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jusbrasil.com.br 6 de Março de 2025 O Princípio do Desenvolvimento Sustentável Publicado por Leandro Elias Marques Vieira há 1 hora Segundo Romeu Thomé, o princípio do desenvolvimento sus- tentável teve seu surgimento histórico na Conferência de Esto- colmo de 1972 e, na época, foi denominado como abordagem do ecodesenvolvimento. Além disso, teve seu apogeu com a Cúpula da Terra (Rio-92). Romeu Thomé prossegue, a expressão “desenvolvimento sus- tentável” tem como ponto central a harmonização do cresci- mento econômico, a preservação ambiental e a busca pela equi- dade socioeconômica. Nesse sentido, só haverá desenvolvi- mento sustentável quando todas essas referidas vertentes forem respeitadas e integradas. Além do mais, desenvolvimento sustentável pode ser conceitu- ado como: modelo de desenvolvimento econômico que não pre- judique as gerações futuras, isto é, a busca do equilíbrio entre desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Um de- senvolvimento que satisfaça às necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades. https://leandroelias750.jusbrasil.com.br/ Em 1983 a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), apro- vou a criação da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento Humano (CMMAD), sendo que a então Pri- meira Ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, foi desig- nada como presidente da CMMAD. A presidente Brundtland foi a responsável por liderar e publicar em 1987 um relatório deno- minado Nosso Futuro Comum, que surgiu como parte de um movimento crescente de preocupação com os impactos ambien- tais causados pelo crescimento econômico acelerado de todas as nações do planeta. O relatório ficou conhecido como Relatório Brundtland, e teve como foco principal o desenvolvimento das nações e seus desdobramentos (MAGESTE, 2023). O relatório apresentou um novo olhar sobre o desenvolvimento, em que o definiu como um processo que satisfaz as necessida- des presentes, sem comprometer a capacidade das gerações fu- turas de suprir suas próprias necessidades. Foi a partir desse momento que o conceito de desenvolvimento sustentável pas- sou a ser conhecido. O documento apontou a incompatibilidade entre o desenvolvimento sustentável e os padrões de produção e consumo, propondo a necessidade de uma nova relação entre o ser humano e o meio ambiente, ao passo que não sugere a es- tagnação econômica, mas sim o equilíbrio entre questões ambi- entais e sociais. Além disso, o relatório expressou preocupação ao fato de que a velocidade das mudanças está muito além da habilidade do ser humano em propor soluções para os problemas gerados, enfati- zou problemas ambientais como o aquecimento global e des- truição da camada de ozônio, bem como propôs soluções e me- tas para alcançar o equilíbrio ambiental e social. Todo esse pro- cesso exige esforço internacional para que as medidas tenham eficácia global (INSTITUTO ECO BRASIL, 2023). A partir do relatório Nosso Futuro Comum, constituiu-se sólida base preparatória para a Conferência de Cúpula de 1992, reali- zada no Rio de Janeiro, pois a ideia do desenvolvimento susten- tável pavimentou a elaboração de documentos em que se firma- ram os compromissos assumidos e tratados assinados pelas na- ções participantes da conferência. Ademais, o autor sustenta que a Eco-92 consolidou muitos prin- cípios norteadores do Direito Ambiental no documento intitu- lado “Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvi- mento”. Um deles foi, justamente, o princípio do desenvolvi- mento sustentável em suas três dimensões: proteção ambiental, crescimento econômico e equidade social. A proteção ambiental e o crescimento econômico foram consoli- dados no princípio 4 do documento citado, instituindo que para alcançar o desenvolvimento sustentável, a proteção ambiental constituirá parte integrante fundamental do processo de desen- volvimento sustentável. Já a equidade social foi esculpida no princípio 5, o qual tem como objetivo a erradicação da pobreza e a redução das disparidades sociais e econômicas. Elementos também fundamentais para o desenvolvimento sustentável. Eis o regramento: Princípio 4 - Para alcançar o desenvolvimento susten- tável, a proteção ambiental constituirá parte inte- grante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente deste. Princípio 5 - Todos os Estados e todos os indivíduos, como requisito indispen- sável para o desenvolvimento sustentável, devem coo- perar na tarefa essencial de erradicar a pobreza de forma a reduzir as disparidades nos padrões de vida e melhor atender às necessidades da maioria da popula- ção do mundo (Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento). A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável de 2002, também conhecida como Rio+10, aconteceu em Joanesburgo, na África do Sul, entre os dias 26 de agosto a 4 de setembro de 2002. A cúpula de 2002 teve como objetivo principal avaliar o pro- gresso alcançado desde a Cúpula da Terra de 1992 e identificar novas estratégias para promover o desenvolvimento sustentá- vel. Os principais temas discutidos incluíram a erradicação da pobreza, a promoção da igualdade social, a conservação dos re- cursos naturais, a gestão sustentável dos ecossistemas e a pro- moção de padrões de produção e consumo sustentáveis. Uma das principais conquistas da cúpula foi a adoção do Plano de Implementação de Joanesburgo, que estabeleceu metas e compromissos para os países em relação ao desenvolvimento sustentável. O plano abordou questões como energia, água, saúde, agricultura, biodiversidade, educação e governança ambiental. No entanto, a cúpula também foi criticada por não ter alcançado resultados significativos e por não ter conseguido avançar em questões-chave, como a redução das emissões de gases de efeito estufa e a promoção de energias renováveis. Além disso, houve divergências entre os países desenvolvidos e em desenvolvi- mento em relação às responsabilidades e compromissos para com o desenvolvimento sustentável. Já com relação à Conferência das Nações Unidas sobre o Desen- volvimento Sustentável ocorreu em 2012, também chamada de Rio+20, por ter acontecido 20 anos após um dos eventos mun- diais mais importantes em prol do desenvolvimento sustentável, a Rio-92. Tal conferência tinha como uma das suas principais fi- nalidades a renovação, por parte dos governos, dos compromis- sos políticos firmados nas cúpulas anteriores que trataram do tema. Os principais discursos que pautaram a Rio+20 foram referen- tes à segurança alimentar, à insuficiência do Produto Interno Bruto, à credibilidade científica, à economia verde, e à impor- tância do setor privado para o desenvolvimento sustentável. É importante contextualizar o momento deste evento, visto que, o mundo ainda não havia superado a crise econômica de 2008 e isso influenciou algumas decisões tomadas durante a Rio+20. Um dos resultados disso, conforme exemplifica Carlos Henrique R. Tomé Silva (2015) foi “a recusa dos países desenvolvidos em aportar recursos financeiros para um fundo internacional de promoção do desenvolvimento sustentável, por mais modesto que fosse.” O documento final da conferência, “O futuro que queremos”, di- vide opiniões. Por um lado, acredita-se que apesar de ser um documento modesto, ele tem o mérito de apontar caminhos a serem trilhados e objetivos a serem buscados nos anos seguin- tes. Por outro lado, a ausência de resultados concretos no docu- mento é bastante criticada e mostra uma negligência por parte dos líderes mundiais ao caráter de urgência do tema tratado na conferência. Em setembro de 2015, a Assembleia Geral das Nações Unidas formalizou a Agenda 2030 da ONU, realizada em Nova York, com a participação de 193 estados membros, e estabeleceu 17 objetivos de desenvolvimento sustentável. A agenda 2030 pro- move a articulação de 17 metas que são o compromisso de 193 Estados- membro da ONU para o desenvolvimento sustentável, as quais foram designadas de Objetivos do Desenvolvimento Sustentável-ODS:1. Erradicação da pobreza - Este primeiro objetivo é acabar com a pobreza em todas as formas, em todos os lugares. Desta forma, cada país deve implementar me- didas, ações e estratégias adequadas que garantam sustento para todos, e que reduzam a exposição e vul- nerabilidade das classes mais pobres. 2. Fome zero e agricultura sustentável - O segundo ob- jetivo dos ODS é erradicar a fome, alcançar a segu- rança alimentar, melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável. 3. Saúde e Bem-estar - O terceiro objetivo do desenvol- vimento sustentável é assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todas as pessoas, em todas as idades. Sendo assim, o terceiro tópico inclui reduzir a taxa de mortalidade materna, acabar com a motes evitáveis de recém-nascidos e crianças menores de 5 anos, acabar com as epidemias de doenças graves e transmissíveis, aumento do investimento em saúde e criar ações em prol da prevenção e promoção da saúde e da população. 4. Educação de qualidade - O quarto objetivo dos ODS visa garantir o acesso à educação inclusiva, de quali- dade, e equitativa, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos. Com isso, uma das principais ambições é que todos os indivíduos consigam passar com êxito pela educação básica. 5. Igualdade de Gênero - Este objetivo visa alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Neste tópico, a ONU objetiva acabar com to- das as formas de discriminação contra o as mulheres e meninas, assegurando-lhes igualdade e oportunidades em todos os âmbitos sociais. 6. Água potável e Saneamento - O sexto tópico objetiva garantir a disponibilidade e a gestão sustentável da água potável e do saneamento para todos. Uma das metas deste tópico é melhorar a qualidade da água, re- duzindo a poluição, eliminando despejo e minimizando a liberação de produtos químicos e materiais perigo- sos, reduzindo à metade a proporção de águas residu- ais não tratadas e aumentando substancialmente a re- ciclagem e reutilização segura globalmente 7. Energia Acessível e Limpa - O ODS 7 visa garantir o acesso a fontes de energia fiáveis, sustentáveis e mo- dernas para todos. O tópico inclui preços acessíveis, aumento de participação de energias renováveis na matriz energética global, acesso à pesquisa sobre o tema, expansão da infraestrutura, além de outras me- didas e ações em prol da energia. 8. Trabalho decente e crescimento econômico - O ODS 8 visa promover o crescimento econômico inclusivo e sustentável, o emprego pleno e produtivo e o trabalho digno para todos. 9. Indústria, Inovação e Infraestrutura - Este objetivo visa construir infraestruturas resilientes, promover a industrialização inclusiva e sustentável e fomentar a inovação. Entre as metas do ODS 9 está o aumento do acesso das pequenas indústrias e outras empresas, particularmente em países em desenvolvimento, aos serviços financeiros, incluindo crédito acessível e sua integração em cadeias de valor e mercados. 10. Redução das desigualdades - O ODS 10 objetiva re- duzir a desigualdade dentro dos países e entre eles. O décimo objetivo visa empoderar e promover a inclusão social, econômica e política de todos, independente- mente da idade, gênero, deficiência, raça, etnia, ori- gem, religião, condição econômica ou outra. 11. Cidades e comunidades sustentáveis - O décimo pri- meiro objetivo aspira tornar as cidades e comunidades mais inclusivas, seguras, resilientes e sustentáveis. En- tre os tópicos que constituem o ODS 11 está “Apoiar os países menos desenvolvidos, inclusive por meio de as- sistência técnica e financeira, para construções susten- táveis e resilientes, utilizando materiais locais”. 12. Consumo e produção responsáveis - ODS 12 almeja garantir padrões de consumo e de produção sustentá- veis. Em seu terceiro parágrafo declara: “Até 2030, re- duzir pela metade o desperdício de alimentos per ca- pita mundial, nos níveis de varejo e do consumidor, e reduzir as perdas de alimentos ao longo das cadeias de produção e abastecimento, incluindo as perdas pós- colheita.” 13. Ação contra a mudança global do clima - ODS 13 visa adotar medidas urgentes para combater as altera- ções climáticas e os seus impactos. Este tópico tem en- tre suas metas melhorar a educação, aumentar a cons- cientização e a capacidade humana e institucional so- bre mitigação, adaptação, redução de impacto e alerta precoce da mudança do clima. 14. Vida na água - O décimo quarto objetivo é conser- var e usar de forma sustentável os oceanos, mares e os recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável. 15. Vida terrestre - O ODS 15 objetiva proteger, recupe- rar e promover o uso sustentável dos ecossistemas ter- restres, gerir de forma sustentável as florestas, comba- ter a desertificação, travar e reverter a degradação dos solos e travar a perda da biodiversidade. 16. Paz, justiça e instituições eficazes - A intenção do ODS 16 é promover sociedades específicas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, proporcionar o acesso à justiça para todos e construir instituições efi- cazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis. O objetivo deste penúltimo tópico previsto pela ONU é re- duzir todas as formas de violência, extinguir abusos, explorações e toda forma de violência contra crianças, garantir acesso à justiça para todos, entre outro. 17. Parcerias e meios de implementação - O último ODS visa reforçar os meios de implementação e revitalizar a parceria global para o desenvolvimento sustentável. O último objetivo fala sobre parcerias e ações previstas nos âmbitos das Finanças, Tecnologia, Capacitação, Comércio e Questões Sistêmicas. ( https://uniandrade.br/blog/onu-os-17-objetivos-de- desenvolvimento-sustentavel/) No que se refere ao nosso ordenamento jurídico pátrio, segundo Luciano Costa Miguel, para alguns autores, a Constituição Fede- ral de 1988 consagrou o estudado princípio, embora não expres- samente, ao prever em seu art. 170 todas as vertentes do princí- pio do desenvolvimento sustentável. De fato, a partir da análise do diploma, pode-se notar que o constituinte buscou edificar equilíbrio entre o desenvolvimento (crescimento econômico), nos incisos II e IV, a preservação do meio ambiente, nos incisos III e VI, e a equidade social, nos incisos VII e VIII. Veja: DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA https://uniandrade.br/blog/onu-os-17-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel/ https://uniandrade.br/blog/onu-os-17-objetivos-de-desenvolvimento-sustentavel/ https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1503907193/constituicao-federal-constituicao-da-republica-federativa-do-brasil-1988 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1503907193/constituicao-federal-constituicao-da-republica-federativa-do-brasil-1988 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1503907193/constituicao-federal-constituicao-da-republica-federativa-do-brasil-1988 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10660995/artigo-170-da-constituicao-federal-de-1988 Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os dita- mes da justiça social, observados os seguintes princí- pios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrên- cia; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio am- biente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; VII - re- dução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. Parágrafo único. É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos pre- vistos em lei ( CF 88). Além disso, o princípio do desenvolvimento sustentável tam- bém está positivado na lei 6.938 de 1981,chamada de Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA). Esse princípio é um dos objetivos da PNMA, o qual visa compatibilizar o desenvolvi- mento econômico e social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico. Registra-se: Art 2º - A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegu- rar, no País, condições ao desenvolvimento socioeconô- mico, aos interesses da segurança nacional e à prote- ção da dignidade da vida humana [...] (PNMA). https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/104090/lei-da-politica-nacional-do-meio-ambiente-lei-6938-81 Ainda, a lei 12.651 ( Código Florestal), de modo expresso, define o princípio em análise como o seu fundamento. Veja: Art. 1º-A. Esta Lei estabelece normas gerais sobre a proteção da vegetação, áreas de Preservação Perma- nente e as áreas de Reserva Legal; a exploração flores- tal, o suprimento de matéria-prima florestal, o controle da origem dos produtos florestais e o controle e pre- venção dos incêndios florestais, e prevê instrumentos econômicos e financeiros para o alcance de seus objetivos. Parágrafo único. Tendo como objetivo o desenvolvi- mento sustentável, esta Lei atenderá aos seguintes princípios [...] ( Código Florestal). Por último, pode-se citar a lei 12.305, de 02 de agosto de 2010 (Política Nacional de Resíduos Sólidos), a qual institui como uma de seus princípios o desenvolvimento sustentável. Eis o regramento: Art. 6 - São princípios da Política Nacional de Resíduos Sólidos: I - a prevenção e a precaução; II - o poluidor- pagador e o protetor-recebedor; III - a visão sistêmica, na gestão dos resíduos sólidos, que considere as variá- veis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; IV - o desenvolvimento sustentável [...] (Política Nacional de Resíduos Sólidos). Portanto, verifica-se a grande importância do princípio em questão e, estando cada vez mais urgente a necessidade de se pensar em mecanismos que concretizem este princípio observa- https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1032082/lei-12651-12 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91627/codigo-florestal-lei-4771-65 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/91627/codigo-florestal-lei-4771-65 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/1024358/politica-nacional-de-residuos-solidos-lei-12305-10 se que, desde a Conferência de Estocolmo, houve um esforço dos legisladores para positivar este princípio nas principais nor- mas relacionadas ao tema. Conforme explica Marcelo Abelha Rodrigues (2023, p. 166), apesar de o direito ao desenvolvimento ser considerado pela ONU, em sua “Declaração sobre o Desenvolvimento”, como um direito humano inalienável, quando se trata de desenvolvimento econômico e tecnológico, principalmente, é impossível não fazer uma associação com a produção de bens através da utilização de recursos naturais. Desta forma, de acordo com o crescimento desses setores, surge também a escassez destes recursos que são indispensáveis para a manutenção da vida humana. Ainda segundo Rodrigues (2023, p. 167) há três necessidades básicas sobre as quais a doutrina ambiental tem buscado cons- cientizar: “evitar a produção de bens supérfluos e agressivos ao meio ambiente; convencer o consumidor da necessidade de evi- tar o consumo de bens “inimigos” do meio ambiente; estimular o uso de “tecnologias limpas” no exercício da atividade econômica.” Uma outra vertente do Princípio do Desenvolvimento Sustentá- vel é o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), que é um ins- trumento da PNMA que tem sido utilizado pelo poder público para promover projetos que são realizados em diversas escalas de trabalho em porções do território nacional. Estados, municí- pios e órgãos federais têm executado ZEEs com o objetivo de co- nectar os produtos gerados com os instrumentos de políticas públicas, com intuito de efetivar ações de planejamento ambi- ental (MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2023). O ZEE é regulamentado pelo decreto nº 4.297/2002 (Zonea- mento Ecológico-Econômico do Brasil – ZEE), cujo dispositivo se concentra em destacar a importância do meio ambiente ante https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/99889/decreto-4297-02 sua fragilidade, a fim de promover a preservação dos ecossiste- mas. Senão vejamos: Art. 2º O ZEE, instrumento de organização do territó- rio a ser obrigatoriamente seguido na implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas, estabe- lece medidas e padrões de proteção ambiental destina- dos a assegurar a qualidade ambiental, dos recursos hídricos e do solo e a conservação da biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida da população. Art. 3º O ZEE tem por objetivo geral organizar, de forma vinculada, as decisões dos agentes públicos e privados quanto a planos, programas, projetos e ativi- dades que, direta ou indiretamente, utilizem recursos naturais, assegurando a plena manutenção do capital e dos serviços ambientais dos ecossistemas. Parágrafo único. O ZEE, na distribuição espacial das atividades econômicas, levará em conta a importância ecológica, as limitações e as fragilidades dos ecossiste- mas, estabelecendo vedações, restrições e alternativas de exploração do território e determinando, quando for o caso, inclusive a realocalização de atividades incom- patíveis com suas diretrizes gerais (Zoneamento Ecoló- gico-Econômico do Brasil – ZEE). Segundo Araújo (2006, p.67) o ZEE pode ser definido como “uma forma de compartimentação de um espaço geográfico, a partir das características físicas e bióticas de seus ecossistemas e suas interações entre si e com o meio socioeconômico, em que são evidenciados e previstos os impactos sobre o sistema natu- ral e antrópico”. Em termos gerais, o ZEE (Zoneamento Ecológico-Econômico) tem como principal objetivo promover o desenvolvimento sus- tentável ao equilibrar o progresso socioeconômico com a preser- vação do meio ambiente. Para isso, começa por analisar os as- pectos físicos, socioeconômicos, legais e institucionais de uma área específica. Em seguida, cria cenários exploratórios para propor diretrizes legais e programas de ação para cada região identificada, incluindo medidas para reduzir ou corrigir eventu- ais impactos ambientais prejudiciais que possam surgir (MI- NISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2023). Infere-se, portanto, que o ZEE visa analisar as potencialidades, vulnerabilidades e características de cada área, e apontar os ti- pos de investimentos viáveis e necessários ao local, para que haja gestão correta do uso do território, bem como de aumentar a eficácia e efetividade dos planos a serem desenvolvidos, vi- sando gerar o menor impacto ambiental possível. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, Flávia Camargo de. 2006. Reforma Agrária e Gestão Ambiental: Encontros e Desencontros. Dissertação de Mes- trado. UNB: Centro de Desenvolvimento Sustentável - Brasília/DF. BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03 /constituição/constituicaocompilado.htm. Acesso: 24/10/2023. Acesso: 24/10/2023. BRASIL. Lei nº 6.938 de 31 de agosto de 1981. Política Nacional do Meio Ambiente. Brasília, DF. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938compilada.h tm. 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Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/artigos/o-principio-do-desenvolvimento- sustentavel/3093714265 Para todas as pessoas Consulta processual Artigos Notícias Encontre uma pessoa advogada Para profissionais Jurisprudência Doutrina Diários Oficiais Peças Processuais Modelos Legislação Seja assinante Para empresas Jusbrasil Soluções https://www.jusbrasil.com.br/consulta-processual/ https://www.jusbrasil.com.br/artigos/ https://www.jusbrasil.com.br/noticias/ https://www.jusbrasil.com.br/advogados/ https://www.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/ https://www.jusbrasil.com.br/doutrina/ https://www.jusbrasil.com.br/diarios/ https://www.jusbrasil.com.br/pecas/ https://www.jusbrasil.com.br/modelos-pecas/ https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/ https://www.jusbrasil.com.br/pro/ https://solucoes.jusbrasil.com.br/ A sua principal fonte de informação jurídica. © 2025 Jusbrasil. Todos os direitos reservados. 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