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Direito Administrativo - Fabiano Pereira

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Direito Administrativo - Fabiano Pereira/Direito_Administrativo_Teoria_Aula_00.pdf
CURSO ON-LINE – DIREITO ADMINISTRATIVO – TEORIA 
PROFESSOR: FABIANO PEREIRA 
 
www.pontodosconcursos.com.br 
Olá, amigo concurseiro ! 
 
Inicialmente, como este é o primeiro curso que ministro aqui no site, 
gostaria de me apresentar rapidamente e tecer alguns comentários 
necessários ao bom andamento de nossos trabalhos. 
 
Meu nome é Fabiano Pereira, sou advogado pós-graduado e militante 
na área do Direito Administrativo, professor universitário e de cursos 
preparatórios para concursos públicos no Estado de Minas Gerais, há mais 
de 6 (seis) anos. 
 
Nesses últimos anos, tive a oportunidade de sentir “na pele” a deliciosa 
sensação de ser nomeado em função da aprovação em concursos públicos, 
entre eles, o da Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Tribunal 
Regional Eleitoral, entre outros. Entretanto, a minha realização profissional 
somente se concretizou na docência. Penso que poucas profissões são tão 
gratificantes quanto a de professor, principalmente na preparação de 
candidatos para concursos públicos, pois, neste caso, você consegue 
acompanhar a evolução do aluno e comemorar juntamente com ele a 
aprovação (de vez em quando até sou convidado para um churrasquinho ...). 
 
Sinto-me extremamente realizado quando recebo algum e-mail ou 
ligação de aluno ou ex-aluno, comunicando a aprovação no concurso público 
desejado. É como se eu também houvesse sido aprovado, “por tabela”. 
 
Para a minha felicidade, nesses últimos anos, pude compartilhar a 
alegria e a satisfação de centenas de ex-alunos que foram aprovados para 
os mais diversos cargos e empregos públicos, como os de Técnicos e 
Analistas dos TRT´s, TRE´s e TJ´s, AFRFB, INSS, IBAMA, MTE, 
PETROBRAS e diversos outros concursos federais, estaduais e municipais. 
 
A aprovação em um concurso público não é tarefa fácil, exige do 
candidato muita dedicação, privações e, principalmente, muita perseverança. 
Em relação a esta última, penso que talvez seja a mais importante de todas 
elas, pois, como bem sabemos, concurso público tenta-se até passar. Por 
isso, é necessária uma programação específica a fim de que você não se 
perca durante o trajeto rumo à aprovação. É justamente nesse ponto que se 
encontra a tênue linha divisória que separa os aprovados dos reprovados. 
 
Antes de iniciar o nosso curso de Direito Administrativo, é conveniente 
que você se programe com antecedência para aproveitar, ao máximo, o 
conteúdo que será disponibilizado nas 14 (quatorze) aulas que serão 
ministradas. Digo isso porque, além da teoria, também serão disponibilizadas 
centenas de questões de concursos anteriores. Portanto, se você reservar 
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algumas horas da sua semana para se dedicar ao curso, terá condições de 
formular perguntas e enviá-las para o “fórum de dúvidas”, sanando, assim, 
quaisquer eventuais dúvidas que surgirem durante as aulas. 
 
Esse é o grande diferencial em sua preparação! Se você realmente 
possui o objetivo de ser aprovado em um concurso público, é necessário que 
você se programe para atingir esse objetivo. Lembre-se de que a 
programação se inicia pela elaboração de um cronograma de estudos, que 
deve incluir todas as disciplinas as quais você terá de estudar até o dia da 
prova, não se esquecendo de reservar algumas horas para a resolução de 
questões de concursos anteriores, que são imprescindíveis para a 
assimilação do conteúdo. 
 
Bem, como você dificilmente encontrará um edital de concurso público 
que não exija conhecimentos de Direito Administrativo, aqui estamos para 
levar até você todo o conteúdo necessário para que a sua meta de ser 
aprovado em um cargo ou emprego público seja alcançada o mais breve 
possível. 
 
 Se você possui qualquer tipo de bloqueio ou dificuldade em assimilar o 
conteúdo de Direito Administrativo, esta é a oportunidade de solucionar, de 
uma vez por todas, esse “pequeno” problema. O Direito Administrativo é 
muito simples, principalmente nas questões de concursos. Em várias 
questões de concurso, não é sequer necessário realmente saber o conteúdo 
para respondê-las, sendo suficiente memorizar algumas “palavrinhas” 
mágicas que serão apresentadas durante os nossos encontros semanais. 
 
O nosso curso tem a missão de lhe fornecer o conhecimento 
necessário para fazer qualquer prova de Direito Administrativo, com 
exceção daquelas aplicadas nos concursos para a magistratura e carreiras 
afins, pois, nesse caso, o nível de aprofundamento é muito acentuado e foge 
um pouco do nosso objetivo. Com o conteúdo que será ministrado em nosso 
curso, você estará preparado para se submeter, por exemplo, aos concursos 
da Receita Federal do Brasil e demais concursos na área fiscal, certames 
dos Tribunais (TRT´s, TRE´s, TJ´s, TRF´s), concursos da Polícia Federal e 
Rodoviária Federal, CGU, bem como demais órgãos e entidades da 
Administração Pública Federal, Estadual e Municipal. 
 
Enfim, como o nosso curso será REGULAR, com aulas semanais, 
iremos abordar praticamente todos os editais de concursos públicos do país, 
oferecendo-lhe a oportunidade de assimilar o Direito Administrativo 
pausadamente, sem estresse. 
 
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Gostaria também de deixar claro que, apesar de não ser nosso objetivo 
prepará-lo para um concurso da magistratura ou Ministério Público, você tem 
permissão (para não dizer “obrigação”) para enviar ao “fórum de dúvidas” 
QUALQUER TIPO DE DÚVIDA que surgir durante os seus estudos, mesmo 
que oriunda da resolução de uma questão aplicada em uma prova para Juiz 
Federal ou Procurador da República, por exemplo. 
 
Iremos concentrar nossos esforços no “estilo” CESPE e ESAF de 
desenvolvimento de questões. Mas, por quê? É simples. Porque essas duas 
bancas, por tradição, costumam exigir dos candidatos conhecimentos mais 
aprofundados de Direito Administrativo, abordando, inclusive, o entendimento 
do Superior Tribunal de Justiça e, principalmente, do Supremo Tribunal 
Federal. Sendo assim, iremos adotar a velha máxima jurídica, adaptada para 
o nosso mundo dos concurseiros: “Quem sabe mais, sabe menos”. 
 
Como ao fim do curso você estará familiriarizado com o alto grau de 
aprofundamento do CESPE e da ESAF, ao participar de concursos 
promovidos por quaisquer outras bancas examinadoras do país, certamente 
você não terá nenhuma dificuldade para resolver a prova de Direito 
Administrativo. 
 
Não iremos perder tempo com discussões doutrinárias inócuas, que 
não são exigidas em provas pelas bancas examinadoras. Sempre que surgir 
algum ponto polêmico, que exigir um maior aprofundamento para efeitos de 
prova, iremos analisá-lo com toda a cautela e desenvoltura necessárias, 
detalhando-o de modo a lhe permitir um raciocínio integrado e geral sobre a 
questão. 
 
Para facilitar a assimilação e fixação do conteúdo ministrado em cada 
capítulo, irei disponibilizar uma relação de questões de concursos anteriores 
realizados pelas principais bancas examinadoras do país, em especial pelo 
CESPE e ESAF. Tenha ciência de que você deve responder a todas as 
questões disponibilizadas ao término de cada capítulo, pois essa prática irá 
aumentar sobremaneira o seu aproveitamento. 
 
Além disso, também irei apresentar, ao término de cada aula, um 
tópico denominado “RVP” – Revisão de Véspera de Prova, contendo as 
principais informações que você está OBRIGADO a saber para fazer uma 
boa pontuação no concurso desejado. 
 
No mais, como sei que você está ansioso (a) para deleitar-se com
o 
Direito Administrativo, gostaria apenas de citar as fontes bibliográficas que 
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serão utilizadas para a elaboração de nossas aulas, bem como o nosso 
conteúdo programático: 
 
• ALEXANDRINO, Marcelo; PAULO, Vicente. Direito Administrativo 
Descomplicado. São Paulo: Método, 2009. 
• CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de Direito 
Administrativo. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2008. 
• DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. São Paulo: 
Atlas, 2008. 
• GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. São Paulo: Saraiva, 
2009. 
• MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo Brasileiro. São 
Paulo: Malheiros, 2008. 
• MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. 
São Paulo: Malheiros, 2008. 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
 
 Durante todo o curso, sempre às quintas-feiras, será disponibilizada 
uma aula sobre um tema específico, conforme informado abaixo. Após a 
liberação da aula, você poderá acessá-la a qualquer instante, enviando as 
respectivas dúvidas para o fórum. As dúvidas serão respondidas com a 
maior brevidade possível, às vezes, até no mesmo dia. 
 
AULA 00 – Responsabilidade Civil do Estado 
AULA 01 – Princípios informativos do Direito Administrativo 
AULA 02 – Noções gerais acerca do Direito Administrativo. 
AULA 03 – Administração Pública (Direta x Indireta) 
AULA 04 – Entidades paraestatais 
AULA 05 – Poderes administrativos 
AULA 06 - Atos administrativos 
AULA 07 – Agentes públicos 
AULA 08 – Bens públicos 
AULA 09 – Serviços públicos 
AULA 10 – Intervenção do Estado na propriedade e no domínio econômico 
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AULA 11 – Controle da Administração Pública 
AULA 12 – Licitação 
AULA 13 – Contratos administrativos 
 
Mãos à obra !! 
 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO 
 
 
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS 
 
Conforme consagra o caput do artigo 1º da CF/88, a República 
Federativa do Brasil constitui-se em Estado Democrático de Direito e, 
portanto, todos nós (inclusive o próprio Estado) somos regidos por leis que 
foram criadas para atender às necessidades do povo. 
Tais leis são necessárias para que as relações jurídicas entre os 
indivíduos possam ocorrer de forma harmônica, já que todos saberão, com 
antecedência, quais são os direitos e deveres inerentes a cada um para que 
possamos viver em sociedade. 
Nesse contexto, o Código Civil brasileiro declara expressamente, em 
seu artigo 186, que “aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência 
ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que 
exclusivamente moral, comete ato ilícito”. Já o artigo 927, também do Código 
Civil, prevê que “aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a 
outrem, fica obrigado a repará-lo”. 
 Analisando-se os citados artigos, conclui-se que as vítimas de atos 
ilícitos podem exigir a reparação dos danos morais e/ou materiais que 
porventura sofrerem em virtude de omissões ou ações praticadas por outros 
particulares. 
 Caso não seja possível efetuar a reparação do dano de forma 
“amigável”, a vítima poderá, então, recorrer ao Poder Judiciário, exigindo 
providências do Estado, ou seja, o cumprimento da lei. 
 A obrigação de reparar os danos/prejuízos causados a terceiros não é 
exclusiva dos particulares, pois incide também em relação ao Estado. 
Entretanto, tal obrigação não é proveniente de contratos celebrados 
pelo Estado com terceiros, denominada responsabilidade contratual, pois, 
nesses casos, os possíveis prejuízos se resolvem com base nos próprios 
termos contratuais. Também não se refere à obrigação de indenizar em 
virtude do legítimo exercício de poderes em face do direito de terceiros, 
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como ocorre frequentemente no caso da desapropriação e, algumas vezes, 
no caso de servidões. 
 Conforme afirma o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, tal 
obrigação deriva da responsabilidade EXTRACONTRATUAL do Estado face 
a comportamentos unilaterais, comissivos ou omissivos, legais ou ilegais, 
materiais ou jurídicos, que a ele são atribuídos. 
 
 É por isso que, em alguns livros, você irá encontrar o presente tópico 
com o nome de “Responsabilidade Extracontratual do Estado”, 
“Responsabilidade patrimonial do Estado” ou, ainda, “Responsabilidade civil 
da Administração Pública”, o que em nada irá interferir no conteúdo que será 
apresentado. 
 Antes de passarmos para o próximo item, é necessário chamar a sua 
atenção para o fato de que a responsabilidade civil do Estado, pelos 
danos que seus agentes causem a terceiros, não se confunde com a 
responsabilidade civil, penal ou administrativa dos agentes públicos 
responsáveis pelo dano. 
Além da responsabilização do Estado, que irá ocorrer 
exclusivamente na esfera civil, o agente público também poderá ser 
responsabilizado, mas em três esferas distintas: civil, penal e 
administrativa, se for o caso. 
As responsabilidades civil, penal e administrativa, em regra, são 
independentes entre si, podendo, ainda, cumular-se, conforme veremos mais 
a frente. 
Em alguns casos, além de o Estado ser obrigado a reparar 
financeiramente (civilmente) o particular pelos danos causados pelos seus 
agentes, estes ainda podem responder simultaneamente na esfera penal 
(caso a conduta ou omissão seja tipificada como crime ou contravenção), 
administrativa (caso o ato omissivo ou comissivo seja praticado no 
desempenho do cargo ou função e previsto como infração funcional) e civil, 
sendo obrigados a devolver aos cofres públicos os valores que foram 
utilizados pelo Estado para indenizar os danos causados aos particulares. 
 
2. EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
 Conforme veremos a seguir, vigora no Brasil a responsabilidade 
objetiva do Estado pelos danos que seus agentes causarem a terceiros, sob 
a modalidade do risco administrativo. 
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Entretanto, nem sempre foi assim, já que, em outras épocas, não era 
possível responsabilizar civilmente o Estado, vejamos: 
 
2.1. Irresponsabilidade do Estado 
 Historicamente, por muitos anos, vigorou a máxima de que “O Rei 
nunca erra” (The King can do no wrong) ou “O Rei não pode fazer mal” (Le 
roi ne peut mal faire). 
Durante esse período, notadamente nos regimes absolutistas, o Estado 
NÃO PODIA SER RESPONSABILIZADO pelos danos que causasse aos 
particulares no exercício das funções estatais. 
 Entretanto, mesmo durante esse período, os indivíduos não ficavam 
totalmente desamparados de proteção em virtude dos danos sofridos, pois 
existia a possibilidade de responsabilização individual dos agentes públicos 
que, atuando com dolo ou culpa, acarretassem danos a terceiros. A 
responsabilidade, nesse caso, recaía sobre o próprio agente e não sobre o 
Estado. 
 Conforme nos informa o professor Diógenes Gasparini, o princípio da 
responsabilidade do agente público, em lugar da responsabilidade do 
Estado, estava previsto na Constituição de 1824, no item 29 do artigo 179. 
No item 29 do artigo 179, o próprio Imperador fazia a ressalva de que 
não estava submetido a qualquer responsabilidade. 
 Apesar da necessidade de você ter conhecimento dessa teoria para 
responder às questões de concursos, destaca-se que ela está inteiramente 
superada, mesmo nos Estados Unidos e na Inglaterra, que foram os últimos 
países a abandoná-las, em 1946 e 1947, respectivamente. 
 
2.2. Responsabilidade
subjetiva do Estado ou Teoria da “culpa civil” 
 Segundo essa teoria, o Estado seria equiparado ao particular, para 
fins de indenização. Sendo assim, em regra, como os particulares somente 
podem ser responsabilizados pelos seus atos quando atuam com dolo 
(desejo de causar o dano) ou culpa (negligência, imprudência ou imperícia), 
tais requisitos também deveriam ser demonstrados a fim de que se pudesse 
responsabilizar o Estado. 
 Tanto o Estado quanto o particular eram tratados de forma igualitária e, 
sendo assim, ambos respondiam nos termos do direito privado, sendo 
imprescindível a demonstração do dolo ou culpa para que ocorresse a 
responsabilização. 
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 Essa teoria passou a vigorar no Brasil com o advento do Código Civil, 
de 1916 e, somente em 1946, com a promulgação da Constituição, deixou 
de existir. 
 
2.3. Teoria da Culpa Administrativa ou da faute du service 
 
 Essa teoria relaciona-se à possibilidade de responsabilização do 
Estado em virtude do serviço público prestado de forma insatisfatória, 
defeituosa ou ineficiente. 
Não é necessário que ocorra uma falta individual do agente público, 
mas uma deficiência no funcionamento normal do serviço, atribuível a um 
ou vários agentes da Administração, que não lhes seja imputável a título 
pessoal. 
 Nesse caso, a vítima tem o dever de comprovar a falta do serviço (ou 
a sua prestação insuficiente ou insatisfatória) para obter a indenização, além 
de ser obrigada a provar ainda uma “culpa especial” do Estado, ou seja, 
provar que o Estado é responsável por aquela “falta” do serviço público. 
 O professor Diógenes Gasparini cita alguns exemplos em que ocorrerá 
a culpa do serviço e, portanto, a obrigação de o Estado indenizar o dano 
causado: 
 
1º ) Caso devesse existir um serviço de prevenção e combate a incêndio em 
prédios altos, mas não houvesse (o serviço não funcionava, não existia); 
2º) O serviço de prevenção e combate a incêndio existisse, mas ao ser 
demandado ocorresse uma falha, a exemplo da falta d´água ou do 
emperramento de certos equipamentos (o serviço funcionava mal); 
3º) O serviço de prevenção e combate a incêndio existisse, mas chegasse ao 
local do evento depois que o fogo já consumira tudo (o serviço funcionou 
atrasado). 
 
 Sendo assim, gostaria que ficasse bem claro que a teoria francesa da 
faute du service se enquadra como hipótese de responsabilidade 
subjetiva, já que compete à vítima provar a “falta do serviço” e a 
responsabilidade do Estado pela sua prestação, posicionamento também 
defendido pelo professor Celso Antônio Bandeira de Mello. 
Esse também é o entendimento do Superior Tribunal de Justiça que, ao 
julgar o Recurso Especial 703741, declarou que “[...] A responsabilidade civil 
por omissão, quando a causa de pedir a ação de reparação de danos 
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assenta-se no faute du service publique, é subjetiva, uma vez que a ilicitude 
no comportamento omissivo é aferido sob a hipótese de o Estado deixar de 
agir na forma da lei e como ela determina”. 
 
2.4. Teoria do risco administrativo 
 Essa é a teoria adotada pela Constituição Federal de 1988 e, portanto, 
iremos estudá-la com mais detalhes nos próximos itens. De qualquer forma, 
você já deve ter em mente que nesta modalidade de responsabilização não 
se exige a culpa ou dolo do agente público, nem a demonstração da “falta 
do serviço”. 
Para que o indivíduo seja indenizado, basta que comprove a 
existência do fato danoso e injusto ocasionado por ação do Estado. 
O professor Hely Lopes Meirelles esclarece que tal teoria baseia-se no 
risco que a atividade pública gera para os administrados, bem como na 
possibilidade de acarretar danos a certos membros da comunidade, 
impondo-lhes um ônus que não é suportado pelos demais. 
Sendo assim, para compensar essa desigualdade individual, criada 
pelo próprio Estado, todos os outros componentes da coletividade devem 
concorrer para a reparação do dano. 
 
2.5. Teoria do risco integral 
 
 Com base em tal teoria, o Estado é responsável por qualquer dano 
causado ao indivíduo na gestão de seus serviços, independentemente da 
culpa da própria vítima, caso fortuito ou força maior. 
Para que o Estado seja obrigado a indenizar, basta que esteja 
envolvido no dano causado. Exemplo: se um indivíduo se jogasse na frente 
de um caminhão de lixo que está realizando o serviço de limpeza urbana, 
objetivando um suicídio, ainda sim o Estado estaria obrigado a indenizar a 
família da vítima, pois o caminhão que “passou por cima” do suicida pertence 
ao Estado. 
 É fácil perceber que a teoria do risco integral escapa ao bom senso, 
pois não prevê qualquer hipótese de exclusão ou redução da 
responsabilidade do Estado em relação ao evento danoso, ao contrário 
do que ocorre, por exemplo, na teoria do risco administrativo, como veremos 
adiante. 
 Neste momento, você pode estar se perguntando: será que eu 
realmente preciso saber todo esse conteúdo “teórico” para responder às 
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questões de concursos públicos, já que até o momento sequer foi citado o 
artigo 37, § 6º da CF/88 ? 
 A resposta é SIM ! E para provar o que estou afirmando, apresento 
abaixo algumas questões sobre o tema, que foram cobradas em concursos 
anteriores: 
 
(ESAF – Juiz do Trabalho Substituto/TRT 7ª Região – 2005) Tratando-se de 
responsabilidade civil do Estado, assinale a afirmativa INCORRETA. 
(A) Empresas públicas podem se sujeitar à responsabilidade objetiva ou subjetiva, 
dependendo de seu objeto social. 
(B) A teoria francesa da faute du service é enquadrada como hipótese de 
responsabilidade objetiva. 
(C) Pessoas jurídicas de direito privado, não integrantes da Administração Pública, 
podem se sujeitar à responsabilidade objetiva. 
(D) A responsabilidade do Estado por omissão caracteriza-se como de natureza 
subjetiva. 
(E) A responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa. 
 
 
(ESAF – Analista Jurídico/SEFAZ CE 2007) A teoria que responsabiliza o Estado 
pelos danos que seus agentes causarem a terceiros sem admitir qualquer 
excludente de responsabilidade em defesa do Estado denomina-se teoria 
a) objetiva. 
b) subjetiva. 
c) da falta do serviço. 
d) da irresponsabilidade. 
e) do risco integral. 
 
(FCC – AUDITOR TCE/AL 2008) Em matéria de responsabilidade civil da 
Administração Pública, a corrente doutrinária que passou a distinguir a culpa do 
funcionário da culpa anônima do serviço público, reconhecendo a responsabilidade 
do Estado tão simplesmente se o serviço público não funcionou, funcionou mal ou 
funcionou atrasado ficou conhecida como a teoria 
a) da culpa administrativa. 
b) do risco administrativo. 
c) do risco integral. 
d) da culpa civil. 
e) da responsabilidade por atos de gestão. 
 
 
 
3. A RESPONSABILIDADE OBJETIVA PREVISTA NO ARTIGO 37, § 6º DA 
CF/88 
 
 O nosso ordenamento jurídico pátrio, durante muito tempo, oscilou 
entre as doutrinas subjetiva e objetiva da responsabilidade civil do Estado. 
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Entretanto, a Constituição Federal de 1988 decidiu pela responsabilidade 
civil objetiva do Estado, sob a modalidade do risco administrativo. 
 Sendo assim, para que o Estado seja obrigado a indenizar o dano 
causado por seus agentes, é suficiente que o particular prejudicado 
comprove o
dano existente e o nexo causal entre a ação do agente e o 
evento danoso. Não é necessário que o particular comprove que o agente 
público agiu com dolo ou culpa, pois isso é irrelevante para efeitos de 
indenização estatal. 
O professor Alexandre de Moraes afirma ser necessária a presença 
dos seguintes requisitos para que o Estado seja obrigado a indenizar: 
ocorrência do dano; ação administrativa; existência de nexo causal entre o 
dano e a ação administrativa e ausência de causa excludente da 
responsabilidade estatal. 
 A possibilidade de responsabilizar o Estado pelos danos que seus 
agentes causarem a terceiros possui amparo no próprio texto constitucional, 
mais precisamente no artigo 37, § 6º, da CF/88, que assim declara: 
 
§ 6º As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado 
prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que 
seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado 
o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou 
culpa. 
 
 
 Para que nós possamos responder mais facilmente às questões 
elaboradas pelas bancas examinadoras, é necessário que façamos um 
detalhamento das informações que podem ser extraídas do § 6º, do artigo 37 
da CF/88. Avante ! 
 
3.1. A abrangência da expressão “as pessoas jurídicas de direito 
público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos” 
 Na expressão destacada acima, devemos incluir como pessoas 
jurídicas de direito público a União, os Estados, os Municípios, o Distrito 
Federal, as autarquias e as fundações públicas regidas pelo Direito Público. 
 Como pessoas jurídicas de Direito Privado prestadoras de serviços 
públicos, incluímos as empresas públicas e sociedades de economia mista, 
desde que prestadoras de serviços públicos, e também as empresas 
privadas, mesmo não integrantes da Administração Pública, desde que 
prestem serviços públicos, a exemplo das concessionárias, 
permissionárias e autorizatárias de serviços públicos. 
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 Sobre essas últimas, é importante citar o acórdão proferido no 
julgamento do Recurso Extraordinário 262.651/SP, em 2004, no qual o 
Supremo Tribunal Federal declarou que “A responsabilidade civil das 
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva 
relativamente aos usuários do serviço, não se estendendo a pessoas outras 
que não ostentem a condição de usuário. Exegese do art. 37 § 6o, da C.F.” 
 Essa decisão proferida pelo STF é decorrente do julgamento de um 
recurso extraordinário apresentado pela Auto Viação Urubupungá Ltda, do 
Estado de São Paulo, contra acórdão do TJSP que a havia condenado a 
pagar a Elias Farah (um indivíduo “qualquer”) o ressarcimento dos danos 
causados em seu veículo particular em virtude de um acidente de trânsito 
envolvendo um ônibus da empresa. 
 Em razão dos danos sofridos em seu automóvel, Elias Farah ajuizou 
ação de ressarcimento de danos em face da Auto Viação Urubupungá, 
empresa privada concessionária de serviços públicos de transporte 
coletivo de passageiros. 
Na referida ação, Elias Farah arguiu a responsabilidade objetiva da 
concessionária pelos danos provenientes da batida entre o ônibus e o seu 
veículo particular, alegando a desnecessidade de comprovar culpa ou dolo 
do motorista que dirigia o ônibus, limitando-se a comprovar os danos e o 
nexo causal com o acidente. 
A empresa concessionária defendeu-se, sustentando que a 
responsabilidade objetiva que se pode inferir do artigo 37, § 6º, da 
Constituição Federal, ao que tange às pessoas jurídicas de Direito Privado 
prestadoras de serviços públicos, limita-se aos usuários dos serviços, e 
que eventuais danos causados a terceiras pessoas não usuárias dos 
serviços concedidos, resolver-se-iam pelo direito comum, sendo necessária a 
comprovação da culpa ou dolo do motorista, para determinar-se a 
responsabilidade da empresa. 
 O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do recurso extraordinário, 
optou por acatar a tese da empresa. Os ministros decidiram que a 
responsabilidade civil das pessoas jurídicas de Direito Privado, prestadoras 
de serviço público, é objetiva somente em relação aos usuários do serviço 
público que está sendo prestado. Em relação às pessoas que não ostentem 
a condição de usuário, como era o caso de Elias Farah, a responsabilidade 
será SUBJETIVA, devendo ser comprovado o dolo e/ou culpa do agente (no 
caso, o motorista). 
 No presente caso, o indivíduo chamado Elias Farah conduzia o seu 
veículo normalmente pelas ruas de São Paulo, quando se envolveu em um 
acidente com o ônibus da empresa de transporte coletivo urbano. Perceba 
que ele não estava usufruindo dos serviços prestados pela empresa de 
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transporte coletivo, por isso o STF entendeu que a responsabilidade seria 
subjetiva. 
 Por outro lado, suponhamos que Elias Farah tivesse dado sinal para o 
ônibus e, quando já estava segurando na porta para subir, o motorista 
tivesse “arrancado” abruptamente, causando a sua queda e, 
consequentemente, graves lesões corporais. 
Pergunta: neste caso, a responsabilidade da empresa prestadora do 
serviço de transporte seria objetiva ou subjetiva? 
OBJETIVA, é claro, pois Elias Farah estava usufruindo do serviço de 
transporte prestado pela empresa. 
 Além disso, não se esqueça de que as empresas públicas e 
sociedades de economia mista, exploradoras de atividades econômicas, 
não são alcançadas pelo § 6º do artigo 37 da CF/88. 
As empresas públicas e sociedades de economia mista, exploradoras 
de atividades econômicas (podemos citar como exemplo a Petrobrás, a 
Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil, etc), respondem pelos danos 
que seus agentes causarem a terceiros de acordo com as regras do Direito 
Privado, assim como acontece com os seus concorrentes no mercado. 
 Em virtude de responderem pelos danos causados pelos seus agentes 
em conformidade com as regras de direito privado, desde já, é necessário 
que você saiba que a responsabilidade de tais pessoas jurídicas será 
SUBJETIVA, ao contrário daquela preconizada no do § 6º do artigo 37 da 
CF/88, que é OBJETIVA, em regra. 
 
3.2. A abrangência da expressão “pelos danos que seus agentes, nessa 
qualidade, causarem a terceiros” 
 A denominada “teoria do órgão”, elaborada pelo professor alemão Otto 
Friedrich von Gierke, declara que os atos praticados pelos agentes públicos 
são imputados ao Estado, já que este não possui condições de se 
expressar por conta própria e, portanto, se manifesta através de seus 
agentes. 
 Sendo assim, quando um agente público, no exercício de suas funções 
administrativas, pratica um ato lesivo a outrem, é como se o próprio Estado o 
tivesse praticado e, por isso, deve então ser obrigado a indenizar. 
 Para que o ato praticado pelo agente público possa ser imputado ao 
Estado, é necessário que exista uma relação entre o ato e o serviço, ou seja, 
é essencial que o ato ou ação lesiva tenham sido praticados para o serviço 
ou durante a prestação do serviço público. Se a condição de agente público 
tiver contribuído de algum modo para a prática do ato danoso, ainda que 
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simplesmente lhe proporcionando a oportunidade para o comportamento 
ilícito, responde o Estado pela obrigação de indenizar. 
 Ao referir-se a “agentes”, o constituinte não restringiu o alcance do 
texto constitucional somente aos servidores estatutários, incluindo também 
os celetistas (empregados das empresas públicas, sociedades de economia 
mista e das
concessionárias, permissionárias e autorizatárias de serviços 
públicos), os contratados temporariamente em razão de necessidade 
temporária de excepcional interesse público, bem como todos aqueles que 
exercem funções públicas, ainda que transitoriamente e sem remuneração, 
incluindo-se os agentes delegados (oficiais de cartório, por exemplo). 
 Fato importante, e que deve ser lembrando no momento da prova, é 
que os agentes públicos devem ter atuado na “condição de agente” ao 
causar o dano, pois, caso contrário, não será possível responsabilizar o 
Estado. 
 Exemplo: suponhamos que um servidor do Ministério da Fazenda 
tenha acabado de sair do trabalho, chegado a casa estressado e, ao 
encontrar a empregada doméstica, tenha lhe desferido vários “tabefes” na 
cara alegando que precisava descarregar em alguém o desgastante dia de 
trabalho. 
Pergunta para não zerar a prova: nesse caso, a União poderá ser 
responsabilizada pelos danos que o seu agente causou ao particular? 
 É lógico que não, pois o servidor do Ministério da Fazenda, naquele 
momento, não estava no exercício da função de agente público. Era apenas 
uma pessoa como outra qualquer. 
 Pergunta: e se o servidor, no dia seguinte, mas ainda estressado, 
tivesse se deslocado em um veículo da União para fazer um trabalho externo 
e, a 180 km por hora, colidisse com um veículo particular. Neste caso, como 
o servidor dirigia a 180km/h, a União poderá ser responsabilizada? 
É claro, pois o servidor estava no exercício de suas funções, 
independentemente da velocidade de condução do veículo. 
 Os professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino chamam a 
atenção para o fato de que é irrelevante se o agente atuou dentro, fora ou 
além de sua competência legal, pois se o ato foi praticado por alguém que se 
encontrava na condição de agente público já é suficiente para a 
caracterização da responsabilidade objetiva. 
 Em relação à expressão “causarem a terceiros”, destaca-se mais uma 
vez que o STF decidiu que os danos causados a terceiros não-usuários do 
serviço público prestado reger-se-ão pela responsabilidade SUBJETIVA, 
devendo o prejudicado comprovar o dolo e/ou a culpa do agente que causou 
o dano a fim de que o prestador de serviço possa ser obrigado a indenizar. 
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4. CAUSAS EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE DO ESTADO 
 
 A responsabilidade civil do Estado, conforme apresentada no item 
anterior, apesar de objetiva, poderá ser abrandada ou afastada 
integralmente em algumas situações, vejamos: 
 
 
4.1. Culpa exclusiva da vítima 
 Ocorre a culpa exclusiva da vítima quando o dano existente é 
consequência de omissão ou ação do próprio particular que sofreu o dano, 
ou seja, sem a ação ou omissão da vítima do dano, não existiria o dano. 
Ora, se o particular deu causa ao dano que sofreu, deverá suportar sozinho o 
prejuízo. 
Exemplo: Imaginemos um indivíduo que, após terminar um longo 
relacionamento amoroso, desgostoso da vida, decide se jogar na frente de 
um trator de propriedade do município, que estava recapeando algumas ruas 
na cidade. Como consequência de tal ato, quebra as duas pernas e tem 10 
dentes arrancados da boca. 
Pergunta: Quem deverá ser responsabilizado civilmente pelo 
tratamento médico e as demais despesas provenientes do ato insano 
praticado pelo particular? O próprio particular, é claro ! Ademais, este ainda 
pode ser obrigado a ressarcir ao Município os possíveis danos causados ao 
trator. 
Lembre-se que no citado exemplo será afastada a obrigatoriedade de 
o Município indenizar o particular porque foi rompido o NEXO CAUSAL, ou 
seja, o Município não deu CAUSA ao dano, pois foi o particular que se 
JOGOU embaixo do trator. 
É importante lembrar que o ônus de provar que a culpa é exclusiva do 
particular ou que este contribuiu com o evento danoso recai sobre o Estado 
(aqui a expressão inclui todas as entidades políticas). Caso este não consiga 
provar, deverá indenizar o dano sofrido pelo particular, mesmo não tendo 
sido o responsável direto pelo prejuízo 
 Em outras circunstâncias, em vez de ser afastada a responsabilidade 
civil do Estado, poderá ocorrer apenas um “abrandamento” em virtude da 
culpa concorrente do particular. 
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A culpa concorrente ocorre quando o particular também contribui para 
o evento danoso, e, portanto, é responsabilizado proporcionalmente ao seu 
grau de participação no prejuízo causado. 
Exemplo: Suponhamos que, em uma via municipal, cuja velocidade 
máxima seja de 60km/h, um particular esteja conduzindo o seu veículo a 
130km/h. De repente, o particular depara-se com um bueiro destampado no 
meio da via e, na tentativa de desviar-se do buraco, perde a direção do 
veículo e colide-se contra um muro, destruindo completamente o veículo. 
Pergunta: Neste caso, se o particular ingressar com uma ação judicial 
exigindo o pagamento integral do prejuízo referente ao veículo, o Município 
teria que pagar a integralidade, somente parte ou não poderia ser 
responsabilizado pelo dano? 
 É claro que nós não conhecemos todos os detalhes do caso, mas, de 
qualquer forma, já sabemos que o Município foi omisso ao permitir que o 
bueiro ficasse sem tampa de proteção, devendo, portanto, ser 
responsabilizado por isso. Por outro lado, o particular estava conduzindo o 
veículo em velocidade superior ao dobro da permitida para aquela via 
urbana. Provavelmente, se o particular estivesse em velocidade compatível 
para o local, o acidente sequer teria ocorrido. 
Sendo assim, o mais sensato é dividir o prejuízo proporcionalmente à 
participação de cada um no evento danoso, já que, nesse caso, existiu a 
denominada culpa concorrente. 
 
4.2. Caso fortuito e força maior 
 Não existe consenso doutrinário ou mesmo jurisprudencial sobre as 
definições de caso fortuito e força maior. E para dificultar ainda mais a vida 
do concurseiro, a divergência também se estende à possibilidade de tais 
acontecimentos serem capazes ou não de excluir a responsabilidade civil 
do Estado. 
 Recentemente, o Superior Tribunal de Justiça disponibilizou em seu 
site (www.stj.gov.br) um breve texto através do qual deixou claro que a 
existência de caso fortuito ou força maior devem ser analisados em cada 
caso e, somente após tal análise, seria possível decidir sobre a possibilidade 
de tais eventos afastarem ou não a responsabilidade do Estado. 
 Analisemos um exemplo citado no referido texto apresentado no site do 
STJ: um motorista está dirigindo em condições normais de segurança. De 
repente, um raio atinge o automóvel no meio da rodovia e ele bate em outro 
carro. O raio é um fato natural. Se provar que a batida aconteceu devido ao 
raio, que é um acontecimento imprevisível e inevitável, o condutor não pode 
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ser punido judicialmente, ou seja: não vai ser obrigado a pagar indenização 
ao outro envolvido no acidente. 
Ao demonstrar que a causa da batida não está relacionada com o 
veículo, como problemas de manutenção, por exemplo, fica caracterizada a 
existência de caso fortuito ou força maior. 
No exemplo apresentado acima, destaca-se que o STJ reuniu o caso 
fortuito e a força maior dentro de um único conceito, como se fossem 
expressões sinônimas, posicionamento também defendido pelo professor 
José dos Santos Carvalho Filho: “São fatos imprevisíveis aqueles eventos 
que constituem o que a doutrina tem denominado de força maior e de caso 
fortuito. Não distinguiremos estas categorias, visto que há grande 
divergência
doutrinária na caracterização de cada um dos eventos. Alguns 
autores entendem que a força maior é o acontecimento originário da vontade 
do homem, como é o caso da greve, por exemplo, sendo o caso fortuito o 
evento produzido pela natureza, como os terremotos, as tempestades, os 
raios e os trovões”. 
Repita-se: De acordo com o entendimento do Superior Tribunal de 
Justiça, bem como do Professor José dos Santos Carvalho Filho, caso 
fortuito e força maior representam a mesma coisa, ou seja, um 
acontecimento imprevisível e inevitável. 
 A doutrina tradicional entende que a FORÇA MAIOR caracteriza-se por 
um evento da natureza, imprevisível, irresistível e inevitável, tais como 
enchentes, terremotos, furacões, entre outros. 
Por outro lado, o CASO FORTUITO estaria relacionado a condutas 
culposas ou dolosas de terceiros, da mesma forma, imprevisíveis, 
irresistíveis, inevitáveis e independentes da vontade das partes. Podemos 
citar como exemplo os criminosos arrastões, guerras, greves ou invasões a 
locais públicos. 
 Independente da corrente conceitual que se adote, existe consenso em 
um único ponto:o caso fortuito e o evento de força maior são acontecimentos 
externos à atuação administrativa, o que faz com que a sua ocorrência, 
numa situação em que houve alguma atuação administrativa causando dano 
para o particular, exclua o nexo causal entre a atuação e o dano. 
 Voltemos ao exemplo do automóvel que foi atingido por um raio. 
Suponhamos que o veículo integrasse o patrimônio da União e que, no 
momento que um agente se dirigia para uma fiscalização em uma empresa 
privada, tenha sido atingido por um raio, fato que fez com que o motorista 
perdesse o controle e atingisse outro veículo. Ora, neste caso, a União não 
poderia ser responsabilizada civilmente, pois foi o evento natural (raio) que 
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deu origem ao acidente, quebrando-se assim o nexo causal entre a atuação 
do Estado e o dano causado ao veículo do particular. 
Se alguém tem que ser responsabilizado pelo dano, esse seria São 
Pedro (sem comentários ...), pois foi o responsável pelo envio do raio que 
caiu no veículo do Estado e que, consequentemente, causou o acidente. Se 
o veículo não tivesse sido atingido pelo raio, o acidente não teria acontecido. 
 Nesse caso, você não precisa de se preocupar em definir o evento 
como de força maior ou caso fortuito. Volto a repetir, basta que você entenda 
que o prejuízo ao veículo do particular ocorreu em virtude do raio e não de 
um “querer” do Estado, pois este não teve como evitá-lo. 
 Como se não bastassem todas as divergências apresentadas até o 
momento, é necessário ainda que você tenha conhecimento das definições 
dos professores Celso Antônio Bandeira de Mello e Maria Sylvia Zanella Di 
Pietro, citadas no livro dos professores Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino: 
 Os professores acima entendem que podem ser incluídos como 
eventos de FORÇA MAIOR os eventos da natureza e também os atos de 
terceiros, desde que imprevisíveis, irresistíveis e inevitáveis e que não 
tenham relação com a atuação do Estado. Sendo assim, poderiam ser 
citados como exemplos de força maior uma enchente, um terremoto, um 
arrastão, uma guerra, etc. 
Como o Estado não deu causa aos citados exemplos, não há nexo 
causal que ligue o Estado aos danos sofridos pelos particulares. Portanto, 
caso o particular tenha sofrido um dano proveniente de força maior, não há 
possibilidade de atribuir ao Estado tal responsabilidade. 
Sobre o CASO FORTUITO, os professores entendem que se trata de 
um evento interno à própria atuação administrativa, mas que, pela sua 
imprevisibilidade e inevitabilidade, gerou um resultado também totalmente 
imprevisto e imprevisível. 
Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo esclarecem que o caso fortuito 
seria sempre um evento interno, ou seja, decorrente de uma atuação da 
Administração. O resultado dessa atuação é que seria inteiramente anômalo, 
tecnicamente inexplicável e imprevisível. Assim, na hipótese de caso fortuito, 
todas as normas técnicas, todos os cuidados relativos à segurança, todas as 
providências exigidas para a obtenção de um determinado resultado foram 
adotadas, mas, não obstante isso, inexplicavelmente, o resultado ocorre de 
forma diversa da prevista e previsível. 
Analisando-se o posicionamento apresentado pelos professores, 
conclui-se que o caso fortuito não teria o condão de afastar a 
reponsabilidade civil do Estado, pois o dano teria ocorrido diretamente de 
sua atuação, apesar de inexistir qualquer culpa no dano existente. 
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 Tenho certeza que você deve estar se perguntando: e para 
responder às questões de concursos, qual posicionamento devo adotar? 
 Essa é uma pergunta difícil de responder. Para ser sincero, não tenho 
visto questões de Direito Administrativo exigindo a diferença entre esses dois 
institutos. De qualquer forma, já está pacificado o entendimento de que o 
evento de força maior exclui a responsabilidade civil do Estado. A Fundação 
Carlos Chagas, por exemplo, já cobrou esse entendimento: 
 
(TRE-SE / Analista Judiciário – 2007 / FCC) A respeito da responsabilidade 
civil do Estado é correto afirmar: 
A) em razão da adoção da responsabilidade objetiva do Estado, a culpa exclusiva 
da vítima não afasta a responsabilidade civil do Estado. 
B) a responsabilidade civil do Estado decorre dos danos causados a terceiros por 
seus agentes, ainda que não estejam atuando no exercício de suas funções. 
C) o Estado não será responsável pela reparação do dano decorrente 
exclusivamente de força maior. 
D) em razão da adoção da responsabilidade objetiva do Estado, a Administração 
Pública não tem direito de regresso em relação ao agente público que agiu com 
culpa. 
E)a entidade de Administração Pública Indireta, que desempenha qualquer 
atividade, nunca responderá pelos danos causados a terceiros por seus agentes. 
 
 Sobre a possibilidade de o caso fortuito excluir a responsabilidade civil 
do Estado, penso que esse também tem sido o posicionamento das 
principais bancas examinadoras do país, inclusive do CESPE. 
 
(TSE / Analista Judiciário – 2007 / Cespe) A respeito da responsabilidade civil, 
assinale a opção correta. 
A) Se o ato danoso for praticado em estado de necessidade, não configura ato 
ilícito e nem assegura à vítima o direito à indenização pelos prejuízos sofridos, 
porque o estado de necessidade é excludente da responsabilidade civil. 
B) Exclui-se a responsabilidade do transportador quando for provado que o dano 
causado à vítima decorreu de fato de terceiro que, agindo culposamente, provocou 
o acidente. Nessa hipótese, o transportador será excluído, pelo juiz, da relação 
processual, e o terceiro será condenado ao pagamento da indenização devida à 
vítima. 
C) O proprietário ou aquele que habitar o prédio, ou parte dele, responde 
objetivamente pelos danos que advierem de sua ruína, provenientes da falta de 
reparos indispensáveis à remoção daquele perigo. 
D) Exclui-se a responsabilidade objetiva nos casos em que não há nexo 
causal entre a atividade normalmente desenvolvida pelo autor e o dano, ou 
seja, quando a causa do dano decorre de culpa exclusiva da vítima, no fato 
de terceiro equiparável a força maior, ou caso fortuito. 
 
Sendo assim, aconselho que você vá para a prova sabendo que tanto o 
caso fortuito, quanto o evento de força maior, dependendo da análise 
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concreta, podem afastar a responsabilidade do Estado, conforme entende
o 
Superior Tribunal de Justiça. 
 Entretanto, se a questão se referir ao entendimento do professor Celso 
Antônio Bandeira de Mello, você já sabe que tem que responder em 
conformidade com o que apresentei neste tópico. 
 
 
5. A RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO EM VIRTUDE DA 
OMISSÃO DE SEUS AGENTES 
 
Tenha muita atenção ao responder às questões de concursos públicos, 
pois as bancas tendem a elaborar questões afirmando que a 
responsabilidade do Estado sempre será objetiva, o que está incorreto. 
Na prática, os particulares podem sofrer danos em virtude de condutas 
comissivas (ações) praticadas pelos agentes públicos, bem como em virtude 
de omissões (deixar de fazer) estatais. Ocorrendo quaisquer dessas 
hipóteses, o Estado estará obrigado a indenizar. 
Nos danos oriundos de uma ação praticada por agente público, 
incluindo os agentes delegados, a responsabilidade será OBJETIVA, mas, 
nos danos provenientes de uma omissão estatal, a responsabilidade passa 
a ser SUBJETIVA, ou seja, será necessário que o particular comprove o dolo 
e/ou a culpa do Estado na omissão a fim de que seja indenizado. 
Esse é o posicionamento defendido pelo professor Celso Antônio 
Bandeira de Mello, ao afirmar que a expressão "causarem" do artigo 37, 
parágrafo 6.º, da CF/88, somente abrange os atos comissivos, e não os 
omissivos, afirmando que estes últimos somente "condicionam" o evento 
danoso. 
O professor ainda destaca que “quando o dano foi possível em 
decorrência de uma omissão do Estado (o serviço não funcionou, funcionou 
tardia ou ineficientemente) é de aplicar-se a teoria da responsabilidade 
subjetiva. Com efeito, se o Estado não agiu, não pode, logicamente, ser o 
autor do dano. E se não foi o autor, só cabe responsabilizá-lo caso esteja 
obrigado a impedir o dano. Isto é, só faz sentido responsabilizá-lo se 
descumpriu dever legal que lhe impunha obstar o evento lesivo. 
Deveras, caso o Poder Público não estivesse obrigado a impedir o 
acontecimento danoso, faltaria razão para impor-lhe o encargo de suportar 
patrimonialmente as conseqüências da lesão. Logo, a responsabilidade 
estatal por ato omissivo é sempre responsabilidade por comportamento 
ilícito. E sendo responsabilidade por ilícito, é necessariamente 
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responsabilidade subjetiva, pois não há conduta ilícita do estado que não 
seja proveniente de negligência, imprudência ou imperícia (culpa) ou, então, 
deliberado propósito de violar a norma que o constituía em dada obrigação 
(dolo). Culpa e dolo são justamente modalidades de responsabilidade 
subjetiva. 
Diante desse contexto, é possível citar vários exemplos em que a 
responsabilidade do Estado será subjetiva em virtude de omissões 
constatadas e provadas: 
 Exemplo: Imaginemos o caso de uma árvore centenária, com vinte 
metros de altura e dez metros de diâmetro, localizada em uma praça no 
centro da cidade. Suponhamos agora que, há vários meses, os moradores 
próximos à praça estão reivindicando o corte da árvore em virtude de estar 
infestada de cupins e ameaçando cair. Para tanto, foram protocoladas 
diversas petições administrativas individuais e coletivas, mas o Município 
nunca tomou qualquer providência. Ressalta-se ainda que o risco de queda 
da árvore também tenha sido noticiado em jornais escritos e televisivos de 
toda a região, mas, apesar disso, o Município continuou inerte. 
Imaginemos agora que, num certo dia, um turista resolve parar o seu 
veículo debaixo dessa árvore e, para a sua surpresa, a árvore “desaba” em 
cima de seu carro. 
 Ora, nesse exemplo, está claro que a árvore somente caiu em cima do 
carro do turista porque o Município foi omisso. Apesar de todas as 
manifestações dos moradores exigindo providências, o Município nada fez. 
 Sendo assim, para que o turista seja ressarcido dos prejuízos 
causados ao seu veículo, deverá provar a omissão do Estado, ou seja, 
deverá comprovar o dolo e/ou a culpa (negligência, imprudência ou 
imperícia) do Município no evento danoso. 
 Pergunta: Mas como deverá proceder o turista para provar tal fato? 
Ora, nesse caso ele terá que bater de porta em porta, em toda a vizinhança, 
para saber se alguém possui cópia das petições administrativas que foram 
protocoladas perante o Município, cópia dos jornais noticiando o risco de 
queda, etc, além de poder ainda colher o nome de alguns moradores para 
servirem de testemunhas (prova) no desenvolvimento do processo. 
 Outro exemplo bastante comum em prova é o caso de danos 
provenientes de enchentes decorrentes de uma quantidade de chuvas acima 
da média. 
Pergunta: Nesse caso, o Estado poderá ser responsabilizado 
civilmente pelos danos que a enchente causar aos particulares? Depende. 
 Se ficar comprovado que o Estado foi omisso, ou seja, que não 
efetuou a limpeza dos bueiros de escoamento da água, permitindo o 
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acúmulo de lixo e, consequentemente, o seu entupimento, poderá, sim, ser 
responsabilizado, desde que o particular lesado comprove o dolo e/ou a 
culpa do Estado. Nessa hipótese, a responsabilidade do Estado será 
SUBJETIVA. 
 Entretanto, se os danos provenientes da enchente ocorreram em 
virtude do real excesso de chuvas, já que recentemente o Estado havia 
efetuado a limpeza de todo o sistema de escoamento de água, mantendo-o 
em perfeitas condições de funcionamento, teremos então a hipótese de 
FORÇA MAIOR (já que se trata de um evento EXTERNO, estranho a 
qualquer atuação do Estado) e, portanto, será excluída a responsabilidade 
estatal. 
 
6. SITUAÇÕES ESPECIAS ABRANGIDAS PELA RESPONSABILIDADE 
OBJETIVA 
 
6.1. Responsabilidade por dano nuclear 
 O artigo 21, XXI, da Constituição de 1988, declara expressamente que 
compete à União explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer 
natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o 
enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de 
minérios nucleares e seus derivados. 
Todavia, na alínea “d” do mesmo dispositivo, consta que a 
responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa, 
ou seja, trata-se de responsabilidade objetiva. 
Informação importante e que deve ser assimilada para responder às 
questões de prova, refere-se ao fato de que, apesar de a Constituição 
Federal de 1988 não estabelecer expressamente a responsabilidade civil 
daqueles que causarem danos nucleares a outrem, será regida pela teoria 
do risco integral. 
Isso significa que permanecerá a obrigação de indenizar até mesmo 
nos casos de inexistência de nexo causal entre a ação/omissão do Estado ou 
particular e o dano causado. 
Trata-se de uma hipótese excepcional e extremada de 
responsabilização civil, pois não prevê excludentes de responsabilidade, nem 
mesmo nos casos de culpa exclusiva de terceiros, da vítima, caso fortuito ou 
de força maior. 
Outra informação importante é o fato de que até mesmo o 
PARTICULAR, mesmo não sendo prestador de serviços públicos, 
responderá objetivamente pelos danos nucleares que causar a terceiros. 
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Apesar de ser um tema novo e instigante, penso que essas são as 
únicas informações que você precisa saber para acertar as questões de 
concursos relativas a este item. 
 
6.2. Danos de obra pública 
 A responsabilidade do Estado por danos decorrentes de obras públicas 
pode ser do tipo OBJETIVA ou SUBJETIVA. 
 Quando o dano ao particular ocorrer em função do só fato da obra, a 
responsabilidade do Estado será do tipo OBJETIVA,
na modalidade do risco 
administrativo, independentemente se a obra está ou estava sendo realizada 
pelo próprio Estado ou por particulares contratados. 
 Ocorre dano pelo só fato da obra quando o prejuízo é proveniente da 
própria natureza da obra, seja pela sua duração, execução ou extensão. 
Como o Estado foi o responsável pela decisão governamental que originou a 
realização da obra, ele deve ser o responsável por eventuais danos advindos 
de sua execução. 
 Conforme esclarece o professor Hely Lopes Meirelles, se na abertura 
de um túnel ou de uma galeria de águas pluviais, o só fato da obra causa 
danos aos particulares (erro de cálculo, por exemplo), por estes danos, 
responde objetivamente a Administração que ordenou os serviços; se, 
porém, o dano é produzido pela imperícia, imprudência ou negligência do 
construtor na execução do processo, a responsabilidade originária é da 
Administração, como dona da obra, mas pode ela haver do executor culpado 
tudo quanto pagou à vítima. 
 Esse é um ponto importante e que merece uma maior atenção: se o 
dano puder ser atribuído ao EXECUTOR da obra, em virtude da má-
execução do contrato administrativo, a responsabilidade será 
SUBJETIVA, ou seja, deverá ser comprovada a negligência, imprudência ou 
imperícia do EXECUTOR para que ocorra a sua responsabilização civil. 
Contudo, se o Estado, por algum motivo, decidir indenizar o particular 
pelo dano sofrido, poderá propor ação regressiva em face do executor para 
reaver os recursos financeiros utilizados no pagamento. 
 Veja o exemplo de uma questão que confirma o que acabou de ser 
exposto: 
(Procurador Judicial do Município de Recife/2003) - Durante a execução de 
obra pública, um particular contratado para a realização da construção 
provoca danos a prédio vizinho, de propriedade do próprio Poder contratante. 
Nessa hipótese, a responsabilidade civil do particular 
(A) é objetiva, pois a atividade prestada é equiparada a serviço público. 
(B) depende da comprovação de seu dolo ou culpa. 
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(C) apenas se caracteriza se não for comprovada omissão na fiscalização da obra, 
pelo Poder Público. 
(D) não se configura, cabendo ao Poder Público executar as garantias contratuais. 
(E) depende da constatação de vícios que comprometam a solidez e segurança da 
edificação. 
 
 
6.3. Atos Legislativos 
 Como estudamos anteriormente, o Estado responde pelos 
comportamentos lícitos e ilícitos praticados pelos agentes do Poder 
Executivo que causarem danos a terceiros. Todavia, em regra, os atos 
legislativos editados pelos representantes do povo não geram 
responsabilidade para o Estado. 
 Os autores que defendem esse posicionamento afirmam que a 
aceitação da possibilidade de responsabilizar o Estado por atos legislativos 
implicaria em retirar a soberania desse Poder. Entretanto, entendo que a 
soberania do Legislativo não deixa de existir, da mesma forma que o 
Executivo também é Poder e não se cogita de falta de soberania quando o 
Estado responde pelos atos praticados pelos seus agentes. 
Isso porque o Estado é UNO e as funções estatais são apenas 
instrumentos utilizados pelo povo a fim de que o poder possa ser exercido de 
forma igualitária e mais ágil. 
Dessa forma, o Estado pode sim ser responsabilizado, em algumas 
situações especiais, pelos atos danosos oriundos do Legislativo, da mesma 
forma que já o é pelos atos do outros dois Poderes. 
Segundo entendimento da doutrina dominante para “fins de concursos 
públicos”, atualmente o Estado somente pode ser responsabilizado pela 
edição de leis inconstitucionais ou leis de efeitos concretos. 
Apesar de o Poder Legislativo exercer parcela da soberania do Estado 
ao legislar, é necessário que tais atos legislativos sejam editados em 
conformidade com as normas constitucionais, pois, caso contrário, ocorrendo 
o desrespeito ao texto constitucional, surge a obrigação de indenizar. 
É válido ressaltar que, para que o particular possa pleitear indenização 
em virtude de lei inconstitucional, é necessário que exista pronunciamento 
expresso do Supremo Tribunal Federal. 
Da mesma forma, as leis de efeitos concretos (aquelas que não 
possuem caráter normativo, generalidade, impessoalidade ou abstração – 
citam-se como exemplos aquelas famosas leis municipais que modificam 
nomes de ruas), se causarem danos aos particulares, geram para o Estado o 
dever de indenizar. 
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6.4. Atos judiciais 
 Assim como ocorre em relação aos atos legislativos, a regra é a de 
que não será possível responsabilizar o Estado pelos atos jurisdicionais 
praticados pelos juízes, desde que no exercício de suas funções típicas (a de 
julgar). 
Entretanto, o próprio inciso LXXV, do artigo 5º, da CF/88, apresenta 
duas exceções, ao estabelecer que o “Estado indenizará o condenado por 
erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na 
sentença”. 
O erro judiciário e o excesso de prisão acarretarão indenização por 
danos materiais (danos emergentes e lucros cessantes), devendo recompor 
a situação anterior do prejudicado, e também por danos morais, uma vez que 
são óbvios os seus efeitos psicológicos, em face do ferimento frontal do 
direito à liberdade e à honra, conforme ressalta o professor Alexandre de 
Moraes. 
 É válido ressaltar que a exceção prevista no texto constitucional 
alcança somente a esfera penal, excluindo a esfera cível. Contudo, a fim de 
ser indenizado pelos danos sofridos na esfera penal, o particular deverá 
pleitear o seu direito na esfera cível, através de ação judicial própria. 
 
6.5. Coisas ou pessoas sob a responsabilidade do Estado 
 Eis aqui outro ponto polêmico e que já tem despertando a atenção das 
bancas examinadoras no momento da elaboração de questões. 
Sabemos que, em diversos momentos, o Estado assume a 
responsabilidade pela “guarda” de pessoas, animais ou coisas, como se 
verifica, por exemplo, em relação aos indivíduos que cumprem pena em 
presídios, àqueles que estão internados em manicômios, aos alunos de uma 
escola pública, às mercadorias que foram retidas por algum órgão ou 
entidade pública e que se encontram em depósitos públicos, etc. 
Sendo assim, o Estado possui responsabilidade OBJETIVA pelos 
danos que as pessoas, coisas ou animais sofrerem enquanto estiverem sob 
a sua “guarda”, exceto se tal dano ocorrer em virtude de caso fortuito ou 
força maior, já que esses são eventos imprevisíveis e irresistíveis, que 
fogem ao controle do Estado. 
 O professor Celso Antônio Bandeira de Mello exemplifica tal 
responsabilidade afirmando que, se um detento fere outro, o Estado 
responde objetivamente, pois cada um dos presidiários está exposto a uma 
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situação de risco inerente ao ambiente em que convivem e, portanto, o 
Estado deve zelar pela integridade física e moral de cada um deles. 
Mas, se um raio vier a matar um detento, a responsabilidade desloca-
se para o campo da culpa administrativa, deixando de ser objetiva, por 
inexistir conexão lógica entre o evento raio e a situação de risco vivida pelo 
desafortunado. A responsabilidade advirá se eventualmente ficar 
comprovado que as instalações capazes de impedir o evento (pára-raios) 
não existiam, foram mal projetadas ou estavam mal conservadas. 
 
7. RESPONSABILIDADE CIVIL E PRAZO QUINQUENAL 
 Apesar de o Estado poder ser responsabilizado pelos danos que seus 
agentes causarem a terceiros, a ação judicial que pode ser proposta com tal 
finalidade
prescreve em cinco anos, contados da ocorrência do ato ou fato. 
 Tal previsão está expressa no artigo 1º do Decreto 20.910/32: “As 
dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e 
qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, 
seja qual for a sua natureza, prescrevem em (cinco) anos, contados da 
data do ato ou fato do qual se originarem”. 
Apesar de o particular possuir apenas o prazo de 05 (cinco) anos para 
pleitear indenização em virtude de danos causados pelo Estado, este não 
possui prazo para cobrar o ressarcimento de prejuízos ou danos causados 
ao seu patrimônio em virtude de comportamento culposo ou doloso de seus 
agentes, servidores ou não, conforme estabelece o § 5º do artigo 37 da 
CF/88: 
§ 5º A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos praticados 
por qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuízos ao erário, 
ressalvadas as respectivas ações de ressarcimento. 
 
O Superior Tribunal de Justiça, em dezembro de 2008, reafirmou que 
as ações de ressarcimento ao erário por danos decorrentes de atos de 
improbidade administrativa são imprescritíveis. A conclusão da Segunda 
Turma foi tomada durante o julgamento do recurso especial nº 1069779, 
seguindo, por unanimidade, o entendimento do ministro Herman Benjamin, 
que foi o relator (o primeiro juiz do Tribunal a emitir a sua opinião sobre o 
processo) da questão. 
Para o relator, o artigo 23 da Lei de Improbidade Administrativa (Lei n. 
8.429/1992) - que prevê o prazo prescricional de cinco anos para a aplicação 
das sanções previstas nessa lei - disciplina apenas a primeira parte do 
parágrafo 5º do artigo 37 da Constituição Federal, já que, em sua parte final, 
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a norma constitucional teve o cuidado de deixar ressalvadas as respectivas 
ações de ressarcimento, o que é o mesmo que declarar a sua 
imprescritibilidade. 
Dessa forma, concluiu-se que prescreve em cinco anos a punição do 
ato ilícito, mas a pretensão de ressarcimento pelo prejuízo financeiro 
(pecuniário) causado ao erário é imprescritível. 
O entendimento é que o prazo de cinco anos é apenas para aplicação 
de pena (suspensão dos direitos políticos, perda da função pública, proibição 
de contratar com o Poder Público, etc), não para o ressarcimento dos danos 
financeiros aos cofres públicos. 
 
8. AÇÃO REGRESSIVA EM FACE DO AGENTE PÚBLICO 
RESPONSÁVEL PELO DANO 
 
 Conforme já foi exposto, o Estado pode ser responsabilizado civilmente 
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros. 
Sendo assim, caso o particular tenha sofrido algum prejuízo em razão de 
uma ação ou omissão de agente público estatal, deverá exigir o respectivo 
ressarcimento diretamente do Estado, e não do agente público. 
 Como o Estado responderá objetivamente pelos danos causados pelos 
seus agentes, a própria CF/88 assegura, na parte final do § 6º do artigo 37, o 
direito de o Estado tentar reaver o valor indenizatório que foi pago ao 
particular, podendo propor contra o agente público a denominada ação 
regressiva. 
 Apesar de tal possibilidade estar prevista diretamente no texto 
constitucional, é necessário que o Estado comprove em juízo que o agente 
público agiu com DOLO ou CULPA ao causar o dano ao particular, pois, 
caso contrário, o agente não será obrigado a devolver aos cofres públicos o 
valor pago ao particular pelo Estado, já que responde SUBJETIVAMENTE. 
 Para que o Estado possa propor a referida ação regressiva, 
primeiramente, é necessário que comprove já ter indenizado o particular, 
pois essa é uma condição obrigatória. Trata-se de um requisito lógico, pois, 
se o Estado ainda não pagou ao particular qualquer tipo de indenização, 
como poderá exigir do agente público o ressarcimento de um prejuízo que 
nem experimentou ou sequer sabe o valor? 
 Muito cuidado ao responder às questões de concursos, pois a simples 
existência do trânsito em julgado de sentença condenando o Estado a pagar 
ao particular a indenização, por si só, não é suficiente para fundamentar a 
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propositura da ação regressiva. Além do trânsito em julgado, é necessário 
ainda que já tenha ocorrido o efetivo pagamento ao particular. 
 Vamos citar um exemplo simples, capaz de explicar melhor o que 
acaba de ser exposto: 
 Exemplo: Suponhamos que uma ambulância do Estado, conduzida por 
um agente público, que trafegava normalmente por uma avenida, tenha se 
envolvido em um acidente com um veículo particular, no qual ambos tiveram 
danos materiais. Como a discussão entre os motoristas começou a ficar 
acalouradada, ambos decidiram contactar a Perícia de Trânsito a fim de que 
fosse emitido um laudo pericial, declarando as razões que motivaram tal 
acidente e pudesse ser definida a culpa pelo mesmo. 
 Na data combinada para a entrega do laudo pericial oficial, foi 
divulgado o resultado, todavia, ao analisá-lo, verificou-se a impossibilidade 
de definição da culpa pelo acidente “em razão das circunstâncias do 
evento”. 
 De posse do referido laudo pericial, o particular ingressou com uma 
ação judicial pleiteando do Estado o ressarcimento dos danos causados ao 
seu automóvel. 
Pergunta 1: Neste caso, com base no laudo pericial apresentado pelo 
Perito, o particular teria direito a receber indenização pelos danos sofridos? 
 Sim, pois a responsabilidade do Estado pelos danos que seus agentes 
causarem a terceiros, em regra, é OBJETIVA, ou seja, dispensa a 
comprovação de DOLO ou CULPA. Sendo assim, como o laudo pericial não 
afirmou que a culpa era exclusiva do particular, ou melhor, sequer definiu de 
quem seria a culpa, presume-se que seja do Estado. 
 Pergunta 2: Suponhamos que o Estado tenha sido condenado a pagar 
ao particular R$ 10.000,00 (dez mil reais) em virtude do dano causado pelo 
motorista da ambulância. Nesse caso, o Estado conseguirá êxito em uma 
possível ação de ressarcimento proposta em face do agente público? 
 Não, pois, conforme expresso no laudo pericial, não é possível 
determinar qual dos motoristas foi o responsável pelo acidente, muito menos 
se o agente agiu com dolo ou culpa, e, sendo assim, o Estado é que 
assumirá integralmente o prejuízo. 
 Pergunta 3: Suponhamos que, ao ser citado para responder à ação de 
indenização proposta pelo particular, o Estado tenha decidido denunciar à 
lide (incluir no processo) o motorista da ambulância, alegando que ele foi o 
responsável pelo acidente e, portanto, deveria participar do processo e ser 
responsabilizado pelo pagamento do prejuízo causado ao particular. Nesse 
caso, o Estado estaria agindo de forma correta, em conformidade com o 
entendimento majoritário da doutrina e da jurisprudência? 
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Não. Segundo entendimento da doutrina e jurisprudência majoritárias 
(adotada pelas bancas examinadoras), não pode haver denunciação à lide 
do agente público, já que o pedido do particular em face do Estado está 
amparado na RESPONSABILIDADE OBJETIVA. Já a responsabilidade do 
agente em face do Estado, está amparada na RESPONSABILIDADE 
SUBJETIVA. 
O próprio Estatuto dos Servidores Públicos Federais (Lei 8.112/90) 
declara que, ocorrendo danos causados a terceiros, o servidor deverá 
responder perante a Fazenda Pública mediante AÇÃO REGRESSIVA (artigo 
122, § 2º) e, portanto, não há que se falar em denunciação à lide. 
O entendimento expresso no artigo 122, § 2º, da Lei 8.112/90, já foi, 
inclusive, objeto de questionamento no concurso para AFRF, organizado
pela ESAF, em 2003: 
(ESAF/ AFRF/ 2003) Em caso de responsabilidade civil do Estado, a 
divergência sobre a inserção do agente público causador do dano a terceiros, 
em caso de culpa, na ação judicial, em relação à Fazenda Pública, foi dirimida 
pelo Estatuto dos Servidores Públicos Civis da União, na esfera federal. Pela 
regra positiva, será caso de: 
a) ação regressiva ou litisconsórcio 
b) ação regressiva ou denunciação à lide 
c) somente ação regressiva 
d) litisconsórcio ou denunciação à lide 
e) somente denunciação à lide 
 
Outro ponto que merece destaque é o fato de que a ação regressiva, 
nos termos do artigo 5º, XLV da CF/88, transmite-se aos herdeiros, até o 
limite da herança recebida, ou seja, mesmo após a morte do agente 
público, o seu patrimônio responde pela dano. 
 
9. RESPONSABILIDADES ADMINISTRATIVA, CIVIL E PENAL DOS 
AGENTES PÚBLICOS 
 
 Quando o agente público, no exercício de suas funções, praticar 
alguma irregularidade, algum ato violador do ordenamento jurídico vigente, 
poderá ser obrigado a responder a um processo administrativo, um processo 
cível e outro na esfera penal, simultaneamente, já que essas esferas são 
independentes entre si. 
Em regra, não há vinculação entre as sanções administrativas, civis e 
penais e, portanto, elas poderão cumular-se. Da mesma forma, os processos 
em cada esfera poderão tramitar isoladamente, não sendo necessário, por 
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exemplo, aguardar o julgamento da esfera judicial cível a fim de que seja 
proferida a decisão administrativa. 
 É possível que exista a responsabilidade civil sem que haja 
responsabilidade penal ou administrativa. Pode ainda haver a 
responsabilidade administrativa, sem que ocorra conjuntamente a 
responsabilidade penal ou civil. 
Em razão da independência das instâncias, a Administração pode 
aplicar a penalidade administrativa de demissão ao servidor, por exemplo, 
mesmo antes de ter sido julgada a ação penal. Entretanto, caso o servidor 
seja absolvido posteriormente por sentença penal que negue que ele seja o 
autor do possível crime (negativa de autoria) ou, ainda, que declare a 
inexistência do fato criminoso, deverá ser reintegrado ao cargo anteriormente 
ocupado, com direito à recepção de todas as vantagens financeiras a que 
teria direito se estivesse trabalhando. 
 
9.1. Responsabilidade Civil 
 Segundo o professor José dos Santos Carvalho Filho, a 
responsabilidade civil é a imputação, ao servidor, da obrigação de reparar o 
dano que tenha causado à Administração ou a terceiros, em decorrência de 
conduta dolosa ou culposa, de caráter comissivo ou omissivo, tratando-se de 
responsabilidade SUBJETIVA. 
 A obrigação de o servidor reparar pecuniariamente o dano causado 
pode lhe ser exigida de uma só vez ou de forma parcelada, sendo possível o 
desconto de cada parcela nos vencimentos mensais do servidor, desde que 
com a sua expressa concordância e nos termos previstos em lei. 
 O Estatuto dos Servidores Públicos Federais (Lei 8.112/90) estabelece 
que, nos casos de parcelamento, o valor de cada parcela não poderá ser 
inferior ao correspondente a dez por cento da remuneração, provento ou 
pensão do agente público. 
 
9.2. Responsabilidade penal 
 A responsabilidade penal abrange os crimes e contravenções 
imputadas ao servidor, nessa qualidade. Existe a possibilidade, conforme 
informado acima, de o servidor ser condenado apenas na esfera penal. 
Entretanto, se o ilícito penal acarretar prejuízos à Administração, 
poderá também ser condenado na esfera cível pela prática do mesmo ato, 
que repercutiu em outra esfera. 
9.3. Responsabilidade administrativa 
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 A responsabilização administrativa poderá ocorrer em consequência de 
condutas comissivas ou omissivas que configurem violação às normas 
previstas no estatuto dos próprios servidores, a exemplo da Lei 8.112/90. 
 Antes de ser condenado na esfera administrativa, deverá ser 
assegurado ao servidor o direito ao contraditório e a ampla defesa, garantias 
previstas expressamente no texto constitucional, em processo administrativo 
próprio. 
 É válido destacar ainda que o servidor condenado na esfera 
administrativa tem o direito de rediscutir a penalidade aplicada no âmbito do 
poder judiciário, que está restrito à análise da legalidade, pois não pode ter 
ingerência nos critérios de conveniência, oportunidade ou justiça dos atos 
punitivos da Administração. 
 
9.4. Efeitos da decisão penal nas esferas civil e administrativa 
Certamente, este é um dos tópicos mais cobrados em concursos 
públicos, independentemente da banca responsável pela elaboração das 
questões. Sendo assim, é necessário que você tenha bastante atenção aos 
detalhes que serão narrados a seguir, para não correr o risco de errar uma 
questão em prova. 
 
1º) A decisão penal condenatória só causa reflexo na esfera civil da 
Administração se o fato ilícito penal se caracterizar também como fato ilícito 
civil. Exemplo: Se um servidor for condenado pela prática do crime de dano 
(artigo 163 do CP) contra bem público, tal decisão provocará reflexo na 
esfera civil, pois a Administração teve um prejuízo real ao seu patrimônio e, 
portanto, o servidor estará obrigado a reparar o dano. 
 - É válido ressaltar que, em regra, a esfera penal não vincula a esfera 
administrativa. 
 
2º) Em se tratando de decisão penal condenatória por crime funcional 
(aquele que tem relação com os deveres administrativos), sempre haverá 
reflexo na esfera administrativa, já que tal conduta deverá ser considerada 
também um ilícito administrativo. Exemplo: Se o servidor é condenado pelo 
crime de corrupção passiva (art. 317 do CP), terá implicitamente cometido 
um ilícito administrativo, como aquele previsto no artigo 117,XII, da Lei 
8.112/90 (receber propina, comissão, presente ou vantagem de qualquer 
espécie, em razão de suas atribuições) e, portanto, deverá ser condenado 
nas duas esferas. 
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 - Nesse caso, a esfera penal irá vincular obrigatoriamente a esfera 
administrativa. 
 
3º) Se a decisão na esfera penal afirmar a INEXISTÊNCIA DO FATO 
atribuído ao servidor ou a NEGATIVA DE AUTORIA (declarar que o servidor 
não foi o autor do crime), deverá ser reproduzida necessariamente na esfera 
administrativa, ou seja, caso o servidor seja absolvido na esfera penal nas 
duas situações citadas, deverá também ser absolvido na esfera 
administrativa, OBRIGATORIAMENTE. 
 - Caso o servidor já tenha sido demitido administrativamente no 
momento do trânsito em julgado da decisão penal, deverá ser reintegrado ao 
cargo anteriormente ocupado, após a anulação da demissão. 
 
4º) Se a decisão na esfera penal absolver o servidor por 
INSUFICIÊNCIA DE PROVAS quanto à autoria, por exemplo, não ocorrerá 
a vinculação da esfera administrativa e, se as provas existentes forem 
capazes de configurar um ilícito administrativo, poderá então ser 
condenado na esfera administrativa. É o que a doutrina denomina de 
conduta residual. 
 - EXEMPLO: Se um servidor for absolvido da suposta prática de crime 
de peculato (artigo art. 312 do CP), por insuficiência de provas quanto à 
sua participação no fato criminoso, nada impede, porém, que seja punido na 
esfera administrativa por ter atuado de forma desidiosa, ilícito administrativo 
previsto no artigo 117, XV, da Lei 8.112/90, que constitui conduta residual 
independente do crime de peculato. 
 
5º) Se o servidor é condenado a crime que não tenha relação com a 
função pública,

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