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DISCIPLINA: PROTEÇÃO RADIOLÓGICA AULA 6 – REVISÃO 1 Profa. Danielle Filipov 2013 ORGANIZAÇÃO DA AULA • TIPOS DE RADIAÇÕES • INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • EFEITOS BIOLÓGICOS DA RADIAÇÃO IONIZANTE TIPOS DE RADIAÇÕES • Radiações Corpusculares: radiações por partículas (corpos com massa). Alfa, beta (mais e menos), prótons e nêutrons. • Radiações Ondulatórias: fótons. Ondas eletromagnéticas. Luz, microondas, raios X. λ f E λ f E TIPOS DE RADIAÇÕES • As radiações podem, também, ser: • Ionizante: capaz de arrancar um elétron de um átomo. Forma-se um par elétron-íon (átomo sem um elétron. Íon positivo). RX, gama, alfa. • Não-Ionizante: não possui energia suficiente para a remoção de um elétron orbital. Luz, microondas. TIPOS DE RADIAÇÕES TIPOS DE RADIAÇÕES • As radiações ionizantes devem ter energia suficiente para romper as energias de ligações dos elétrons nos átomos. • E elas podem ser direta ou indiretamente ionizantes: – Diretamente Ionizantes: partículas carregadas (partículas alfa, elétrons e prótons, por exemplo), uma vez que elas interagem diretamente com os elétrons orbitais, pela interação entre os campos eletromagnéticos. TIPOS DE RADIAÇÕES – Indiretamente Ionizantes: partículas sem carga (fótons de RX ou raios gama, por exemplo). Ela deposita energia no meio através de duas etapas: • Na primeira etapa, partículas carregadas são liberadas no meio (fótons geram elétrons e ou pósitrons). • Na segunda etapa, as partículas liberadas depositam energia no meio através da interação Coulombiana com os elétrons do meio. TIPOS DE RADIAÇÕES • Produção de RX: TIPOS DE RADIAÇÕES TIPOS DE RADIAÇÕES • Produção de radiação gama e corpuscular: – Emissão de Partícula Alfa: TIPOS DE RADIAÇÕES – Emissão de Partícula Beta Menos: excesso de n. – Emissão de Partícula Beta mais: excesso de p. – Captura Eletrônica: excesso de p. Emissão de RX ou elétrons – Emissão de Fóton Gama: INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Quando fóton e átomo interagem, 3 processos podem ocorrer: • Excitação: interação onde elétrons são deslocados de seus orbitais de equilíbrio e, ao retornarem, emitem a energia excedente sob forma de luz ou RX característicos. • Ionização: interação onde elétrons são removidos dos orbitais pelas radiações, resultando em elétrons livres e íons positivos. Como resultado, pode haver emissão de luz, RX característicos ou a emissão de elétrons Auger. • Ativação Nuclear: a interação de radiações com energia superior à energia de ligação das partículas do núcleo pode provocar reações nucleares, resultando na emissão de uma radiação nuclear. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Na física médica, consideram-se 5 interações dos fótons com a matéria como as mais importantes: • Espalhamento Coerente • Fotodesintegração • Efeito Compton • Efeito Fotoelétrico • Produção de pares INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA Baixa probabilidade entre 10 keV e alguns MeV Baixa probabilidade no radiodiagnóstico Principais efeitos no radiodiagnóstico • EFEITO COMPTON • O modelo básico, proposto por Compton, consiste de uma colisão entre um fóton e um elétron livre (das últimas camada eletrônica). • O elétron rompe sua energia de ligação e ganha energia cinética, ou seja, é ejetado. • A velocidade recebida pelo elétron é próxima à velocidade da luz. • O restante da energia do fóton “gera” um fóton espalhado. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • O fóton espalhado e o elétron ejetado (elétron secundário) possuem energia para produzir mais interações até perderem toda a sua energia. • Em geral, a probabilidade de ocorrência do efeito ou espalhamento Compton é pequena para baixas energias, pois a energia dó fóton não é suficiente para ejetar um elétron. • Este efeito, geralmente, ocorre em uma faixa intermediária de energia (entre ~ 100 keV a alguns MeV), pois nesta faixa, o fóton ioniza o átomo e, ainda, resta energia para que exista um fóton espalhado. • Além disso, não há muita influência do número atômico do meio, para que este efeito aconteça, uma vez que ele predomina para as últimas camadas eletrônicas (onde, para todos os elementos, a energia de ligação é baixa). • A figura mostra que o efeito Compton predomina: – Para todos os elementos da tabela periódica, se as energias de fótons estão entre algumas centenas de keV e alguns MeV, – Para todas as energias se os números atômicos são baixos. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • EFEITO FOTOELÉTRICO • Interação que ocorre entre elétron e fóton. • O fóton é totalmente absorvido pelo meio. • Ele fornece parte da sua energia para romper a energia de ligação de um elétron da camada K, e o restante da energia do fóton aparece na forma de energia cinética ao elétron (fotoelétron). INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA E cinética = E fóton – E ligação INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • O elétron secundário é chamado de fotoelétron, que possui energia suficiente para produzir mais interações até perder toda sua energia. • Este fotoelétron pode sair na mesma direção e sentido que o fóton incidente, se a energia for alta (acima de 3 MeV) ou com uma angulação de, em torno de, 70º, se a energia do fóton incidente for menor que 20 keV. • Exemplo: bolhas de bilhar • Com a saída do elétron orbital, da camada K, fica uma vacância que é ocupada por um outro elétron orbital. • Como resultado, dois efeitos podem ocorrer: – Emissão de RX característicos – Emissão de elétrons Auger INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Qual a seção de choque para a ocorrência do efeito fotoelétrico? • Como este efeito é predominante na camada K, a energia do fóton incidente deve ser igual ou ligeiramente maior que a energia de ligação de um elétron nesta camada. • Entretanto, se a energia do fóton for inferior que a energia de ligação da camada K, ocorrerá este efeito, mas nas camadas mais externas. • Assim, a probabilidade do efeito cresce com a 4ª ou 5ª potência do número atômico do material e cai com o cubo da energia do fóton incidente. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Como no efeito fotoelétrico, o fóton desaparece e um elétron é ejetado do átomo, o fóton precisa ter uma energia específica. • Se a energia do fóton for igual ou ligeiramente maior que a energia de ligação do elétron (naquela camada), a probabilidade de ocorrência desse efeito, nesta camada específica) é máxima. • Por isso, a probabilidade é uma curva descontínua: os picos representam a probabilidade quando a energia do fóton for igual à energia de ligação do elétron em uma determinada camada. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Transferência linear de energia INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO INDIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA Produzida pelo EF, EC ou PP • Aplicações das formas de interação na prática: • Uso de filtros convencionais • Uso de filtros da borda K • Blindagem de Pb• Radiação espalhada pelo meio >> radiação de baixa energia >> Efeito Compton. • Radiação espalhada >> interação com o chumbo >> fotoelétrico >> fótons desaparecem • As radiações diretamente ionizantes incluem todas as partículas carregadas (leves ou pesadas). • PARTÍCULAS CARREGADAS RÁPIDAS PESADAS • O que é considerada uma partícula carregada pesada? • Um íon atômico ou uma partícula com carga que tenha energia de repouso (equivalente à massa) superior à energia de ligação de um elétron. • Exemplos: partículas alfa ou prótons. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • A interação dessas partículas se restringe à nuvem eletrônica. • Ou seja, as partículas pesadas interagem somente com os elétrons orbitais de um átomo do meio. • Por que as partículas não interagem com o núcleo? – Pequeno, em relação ao átomo. – “Blindado” pela nuvem eletrônica. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • As interações dessas partículas com os elétrons se dão por inúmeras colisões ou choques. • A partir dessas colisões, ocorre uma transferência da energia cinética da partículas para os átomos, até que a energia cinética seja próxima de 0,025 eV. • Quando ocorre a colisão entre a partícula e o elétron, a partícula segue, praticamente, em trajetória retilínea. • Isso porque a massa da partícula é muito maior que a do elétron. – Ex.: massa próton ~ 2.000 vezes a massa do elétron. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Essa trajetória é limitada, pois a partícula reduz a sua velocidade até parar. • Quando isso acontece, ela é incorporada ao meio (recebendo elétrons do meio e se neutralizando – partícula alfa). INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • FORMAS DE INTERAÇÃO DAS PARTÍCULAS CARREGADAS PESADAS COM O MEIO: • Colisão inelástica com o átomo • Interação entre partícula e todo o átomo, ou com elétrons de camadas mais externas, resultando em excitações. Raramente ionizações. • A partícula sofre uma pequena perda de energia (pois, perde velocidade). • É a interação mais frequente para partículas pesadas. • Uma fração da energia perdida, nesta colisão, pode resultar na emissão de radiação Cherenkov. • Ocorre quando a partícula carregada “viaja” com uma velocidade maior que a velocidade da luz naquele meio. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Colisão inelástica com elétron fortemente ligado • Colisão frontal, na qual pode ocorrer grande perda de energia pela partícula e ionização do átomo. • O elétron ejetado do átomo pode adquirir energia cinética suficiente para se afastar da trajetória da partícula inicial, criando um caminho de ionizações fora da região do feixe incidente. • A esse elétron dá-se o nome de raio delta. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • As partículas alfa perdem energia, basicamente, pela ionização dos átomos, sendo que no seu trajeto ocorrem 3 efeitos importantes: • Ela, inicialmente com grande velocidade, interage por pouco tempo com os elétrons dos átomos do meio; • À medida que ela perde energia, ela interage mais fortemente com os elétrons do meio, até capturar um elétron do meio e sua carga passar de +2 para +1; • Com isso o seu poder de ionização cai rapidamente, até chegar a zero quando ele incorpora mais um elétron, tornando-se um átomo de Hélio neutro. • BLINDAGEM INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • O poder de ionização das partículas alfa é grande, mas o mesmo não se pode dizer da penetração: • Quanto mais denso o material, menor a penetração. • Quanto maior a energia da partícula, maior a penetração. • PARTÍCULAS CARREGADAS LEVES • Nesta categoria, enquadram-se, somente, elétrons e pósitrons com energia cinética maior que a energia de ligação dos elétrons aos átomos do meio. • Boa parte das interações são semelhantes às das partículas carregadas pesadas: interações coulombianas sucessivas. • Mas, há duas diferenças básicas: – Colisões entre partículas de mesma massa (partículas incidentes e elétrons do meio). INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Neste caso, podem ocorrer grandes perdas de energia e mudanças bruscas na direção da trajetória do elétron em uma única colisão. • As trajetórias são tortuosas, e, assim, para um conjunto de elétrons com a mesma energia cinética inicial, a penetração de cada partícula no meio, pode variar. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA – Colisões entre as partículas leves e os núcleos atômicos. • Podem resultar na emissão de raios X de freamento, ou de Bremmstrahlung. • Isso deve ser levado em consideração para o cálculo de blindagens em ambientes com emissões de elétrons. • Devem ser empregados, como blindagem, elementos que desfavoreçam o aparecimento desse tipo de radiação: baixo Z INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • FORMAS DE INTERAÇÃO DAS PARTÍCULAS CARREGADAS LEVES • Colisão inelástica com o núcleo • A partícula primária aproxima-se do núcleo e perde uma parcela muito grande de sua energia (às vezes, toda) na forma de um fóton de raios X, no processo conhecido como Bremmstrahlung (freamento). • Ocorrem em elétrons e pósitrons (partículas leves). INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • A parcela da energia cinética do elétron convertida em radiação é tanto maior quanto mais próximo ele estiver do núcleo no momento da emissão. • Somente em uma pequena fração (2 a 3%) das interações elétron- núcleo a radiação de freamento é emitida. • Na grande maioria das vezes, ocorre, simplesmente, uma deflexão da trajetória, sem perda de energia. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Colisão elástica com o núcleo • A partícula primária aproxima-se do núcleo e sofre uma grande mudança na direção da sua trajetória, sendo a compensação de momento dada pelo recuo do núcleo. • Ou seja, a perda de energia sofrida pela partícula (devido ao desvio da trajetória) foi usada para causar um recuo do átomo. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • Aniquilação do pósitron • Ocorre, em geral, entre o pósitron com velocidade muito baixa e um elétron praticamente em repouso no meio. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • “STOPPING POWER” • A forma de interação, tanto em partículas pesadas quanto em partículas leves, é pelo “Stopping Power” ou Poder de Freamento. • Para cada interação meio-partícula, são calculadas as perdas de energia da partícula. • A composição dos possíveis valores dessas perdas, ponderados pela probabilidade de ocorrência de cada tipo de interação, resulta na grandeza conhecida como “Stopping Power”. • Essa grandeza representa a perda média da energia por unidade de distância percorrida pela partícula. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA S = - dE / dx • S: Stopping Power, em MeV/cm. • dE: perda de energia, em MeV. • dx: distância percorrida pela partícula, em cm. • Quanto maior a velocidade da partícula (energia cinética dela), menor a perda. • Quanto maior a carga da partícula, maior a perda. • Quanto maior ou menor a massa: somente muda a trajetória. INTERAÇÃO DA RADIAÇÃO DIRETAMENTE IONIZANTE COM A MATÉRIA • OS ESTÁGIOS DA AÇÃO • A interaçãoda radiação com a matéria segue uma sequência de eventos que chamaremos de estágios. • Esses estágios ocorrem em qualquer átomo ou molécula do corpo atingido pela radiação, desde as moléculas, como as do DNA até moléculas da água (que são as mais abundantes). – Estágio Físico: dura cerca de 10-15 s, intervalo de tempo durante o qual ocorrem as ionizações e excitações dos átomos; as excitações causam poucos efeitos, ao passo que as ionizações causam desequilíbrio eletrostático nas moléculas. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES – Estágio Físico-Químico: dura cerca de 10-6 s. Após o estágio físico, ocorrem as quebras das ligações químicas da molécula, em consequência da ionização de um dos seus átomos. – Antes, os átomos de uma molécula permaneciam unidos por forças elétricas, mas esse equilíbrio pode ter sido rompido pela ionização de um único átomo. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTE – Estágio Químico: dura poucos segundos, quando os fragmentos da molécula se ligam a outras moléculas, algumas importantes, como as de proteína ou enzimas. – Estágio Biológico: dura dias, semanas ou anos, quando surgem os efeitos bioquímicos ou fisiológicos que produzem alterações morfológicas e/ou funcionais dos órgãos. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • MECANISMO DIRETO DE AÇÃO DAS RI – NO DNA • Há indicações de que a ruptura das pontes de H que ligam as bases é reconstituída, em geral corretamente, em questão de dezenas de minutos, pelas enzimas que as células produzem. • Danos irreversíveis surgem se um número muito grande de danos ocorrerem simultaneamente, ou ainda, se a quebra de uma das fitas não for reparada adequadamente e uma das pontas da fita ficar em estado reativo (ocorre a peroxidação – o O2 liga-se a essa ponta e o reparo nunca acontecerá). EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • Se duas fitas forem quebradas em locais separados por menos de 5 nucleotídeos (nucleotídeo é uma molécula orgânica constituída por uma base, uma molécula de açúcar e uma molécula de fosfato), pode haver a separação das partes quebradas. • 50 eV rompem uma fita. • 200 eV rompem duas fitas. • 33% das quebras de fitas são produzidas pela ação direta no DNA e o restante pelo ataque das hidroxilas (radicais livres OH-), produzidas pela dissociação da água. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • Se uma das fitas de cada uma de duas moléculas de DNA próximas se romper, pode ocorrer a formação de uma ligação cruzada, devido à formação de locais reativos. • Acredita-se que o erro no reparo, principalmente, de quebra de duas fitas da molécula de DNA, seja a principal causa de morte celular e indução de efeitos mutagênicos e cancerígenos. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • MECANISMO DIRETO DE AÇÃO DAS RI – AÇÃO NOS CROMOSSOMOS • Ao incidir em um cromossomo, a radiação ionizante pode quebrar cada um dos braços. Os fragmentos podem unir-se de diferentes modos, constituindo os acêntricos (sem centrômetros) e os anéis, que são considerados mutações instáveis, e as inversões, que são mutações estáveis. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • Se dois cromossomos estiverem próximos entre si, e a radiação causar quebra de um dos braços de cada um deles, a posterior recombinação dos fragmentos pode formar aberrações do tipo dicêntricos (mutação instável que pode durar anos, com 2 centrômeros), acêntrico e translocação (certas translocações estão envolvidas em neoplasias, uma vez que elas são mutações estáveis e, portanto, transmissíveis na geração celular). • Figura 10.9 EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • MECANISMO INDIRETO • No mecanismo indireto de produção do dano biológico, a molécula de água atingida pela radiação ionizante é que sofre a radiólise. • Os estágios da ação na molécula da água são: – Ionização da molécula de água: H2O + radiação ionizante H2O + + e- – O íon positivo dissocia-se imediatamente: H2O + H+ + OH. – O e- associa-se a uma molécula de água: e- + H2O H2O - – O produto H2O - dissocia-se imediatamente: H2O - H. + OH- EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • Os íons H+ e OH- não produzem nenhuma consequência, pois eles já existem em grande quantidade nos fluidos do corpo. • Entretanto, os radicais livres H. e OH. continuam como tais ou reagem com outras moléculas em solução. • Os radicais OH. Podem ser formados muito próximos uns dos outros e, com isso, eles podem se recombinar para produzir o peróxido de hidrogênio (água oxigenada). EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • NATUREZA DOS EFEITOS BIOLÓGICOS • REAÇÕES TECIDUAIS • Os danos nos tecidos ou órgãos que resultam de morte celular em grande número são denominados de reações residuais, segundo o ICRP-2007. • Essas reações ocorrem quando uma dose alta de radiação causa a morte celular de um número muito grande de células de um dado órgão ou tecido, a ponto de ele perder sua função ou de seu funcionamento ficar prejudicado. • Altas doses acontecem somente em acidentes ou em casos de tecidos sadios serem irradiados em radioterapia, por serem adjacentes a tecidos tumorais. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • Neste tipo de efeito: – A gravidade do efeito é função da exposição, ou seja, quanto maior a exposição, mais grave, forte ou severo é o efeito; no caso de queimadura, passa de queimadura leve para queimadura com bolhas. – Há um limiar de dose (relacionada à exposição) para o surgimento de uma reação tecidual, isto é, abaixo de uma dada dose, o número de células danificadas é pequeno, de modo que o organismo não se ressente e é difícil até mesmo de saber se foi exposto à radiação ionizante. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • Morte Celular • A morte celular pode ser causada pela falência reprodutiva, a necrose e a apoptose. • A falência reprodutiva é a incapacidade das células se reproduzirem, em razão dos danos irreparáveis produzidos pelas radiações ionizantes. • De início, ela se manifesta em células que se dividem rapidamente, como as da medula óssea e da mucosa do trato gastrointestinal. • Nas células que se dividem lentamente (fígado) a morte pode ocorrer meses ou anos após a irradiação. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • A necrose ocorre quando a célula sofre danos graves, em razão de agentes externos tóxicos, trauma, calor muito intenso e falta de oxigênio, quando a célula é infeccionada por bactérias ou vírus, ou quando é exposta à radiação ionizante. • Na necrose, as mitocôndrias são danificadas, mas o núcleo das células permanece sem alterações significativas. • A célula incha e acaba por romper a membrana celular, pois a lesão permite que a célula controle seu fluido e mantenha o balanço dos íons. • Esse rompimento causa uma inflamação. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • A apoptose (também chamada de morte celular programada) é um mecanismo completamente diferente da necrose. • Ela ocorre espontaneamente; seu termo, em grego, significa “ato de cair”, como as folhas das árvores que caem no outono para preservar a energia para novas folhas renascerem na primavera. • Assim, tem-se um significado de que a morte é benéfica e programada, porque é importante para o organismo sobreviver e continuar funcionando bem. • Na apoptose, a célula encolhe, o núcleo é danificado e, geralmente, não ocorre inflamação. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • Podemos, ainda, classificar as reações teciduais como imediatasou tardias. • Reações Teciduais Imediatas • Elas surgem pouco tempo depois da exposição do indivíduo à radiação ionizante (algumas horas ou semanas), se o limite de dose recebida, permitido, for ultrapassado. • Podemos citar os eritemas da pele (queimaduras), as mucosites (inflamação da mucosa de revestimento do trato gastrointestinal – principalmente a boca) e escamações da epiderme. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • Reações Teciduais Tardias • Surgem vários meses ou anos (até 10 anos) após a exposição à radiação ionizante, que ocorrem devido à lenta taxa de reposição de células. • Em alguns tecidos, diferentes tipos de danos surgem com diferentes tempos de latência. • Ex.: A medula espinhal é desmielinizada após alguns meses; depois, entre 6 e 18 meses, surge a necrose da matéria branca; na última fase, de 1 a 4 anos, ocorre a vasculopatia (danos nos vasos). EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES SÍNDROME AGUDA DA RADIAÇÃO SÍNDROME CRÔNICA DA RADIAÇÃO IRRADIAÇÃO DE UMA PARTE DO CORPO DESORDEM NEUROVEGETATIVA (SIMILAR A UMA SENSAÇÃO DE ENJOO) FREQUENTE EM RADIOTERAPIA FRACIONADA • Efeito da Radiação em Embriões (Reações Teciduais Tardias) • Estudos realizados com sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki mostram que o limiar de dose para a indução de severo retardo mental é de, pelo menos, 300 mGy no caso do embrião irradiado no útero, durante o período gestacional mais sensível >> 8 a 15 semas após a concepção. • Outro dado, nos mesmos estudos, mostram uma redução do quociente de inteligência (QI), com o aumento da dose, além de anormalidades no crescimento e desenvolvimento. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES Com o passar do tempo gestacional, menos radiossensíveis tornam-se as células. Não é fácil estabelecer uma relação causa-efeito, pois há outros agentes que podem provocar efeitos no embrião, sem estarem relacionados com a radiação. Há 3 efeitos: letalidade, anomalias congênitas e efeitos tardios (após o nascimento – câncer e efeitos hereditários) . • EFEITOS ESTOCÁSTICOS • Os efeitos estocásticos são alterações que surgem nas células normais, sendo os principais o efeito cancerígeno e o hereditário. • O cancerígeno ocorre nas células somáticas, ou seja, o câncer incide nas células da pessoa que recebeu a radiação. • O hereditário ocorre nas células germinativas e pode ser repassado aos descendentes da pessoa irradiada. • Diferente das reações teciduais, detectadas com doses altas e acima de um limiar, os efeitos estocásticos podem ser causados por quaisquer doses. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • Os efeitos estocásticos são probabilísticos, e a probabilidade de sua ocorrência nas células é baixa quando as doses recebidas também são baixas. • Como os efeitos são probabilísticos, não aparecem em todas as pessoas irradiadas. • A probabilidade é proporcional à dose para doses acima de 100 mGy: base do modelo linear sem limiar, que relaciona a incidência de efeitos estocásticos com a dose. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • Modelo Linear sem Limiar • Esse modelo foi proposto pela UNSCEAR em 1958 e, segundo ele, os efeitos de baixas doses de radiação podem ser extrapolados com base no conhecimento dos efeitos de doses altas, usando-se a seguinte relação entre efeito (E) e dose (D): E = a D, onde “a” é um parâmetro do termo linear. • Ou seja, nesse modelo está implícito que, qualquer dose, por menor que seja, incluindo doses devido à radiação natural, pode causar efeitos estocásticos. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • Efeitos Estocásticos Cancerígenos • O modelo mais comum para a análise deste efeito considera que: – Não há limiar de dose de radiação para a indução de dano no DNA que resulte em câncer; ou seja, até mesmo a radiação ambiental pode induzir a um câncer; – Não há relação de gravidade entre dose e câncer, diferentemente das reações teciduais; – Quanto maior a dose, maior a probabilidade de ocorrência de efeitos estocásticos. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • Os efeitos estocásticos cancerígenos são sempre tardios. • O período entre a exposição à radiação e a detecção do câncer, chamado de tempo de latência, pode ser de vários anos. • Ex.: o tempo de latência médio para leucemia é de 8 anos. • As principais fontes de informação vêm de estudos epidemiológicos dos sobreviventes de Hiroshima e Nagasaki, pacientes submetidos à radioterapia, trabalhadores ocupacionalmente expostos e população que morava ao redor de Chernobyl. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • Além disso, no caso de pessoas expostas às bombas atômicas, o aumento da incidência de câncer está relacionado não só com a dose, mas com a idade na época. • Risco maior quanto menor a idade. • Por exemplo: Efeitos estocásticos cancerígenos no embrião: o risco de desenvolver câncer durante a vida, em razão de uma exposição à radiação ionizante in utero, será similar ao caso de uma irradiação nos primeiros anos de vida, que fica em torno de 3 vezes o risco da população adulta. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES • Efeitos Estocásticos Hereditários • O efeito hereditário resulta em mutação nas células germinativas que, quando usadas na concepção, carregam os danos hereditariamente. • Segundo estudos com pessoas expostas às bombas atômicas, não há evidências que mostram que a exposição dos pais à radiação causa um aumento de doenças hereditárias nos filhos. EFEITOS BIOLÓGICOS DAS RADIAÇÕES IONIZANTES
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