTIDADE BRASILEIRA
TÓPICO
Quando pensamos em mudanças que as culturas passam, nos voltamos a uma de-
finição chamada processos culturais. Essas mudanças podem ser por meio de assimilação
ou abandonando alguma característica cultural. Destacando ainda que os processos cultu-
rais podem ocorrer por fatores internos ou externos, também conhecido como endógeno ou
exógenos da cultura de um povo.
Em um mundo globalizado é comum ocorrer o contato entre pessoas, que mesmo
sem perceber tem contato com outra cultura, adquirindo uma absorção ou não, parcial
ou total dela. Como exemplo, podemos apresentar um brasileiro que mora por anos em
Portugal e acaba absorvendo sotaques, gírias, trejeitos, vestimentas, hábitos de lá. Mas
continua sendo torcedor do Flamengo, Corinthians ou Santos. Esses “ajustes” culturais,
estão inseridos em todo o processo cultural.
Todas essas mudanças culturais, são influenciadas também pelas relações de
poder entre as trocas culturais, ou seja, um grupo dominante pode impor sua cultura ao
dominado. Como exemplo podemos citar a presença dos Estados Unidos no Afeganistão,
pois os hábitos como a vestimenta feminina, o papel das mulheres na sociedade, a alimen-
tação que existia acabou por ser retirados e impostos o modelo americano. Vale ressaltar
que os encontros entre diferentes povos permitem uma autoavaliação cultural influenciando
as regras e valores de uma sociedade.
Outro ponto importante é a difusão cultural, que pode ser explicada quando se
encontra um padrão cultural transmitida de uma sociedade para outra, mesmo sem existir
um contato direto entre elas. Barroso, Bonete e Queiroz (2018), afirmam que:
11PROCESSOS CULTURAIS: DIFUSÃO CULTURAL, ACULTURAÇÃO E ENDOCULTURAÇÃO. CULTURA
E IDENTIDADE BRASILEIRA
TÓPICO 2
Esse conceito busca compreender como um elemento cultural se difunde
através das culturas ainda que não haja proximidade constante e direta entre
elas. Ou seja, ao longo dos tempos, algumas sociedades podem se aproxi-
mar e se afastar de outros povos, carregando os elementos culturais trocados
adiante, ainda que depois se afastem em definitivo (BARROSO; BONETE e
QUEIROZ, 2018, p. 62).
Assim, podemos nos indagar sobre como ocorrem os aspectos culturais de uma
cultura com a outra. O exemplo clássico disso seria o ato de criarem ferramentas seme-
lhantes ou a questão religiosa comum entre diferentes sociedades. Destacando ainda que
essa difusão cultural ocorre por meio de elementos culturais que não são basicamente
relacionando a evolução da humanidade e sim uma difusão de elementos culturais sem
ameaçar culturas paralelas. Pois, não seria possível uma cultura substituir a outra. O que
ocorre é uma assimilação ou imitação cultural, seja de maneira total ou incompleta.
Outro ponto que deve ser abordado é a aculturação que pode ser definida como a
união de culturas diferentes que através do contato frequente acaba por ter padrões iguais
em sua cultura. Ou seja, a aculturação é a junção de duas culturas diferentes que ao se
encontrarem criam mudanças nos padrões culturais que envolvem o comportamento, a
língua e valores. Vale ressaltar ainda que o tempo de absorção é longo e a assimilação cul-
tural ocorre naturalmente, mas nem sempre de maneira pacífica, pois alguns povos lutam
contra a aculturação e a perda de seu caminho. Outro ponto da aculturação é o sincretismo
religioso, ocorrendo então a miscigenação cultural e a absorção de diferentes religiões. Um
exemplo é as religiões afro-brasileiras.
Além da aculturação, encontramos em nossos estudos a endoculturação que tem
como definição básica o aprendizado de uma cultura no qual o indivíduo está inserido desde
sua infância. Ou seja, é o processo em que o indivíduo convive e é condicionado a uma
conduta que se estrutura em uma determinada cultura. Podemos exemplificar de maneira
clara, que uma criança aprende o que é certo e errado de acordo com a cultura em que vive.
No Brasil, temos um exemplo de endoculturação em nosso dia a dia, principalmente
quando nos sentimos pertencentes a identidade brasileira. Pois segundo Barroso, Bonete
e Queiroz (2018), a identidade é:
fonte de significados e experiências de um povo, de uma nação, de uma
etnia, de um grupo social que se arquitetam por meio de atributos culturais
partilhados, como, por exemplo: língua, dança, música, alimentação, cren-
ças, valores, entre outros. Todos esses elementos configuram o modo de
um grupo social ser e se apresentar para o mundo, podendo ter algumas
características específicas os quais caracterizam ou ainda mesmo dividem
alguns desses elementos com outras sociedades (BARROSO; BONETE e
QUEIROZ, 2018, p. 70).
12PROCESSOS CULTURAIS: DIFUSÃO CULTURAL, ACULTURAÇÃO E ENDOCULTURAÇÃO. CULTURA
E IDENTIDADE BRASILEIRA
TÓPICO 2
Assim, podemos dizer que a endoculturação está na construção do brasileiro. Na
própria identidade cultural de nosso país. Salientando que nossa história, lutas, conquis-
tas das memórias coletivas, ajudam na formação de nossa cultura nacional. A identidade
brasileira não é diferente, pois ao longo da história fomos vivendo com a miscigenação
cultural e enfrentando desafios que moldaram nosso sentimento de pertencimento. Vale
destacar que, em nossa colonização recebemos influências da cultura indígena, africana,
europeia e enfrentamos momentos de lutas que nos moldaram e criaram o sentimento de
pertencimento e assim gerando uma identidade nacional.
Caso nasce a pergunta: Por que você gosta de ser brasileiro? E sua resposta
foi: amo futebol, carnaval, caipirinha, feijoada, vatapá, festa do boi bumbá entre outras
respostas, como “brasileiro é diferente! Amigável! Acolhedor! Assim, podemos perceber
uma identidade nacional, seja consciente e inconsciente, vamos nos tornando patriotas e
participando de nossa cultura.
CULTURA POPULAR, DEMASSA E
PENSAMENTO SOCIAL. INDIVÍDUO
E SOCIEDADE. CULTURA DEMASSA
E INDÚSTRIA CULTURAL
TÓPICO
13CULTURA POPULAR, DEMASSA E PENSAMENTO SOCIAL. INDIVÍDUO E SOCIEDADE. CULTURA
DEMASSA E INDÚSTRIA CULTURAL
TÓPICO 3
A cultura de um povo, independentemente da aculturação, endoculturação e outros
aspectos, está presente em todas nossas atitudes. Inclusive nesse momento, você está
exercendo sem saber essa etapa da cultura digital.Mas a vivência de um povo também pro-
move um aspecto cultural importante que podemos chamar de cultura popular. Mas o que é
cultura Popular? Conseguimos defini-la como um conjunto de manifestações culturais que
são criadas e compartilhadas entre um grupo com características de sua tradição comum.
Ressaltando que sempre respeitando o conhecimento popular e buscando a manutenção
de sua cultura e promovendo a transmissão de sua cultura entre gerações e deixando um
legado social que às vezes é intitulado de folclore. Ou seja, tanto a cultura popular e o
folclore são legados repletos de elementos culturais.
Já a cultura de massa apareceu com o advento da industrialização, pois a divisão do
trabalho e o aumento da produção, promoveu a busca incessante de novos mercados con-
sumidores e de novas estratégias de encantamento e de consumo. Promovendo a ideia de
necessidade do produto. Salientando que o aumento de produção ocasionou uma redução
de preço e maior acesso aos produtos, que passaram a adotar em seu cotidiano slogans de
propagandas publicitárias que tornaram a marca no produto. Ou seja, conhecemos amido
de milho como “Maizena”, palha de aço como “bombril”, entre outros. Percebemos isso,
quando Barroso, Bonete e Queiroz (2018), nos dizem que:
(...) a publicidade também se desenvolveu bastante nessa época, de modo
a enfatizar a liberdade da escolha individual do consumo, ao mesmo tempo
em que evidenciava esse discurso na exposição de certa cultura. Logo, não
eram consumidos produtos em si, mas bens simbólicos representativos de
14CULTURA POPULAR, DEMASSA E PENSAMENTO SOCIAL. INDIVÍDUO E SOCIEDADE. CULTURA
DEMASSA E INDÚSTRIA CULTURAL
TÓPICO 3
uma condição superior do indivíduo em relação ao restante da população.
Ainda que muitos não pudessem acessar esses produtos, eles se tornam
objeto de desejo de grande parte da população que veem as propagandas e
são atraídos pelo discurso expresso no seu conteúdo (BARROSO; BONETE
e QUEIROZ, 2018, p. 94).
A cultura de massa é fruto da propaganda e do consumo que é refletida no poder
econômico das empresas, empresários que vão ditar a cultura consumida pelas pessoas.
Um exemplo clássico seria os modelos de roupas que aparecem em novelas e se tornam
moda e consequentemente consumo da cultura.
Podemos perceber isso recentemente em nosso país com a estreia do filme da “Barbie”,
que foi uma referência para o consumo de um determinado período quando se fala em boneca.
Com a chegada do filme, ocorreu um frenesi pelas roupas cor de rosa que remete a boneca,
propagandas de supermercados e grandes empresas fazendo propagandas com cardápios
adaptados utilizando-se do amor por uma boneca que muitos fãs nunca tiveram acesso pelo
preço em sua infância, mas que ouviu falar e entra na exploração da cultura de massa.
A cultura de massa, reflete no que a escola de Frankfurt nos apresenta, ou seja, na
chamada indústria cultural. Segundo Souza (2017):
A Escola de Frankfurt é o nome dado a um amplo grupo de pesquisadores
que atuaram no Instituto de Pesquisa Social da Universidade de Frankfurt,
na Alemanha. Os investigadores que ali trabalharam partiram de referenciais
neomarxistas, isto é, correntes teóricas que revisaram a teoria marxista e pu-
blicaram uma série de artigos e livros, sobretudo durante a segunda metade
do século XX. Os pesquisadores desse grupo construíram conceitos e refle-
xões de extrema influência para o pensamento social, principalmente para os
estudos no campo da cultura (...) (SOUZA, 2017, p. 72).
Os membros da Escola de Frankfurt, buscavam uma reflexão com uma visão mar-
xista em relação às propagandas e a ideia de progresso capitalista pregada pelos slogans
de consumo. Vale ressaltar que, buscavam relacionar as práticas culturais ao processo de
exploração e dominação através do consumo desenfreado. Salientando que o indivíduo, ao
executar uma reflexão sobre o tema, poderia apresentar o que os pensadores de Frankfurt
chamavam de emancipação social.
É justamente no tema da possibilidade de emancipação que reside uma das
principais críticas aos pensadores que compõem a escola de Frankfurt. O
foco que esses pensadores dão para as limitações individuais ante o sistema
acaba por barrar as possibilidades de desenvolvimento de um pensamento
crítico (SOUZA, 2017, p. 104).
Por fim, podemos dizer que a indústria cultural nos leva a alienação em relação ao
verdadeiro papel cultural, pois nos limita a pensarmos em manada e não por si mesmo.
MANIFESTAÇÕES E CULTURA POPULAR:
FESTEJOS, FOLGUEDOS E TRADIÇÕES
POPULARES DO FOLCLORE BRASILEIRO
TÓPICO
15MANIFESTAÇÕES E CULTURA POPULAR: FESTEJOS, FOLGUEDOS E TRADIÇÕES POPULARES DO
FOLCLORE BRASILEIRO
TÓPICO 4
Saindo do assunto da cultura de massa, somos levados a debater uma nova vertente
sobre a vivência do termo cultura. Pois, quando pensamos em cultura propriamente dita,
precisamos entender que não estamos somente ligados a tradições e alienação quando pen-
samos em cultura de massa. Salientando ainda que, a cultura também está presente no meio
ambiente de um povo, ou seja, em sua localidade, incluindo a diversidade da cultura local.
Sant´ana (2013), nos apresenta uma visão clara quando afirma que devemos
manter fortemente o contato e reprodução dessa cultura local nomeando-a como folclore.
Afirmando que:
(...) a importância da manutenção das culturas tradicionais ou populares, que
reconhecemos como nosso patrimônio imaterial. Os termos “cultura tradicio-
nal” ou “cultura popular” são considerados, hoje em dia, sinônimos da palavra
“folclore” (SANT´ANA, 2013, p. 31).
O folclore apresentado por Sant´ana (2013), pode ser definido como um conjunto de
criações culturais de uma localidade que apresenta suas tradições locais. Vale ressaltar que:
Constituem-se fatores de identificação da manifestação folclórica: aceitação
coletiva, tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade. Ressaltamos que
entendemos folclore e cultura popular como equivalentes, em sintonia com o
que preconiza a Unesco (SANT´ANA, 2013, p. 31).
Podemos acrescentar ainda que a terminologia da palavra folclore foi criada pelo
arqueólogo inglês William John Thoms e publicada na revista The Athenaeum. Salientando
que o significado vem da raiz “Folk-Lore”, ou seja, sabedoria de um povo. Assim, a palavra
se tornou conhecida em várias nações do mundo quando se apresenta uma cultura Local.
16MANIFESTAÇÕES E CULTURA POPULAR: FESTEJOS, FOLGUEDOS E TRADIÇÕES POPULARES DO
FOLCLORE BRASILEIRO
TÓPICO 4
Cascudo (2012), afirma que precisamos entender que o homem deve valorizar
a cultura local para desenvolver a manutenção e vivência do folclore. Percebemos isso,
quando ele diz que é:
Essencial é deduzir que o folclore é uma cultura mantida pela mentalidade
do homem e não determinada pelo material manejado. O material é que será
modelado, elevando-se a um motivo criador. Para que desapareça é preci-
so que sucumba à própria função. Sempre foi assim, na história do mundo
(CASCUDO, 2012, p. 32).
Um dos pontos importantes do folclore é que o mesmo se apresenta em todos os
cantos no mundo, reforçando a cultura popular de cada povo. Aqui no Brasil, presenciamos
o folclore através da cultura popular de nosso país, pois ela é repleta de festejos que mo-
bilizam cidades com muitas manifestações nos folguedos. Podemos exemplificar quando
observamos as festas juninas no nordeste do país, repleta de músicas, danças, relacionada
a religiosidade e a São João.
O cuidado que devemos ter é se a cultura popular passa a ser vista como cultura de
massa. Isso pode ser visto quando debatemos em consumir o “maior São João do Brasil”,
de Campina Grande ou “o melhor São João do Brasil”, de Caruaru. Ou seja, o folclore pode
ser utilizado para promover o consumo e a alienação também.
Mas voltando ao folclore como tradição, podemos conhecer mais quando Barroso,
Bonete e Queiroz (2018), nos diz que:
folclore é o conjunto da cultura popular e não pode ser limitado a uma mar-
gem normativa que congele as expressões popularesno espaço-tempo. A
riqueza das expressões culturais está, sem dúvida, na tradição, contudo, ela
também se apresenta na capacidade criativa que o povo carrega consigo, na
constante transformação da própria tradição (BARROSO; BONETE e QUEI-
ROZ, 2018, p. 212).
Já a tradição nos leva a visualizar o que podemos chamar de festejos populares.
Vale ressaltar que boa parte dos festejos de nosso país é voltada para a religiosidade ou
ao caráter profano, pode ser São João, a festa do Divino Espírito Santo, o Círio de Nazaré
ou o profano com o carnaval. Mesmo assim, podemos encontrar tanto o sagrado quanto
o profano nesses festejos populares. Barroso, Bonete e Queiroz (2018), nos apresentam
isso, quando analisa a festa do Círio de Nazaré:
A berlinda e a corda são extensões da própria imagem da Santa. Trata-se da
tríade insubstituível da procissão. Trata-se de patrimônio imaterial da cultura
brasileira, em que os valores simbólicos representam significados bem diver-
sos que perpassam do sagrado ao profano (BARROSO; BONETE e QUEI-
ROZ, 2018, p. 210).
17MANIFESTAÇÕES E CULTURA POPULAR: FESTEJOS, FOLGUEDOS E TRADIÇÕES POPULARES DO
FOLCLORE BRASILEIRO
TÓPICO 4
As festividades populares de nosso país, demonstram a tradição local aqui encon-
trada. Destacando que é muito evidente a presença do sagrado e do profano alinhados a
alegria e sofrimento. Afirmando que está presente em todo o nosso país.
Já os folguedos se encontram quando identificamos três características básicas
que são a música, dança e o teatro. Além de estar interligado a religiosidade, seja cristã, de
matriz africana ou dos povos originários. Entre os folguedos que podemos apresentar está
a folia de reis, congada e a festa do bumba meu boi.
AS CULTURAS E AS PARTICULARIDADES
DE UM REFERENCIAL BRASILEIRO.
MECANISMOSMUNICIPAIS, ESTADUAIS
E FEDERAIS DE INCENTIVO À CULTURA
TÓPICO
18AS CULTURAS E AS PARTICULARIDADES DE UM REFERENCIAL BRASILEIRO. MECANISMOS
MUNICIPAIS, ESTADUAIS E FEDERAIS DE INCENTIVO À CULTURA
TÓPICO 5
A reprodução e produção cultural em nosso país passa por um ponto importante em
seu desenvolvimento. Que seria a parte financeira para cobrir o investimento. Vale ressaltar
que há algum tempo são utilizados incentivos fiscais para solucionar esse tema.
Infelizmente, nem todos os cidadãos dão valor à produção cultural, se não for a
que ele vive regionalmente ou ideologicamente. A partir do momento que os indivíduos
perceberem a importância da produção cultural, respeitarão os incentivos fiscais fornecidos
para sua execução. Vale destacar que a grande mudança de chave para produção cultural
foi o renascimento artístico e cultural com grandes artistas como Leonardo Da Vinci, Rafael
Sanzio entre outros. Um ponto de extrema importância que precisa ser relembrado é que
mesmo esses artistas precisavam de apoio para sua produção artística. Esse apoio vinha
com os “Mecenas”, que eram os grandes burgueses que patrocinavam toda produção cul-
tural, começando pelos artistas e seguindo com construções de igrejas, bibliotecas entre
outros. E hoje? Como são os incentivos à produção cultural?
Atualmente, a base para apoio financeiro para produção cultural são os incentivos fiscais
fornecidos pelo governo que na maioria dos casos são através de isenção fiscal a empresas.
A isenção tem como principal efeito a exclusão do crédito tributário, impe-
dindo a prática administrativa do lançamento. Nesse sentido, estabelece o
art. 175 do Código Tributário Nacional que “excluem o crédito tributário: I – a
isenção”. Isso acontece, pois com a isenção temos o congelamento dos efei-
tos do fato gerador do tributo (vide arts. 113 e 114 do CTN) e nenhum crédito
tributário pode nascer desse evento (CESNIK, 2012, p. 12).
19AS CULTURAS E AS PARTICULARIDADES DE UM REFERENCIAL BRASILEIRO. MECANISMOS
MUNICIPAIS, ESTADUAIS E FEDERAIS DE INCENTIVO À CULTURA
TÓPICO 5
Vale ressaltar ainda que uma das funções do governo é realizar a promoção da
otimização dos recursos, mesmos que escassos para o desenvolvimento da cultura. Pois
nossa constituição, o Estado possui pontos importantes em seu papel como órgão institu-
cional dirigente que é ser fiscalizador, incentivador e planejador. Nesse caso, precisamos
voltar nossos olhares como incentivador.
Um ponto a ser salientado é que os estímulos fiscais destinados ao desenvolvimen-
to da cultura são efetivados através da emissão de recibos que comprovam a transferência
dos recursos para o responsável pelo projeto cultural. Destacando que esses recibos podem
ser emitidos pela própria entidade governamental ou quando o responsável pelo projeto
cultural age com uma autorização concedida pela entidade governamental, respeitando os
limites estabelecidos para a renúncia fiscal.
Podemos afirmar que o incentivo cultural promovido em nosso país deve ser orga-
nizado de tal maneira que respeite os órgãos municipais, estaduais e federais. Mas quais
são os mecanismos de cada esfera?
Para iniciarmos a apresentação de cada esfera, temos que seguir uma hierarquia
básica. Por isso, iniciaremos com a esfera Federal. Vamos lá?
Na esfera Federal encontramos um grande mecanismo de incentivo à cultura que é
a lei Rouanet. Cesnik (2012), nos diz que:
Para o pleito de incentivos concedido pela União Federal, o Ministério da
Cultura e a Agência Nacional de Cinema (Ancine) colocaram à disposição do
público formulários ou programas específicos para apresentação de projetos
culturais. A partir desse formulário o produtor pode apresentar projetos à Lei
Rouanet (FNC ou mecenato) ou aos mecanismos de fomento ao audiovisual
(CESNIK, 2012, p. 19).
Vale ressaltar que dentro do Ministério da Cultura existem órgãos e secretarias
adjuntas que auxiliam na distribuição de verbas e fomento à cultura. Tudo organizado e de
fácil acesso para que ocorra o pedido de incentivo. O exemplo simples e ágil de pedido está
no “SalicWeb”, sistema que recebe os projetos culturais para análise via internet. Assim, os
propositores dos projetos podem galgar fundos pela lei “Rouanet”. Mas o que é essa lei?
Segundo Cesnik (2012):
A lei n. 8.313, de 23 de dezembro de 1991, mais conhecida como Lei Rouanet,
institui o chamado Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), que tem
por objetivos fomentar e promover a produção cultural brasileira em suas mais
diferentes áreas. Tem como princípio a priorização do produto cultural originá-
rio no país. Priorizar não quer dizer excluir outras atividades: a Lei Rouanet re-
cebe projetos de espetáculos ou produtos estrangeiros que venham a ser apre-
sentados no Brasil, além de incentivar produções brasileiras que aconteçam no
país ou que desejem se apresentar em outras nações (CESNIK, 2012, p. 20).
20AS CULTURAS E AS PARTICULARIDADES DE UM REFERENCIAL BRASILEIRO. MECANISMOS
MUNICIPAIS, ESTADUAIS E FEDERAIS DE INCENTIVO À CULTURA
TÓPICO 5
Salientando que não seria simplesmente um fomento desordenado, sem regras
como foi espalhado através de “Fake News” durante esses últimos anos. Pois, essa lei é de
extrema importância para levar a cultura as pessoas e espaços que não possuem acesso às
mesmas. Uma reflexão que podemos fazer é relacionar o pensamento de Walter Benjamim
da escola de Frankfurt, que mesmo conhecendo as ideias deAdorno e Horkheimer, destaca
o acesso à cultura dentro da ideologia da Indústria Cultural.
A Lei Rouanet utiliza-se de três mecanismos diferentes para fornecer apoio aos
projetos apresentados ao ministério da cultura. Pois, temos o Fundo Nacional de Cultura,
o Fundo de Investimento Cultural e Artístico e o incentivo a projetos culturais (Mecenato).
Cesnik (2012), afirma que Fundo Nacional de Cultura tem o papel de:
I – estimular a distribuição regional equitativa dos recursos a serem aplicados
na execução de projetos culturais e artísticos; II – favorecer a visão interes-
tadual, estimulando projetos que explorem propostas culturais conjuntas, de
enfoque regional; III – apoiar projetos dotados de conteúdo cultural que en-
fatizem o aperfeiçoamento profissionale artístico dos recursos humanos na
área da cultura, a criatividade e a diversidade cultural brasileira; IV – contri-
buir para a preservação e proteção do patrimônio cultural e histórico brasileiro
(CESNIK, 2012, p. 23).
Um ponto importante a ser destacado sobre o Fundo Nacional de Cultura é sobre
a não utilização dos recursos em custeio de despesas de manutenção administrativa. No
entanto, o recurso poderá ser gasto com a aquisição de equipamentos que se julgar ne-
cessário para desenvolver as finalidades do Fundo. Para que isso ocorra, é necessário a
análise de peritos para análise e pareceres dos projetos.
Já o Fundo de Investimento Cultural e Artístico foi criado sem toda burocracia jurí-
dica, podendo ser caracterizado como um conjunto de recursos específicos para aplicação
e incentivo aos projetos. Pode ser verificado e produzido através do chamado “Mecenato”,
por uma instituição financeira ou patrocinador que recebe incentivo fiscal com o abatimento
de valores no imposto de renda. Destacando ainda que existe limites para esse incentivo.
Entre eles podemos afirmar que:
Há dois limites de abatimento, levando-se em conta o IR devido pelo inves-
tidor: 6% para pessoa física e 4% para pessoa jurídica. Na empresa, o limite
de abatimento do IR devido é de 4%, não considerando o adicional do im-
posto sobre o lucro e incidindo tão somente sobre a primeira alíquota de 15%
paga sobre o lucro real (CESNIK, 2012, p. 23).
Vale ressaltar que o incentivo é atrelado a entregas de ingressos gratuitos à po-
pulação garantindo o papel do “Mecenato”. Salientando ainda que o termo “mecenato” é
uma alusão aos patrocinadores dos artistas durante o período da história conhecido como
“renascimento artístico e cultural”.
21AS CULTURAS E AS PARTICULARIDADES DE UM REFERENCIAL BRASILEIRO. MECANISMOS
MUNICIPAIS, ESTADUAIS E FEDERAIS DE INCENTIVO À CULTURA
TÓPICO 5
Já na esfera estatal encontramos projetos e leis diversificados de estado para esta-
do. No entanto, podemos destacar alguns que compõem um eixo norteador para explicar o
papel dos estados para posteriormente falarmos dos municípios.
Se na esfera federal temos incentivos ligados ao imposto de renda, na esfera
estatal, o incentivo é através do ICMS, ou seja, do imposto sobre operações relativas à
circulação de mercadorias e sobre prestação de serviços de comunicação de transporte
interestadual e intermunicipal. Podendo ser modificado com a proposta de reformulação
tributária aprovada recentemente pela câmara dos deputados de nosso país.
Podemos afirmar que na esfera municipal, também temos como fonte o ICMS, mas
ocorre a necessidade de uma criação de projetos detalhados que desenvolvam a cultura
em seu município de origem.
CULTURA E TURISMO:
PATRIMÔNIO CULTURAL.
PATRIMÔNIO E TOMBAMENTO.
MUSEUS E CENTROS CULTURAIS
TÓPICO
22CULTURA E TURISMO: PATRIMÔNIO CULTURAL. PATRIMÔNIO E TOMBAMENTO. MUSEUS E
CENTROS CULTURAIS
TÓPICO 6
Após conhecermos as formas de incentivo à cultura, chegou a hora de relacioná-la
à questão turística. Talvez você se pergunte o porquê desse tema? Para responder essa
pergunta de uma maneira baseada empírica, iremos debatê-la logo abaixo.
Podemos pensar a questão do turismo como algo relacionado a uma sociedade
que envolve geograficamente todo o mundo. Isso ocorre devido à questão da globalização
e suas relações. Vale ressaltar que existem influências culturais em toda a sociedade e esse
processo de mundialização, nos levou a conhecer várias culturas e procurar conhecê-las
turisticamente, levando a região geográfica a crescer economicamente com a exploração
turística, mesmo que de forma cibernética na rede mundial de computadores.
A cultura também não foge do turismo e está atrelada a outros pontos de uma
sociedade, por isso, Barreto (2015, apud HUTNYK, 2006, p. 357) afirma que:
A cultura é parque de diversões e mercadoria, é o refinado e profundo e o
mundano e extremo. Está cruzada, simultaneamente, pela identidade, pela
tradição e pela mudança; é recurso, muralha, disputa. É a canção de ninar e
a sinfonia em CD, assim como o olhar de um usuário de drogas quando se
injeta. É a coleção de tigelas e panelas... e todo o mencionado está à venda.
É o que nos faz humanos (...) não é algo separado da política, do comércio,
da religião ou do ódio (...) que é cultura também (BARRETO, 2015, apud
HUTNYK, 2006, p. 357).
Assim, podemos dizer que a relação da cultura e do turismo é algo visível e que se pode
tornar algo comercial, ser explorada, observada e até mesmo estudada. Isso ocorre quando o
turismo é algo cultural e temos uma companhia de pessoas que conhecem do que está falando
e apresenta as pessoas que ali estão visitando, consumindo aquela cultura através do turismo.
Outro ponto a ser debatido em relação à cultura e turismo é o impacto que têm
tanto nas pessoas que a consomem turisticamente ou na própria sociedade que recebe
23CULTURA E TURISMO: PATRIMÔNIO CULTURAL. PATRIMÔNIO E TOMBAMENTO. MUSEUS E
CENTROS CULTURAIS
TÓPICO 6
essas pessoas. Pois vale ressaltar que ambos provocam efeitos, exercendo influências ou
conflitos entre o que se conhece ou se vive culturalmente, para realidade conhecida.
Com o turismo cultural sendo aplicada e explorada praticamente em todas socieda-
des no mundo globalizado. Nasce a demanda por cuidados extremos nos lugares históri-
cos, sobrevivendo um sentimento nostálgico desses lugares, buscando uma ligação com o
passado e o presente. Em vários locais e momentos de diversas sociedades, apresentam
a ideia do “heritage tourism”, ou seja, “turismo patrimonial”. Nascendo a necessidade da
preservação do patrimônio histórico, cidades, monumentos, todas fontes históricas de uma
determinada sociedade. Mas quais são os tipos de patrimônio existentes?
Precisamos compreender que formalizar a definição dos tipos de patrimônio não
é uma tarefa fácil, pois existem muitas coisas que diferenciam cada um deles. Por isso,
podemos afirmar que existem muitos, mas os principais são: patrimônio cultural, patrimônio
histórico, patrimônio material e patrimônio imaterial.
Partindo do princípio que a palavra “patrimônio” significa “herança paterna”, Souza,
Bauer e Freitas (2021), afirmam que:
Patrimônio tem a ver, portanto, com a preservação de algo preexistente e que
foi recebido. Nesse contexto, ao falarmos em patrimônio cultural estamos nos
referindo a aspectos da cultura que foram legados pelas sociedades preté-
ritas e nos dias de hoje devem ser protegidos e valorizados como herança
(SOUZA; BAUER e FREITAS, 2021, p. 12).
Podemos salientar ainda que a ideia de patrimônio cultural pode ser separada em
muitas outras categorias que também são relacionadas a definição de patrimônios mate-
riais e imateriais ou até mesmo o patrimônio histórico. Pois um é o outro e o outro é um.
Como assim? Basicamente todo patrimônio cultural é patrimônio histórico e todo patrimônio
histórico é patrimônio cultural. Com isso, Souza, Bauer e Freitas (2021), nos dizem que:
O patrimônio histórico pode ser compreendido nas conexões que existem entre
a rememoração e a contemporaneidade. A primeira relaciona-se com o passado
e com a memória; a segunda liga-se ao presente. O patrimônio histórico, dessa
forma, realiza a mediação entre passado e presente, tendo como perspectiva
sempre a construção do futuro. (SOUZA; BAUER e FREITAS, 2021, p. 14).
Assim, podemos concluir que o patrimônio histórico é aquilo que devemos preservar
para preservar a história de uma sociedade através da arte, da arquitetura, de monumentos
e muitos outros aspectos que norteiam historicamente uma sociedade. Vale ressaltar que o
IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, tem a função de cuidar e regis-
trar o patrimônio histórico, respeitando a ideia de patrimônio material e imaterial do Brasil.
Mas como podemos definir patrimôniomaterial? Segundo Souza, Bauer e Freitas (2021):
O patrimônio material pode ser definido brevemente como aquele “[...] volta-
do para os testemunhos físicos dopassado [...]”. Isto é, o objeto patrimonial
material sempre será algum bem cultural tangível, passando por edificações
24CULTURA E TURISMO: PATRIMÔNIO CULTURAL. PATRIMÔNIO E TOMBAMENTO. MUSEUS E
CENTROS CULTURAIS
TÓPICO 6
e monumentos, que remetam a aspectos históricos e culturais relevantes
para uma determinada sociedade (SOUZA; BAUER e FREITAS, 2021, p. 14).
O patrimônio imaterial, é um pouco mais difícil de definir, e precisa-se entender sua
importância na vida cotidiana, nas memórias individuais ou coletivas. Vale ressaltar que
Souza, Bauer e Freitas (2021), apresentam uma diferença básica para entendermos sua
diferença. Assim,
no patrimônio material, o mais importante são as coisas e no patrimônio ima-
terial, o principal são as pessoas”. Ou seja, se no primeiro tratamos de bens
culturais e históricos tangíveis, no segundo verificamos aqueles bens his-
tórico-culturais intangíveis, como as formas de expressão, as celebrações
religiosas, os saberes, etc (SOUZA; BAUER e FREITAS, 2021, p. 15).
Após conhecermos definições básicas de patrimônio material e imaterial, preci-
samos compreender que a preservação é necessária para que a cultura de um povo seja
lembrada como foi e como se construiu. Vale ressaltar que uma das formas de preservação
é o que chamamos de tombamento. Pires (2022), nos apresenta uma definição clara sobre
o que podemos definir por “Tombamento”:
o ato do Poder Executivo que, reconhecendo o valor cultural (histórico, arqueoló-
gico, etnográfico, artístico ou paisagístico) de um bem, mediante sua inscrição no
livro próprio, subordina-o a um regime especial que lhe impõe vínculos de des-
tinação, de imodificabilidade e de relativa inalienabilidade (PIRES, 2022, p. 58).
Vale ressaltar que para que ocorra um tombamento de um “objeto” histórico cultural
passa por várias etapas, sendo realizada através de etapas rigorosas verificadas IPHAN,
dentro das leis vigentes de nosso país.
Além do tombamento histórico, outro ponto em que se destaca a questão cultural
são os museus. Mas como podemos definir um museu? É sabido de todos que na atualida-
de existem espaços voltados para preservação de obras que nos remetem a cultura, tanto
que existe uma parte específica para estudar esse espaço denominado museologia. Ainda
sobre esse espaço conhecido como museus, Souza, Bauer e Freitas (2021), afirmam que:
“[...] são instituições permanentes, sem fins lucrativos, à serviço da sociedade e
do seu desenvolvimento, abertas ao público, que adquirem, conservam, inves-
tigam, comunicam e expõem o patrimônio material e imaterial da humanidade e
do seu meio com fins de educação, estudo e deleite.”. A origem da palavra reme-
te à antiguidade grega, Mouseion, nome do templo das nove musas que repre-
sentavam as artes e as ciências. Esses templos eram espaços de contemplação
e estudos artísticos e científicos (SOUZA; BAUER e FREITAS, 2021, p. 76).
Assim, podemos dizer que o museu é um espaço que ocorre a tentativa de se man-
ter a memória de um povo, a cultura de uma sociedade, no qual pode-se ser compartilhado
com outros indivíduos, povos, as identidades, histórias e memórias construídas ao longo
do tempo por um povo!
FATORES CULTURAIS EM EPIDEMIOLOGIA.
CULTURA E FARMACOLOGIA: DROGAS,
ÁLCOOL E TABACO. ASPECTOS CULTURAIS
DO ESTRESSE E DO SOFRIMENTO
TÓPICO
25FATORES CULTURAIS EM EPIDEMIOLOGIA. CULTURA E FARMACOLOGIA: DROGAS, ÁLCOOL E
TABACO. ASPECTOS CULTURAIS DO ESTRESSE E DO SOFRIMENTO
TÓPICO 7
Em todo nosso estudo até o momento foi voltado simplesmente para a cultura
em si e seus principais pontos. No entanto, chegou a hora de voltarmos ao termo cultura
relacionados à questão de saúde em vários sentidos, desde a saúde pública até a própria
saúde do indivíduo. Para iniciarmos nosso estudo, abordaremos a cultura farmacológica
das drogas, álcool e tabaco.
Em mundo globalizado, cheio de desafios e de correria a todo momento, o indivíduo
passa a não suportar toda essa realidade moderna e muitos acabam por utilizar substân-
cias que influenciam seu agir em sociedade. Vale ressaltar que além do estado emocional,
outros fatores podem auxiliar para ocorrer a ingestão de substâncias químicas como a
origem social e a até mesmo origem cultural.
Para Helman (2009), o efeito de uma droga envolve alguns fatores que sua própria
ação química. Podemos destacar então:
Os atributos da droga em si (como o sabor, a forma, a cor, o nome). 2. Os atri-
butos de quem recebe a droga (como a idade, a experiência, a escolaridade, a
personalidade, a origem sociocultural). 3. Os atributos de quem prescreve ou for-
nece a droga (como a personalidade, a idade, a atitude, o status profissional ou o
senso de autoridade). 4. O ambiente físico em que a droga é prescrita ou admi-
nistrada – a “situação da droga” (como um consultório médico, uma enfermaria
hospitalar, um laboratório ou uma ocasião social) (HELMAM, 2009, p. 178).
Para que nossa discussão seja ampliada, temos que observar os fatores acima
e definir o contexto em que essa substância se encontra na sociedade. Incluindo o meio
cultural. Pois Helman (2009), nos diz que:
Em cada caso de uso de drogas (independentemente do tipo de droga), os
valores culturais e as realidades econômicas do contexto vão sempre, de
26FATORES CULTURAIS EM EPIDEMIOLOGIA. CULTURA E FARMACOLOGIA: DROGAS, ÁLCOOL E
TABACO. ASPECTOS CULTURAIS DO ESTRESSE E DO SOFRIMENTO
TÓPICO 7
certa forma, se impor. Por exemplo, esses valores e essas realidades podem
ajudar a validar um determinado tipo ou aparência de droga, um modo espe-
cífico de usá-la ou os atributos do indivíduo que a fornece (como um médico
ou enfermeiro) (HELMAM, 2009, p. 178).
Podemos salientar que a afirmação acima, nos leva a compreender que os valo-
res culturais de uma sociedade, pode explicar a droga lícita ou ilícita em uma sociedade.
Pode apontar como será o comportamento a utilizá-la em seu cotidiano. O exemplo claro
disso, foi o uso da “Hidorxicloroquina” durante a pandemia. Pois, mesmo sabendo que
o medicamento tem comprovação científica para tratar reumatismos, Artrite e Lúpus, foi
utilizado discriminadamente em nosso país, receitadas por médicos para o tratamento na
hora do sufoco. No entanto, mesmo com comprovação científica, foi absorvido cultural-
mente, necessitando de intervenções humanas e farmacológicas para que a utilização do
medicamento volte a ser comprovada cientificamente.
Ainda relacionando medicamentos a questões culturais, podemos afirmar que o
uso de fármacos psicotrópicos está relacionado à questão de valores sociais e na questão
das expectativas de relacionamentos sociais. Ou seja, seu uso está relacionado à questão
da inserção e controle de comportamentos considerados socialmente normais. Helman
(2009), nos explica dizendo que:
(...) as drogas psicotrópicas eram vistas como um meio (tanto farmacológico
quanto simbólico) de atender às expectativas sociais, quer no trabalho ou
dentro da família. Essas expectativas incluem a visão cultural do que constitui
o comportamento “normal” e aceitável e como este deve ser obtido. (HEL-
MAM, 2009, p. 184).
Vale ressaltar que ao observar os valores sociais que norteiam a normalização do
uso farmacológico é apresentado pela indicação de certos medicamentos por médicos,
que são influenciados por propagandistas das empresas farmacêuticas que apresentam
seus medicamentos como a solução para o convívio social perfeito. Levando a normaliza-
ção cultural do uso de medicamentos. Salientando que ao prescrever os remédios como
solução de problemas pessoais, é, como se os médicos estão apresentando uma solução
para conviver com esses problemas, não pela luta frente a frente com os problemas, mas
simplesmente pelo uso de um remédio.
Um ponto importantíssimo destacado por Helman (2009) é de modo geral:
(...) a aceitação difundida na sociedade industrializada ocidental da “estrada
química para o sucesso” e o uso crescente de “reconfortantes químicos” (le-
gais ou ilegais) significa que, na sociedade ocidental, a fórmulacultural para
o “sucesso” (HELMAM, 2009, p. 184).
Assim, podemos afirmar que a fórmula cultural para o sucesso é o indivíduo mais
uma substância química é igual ao sucesso físico com o emagrecimento, mental com a
27FATORES CULTURAIS EM EPIDEMIOLOGIA. CULTURA E FARMACOLOGIA: DROGAS, ÁLCOOL E
TABACO. ASPECTOS CULTURAIS DO ESTRESSE E DO SOFRIMENTO
TÓPICO 7
ansiedade e depressão, sexuais com estimulantes como o “citrato de sildenafila” que ajuda
os homens na disfunção erétil. Os medicamentos buscam uma convivência social nos rela-
cionamentos públicos e privados, ou seja, no esporte, lazer e no casamento.
No entanto, essa busca pela satisfação social ou pela inclusão social com o uso de
medicamentos, leva o indivíduo a se tornar dependente das drogas farmacológicas lícitas
ou ilícitas. Desde simples cafeína a cocaína. Do álcool ao cigarro e à nicotina.
Quem busca um relaxamento natural no fim de semana, no fim do expediente,
buscando o consumo de bebidas alcoólicas. Um exemplo clássico disso seria a cerveja
que o próprio lúpulo que está em sua composição apresenta componentes da família da
“cannabaceae”, que provoca o relaxamento, mas não seus efeitos psicotrópicos, alucinóge-
nos. Esse efeito do relaxamento é percebido ao se tomar um belo copo de cerveja gelada,
tornando-se um ponto cultural de uma determinada sociedade. Sobre essa questão cultural
do uso de álcool é apresentado por Helman (2009), quando afirma que em:
Diferentes regiões do mundo produzem diferentes formas de álcool, depen-
dendo do clima, das colheitas e da vegetação locais. O uísque, a vodca, o
gim e a cerveja são todos derivados principalmente de grãos, o saquê japo-
nês é feito de arroz fermentado, o rum, da cana-de-açúcar, assim como a
bebida brasileira cachaça, e centenas de tipos de vinho podem ser obtidos a
partir de uma variedade de espécies de uva (HELMAM, 2009, p. 184).
Após encontrarmos diferentes bebidas alcoólicas em diferentes culturas que a con-
somem, podemos afirmar que existem casos do abuso do mesmo para se sentir pertencente
ao modelo ideal imposto pela sociedade. Tornando-se um grande problema de saúde pública
nesse mundo globalizado, provocando milhões de mortes em torno de nosso planeta. Vale
acrescentar que o uso indiscriminado de bebidas alcoólicas promove alterações de seu
estado emocional levando ao surgimento de problemas sérios como a depressão.
Em uma pesquisa rápida no “Google Trends” na data de 21/09/2023, encontramos
um aumento considerável sobre o termo “Depressão”, destacando os estados do Maranhão,
Minas Gerais e Acre com o maior número de pesquisas na internet sobre o tema. Sabemos
que esses números não refletem o número de indivíduos que encontramos com depressão,
mas demonstra a grande preocupação com o assunto por parte da população do Brasil.
Vale ressaltar que os fatores culturais desempenham uma importante função na
resposta ao estresse e à depressão. Portanto, podemos dizer que sua função pode ser
pensada como protetora. E ainda, a cultura auxilia diretamente nas respostas ao estresse
e à depressão, pois observam em grupos diferentes de indivíduos suas características
culturais auxiliando na identificação de sintomas perceptíveis que podem causar sofrimento
nas pessoas por não estar incluso na sociedade em questão.
Por fim, podemos afirmar que o uso indiscriminado de drogas farmacológicas aliada
à questão cultural de uma determinada sociedade pode gerar problemas com difícil solução.
CULTURA E PODER
TÓPICO
28CULTURA E PODERTÓPICO 8
Quando pensamos na relação da cultura com o poder, imaginamos o quanto existe
de força quando pensamos de fato, ou quando as ideias são fortes em uma determinada
sociedade. Vale destacar que as ideias são a força que impulsiona o processo cultural,
dando consistência em sua verdadeira essência. Podemos ressaltar também as ideias de
poder, conforme no diz Martins (2007):
É certo que as culturas interagem, mas o jogo da interação na história hie-
rarquizou culturas de facto, sem levar em conta nem a igualdade fundamen-
tal das pessoas humanas nem a equanimidade na distribuição de forças. O
pragmatismo contemporâneo tende a considerar o processo de hierarquiza-
ção política e econômica como natural, nem necessário nem injusto, e re-
corre a uma concepção clássica de poder que entende esse jogo como uma
concorrência com ponto de partida igualitário (MARTINS, 2007, p. 24).
Então podemos dizer que as culturas estão relacionadas à questão hierárquica de
poder, sendo dominada pela classe dominante. Gerando a ideia de poder.
Em resumo, a cultura está relacionada aos valores, crenças, normas, entre outras
características compartilhadas por uma sociedade. Moldando assim a identidade coletiva e
individual das pessoas, interferindo na maneira como pensam e se relacionam. Já o poder é a
capacidade de influenciar e até mesmo manter o controle sobre o comportamento das pessoas
através da força, da coerção, da persuasão ou autoridade. Assim, muitas sociedades utilizam-
-se de elementos culturais como ferramenta para dominar e exercer o poder sobre o povo.
Salientando que a cultura desempenha um papel fundamental na legitimação e
manutenção do poder. As normas culturais muitas vezes refletem e sustentam as posições
29CULTURA E PODERTÓPICO 8
sociais existentes. Assim como o poder que também molda a cultura de um povo, influen-
ciando o que deve ser valorizado ou reprimido em uma determinada sociedade.
Um dos pontos importantes para que o poder seja executado relacionado a cultura
é a ideologia. Mas o que é a ideologia? Podemos dizer que é um conjunto de ideias que
envolve a forma de enxergar o mundo. Orientando a forma de viver, agir e pensar de um
indivíduo ou um grupo de indivíduos. Em uma visão marxista de ideologia podemos relacio-
nar a questão de dominantes e dominados, ou seja, ideologia burguesa contra a ideologia
proletária, dos operários. A primeira com ideologia do lucro enquanto a outra se apresenta
como uma ideologia de luta de classes. Martins (2007, p. 66), nos diz que “(...) ideologia
incorpora todos os sistemas de ideias, opiniões, imagens e valores que se formam no
interior dos grupos sociais ou são por eles assumidos com o fito de legitimar sua ação e de
julgar a ação alheia”.
A partir do momento que visualizamos essa definição de ideologia, perceberemos que
a questão ideológica em uma sociedade, seja ela burguesa ou de luta de classes, molda a forma
cultural do agir social. Fazendo com que se construa a ideia da importância para existência de
uma causa, de uma luta na sociedade. Nascendo por exemplo representantes de comunidade,
como líderes comunitários que exercerão o poder para lutar pelos direitos das pessoas.
Se pensarmos em uma comunidade nas periferias das grandes cidades de nosso
país, seus líderes têm a função de lutar pela superação dos problemas ali encontrados.
Vale ressaltar que se utilizam da cultura como maneira de tentar igualar-se aos que pos-
suem “privilégios sociais”. Ou seja, a questão ideológica está presente na luta por direitos,
utilizando da cultura, seja com arte, música, dança, entre outros pontos que norteiam o agir.
Martins (2007), nos diz que:
Com efeito, cada pessoa, ao nascer em um mundo pleno de história, de início
é inserida formal e sistematicamente na cultura dominante. A transformação
das opções recebidas em opções próprias de pensar e de agir, mesmo quan-
do a delimitação do campo de atuação obedece a regras consagradas, por
exemplo, no ordenamento jurídico, é um indício claro da emergência e da con-
solidação da densidade política de poder da cultura (MARTINS, 2007, p. 60).
Assim, podemos finalizar, afirmando que os indivíduos ou sociedades não são
frutos do determinismo histórico. Pois, a modificação cultural não é estática, ela é “viva”,
que demonstra a escolha do que fazer e agir do indivíduo, tornando constante a utilização
da relação cultura e poder em uma sociedade.
32
SANT´ANA, Cláudio A. Arte e Cultura. São Paulo:Editora Saraiva, 2013. E-book.
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SOUZA, Ana Carolina M de; BAUER, Carolina S.; FREITAS, Eduardo P.; e outros. História
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SOUZA, Milena Costa de. Sociologia do consumo e indústria cultural. Curitiba: InterSa-
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Acesso em: 25 jul. 2023.

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