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08 - Condição, Termo, Modo, Teoria da Invalidade do NJ, Nulidade

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LFG – CI�VIL – Aula 08– Prof. Pablo Stolze – Intensivo I – 19/03/2009
Esta é a penúltima aula de parte geral. Depois começaremos obrigações. Na Parte Geral do intensivo I não entra direitos à personalidade e nem Lei de Introdução ao Código Civil. 
LIVRO III - DOS FATOS JURÍDICOS
TÍTULO I - DO NEGÓCIO JURÍDICO
CAPÍTULO III - DA CONDIÇÃO, DO TERMO E DO ENCARGO
		
PLANO DE EFICÁCIA DO NEGÓCIO JURÍDICO
Já falamos do plano de existência, já falamos do plano de validade, vamos agora falar do plano de eficácia do negócio jurídico e, em seguida, vamos tratar da teoria da validade do negócio jurídico. Por ora, fiquemos com o plano de eficácia. 
O professor Antônio Junqueira de Azevedo, da USP, um dos maiores teóricos do negócio jurídico no nosso país, diz que neste terceiro plano estuda-se a eficácia jurídica do negócio e os elementos que interferem nesta eficácia (não se analisa a existência e nem a validade). Neste terceiro plano, estuda-se, segundo Junqueira de Azevedo, a eficácia jurídica do negócio e os elementos que interferem nesta eficácia. E que elementos são esses? São três: condição, o termo o modo ou encargo.
1.	CONDIÇÃO
1.1. 	Conceito
“Trata-se de um elemento acidental do negócio jurídico consistente em um acontecimento futuro e incerto que subordina a sua eficácia jurídica.”
A condição é um elemento acidental do negócio. Por que acidental? Porque pode não concorrer. Quando ela concorre no negócio jurídico, fala-se que o negócio é condicional. Perceba, em razão desse conceito, que a condição tem duas características fundamentais:
A condição caracteriza-se pela futuridade e 
A condição caracteriza-se pela incerteza.
Toda condição é futura e incerta. Exemplo: Eu celebro um contrato com você por meio do qual me obrigo a lhe doar um carro quando você se casar. Seu casamento é um acontecimento futuro e incerto. A doutrina deixa claro que a condição é sempre futura. Fato passado não é condição. Por exemplo, eu me obrigo a lhe dar metade de um prêmio de uma loteria que correu ontem se eu tiver sido o ganhador. Ora, a loteria correu ontem, não há condição nenhuma aqui. Toda condição é acontecimento futuro! Se eu digo que vou lhe dar metade do prêmio se fui o ganhador da loteria que correu ontem, isso não é condição porque toda condição é futura. 
O segundo requisito da condição é a incerteza. Toda condição é incerta. Mas incerta como? 
“A incerteza da condição refere-se à ocorrência ou não do fato.”
Para que determinado acontecimento seja considerado condição, é preciso que ele seja futuro e incerto. Por que incerto? Porque você não tem certeza de que ele vai acontecer. No exemplo do contrato através do qual prometi doar-lhe um veículo quando você se casar: eu lhe pergunto: você tem certeza de que vai se casar? Não. Isso é incerto. Então, toda condição é incerta quanto à sua ocorrência. E por que estou chamando a atenção para esse ponto? Porque mesmo que haja um acontecimento ou um fato certo quanto à sua ocorrência, mas incerto quanto ao momento da ocorrência, este fato não é condição. Isso porque toda condição é futura e incerta quanto à sua ocorrência. Quando no concurso disserem que o fato, com certeza, ocorrerá, embora não se saiba quando, isso não é condição. Por exemplo: a morte. A morte é um exemplo de um acontecimento que, em geral, não é condição por ser algo certo. 
OBS.: “Caso exista a certeza da ocorrência do fato, ainda que não se saiba o seu momento, condição não será. Por isso, em geral, a morte, por ser certa, não traduz condição. Excepcionalmente, caso haja período predeterminado de tempo dentro do qual a morte deva ocorrer (exemplo: obrigo-me a dar a fazenda, se o meu tio morrer até o dia 15), em tal caso, por conta da incerteza do fato, a morte é condição.”
O que vai caracterizar a condição é a futuridade e a incerteza quanto à sua ocorrência. Então, se lhe derem na prova um acontecimento que, com certeza, ocorrerá, não será condição. O que caracteriza a condição é a incerteza da ocorrência. 
Pegadinha: Ficou claro que a morte, em geral, não é condição porque é certa na sua ocorrência. Mas se há uma hipótese em que a morte deva acontecer em um período predeterminado de tempo, você deixa de ter certeza que ela ocorrerá nesse período predeterminado de tempo, de maneira que, no exemplo que darei agora, se você estabelece um período dentro do qual a morte deva acontecer, neste caso, portanto, a morte pode ser considerada condição. Exemplo: “Eu prometo a lhe doar minha fazenda se o meu tio, que lá reside, morrer até o dia 15 de maio.” Não dá para saber se ele morrerá ou não. Neste caso, há incerteza quanto à ocorrência da morte. Por exceção. Neste caso, a morte é condição.
O Código Civil abre a disciplina no art. 121, conceituando a condição, deixando claro que a condição deve ser estipulada pela vontade das partes. A condição não pode ser imposta por lei:
“Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito do negócio jurídico a evento futuro e incerto.” 
Percebam que a condição sempre deve ser estipulada por cláusula negocial. Não cabe ao legislador impor a condição porque é estipulada pela vontade das partes. 
1.2. 	Classificação da Condição
	A doutrina classifica a condição nos seguintes critérios:
a)	Quanto ao MODO DE ATUAÇÃO, a condição poderá ser: suspensiva e resolutiva.
	Essa matéria é principalmente tratada nos arts. 125 a 127, do Código Civil.
Condição SUSPENSIVA – “A condição suspensiva é aquela que, enquanto não verificada”, paralisa ou suspende o início da eficácia jurídica do negócio.” 
No exemplo que prometo doar-lhe uma fazenda se você se casar com a minha sobrinha é condição nitidamente suspensiva porque enquanto não se operar o casamento (condição), os efeitos do negócio estão paralisados, suspensos. É como se a condição suspensiva fosse uma represa. Enquanto a condição não ocorre, o negócio jurídico não inicia a produção de efeitos. Essa é a condição denominada suspensiva. 
Há um detalhezinho dentro da condição suspensiva que até você estudando pelo caderno, você passa batido por ele. E se você não entender isso, você pode tirar zero. Todo mundo sabe que a condição suspensiva, enquanto não for realizada, suspende o início da eficácia dos efeitos do negócio. Eu só consegui compreender isso na pósgradução. Olha só: todo mundo já sabe que a condição suspensiva impede o início dos efeitos do negócio. Mas nem todo mundo sabe é que isso significa que quando a condição não se implementa o negócio não produz direitos e obrigações recíprocos. Mas, se a condição suspensiva suspende o início da eficácia e, indo mais além, suspende o início dos direitos e obrigações recíprocos, isso tem aplicação prática? Tem que você nem imagina. 
Caio Mário diz o seguinte: Se A e B celebram um contrato subordinado a uma condição suspensiva que ainda não ocorreu, significa que o negócio é existente, perfeito, mas ainda não é eficaz. Isso significa que quando a condição suspensiva não ocorre, as partes ainda não têm direitos e obrigações recíprocos. Na prática significa o quê? Que se o devedor de um contrato subordinado a uma condição suspensiva antecipar o pagamento poderá exigir de volta o que pagou. Por que? Porque uma vez que a condição suspende, inclusive as obrigações decorrentes do negócio, ele ainda não está obrigado a pagar. Vou dar em exemplo: imagine que eu seja dono de uma empresa de serigrafia em camisas e celebro um contrato com um grande partido político para estampar 10 mil camisas com o rosto do candidato já eleito como prefeito. Antes da vitória do candidato, acontecimento futuro e incerto (condição suspensiva), eu entrego as camisas por liberalidade. Mas enquanto a condição não se implementa, nenhuma das partes, ainda, está obrigada a nada. Não há direitos e obrigações recíprocos. Caio Mário dá inúmeros exemplos em que você tem o direito de exigir de voltao que pagou porque o pagamento é indevido quando você paga antes do implemento da condição suspensiva. Isso porque a condição suspensiva não suspende só a eficácia. Não suspende só a exigibilidade. Ela suspende, inclusive, a aquisição dos direitos decorrentes do negócio. Enquanto não ocorre, nenhuma das partes está obrigada a nada.
OBS.: “Seguindo a doutrina do professor Caio Mário, é correto dizer que haverá pagamento indevido, caso o devedor o efetue antes do implemento da condição suspensiva. Isso porque, enquanto ainda não verificada a condição, não há direitos e obrigações recíprocos (art. 125, CC).”
“Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.”
Condição RESOLUTIVA – “Já a condição resolutiva (a ser desenvolvida no módulo de Teoria Geral do Contrato) traduz acontecimento futuro e incerto que, quando verificado, resolve a eficácia jurídica do negócio que vinha sendo produzida.” 
	É o contraponto da condição suspensiva. A resolutiva resolve a eficácia jurídica do negócio em andamento. O negócio é celebrado hoje e já gera efeitos. Quando a condição se implementar, os efeitos estão resolvidos. Isso está no art. 127, do Código Civil. Eu não vou avançar na leitura porque volto a isso quando falar em cláusula resolutiva tácita e expressa na Teoria Geral do Contrato.
“Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.”
	
Então, se você celebra um contrato sujeito à condição resolutiva hoje, ele vai gerar efeitos de imediato. Mas, quando se implementar a condição resolutiva, os efeitos cessarão. 
Exemplo: A para B: Vou celebrar um contrato com você: Lhe darei 20 mil reais por mês até você passar em um concurso público. Passando num concurso público, os efeitos serão desfeitos. É acontecimento futuro e incerto. A condição resolutiva quando implementada resolve os efeitos que estavam sendo produzidos pelo negócio. Por ora, basta saber que a condição resolutiva desfaz os efeitos jurídicos que o negócio estava produzindo. 
b)	Quanto à LICITUDE, a condição poderá ser: lícita e ilícita (art. 122).
	Você pode combinar os critérios classificatórios e ter exemplos de condição suspensiva e lícita, de condição resolutiva e ilícita, etc.
	
“Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.”
	O Código diz: lícita é a condição que não for contrária à lei, à ordem pública e aos bons costumes. Ora, contrario sensu, ilícita é a condição contrária à lei, à ordem pública e aos bons costumes. A doutrina dá vários exemplos: a condição de matar alguém (viola a lei), condição de não sair do país (viola o direito de ir e vir), a condição de instalar casa de prostituição (viola a lei e os bons costumes). 
“Uma condição ilícita, nos termos do art. 123, do Código Civil, e segundo a doutrina do próprio Clóvis Beviláqua, invalida todo o negócio jurídico.”
“Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhes são subordinados:
I - as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
II - as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III - as condições incompreensíveis ou contraditórias.”
	“O codificador também considera ilícita a condição puramente potestativa e considera também ilícita a condição perplexa.”
	“Art. 122. (...); entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.”
	
Aqui você tem clara referência à condição puramente potestativa e à condição perplexa, também ilícitas.
Na novela Mulheres de Areia, havia as gêmeas Ruth (boa) e Raquel (má). Cuidado com a condição potestativa porque ela pode ser Ruth e pode ser Raquel. Ela pode ser boa ou má. A condição má e a condição puramente potestativa.
“Condição puramente potestativa é ilícita porque deriva de exclusivo arbítrio de uma das partes. É uma expressão de tirania a condição puramente potestativa.” 
Ela é arbitrária, proibida, ilícita, tirana, porque a condição puramente potestativa deriva de exclusivo querer de uma das partes. O exemplo que muitos autores dão é o seguinte: celebra-se um negócio em que há uma cláusula dizendo que a parte pode efetuar o pagamento da obrigação no dia atrasado, se quiser. É o típico caso de condição puramente potestativa. Isso é reflexo do exclusivo arbítrio de uma das partes. É um direito absoluto que o sistema jurídico constitucionalizado não aceita.
Fique atento porque há situações em que o próprio ordenamento jurídico, por exceção, acata hipóteses que ortodoxamente deveriam ser proibidas por lei. Eu vou lhes dar situações de condições arbitrárias, puramente potestativas, ilícitas. Ocorre contudo que, embora aparente ser arbitrária, o ordenamento jurídico, com fundamento na ordem social, aceita algumas situações em que você vai verificar um negócio condicionado ao poder de uma das partes. Aparentemente você diria: é uma situação proibida, mas o próprio ordenamento acata.
Exemplos: Se você faz uma compra pela internet, você tem 7 dias (art. 49, CDC) para, sem nenhum fundamento, dizer para o fornecedor que não quer mais o produto e sem dar explicações. É o direito potestativo de não querer. A principiologia de defesa do consumidor admite isso. Alguns tipos de contrato de compra e venda podem estar sujeitos à experimentação. O comprador pode experimentar, não gostar e devolver. 
OBS. “Excepcionalmente, o próprio ordenamento jurídico admite situações em que a vontade exclusiva de uma das partes prevalece, interferindo na eficácia jurídica do negócio (exemplo: art. 49, do CDC).
“Art. 49. O consumidor pode desistir do contrato, no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviço, sempre que a contratação de fornecimento de produtos e serviços ocorrer fora do estabelecimento comercial, especialmente por telefone ou a domicílio.”
Aqui, a vontade do consumidor é condição de eficácia do negócio. Depende exclusivamente dele. É condição puramente potestativa que o próprio ordenamento admite. Mas, em geral, a condição puramente potestativa é vedada por lei. Essa condição puramente potestativa é Raquel, mas ela tem uma irmã boazinha, que é Ruth. Não vá confundir na prova. 
Não confunda a condição puramente potestativa que é ilícita, com a chamada condição simplesmente potestativa. Essa é a condição boa, lícita. Há discricionariedade na análise dessa condição no caso concreto. 
“A condição simplesmente potestativa, lícita, não é arbitrária uma vez que, embora dependa da vontade de uma das partes, alia-se a fatores circunstanciais que a amenizam”.
Exemplo: um time diz para o seu artilheiro: vamos celebrar um contrato. Você receberá 15 milhões de reais, caso no último jogo do campeonato você se torne o artilheiro da competição. Esse é um acontecimento futuro e incerto. Depende da vontade dele? Sim. Mas depende exclusivamente da vontade dele? Não. Então, nesse caso, tornar-se artilheiro depende da vontade dele, mas não só da vontade dele. A condição malévola é a puramente potestativa que invalida o negócio e a puramente potestativa é diferente. Não é arbitrária.
Existe ainda uma figura chamada de condição perplexa, que também é ilícita.
“Condição perplexa, ilícita, contraditória em seus próprios termos, priva o negócio jurídico completamente de seus efeitos.”
Eu celebro um contrato de locação residencial com você, sob a condição de você não morar lá. Esse contrato produz efeitos trancados. É contraditória em seus próprios termos.
O que é condição promíscua? Um dos poucos autores que tratam da matéria é a professoraMaria Helena Diniz. Isso não tem nada a ver com promiscuidade. É facílima de entender. É uma condição que nasce simplesmente potestativa. Normal. Fato superveniente a impossibilita. Quando ela nasce simplesmente potestativa e por fato superveniente se impossibilita, se torna promíscua. Exemplo: na hipótese do artilheiro e o time do futebol, se antes do jogo que o possibilitaria tornar-se artilheiro, o jogador quebra a perna, acontece o seguinte: esse fato superveniente impossibilitou a condição e o contrato não terá efeitos. A condição que se tornou impossível por fato superveniente se tornou uma condição promíscua.
“Condição promíscua é aquela que nasce simplesmente potestativa e se impossibilita depois. Exemplo: o jogado a quem se prometeu o prêmio se fosse artilheiro, quebrou a perna antes do jogo.”
O último critério classificatório da condição:
b)	Quanto à ORIGEM, a condição poderá ser: casual, potestativa e mista.
Na condição casual, o fato futuro e incerto é um exemplo da natureza. Exemplo: “se chover, compro sua safra de cacau.” Essa condição é casual porque o fato é da natureza. A condição é potestativa quando o fato deriva da vontade da parte. Ela pode ser puramente ou simplesmente potestativa. Condição mista (cuidado com ela!) é a que deriva da vontade da parte e da atuação de um terceiro (fato exógeno). Exemplo comum na doutrina: eu lhe entrego10 mil reais se você constituir sociedade com meu irmão. Depende da sua vontade e da vontade do meu irmão.
2.	TERMO
Conceito: “O termo é um acontecimento futuro e certo que interfere na eficácia jurídica do negócio.”
“Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito”.
O termo tem duas características básicas:
O termo tem como característica a futuridade e 
O termo tem como característica a certeza.
A certeza é quanto à ocorrência do fato. O termo é certo. Ainda que não se saiba quando, ele ocorrerá. No campo dos negócios jurídicos, por exemplo, todo contrato de prestação de serviço que você celebra com uma escola de idiomas, normalmente está vinculado a termos. 
OBS.: “Diferentemente da condição suspensiva, nos termos do art. 131, do Código Civil, o termo suspende apenas o exercício, mas não os direitos e obrigações decorrentes do negócio.”
Vimos que a obrigação suspensiva suspende, inclusive, as obrigações decorrentes do negócio. O termo é diferente porque suspende apenas a inexigibilidade do negócio, de maneira que se você celebra um contrato hoje, estipulando um termo de 30 dias, as partes já têm direitos e obrigações recíprocos. Isso porque o termo, diferentemente da condição suspensiva, não suspende os direitos e obrigações recíprocos, mas apenas a exigibilidade do negócio. Se você financiar o seu carro, você recebe um boleto de pagamento. Isso é termo ou condição? É termo. E se eu resolver quitar antecipadamente, o banco pode não receber? Não. Se eu quiser quitar antecipadamente meu financiamento, faltando oito termos, eu posso. O banco não pode se recusar a receber dizendo que “enquanto o termo não se verifica, nós não temos o direito de receber e o senhor não está obrigado a pagar.” O termo não impede que as partes já tenham direitos e obrigações recíprocos, de maneira que você pode perfeitamente, a qualquer tempo, resolver pagar antecipadamente porque, diferentemente da condição suspensiva, não haverá pagamento indevido. O termo não suspende os direitos e as obrigações decorrentes do negócio. Se eu celebrar hoje com você um contrato, subordinando-o a um termo de vencimento de 30 dias, nós já temos direitos e obrigações recíprocos. Por isso, você pode pagar antecipadamente.
Há alguns anos, resolvi quitar meu financiamento. O banco se recusou a receber o pagamento antecipado porque precisava, antes, pagar uma tarifa de liquidação antecipada, autorizada pelo Banco Central. No caso do pagamento antecipado de um contrato vinculado a termo, pagar uma tarifa por antecipação do pagamento é uma contradição dos próprios termos. O Banco Central no site oficial informa que pode ser cobrada tarifa de liquidação antecipada. Para as operações créditos e arrendamento mercantil contratadas antes de 10/12/2007, podem ser cobradas tarifas pela liquidação antecipada no momento em que for efetivada a liquidação, contanto que a cobrança esteja presente no contrato. Além disso, no caso de operações entre 09/12/06 e 09/12/07, para cobrar essa tarifa, deve constar do contrato o valor máximo em reais. Para os contratos celebrados a partir de 10/12/2007 está proibida a cobrança de tarifa por liquidação antecipada. Isso tudo não faz sentido, uma vez que o termo não impede a aquisição dos direitos e obrigações recíprocos decorrentes do negócio.
OBS.: “O Banco Central proibiu, para contratos celebrados a partir de 10/12/07, a cobrança de tarifa por liquidação antecipada”.
3.	MODO OU ENCARGO
Fácil, rápido e objetivo. São tipos de negócios gratuitos. Quando você for estudar doação, vai entender toda a problemática do modo ou encargo, típicos do negócio gratuito. A complicação fica toda por conta da abordagem feita no estudo dos contratos. Aqui, na parte geral, o estudo é mais conceitual.
Essa conceituação é feita com base na doutrina italiana, muito precisa:
Conceito: “O modo ou encargo é um ônus que se atrela a uma liberalidade.”
O encargo não tem peso de uma contraprestação. É apenas um ônus. É um prejuízo que você suporta, em nome de um benefício maior. Eu vou doar uma fazenda no valor de 2 milhões, com o encargo de que o donatário construa uma capela na vila da cidade. 
Quando cai em prova de concurso, caem os seguintes artigos do Código Civil:
“Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.”
Se ele impõe como condição suspensiva, ele é condição suspensiva e interfere no direito das obrigações. Mas, em geral, o encargo não suspende a aquisição e nem o exercício do direito. Exemplo: Eu doei para você uma fazenda, impondo-lhe o encargo de pagar uma pensão de 1 salário mínimo à minha tia. Você ainda não começou a pagar. A fazenda não é sua. E se você não pagar? Isso foge à nossa matéria. Você vai descobrir no intensivo II, o que acontece quando o encargo é descumprido. O que você tem que entender aqui é que o encargo, em regra, não impede a aquisição de um direito. Você ainda não construiu a capela, mas a fazenda já é sua.
“Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.”
Se no contrato há um encargo no sentido de que você vá até a lua, considera-se como não escrito. Se ele é ilícito ou impossível, você desconsidera o encargo e mantêm o negócio puro. Essa é a regra geral. O encargo ilícito quando impossível deve ser desconsiderado simplesmente. Mas, se na prova ficar claro que esse encargo (ilícito ou impossível) era o motivo determinante, ou mais tecnicamente, a causa, a finalidade do próprio negócio, se ficar claro isso, todo o negócio é invalidado. Eu celebro um contrato transferindo um imóvel com o encargo ilícito de que se construa ali uma casa de prostituição. Se o juiz puder, ele apenas desconsidera o encargo e mantém o contrato. Mas se ficar claro que esse encargo (constituir a casa de prostituição) era a própria finalidade das partes, é a própria causa do negócio, todo o negócio é invalidado. Aprioristicamente, não dá pra dizer quando você desconsidera e quando você invalida. O que você precisa perceber é que se o encargo ilícito e a causa do negócio, todo negócio é invalidado.
OBS.: “Regra geral, o encargo ilícito ou impossível é desconsiderado, mantendo-se o negócio puro. Mas se o encargo traduzir a própria finalidade do negócio, todo ele será invalidado.”
(Fim da 1ª parte da aula)
LIVRO III - DOS FATOS JURÍDICOS
TÍTULOI - DO NEGÓCIO JURÍDICO
CAPÍTULO V – DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
	
TEORIA DA INVALIDADE DO NEGÓCIO JURÍDICO
	
Ao invés de usar teoria das nulidades, prefiro dizer teoria da invalidade por uma razão terminológica. Você pode entender que a invalidade é o gênero do qual decorrem as duas espécies de invalidade: a nulidade absoluta e a nulidade relativa, também conhecida como anulabilidade. Por isso prefiro falar em teoria da invalidade do negócio jurídico que se desdobra em nulidade absoluta e nulidade relativa ou anulabilidade.
Há um livro da professora Ada Pelegrini Grinover sobre teoria geral do processo, que escreveu com Dinamarco, que diz o seguinte: no momento em que o ordenamento jurídico reconhece a nulidade de um ato é como se operasse um mecanismo de defesa do ordenamento. Quando ele considera algum negócio jurídico inválido, privando-lhe de efeitos, o ordenamento está se defendendo. O direito argentino chega ao ponto de considerar o ato inválido espécie de ato ilícito. De fato, o reconhecimento da invalidade de um negócio jurídico significa a privação dos efeitos de um negócio que afronta o ordenamento. 
A gravidade dessa invalidade pode variar. A nulidade absoluta é mais grave do que a relativa. Isso porque o negócio nulo (nulidade absoluta) viola norma de ordem pública, cogente, ao passo que a nulidade relativa (anulabilidade) viola norma meramente dispositiva, que fere interesse particular, negócio, portanto, anulável (menos grave que o nulo).
“Na análise da invalidade, deve-se respeitar, em primeiro plano, o princípio da conservação.”
Sempre que o juiz puder, ele deve, na medida do possível, tentar conservar o negócio inválido. Um exemplo da aplicação do princípio da conservação é a chamada redução do negócio jurídico prevista no art. 184, CC.
O que significa redução do negócio? Significa o seguinte: se em determinado negócio uma das cláusulas, por exemplo, a cláusula 23, é inválida, o juiz, podendo, reconhecerá a invalidade parcial, extirpando a cláusula 23 e mantendo as outras. É como se amputasse o membro com problema. 
“Na redução, o juiz afasta a cláusula inválida, mantendo o restante do negócio.”
Não é que ele reescreva a cláusula. Ele afasta a parte e mantém o contrato. É uma forma de conservar o negócio jurídico. Art. 184, do CC:
“Art. 184. Respeitada a intenção das partes, a invalidade parcial de um negócio jurídico não o prejudicará na parte válida, se esta for separável; a invalidade da obrigação principal implica a das obrigações acessórias, mas a destas não induz a da obrigação principal.”
O princípio do qual vocês devem partir é o princípio da conservação. Eu vou com vocês, calma e didaticamente, explicar cada espécie de nulidade. Vamos começar com a mais grave de todas: a nulidade absoluta do negócio jurídico.
1.	NULIDADE ABSOLUTA DO NEGÓCIO JURÍDICO
Há situações tão graves como por exemplo, afronta a princípios constitucionais, que haveria nulidades virtuais (porque dispensa uma lei que reconheça a invalidade). Mas, de qualquer maneira, princípio também tem força de regra. Princípio é regra. 
É mais assentado no ordenamento que toda nulidade pressuponha uma regra que a ampare. As partes não podem inventar nulidades, mormente a absoluta. Porque toda nulidade é amparada em uma regra. 
No Código Civil, os artigos que servem de base à nulidade absoluta são dois: A nulidade absoluta está regulada nos artigos 166 e 167 (já vimos esse artigo, ao estudar, na parte geral, simulação como causa de nulidade absoluta do negócio jurídico), do Código Civil. São os artigos básicos para o entendimento da nulidade absoluta no Código Civil de 2002.
Eu tenho que decorá-lo? Sim! Tem que memorizar. Não tem jeito. 
“Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando:
I - celebrado por pessoa absolutamente incapaz;
	
Imagine uma pessoa de 13 anos celebrando um contrato. Negócio nulo por incapacidade absoluta. Nulidade absoluta do negócio jurídico.
“II - for ilícito, impossível ou indeterminável o seu objeto;
	III - o motivo determinante, comum a ambas as partes, for ilícito;”
	Pegadinha o código novo. A interpretação que eu faço é muito clara: Quando o Código diz isso, está dizendo que o negócio jurídico é nulo quando a causa for ilícita. Quando o motivo comum determinante for a causa do negócio. E se a causa é ilícita, o negócio é nulo de pleno direito. Há negócios que não são causais. Por isso, a doutrina não deu tanta importância ao motivo. Beviláqua era anticausalista (não gostava da causa). Antônio José diz que a doutrina confunde objeto e causa. Mas às vezes a causa aparece, como nesse inciso III.. Os italianos (Ferrara e Ascarelli) diziam que a causa não é o objeto do negócio, mas a função do negócio. A causa, para Caio Mário, é a finalidade das partes ao celebrarem o negócio, é a razão típica do contrato que se celebra, é a finalidade do negócio. Quer dizer então que causa é igual a motivo? Não! Errado! A finalidade do negócio está fora dele. A finalidade é projetada, objetivada. O motivo está dentro da cabeça de cada um. Quando o Código diz que é ilícito o motivo determinante comum a ambas as partes, não é o motivo que está dentro da cabeça de cada um, mas o que eles projetam, é a finalidade do negócio. Vou lhe dar um exemplo para você ver que causa não é igual a motivo, que causa é a função, a finalidade do negócio. O motivo está dentro da sua mente. Eu vi um grande autor dizendo que o contrato de doação é o contrato motivado pela generosidade. Certo ou errado? Isso é certo, mas tome cuidado ao conceituar a doação como motivada pela generosidade. Qual o motivo de um contrato de compra e venda de um carro? “Eu quero tirar onda”, “eu adoro carro”, “comprei porque minha esposa está enchendo o saco”. O motivo interessa a cada um. Mas a finalidade do negócio é determinante a ambas as partes. Na doação, o que me leva a doar? Amor, desprezo, altruísmo? O motivo não interessa. A finalidade, a causa, eu posso dizer, de toda e qualquer doação, eu posso dizer qual é: liberalidade. Eu compro uma casa de praia. Motivo: gosto do mar. Finalidade, causa: Adquirir patrimônio. 
	Quando o CC diz que é nulo o negócio quando o motivo determinante, comum a ambas as partes for ilícito, não está dizendo que é ilícito quando o motivo que está dentro da cabeça de cada um for um motivo ignominioso. O que o código quer dizer é: quando a causa, finalidade do negócio for ilícita, o negócio é nulo de pleno direito. Não confunda causa com motivo. 
					“IV - não revestir a forma prescrita em lei;”
	Já falei isso. Há vezes em que o legislador estabelece a forma como requisito de validade. A inobservância da forma como requisito de validade gera a nulidade absoluta do negócio.
“V - for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade;”
	Em algumas situações a solenidade é tão importante que se não for observada o negócio jurídico é nulo de pleno direito. Exemplo: O testamento cerrado é aquele que só o testador sabe o conteúdo. O envelope com o conteúdo tem que ser lacrado. Isso é solenidade que se preterida gera a nulidade absoluta. Outro exemplo: casamento. Tem que ser de portas abertas. No momento do sim, tem que dar acesso. 
“VI - tiver por objetivo fraudar lei imperativa;”
	Isso é novidade do código novo. É muito amplo a questão da fraude à lei. Sociedade para fraudar a lei. É nulo de pleno de direito. Um contrato de sociedade para lavagem de dinheiro é nulo de pleno direito.
“VII - a lei taxativamente o declarar nulo, ou proibir-lhe a prática, sem cominar sanção.”
	Sempre que a lei disse que “é vedado”, “é proibido”, sem dizer qual é a sanção, a consequência disso, você já sabe: a sanção é a nulidade absoluta do ato praticado. 
	Características da nulidade absoluta
	a)	“A nulidade absoluta, por ser grave, poderá ser arguida por qualquer pessoa, pelo ministério público (quando tiver intervenção no processo), ou atémesmo, ser reconhecida de ofício pelo juiz.” 
	A nulidade absoluta é tão grave que qualquer pessoa pode apontá-la. Até mesmo o juiz pode, sem provocação nenhuma, declarar a nulidade absoluta. Isso está no art. 168, do CC.
		“Art. 168. As nulidades dos artigos antecedentes podem ser alegadas por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público, quando lhe couber intervir.” 
		“Parágrafo único. As nulidades devem ser pronunciadas pelo juiz, quando conhecer do negócio jurídico ou dos seus efeitos e as encontrar provadas, não lhe sendo permitido supri-las, ainda que a requerimento das partes.” 
	b)	“A nulidade absoluta não admite confirmação nem convalesce pelo decurso do tempo (art. 169)”
	Eu celebrei um contrato aos 15 anos de idade. Aos 15 anos sou incapaz. Incapacidade absoluta. O negócio é nulo. O negócio celebrado por absolutamente incapaz, a nulidade é absoluta. O contrato é nulo de pleno direito. Quando cheguei aos 18, eu resolvi confirmar o negócio que fiz aos 15. Eu não posso fazer isso. Eu vou ter que repetir o negócio. Negócio nulo não admite confirmação. Dizer que não convalesce pelo decurso do tempo significa que é imprescritível. O termo mais adequado seria 'indecadenciável', mas essa palavra não existe. 
	OBS.: “Embora imprescritível o reconhecimento da nulidade absoluta, os seus efeitos patrimoniais, todavia, prescrevem.”
	Como assim? Em 2005 A e B celebraram um negócio nulo. Imagine que B se sentiu prejudicado. Até quando B pode impugná-lo por nulidade absoluta? Em qualquer tempo. Isso não interessa. A qualquer tempo a nulidade absoluta pode ser reconhecida porque não convalesce com o decurso do tempo. É imprescritível. Todavia, eventuais efeitos patrimoniais prescrevem. B, no exemplo dado, pretende indenização de A por perdas e danos por conta da nulidade do contrato, esse efeito patrimonial (exigir perdas e danos) prescreve no prazo de lei. B pode, a qualquer tempo buscar a declaração de nulidade absoluta do contrato, mas os efeitos patrimoniais desse contrato nulo prescrevem.
	c)	“A sentença declaratória de nulidade absoluta produz efeitos ex tunc (retroativos).”
	A sentença retroage os seus efeitos para atacar o negócio do início, ab ovo. Isso não está no código, mas é entendimento assentado na doutrina. A sentença projeta os seus efeitos para trás, para atacar o ato no início.
2.	NULIDADE RELATIVA (ou ANULABILIDADE) DO NEGÓCIO JURÍDICO
	O artigo base, que trata desse assunto no Código Civil é o art. 171:
	“Art. 171. Além dos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico:” 
	Isso quer dizer que o art. 171 não exaure todas as hipóteses de nulidade relativa. Ele é a base da nulidade relativa, ou anulabilidade, mas existem no Código outras hipóteses de normas que reconhecem a nulidade relativa. Exemplo de situação que a lei expressamente admite a anulabilidade: art. 496, que não é matéria nossa. Esse artigo diz claramente: “é anulável a compra e venda de ascendente a descendente sem o consentimento dos outros herdeiros necessários e sem o consentimento do cônjuge do alienante, dependendo do regime de bens.” isso para mostrar que há outras situações de negócios anuláveis que não estão 
	“I - por incapacidade relativa do agente;”
	
	Incapacidade absoluta, nulidade absoluta. Incapacidade relativa, nulidade relativa.
	“II - por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores.” 
	
	Lembrem-se que a simulação não está aqui porque a simulação gera nulidade absoluta. 
	Então, o art. 171, é um artigo base do negócio jurídico anulável.
	
	Características da nulidade relativa
	a)	“O negócio anulável somente pode ser impugnado por quem tenha legítimo interesse jurídico, não podendo o juiz fazê-lo de ofício (art. 177).” 
	Ainda que você tenha interesse moral, econômico, só quem tenha interesse jurídico é que pode anular o negócio jurídico.
	b)	“A anulabilidade deve ser impugnada dentro de prazos decadenciais declarados por lei (arts. 178 e 179).” 
	Nulidade absoluta é imprescritível. Nulidade relativa (negócio anulável) não é imprescritível porque o negócio anulável deve ser impugnado dentro de prazos decadenciais. Se você foi vítima de erro, você deverá propor a anulatória dentro de um prazo decadencial previsto em lei. Os dois artigos abaixo trazem prazos importantíssimos e têm que ser decorados.
“Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:” 
“I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; 
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; 
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.” 
	
	Então vejam que a ação anulatória tem prazo decadencial de quatro anos. Essa é a regra geral. Você sabe que é anulável a venda de ascendente a descendente (art. 496, do CC) e sabe que o prazo para a ação anulatória por vícios de vontade ou incapacidade relativa. 
“Art. 496. É anulável a venda de ascendente a descendente, salvo se os outros descendentes e o cônjuge do alienante expressamente houverem consentido. 
Parágrafo único. Em ambos os casos, dispensa-se o consentimento do cônjuge se o regime de bens for o da separação obrigatória.” 
	
	Esse artigo diz que se seu pai ou seu avô (ascendente, não importa qual) quiser vender um bem a você sem consentimento dos outros herdeiros, o ato é anulável. Qual o prazo dessa ação anulatória? O art. 178 fala de erro, dolo, coação, lesão... O prazo de quatro anos é geral quando houver erro, dolo, lesão... O art. 496, disse que é anulável, mas não disse o prazo. 
	Eu vou lhe dar uma dica: toda vez que o legislador disser “é anulável” e não disser o prazo, o prazo é de dois anos. Isso porque o art. 179 diz isso. E você vai aprender no intensivo II que a interpretação desse artigo 179 no caso de ascendente para descendente derrubou uma súmula do STF. Súmula 494:
“Súmula 494: A ação para anular venda de ascendente a descendente, sem consentimento dos demais, prescreve (melhor dizer decai) em vinte anos, contados da data do ato, revogada a Súmula 152.”
	
	Essa súmula foi embora. Caiu. Por que? Porque toda vez que a lei disser “é anulável” e não disser o prazo é dois anos. Com a entrada em vigor do NCC, esse prazo da súmula caiu.
	OBS.: “Na forma do art. 179, toda vez que o legislador disser “é anulável”, sem estabelecer prazo, este será de dois anos (mas isso, veremos nas aulas de contratos em espécie, que, combinando com o art. 179 com o art. 496, concluímos a perda de eficácia da Súmula 494 do STF).”
	
	“Art. 179. Quando a lei dispuser que determinado ato é anulável, sem estabelecer prazo para pleitear-se a anulação, será este de dois anos, a contar da data da conclusão do ato.” 
	c)	“Diferentemente do negócio nulo, o anulável, por ser menos grave, admite confirmação expressa ou tácita (arts. 172 a 174).”
	Se você, por exemplo celebrou um negócio e foi vítima direta, você pode confirmar o contrato se quiser. 
	d)	“Lembra-nos Humberto Theodoro Júnior que a sentença anulatória, posto desconstitutiva, tem eficácia ex tunc, retroativa.”
	A doutrina é rachada nesse ponto. Há autores que dizem que é ex nunc. Mas não é. A eficácia da sentença anulatória é também retroativa. E você até pode dizer que aprendeu que toda sentença desconstitutiva tem efeitos para o futuro. Mas não é assim. Quando você celebra um negócio anulável, a eficácia desse negócio é potencialmente temporária (Pontes de Miranda falava em eficácia interinística), gerando eficácia até o dia do proferimento da sentença. Se a parte prejudicada não ingressa com a ação e não há sentença, os efeitos continuam sendo produzidos. Mas se há sentença anulatória, os efeitos do ato são desconstituídos. Por isso Pontes de Miranda falava que quando se celebra um negócio anulável, a eficácia desse negócio é potencialmentetemporária. Se vc celebra um negócio anulável hoje, a outra parte entra com a ação anulatória. A sentença vai desconstituir esses efeitos. O que Pontes de Miranda chamava de eficácia interinística é a idéia de que o negócio anulável pode gerar efeitos até a sentença. Como diz Humberto Theodoro: Uma vez proferida, a sentença retroage os seus efeitos. Se você celebrar um contrato hoje por meio de coação. Por conta da ameaça, assina o contrato e dá de sinal 10 mil reais. Daqui a três meses ajuíza a ação anulatória. A ação proferida gerará efeitos só para o futuro? Ou retroagirá os seus efeitos? Lógico que retroagirá. 
	“Art. 182. Anulado o negócio jurídico, restituir-se-ão as partes ao estado em que antes dele se achavam, e, não sendo possível restituí-las, serão indenizadas com o equivalente.” 
	A sentença anulatória é desconstitutiva e tem eficácia ex tunc. Está aqui. 
	O que é conversão do negócio jurídico inválido? 
	Eu começo dizendo que a conversão do negócio inválido é uma prova de aproveitamento, uma medida sanatória do negócio inválido. É uma forma de sanar o negócio inválido. A base desse instituto está no Código Civil alemão. Foi o direito alemão que consagrou esse instituto e outros códigos do mundo seguiram.
	Vocês nunca ouviram falar na fungibilidade ou conversibilidade dos interditos possessórios? Quando a parte ingressa com reintegração de posse, alegando esbulho, o juiz, verificando, percebe que não houve esbulho, mas turbação e a ação adequada seria a manutenção. O que faz o juiz? Aproveita o procedimento convertendo-o em manutenção de posse. A convertibilidade é instituto conhecido do direito processual.
	O § 140, do Código Civil alemão, traduzido, diz assim: “Se o negócio jurídico nulo satisfizer os requisitos de um outro negocio jurídico, valerá o último se puder ser entendido que a sua validade teria sido querida caso as partes soubessem da nulidade.” 
	Isso quer dizer que, se o juiz puder, segundo a vontade das partes, aproveita o negócio inválido, transformando-o em negócio válido. O Código de Portugal, na mesma linha, no art. 293. essa medida de aproveitamento só se aplica a negócio nulo? O alemão fala em nulo. O Código brasileiro também só refere negócio nulo. Mas a doutrina é óbvia: se a conversão é medida de salvamento do nulo, logicamente poderia ser aplicável ao anulável porque se pode ser usada para o mais, pode para o menos. A questão é que o negócio anulável tem outras medidas terapêuticas, como a confirmação. Então não há tanto interesse em aplicar a conversão para o negócio anulável. Doutrinariamente, não vejo óbice, mas o código especialmente consagra esse instituto para o negócio nulo.
	“Na forma do art. 170, o sistema jurídico brasileiro consagra a conversão do negócio jurídico inválido: trata-se de uma medida sanatória por meio da qual aproveitam-se os elementos materiais de um negócio nulo ou anulável, convertendo-o em outro negócio de fins lícitos.”
 	A conversão do negócio inválido é a mesma coisa que confirmar o mesmo negócio? Não. Na conversão você está aproveitando os elementos materiais do negócio inválido, nulo ou anulável (apesar de a regra do código referir-se expressamente ao nulo), transformando-o em outro negócio de fins lícitos. É como se o juiz ao converter um negócio inválido A no negócio B, válido, fizesse uma nova categorização do negócio. Se as partes tivessem sabido da nulidade, já teriam aquiescido o negócio convertido, aproveitando-o e transformando-o em negócio válido.
	“Art. 170. Se, porém, o negócio jurídico nulo contiver os requisitos de outro, subsistirá este quando o fim a que visavam as partes permitir supor que o teriam querido, se houvessem previsto a nulidade.” 
	Exemplo: “A conversão de uma compra e venda nula por vício de forma em promessa de compra e venda.” Se o valor do imóvel for superior a 30 salários, a compra e venda tem que observar a forma pública. Dois sujeitos celebram uma compra e venda (definitiva). No momento de lavrarem a escritura, erraram, fizeram por instrumento particular. Um terceiro impugnou alegando nulidade absoluta, o juiz não teve o que fazer. Eles poderiam ter invocado a teoria para, aproveitando os elementos materiais, transformar a compra e venda inválida por vício de forma em promessa de compra e venda. A promessa, independentemente do valor pode ser lavrada por instrumento particular.
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