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CENTRO UNIVERSITÁRIO CÂNDIDO RONDON COORDENAÇAO DO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CURSO: CIÊNCIAS CONTÁBEIS DISCIPLINA: DIREITO TRABALHISTA E LEGISLAÇÃO SOCIAL MATERIAL DE APOIO ÀS AULAS Prof. Rodrigo Elias de Souza Cuiabá – 2013/02 O presente texto é utilizado apenas como material de apoio às aulas, não representando todo o conteúdo a ser abordado, podendo o professor acrescentar ou alterar informações ao mesmo. 1. HISTÓRICO DO TRABALHO NO MUNDO Trabalho considerado como castigo pela Bíblia; Adão teve de trabalhar para comer em razão de ter comido o fruto da árvore proibida. Primeira forma de trabalho foi a escravidão; O escravo era considerado apenas uma coisa, não tendo qualquer direito, muito menos trabalhista. O escravo, portanto, não era considerado sujeito de direito. Na Grécia, Platão e Aristóteles entendiam que o trabalho tinha sentido pejorativo. Envolvia apenas forma física. A dignidade do homem consistia em participar dos negócios da cidade por meio da palavra. Em Roma era visto o trabalho como desonroso. A servidão do feudalismo; Os senhores feudais davam proteção militar e política aos servos, que não eram livres, mas, ao contrário, tinham de prestar serviços na terra do senhor feudal. Corporações de ofício; Nas corporações de ofício, existiam três personagens: os mestres, os companheiros e os aprendizes. Os mestres eram os proprietários das oficinas, que já tinham passado pela prova da obra-mestra. Os companheiros eram trabalhadores que percebiam salários dos mestres. Os aprendizes eram os menores que recebiam dos mestres o ensino metódico do ofício ou profissão. Revolução Francesa e liberdade contratual; Em 1791, logo após a Revolução Francesa (1789), houve na França o início de liberdade contratual, reconhecendo o primeiro dos direitos econômicos e sociais: o direito ao trabalho. Foi imposta ao Estado a obrigação de dar meios ao desempregado de ganhar sua subsistência. Revolução Industrial e o emprego; A partir do século XIX, com a expansão da Revolução Industrial pelo mundo, o trabalho acabou transformando-se em emprego. Os trabalhadores, de maneira geral, passaram a trabalhar por salários. Com o surgimento da máquina à vapor, houve a instalação da industrias onde existisse carvão. O trabalhador prestava serviços em condições insalubres, sujeito à incêndios, explosões, intoxicação por gases, inundações, desmoronamentos, prestando serviços por baixos salários. Intervencionismo do Estado Passa, portanto, a haver um intervencionismo do Estado, principalmente para realizar o bem-estar social e melhorar as condições de trabalho. O trabalhador passa a ser protegido jurídica e economicamente. A partir da Primeira Guerra Mundial, surge o constitucionalismo social, que é a inclusão nas constituições de preceitos relativos à defesa social da pessoa. A primeira Constituição que tratou sobre o assunto foi a do México, em 1917. A segunda Constituição foi a de Weimar, de 1919. HISTÓRICO DO TRABALHO NO BRASIL. Lei Áurea (Lei. 3.353) Uma das primeiras legislações brasileiras a preocupar-se com as condições do trabalhador. Assinada pela Princesa Isabel em 13.5.1888, abolindo a escravatura. Política Trabalhista de Getúlio Vargas As transformações ocorridas principalmente pela Primeira Guerra Mundial, e o surgimento da OIT em 1919, incentivaram a criação de normas trabalhistas em nosso país. Os imigrantes dão origem a movimentos operários reivindicando melhores condições de trabalho e salários. Começa a surgir uma política trabalhista idealizada por Getúlio Vargas em 1930. Havia Leis ordinárias que tratavam de trabalho de menores (1891), da organização de sindicatos rurais (1903) e urbanos (1907), de férias etc. O Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio foi criado em 1930. O trabalho nas constituições brasileiras. A Constituição de 1934 é a primeira constituição brasileira a tratar especificamente do Direito do Trabalho. A Carta Constitucional de 10.11.1937 marca uma fase intervencionista do Estado, decorrente do golpe de Getúlio Vargas, na implantação da ditadura e do Estado Novo. A Constituição de 1946 é considerada uma norma democrática, rompendo com o corporativismo da Constituição anterior. Em 5.10.1988 foi aprovada a atual Constituição, que trata de direitos trabalhistas nos arts. 7º a 11. 2. FONTES NORMATIVAS Constituição: o 1ª Constituição a tratar do Dir. Trab. foi de 1934 o A CF/88 dos Arts. 7º. ao 11 o Competência privativa da União, em legislar sobre Direito do Trabalho. Lei: o Diversas leis que tratam o Direito do Trabalho. o CLT – Decreto-lei 5.452 de 01-05-1943 – Reunião de normas esparsas. Não se trata de código, pois não inova, apenas organiza as normas já existentes num período anterior a 1943. Código importaria na criação de um direito novo, revogando a legislação anterior. o Legislação não consolidada: Lei 605/49 (RSR); Lei 5.889/73 (trabalhador rural); Lei 6.019/74 (trabalhador temporário); Lei 7.783/89 (greve); Lei 8.036/90 (FGTS). Entre outras. Atos do Poder Executivo: o O Poder Executivo edita medidas provisórias, que têm força de lei no período de 60 dias, prorrogável uma vez por igual período o Decretos e regulamentos: Decreto 27.048/49 (RSR); Decreto 57.155/65 (13º. Salário). o Ministério do Trabalho expede portarias, ordens de serviços, Normas regulamentadoras. Sentença Normativa o Sentença Normativa – decisões dos TRTs e TST no julgamento de dissídios coletivos. A sentença normativa terá efeito erga omnes, valendo para todos as pessoas integrantes da categoria econômica e profissional envolvidas no dissídio coletivo. Convenções e acordos coletivos o Art. 7º, XXVI da CF reconhece as convenções e acordos coletivos de trabalho, como fonte de ajustes firmados entre os representantes das partes do contrato de trabalho. Convenção Coletiva: de um lado o sindicato patronal e de outro o sindicato dos trabalhadores. Acordos Coletivos: de um lado o sindicato dos trabalhadores e de outro uma ou mais empresas. Regulamentos da Empresa o Sergio Pinto Martins entende que é fonte normativa de Direito do Trabalho. Visa vincular os atuais empregados e demais que ingressarem na empresa. o Geralmente é elaborado unilateralmente pelo empregador, porém é possível que haja a participação dos empregados. o Pelo fato de serem estabelecidas condições de trabalho no regulamento, suas cláusulas aderem ao contrato de trabalho. Usos e costumes o Muitas vezes na reiterada aplicação dos usos e costumes pela sociedade, originam-se normas legais. o A gratificação natalina era um pagamento feito por costume. De tão costumeira acabou se tornando compulsória, dando origem ao atual 13º. Salário (Lei 4.090/62). 3. PRINCÍPIOS APLICADOS 3.1 Conceito de princípio Norma é gênero, dos quais as regras e os princípios são espécies. “Princípios de uma ciência são as proposições básicas fundamentais, típicas, que condicionam todas as estruturações subsequentes. Princípios, nesse sentido, são alicerces da ciência” – José Cretella Jr. São as proposições básicas que fundamentam as ciências. Para o direito, o princípio é seu fundamento, a base que irá informar e inspirar as normas jurídicas. 3.2 Princípios de direito do trabalho 3.2.1 Princípio da proteção Compensar a superioridade econômica do empregador em relação ao empregado, dando-lhe superioridade jurídica.Se desdobra em 03 sub-princípios: (a) in dubio pro operario – sobre o que pairar dúvida aplica-se ao trabalhador o que lhe é mais favorável, respeitando a regra do ônus da prova. (b) o da aplicação da norma mais favorável ao trabalhador – está implícita no art. 7º da CF “além de outros que visem à melhoria de sua condição social”. Pode ser aplicada de 03 maneiras: (a) a elaboração de normas mais favoráveis ao trabalhador. As novas leis devem tratar de criar regras visando à melhoria da condição social ao trabalhador. (b) a relativização da hierarquia das normas jurídicas, ex.: se o adicional de horas extras na convenção coletiva for superior ao adicional estabelecido em Lei ou na Constituição, aplica-se a convenção. (c) a interpretação da norma mais favorável: da mesma forma havendo norma mais benéfica aplica-se esta. (c) o da aplicação da condição mais benéfica ao trabalhador – vantagens já conquistadas no contrato de trabalho, que são mais benéficas ao trabalhador, não podem ser modificadas para pior. É a aplicação da regra do direito adquirido (art. 5º XXXVI CF). 3.2.2 Principio da irrenunciabilidade de direitos Por regra os direitos trabalhistas são irrenunciáveis. Não pode o trabalhador renunciar as suas férias. O art. 9º. da CLT dispõe que “serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos trabalhistas”. Poderá renunciar em juízo, pois neste caso, não se falara em coação. Não poderia o obreiro renunciar direitos estando na empresa, o que poderia ensejar fraudes. Não poderão ser renunciadas as verbas rescisórias. A Súmula 276/TST diz que o aviso prévio é irrenunciável. 3.2.3 Principio da Continuidade da relação de emprego. Presume-se que o contrato terá validade indeterminada, ou seja, terá continuidade na relação de emprego. Exceção são os contratos por tempo determinado. (trabalho temporário, contrato experiência, etc.) Resguarda-se a continuidade do contrato de trabalho, proibindo-se uma sucessão de contratos de trabalho por tempo determinado. A Súmula 212/TST diz “o ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negada a prestação de serviços e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado” 3.2.4 Principio da primazia da realidade. No direito do trabalho os fatos são muito mais importantes do que os documentos. Se há um contrato de prestação de serviços autônomos assinado pelo empregado, deve-se observar as reais condições fáticas de trabalho. Na admissão, muitas vezes o empregado assina documentos que desconhece seu teor, daí a possibilidade de fazer prova a contrariar os documentos apresentados. São privilegiados os fatos, a realidade.
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