Buscar

Dos crimes contra o casamento

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 170 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 170 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 170 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Dos crimes contra o casamento
Bigamia
Conduta – Art. 235. Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena de reclusão, de dois a seis anos. 
§ 1º Aquele que, não sendo casado, contrai casamento com pessoa casada, conhecendo essa circunstância, é punido com reclusão ou detenção de um a três anos. § 2º Anulado por qualquer motivo o primeiro casamento, ou por outro motivo que não a bigamia, considera-se inexistente o crime.
Objetividade jurídica – Visa a lei proteger a organização familiar, mais especificamente o casamento monogâmico.
Tipo objetivo e sujeito ativo – A premissa do crime é a de que ao menos um dos contraentes seja casado. Se o homem e a mulher já são casados, ambos respondem pela figura principal. Na modalidade do caput o crime é próprio, pois só pode ser cometido por pessoas já casadas. A bigamia é crime de concurso necessário porque pressupõe o envolvimento de duas pessoas, ainda que uma delas não possa ser punida por falta de dolo.
Respondem também pelo crime do § 1º as pessoas ou testemunhas que, cientes do fato, colaborem com o aperfeiçoamento do segundo casamento. Exemplo: Advogado que sabendo ser seu cliente casado funciona como testemunha de novo matrimônio deste com outra mulher. 
Sujeito passivo – O Estado, o cônjuge ofendido do primeiro casamento, bem como o cônjuge de boa-fé do segundo.
Consumação – O crime se consuma no momento em que os contraentes manifestam formalmente a vontade de contrair casamento perante a autoridade competente, durante a celebração. Para tal fim, nem sequer é exigido o termo de casamento, que é simples prova do delito. Trata-se de crime instantâneo, de efeitos permanentes.
Tentativa – É possível quando, iniciada a celebração, o casamento é impedido. Há, todavia, entendimento em sentido contrário, sob o fundamento de que, ou há a manifestação de vontade, e o crime está consumado, ou não há, hipótese em que o fato é atípico.
 
Prazo prescricional – Como o crime de bigamia usualmente permanece desconhecido por muito tempo, preferiu o legislador criar hipótese diferenciada no que se refere ao início do prazo prescricional, determinando que o lapso somente passa a correr da data em que o fato se torna conhecido da autoridade pública (art. 111, IV, do CP). 
Ação penal É pública incondicionada.
Induzimento a erro essencial e ocultação de impedimento
Conduta – Art. 236. Contrair casamento, induzindo em erro essencial o outro contraente, ou ocultando-lhe impedimento que não seja casamento anterior: Pena de detenção, de seis meses a dois anos. Parágrafo único. A ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
Objetividade jurídica – A regularidade do casamento nos termos exigidos pela Lei Civil.
Tipo objetivo – A conduta típica é contrair casamento. Para que haja delito, é necessário que o agente tenha induzido o consorte inocente em erro essencial ou que lhe tenha ocultado a existência de impedimento para a celebração do casamento. As hipóteses de impedimento para o casamento estão elencadas no art. 1.521 do Código Civil, havendo crime, assim, se o agente se casar ocultando encontrar-se em uma das situações ali elencadas. 
Sujeito ativo – Pode ser qualquer pessoa, homem ou mulher.
Sujeito passivo – O Estado e o contraente de boa-fé.
Consumação – No momento da celebração do casamento.
Tentativa – Admissível no plano fático, mas inviável em termos jurídicos. O parágrafo único do art. 236 diz que a ação penal só pode ser proposta se já tiver transitado em julgado a sentença que anulou o casamento em razão do erro ou do impedimento. Só existe sentença declarando a anulação se o casamento se concretizou.
Prescrição – O prazo prescricional tem início na data em que transita em julgado a sentença que declarou a anulação do casamento. Se antes disso a ação não poderia ser proposta, o prazo prescricional não poderia estar já em andamento. A sentença anulando o casamento é condição de procedibilidade.
Ação penal – A ação só pode ser proposta pelo cônjuge ofendido e, em caso de morte, não é possível a substituição no polo ativo, havendo extinção da punibilidade. Trata-se, portanto, de crime de ação privada personalíssima. A competência é do Juizado Especial Criminal.
Conhecimento prévio de impedimento – Art. 237. Contrair casamento, conhecendo a existência de impedimento que lhe cause nulidade absoluta: Pena de detenção, de três meses a um ano.
Objetividade jurídica A organização regular da família.
Tipo objetivo – A conduta típica é contrair casamento, desde que o agente o faça sabendo da existência de impedimento que lhe cause a nulidade absoluta. Cuida-se de norma penal em branco porque exige complemento da lei civil à qual cabe definir as hipóteses de impedimento matrimonial. Atualmente, tais impedimentos encontram-se nos incisos I a VII do art. 1.521 do Código Civil. 
Elemento subjetivo – Apenas o dolo direto é capaz de tipificar este crime, na medida em que o dispositivo exige que o agente conheça o impedimento matrimonial. 
Sujeito ativo – Pode ser qualquer pessoa. Se ambos os cônjuges conhecerem a existência do impedimento, serão coautores do crime.
Sujeito passivo – O Estado e o outro contraente, desde que esteja de boa-fé.
Consumação – No momento em que é realizado o casamento.
Tentativa – É possível quando, iniciada a celebração, o casamento é impedido. 
Ação penal – Pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal.
Simulação de autoridade para celebração de casamento
Conduta – Art. 238. Atribuir-se falsamente autoridade para celebração de casamento: Pena de detenção, de um a três anos, se o fato não constitui crime mais grave.
Objetividade jurídica – A disciplina jurídica do casamento.
Tipo objetivo – A conduta consiste em simular a condição de juiz de paz para celebrar matrimônio.
Sujeito ativo – Pode ser qualquer pessoa.
Sujeito passivo – O Estado e os cônjuges de boa-fé.
Consumação – No momento em que o agente se atribui falsamente a condição de juiz de paz, independentemente da efetiva celebração do casamento. Trata-se de crime formal.
Tentativa – Teoricamente possível quando o ato puder ser fracionado. Na prática, entretanto, não ocorre.
Ação penal Pública incondicionada. Considerando que a pena mínima é de um ano, possível a suspensão condicional do processo se presentes os demais requisitos do art. 89 da Lei n. 9.099/95.
Simulação de casamento
Conduta – Art. 239. Simular casamento mediante engano de outra pessoa: Pena de detenção, de um a três anos, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.
Objetividade jurídica – A organização familiar e o regime jurídico do casamento.
Tipo objetivo – Simular significa fingir que está se casando. Para que haja crime, é necessário que o agente, por meio fraudulento, engane o outro nubente, de tal forma que este acredite que está mesmo se casando.
 
Sujeito ativo – Pode ser qualquer pessoa, pois se trata de crime comum.
Sujeito passivo – O Estado, bem como a pessoa enganada.
Consumação – No momento da celebração simulada.
Tentativa – É possível.
Ação penal – Pública incondicionada. 
Adultério
Conduta – Art. 240. Cometer adultério: Pena de detenção, de quinze dias a seis meses. 
§ 1º Incorre na mesma pena o corréu. § 2º A ação somente pode ser intentada pelo cônjuge ofendido, e dentro de um mês após o conhecimento do fato. § 3º A ação penal não pode ser intentada: I — pelo cônjuge desquitado; II — pelo cônjuge que consentiu no adultério ou o perdoou, expressa ou tacitamente. § 4º O Juiz pode deixar de aplicar a pena: I — se havia cessado a vida em comum dos cônjuges; II — se o querelante havia praticado qualquer dos atos previstos no art. 317 do Código Civil.
A menção ao crime de adultério e às suas regras quanto à ação penal e ao perdão judicial foram mantidas apenas por razões históricas, já que essecrime foi revogado expressamente pela Lei n. 11.106/2005, tendo havido abolitio criminis. O delito de adultério punia o relacionamento sexual, fora do casamento, com pessoa do sexo oposto. 
Dos crimes contra o estado de filiação
Registro de nascimento inexistente
Conduta – Art. 241. Promover no registro civil a inscrição de nascimento inexistente: Pena de reclusão, de dois a seis anos.
Objetividade jurídica – A formação da família e a fé pública nos documentos oficiais.
Tipo objetivo – A conduta típica é registrar, dar causa ao registro de pessoa que não nasceu, havendo, também, infração na conduta de registrar natimorto como se tivesse nascido vivo. 
Sujeito ativo – Trata-se de crime comum, que pode ser praticado por qualquer pessoa: pai e mãe fictícios, Oficial do Registro Civil quando ciente da falsidade etc. Também respondem pelos crimes os partícipes, como médicos que tenham atestado o nascimento inexistente, “testemunhas” do nascimento etc.
Sujeito passivo – O Estado, bem como a pessoa que possa ser lesada pelo crime.
Consumação – No momento em que é feito o registro. 
Tentativa – É possível, como, por exemplo, quando a efetivação do registro é obstada por terceiro ou quando o Oficial desconfia da documentação apresentada e não o lavra.
Prescrição – Determina o art. 111, IV, do Código Penal que o prazo prescricional passa a correr a partir da data em que o fato se torna conhecido.
Ação penal – Pública incondicionada.
Parto suposto. 
Conduta – Art. 242. Dar parto alheio como próprio; registrar como seu o filho de outrem; ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil: Pena de reclusão, de dois a seis anos. Parágrafo único. 
Se o crime é cometido por motivo de reconhecida nobreza: Pena de detenção, de um a dois anos, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.
Objetividade jurídica – O estado de filiação.
Tipo objetivo – São previstas, ao todo, quatro condutas típicas autônomas entre si. Vejamos:
1. Dar parto alheio como próprio – É um crime que só pode ser praticado por mulher, cuja ação incriminada é a de apresentar à sociedade um recém-nascido como se fosse seu próprio filho. Trata-se de crime próprio. É necessário que a mulher tenha a intenção específica de criar uma situação jurídica em que se faça passar por mãe do infante, introduzindo-o em sua família. É desnecessário o registro do menor. As vítimas são o Estado e os herdeiros da agente. A consumação ocorre no instante em que é criada uma situação que leve outras pessoas a interpretar que o filho é dela. A tentativa é possível.
2. Registrar como seu o filho de outrem – Cuida-se de infração penal em que o agente, homem ou mulher, promove a inscrição no Registro Civil de criança declarando tratar-se de filho próprio, quando, em verdade, cuida-se de filho de outrem. Respondem também pelo crime o Oficial do Cartório e os pais verdadeiros se, cientes da intenção dos agentes, colaboram para a efetivação do registro. Comete ainda o crime pessoa que passa a viver maritalmente com a gestante, ciente de que ela se encontra grávida de outro homem, e, após o nascimento, registra o recém-nascido como filho dele próprio e de sua companheira. Trata-se de crime comum. Os sujeitos	passivos são o Estado e as pessoas lesadas pela conduta. A consumação se dá no momento em que o registro é efetivado. É possível a tentativa.
3. Ocultar recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil Pratica o crime quem, dolosamente, esconde o recém-nascido visando, com isso, suprimir os direitos inerentes ao estado civil do neonato. Assim, comete também o crime quem intencionalmente deixa de registrar o menor, ainda que continue a sustentá-lo. Trata-se de crime comum, pois pode ser cometido por qualquer pessoa. Sujeitos	passivos são o Estado e o neonato prejudicado. O crime se consuma quando a ocultação atinge os direitos do recém-nascido. A tentativa é possível.
4. Substituir recém-nascido, suprimindo ou alterando direito inerente ao estado civil O crime consiste em trocar recém-nascidos (em berçário, em creche etc.), pouco importando que um deles seja natimorto. As crianças, portanto, passam a viver em famílias trocadas. Trata-se de crime comum, pois pode ser cometido por integrantes de uma das famílias, por integrantes das duas ou até por terceira pessoa. Vítimas são os neonatos e os familiares que não tenham tomado parte no crime. Consuma-se quando a troca atinge os direitos civis do recém-nascido, não sendo necessário o registro. A tentativa é possível.
Figura privilegiada e perdão judicial – Estabelece o art. 242, parágrafo único, que, se o crime for praticado por motivo de reconhecida nobreza, o Juiz pode reduzir a pena para detenção de um a dois anos (quando o normal é reclusão de 2 a 6 anos) ou deixar de aplicar a pena, concedendo o perdão judicial.
Reconhecida nobreza – É evidenciada quando a conduta demonstra generosidade ou afeto do agente que visa criar e educar a criança e, por isso, a registrou em seu nome, por exemplo.
Prescrição Nos termos do art. 111, IV, do Código Penal, para a modalidade de registrar como próprio o filho de outrem (falsificação de assento de registro civil), a prescrição só passa a correr da data em que o fato se torna conhecido. Nas demais modalidades, o prazo prescricional segue a regra geral, ou seja, começa a ser contado da data da consumação (art. 111, I, do CP).
Sonegação de estado de filiação 
Conduta – Art. 243. Deixar em asilo de expostos ou outra instituição de assistência filho próprio ou alheio, ocultando-lhe a filiação ou atribuindo-lhe outra, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil: Pena de reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Objetividade jurídica – O estado de filiação.
Tipo objetivo – A conduta típica é deixar, isto é, abandonar em asilo de expostos ou outra instituição assistencial, pública ou particular, o próprio filho ou filho alheio. É necessário, ainda, que o agente oculte o estado de filiação ou lhe atribua outro, com o fim de prejudicar direito inerente ao estado civil.
Sujeito ativo – No caso de abandono do próprio filho, o delito é classificado como próprio, pois só pode ser cometido por um ou por ambos os pais. Em se tratando de filho alheio, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. 
Sujeito passivo – O Estado e o menor, que pode ser lesado em seus direitos.
Consumação – No momento em que o menor é deixado na instituição. Não é necessário que o agente consiga atingir sua finalidade de sonegar o estado de filiação; basta a intenção nesse sentido.
Tentativa – É possível.
Ação penal – É pública incondicionada.
Dos crimes contra a assistência familiar
Abandono material
Conduta – Art. 244. Deixar, sem justa causa, de prover a subsistência do cônjuge, ou de filho menor de 18 anos ou inapto para o trabalho, ou de ascendente inválido ou maior de 60 anos, não lhes proporcionando os recursos necessários ou faltando ao pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada; deixar, sem justa causa, de socorrer descendente ou ascendente gravemente enfermo: Pena de detenção, de um a quatro anos, e multa. Parágrafo único. Na mesma pena incide quem, sendo solvente, frustra ou ilide, de qualquer modo, inclusive abandono injustificado de emprego ou função, o pagamento de pensão alimentícia judicialmente acordada, fixada ou majorada.
Objetividade jurídica – A lei tutela a família, no sentido de ser observada a regra do Código Civil que estipula a necessidade de assistência material recíproca entre os parentes.
Tipo objetivo – Na primeira modalidade, o legislador incrimina o cônjuge, ascendente ou descendente que, sem justa causa, deixa de prover a subsistência de seus dependentes (cônjuge, o filho menor de 18 anos ou incapacitado para o trabalho, ou, ainda, o ascendente inválido ou maior de 60 anos). É evidente que só existirá o crime se a vítima estiver passando por necessidades materiais e o agente, podendoprover-lhe a subsistência, intencionalmente deixar de fazê-lo. Na segunda modalidade, o agente, sem justa causa, deixa de efetuar o pagamento da pensão alimentícia acordada, fixada ou majorada em processo judicial.
A existência de prisão civil pela inadimplência do dever alimentar não exclui o crime, mas o tempo que o agente permanecer preso em sua consequência poderá ser descontado na execução penal. 
Para a existência do crime, é necessário que o fato se dê sem justa causa (elemento normativo do tipo). Há justa causa, por exemplo, quando o sujeito encontra-se doente e precisa usar os recursos financeiros para seu próprio tratamento ou quando foi vítima de crime contra o patrimônio.
 
Sujeito ativo – Trata-se de crime próprio, que só pode ser cometido por cônjuge, ascendente, descendente etc.
Sujeito passivo – O cônjuge, o filho menor de 18 anos ou incapacitado para o trabalho ou, ainda, o ascendente inválido ou maior de 60 anos.
Consumação – Na primeira figura, a consumação se dá quando o agente, ciente de que a vítima passa por necessidades, deixa de socorrê-la. Exige-se permanência no gesto, não ha vendo crime no ato transitório, em que há ocasional omissão por parte do devedor. Nas demais figuras, a consumação ocorre na data em que o agente não paga a pensão estipulada. Nas duas figuras, o crime é permanente.
Tentativa – Em ambas as hipóteses, o crime é omissivo próprio; assim, não admite a tentativa. 
Entrega de filho menor a pessoa inidônea – Art. 245. Entregar filho menor de 18 anos a pessoa em cuja companhia saiba ou deva saber que o menor fica moral ou materialmente em perigo: Pena de detenção, de um a dois anos.
Objetividade jurídica – A assistência familiar, no sentido do cuidado que devem ter os pais em relação aos filhos menores, nos termos do art. 229 da Constituição Federal.
Tipo objetivo – A conduta típica é entregar o filho menor. Deve-se demonstrar que a pessoa que recebeu o menor é inidônea, ou seja, que o menor ficou moral ou materialmente em perigo em sua companhia. Configura, pois, o delito entregar o menor para prostituta, mendigo que não tenha condições de lhe fornecer os cuidados necessários, alcoólatra, dependente químico, etc. Trata-se de crime de perigo abstrato, em que a lei presume o risco em razão da condição da pessoa inidônea. 
Sujeito ativo – Apenas os pais, já que o tipo penal contém a expressão “entregar o próprio filho” a pessoa inidônea. Trata-se, pois, de crime próprio, sendo irrelevante que se trate de pai natural ou adotivo
Sujeito passivo – O filho menor de 18 anos.
 
Consumação – O crime se consuma no instante em que o menor é entregue à pessoa inidônea, não sendo necessário que fique em poder dela por tempo prolongado. 
Tentativa – É possível quando se evidencia que o pai pretendia entregar o filho, mas que foi obstado por autoridade ou por outro parente da criança ou adolescente.
Figuras qualificadas
§ 1º A pena é de um a quatro anos de reclusão, se o agente pratica delito para obter lucro, ou se o menor é enviado para o exterior.
Na primeira modalidade qualificada, basta a intenção de lucro por parte do agente. Ex.: para que o filho trabalhe e o pai fique com o dinheiro. Na segunda o menor é mandado para o exterior.
§ 2º Incorre, também, na pena do parágrafo anterior quem, embora excluído o perigo moral ou material, auxilia a efetivação de ato destinado ao envio de menor para o exterior, com o fito de obter lucro.
Essa figura qualificada encontra-se revogada pelo art. 239 do Estatuto da Criança e do Adolescente, que pune quem “promover ou auxiliar a efetivação de ato destinado ao envio de criança ou adolescente para o exterior com inobservância das formalidades legais ou com fito de lucro”. A pena é de reclusão, de quatro a seis anos.
Ação penal – É pública incondicionada. Na figura simples, a competência é do Juizado Especial Criminal.
Abandono intelectual
Conduta – Art. 246. Deixar, sem justa causa, de prover a instrução primária de filho em idade escolar: Pena de detenção, de 15 dias a um mês, ou multa.
Objetividade jurídica – O dispositivo visa tutelar a educação dos filhos menores, para evitar que eles se tornem pessoas analfabetas ou com parca instrução que lhes dificulte o convívio social e o ingresso no mercado de trabalho.
Tipo objetivo – O crime de abandono intelectual consiste no descumprimento, por parte dos pais, do dever de prover à instrução intelectual dos filhos menores em idade escolar. A Lei n. 9.394/96 — Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional — complementa o tipo penal em estudo (norma penal em branco), estabelecendo a obrigatoriedade dos pais ou responsáveis em efetuar a matrícula dos menores, a partir dos seis anos de idade, no ensino fundamental (art. 6º). Este é obrigatório, dura nove anos e tem por objetivo a formação básica do cidadão (art. 32). Assim, cometem o crime os pais que não efetuam a matrícula, sem justa causa, quando a criança atinge a idade escolar (seis anos), bem como aqueles que permitem a evasão do ensino antes de completado o ciclo de nove anos mencionado na Lei de Diretrizes. 
Sujeito ativo – Só os pais podem ser sujeitos ativos e é irrelevante se vivem ou não em companhia de seus filhos. Assim, ainda que não convivam com seus filhos, são obrigados a lhes prover à instrução. Trata-se de crime próprio, que, entretanto, não abrange os meros tutores ou curadores do menor.
Sujeito passivo – Os filhos menores em idade escolar.
Consumação – O crime se consuma no momento em que, após a criança atingir a idade escolar, os genitores revelam inequivocamente a vontade de não cumprir com o dever paterno de lhe propiciar instrução primária. Trata-se de crime permanente, pois sua consumação perdura enquanto o menor não for enviado à escola.
Tentativa – Trata-se de crime omissivo que não admite a tentativa. 
Ação penal – É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal.
Abandono moral
Conduta – Art. 247. Permitir alguém que menor de 18 anos, sujeito a seu poder ou confiado à sua guarda ou vigilância: I — frequente casa de jogo ou mal-afamada ou conviva com pessoa viciosa ou de má vida; II — frequente espetáculo capaz de pervertê-lo ou de atender-lhe o pudor, ou participe de representação de igual natureza; III — resida ou trabalhe em casa de prostituição; IV — mendigue ou sirva a mendigo para excitar a comiseração pública. Pena de detenção, de um a três meses, ou multa.
Objetividade jurídica – A formação moral da criança ou adolescente. A denominação “abandono moral” não consta do Código Penal, mas há consenso na doutrina em torno desse nome em face das peculiaridades do delito, que pressupõe abandono do menor em situações que são perigosas à sua formação moral.
Tipo objetivo – A conduta típica é permitir que o menor realize uma das condutas elencadas nos incisos do art. 247. A permissão pode ser expressa ou tácita, tendo, neste último caso, o sentido de tolerância apesar de ciente da conduta do menor. Para a tipificação da hipótese do inc. I, é preciso que o menor frequente com habitualidade casa de jogo ou mal-afamada (casa de prostituição, bar etc.), ou que conviva com pessoa viciosa ou de má vida. É necessário que o responsável por ele saiba desse comportamento e permita, de forma expressa ou tácita, que este se repita. 
Sujeito ativo – Trata-se de crime próprio, pois só pode ser cometido pelos pais ou tutores, ou por outras pessoas a quem tenha sido confiada a guarda ou a vigilância da vítima. 
Sujeito passivo – Apenas o menor de 18 anos que se encontre nas condições elencadas no tipo penal, sob o poder, guarda ou vigilância do agente.
Consumação – No momento em que o menor realiza a conduta elencada no tipo penal, independentemente de se verificar se houve danos à sua moral. Nas hipóteses em que se exige a habitualidade de atos por parte do menor, a consumação só se dará pela reiteração permitida pelo agente.
Tentativa – É possível, quando o responsável, por exemplo, dá autorizaçãopara que o menor passe a mendigar com terceiro, mas o ato em si não se concretiza.
Ação penal – Pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal.
Dos crimes contra o pátrio poder, tutela ou curatela 
Induzimento a fuga, entrega arbitrária ou sonegação de incapazes – Art. 248. Induzir menor de 18 anos, ou interdito, a fugir do lugar em que se acha por determinação de quem sobre ele exerce autoridade, em virtude de lei ou de ordem judicial; confiar a outrem sem ordem do pai, do tutor ou curador algum menor de 18 anos ou interdito, ou deixar, sem justa causa, de entregá-lo a quem legitimamente o reclame: Pena de detenção, de um mês a um ano, ou multa.
Objetividade jurídica – No presente dispositivo tutela-se o pátrio poder, a tutela e a curatela.
Tipo objetivo – Há, em verdade, três condutas distintas nesse tipo penal, as quais estão dispostas a seguir.
Induzimento a fuga de menor ou interdito – Nesta modalidade, o agente convence o incapaz a fugir da casa dos pais ou representantes legais. É necessário que a fuga ocorra por tempo razoável. Neste crime, o agente não acompanha o menor em sua fuga, pois, se o fizesse, haveria crime mais grave, previsto no art. 249 (subtração de incapaz). 
Premissa do crime em análise é que não haja consentimento dos pais ou representantes do menor. O delito só se consuma se o incapaz efetivamente empreender fuga. A tentativa é possível quando o agente entabula conversa a fim de convencer o menor ou interdito a fugir, mas este não o faz.
Entrega não autorizada de menor ou interdito a terceiro – Nessa modalidade, o agente entrega o incapaz a terceiro sem a anuência do responsável. Se houver a concordância, o fato é atípico por expressa determinação legal. Comete o crime, por exemplo, o diretor de escola ou asilo que entrega o menor ou interdito a terceiro sem autorização do responsável. A consumação ocorre no momento da entrega. A tentativa é possível.
Sonegação de incapaz – Nesta figura, o agente deixa de entregar o menor ou interdito, sem justa causa, a quem legitimamente o reclama. Há justa causa, por exemplo, quando o menor está doente e a locomoção pode lhe agravar o quadro. O crime se consuma no momento da primeira recusa na devolução. Essa modalidade de crime é omissiva e não admite a tentativa. Assim, tendo havido recusa, o crime estará consumado, ainda que seja acionada a polícia e o menor restituído por intervenção dos policiais.
Sujeito ativo – Pode ser qualquer pessoa, inclusive os pais se tiverem sido afastados do pátrio poder. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo – As vítimas são os pais, tutores ou curadores, bem como os menores de idade e interditos. O menor emancipado não pode ser sujeito passivo do crime em análise. O pródigo só é interditado em relação a questões patrimoniais, de modo que também não pode ser vítima deste delito.
Ação penal – É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal.
Subtração de incapazes – Art. 249. Subtrair menor de dezoito anos ou interdito ao poder de quem o tem sob sua guarda em virtude de lei ou de ordem judicial: Pena de detenção, de dois meses a dois anos, se o fato não constitui elemento de outro crime.
§ 1º O fato de ser o agente pai ou tutor do menor ou curador do interdito não o exime de pena, se destituído ou temporariamente privado do pátrio poder, tutela, curatela ou guarda. § 2º No caso de restituição do menor ou do interdito, se este não sofreu maus-tratos ou privações, o juiz pode deixar de aplicar pena.
Objetividade jurídica – A guarda da pessoa menor de 18 anos ou interdita.
Tipo objetivo – Consiste em retirar o menor de 18 anos ou o interdito da esfera de vigilância de quem exerce o pátrio poder, tutela, curatela ou guarda. Para a caracterização do delito, não importa se houve consentimento do menor, uma vez que tal consentimento é totalmente inválido. A lei não exige qualquer intenção específica de agir por parte do sujeito. Assim, há crime ainda que a intenção seja dar um futuro melhor ao menor ou afastá-lo da convivência da mãe que passou a viver em união estável com outro homem etc.
Sujeito ativo – Pode ser qualquer pessoa, inclusive os pais, tutores ou curadores do menor ou interdito, desde que destituídos ou afastados temporariamente do direito de guarda.
Sujeito passivo – Os titulares do direito, bem como o menor ou interdito subtraído. 
Consumação – No momento da subtração efetivada contra a vontade do titular do direito de guarda do menor ou interdito. Trata-se de crime permanente.
Tentativa – É possível.
Perdão judicial – Prevê o § 2º uma hipótese de perdão judicial quando o agente restitui o menor ou interdito sem tê-lo submetido a maus-tratos ou privações de qualquer ordem.
Ação penal – É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal.
Dos crimes contra a incolumidade pública
Capítulo I — Dos crimes de perigo comum;
Capítulo II — Dos crimes contra a segurança dos meios de comunicação e transporte e outros serviços públicos;
Capítulo III — Dos crimes contra a saúde pública.
I. Dos crimes de perigo comum
Incêndio
Conduta – Art. 250. Causar incêndio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena — reclusão, de três a seis anos, e multa.
Objetividade jurídica – Todos os delitos incriminados nesse Título têm por finalidade proteger a incolumidade pública, ou seja, a tranquilidade na vida em sociedade, evitando que a integridade física e os bens das pessoas sejam expostos a risco.
Tipo objetivo – No crime de incêndio, o agente provoca intencionalmente a combustão de algum material no qual o fogo se propaga, causando uma situação de risco efetivo (concreto) para número elevado e indeterminado de pessoas ou coisas. A situação de risco pode também decorrer do pânico provocado pelo incêndio (em um cinema, teatro, edifício etc.). A provocação de incêndio em uma casa de campo afastada não coloca em risco a coletividade e, assim, caracteriza-se apenas como crime de dano qualificado (art. 163, parágrafo único, II).
O crime pode ser praticado por ação ou por omissão, por exemplo, por parte de quem tem o dever jurídico de evitar o resultado porque causou acidentalmente o incêndio e, mesmo podendo fazê-lo, resolve se omitir e deixar o fogo tomar grandes proporções. Por se tratar de infração que deixa vestígios, exige-se a realização de perícia no local, tanto para demonstrar a ocorrência do incêndio como do perigo comum dele decorrente.
Ver art. 173 do Código de Processo Penal. 
Sujeito ativo – Pode ser qualquer pessoa, inclusive o proprietário do local incendiado. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo – A coletividade representada pelo Estado e as pessoas expostas a risco em relação à sua integridade ou patrimônio.
Consumação – Quando o incêndio cria a situação de perigo a número indeterminado de pessoas.
Tentativa – É possível quando o agente é impedido de dar início às chamas após ter, por exemplo, jogado gasolina no local, ou quando ateia fogo, mas este é imediatamente apagado por terceiros, que impedem que tome as proporções necessárias para provocar perigo comum.
Distinção – Se a intenção do agente era matar alguém, responde por crime de homicídio (consumado ou tentado, conforme o resultado) qualificado pelo emprego de fogo, em concurso formal com o crime de incêndio. 
Causas de aumento de pena – O § 1º do art. 250 prevê causas de aumento de pena de duas espécies: I – Incêndio	com	intenção	de	obter	alguma vantagem pecuniária, mesmo que este não obtenha a vantagem visada; II – Em razão do local em que é provocado o incêndio. Incêndio em locais onde há maior risco. A pena é agravada única e tão somente em razão do local onde o incêndio é provocado, independentemente de qualquer outro requisito. A agravação se dá quando o incêndio é provocado, por exemplo, em casa habitada ou em edifício público ou destinado a uso público. 
O ato de provocar incêndio em mata ou floresta constitui crime previstono art. 41 da Lei n. 9.605/98 (Lei de Proteção Ambiental).
 
Causas de aumento de pena decorrentes do resultado – Nos termos da 1ª parte do art. 258 do Código Penal, se do crime doloso de perigo comum resultar lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade será aumentada de metade, e se resultar morte, será aplicada em dobro. 
Ação penal É pública incondicionada.
Incêndio culposo 
Conduta – Art. 250, § 2º. Se culposo o incêndio, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos. Trata-se de crime que ocorre quando alguém não toma os cuidados necessários em determinada situação e, por consequência, provoca um incêndio que expõe a perigo a incolumidade física ou o patrimônio de número indeterminado de pessoas. Ex.: atirar ponta de cigarro em local onde pode ocorrer combustão. 
Causas de aumento de pena Nos termos da 2ª parte do art. 258, se em razão do crime culposo resultar lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resultar morte aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.
 
Ação penal – É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal, exceto quando resulta lesão corporal ou morte, hipótese em que a pena máxima supera o limite de dois anos e passa à competência do Juízo Comum.
Explosão
Conduta – Art. 251. Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, mediante explosão, arremesso ou simples colocação de engenho de dinamite ou de substância de efeitos análogos: Pena de reclusão, de três a seis anos, e multa. § 1º Se a substância utilizada não é dinamite ou explosivo de efeitos análogos: Pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Objetividade jurídica A incolumidade pública, ou seja, a tranquilidade na vida em sociedade, evitando que a integridade física e os bens das pessoas sejam expostos a risco.
Tipo objetivo – São previstas as seguintes condutas típicas: a) Provocar explosão. Significa provocar o estouro de substância, com a produção de estrondo e violento deslocamento de ar pela brusca expansão das substâncias que a compõem. b) Arremessar explosivo. É o lançamento feito à distância, com as mãos ou aparelhos. Para a configuração da situação de risco, basta o arremesso, sendo desnecessária a efetiva explosão.
Colocação de explosivos - Significa armar o explosivo em determinado local, como, por exemplo, colocar minas explosivas em um terreno. A situação de risco existe, ainda que não haja a efetiva explosão. O objeto material nesses crimes é a dinamite ou substância de efeitos análogos (caput) ou qualquer outra substância explosiva de menor potencial (forma privilegiada do § 1º).
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa, inclusive o proprietário do local onde ocorreu a explosão. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo - O Estado e as pessoas expostas a risco em relação à sua integridade ou patrimônio.
Consumação - Dá-se com a provocação da situação de perigo a número indeterminado de pessoas.
Tentativa - É possível.
Distinção - Se a intenção do agente é provocar a morte de alguém com uma grande explosão, responde pelo homicídio qualificado pelo emprego de explosivo (art. 121, § 2º, III, do CP), em concurso formal como o delito de explosão.
Causas de aumento de pena - O § 2º do art. 251 prevê causas de aumento de pena de duas espécies. Na primeira delas (inc. I), a pena é aumentada de um terço em razão da finalidade do agente (obtenção de vantagem) e, na segunda (inc. II), em razão do local em que é provocada a explosão.
Causas de aumento de pena decorrentes do resultado - Nos termos da 1ª parte do art. 258 do Código Penal, se do crime doloso de perigo comum resultar lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade será aumentada de metade, e se resultar morte, será aplicada em dobro.
 
Ação penal - É pública incondicionada.
Modalidade culposa - Art. 251, § 3º. No caso de culpa, se a explosão é de dinamite ou substância de efeitos análogos, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; nos demais casos, é de detenção de três meses a um ano.
Trata-se de crime que ocorre quando alguém não toma os cuidados necessários em determinada situação e, por consequência, provoca uma explosão que expõe a perigo a incolumidade física ou o patrimônio de número indeterminado de pessoas. Ex.: colocação de tambores de gás para utilização como combustível em veículo sem as cautelas necessárias, gerando explosão. 
Causas de aumento de pena - Nos termos da 2ª parte do art. 258, se em razão do crime culposo resultar lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resultar morte aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço. 
Ação penal - É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal, exceto quando resulta lesão corporal ou morte em decorrência do uso de dinamite ou explosivo similar, hipótese em que a pena máxima supera o limite de dois anos e passa à competência do Juízo Comum. 
Uso de gás tóxico ou asfixiante
Conduta – Art. 252. Expor a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, usando de gás tóxico ou asfixiante: Pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Objetividade jurídica - A incolumidade pública.
Tipo objetivo - Este delito, que também é de perigo concreto, pressupõe que o agente exponha a risco número indeterminado de pessoas pelo uso de gás tóxico ou asfixiante. Tóxico é o gás venenoso, ainda que não mortal. Asfixiante é aquele que causa sufocação. 8.1.3.3. Sujeito ativo Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo - A coletividade e as pessoas efetivamente expostas a risco no caso concreto.
Consumação - No momento em que é criada a situação de perigo comum.
Tentativa - É possível.
Causas de aumento de pena decorrentes do resultado - Nos termos da 1ª parte do art. 258 do Código Penal, se do crime doloso de perigo comum resultar lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade será aumentada de metade, e se resultar morte, será aplicada em dobro.
 
Ação penal - Pública incondicionada.
Modalidade culposa - Art. 252, parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena de detenção, de três meses a um ano.
A conduta culposa mostra-se presente, por exemplo, em casos de vazamentos de gases tóxicos em empresas.
Causas de aumento de pena - Nos termos da 2ª parte do art. 258, se, em razão do crime culposo, resultar lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resultar morte aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço. 
Ação penal - É pública incondicionada.
Fabrico, fornecimento, aquisição, posse ou transporte de explosivo, gás tóxico ou asfixiante 
Conduta – Art. 253. Fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação: Pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Objetividade jurídica - A incolumidade pública.
Tipo objetivo - No presente tipo penal, o agente não provoca explosão ou faz efetivo uso de gás tóxico ou asfixiante. As condutas típicas têm menor periculosidade e, por consequência, pena menor, consistindo em fabricar, fornecer, adquirir, possuir ou transportar, sem licença da autoridade, substância ou engenho explosivo, gás tóxico ou asfixiante, ou material destinado à sua fabricação.
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo - A coletividade.
Consumação - No instante em que é realizada a conduta típica, independentemente de qualquer resultado.
Tentativa - Considerando que o dispositivo transformou em crime atos preparatórios do delito descrito no art. 251, a conclusão é de que a tentativa não é admissível.
Ação penal - É pública incondicionada, de competência do Jecrim.
Inundação
Conduta - Art. 254. Causar inundação, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena de reclusão, de três a seis anos, e multa, no caso de dolo, oudetenção, de seis meses a dois anos, no caso de culpa.
Objetividade jurídica - A incolumidade pública.
Tipo objetivo - Causar inundação significa provocar o alagamento de um local de grande extensão pelo desvio das águas de seus limites naturais ou artificiais, de forma que não seja possível controlar a força da corrente. O crime pode ser praticado por ação (rompimento de um dique, represamento) ou por omissão.
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa, inclusive o dono do local que venha a ser inundado.
Sujeito passivo - A coletividade representada pelo Estado e as pessoas expostas a risco em relação à sua integridade ou patrimônio.
Consumação - Quando as águas se espalham de tal maneira que criam efetiva situação de perigo (concreto) para número indeterminado de pessoas.
Tentativa - É possível.
Causas de aumento de pena decorrentes do resultado - Nos termos da 1ª parte do art. 258 do Código Penal, se do crime doloso de perigo comum resultar lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade será aumentada de metade, e se resultar morte, será aplicada em dobro.
 
Ação penal - É pública incondicionada.
Perigo de inundação
Conduta – Art. 255. Remover, destruir ou inutilizar, em prédio próprio ou alheio, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem, obstáculo natural ou obra destinada a impedir inundação: Pena de reclusão, de um a três anos, e multa.
Objetividade jurídica - A incolumidade pública. 
Tipo objetivo Esse crime se caracteriza pela não ocorrência da inundação, uma vez que a existência desta tipifica o crime previsto no artigo anterior. A conduta incriminada no delito em tela consiste apenas em tirar, eliminar ou tornar ineficaz algum obstáculo (margem, por exemplo) ou obra (barragem, dique, comporta etc.) cuja finalidade é evitar a inundação.
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa, até mesmo o dono do imóvel de onde foi retirado o obstáculo ou obra destinada a impedir a inundação.
Sujeito passivo - A coletividade representada pelo Estado e as pessoas expostas a risco em relação à sua integridade ou patrimônio. 
Consumação - O crime se consuma com a situação de perigo concreto decorrente de sua conduta.
 
Tentativa - É possível quando o agente, por exemplo, não consegue remover o obstáculo. Não se confunde o crime de tentativa de inundação (art. 254), em que o agente quer, mas não consegue provocá-la, com o crime de perigo de inundação, em que o agente efetivamente não quer provocá-la.
Ação penal - É pública incondicionada.
Desabamento ou desmoronamento
Conduta – Art. 256. Causar desabamento ou desmoronamento, expondo a perigo a vida, a integridade física ou o patrimônio de outrem: Pena de reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Objetividade jurídica - A incolumidade pública.
Tipo objetivo – De duas espécies: a) Causar desabamento. Significa provocar a queda de obras construídas pelo homem; b) Causar desmoronamento. Significa provocar a queda de parte do solo, como barrancos ou morros.
 
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa, inclusive o dono do imóvel atingido.
Sujeito passivo - A coletividade representada pelo Estado e as pessoas expostas a risco em relação à sua integridade ou patrimônio.
Consumação O crime se consuma com a provocação de perigo concreto à integridade física ou ao patrimônio de número indeterminado de pessoas. Pressupõe que a queda se concretize e exponha a perigo a vida ou o patrimônio de diversas pessoas.
Tentativa - É possível.
Causas de aumento de pena decorrentes do resultado - Nos termos da 1ª parte do art. 258 do Código Penal, se do crime doloso de perigo comum resultar lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade será aumentada de metade, e se resultar morte, será aplicada em dobro. 
Ação penal - É pública incondicionada.
Modalidade culposa - Parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena de detenção, de seis meses a um ano. É bastante comum a ocorrência da modalidade culposa do crime de desabamento ou desmoronamento. É o que ocorre, por exemplo, quando não são observadas as regras próprias na edificação de casas ou prédios, quando são construídas valas próximas a edificações ou quando é retirada terra ou desmatada área que impede a queda de barrancos.
Causas de aumento de pena - A 2ª parte do art. 258 estabelece que, se em razão do crime culposo resultar lesão corporal, a pena aumenta-se de metade e, se resultar morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.
Ação penal - É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal, exceto se resultar morte, hipótese em que a pena máxima supera o patamar de dois anos.
Subtração, ocultação ou inutilização de material de salvamento
Conduta – Art. 257. Subtrair, ocultar ou inutilizar, por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio ou outro desastre ou calamidade, aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento, ou impedir ou dificultar serviço de tal natureza: Pena de reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Objetividade jurídica - A incolumidade pública
Tipo objetivo - O presente tipo penal possui duas partes. Na primeira delas, o agente subtrai (tira o bem do local), oculta (esconde) ou inutiliza (destrói ou torna de outra forma imprestável) objeto destinado a salvamento. É necessário que o fato ocorra por ocasião de incêndio, inundação, naufrágio ou outro desastre, ou calamidade, razão pela qual a lei presume o risco que decorre da conduta do agente. Esta deve recair sobre aparelho, material ou qualquer meio destinado a serviço de combate ao perigo, de socorro ou salvamento. Ex.: extintor de incêndio, escadas, mala de primeiros socorros, bote salva-vidas, bomba de água, rede de salvamento etc.
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa, inclusive o proprietário do material de salvamento. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo - A coletividade e as pessoas efetivamente expostas a risco no caso concreto.
Consumação No instante em que o agente subtrai, oculta ou inutiliza os objetos, ainda que não consiga impedir o socorro. 
Tentativa - É possível.
Causas de aumento de pena decorrentes do resultado - Nos termos da 1ª parte do art. 258 do Código Penal, se do crime doloso de perigo comum resultar lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade será aumentada de metade, e se resultar morte, será aplicada em dobro.
 
Ação penal - É pública incondicionada.
Difusão de doença ou praga
Conduta - Art. 259. Difundir doença ou praga que possa causar dano a floresta, plantação ou animais de utilidade econômica: Pena de reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Parágrafo único. No caso de culpa, a pena é detenção, de um a seis meses, ou multa.
A figura principal desse dispositivo encontra-se revogada, tacitamente, pelo art. 61 da Lei de Proteção ao Meio Ambiente (Lei n. 9.605/98), que pune com reclusão, de um a quatro anos, e multa quem “disseminar doença ou praga ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora ou aos ecossistemas”. Esse era o único crime do Capítulo em que se punia tão somente o perigo ao patrimônio, já que, nos demais tipos penais, o perigo envolve a vida e a integridade física das pessoas. A modalidade culposa ainda se encontra em vigor por não haver figura semelhante na lei ambiental. Pressupõe que, por falta de cuidado, o agente dê causa à difusão de doenças ou pragas potencialmente perigosas a florestas, plantações ou animais de utilidade doméstica.
 
II. Dos crimes contra a segurança dos meios de comunicação e transporte e outros serviços públicos
Perigo de desastre ferroviário
Conduta - Art. 260. Impedir ou perturbar serviço de estrada de ferro: I — destruindo, danificando ou desarranjando, total ou parcialmente, linha férrea, material rodante ou de tração, obra de arte ou instalação; II — colocando obstáculo na linha; III — transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veículosou interrompendo ou embaraçando o funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia; IV — praticando outro ato de que possa resultar desastre: Pena — reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Objetividade jurídica - A incolumidade pública.
Tipo objetivo - Impedir é fazer com que pare de funcionar o serviço ferroviário, e perturbar é sinônimo de atrapalhar seu funcionamento. A própria lei elenca as formas de criar a situação de perigo comum: a) Destruindo, danificando ou desarranjando, total ou parcialmente, a linha férrea; b) Colocando obstáculo na pista; c) Transmitindo falso aviso acerca do movimento dos veículos ou interrompendo ou embaraçando o funcionamento de telégrafo, telefone ou radiotelegrafia; d) Praticando outro ato de que possa resultar desastre. Trata-se aqui de fórmula genérica que tem a finalidade de abranger qualquer outra situação provocadora de perigo, até mesmo omissões por parte de ferroviários..
Sujeito ativo - Qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo - A coletividade e as pessoas expostas a perigo.
Consumação - No momento em que é gerado o perigo concreto, ou seja, o risco imediato de desastre.
Tentativa - É possível.
Ação penal - Pública incondicionada.
Desastre ferroviário
Conduta – Art. 260, § 1º. Se do fato resulta desastre: Pena de reclusão, de quatro a doze anos, e multa.
Premissa do crime simples descrito no caput é que a conduta do agente não cause o desastre, mas apenas perigo de sua ocorrência. Caso este se concretize em razão de uma das condutas descritas no caput, estará configurado o delito de desastre ferroviário, cuja pena é consideravelmente maior.
Causas	de	aumento	de	pena - Nos termos do art. 263, combinado com o art. 258 do Código Penal, se do desastre culposo resultar lesão grave, a pena de reclusão será aumentada em metade e, se resultar morte, será aplicada em dobro. 
Desastre ferroviário culposo - Art. 260, § 2º. No caso de culpa, ocorrendo desastre: Pena de detenção, de seis meses a dois anos. Na modalidade culposa, não há qualquer relação com as condutas elencadas no caput. Basta que alguém, por qualquer tipo de imprudência, negligência ou imperícia, dê causa a um acidente ferroviário. Ex.: motorista de veículo que cruza os trilhos sem a atenção devida e causa colisão. 
Causas	de	aumento	de	pena Nos termos do art. 263, combinado com o art. 258 do Código Penal, se do desastre resulta lesão, ainda que leve, a pena aumenta-se em metade e, se resulta morte, aplica-se a pena do homicídio culposo aumentada de um terço.
Ação penal É pública incondicionada.
Atentado contra a segurança de transporte marítimo, fluvial ou aéreo - Art. 261. Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia, ou praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea: Pena de reclusão, de dois a cinco anos.
Objetividade jurídica - A incolumidade pública, no sentido de manter a segurança nos meios de transporte referidos no tipo penal.
Tipo objetivo O dispositivo em questão tem duas partes, as quais estão dispostas a seguir: 
01. Expor a perigo embarcação ou aeronave, própria ou alheia Embarcação é toda construção destinada a navegar sobre águas (lancha, navio, catamarã, balsa). Aeronave é “todo aparelho manobrável em voo, que possa sustentar-se e circular no espaço aéreo, mediante reações aerodinâmicas, apto a transportar pessoas ou coisas” (art. 106 da Lei n. 7.565/86 — Código Brasileiro de Aeronáutica). Abrange não só os aviões de qualquer porte, mas também helicópteros, balões, dirigíveis etc. Para a configuração do delito, é necessário que a embarcação ou aeronave sejam destinadas ao transporte público, mesmo que realizados por particulares. 
2. Praticar qualquer ato tendente a impedir ou dificultar navegação marítima, fluvial ou aérea Podem configurar o crime a colocação de obstáculos, as falsas informações a respeito de tormentas, a remoção de sinalizações ou de peças da embarcação ou aeronave etc.
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa, inclusive o dono da aeronave ou embarcação, conforme esclarece o próprio tipo penal.
Sujeito passivo - A coletividade e as pessoas efetivamente expostas ao perigo.
Consumação – A consumação só ocorrerá quando se verificar a situação de perigo.
Tentativa - É possível.
Ação penal - É pública incondicionada.
Sinistro em transporte marítimo, fluvial ou aéreo
Conduta – Art. 261, § 1º. Se do fato resulta naufrágio, submersão ou encalhe de embarcação ou queda ou destruição de aeronave: Pena de reclusão, de quatro a doze anos.
A figura qualificada foi prevista para punir mais gravemente a conduta da qual decorra resultado danoso à embarcação ou aeronave, ainda que pertencente ao próprio autor do crime. Diverge a doutrina em torno da natureza dessa forma qualificada.
Causas	de	aumento	de	pena - Nos termos do art. 263, combinado com o art. 258 do Código Penal, se do sinistro resulta lesão grave, a pena de reclusão é aumentada em metade e, se resulta morte, é aplicada em dobro. Essas hipóteses são exclusivamente preterdolosas, pois, se o agente quer provocar a morte, responde por crime de homicídio qualificado.
Prática do crime com intenção de lucro - Art. 261, § 2º. Aplica-se, também, a pena de multa, se o agente pratica o crime com intuito de obter vantagem econômica, para si ou para outrem. É o que ocorre com piloto de aeronave que, por aposta, efetua acrobacia, ou que recebe dinheiro de empresa concorrente para dificultar a prestação de serviço daquela em que trabalha etc.
Modalidade culposa - Art. 261, § 3º. No caso de culpa, se ocorre o sinistro: Pena de detenção, de seis meses a dois anos. É o que ocorre, por exemplo, quando o sujeito dá causa ao evento pela falta de manutenção no equipamento, provocando o sinistro.
Causas	de	aumento de pena - Nos termos do art. 263, combinado com o art. 258 do Código Penal, se do sinistro resulta lesão, ainda que leve, a pena aumenta-se em metade e, se resulta morte, aplica-se a pena do homicídio culposo aumentada de um terço.
Ação penal - É pública incondicionada.
Atentado contra a segurança de outro meio de transporte
Conduta – Art. 262. Expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-lhe o funcionamento: Pena de detenção, de um a dois anos. § 1º Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de dois a cinco anos.
Objetividade jurídica - A incolumidade pública.
Tipo objetivo - As condutas típicas são as mesmas do arts. 260 e 261, isto é, impedir ou dificultar o funcionamento de um meio de transporte, gerando perigo concreto à incolumidade pública.
 
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa, inclusive os proprietários do veículo ou seus funcionários. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo - A coletividade e as pessoas efetivamente expostas a risco no caso concreto.
Consumação - Quando ocorre a situação de perigo coletivo decorrente da conduta do sujeito.
Tentativa - É possível. 
Figura qualificada e causa de aumento de pena - Se do fato resulta desastre, o crime é qualificado, nos termos do § 1º. Além disso, nos termos do art. 263, combinado com o art. 258 do Código Penal, se do desastre resulta lesão grave, a pena de reclusão é aumentada em metade e, se resulta morte, é aplicada em dobro.
Ação penal - É pública incondicionada, de competência do Jecrim em sua figura simples.
Modalidade culposa - Art. 262, § 2º. No caso de culpa, se ocorre desastre: Pena de detenção, de três meses a um ano. A modalidade culposa somente é punida quando dela decorre desastre. 
Causas	de	aumento	de	pena - Nos termos do art. 263, combinado com o art. 258 do Código Penal, se do desastre culposo resulta lesão, ainda que leve, a pena aumenta-se em metade e, se resulta morte, aplica-se a pena do homicídio culposo aumentada de um terço.
Ação penal - É pública incondicionada.
Arremesso de projétil
Conduta - Art. 264. Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao transporte públicopor terra, por água ou pelo ar: Pena de detenção, de um a seis meses. Parágrafo único. Se do fato resulta lesão corporal, a pena é de detenção, de seis meses a dois anos; se resulta morte, a pena é a do art. 121, § 3º, aumentada de um terço.
Objetividade jurídica - A incolumidade pública, no que se refere à segurança nos meios de transporte coletivos.
Tipo objetivo O delito consiste em arremessar, que significa atirar, jogar um projétil (objeto sólido capaz de ferir ou causar dano em coisas ou pessoas). Para que exista crime, é necessário que o projétil seja lançado contra veículo em movimento por terra, mar ou ar. Exige-se também que o veículo seja destinado a transporte coletivo (ônibus, navios, aviões etc.). Assim, o arremesso de projétil contra veículo de uso particular ou de transporte público que esteja parado pode caracterizar apenas outro crime (lesões corporais, dano etc.).
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo - A coletividade.
Consumação - Com o arremesso, ainda que não atinja o alvo. Trata-se de crime de perigo abstrato, cuja configuração independe da efetiva demonstração da situação de risco. O perigo, portanto, é presumido.
Tentativa - É possível quando o agente movimenta o braço para lançar o projétil e é detido por alguém.
Causas de aumento de pena - Nos termos do parágrafo único, se do fato resulta lesão, ainda que leve, a pena é aumentada para seis meses a dois anos de detenção e, se resulta morte, a pena é a do homicídio culposo, aumentada de um terço. 
Distinção - O crime de atentado contra a segurança de outro meio de transporte coletivo (art. 262) pressupõe dolo específico de expor a perigo o meio de transporte público, colocando em risco grande número de pessoas, ou de dificultar ou impedir seu funcionamento, requisitos que não existem no delito de arremesso de projétil.
Ação penal - É pública incondicionada.
Atentado contra a segurança de serviço de utilidade pública
Conduta - Art. 265. Atentar contra a segurança ou o funcionamento de serviço de água, luz, força ou calor, ou qualquer outro de utilidade pública: Pena de reclusão, de um a cinco anos, e multa. Parágrafo único. Aumentar-se-á a pena de um terço até a metade, se o dano ocorrer em virtude de subtração de material essencial ao funcionamento dos serviços.
Objetividade jurídica - A incolumidade pública no sentido da manutenção dos serviços de utilidade pública.
Tipo objetivo - As condutas típicas consistem em: a) Atentar contra a segurança dos serviços, isto é, torná-los inseguros, perigosos. Ex.: deixar desencapados fios de alta tensão em postes públicos. b) Atentar contra o funcionamento dos serviços, ou seja, provocar a paralisação destes. Ex.: cortar os cabos elétricos fazendo faltar luz em uma região. Não basta à configuração do delito quebrar a luz de um único poste. É necessário que pessoas indeterminadas sejam ou possam ser atingidas. Também abrangidos os serviços de gás, de limpeza etc., em razão da fórmula genérica contida no dispositivo “qualquer outro serviço de utilidade pública”. É indiferente que o serviço seja prestado por entidade pública ou particular. 
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa, inclusive o próprio fornecedor do serviço ou algum funcionário da empresa prestadora.
Sujeito passivo - A coletividade, além das pessoas eventualmente prejudicadas pela falta ou má prestação do serviço. 
Consumação - No momento em que o agente realiza a conduta capaz de perturbar a segurança ou o funcionamento do serviço. Trata-se de crime de perigo abstrato em que se presume o risco decorrente da ação.
Tentativa - É possível.
Causa de aumento de pena - Haverá uma agravação de um terço da pena quando o dano ocorrer em razão de furto de material essencial ao funcionamento dos serviços. Ex.: a subtração de fios elétricos.
Ação penal - É pública incondicionada.
Interrupção ou perturbação de serviço telegráfico ou telefônico
Conduta – Art. 266. Interromper ou perturbar serviço telegráfico, radiotelegráfico ou telefônico, impedir ou dificultar-lhe o restabelecimento: Pena de detenção, de um a três anos, e multa. Parágrafo único. Aplicam-se as penas em dobro, se o crime é cometido por ocasião de calamidade pública.
Objetividade jurídica A incolumidade pública no que diz respeito à regularidade dos serviços telegráficos e telefônicos.
Tipo objetivo - O texto legal incrimina aqueles que provocam a interrupção total do serviço e também os que apenas prejudicam seu funcionamento. Pune, ainda, aqueles que, de algum modo, impedem ou criam óbices ao restabelecimento do serviço cujo defeito não foi por eles provocado. Para a configuração do crime, não basta prejudicar o funcionamento de um aparelho telefônico ou telegráfico, é preciso que a conduta afete o serviço de uma região considerável, prejudicando número indeterminado de pessoas.
 
Sujeito ativo - Qualquer pessoa, inclusive os funcionários da prestadora do serviço.
Sujeito passivo - A coletividade e as pessoas prejudicadas por não poderem utilizar o serviço adequadamente.
Consumação - No momento em que o agente realiza a conduta descrita no tipo penal. Trata-se de crime de perigo abstrato.
Tentativa - É possível. Ex.: pessoa flagrada quando estava prestes a cortar os cabos telefônicos que possibilitam o funcionamento dos aparelhos em certa região.
Causa de aumento de pena - Se a conduta for cometida por ocasião de calamidade pública, as penas (detenção e multa) serão aplicadas em dobro. São hipóteses de calamidade pública as grandes enchentes, inundações, deslizamentos de encostas de morros, etc, pois impede ou dificulta que as pessoas atingidas peçam auxílio.
Ação penal - É pública incondicionada.
III. Dos crimes contra a saúde pública
Epidemia
Conduta – Art. 267. Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos: Pena de reclusão, de dez a quinze anos. § 1º Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.
Objetividade jurídica - A saúde pública.
Tipo objetivo - Propagar germes patogênicos, que implica difundir, espalhar vírus, bacilos ou protozoários capazes de produzir moléstias infecciosas. Ex.: meningite, sarampo, gripe, febre amarela etc. O crime pode ser praticado por qualquer meio: contaminação do ar, da água, transmissão direta etc. É necessário, também, que a conduta provoque epidemia, ou seja, surto de uma doença que atinja grande número de pessoas em determinado local ou região.
 
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa, não apenas os que já estejam contaminados.
Sujeito passivo - A coletividade e as pessoas que forem contaminadas.
Consumação - Quando se verifica a epidemia, vale dizer, com a ocorrência de inúmeros casos da doença.
Tentativa - É possível na hipótese de o agente propagar os germes patogênicos, mas não provocar a epidemia que visava.
Causa de aumento de pena A pena é aplicada em dobro se resulta morte. Quanto ao resultado agravador, é possível que se tenha verificado dolosa ou culposamente, tendo em vista o quantum final da pena (que fica entre 20 e 30 anos). Para que se verifique a causa de aumento, basta a ocorrência de uma única morte. O crime de epidemia qualificada pela morte é considerado crime hediondo pelo art. 1º, VII, da Lei n. 8.072/90.
Modalidade culposa - § 2º. No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos. Se a provocação da epidemia for culposa, aplica-se a pena de detenção de um a dois anos e, se dela resulta morte, de dois a quatro anos. A transmissão não intencional da doença para pessoa determinada, sem a provocação de epidemia, não configura o crime.
Ação penal - É pública incondicionada.
Infração de medida sanitária preventiva
Conduta – Art. 268. Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa: Pena de detenção, de um mês a um ano, e multa. Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário dasaúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.
Objetividade jurídica - A incolumidade pública, no sentido da preservação da saúde.
Tipo objetivo - O crime em análise é norma penal em branco, pois exige complemento por lei ou ato administrativo em que o poder público faça determinação expressa a fim de impedir a introdução no País de doença contagiosa ou a sua propagação. No ano de 2009, o Ministério da Saúde publicou recomendação no sentido de que se deveria evitar viagens a países em que a gripe A (H1N1) já se encontrava disseminada, por exemplo, no Chile e na Argentina. O descumprimento a essa recomendação, entretanto, não constituiria crime, já que o tipo penal exige descumprimento a determinação do poder público, pressupondo, assim, proibições expressas ou ações imperativas. Ex.: proibição de viagem e retorno ao Brasil de local onde haja pessoas infectadas.
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum. Se for um dos profissionais elencados no parágrafo único (funcionário da saúde pública, médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro), a pena será aumentada em um terço. Nesse caso, o aumento pressupõe a inobservância do preceito no desempenho das atividades profissionais, e não na vida particular.
 8.3.2.4. Sujeito passivo A coletividade, bem como pessoas que eventualmente venham a ser infectadas.
Consumação - Basta o descumprimento da determinação do poder público. Cuida-se, portanto, de crime de perigo abstrato em que se presume o risco decorrente da desobediência, sendo desnecessária a efetiva introdução ou propagação da doença contagiosa.
Tentativa - É possível.
Ação penal - É pública incondicionada.
Omissão de notificação de doença
Conduta – Art. 269. Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: Pena de detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Objetividade jurídica - A saúde pública.
Tipo objetivo - O dispositivo em tela constitui norma penal em branco, cuja existência pressupõe que o médico desrespeite a obrigação de comunicar doença cuja notificação é compulsória, obrigação essa decorrente de lei, decreto ou regulamento administrativo. Exemplos: cólera, febre amarela, difteria etc.
Sujeito ativo - Trata-se de crime próprio, que somente pode ser praticado por médico. O profissional não se isenta da responsabilidade ao alegar que a notificação poderia configurar, de sua parte, crime de violação de sigilo profissional. 
Sujeito passivo - A coletividade, que pode ser prejudicada pela não comunicação da doença, de forma a dificultar ou retardar o combate à sua difusão.
Consumação - Cuida-se de crime omissivo próprio, que se consuma no momento em que o médico deixa de observar o prazo previsto em lei, decreto ou regulamento para a efetivação da comunicação. O crime é de perigo presumido (abstrato).
Tentativa - É inadmissível, já que se trata de crime omissivo puro.
Ação penal - Pública incondicionada.
Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal
Conduta – Art. 270. Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo: Pena de reclusão, de dez a quinze anos. § 1º Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada.
Objetividade jurídica - A saúde pública.
Tipo objetivo - Colocar, misturar veneno em água, alimento ou substância medicinal. Veneno é a substância química ou orgânica que, introduzida no organismo, tem o poder de causar a morte ou sérios distúrbios na saúde da vítima. Para que haja o crime, o agente deve querer a contaminação de água potável, de uso comum ou particular. Na realidade, como se cuida de delito de perigo comum, só haverá crime se a água se destinar ao consumo de toda a coletividade ou ao consumo particular de pessoas indeterminadas.
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo - A coletividade.
Consumação - Quando a substância envenenada é colocada em situação na qual possa ser consumida por número indeterminado de pessoas. Cuida-se de crime de perigo abstrato. 
Tentativa - É possível.
Figuras equiparadas - O § 1º do art. 270 prevê duas figuras equiparadas, para as quais, aplica-se a mesma pena do caput, incriminando quem: a) Entrega a consumo água ou substância envenenada por outrem. É evidente que, por se tratar de figura equiparada, a punição se dá a título de dolo. b) Tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou substância en venenada por outrem. Essa figura consuma-se com o ato de ter a água ou substância em depósito, ainda que o agente não consiga atingir sua finalidade de distribuí-la. Trata-se, portanto, de crime formal. O crime é também permanente, sendo possível a prisão em flagrante enquanto a água ou substância estiver em depósito.
Causas de aumento de pena - Nos termos do art. 285, em combinação com o art. 258, se resulta lesão grave, a pena será aumentada em metade e, se resulta morte, será aplicada em dobro. Essas hipóteses são exclusivamente preterdolosas, ou seja, pressupõem dolo na conduta inicial (crime contra a saúde pública) e culpa em relação ao resultado (lesão grave ou morte).
Distinção - O crime em estudo não foi revogado pelo art. 54 da Lei n. 9.605/98 que pune a poluição de águas. Com efeito, o delito do Código Penal possui pena muito maior porque diz respeito ao envenenamento de água potável, enquanto o delito da lei ambiental pune a poluição por outro tipo de substância.
Ação penal É pública incondicionada.
Modalidade culposa - Art. 270, § 1º. Se o crime é culposo: Pena de detenção, de seis meses a dois anos. A modalidade culposa aplica-se tanto à figura do envenenamento descrita no caput como às formas equiparadas do § 1º.
Causas de aumento de pena - Nos termos do art. 285, em combinação com o art. 258, se em decorrência do crime culposo resultar lesão corporal, ainda que leve, a pena será aumentada em metade e, se resultar morte, será aplicada a pena do crime de homicídio culposo aumentada em um terço.
Ação penal - É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal, salvo se resultar lesão ou morte, hipóteses em que a pena máxima supera dois anos.
Corrupção ou poluição de água potável
Conduta – Art. 271. Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a imprópria para o consumo ou nociva à saúde: Pena de reclusão, de dois a cinco anos.
Objetividade jurídica - A saúde pública.
Tipo objetivo - Água potável é aquela apta ao consumo (ingestão, banho etc.). Existem águas correntes que são potáveis, porém, em sua maior parte não o são, devendo ser colhidas (em rios, açudes, represas) e submetidas a tratamento pelas empresas responsáveis. Assim, quem poluir ou corromper água, de uso comum ou particular, apta ao consumo humano, incorre no crime em análise.
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo - A coletividade e as pessoas prejudicadas por não poderem fazer uso da água ou por terem feito uso da água poluída.
Consumação - Trata-se de crime material, que só se consuma quando a água se tornar imprópria para o consumo de número indeterminado de pessoas. Com a poluição, presume-se o risco à coletividade (perigo abstrato).
Tentativa - É possível quando o agente lança sujeira na água, mas não a torna imprópria para o consumo.
Causas de aumento de pena - Nos termos do art. 285, em combinação com o art. 258, se resulta lesão grave, a pena será aumentada em metade e, se resulta morte, será aplicada em dobro. Essas hipóteses são exclusivamente preterdolosas, ou seja, pressupõem dolo na conduta inicial (crime contra a saúde pública) e culpa em relação ao resultado (lesão grave ou morte). Em havendo dolo quanto ao evento morte, o agente responde por homicídio doloso. Da mesma forma, se a provocação de lesão grave é intencional, o agenteresponde por crime de lesão corporal (em concurso com o crime contra a saúde pública).
Ação penal - É pública incondicionada.
Modalidade culposa - Art. 271, parágrafo único. Se o crime é culposo: Pena de detenção, de dois meses a um ano. Trata-se da hipótese em que a poluição é causada por imprudência, negligência ou imperícia.
Causas de aumento de pena - Nos termos do art. 285, em combinação com o art. 258, se em decorrência do crime culposo resultar lesão corporal, ainda que leve, a pena será aumentada em metade e, se resultar morte, será aplicada a pena do crime de homicídio culposo aumentada em um terço.
Ação penal - É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal, salvo se resultar morte, hipótese em que a pena máxima supera dois anos.
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios
Conduta – Art. 272. Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo: Pena de reclusão, de quatro a oito anos.
Objetividade jurídica - A saúde pública.
Tipo objetivo - O dispositivo, com a redação dada pela Lei n. 9.677/98, pune as seguintes condutas: a) corromper — sinônimo de estragar, tornar podre, desnaturar; b) falsificar — empregar substâncias diferentes das que entram na composição de um alimento, ou seja, o agente, no momento em que fabrica ou produz o alimento, utiliza substância diversa da que devia; c) adulterar ou alterar — modificar para pior a substância alimentícia anteriormente fabricada ou produzida.
Para a existência do crime, a lei exige que, com a conduta, o alimento ou substância alimentícia tornem-se nocivos à saúde ou tenham seu valor nutritivo diminuído.
Sujeito ativo - Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum.
Sujeito passivo - A coletividade e eventualmente pessoas afetadas pelo produto corrompido.
Consumação - No exato instante em que o agente corrompe, adultera, falsifica ou altera a coisa. Por se tratar de crime de perigo, não se exige o efetivo malefício às vítimas. Se da ação resultar lesão grave ou morte, o crime será considerado qualificado, aplicando-se as penas contidas no art. 258 (remissão feita pelo art. 285). 
Tentativa - Apesar de difícil a constatação, é admissível, já que o iter criminis pode ser cindido.
Causas de aumento de pena - Nos termos do art. 285, em combinação com o art. 258, se resulta lesão grave, a pena será aumentada em metade e, se resulta morte, será aplicada em dobro. Essas hipóteses são exclusivamente preterdolosas, ou seja, pressupõem dolo na conduta inicial (crime contra a saúde pública) e culpa em relação ao resultado (lesão grave ou morte). Em havendo dolo quanto ao evento morte, o agente responde por homicídio doloso. Da mesma forma, se a provocação de lesão grave é intencional, o agente responde por crime de lesão corporal (em concurso com o crime contra a saúde pública).
Figuras equiparadas
a) Nos termos do art. 272, § 1º-A, “incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou adulterado”.
b) O § 1º, por sua vez, esclarece que “está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações previstas neste artigo em relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico” (cerveja, uísque, guaraná, suco etc.). Aqui o objeto material se altera para acrescentar as bebidas com ou sem teor alcoólico.
Substância destinada à falsificação - O art. 277 do Código Penal pune quem vende, expõe à venda, tem em depósito ou cede substância destinada à falsificação de produtos alimentícios (bromato de potássio, sulfito de sódio). A pena é de reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Ação penal - É pública incondicionada.
Modalidade culposa - Art. 272, § 2º. Se o crime é culposo: Pena de detenção, de um a dois anos, e multa. Pune o agente que por imprudência, negligência ou imperícia dá causa à adulteração, corrupção etc.
Causas de aumento de pena Nos termos do art. 285, em combinação com o art. 258, se em decorrência do crime culposo resultar lesão corporal, ainda que leve, a pena será aumentada em metade e, se resultar morte, será aplicada a pena do crime de homicídio culposo aumentada em um terço.
Ação penal - É pública incondicionada, de competência do Juizado Especial Criminal, salvo se resultar lesão ou morte, hipóteses em que a pena máxima supera dois anos. 
Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais
Conduta – Art. 273. Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: Pena de reclusão, de dez a quinze anos, e multa.
Objetividade jurídica - A saúde pública.
Tipo objetivo - As condutas típicas são as mesmas do delito anterior, que, entretanto, devem recair sobre produto destinado a fim terapêutico ou medicinal (objeto material). Abrange os medicamentos destinados para cura, melhora, controle ou prevenção de doenças de número indeterminado de pessoas ou a serem utilizados em tratamentos médicos (moderadores de apetite, anabolizantes, anestésicos, analgésicos etc.). O medicamento pode ser alopático ou homeopático. Estão abrangidos no dispositivo, além dos medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico (§ 1º-A).
Sujeito ativo - Trata-se de crime comum, que pode ser cometido por qualquer pessoa.
Sujeito passivo - A coletividade e, eventualmente, as pessoas afetadas pelo crime.
Consumação - No instante em que o agente corrompe, falsifica, adultera ou altera o produto, independentemente de qualquer resultado ou do efetivo consumo por qualquer pessoa.
 
Tentativa - É possível.
Figuras equiparadas A lei pune com as mesmas penas quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado, bem como pratica tais ações previstas em relação a produtos em quaisquer das seguintes condições (§ 1º-B): “I — sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; II — em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; III — sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; IV — com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; V — de procedência ignorada; VI — adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente.” 
Ação penal É pública incondicionada.
Modalidade culposa - Art. 273, § 2º. Se o crime é culposo: Pena de detenção, de um a três anos, e multa. Pune o agente que por imprudência, negligência ou imperícia dá causa à adulteração, corrupção etc.
Causas de aumento de pena - Nos termos do art. 285, em combinação com o art. 258, se em decorrência do crime culposo resultar lesão corporal, ainda que leve, a pena será aumentada em metade e, se resultar morte, será aplicada a pena do crime de homicídio culposo aumentada em um terço.
Ação penal - É pública incondicionada. 
Substância destinada à falsificação - O art. 277 do Código Penal pune quem vende, expõe à venda, tem em depósito ou cede substância destinada à falsificação de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais. A pena é de reclusão, de um a cinco anos, e multa.
Outras condutas ilícitas relacionadas - Os arts. 274 a 276 do Código Penal, todos com redação alterada pela Lei n. 9.677/98, punem, com penas de reclusão de um a cinco anos, e multa, as seguintes condutas ilícitas: a) empregar, no fabrico de produto destinado a consumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria corante, substância aromática, antisséptica, conservadora ou qualquer outra não expressamente permitida pela legislação sanitária (art. 274); b) inculcar, em invólucro ou recipiente de produtos alimentícios, terapêuticos

Continue navegando