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Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Vahan Agopyan – Escola Politécnica da USP Holmer Savastano Jr. – Fac. de Zootec. e Enga. Aliment. da USP Fibras vegetais como material de construção Capítulo 49 Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia • São materiais polifásicos, distinguindo-se duas fases básicas, as fibras e a matriz em que as fibras estão embebidas; • A função principal das fibras é a de ser reforço mecânico da própria matriz; • Com a adição de fibras nas matrizes, é possível melhorar as suas propriedades mecânicas, como a resistência à tração, à flexão e ao impacto; • Normalmente, o volume de fibras, com exceção às de amianto, adicionado às matrizes frágeis é em valor inferior a 3%. Materiais reforçados com fibras Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia O uso de fibras vegetais • Dezenas de grupos de pesquisa, notadamente de países em desenvolvimento, lançaram-se no estudo de fibrocimentos com fibras vegetais, abundantes nos seus países e bem mais econômicas e disponíveis do que as fibras artificiais; • As fibras mais estudadas são as de bambú, sisal, coco, bagaço de cana, juta, madeira e outras plantas africanas; • Um emprego comercial de sucesso, inclusive no Brasil , é o resultante dos estudos de materiais cimentícios reforçados com polpa de celulose. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Durabilidade das fibras vegetais • A durabilidade é a propriedade básica para viabilizar o emprego de fibras vegetais na Construção Civil; • As fibras vegetais fragilizam-se ao longo do tempo, devido à sua decomposição em meio alcalino, no caso, a água contida nos poros das matrizes com cimento; • O constituinte principal das fibras é a celulose, que forma as microfibrilas, as quais, por sua vez, servem de reforço a uma matriz composta, principalmente, por lignina e hemicelulose; • A degradação das fibras vegetais em meio alcalino deve- se, principalmente, à decomposição química da lignina e da hemicelulose. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Como melhorar a durabilidade das fibras vegetais • empregar feixes em vez de filamentos; • impregnar as fibras com agentes bloqueadores das reações de decomposição; • impregnar as fibras com agentes repelentes à água; • aplicar simultaneamente os agentes bloqueadores e os repelentes; • impermeabilizar a matriz, por agentes internos ou externos; • reduzir a alcalinidade da matriz, para que a água dos poros tenha um pH inferior a 9; • impregnar a fibra e atuar na matriz. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia As fibras vegetais do Brasil • O Brasil, com exceção da região Sul, é recoberto por uma vegetação que pode produzir fibras em larga escala; • Para selecionar, leva-se em conta: • o comportamento mecânico (resistência à tração, módulo de elasticidade e alongamento na ruptura), • as características físicas (massa específica e absorção de água), • as relações entre as dimensões (comprimento e seção transversal), • a adequação ao clima para facilidade de produção e • a durabilidade em ambiente natural. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Fibras vegetais nacionais com uso potencial na Construção Civil Nome vulgar Nome botânico Parte da extração Massa espec. (kg/m3) Absorção máxima (%) Alongam. na ruptura (%) Resis. à tração (MPa) Módulo de elastic. (GPa) Bambu Bambusa vulgaris S. Caule 1158 145 3,2 73 a 505 5,1 a 24,6 Celulose (papel- imprensa) Pinus elliottii (princ.) Caule 1200 a 1500 400 Nd 300 a 500 10 a 40 Coco Cocos nucifera L. Fruto 1177 93,8 23,9 a 51,4 95 a 118 2,8 Juta Corchorus capsulanis L. Caule Nd 214 3,7 a 6,5 230 nd Malva Urena lobata L. Caule 1409 182,2 5,2 160 17,4 Piaçava Attalea funifera M. Folha 1054 34,4 a 108 6 143 5,6 Sisal Agave sisalana P. Folha 1370 110,0 4,9 a 5,4 347 a 378 15,2 Com base em compilações feitas por Agopyan e Savastano Jr. (1998) e Tolêdo Filho (1997). Quadro 1 Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Fibras de coco • O coqueiro é cultivado comercialmente no Brasil; • As fibras tem, relativamente, baixo teor de celulose, mas a sua estrutura é fechada, conforme a figura ao lado; • Comprimento varia de 10 a 200 mm e diâmetro médio de 0,3 mm. Figura 1 – Fibra de coco Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Fibras de sisal • A planta de sisal mais comum no Brasil é a Agave sisalana Perrine, pela facilidade de obtenção de fibras de suas folhas; • Dentre as fibras vegetais estudadas, as de sisal são consideradas como as de melhor resistência mecânica, com exceção das de bambu; • Apesar do teor alto de celulose e baixo de lignina, as fibras de sisal têm baixa resistência ao meio alcalino.Figura 2 – A estrutura tubular das fibras de sisal Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia • Papel desagregado: • Redução dos custos e emprego de sub-produtos; • O papel-imprensa foi o estudado por não conter cola e desagregar mais fácil com água • Fibras de bambú: • Planta comum no Brasil; • As fibras representam de 60% a 70% do bambu, em massa, e são concentradas na parte externa do colmo; • As propriedades mecânicas dessas fibras são excelentes Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Compatibilidade física das fibras vegetais com a matriz •Figura 3 – Microscopia eletrônica de varredura, imagem por elétrons retroespalhados. Compósito com fibras de malva. 1: fibra descolada da matriz; 2: macrocristal de hidróxido de cálcio e 3: microfissuras Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Componentes para edificações Figura 4 - Moldagem das telhas de argamassa de cimento Portland reforçada com fibras de coco (CEPED, 1985). Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Componentes para edificações Figura 5 – Passeio coberto com o telhão construído na década de 1980 na antiga sede do Ceped, em Camaçari, BA (fotografia: Holmer Savastano Jr., ago. 2006). Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Componentes para edificações Agopyan; Jr. (1997) Figura 6 – Seção dos painéis reforçados com fibras de coco. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Componentes para edificações Figura 7 – Vista do protótipo construído com painéis reforçados com coco (AGOPYAN e JOHN, 1992) Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Componentes para edificações Figura 8 – Ensaio de flexão com 3 apoios das telhas (fotografia de Holmer Savastano Jr.) Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia Comentários finais • A durabilidade é uma propriedade muito importante, por isso, a utilização de componentes, em condições climáticas úmidas, tem que ser cuidadosa; • Os resultados aqui apresentados são promissores - é possível a produção de painéis, relativamente grandes, com materiais reforçados com fibras vegetais; • A opção de melhorar a durabilidade dos compósitos pela redução da alcalinidade da matriz mostrou-se a mais promissora; • Estes materiais são tecnicamente possíveis de serem produzidos e economicamente viáveis nas regiões em que a matéria-primaé abundante. São materiais alternativos, porém não de qualidade inferior aos convencionais. Livro: Materiais de Construção Civil Organizador/Editor: Geraldo C. Isaia •Os materiais reforçados com fibras vegetais são materiais alternativos, porém não de qualidade inferior aos convencionais