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Direito Administrativo - I

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Preparatório para Técnico do Seguro Social (INSS) - Direito Administrativo 
Aula 01 – Teoria Geral e Princípios da Administração Pública 
Prof. Fabiano Pereira 
 
 
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1. Conceito de Direito Administrativo .............................................. 03 
 1.1. Critério legalista ou exegético ......................................... 03 
 1.2. Critério do Poder Executivo ............................................. 03 
 1.3. Critério do serviço público ............................................... 03 
1.4. Critério das relações jurídicas .......................................... 04 
1.5. Critério teleológico ou finalístico ..................................... 04 
 1.6. Critério negativista ou residual ....................................... 04 
 1.7. Critério da Administração Pública .................................... 04 
 
2. Função de governo e função administrativa ................................ 07 
 
3. Fontes do Direito Administrativo ................................................ 11 
 
4. Sistemas administrativos ........................................................... 14 
4.1. Sistema do contencioso administrativo ........................... 15 
4.2. Sistema de jurisdição única ............................................. 16 
 
5. Regime jurídico-administrativo ................................................... 18 
 
6. Resumo de Véspera de Prova – RVP ............................................ 21 
 
7. Princípios do Direito Administrativo ............................................ 24 
 
8. Questões comentadas .................................................................. 76 
 
9. Relação de questões com gabaritos ........................................... 100 
 
SUMÁRIO – Teoria Geral do Direito Administrativo 
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1. Conceito de Direito Administrativo 
 São vários os critérios utilizados pela doutrina para conceituar o Direito 
Administrativo, portanto, é necessário que você conheça as principais 
características de cada um deles para responder às questões de prova: 
 
 1.1. Critério legalista ou exegético 
 Por esse critério, o Direito Administrativo era compreendido como 
sinônimo de direito positivo, ou seja, um conjunto de leis administrativas 
que regulam a Administração Pública de um determinado Estado. 
 Foram várias as críticas apresentadas contra esse critério, pois limitava o 
Direito Administrativo a um conjunto de leis, desconsiderando os princípios, a 
doutrina e a jurisprudência, que também integram o campo de abrangência 
dessa importante disciplina. 
 
 1.2. Critério do Poder Executivo 
 Segundo o critério do Poder Executivo, o Direito Administrativo pode ser 
conceituado como o conjunto de princípios e regras que disciplina a 
organização e o funcionamento do Poder Executivo. 
Por razões óbvias, esse conceito não conseguiu se fixar, pois é 
incontroverso que os Poderes Legislativo e Judiciário também exercem 
funções administrativas regidas pelo Direito Administrativo. É o que ocorre, 
por exemplo, quando o Presidente de Tribunal de Justiça publica ato de 
remoção de magistrado para outra comarca. Nesse caso, o procedimento será 
regido pelo Direito Administrativo. 
 Ademais, é importante destacar que o Poder Executivo não se restringe 
ao exercício de atividades administrativas, também exercendo funções 
políticas ou de governo. 
 
 1.3. Critério do serviço público 
 Seguido por Duguit, Bonnard e Gastón Jèze, o critério do serviço público 
restringia o Direito Administrativo à organização e prestação de serviços 
públicos, não fazendo nenhuma distinção entre a atividade jurídica do Estado e 
o serviço público, que é atividade material. 
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 Primeiramente, é válido ressaltar que não está inserida no âmbito do 
Direito Administrativo a atividade legislativa do Estado, já que abstrata (tem 
por objetivo regular uma quantidade indeterminada de situações futuras que 
se enquadrem nos termos da lei). O Direito Administrativo restringe-se às 
atividades concretas (específicas), a exemplo da prestação de serviços 
públicos, a construção de escolas e hospitais, a nomeação de aprovados em 
concursos públicos, o exercício de polícia administrativa etc. 
 A atividade administrativa é também uma atividade direta, pois o 
Estado é “parte” nas relações jurídicas de direito material e não precisa ser 
provocado para agir (não precisa ser acionado por um particular para tapar 
um buraco na rua, por exemplo). A Administração pode tapar o buraco 
independentemente de solicitação do particular. Indireta é a atividade do 
Poder Judiciário, pois necessita de provocação para que seja aplicada a um 
caso em concreto (em regra, o Poder Judiciário somente atuará após a 
propositura de eventual ação judicial). 
 Por último, lembre-se de que a atividade administrativa é imediata e, 
portanto, de sua atuação fica afastada a atividade mediata do Estado, que é a 
denominada “ação social” (atividade de traçar as diretrizes sociais que devem 
ser seguidas pelo Estado), que incumbe ao Governo. 
 
2. Função de governo e função administrativa 
 
Será que existem diferenças entre as expressões “governar” e 
“administrar”? Podemos considerá-las expressões sinônimas? 
Bem, eis uma dúvida que surge com muita frequência, mas que pode ser 
facilmente dirimida. 
Para responder às questões de prova, lembre-se sempre de que a função 
de governo (também denominada de “função política”) não se confunde com 
a função administrativa. 
A primeira é responsável pelo estabelecimento de metas, objetivos e 
diretrizes que devem orientar a atividade administrativa, sempre pautada no 
texto constitucional e caracterizando-se por ser uma atividade soberana 
(porque somente se subordina ao texto constitucional), de comando e 
direção. São aquelas que se relacionam com a superior gestão da vida política 
do Estado e que são essenciais à sua própria existência, a exemplo da 
decretação de intervenção federal, a celebração de tratados internacionais, a 
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sanção ou veto a projeto de lei, entre outros. São atividades de comando, 
coordenação, direção e planejamento. 
 A segunda (função administrativa) é atividade subalterna (de execução), 
porque está inteiramente subordinada à lei e tem por objetivo simplesmente 
executar as políticas públicas que foram traçadas pela primeira (função de 
governo). 
O Governo é exercido pelos poderes Executivo e Legislativo, que, 
conjuntamente, são responsáveis por elaborar as políticas públicas e diretrizes 
que devem embasar a atuação da Administração Pública. O Poder Judiciário 
não exerce função de governo, apesar de possuir a prerrogativa de controlá-
la, quando forem violados os limites constitucionais. 
Como o nosso objetivo é ser aprovado em um concurso público, 
preferencialmente aqueles que esbarram na remuneração de R$ 15.000,00 
(quinze mil reais), vamos começara “inventar” exemplos para que você possa 
assimilar o conteúdo. Se você acertar a questão na prova lembrando-se do 
exemplo, já estou satisfeito! 
Exemplo: Analisemos a notícia abaixo, veiculada no site globo.com, em 
03/03/2009, de autoria dos jornalistas Soraya Aggege e Catarina Alencastro. 
“Desmatamento: Amazônia perdeu duas cidades do Rio em 6 
meses 
O desmatamento na Amazônia Legal atingiu pelo menos 2.639 
quilômetros quadrados de agosto de 2008 a janeiro deste ano, o 
equivalente a uma área superior ao dobro da cidade do Rio de 
Janeiro. Os dados foram divulgados nesta terça pelo Instituto 
Nacional de Pesquisas Aeroespaciais (Inpe)”. 
Ficou assustado com a notícia? O Presidente da República também. 
Sendo assim, no ano de 2009 ele convocou uma reunião extraordinária com o 
Ministro do Meio Ambiente e com o Presidente do Congresso Nacional para 
discutir a elaboração de políticas públicas com o objetivo de reduzir o nível de 
desmatamento na Amazônia. 
Na reunião, ficou acertado que o Poder Executivo enviaria para o 
Congresso Nacional um projeto de lei criando regras mais restritivas ao 
desmatamento na Amazônia, bem como proposta de criação de mais 2.000 
(dois mil) cargos públicos de fiscalização perante os órgãos e entidades que 
integram o Sistema Nacional do Meio Ambiente. Por outro lado, o Poder 
Legislativo assumiu o compromisso de aprovar o referido projeto. 
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Pergunta: Na reunião acima, diante dos “acordos” e das decisões que 
foram tomadas, colocou-se em prática a função de governo ou a função 
administrativa? 
É lógico que a função de governo! Mas por quê? Porque foram apenas 
estabelecidas diretrizes e políticas públicas para reduzir o índice de 
desmatamento. Até agora, a conversa está só na vontade, na teoria. Ninguém 
ainda colocou em prática as novas propostas com o objetivo de realmente 
diminuir o índice de desmatamento. 
Pergunta: Quem vai para o interior da floresta fiscalizar se os 
madeireiros estão cortando árvores ilegalmente? O Presidente da República, o 
Ministro de Estado ou Presidente do Congresso Nacional? 
Nenhum deles! O Presidente da República e o Ministro do Meio Ambiente 
(Poder Executivo), juntamente com o Presidente do Congresso (Legislativo), 
são responsáveis apenas por elaborar e aprovar as políticas públicas de 
combate ao desmatamento, conforme lhes autoriza a Constituição Federal 
(função de governo). 
Por outro lado, quais serão os órgãos e entidades responsáveis por 
executar as políticas públicas que foram estabelecidas pelo Governo, 
fiscalizando o cumprimento da referida lei quando esta entrar em vigor e 
começar a produzir os seus efeitos? 
A Administração Pública, através da função administrativa, ou seja, 
de seus órgãos e entidades incumbidos de atividades de execução. No 
exemplo apresentado, ficará sob a responsabilidade do IBAMA, bem como dos 
demais órgãos e entidades de proteção e fiscalização do meio ambiente, a 
missão de “colocar a mão na massa” para “fazer valer” a lei que foi 
“pensada” e aprovada pelo governo. 
Analisemos, agora, outra notícia postada recentemente (06/06/2012) no 
mesmo site (G1.com.br), de autoria de Priscilla Mendes: 
Amazônia Legal tem menor índice de desmatamento dos últimos 
23 anos 
Entre agosto de 2010 e julho de 2011, floresta perdeu 6.418 km² 
de área. Dado consolidado do governo mostra alta de 180 km² no 
desmatamento. 
 Bem, fazendo-se uma análise conjunta das notícias postadas no site nos 
anos de 2009 e 2012, parece que a reunião realizada entre o Presidente da 
República, Ministro do Meio Ambiente e Presidente do Congresso Nacional 
começaram a produzir os seus efeitos. 
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 Existem autores que somente consideram como fontes do Direito 
Administrativo as normas constitucionais e os atos normativos primários, ou 
seja, aqueles que encontram amparo no texto constitucional, a exemplo das 
espécies legislativas previstas nos artigos 59 e 84, VI da CF/88. 
Entretanto, apesar de tal entendimento, as bancas examinadoras têm 
optado por considerar qualquer ato normativo, seja primário ou secundário, 
como fonte do Direito Administrativo. 
 É claro que existem matérias que devem ser disciplinadas exclusivamente 
por lei formal (aprovada pelo processo legislativo previsto na Constituição 
Federal), a exemplo do que ocorre quando a Administração visa interferir na 
esfera de atuação dos particulares ou, ainda, quando a Constituição Federal 
expressamente a requer. 
 Por outro lado, caso a Administração tenha por objetivo regular questões 
administrativas internas ou desenvolver atividades que não restrinjam 
liberdades individuais, poderá se valer dos atos normativos secundários (atos 
administrativos). 
 
 3.1.1. Tratados e acordos internacionais 
 Não restam dúvidas de que os tratados e acordos internacionais, quando 
versarem sobre matérias afetas à Administração Pública, também serão fontes 
do Direito Administrativo. 
 A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, por exemplo, 
impõe aos seus signatários (inclusive o Brasil) a obrigatoriedade de adoção de 
vários instrumentos de controle da Administração Pública, além da 
necessidade de criação de outras medidas que aumentem a transparência dos 
gastos públicos e atos praticados por servidores. 
A Convenção foi assinada em 9 de dezembro de 2003, na cidade de 
Mérida, no México, tendo sido posteriormente ratificada pelo Decreto Legislativo 
nº 348, de 18 de maio de 2005 , e promulgada pelo Decreto Presidencial nº 
5.687, de 31 de janeiro de 2006. 
 
3.2. A jurisprudência 
 Podemos conceituar a jurisprudência com o conjunto reiterado de 
decisões dos Tribunais, acerca de um determinado assunto, no mesmo 
sentido. É válido esclarecer que várias decisões monocráticas (proferidas por 
juízes de primeira instância, por exemplo) sobre um mesmo assunto, proferidas 
no mesmo sentido, não constituem jurisprudência. Para que tenhamos a 
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formação de jurisprudência, é necessário que as decisões tenham sido 
proferidas nos Tribunais. 
 No Direito brasileiro, a jurisprudência não possui efeito vinculante, ou 
seja, não obriga o órgão judiciário de instância inferior a decidir nos moldes do 
entendimento jurisprudencial do Tribunal. Mesmo existindo um conjunto de 
decisões proferidas anteriormente pelo Tribunal, em um mesmo sentido, o juiz 
de instância inferior pode decidir em sentido contrário, pois é livre para formar 
o seu convencimento. 
 É necessário que você tenha muita atenção para não confundir 
jurisprudência com súmula. A primeira, conforme afirmado anteriormente, 
trata-se de um conjunto de decisões, no mesmo sentido, sobre um mesmo 
assunto (exemplo: atualmente, existem várias decisões do Superior Tribunal 
de Justiça declarando que o candidato, desde que aprovado dentro do número 
de vagas disponibilizadas no edital, possui direito líquido e certo à nomeação, 
portanto, trata-se de jurisprudência), não possuindo caráter vinculante. 
Já a segunda (súmula) é o enunciado que resume o entendimentode 
um Tribunal a respeito de matéria que ele já tenha discutido reiteradas vezes, 
não restando mais divergência a respeito. No caso dos candidatos aprovados 
dentro do número de vagas, já seria perfeitamente possível a edição de uma 
súmula pelo Superior Tribunal de Justiça, pois não existe mais discussão acerca 
da existência do referido direito. Entretanto, a referida súmula ainda não foi 
criada, restando apenas a jurisprudência para socorrer o candidato. 
 Atenção: Com a promulgação da EC 45/04, o Supremo Tribunal Federal 
passou a ter a prerrogativa de editar súmulas vinculantes, com respaldo no 
artigo 103-A da Constituição Federal de 1988. As súmulas vinculantes diferem 
das súmulas “simples”, pois as primeiras, que somente podem ser editadas 
pelo Supremo Tribunal Federal, devem ser obrigatoriamente obedecidas 
pelos juízes de instâncias inferiores, ao contrário das súmulas “simples”, que 
servem apenas de “orientação”, não possuindo cunho obrigatório. 
 
3.3. Os costumes 
 O costume pode ser entendido como um conjunto de regras informais, 
não escritas, praticado habitualmente no interior da Administração com a 
consciência de que é obrigatório. Os costumes são considerados fontes do 
Direito Administrativo porque, em vários momentos, suprem lacunas ou 
deficiências existentes em nossa legislação administrativa. 
 
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Como não poderia ser diferente, o CESPE também já abordou o 
tema em suas provas diversas vezes, a exemplo do que ocorreu no 
concurso para o cargo de Analista Judiciário do Tribunal Regional 
Eleitoral da Bahia, realizado em 2010, oportunidade na qual considerou 
incorreta a seguinte assertiva: “Como exemplo da incidência do princípio da 
inafastabilidade do controle jurisdicional relativos aos atos administrativos no 
ordenamento jurídico brasileiro, é correto citar a vigência, entre nós, do sistema 
do contencioso administrativo ou sistema francês”. 
 
5. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO 
 
 Na execução de suas atividades administrativas, a Administração Pública 
pode submeter-se a dois grandes regimes jurídicos: de Direito Público ou de 
Direito Privado. 
 Nos termos do artigo 173 da Constituição Federal de 1988, quando o 
Estado estiver explorando diretamente atividade econômica (que somente será 
permitido quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a 
relevante interesse coletivo), submeter-se-á ao regime próprio das 
empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis 
comerciais, trabalhistas e tributários. 
 Nesse caso, ao relacionar-se juridicamente com os particulares, a 
Administração não gozará das prerrogativas (também denominadas de 
“privilégios) que são concedidas às entidades que são regidas pelo Direito 
Público. Será estabelecida, assim, uma relação horizontal entre a 
Administração e os particulares, que serão nivelados com os mesmos direitos e 
obrigações. 
 Assim, é possível concluir que as empresas públicas (Caixa Econômica 
Federal, por exemplo) e as sociedades de economia mista (Banco do Brasil, 
Banco do Nordeste, Petrobrás etc.) exploradoras de atividades econômicas, 
serão regidas pelas mesmas regras de seus concorrentes no mercado, ou seja, 
as regras de Direito Privado. 
 A Administração Pública não possui a faculdade de optar pelo regime 
jurídico que melhor atenda às suas necessidades. Caso esteja atuando na 
exploração de atividade econômica, submeter-se-á obrigatoriamente às 
regras de Direito Privado. 
 
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ou de jurisdição única (também conhecido como sistema inglês). No Brasil, 
adota-se o sistema de jurisdição única. 
7. O regime jurídico-administrativo foi construído tendo como base dois grandes 
princípios jurídicos: a supremacia do interesse público sobre os interesses 
privados e a indisponibilidade dos interesses públicos. Esses dois princípios 
conferem ao citado regime o caráter de Direito Público e suas especificidades, 
bem como sua natureza jurídica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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1. Considerações iniciais .................................................................. 24 
1.1. Princípios expressos e implícitos ...................................... 25 
1.2. Colisão entre princípios .................................................... 28 
1.3. Princípios Básicos ............................................................. 29 
 
2. Princípios constitucionais expressos 
2.1. Princípio da legalidade ...................................................... 29 
2.2. Princípio da impessoalidade .............................................. 34 
2.3. Princípio da moralidade ..................................................... 39 
2.4. Princípio da publicidade ................................................... 45 
2.5. Princípio da eficiência ....................................................... 50 
 
3. Princípios implícitos 
3.1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o 
privado............................................................................................. 53 
3.2. Princípio da indisponibilidade do interesse público .......... 55 
3.3. Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade ............ 57 
3.4. Princípio da autotutela ..................................................... 61 
3.5. Princípio da tutela ............................................................ 64 
3.6. Princípio da segurança jurídica ......................................... 65 
3.7. Princípio da continuidade dos serviços públicos ................ 67 
3.8. Princípio da motivação ...................................................... 70 
3.9. Princípio da especialidade ................................................. 73 
 
4. Super R.V.P ............................................................................. 74 
5. Questões comentadas .............................................................. 76 
 
 
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1. Considerações iniciais 
 Os princípios administrativos estruturam, orientam e direcionam a 
edição de leis administrativas e a atuação da Administração Pública, pois não 
existe um sistema jurídico formado exclusivamente de leis. 
Os princípios contêm mandamentos com um maior grau de abstração, já 
que não especificam ou detalham as condutas que devem ser seguidas pelos 
agentes públicos, pois isso fica sob a responsabilidade da lei. Entretanto, no 
momento de criação da lei, o legislador deverá observar as diretrizes traçadas 
nos princípios, sob pena de sua invalidação. 
 Como bem afirma o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, “[...] 
violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A 
desatenção ao princípio implicaofensa não apenas a um específico 
mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave 
forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio 
atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de 
seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e 
corrosão de sua estrutura mestra. Isso porque, por ofendê-lo, abatem-se as 
vigas que o sustêm e alui-se toda a estrutura nelas esforçada”1. 
 Para que fique nítida a importância dos princípios, basta analisar o 
conteúdo do inciso III, artigo 1º, da Constituição Federal de 1988, que prevê a 
dignidade da pessoa humana como um fundamento da República 
Federativa do Brasil. 
 Mas o que significa isso? Significa que todas as leis criadas em nosso país, 
assim como todos os atos e condutas praticados pela Administração Pública e 
pelos particulares, devem orientar-se pelo respeito à dignidade da pessoa 
humana. 
 O princípio da dignidade da pessoa humana assegura que o ser humano 
tem direito a um “mínimo existencial”, ou seja, o direito a condições mínimas 
de existência para que possa sobreviver dignamente. Inseridos nesse “mínimo 
existencial” estariam, por exemplo, o direito à alimentação, a uma renda 
mínima, à saúde básica, ao acesso à justiça, entre outros. 
 Para se garantir o efetivo cumprimento dos direitos relativos ao “mínimo 
existencial”, não é necessário aguardar a criação de uma ou várias leis. A 
simples existência do princípio no texto constitucional, por si só, é capaz de 
assegurar a necessidade de seu cumprimento. 
 
1 MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 
2008. 
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Assim, sempre que um indivíduo sentir-se violado em sua dignidade 
humana em virtude de uma ação ou omissão do Estado, poderá recorrer ao 
Judiciário para exigir as providências cabíveis. 
O Superior Tribunal de Justiça, por exemplo, no julgamento do Recurso 
Especial 950.725/RS2, garantiu a um paciente portador de grave doença 
muscular o recebimento gratuito de medicamento, mesmo não integrante da 
listagem do SUS. 
Ao determinar que a Administração fornecesse o medicamento ao 
paciente, o STJ fundamentou a sua decisão no princípio da dignidade 
humana, já que não existia nenhuma regra expressa (lei) que garantisse a 
gratuidade do medicamento ou a sua inclusão na lista geral do SUS. 
 
1.1. Princípios expressos e implícitos 
A responder às questões de prova, lembre-se sempre de que os princípios 
administrativos se dividem em expressos e implícitos. 
Princípios expressos são aqueles taxativamente previstos em uma 
norma jurídica de caráter geral, obrigatória para todas as entidades políticas 
(União, Estados, Municípios, Distrito Federal e seus respectivos órgãos 
públicos), bem como para as entidades administrativas (autarquias, 
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista). 
Não interessa se a norma jurídica de caráter geral possui status 
constitucional ou infraconstitucional, mas sim se é de cunho obrigatório 
para toda a Administração Pública, em todos os níveis. 
É possível encontrarmos princípios expressos previstos em nível 
constitucional, como constatamos no caput do artigo 37 da Constituição 
Federal. Esse dispositivo estabelece a obrigatoriedade de a Administração 
respeitar os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, 
publicidade e eficiência. 
Da mesma forma, existem princípios que estão expressos somente na 
legislação infraconstitucional. É o que se constata na leitura do artigo 3º da 
Lei de licitações, que determina a obrigatoriedade de respeito aos princípios da 
legalidade, moralidade, publicidade, vinculação ao instrumento convocatório, 
julgamento objetivo, dentre outros. 
 
 
2 Recurso Especial nº. 950.725/RS, rel. Ministro Luiz Fux. Superior Tribunal de Justiça. Julgado 
em 06.05.2008 e publicado no DJU em 18.06.2008. 
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Esses princípios são considerados expressos porque é possível 
identificar, claramente, o “nome” de cada um deles no texto legal ou 
constitucional. É o que acontece, por exemplo, com o princípio da moralidade. 
O nome desse princípio não é “princípio do respeito à ética e à moral”, mas sim 
MORALIDADE, com todas as letras! 
Em alguns casos, os princípios estarão expressos em leis que não são de 
observância obrigatória para toda a Administração Pública brasileira, mas 
somente para determinado ente político. Podemos citar como exemplo a Lei 
9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito federal. 
Em seu artigo 2º, a lei 9.784/99 declara que a Administração Pública 
obedecerá, entre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, 
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, segurança jurídica, 
eficiência, do interesse público e do contraditório. 
Tais princípios são considerados expressos somente para a 
Administração Pública Federal (União, seus respectivos órgãos e entidades 
da administração indireta), pois estão previstos em uma norma jurídica que é 
de observância obrigatória apenas para a Administração Pública Federal. 
Os princípios previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99 não podem ser 
considerados expressos para o Distrito Federal ou para o meu maravilhoso 
município de Montes Claros – MG (terra do “terremoto”), pois a referida lei é 
federal. 
O Estado de Minas Gerais, por exemplo, possui uma lei própria 
regulando os processos administrativos que tramitam no âmbito estadual (lei 
14.184/02). Assim, os princípios previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99 não 
serão expressos em relação ao Estado de Minas Gerais, pois não têm caráter 
obrigatório em relação a este. 
Da mesma forma, no artigo 2º da lei estadual mineira está previsto que a 
Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, 
impessoalidade, moralidade, publicidade, finalidade, motivação, razoabilidade, 
eficiência, ampla defesa, do contraditório e da transparência. 
Observe que na lei federal não consta a obrigatoriedade de respeito ao 
princípio da transparência, que somente será expresso em relação ao Estado 
de Minas Gerais. 
Por outro lado, princípios implícitos são aqueles que não estão 
previstos expressamente em uma norma jurídica de caráter geral, pois são 
consequência dos estudos doutrinários e jurisprudenciais. 
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1.3. Princípios básicos 
Segundo a doutrina majoritária, PRINCÍPIOS BÁSICOS da 
Administração Pública são aqueles previstos expressamente no art. 37 da 
Constituição Federal, a saber: Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, 
Publicidade e Eficiência (o famoso L.I.M.P.E.). Nesse sentido, os demais 
princípios poderiam ser classificados como GERAIS, pois estão previstos em leis 
esparsas ou são fruto do entendimento doutrinário e jurisprudencial. 
Analisando-se os últimos editais publicados pela ESAF, CESPE e FCC, 
constata-se que as bancastêm o hábito de incluir no programa de Direito 
Administrativo o seguinte tópico: “Princípios da Administração Pública”. 
Nesse caso, é importante destacar que as questões elaboradas não se 
restringem aos princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, 
Publicidade e Eficiência. As questões também abrangem os demais princípios 
implícitos impostos à Administração Pública, a exemplo do Princípio da 
Segurança Jurídica, Princípio da Razoabilidade, Princípio da Proporcionalidade, 
entre outros. 
 
 
 
 
 
 
 
2. Princípios constitucionais expressos 
 
2.1. Princípio da legalidade 
 Historicamente, a origem do princípio da legalidade baseia-se na Magna 
“Charta Libertatum”, imposta pelos barões ingleses ao rei João Sem–Terra, no 
ano de 1215, caracterizando-se como o primeiro esforço inglês de tentar 
restringir o poder absolutista do rei. 
No referido documento estava expresso que "nenhum homem livre será 
detido ou sujeito à prisão, ou privado de seus bens, ou colocado fora da lei, ou 
exilado, ou de qualquer modo molestado, e nós não procederemos nem 
mandaremos proceder contra ele senão mediante um julgamento regular pelos 
seus pares ou de harmonia com a lei do país". 
No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 
1.694, de relatoria do Ministro Néri da Silveira, o Supremo 
Tribunal Federal decidiu que “Os princípios gerais regentes 
da administração pública, previstos no art. 37, caput, da 
Constituição, são invocáveis de referência à 
administração de pessoal militar federal ou estadual, 
salvo no que tenha explícita disciplina em atenção às 
peculiaridades do serviço militar " 
 
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Com o objetivo de exigir o pagamento, o gerente da churrascaria 
compareceu à mesa e afirmou que a referida cobrança estava informada, com 
letras garrafais, no cardápio. Além disso, alegou também que tal cobrança 
estava amparada em Convenção Coletiva firmada entre o Sindicato dos 
restaurantes, churrascarias, bares, meios de hospedagem e similares e o 
Sindicato dos Garçons. 
 Pergunta: Nesse caso, você poderá ou não ser obrigado a pagar o valor 
de R$ 30,00 (10%) calculado sobre o montante do consumo? (Antes de 
responder à pergunta, é necessário que você saiba que Convenção Coletiva não 
é lei, pois não foi votada no Poder Legislativo). 
 Muito simples. Você não é obrigado a pagar o valor de R$ 30,00 porque 
essa exigência não foi estabelecida através de lei. E, conforme previsto no 
inciso II, artigo 5º, da CF/1988, para obrigar alguém a fazer alguma coisa é 
imprescindível o respaldo legal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Atenção: O princípio da legalidade, em relação aos particulares, também 
é conhecido como princípio da autonomia da vontade, pois é assegurada a 
liberdade para os indivíduos agirem da maneira que entenderem mais 
conveniente, salvo na existência de proibição legal. 
 Em relação à Administração, o princípio da legalidade assume um 
enfoque diferente. Nesse caso, está previsto expressamente no caput, do artigo 
37, da Constituição Federal de 1988, significando que a Administração Pública 
somente pode agir se existir uma norma legal autorizando. 
 
No julgamento do recurso de apelação nº 2001.01.00.037891-8/DF, de relatoria do 
Desembargador Souza Prudente, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região considerou 
ilegítima a cobrança obrigatória de gorjeta sem amparo legal, ao decidir que “O 
pagamento de acréscimo pecuniário (gorjeta), em virtude da prestação de serviço, 
possui natureza facultativa, a caracterizar a ilegitimidade de sua imposição, por mero 
ato normativo (Portaria nº. 4/94, editada pela extinta SUNAB), e decorrente de 
convenção coletiva do trabalho, cuja eficácia abrange, tão-somente, as partes 
convenientes, não alcançando a terceiros, como no caso, em que se pretende 
transferir ao consumidor, compulsoriamente, a sua cobrança, em manifesta violação 
ao princípio da legalidade, insculpido em nossa Carta Magna (CF, art. 5º, II) e ao 
Código de Defesa do Consumidor (Lei nº. 8.078/90, arts. 6º, IV, e 37, § 1º), por 
veicular informação incorreta, no sentido de que a referida cobrança estaria 
legalmente respaldada”. 
 
 
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 Esse tema é constantemente debatido no Supremo Tribunal Federal, 
portanto, são comuns as questões de prova sobre o assunto. A título de 
exemplo, cita-se a decisão proferida no julgamento do recurso extraordinário nº 
191.668/RS, de relatoria do Ministro Menezes Direito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sob um terceiro aspecto, o princípio da impessoalidade pode ser 
estudado como uma aplicação do princípio da finalidade, pois o objetivo 
maior da Administração deve ser sempre a satisfação do interesse público. 
 A finalidade deve ser observada tanto em sentido amplo quanto em 
sentido estrito. Em sentido amplo, a finalidade dos atos editados pela 
Administração Pública sempre será a satisfação imediata do interesse público. 
Em sentido estrito, é necessário que se observe também a finalidade 
específica de todo ato praticado pela Administração, que estará prevista em 
lei. 
Pergunta: Qual é a finalidade em sentido amplo, por exemplo, de um 
ato administrativo de remoção de servidor? 
Satisfazer o interesse público, assim como todo e qualquer ato editado 
pela Administração. 
Outra pergunta: E qual seria a finalidade, em sentido estrito, do 
mesmo ato de remoção de servidor? 
Suprir a carência de servidores em outra localidade. 
Assim, é possível concluir que quando um ato administrativo de remoção 
for editado com o objetivo de “punir” um servidor faltoso, estará sendo violado 
o PRINCÍPIO DA IMPESSOALIDADE, já que a remoção não é uma das hipóteses 
de penalidade que podem ser aplicadas ao servidor público. 
O caput e o parágrafo 1º do artigo 37 da Constituição Federal impedem que 
haja qualquer tipo de identificação entre a publicidade e os titulares dos 
cargos alcançando os partidos políticos a que pertençam. O rigor do 
dispositivo constitucional que assegura o princípio da impessoalidade vincula 
a publicidade ao caráter educativo, informativo ou de orientação social é 
incompatível com a menção de nomes, símbolos ou imagens, aí incluídos 
slogans, que ca racterizem promoção pessoal ou de servidores públicos. A 
possibilidade de vinculação do conteúdo da divulgação com o partido político 
a que pertença o titular do cargo público mancha o princípio da 
impessoalidade e desnatura o caráter educativo, informativo ou de 
orientação que constam do comando posto pelo constituinte dos oitenta. 
 
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(Juiz Substituto/TJBA 2005/CESPE) A moralidade administrativa possui 
conteúdo específico, que não coincide, necessariamente, com a moral comum da 
sociedade, em determinado momento histórico; não obstante, determinados 
comportamentos administrativos ofensivos à moral comum podem ensejar a 
invalidação do ato, por afronta concomitante à moralidade administrativa. 
Assertiva correta. 
 
Em razão da obrigatoriedadede respeito ao princípio da moralidade, 
veda-se à Administração Pública qualquer comportamento que contrarie os 
princípios da lealdade e da boa-fé. Além disso, observe-se que o princípio deve 
ser respeitado não apenas pelos agentes públicos, mas também pelos 
particulares que se relacionam com a Administração Pública. Em um processo 
licitatório, por exemplo, é muito comum o conluio entre licitantes com o 
objetivo de violar o referido princípio, conforme informa a professora Di Pietro. 
 Afirma ainda a professora que, em matéria administrativa, sempre que se 
verificar que o comportamento da Administração ou do administrado que com 
ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei, ofende a 
moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de 
justiça e de equidade, além da ideia comum de honestidade, haverá ofensa ao 
princípio da moralidade administrativa. 
 Em virtude de o conceito de moral administrativa ser um pouco vago, 
impreciso, cuidou-se o legislador de criar a Lei 8.429/92, estabelecendo 
hipóteses que caracterizam improbidades administrativas, bem como 
estabelecendo as sanções aplicáveis a agentes públicos e a terceiros, quando 
responsáveis pela prática de atos coibidos pelo texto normativo. 
 A doutrina majoritária entende que a “probidade administrativa” seria 
uma espécie do gênero “moralidade administrativa”, já que estaria relacionada 
mais propriamente com a má qualidade de uma administração, não se 
referindo, necessariamente, à ausência de boa-fé, de lealdade e de justeza do 
administrador público. 
 Fique atento às questões de concursos, pois, a qualquer momento, você 
pode se deparar com uma questão em prova afirmando que “probidade” e 
“moralidade” são expressões idênticas, informação que, segundo a doutrina 
majoritária, não procede. 
 
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 Entre os atos de improbidade administrativa coibidos pela lei 8.429/92, 
estão aqueles que importam enriquecimento ilícito, os que causam 
prejuízos ao erário e os que atentam contra os princípios da 
Administração Pública, que serão estudados em aula específica sobre o 
tema. 
 O parágrafo 4º, artigo 37, da CF/1988, não se descuidou de assegurar o 
respeito à moralidade administrativa, asseverando que: 
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos 
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos 
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, 
sem prejuízo da ação penal cabível. 
 Ainda com o objetivo de resguardar a moralidade administrativa, a 
Constituição Federal também contemplou, em seu inciso LXXIII, artigo 5º, a 
Ação Popular, regulada pela Lei 4.717/65. Por meio dessa ação constitucional 
qualquer cidadão pode deduzir a pretensão de anular atos praticados pelo 
poder público e que estejam contaminados de imoralidade administrativa. 
 É importante esclarecer também que, na maioria das vezes, quando um 
ato praticado pela Administração viola um princípio qualquer, como o da 
impessoalidade, legalidade, publicidade, eficiência, entre outros, estará violando 
também, consequentemente e num segundo plano, o princípio da moralidade. 
 
2.3.1. Vedação ao nepotismo – Súmula vinculante nº 13 do STF 
 O dicionário Larousse da Língua Portuguesa conceitua nepotismo como 
“distribuição de cargos públicos entre parentes ou amigos; favoritismo, 
proteção escandalosa4”. 
 Com o intuito de impedir a prática do nepotismo no âmbito da 
Administração Pública Brasileira, o Supremo Tribunal Federal, em 
29/08/2008, publicou a Súmula Vinculante nº 13, que assim dispõe: 
A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por 
afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor 
da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou 
assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, 
ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em 
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos 
Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a 
Constituição Federal. 
 
4
 LAROUSSE, Ática. Dicionário da Língua Portuguesa. 1. ed. p. 690. 
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II. A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática. 
III. Proibição que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF. 
IV – Precedentes. 
V – RE conhecido e parcialmente provido para anular a nomeação do servidor, 
aparentado com agente político, ocupante de cargo em comissão. 
 
2.3.1.1. Nepotismo cruzado 
O texto da súmula vinculante nº 13 também veda a prática do 
nepotismo cruzado, isto é, o ajuste mediante designações recíprocas 
realizadas por autoridades públicas distintas. 
É o que ocorre, por exemplo, quando o Juiz da 1ª Vara Cível da comarca 
de Montes Claros/MG nomeia como sua assessora a esposa do Juiz da 2ª Vara 
Criminal da cidade de Sete Lagoas/MG. Em contrapartida, este decide nomear 
como assessor o irmão daquele. Enfim, nada mais do que uma “troca de 
favores”. 
O Supremo Tribunal Federal está atento às práticas de nepotismo 
cruzado, repelindo-as, no caso em concreto, quando violadoras da súmula 
vinculante nº 13: 
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. NEPOSTISMO 
CRUZADO. ORDEM DENEGADA. 
(...) No mérito, configurada a prática de nepotismo cruzado, tendo em vista que a 
assessora nomeada pelo impetrante para exercer cargo em comissão no Tribunal 
Regional do Trabalho da 17ª Região, sediado em Vitória-ES, é nora do magistrado que 
nomeou a esposa do impetrante para cargo em comissão no Tribunal Regional do 
Trabalho da 1ª Região, sediado no Rio de Janeiro-RJ. 
A nomeação para o cargo de assessor do impetrante é ato formalmente lícito. Contudo, 
no momento em que é apurada a finalidade contrária ao interesse público, qual seja, 
uma troca de favores entre membros do Judiciário, o ato deve ser invalidado, por 
violação ao princípio da moralidade administrativa e por estar caracterizada a sua 
ilegalidade, por desvio de finalidade. 
Ordem denegada. Decisão unânime. (Mandado de Segurança nº 24.020/DF. Rel. 
Min. Joaquim Barbosa. Publicado no DJE em 13/06/2012). 
 
2.3.1.2. Exceção ao nepotismo: cargos políticos. 
Ao proferir o seu voto no julgamento do recurso extraordinário nº 
579.951-4/RN, o Ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal, afirmou 
que devem ser excluídos da abrangência da súmula vinculante nº 13 os 
denominados cargos políticos, a exemplo dos Ministros, Secretários Estaduais 
e Secretários municipais. 
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hipóteses constitucionalmente previstas, cujo sigilo fosse imprescindível à 
segurança do Estado e da sociedade (CF, art. 5º, XXXIII). Frisou-se que todos 
teriam direito a receber, dos órgãos públicos, informações de interesse particular 
ou geral, tendo em vista a efetivação da cidadania, no que lhes competiria 
acompanhar criticamenteos atos de poder. Aduziu-se que a divulgação dos 
vencimentos brutos de servidores, a ser realizada oficialmente, 
constituiria interesse coletivo, sem implicar violação à intimidade e à 
segurança deles, uma vez que esses dados diriam respeito a agentes 
públicos em exercício nessa qualidade. Afirmou-se, ademais, que não 
seria permitida a divulgação do endereço residencial, CPF e RG de cada 
um, mas apenas de seu nome e matrícula funcional. Destacou-se, por 
fim, que o modo público de gerir a máquina estatal seria elemento 
conceitual da República (SS 3902 Segundo AgR/SP, rel. Min. Ayres 
Britto, 9.6.2011). 
E aí? Você ainda tem alguma dúvida sobre a necessidade de 
conhecer a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal? Caso positivo, 
então apresento mais uma decisão que pode fundamentar, a qualquer 
momento, a elaboração de mais uma questão do CESPE e/ou ESAF: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em observância à regra da similitude das formas, a 2ª Turma 
concedeu mandado de segurança para determinar a realização de 
perícia médica, com a conseqüente habilitação da impetrante para 
concorrer à vaga especial em concurso público, caso assim se 
enquadre. Na espécie, a candidata realizara sua inscrição na condição 
de pessoa com deficiência e, posteriormente, tomara conhecimento 
da negativa de seu pedido por via postal. Ao constatar erro material, 
a banca examinadora do certame a convocara, por via editalícia, 
para comparecer à perícia médica, publicação essa que a candidata 
não tivera ciência. Destacou-se que a empresa responsável pelo 
concurso deveria diligenciar para que a concorrente fosse chamada 
para a avaliação pericial pelo mesmo meio com o qual fora 
cientificada do indeferimento de sua inscrição naquela condição. Por 
fim, julgou-se prejudicado o agravo regimental. 
MS 30604 AgR/DF, rel. Min. Gilmar Mendes, 29.11.2011. (MS-
30604) 
 
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2.5. Princípio da eficiência 
 Conforme já foi destacado anteriormente, o princípio da eficiência 
somente foi introduzido no texto constitucional em 1998, com a promulgação 
da Emenda Constitucional nº. 19. Antes disso, ele era considerado um 
princípio implícito. 
 O professor Diógenes Gasparini informa que esse princípio é conhecido 
entre os italianos como “dever de boa administração” e impõe à Administração 
Pública direta e indireta a obrigação de realizar suas atribuições com rapidez, 
perfeição e rendimento. 
Informa ainda o professor que é a relação custo / benefício que deve 
presidir todas as ações públicas. Exemplo: não se deve estender rede de 
energia elétrica ou de esgoto por ruas onde não haja edificações ocupadas; 
nem implantar redes de iluminação pública em ruas não utilizadas, pois, nesses 
casos, toda a comunidade arcaria com os seus custos, sem qualquer benefício. 
Nesse sentido, o princípio da eficiência está relacionado diretamente com 
o princípio da economicidade, que impõe à Administração Pública a 
obrigatoriedade de praticar as atividades administrativas com observância da 
relação custo-benefício, de modo que os recursos públicos sejam utilizados de 
forma mais vantajosa e eficiente para o poder público. Esse princípio traduz-se 
num compromisso econômico com o cumprimento de metas governamentais, 
objetivando-se sempre atingir a melhor qualidade possível, atrelada ao menor 
custo. 
Parte da doutrina entende que economicidade seria um gênero, do qual 
a eficiência, a eficácia e a efetividade seriam suas espécies. 
Fique atento às dicas fornecidas pela banca em suas provas. Quando a 
questão referir-se à relação custo/benefício ou resultado/qualidade com 
menor investimento, primeiramente, tente encontrar entre as alternativas o 
princípio da economicidade. Caso não o encontre, busque estão o princípio da 
eficiência como resposta. 
Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, o princípio da 
eficiência pode ser estudado sob dois aspectos: em relação ao modo de 
atuação do agente público e em relação ao modo de organizar, estruturar 
e disciplinar a Administração Pública. 
 Em relação ao primeiro aspecto (atuação do agente público), é importante 
que você entenda que a introdução do princípio da eficiência no texto 
constitucional repercutiu diretamente nas relações entre servidores e 
Administração Pública. 
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 Apesar de tal supremacia, o interesse público não se sobrepõe de forma 
absoluta ao interesse privado, pois o próprio texto constitucional assegura a 
necessidade de obediência ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à 
coisa julgada (artigo 5º, XXXVI). 
 Para responder às questões de prova, lembre-se de que a doutrina 
majoritária considera esse princípio como o basilar do denominado “regime 
jurídico-administrativo”. 
Está lembrado (a) do regime jurídico-administrativo? 
Não?? Estão vou refrescar a sua memória... 
Para fins de concursos públicos, entenda o regime jurídico-administrativo 
como o conjunto de normas que concedem à Administração Pública uma série 
de prerrogativas, ou seja, benefícios que não existiriam em uma relação 
jurídica entre particulares. 
Exemplo: Imagine que um determinado Município tenha firmado contrato 
administrativo com a Construtora Cimentão, após regular processo licitatório, 
para a construção de 100 (cem) casas populares. Entretanto, em função da 
crise econômica mundial (que tem sido desculpa para tudo), o Município decidiu 
diminuir em 20% (vinte por cento) a quantidade de casas que seriam 
construídas, alterando unilateralmente o contrato. 
 Pergunta: No exemplo apresentado, o Município pode alterar 
unilateralmente o contrato, reduzindo para 80 (oitenta) o número de casas a 
serem construídas? 
 Sim, pois a Lei 8.666/93 (Lei geral de Licitação) estabelece tal 
possibilidade no parágrafo 1º de seu artigo 65, que declara que “o contratado 
fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou 
supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e 
cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de 
reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por 
cento) para os seus acréscimos”. 
 No exemplo citado, é fácil perceber que a redução do número de casas 
construídas está amparada no interesse público. No momento da assinatura 
do contrato, a economia brasileira e a mundial estavam em ritmo acelerado, 
com fartura de crédito e investimentos nacionais e internacionais. Contudo, em 
virtude da crise mundial, o interesse público passou a exigir do Município certa 
cautela, o que, em tese, justificou a redução do número de construção de casas 
inicialmente estabelecido. 
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Com tais sujeições o administrador público fica impedido, por exemplo, 
de contratar os “colegas” e “indicados” para exercer funções inerentes a 
titulares de cargos de provimento efetivo, sem a realização de concurso público. 
A obrigatoriedade de realização de concurso público é uma sujeição, uma 
restriçãoque se impõe à Administração Pública. 
Pergunta: Por que o concurso público é considerado uma sujeição ou 
restrição? 
É simples. Imagine um Prefeito que tenha acabado de tomar posse e 
esteja iniciando o seu primeiro mandado. Imagine agora que durante a 
campanha eleitoral o Prefeito “prometeu” fornecer trabalho para a “metade” da 
cidade. Diante das promessas, após assumir o cargo de Prefeito, qual seria a 
conduta imediata do representante do povo? 
Prover cargos públicos com os “chegados” que o auxiliaram na campanha, 
os famosos “cabos eleitorais”. Portanto, a exigência de concurso público impede 
que o Prefeito possa contratar esses seus “apadrinhados”, dispondo do 
interesse público. 
Da mesma forma acontece com a obrigatoriedade de licitação. 
Suponhamos que o Município necessite adquirir 50 (cinquenta) computadores. 
Imaginemos agora que o filho do Prefeito tenha uma loja de informática e que 
possua, de pronta entrega, todos os computadores que o Município precisa 
adquirir. Ora, seria muito fácil para o Prefeito ligar para o filho dele e solicitar a 
entrega dos computadores no local indicado, sem precisar fazer licitação. 
Entretanto, nesse caso, o Prefeito estaria dispondo do interesse público, o 
que é vedado pelo princípio em estudo. Para adquirir os referidos 
computadores, o Município terá que se sujeitar à licitação. 
Como consequência da indisponibilidade do interesse público, veda-se 
ainda que a Administração renuncie ao recebimento de multas, tributos, 
receitas, entre outros, exceto se houver previsão legal. 
Não se admite, por exemplo, que um Auditor Fiscal da Receita Federal 
realize um “acordo” com um contribuinte qualquer, concedendo-lhe desconto de 
50% sobre o total que a União tem a receber, caso o pagamento seja efetuado 
à vista. 
Ora, o agente público somente pode negociar “descontos” com o 
particular se existir previsão legal. Caso contrário, estará violando 
expressamente o princípio da indisponibilidade do interesse público, pois abriu 
mão de recursos que obrigatoriamente deveriam ser pagos pelo contribuinte. 
 
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No mesmo sentido, o artigo 2º da Lei 9.784/99 determina que a 
administração deve sempre perseguir o interesse coletivo ou geral, sendo 
vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo 
autorização em lei. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.3. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade 
 Grande parte da doutrina afirma que os princípios da razoabilidade e da 
proporcionalidade são sinônimos. Outra parte afirma que tais princípios são 
autônomos, apesar do fato de a proporcionalidade ser um dos elementos da 
razoabilidade. 
 Sendo assim, apresentarei ambos os princípios conjuntamente, mas 
citando as peculiaridades de cada um para que você não se confunda no 
momento de responder às questões de prova. 
 O princípio da razoabilidade está diretamente relacionado ao senso 
comum do homem médio, do aceitável, do justo, do mediano. Em respeito a 
tal princípio, as condutas administrativas devem pautar-se no bom senso, na 
sensatez que guia a atuação do homem mediano, pois, caso contrário, serão 
invalidadas. 
 O princípio da razoabilidade tem origem no sistema jurídico anglo-
saxão, mas foi no Direito norte-americano que se desenvolveu e ganhou 
autonomia, como consequência do devido processo legal, servindo de 
parâmetro obrigatório para a conduta tanto dos administradores quanto do 
legislador. 
 Eis aqui uma importante informação que você deve guardar: o princípio 
da razoabilidade, que é considerado um princípio implícito, deriva do princípio 
do devido processo legal, este previsto expressamente no inciso LIV, artigo 
5º, da CF/1988. 
No julgamento do recurso extraordinário nº 253.885, de relatoria da 
Ministra Ellen Gracie, o STF decidiu que “Em regra, os bens e o 
interesse público são indisponíveis, porque pertencem à coletividade. 
É, por isso, o Administrador, mero gestor da coisa pública, não tem 
disponibilidade sobre os interesses confiados à sua guarda e 
realização. Todavia, há casos em que o princípio da indisponibilidade 
do interesse público deve ser atenuado, mormente quando se tem 
em vista que a solução adotada pela administração é a que melhor 
 
 
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 Os princípios da razoabilidade e proporcionalidade também devem ser 
observados pela autoridade administrativa no momento de imposição de 
penalidades a servidores públicos, pois, caso contrário, o ato poderá ser revisto 
pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário. 
 Foi o que ocorreu, por exemplo, no julgamento do mandado de segurança 
nº 17.490/DF, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, julgado em 
14/12/2011. Na oportunidade, o Superior Tribunal de Justiça anulou 
penalidade de demissão aplicada a servidor público federal em desconformidade 
com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, nos seguintes termos: 
SERVIDOR PÚBLICO. PAD. DEMISSÃO. PRINCÍPIOS. RAZOABILIDADE. 
PROPORCIONALIDADE. 
Trata-se de mandado de segurança em que se pretende desconstituir ato do 
ministro de Estado da Justiça pelo qual o ora impetrante foi demitido do cargo de 
policial rodoviário federal em razão de conduta irregular consistente na omissão 
em autuar e reter veículo por infração de trânsito (ausência de pagamento do 
licenciamento anual), apurada em procedimento administrativo disciplinar (PAD). 
Ocorre que tanto a comissão processante quanto a Corregedoria Regional da 
Superintendência da Polícia Rodoviária Federal e a Corregedoria-Geral do 
Departamento de Polícia Rodoviária Federal concluíram que o impetrante deveria 
ser penalizado com suspensão, visto que não houve reiterada atuação ilícita, 
tampouco obtenção de vantagem pecuniária ou de qualquer outra espécie pelo 
servidor. Todavia, a autoridade coatora, apoiada no mesmo contexto fático, 
acolheu o parecer da consultoria jurídica e, discordando dos pareceres 
mencionados, aplicou a pena máxima de demissão (art. 132, caput, IV e XIII, da 
Lei n. 8.112/1990). Diante disso, a Seção concedeu a segurança ao 
entendimento de que, embora a autoridade coatora não esteja adstrita às 
conclusões tomadas pela comissão processante, a discordância deve ser 
fundamentada em provas convincentes que demonstrem, de modo cabal e 
indubitável, ter o acusado praticado infração capaz de ensejar a aplicação 
daquela penalidade máxima em reprimenda à sua conduta irregular. Na hipótese 
dos autos, a autoridade coatora não indicou qualquer outra evidência fática 
concreta que justificasse a exacerbação da pena de suspensão anteriormente 
sugerida. Dessa forma, a aplicação da pena de demissão mostra-se desprovida 
de razoabilidade, além de ofender o princípio da proporcionalidade e o disposto 
no art. 128 da Lei n. 8.112/1990, diante da ausência no PAD de qualquer 
menção à prática de outras condutas irregulares que pudessem interferir na 
convicção de que se trata de servidor público possuidor de bons antecedentes ou 
de que o impetrante tenha se valido das atribuições de seu cargo para lograr 
proveito próprio ou em favor de terceiros ou, ainda, de que sua atuação tenha 
importado lesão aos cofres públicos. Assim, a Seção determinou a reintegração 
do impetrante ao cargo de policialrodoviário federal, assegurando-lhe o imediato 
ressarcimento dos vencimentos e demais vantagens desde a data da publicação 
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A prerrogativa de correção (convalidação) do ato ilegal está prevista no 
artigo 55 da Lei 9.784/99, que declara: 
Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao 
interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem 
defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração. 
A possibilidade de a Administração controlar a legalidade de seus próprios 
atos não afasta a atuação do Poder Judiciário. Caso a Administração se depare 
com uma situação de ilegalidade e não adote as providências cabíveis, poderá o 
particular ingressar com uma ação judicial para pleitear a anulação da situação 
de ilegalidade, se for de seu interesse. 
Não são somente os atos ilegais que podem ser revistos pela 
Administração, mas também os atos legais, quando forem inoportunos e 
inconvenientes. Neste último caso, o ato está em perfeita conformidade com 
a lei, mas a Administração decide revogá-lo, pois a sua manutenção não 
atende mais ao interesse público. 
Exemplo: Após ter sido aprovado no estágio probatório, um servidor 
público federal compareceu ao Departamento de Recursos Humanos do órgão 
público em que trabalha e pleiteou uma licença para o trato de interesses 
particulares (iremos estudá-la posteriormente), por 02 (dois) anos. Após 
analisar o pedido, já que se trata de ato discricionário, a Administração Pública 
decidiu concedê-lo, pois era um momento oportuno (já que existia uma 
quantidade razoável de servidores trabalhando – cinco – enquanto a média dos 
últimos anos sempre foi três). Além disso, também era conveniente conceder 
a licença, pois, segundo informações informais do servidor, o prazo de dois 
anos seria utilizado para dedicar-se exclusivamente à conclusão de uma pós-
graduação lato sensu, sobre tema relacionado à sua área de atuação no serviço 
público. 
Todavia, assim que a licença foi concedida, coincidentemente, várias 
situações inesperadas ocorreram. Dos quatro servidores que continuaram 
exercendo as suas funções no órgão público, um foi escalar o pico Everest nas 
férias (servidor recém-aprovado no concurso da Receita Federal do Brasil e que 
não estava conseguindo gastar a integralidade dos vencimentos, sendo 
obrigado a inventar “moda”) e morreu congelado. Outro decidiu abrir uma 
pousada em Monte Verde/MG (lugarzinho gostoso para sentir frio, comer e 
descansar) e pediu exoneração do serviço público. Todos esses acontecimentos 
ocorreram no curto espaço de 06 (seis) meses após o início da licença para o 
trato de interesses particulares, solicitada pelo primeiro servidor. 
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XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor 
garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação 
retroativa de nova interpretação. 
Desse modo, a nova interpretação somente poderá ser aplicada a casos 
futuros, não prejudicando situações que já estavam consolidadas com base na 
interpretação anterior. 
A Constituição Federal de 1988 vai ainda mais longe, pois declara em seu 
artigo 5º, XXXVI, que nem mesmo a lei poderá prejudicar ato jurídico perfeito, 
direito adquirido e a coisa julgada. 
No concurso público para o cargo de Analista de Planejamento do 
Ministério do Planejamento, realizado em 2005, a ESAF considerou 
correta a seguinte assertiva: “O princípio que melhor se vincula à 
proteção do administrado no âmbito de um processo administrativo, 
quando se refere à interpretação da norma jurídica, é o da segurança 
jurídica”. 
PARA RESPONDER ÀS QUESTÕES DA FCC: O princípio da segurança jurídica veda a 
aplicação retroativa de nova interpretação de lei no âmbito da Administração Pública, 
preservando assim, situações já reconhecidas e consolidadas na vigência de orientação 
anterior (Analista Judiciário TRT 22ª Região/2010). Assertiva considerada 
correta pela banca examinadora. 
 
3.6.1. Princípio da boa-fé e proteção à confiança 
Maria Sylvia Zanella di Pietro assim dispõe sobre o princípio da boa-fé: 
Pode-se dizer que o princípio da boa-fé deve estar presente do lado da 
Administração e do lado do administrado. Ambos devem agir com lealdade, com 
correção. O princípio da proteção à confiança protege a boa-fé do 
administrado; por outras palavras, a confiança que se protege é aquela que o 
particular deposita na Administração Pública. O particular confia em que a 
conduta da Administração esteja correta, de acordo com a lei e com o direito. É 
o que ocorre, por exemplo, quando se mantêm atos ilegais ou se regulam os 
efeitos pretéritos de atos inválidos7. 
No julgamento do recurso em mandado de segurança nº 24.715∕ES, de 
Relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, o Superior Tribunal de 
Justiça se valeu dos princípios da proteção à confiança e da boa-fé para 
impedir que a Administração debitasse na remuneração de servidor público 
valores que supostamente teriam sido recebidos indevidamente, por falha 
administrativa: 
 
7
 DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24. ed., p.88. 
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Apesar da obrigatoriedade de prestação contínua, é válido ressaltar que 
os serviços públicos podem sofrer paralisações ou suspensões, conforme 
previsto no § 3º, artigo 6º, da Lei 8.987/1995, em situações excepcionais: 
§ 3º. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em 
situação de emergência ou após prévio aviso, quando: 
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e, 
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade. 
Para que o serviço seja prestado de forma contínua, não é necessário que 
seja prestado todos os dias, mas sim com regularidade. O exemplo cotidiano de 
serviço prestado com regularidade, mas não todos os dias, é o de coleta de 
lixo. É muito comum encontramos localidades em que o lixo somente é 
recolhido duas vezes por semana, mas a população tem plena ciência da 
frequência do serviço, o que não lhe retira a eficiência, a adequação e a 
continuidade. 
Todos aqueles que prestam serviços públicos estão submetidos a certas 
restrições necessárias à manutenção de sua continuidade, entre elas é possível 
citar: 
1ª) Restrição ao direito de greve: Segundo o artigo 37, VII, da 
Constituição Federal de 1988, os servidores públicos somente podem exercer 
o direito de greve nos termos e nos limites definidos em lei específica. 
Todavia, é válido destacar que até o momento a referida lei específica não foi 
criada, mas, no julgamento dos mandados de injunção 670, 708 e 712, o 
Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos poderão utilizar a 
Lei 7.783/89, que regula a greve dos trabalhadores celetistas, até que o 
Congresso Nacional providencie a criação da lei a que se refere o artigo 37, VII, 
da CF/88. 
2º) Impossibilidade de alegação da exceção do contrato não 
cumprido em face da AdministraçãoPública: Em regra, o particular não 
pode interromper ou suspender a execução de serviços públicos que estejam 
sob a sua responsabilidade, mesmo que o contrato esteja sendo 
desrespeitado pela Administração, como acontece na falta dos pagamentos 
devidos. A impossibilidade de interrupção ou suspensão decorre da aplicação 
restrita da exceção do contrato não cumprido (“exceptio non adimpleti 
contratus”) nas relações jurídicas amparadas pelo regime jurídico-
administrativo, já que este tem o objetivo de assegurar à Administração 
prerrogativas que facilitem a satisfação do interesse público. Somente em 
situações especiais, a exemplo de atraso nos pagamentos devidos por prazo 
superior a 90 dias, o particular poderá alegar a cláusula da exceção do contrato 
não cumprido em face da Administração. 
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3.8. Princípio da motivação 
 O princípio da motivação impõe à Administração Pública a obrigação de 
apresentar as razões de fato (o acontecimento, a circunstância real) e as 
razões de direito (o dispositivo legal) que a levaram a praticar determinado 
ato. 
 A necessidade geral de motivação dos atos administrativos não está 
prevista expressamente no artigo 37 da Constituição Federal de 1988, mas 
consta no artigo 93, X (em relação aos atos administrativos editados pelo Poder 
Judiciário) e 129, § 4º (em relação aos atos administrativos editados pelo 
Ministério Público). 
 Em termos gerais, o princípio da motivação pode ser considerado 
implícito, pois não existe previsão expressa na Constituição Federal de 1988 
de que os atos editados pelo Poder Executivo também devam ser motivados. É 
claro que se a Constituição Federal impõe a obrigatoriedade de motivação dos 
atos administrativos do Poder Judiciário e do Ministério Público, 
implicitamente, também a estende aos atos editados pelo Poder Executivo, 
que é aquele que possui na edição de atos administrativos a sua função 
principal, típica. 
 A Lei 9.784/99, inciso VII, artigo 2º, declara expressamente que nos 
processos administrativos federais serão indicados os pressupostos de fato e 
de direito que determinarem a decisão. 
Além disso, afirma no § 1º, do artigo 50, que a motivação deve ser 
explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de 
concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões 
ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato, o que a doutrina 
convencionou chamar de motivação aliunde. 
 A imposição de que a motivação seja explícita, clara e congruente 
deriva, dentre outros, dos princípios do devido processo legal, do contraditório e 
da ampla defesa. 
 Para que o administrado ou mesmo os agentes públicos (nos casos em 
que estiverem respondendo a um processo administrativo, por exemplo) 
possam contestar ou defender-se dos atos administrativos praticados pela 
Administração, é necessário que tenham pleno conhecimento de seu conteúdo. 
 Sendo assim, no momento de motivar o ato, o administrador não pode 
limitar-se a indicar o dispositivo legal que serviu de base para a sua edição. É 
essencial ainda que o administrador apresente, detalhadamente, todo o 
caminho que percorreu para chegar a tal conclusão, bem como o objetivo que 
deseja alcançar com a prática do ato. 
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 Agindo dessa maneira, o administrador estará permitindo que os 
interessados possam exercer um controle efetivo sobre o ato praticado, que 
deve respeitar as diretrizes do Estado Democrático de Direito, o princípio da 
legalidade, da razoabilidade, proporcionalidade, do devido processo legal, entre 
outros. 
 Pergunta: Será que todos os atos administrativos devem ser motivados? 
Diante do que escrevi até o momento, parece que sim, não é? Bem, para 
fins de concursos públicos, devemos ficar atentos a essa pergunta. Embora 
renomados professores como Diógenes Gasparini e Maria Sylvia Zanella Di 
Pietro, por exemplo, entendam que todos os atos administrativos devam ser 
motivados, sejam eles vinculados ou discricionários, é válido destacar que 
existe uma exceção muito cobrada em concursos públicos: a nomeação e 
exoneração de servidores ocupantes de cargos em comissão (cargos de 
confiança). 
 No momento de nomear um cidadão para ocupar cargo público em 
comissão (aquele em que não é necessário ser aprovado em concurso público e 
que possui atribuições de direção, chefia e assessoramento, como o cargo de 
Secretário Municipal, por exemplo), a autoridade competente não está obrigada 
a apresentar os motivos, por escrito, que a levaram a optar pelo cidadão “a”, 
em vez do cidadão “b”. 
Da mesma forma, acontece na exoneração. A autoridade competente não 
está obrigada a apresentar, por escrito, os motivos que a levaram a “dispensar” 
o ocupante do cargo em comissão, independentemente de quais sejam. 
 Sendo assim, como o nosso objetivo é ser aprovado em um concurso 
público, fique atento a essa exceção que comprova que nem todos os atos 
administrativos precisam ser motivados. 
Por fim, não confunda o motivo do ato administrativo (que iremos 
estudar posteriormente) com a necessidade de motivação. O primeiro é a 
razão de fato e de direito que justificou a edição do ato. O segundo nada mais é 
que a exposição dos motivos, por escrito, detalhadamente. 
 Exemplo: Imagine que o Departamento de Recursos Humanos de um 
determinado órgão público tenha solicitado ao servidor “X” a apresentação de 
algumas informações e documentos para proceder à atualização de seus dados 
cadastrais. Contudo, apesar da solicitação formal da Administração, 
imotivadamente, o servidor se recusou a fornecê-los. Diante do exposto, o 
servidor será punido com uma advertência em virtude de não ter apresentado 
as informações e documentos solicitados (motivo), mas, no momento da 
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3.9. Princípio da especialidade 
 A Administração Pública brasileira, conforme estudaremos 
posteriormente, divide-se, didaticamente, em direta e indireta. A 
Administração Direta é formada pelas entidades estatais, também chamadas 
de entidades políticas (União, Estados, Municípios e DF), bem como pelos seus 
respectivos órgãos públicos. 
 A Administração Indireta é constituída pelas denominadas “entidades 
administrativas” (autarquias, fundações públicas, empresas públicas e 
sociedades de economia mista), que são criadas pelas entidades estatais, por 
lei ou mediante autorização legal, para exercerem atividades administrativas 
de forma descentralizada, mas vinculadas às entidades estatais 
responsáveis pela criação. 
 Ao criar ou autorizar a criação de uma entidade administrativa, a lei 
estabelece previamente a sua área de atuação (a sua finalidade), isto é, a sua 
especialidade. Sendo assim, como a capacidade específica da entidade 
administrativa foi determinada por lei, somente esta pode alterá-la. Caso os 
administradores decidam alterar, por conta própria, a especialidade da entidade 
administrativa na qual atuam, poderão ser responsabilizados nos termos da lei. 
 Exemplo: A Lei Federal 7.735/89, em 1989, criou o Instituto Brasileiro

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