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Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Luiz Carlos Pinto da Silva Filho - UFRGS Mônica Regina Garcez - UFRGS Compósitos de Engenharia de Matriz Polimérica Capítulo 46 Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 1 - INTRODUÇÃO Materiais Compósitos vêm sendo cada vez mais utilizados na Engenharia Civil. O conhecimento sobre a forma de funcionamento desses materiais tende a se ampliar, com o desenvolvimento de teorias cada vez mais sofisticadas para sua formulação, que permitam otimizar suas propriedades a partir de uma adequada seleção e combinação de seus elementos constituintes O incremento no número de pesquisas e aplicações verificado nos últimos anos confirma o levantamento de tendências realizado em 2001 pela National Science Foundation, nos EUA, que indicou que o desenvolvimento de compósitos de alto desempenho seria uma das áreas de maior interesse no início do século XXI. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.1Definição Materiais Compósitos são formados pela combinação inteligente e deliberada de dois ou mais materiais, com características e propriedades diversas, que resulta em um novo material, multifásico, com propriedades superiores às dos seus constituintes. As diferentes fases do compósito podem ser distinguidas macroscopicamente. 2 – CONCEITOS BÁSICOS Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.2 Componentes Principais funções da matriz: Envolver os elementos de reforço, protegendo-os de danos físicos e da ação agressiva do ambiente circundante; unir os elementos de reforço, distribuindo entre eles os esforços. Elementos de reforço: As propriedades das fibras ou partículas são fundamentais na determinação das propriedades mecânicas do compósito. 2 – CONCEITOS BÁSICOS •Compósito •Componente de reforço (fibras, partículas) Matriz (metálica, cerâmica, polimérica) Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.3 Classificação Os compósitos são normalmente classificados em função do tipo de matriz e da natureza e forma de funcionamento do elemento de reforço. 2 – CONCEITOS BÁSICOS Figura 1 – Características dos compósitos utilizadas na sua classificação. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 2.4 Funcionamento O comportamento e as propriedades dos materiais compósitos dependem da natureza, da forma, do arranjo estrutural e da interação entre seus componentes. Escolhendo-se adequadamente a matriz e o elemento de reforço, um pode-se obter um compósito com propriedades adequadas para aplicação em situações específicas. Propriedades como módulo de elasticidade e densidade do compósito podem ser determinadas pela regra das misturas, que, entretanto, não é adequada para determinação da resistência à tração, devido às interações entre oss componentes de reforço. 2 – CONCEITOS BÁSICOS Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia O módulo de elasticidade do compósito, utilizando a regra das misturas, se localiza, segundo Callister (2005), entre dois limites: Limite superior: Limite inferior: Os limites são calculados considerando o módulo de elasticidade (E) e o percentual em volume de cada fase, matriz (m) e reforço (r). Raciocínio idêntido pode ser aplicado para a determinação da densidade do compósito. 2 – CONCEITOS BÁSICOS rrmm u c VEVEE )( mrrm rml c EVEV EE E Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3 - TIPOS E CARACTERÍSTICAS DOS COMPONENTES MATRICIAIS •Matrizes •Poliméricas •Metálicas •Cerâmicas Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.1 Matrizes Metálicas As mais utilizadas são formadas por metais leves e resistentes, como o alumínio, o magnésio e o titânio. O cobalto ou as ligas de cobalto-níquel, são usadas quando se espera a ação de temperaturas elevadas. A fabricação de compósitos de matriz metálica envolve duas etapas: a consolidação, ou síntese, e a conformação. A complexidade dessas operações aumenta o custo de fabricação de matrizes metálicas, o que limita sua aplicação. Uma das principais vantagens dos compósitos de matriz metálica é que estes podem, normalmente, ser trabalhados com as mesmas ferramentas e os mesmos processos empregados para os metais. 3 - TIPOS E CARACTERÍSTICAS DOS COMPONENTES MATRICIAIS Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.2 Matrizes Cerâmicas A principal matriz cerâmica empregada na Engenharia Civil é a matriz cimentícia, que se caracteriza pela boa resistência à compressão, reduzida resistência à tração, modesto módulo de elasticidade e comportamento frágil. Além da cimentícia, também são utilizadas matrizes cerâmicas confeccionadas com óxido de alumínio (Al2O3, conhecido como alumina) e sulfato de cálcio (gesso). As matrizes cerâmicas, em geral, apresentam boa resistência ao calor, sendo aplicadas em situações marcadas pela exposição a altas temperaturas. 3 - TIPOS E CARACTERÍSTICAS DOS COMPONENTES MATRICIAIS Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 3.3 Matrizes Poliméricas As matrizes poliméricas podem ser agrupadas em duas categorias básicas, de acordo com sua resposta mecânica a temperaturas elevadas: Matrizes Poliméricas termofixas e termoplásticas. Os polímeros termofixos, assumem forma e rigidez permanentes após a polimerização, não amolecendo com subseqüentes aquecimentos. Os polímeros termoplásticos, que possuem cadeias moleculares emaranhadas, mas não interconectadas, mantidas primariamente por ligações químicas fracas do tipo forças de Van der Waals, se deformam facilmente sob ação da temperatura. 3 - TIPOS E CARACTERÍSTICAS DOS COMPONENTES MATRICIAIS Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Polímeros termofixos são muito aplicados em engenharia estrutural devido à estabilidade térmica em temperaturas de serviço, à boa resistência química e à reduzida deformação lenta e relaxação, quando comparados com a maioria dos polímeros termoplásticos [ISIS, 2003]. Resinas de base poliéster, éster vinílicas, epóxi e fenólicas são exemplos de polímeros termofixos. O poliuretano, o metacrilato e a poliamida, também são polímeros termofixos, entretanto, dependendo da técnica utilizada na sua fabricação, possam adquirir características que os tornem termoplásticos. As principais desvantagens dos polímeros termorrígidos incluem o modo de ruptura frágil, os longos ciclos de cura e a dificuldade de pós-processamento destes materiais. 3 - TIPOS E CARACTERÍSTICAS DOS COMPONENTES MATRICIAIS Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Exemplos comuns de polímeros termoplásticos são o poli(éter- éter-cetona) ou PEEK, o poli(sulfeto de fenileno), ou PPS; a poli-imida, ou PI; e a poli(éter-imida), ou PEI. Uma das principais vantagens dos polímeros termoplásticos é que, depois de fabricados, eles podem ser curvados, admitindo diferentes formatos, o que não acontece com os termorrígidos. A principal desvantagem dos polímeros termoplásticos é que a sua elevada viscosidade, duas ordens de grandeza superior à dos termofixos, dificulta sua aplicação e pode provocar o desalinhamento das fibras e a formação de bolhas na matriz. Segundo Meier (2001), osmodernos processos de produção que utilizam matriz polimérica termoplástica, ao invés de termofixa, podem diminuir os custos e aumentar a competitividade de alguns compósitos. 3 - TIPOS E CARACTERÍSTICAS DOS COMPONENTES MATRICIAIS Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 4 - COMPÓSITOS REFORÇADOS COM PARTÍCULAS •Micropartículas (reforço por dispersão de micropartículas) • dimensões das partículas entre 10nm e 100nm; • a matriz absorve praticamente toda a carga aplicada; • as partículas impedem os deslocamentos da estrutura atômica ou molecular, restringindo as deformações plásticas, aumentando a resistência à tração e ao escoamento e a dureza. Macropartículas (reforço com partículas grandes) • interações partículas-matriz consideradas a partir dos princípios da mecânica do contínuo; • se as partículas empregadas têm resistência e rigidez maior que a matriz, elas tendem a restringir os movimentos da matriz no seu entorno, recebendo uma parcela maior das tensões aplicadas; • partículas com resistência menor que a matriz são utilizadas quando se deseja otimizar outras propriedades que não o comportamento mecânico. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 5 – COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS A incorporação das fibras permite modificar as características das matrizes frágeis, gerando compósitos com melhor comportamento em relação à ductilidade, à tenacidade, à resistência à tração e ao impacto. Figura 2 – Concreto reforçado com fibras de aço efeito de costura obtido com a inserção de fibras de aço em uma matriz cimentícia Figura 3 – Fibra celulósica envolta em matriz polimérica • • Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 5 – COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS 5.1Tipos de fibras A escolha do tipo de fibra depende das características que se desejam fornecer ao compósito: Naturais – fibras vegetais, minerais (asbesto) ou silicosas (wollastonita) Sintéticas – fibras de aço, vidro, carbono e fibras poliméricas (polipropileno, nylon, poliéster, aramida, celulose, PVA, borracha, polietileno e acrílico). Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 5 – COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS 5.2 Propriedades das fibras Resistência à tração - a reduzida seção transversal das fibras reduz a possibilidade de que haja muitos defeitos de composição, o que contribui para que as fibras tenham alta resistência à tração. Módulo de elasticidade - Fibras com baixo módulo de elasticidade apresentam uma tensão muito baixa no momento em que a matriz rompe e transfere o esforço para a fibra; Fibras com elevado módulo de elasticidade já apresentam um elevado nível de tensão no momento da ruptura da matriz, o que lhe permite atuar como reforço imediatamente, caso sua resistência não seja superada. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 5 – COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS Fator de forma ou relação de aspecto - é um dos principais parâmetros de caracterização de uma fibra. É definido como a relação entre o comprimento da fibra e o diâmetro de uma circunferência virtual cuja área seria equivalente à seção transversal da fibra. Um aumento no fator de forma pode representar um aumento no comprimento da fibra ou um decréscimo no seu diâmetro equivalente. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 5 – COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS 5.3 Comprimento da fibra Os mecanismos de transferência de tensões num compósito são influenciados pelo comprimento crítico das fibras, que é o menor comprimento necessário para o desenvolvimento de tensões nas fibras, iguais à sua resistência. Quando o comprimento da fibra é menor do que o crítico: a ancoragem não é suficiente para gerar tensões de escoamento ou de ruptura nas fibras, ou seja, as fibras não estarão atuando de forma eficiente. Quando o comprimento da fibra é maior que o crítico, pode ocorrer o travamento da fibra, o que impede seu arrancamento, ocasionando a elevação da tensão atuante, até que seja alcançada a tensão de ruptura da fibra. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 5 – COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS Figura 5 –Superfície de ruptura de compósito com fibras rompidas e arrancadas. Figura 4 –Detalhe de fibra rompida à tração. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 5 – COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS 5.4 Teor de fibra As propriedades mecânicas dos compósitos reforçados com fibras são diretamente dependentes do teor de fibras presente no material. O aumento do teor de fibras resulta, na maioria dos casos, no aumento do módulo e da tensão máxima, devido ao aumento da contribuição de resistência mecânica da fibra nas propriedades mecânicas do material compósito. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 5 – COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS Um PRF tipo laminado para reforço é formado tipicamente por 30% de matriz e 70% de fibras. Nesse caso, a matriz não contribuirá significantemente para o módulo de elasticidade do compósito, uma vez que os valores da porcentagem em volume e do módulo de elasticidade das fibras são muito mais elevados que os da matriz. O concreto, um composto híbrido, apresenta normalmente menos de 3% de fibras e cerca de 60% de material particulado (agregados). Mesmo este pequeno teor de fibras já faz com que a matriz cimentícia perca suas características de fragilidade. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 5 – COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS 5.5 Volume crítico O volume crítico de fibras, é o volume mínimo de fibras que, após a fissuração da matriz, suportará o carregamento que o compósito suportava antes da fissuração. Para que a incorporação das fibras proporcione uma majoração na resistência última do compósito, é necessário que o teor de fibras empregado resulte num volume de fibras superior ao crítico. Neste caso, o carregamento antes suportado pela matriz é transferido para as fibras após o aparecimento da primeira fissura. Como o volume é suficientemente grande para suportar esta carga, o compósito se mantém íntegro. Carregamentos adicionais geram um padrão de fissuração múltipla, sem, contudo, levar à ruptura do compósito. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 5 – COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS 5.6 Orientação A orientação das fibras e o percentual de fibra existente em determinada seção transversal do compósito são determinantes nas resistências à flexão, à compressão, à tração e ao cisalhamento do compósito. Os compósitos formados por fibras longas apresentam máximo efeito de orientação, porque todas as fibras encontram-se alinhadas na mesma direção, enquanto os compósitos de fibras curtas apresentam orientação em diversas direções, podendo ter ou não uma orientação predominante, em função dos processos de mistura e adensamento. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 5 – COMPÓSITOS REFORÇADOS COM FIBRAS Figura 6 – Compósito de matriz polimérica com fibras fortemente orientadas. Figura 7 – Compósito de matriz cimentícia com fibras distribuídas de forma aleatória.Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 6 - OUTROS TIPOS DE COMPÓSITOS Compósitos naturais - ossos, bambu e outras estruturas vegetais, em que partículas minerais ou fibras vegetais se encontram inseridas numa matriz orgânica. Figura 8 – Fibras de bambu Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Sanduíches possuem camadas externas resistentes e delgadas ligadas a núcleos de material leve, geometricamente disposto de forma a gerar altas resistências à deformação e ao corte (favos de mel). 6 - OUTROS TIPOS DE COMPÓSITOS Compósitos estruturais, laminados ou sanduíche - Laminados são fabricados por painéis com diferentes camadas, empilhadas e firmemente aderidas, para propiciar um comportamento monolítico (madeiras aglomeradas e materiais estruturados usados em equipamentos esportivos como esquis utilizados na neve). Figura 9 –Compósito tipo sanduíche [Callister, 2002]. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 7 – APLICAÇÃO DE MATERIAIS COMPÓSITOS Engenharia aeronáutica Aplicações estruturais (concreto, elementos de protensão, materiais de reforço) Indústria automobilística Biomedicina cabos fabricados em PRFC Figura 10 – Ponte com cabo fabricado em PRFC Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 8 - EXEMPLOS DE MATERIAIS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM ADIÇÃO DE PARTICULADOS E FIBRAS 8.1 Compósitos de matriz poliéster com reforço de fibras de vidro (fiberglass) Foi o primeiro compósito de engenharia empregado em larga escala, formado por uma matriz polimérica, normalmente resina poliéster, reforçada com fibra de vidro. As fibras de vidro são normalmente produzidas a partir da sílica (SiO2), com a adição de óxidos de cálcio (CaO), boro (B2O3), sódio (Na2O) e/ou alumínio (Al2O3). As fibras de vidro podem ser utilizadas para reforço de várias matrizes termoplásticas e termofixas, com aplicação diversificada na indústria automobilística, eletroeletrônica e na indústria náutica. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 8 - EXEMPLOS DE MATERIAIS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM ADIÇÃO DE PARTICULADOS E FIBRAS As resinas poliéster insaturadas são muito usadas como matriz para produção de compósitos de fiberglass, pois podem ser processadas no estado líquido e curadas à temperatura ambiente, em moldes simples e baratos, o que viabiliza a produção em pequena escala de peças grandes e complexas. O fiberglass ganhou inúmeras aplicações, em diversos produtos, tais como barcos, caixas de água, piscinas, painéis de fachada, automóveis, entre outros, representando hoje cerca de 65% do volume total de compósitos fabricados. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 8 - EXEMPLOS DE MATERIAIS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM ADIÇÃO DE PARTICULADOS E FIBRAS 8.2 Compósitos laminados de matriz melamínica com reforço de fibras celulósicas (Fórmica) Dos compósitos de matriz polimérica, a fórmica, laminado formado por papel tipo kraft envolto em resina melamínica, aplicada sob alta temperatura e pressão, foi um dos que recebeu mais destaque na indústria mundial. As fibras vegetais estruturam e dão resistência ao compósito, enquanto a matriz melanínica confere resistência às altas temperaturas e uma superfície impermeável e lisa, que pode ser facilmente limpa. A matriz melamínica é uma das mais resistentes, o que fornece boa resistência superficial ao compósito. Como todos os materiais à base de fibras vegetais, o laminado se mostra sensível à umidade, podendo sofrer variações dimensionais. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 8 - EXEMPLOS DE MATERIAIS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM ADIÇÃO DE PARTICULADOS E FIBRAS 8.3 Compósitos de matriz melamina-formaldeído com fibras e particulados de madeira Tipos: MDF (medium-density fiberboard) - fibras menores e mais curtas, sem orientação preferencial. Proporções de 10% a 15% de resina e 90% a 85% de fibra de madeira; OSB (Oriented Strand Board) – fibras mais longas e deliberadamente orientadas. A orientação perpendicular das fibras confere ao compósito maior resistência mecânica e rigidez. Aglomerados – produzidos com partículas de madeira. Figura 11 –Painel OSB mostrando a orientação das tiras de madeira. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 8 - EXEMPLOS DE MATERIAIS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM ADIÇÃO DE PARTICULADOS E FIBRAS 8.4 Tintas com adição de particulados Nos últimos anos, foram lançadas formulações de tintas com elastômeros, com elevada capacidade de deformação, da ordem de 600%, que podem ser aplicadas sobre fissuras ativas e passivas, de forma a vedar a superfície. Tintas com incorporação de partículas metálicas também foram formuladas para permitir maior brilho e desenvolvimento de capacidade de reação à presença de magnetos, o que permite a fixação direta de materiais sobre a película de tinta. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 8 - EXEMPLOS DE MATERIAIS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM ADIÇÃO DE PARTICULADOS E FIBRAS 8.5 Outras aplicações Matéria-prima para fabricação de sistemas de vedação: a incorporação de cargas a matrizes de PVC e asfalto permite a fabricação de mantas e perfilados estruturados, com capacidade de deformação, rigidez e resistência à tração compatíveis com o uso em juntas de dilatação e impermeabilização. Telas de material polímero para uso conjunto com argamassas de recuperação, aumentando a capacidade de tração da matriz, reduzindo as deformações e controlando a fissuração. Inserção de fibras de carbono, vidro ou aramida em matrizes epóxi ou poliéster para utilização como reforço estrutural. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL 9.1 Fibras empregadas na formação de PRF As fibras de alto desempenho mais utilizadas para reforçar polímeros com fins de reforço estrutural são as de carbono, aramida e vidro, embora fibras de boro, polietileno, poliéster, poliamida e basálticas sejam também utilizadas. A maior parte dos PRF que estão sendo aplicados, atualmente, na construção civil, é fabricada com fibras de carbono. A principal vantagem das fibras de carbono em relação às outras fibras resulta de suas propriedades mecânicas: elevada resistência e rigidez e baixo peso próprio. Entretanto, fibras de vidro e aramida possuem um grande potencial de utilização quando se requer um reforço de menor custo ou com algumas características específicas, como resistência ao impacto e isolamento elétrico. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Quadro 1 – Propriedades de fibras de carbono, aramida e vidro (Fonte: ACI 440.2R-02, 2002). Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Quadro 2 – Comparação entre fibras utilizadas na formação de PRF aplicados no reforço de estruturas de concreto armado (Garcez, 2007). Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARAREFORÇO ESTRUTURAL 9.2 Técnicas de fabricação Os PRF termofixos podem ser fabricados por meio de diversas técnicas. As mais empregadas na fabricação de materiais com fins estruturais são a pultrusão, a moldagem por contato e enrolamento de filamento. Outras técnicas, como pull-winding, resin transfer moulding, vacuum bag moulding e injection moulding também podem ser utilizadas na produção de PRF. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Pultrusão - É a técnica mais utilizada para a produção de elementos de protensão, grelhas e perfis estruturais pré- fabricados, em que as fibras se encontram alinhadas ao longo do eixo do elemento. Esta técnica é mais apropriada para elementos que não apresentam variação na seção transversal e possuem comprimentos elevados. Figura 12 – Desenho esquemático de um processo de pultrusão [Meier U., 2005]. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Moldagem por contato (wet lay-up ou hand lay-up) - É uma técnica de produção de PRF na qual uma manta ou tecido de fibras é impregnado, manualmente, com resinas termofixas. É uma das técnicas mais utilizadas para colagem de PRF em estruturas de concreto armado, madeira, aço e alumínio. Figura 13 – Aplicação de PRFC em pilares de concreto armado com emprego da técnica de moldagem por contato [Monge, 2004]. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Enrolamento de Filamento (filament winding) - É um processo automatizado no qual fibras impregnadas com resina ou fitas de PRF são enroladas em um mandril de forma geometricamente precisa, com taxa de rotação e posição controladas por computador, para que as fibras possam ser posicionadas com alta precisão em diferentes orientações. Figura 14 – Representação esquemática do processo de manufatura por enrolamento [Callister, 2002]. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL 9.3 Formas de comercialização Os fios, ou rovings, são empregados para formação de cabos, cordoalhas e barras, que podem ser aplicadas em estruturas de concreto externamente, como elementos de protensão, ou internamente, como armaduras. As mantas e os tecidos disponíveis no mercado, para aplicação como reparo ou reforço de estruturas existentes, são fornecidos na forma de rolos e podem vir pré- impregnados com resina, para manter o alinhamento das fibras e facilitar o manuseio (sistemas prepreg), ou secos, sem resina (sistemas dry fabric). O fator diferenciador é que as mantas são simples aglomerados de fibras, enquanto os tecidos são formados pela tecelagem de fios. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Os laminados, os tecidos e as mantas são usados externamente, em geral como elementos de reforço. A principal diferença entre eles é que os laminados já formam um compósito, que vai ser conectado à estrutura de concreto com auxílio de um adesivo compatível com a matriz polimérica do compósito. As mantas e os tecidos, ao contrário, são empregados quando se deseja formar o compósito in situ. Por serem rígidos, os laminados pré-fabricados, ou strips, são mais adequados para aplicação em superfícies planas. Já as mantas e os tecidos são flexíveis e podem ser aplicados como um papel de parede, facilitando a criação de compósitos adaptados a substratos curvos. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Cabos, cordoalhas e barras de PRF são, normalmente, fabricados para emprego como elementos de protensão. As barras de PRF empregadas, tipicamente, apresentam diâmetros da ordem de 8 mm a 10 mm. As cordoalhas de PRF têm sete elementos, sendo formadas pela disposição de seis barras ao redor de uma barra central. O agrupamento de cordoalhas ou barras forma os cabos, usados na protensão ou estaiamento de pontes. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Quadro 3 – Características básicas das fibras utilizadas na formação de compósitos do tipo PRF disponíveis no mercado [Garcez, 2007]. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Quadro 4 – Exemplos de elementos de protensão fabricados com PRF[Garcez, 2007]. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL 9.4 Custos O alto custo relativo dos PRF, em relação a outros materiais convencionais de mesma finalidade, pode ser considerado como a principal limitação para a disseminação mais intensa de sua utilização. É interessante ressaltar-se que, quando os custos são considerados durante toda a vida útil das estruturas, a durabilidade oferecida por esses materiais pode torná- los competitivos em um maior número de situações. Bazin (2002) estima que, em termos comparativos, poder- se-ia considerar que a madeira tem um custo médio de US$ 1,35 / kg, o concreto de cerca de US$ 2,70 / kg e o aço de US$ 4,05 / kg, enquanto os compósitos poderiam atingir US$ 6,80 / kg. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Segundo Garcez (2007), o custo das fibras de carbono do tipo tecido dry fabric no Brasil pode chegar a US$ 50,00/m2. As fibras de vidro, por outro lado, possuem um custo muito mais acessível (cerca de US$ 10,00/m2) e poderiam, portanto, ser uma alternativa interessante para a produção de reforços de custo mais baixo, adequados a situações onde requisitos relacionados à rigidez sejam mais modestos. Já as fibras de aramida, além de possuírem um custo intermediário (em torno de US$ 24,00/m2), apresentam vantagens principalmente em termos de resistência ao impacto, o que pode favorecer sua utilização em determinadas situações. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL 9.5 Comportamento estrutural Uma fibra, quando incorporada em uma matriz qualquer, contribui para aumentar a capacidade de suportar esforços, pois parte da carga é transferida pela matriz para a fibra por deformação de cisalhamento na interface matriz/fibra. A transferência de carga se origina, em geral, de diferenças nas propriedades físicas da fibra e da matriz e se intensifica após a fissuração da matriz. Nos PRF, o uso de fibras de alto desempenho vai fazer com que o reforço absorva uma parcela significativa dacarga acidental, embora não aumente muito a rigidez, devido à reduzida espessura. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Os modos de ruptura clássicos podem ser assim detalhados: ruptura do concreto à compressão – quando a espessura do PRF e/ou a taxa de armadura são elevadas, o esmagamento do concreto ocorre antes do escoamento do aço e a ruptura à tração do PRF; escoamento do aço seguido por ruptura à compressão do concreto – quando o PRF apresenta uma espessura considerável e a taxa de armadura é pequena, ocorre o escoamento do aço e, em seguida, a ruptura do concreto por esmagamento; escoamento do aço seguido por ruptura à tração do PRF – quando a taxa de armadura e a espessura do PRF não são elevadas, pode ocorrer o escoamento do aço seguido por ruptura à tração do PRF. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Alguns modos de ruptura prematuros estão associados à perda de aderência entre o concreto e o compósito. Rupturas prematuras também podem ocorrer em vigas de concreto com baixa resistência à tração ou com cobrimento de armadura reduzido. Nesse caso, são ocasionadas pela combinação de tensões tangenciais e normais no concreto no plano longitudinal das barras de armadura. A ruptura ocorre devido à propagação de uma fissura horizontal que se inicia nas extremidades do reforço, causando a separação da camada de concreto. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Os deslocamentos diferenciais nas bordas de fissuras de flexão ou flexão-cisalhamento, que ocasionam o cisalhamento ou as concentrações de tensões no PRFC, também propiciam a ocorrência de rupturas prematuras. As rupturas prematuras ocorrem sem aviso e sem que a capacidade de carga do sistema de reforço tenha sido completamente atingida; Figura 15 – Ruptura do PRF devido a movimentações diferenciais nas bordas de fissuras de flexão [Garcez, 2007]. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Quando a estrutura reforçada está submetida a carregamentos cíclicos, a falha da estrutura passa a ser definida, preferencialmente, pela ruptura prematura, por fadiga, das barras de aço da armadura longitudinal de tração. Não se descarta, todavia, a possibilidade de que carregamentos cíclicos sejam potencialmente capazes de gerar rupturas prematuras na resina ou no adesivo, trazendo efeitos negativos nas interfaces concreto-adesivo e adesivo-PRF. Figura 16 – Resultado de inspeção em viga de concreto armado após ruptura em teste de fadiga[Garcez, 2007]. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL 9.6 Propriedades O comportamento à tração de polímeros reforçados com apenas um tipo de fibra é caracterizado por uma relação tensão versus deformação elástico-linear até a ruptura, podendo ser alterado quando os PRF são fabricados com coquetéis de fibras com características diferentes. A ação da maioria dos PRF é mais efetiva quando estes são solicitados à tração na direção das fibras, uma vez que a resistência à tração na direção perpendicular às fibras é muito inferior à resistência à tração na direção longitudinal. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL A resposta de um PRF submetido à tração quanto à ruptura é largamente dependente das deformações últimas da fibra e da matriz. Quadro 5 –Variação dos modos de ruptura á tração de um PRF em função da capacidade de deformação da matriz e do volume de fibras [Garcez, 2007]. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL A resistência à compressão última de um PRF é, geralmente, controlada pela microflambagem, que ocorre em escala microscópica, devido a falhas transversais na matriz ou falhas de cisalhamento. O modo de falha depende do tipo de fibra, percentagem em volume de fibras, tipo de resina, impregnação das fibras pela matriz e aderência entre fibra e matriz. Fibras com boa resistência à compressão resultam em PRF com boa resistência à compressão. As resistências à compressão axial de polímeros à base de fibra carbono, vidro e aramida equivalem a 78%, 55% e 20% da resistência à tração desses materiais, respectivamente (ISIS, 2003). Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL O módulo de elasticidade, na direção das fibras, de um PRF unidirecional pode ser expresso em termos dos módulos de elasticidade dos seus componentes e de suas respectivas porcentagens em volume. Já o módulo de elasticidade na direção perpendicular às fibras é, geralmente, muito baixo. A determinação do módulo de elasticidade de laminados de PRF é realizada de forma simples, por meio de ensaios de tração direta, com determinação da curva carga versus deformação, e da queima do compósito, para determinação das porcentagens de fibra e resina existentes no laminado. Nos compósitos fabricados manualmente, como é o caso dos tecidos de PRF utilizados no reforço de estruturas, a determinação do módulo de elasticidade se torna mais complicada. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Dentre as fibras de alto desempenho mais empregadas nos sistemas PRF, as de carbono são as que possuem módulo de elasticidade mais elevado, com valores comparáveis ou até superiores aos do aço. PRF com baixos módulos de elasticidade, muitas vezes, não apresentam a rigidez necessária para aplicações estruturais, como o reforço estrutural de pontes, em que se torna necessário um elevado incremento de carregamento com restrição de deformação. Elevados módulos de elasticidade também são necessários em estruturas reforçadas, nas quais o PRF é utilizado em substituição à armadura interna. Entretanto, para aplicações que exigem materiais com altos níveis de deformabilidade, é preferível a aplicação de PRF com baixos módulos de elasticidade. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Em termos de ductilidade, o comportamento tensão versus deformação de um compósito tipo PRF é diferente do comportamento do aço, que sofre escoamento quando submetido a tensões de tração que causem deformações superiores a 2o/oo. Os PRF de carbono, aramida e vidro, quando submetidos a esforços de tração, apresentam um comportamento tensão versus deformação elástico-linear até próximo da tensão última, resultando em umaruptura brusca, sem patamar de escoamento. Segundo Lees e Burgoyne (1999), a diferença no comportamento tensão versus deformação do aço e do PRF impede a aplicação do tradicional conceito de ductilidade em estruturas de concreto armado que recebem esse tipo de reforço. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Visando melhorar a ductilidade dos PRF, sistemas híbridos, ou PRFH, começaram a ser investigados. Estes sistemas são construídos com combinações de fibras de carbono, aramida e vidro, posicionadas em uma, duas ou três direções. Segundo Grace et al. (2005), PRFH fabricados com fibras de carbono e vidro possuem um comportamento similar ao do aço, quando submetidos a esforços de tração. Estes sistemas já estão sendo bastante utilizados no reforço de elementos estruturais submetidos a ações sísmicas, já que, combinando o baixo módulo de elasticidade das fibras de vidro com o elevado módulo de elasticidade das fibras de carbono, pode-se obter boa ductilidade e aumento na capacidade de carga aos elementos reforçados. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL A aplicação de reforços com PRFC favorece a resistência à fadiga dos elementos reforçados, já que proporcionam uma redução na fissuração e melhoram a distribuição das fissuras ao longo do elemento, antes da ruptura. PRFC exibem excelente resistência à fadiga. O desempenho mais modesto à fadiga dos PRFV é atribuído à baixa rigidez das fibras de vidro, que resulta em menor transferência de tensões e maior exposição da matriz a grandes tensões e deformações. Embora as fibras de aramida possuam rigidez intermediária, entre as fibras de carbono e de vidro, o mesmo não pode ser dito em relação ao seu comportamento à fadiga, já que essas fibras são sensíveis a danos causados por um processo chamado desfibrilação, que eventualmente pode levar rupturas por fadiga (ISIS, 2003). Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL Os tipos de fibra e matriz empregados na fabricação do PRF, assim como suas porcentagens em volume, aliados a fatores como temperatura e presença de umidade influenciam de forma significativa o comportamento quanto à fluência, podendo ocasionar um fenômeno chamado ruptura por fluência ou deformação lenta, fadiga estática ou, ainda, corrosão sob tensão. Estudos indicam que as fibras de carbono não são susceptíveis à fadiga estática, enquanto as fibras de aramida apresentam um comportamento intermediário entre as fibras de vidro e carbono (FIB, 2001). Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia 9 - USO DE COMPÓSITOS DE MATRIZ POLIMÉRICA COM FIBRAS DE ALTO DESEMPENHO PARA REFORÇO ESTRUTURAL O consórcio ISIS (2003) recomenda que, para evitar problemas de ruptura por fadiga estática, o nível de tensão permanente considerada no dimensionamento seja de, no máximo, 20% para PRFV, 30% para PRFA e 50% para PRFC, em relação às suas resistências últimas. Mesmo que as fibras que formam os PRF apresentem baixa fluência, as matrizes dos PRF, por serem materiais visco- elásticos, fazem com que o PRF sofra deformação lenta quando submetido a carregamentos constantes. Entretanto, se as tensões constantes aplicadas aos PRF forem limitadas, a fluência não será significante na maioria dos PRF utilizados na Engenharia Civil. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia CONTATO UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ENGENHARIA LABORATÓRIO DE ENSAIOS E MODELOS ESTRUTURAIS Prof. PhD. Luiz Carlos Pinto da Silva Filho lcarlos@ppgec.ufrgs.br Dra. Mônica Regina Garcez mgarcez@ppgec.ufrgs.br
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