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Daniela M Sueth Mestre em Medicina e Biomedicina pela Santa Casa BH Especialista em ClÍnica Médica e Gastroenterologia Membro Titular da Federação Brasileira de Gastroenterologia DIABETES MELLITUS NA ATENÇÃO PRIMÁRIA DIABETES MELLITUS TIPO 1 q O DM1 é causado por destruição das células ß, geralmente autoimune, o que leva a uma deficiência grave da secreção de insulina. q DM 1 pode ser diagnos?cado em qualquer idade. Embora seja o ?po mais comum de DM em crianças e adolescentes q dados recentes indicam que atualmente há mais casos novos de DM 1 diagnos?cados na vida adulta do que na infância e adolescência. q Pacientes com DM 1 diagnos?cados na vida adulta muitas vezes são erroneamente classificados como DM2. CLASSIFICAÇÃO DM1 _____________________________________________ DM 1 __________________________________________________ q Es?ma-se que no Brasil há aproximadamente 564.249 pessoas com DM1 - 109.827 com idades inferiores a 20 anos - 454.070 com mais de 20 anos de idade, deixando o Brasil em terceira colocação entre os países com mais pessoas com diagnós?co de DM1 q O pico de incidência do DM1 ocorre na infância e adolescência, entre 10 e 14 anos de idade e, menos comumente, em adultos e idosos. q Adultos que apresentam destruição das células β pancreá?cas devido ao processo autoimune, têm o diagnós?co de diabete mellitus autoimune do adulto (Latent Autoimmune Diabetes in Adults – LADA). q A apresentação clínica clássica do DM 1 geralmente é abrupta, com maior propensão à cetose e cetoacidose, necessidade de insulinoterapia plena desde o diagnós?co ou após curto período. Pacientes com diagnós?co na vida adulta podem apresentar uma forma mais lentamente progressiva da doença, com evolução clínica mais branda q O diagnós?co em seu estágio inicial e o encaminhamento ágil e adequado para o atendimento especializado dão à atenção primária um caráter essencial para um melhor resultado terapêu=co e prognós=co. CLASSIFICAÇÃO DM1 _____________________________________________ q a Atenção Primária de Saúde (APS) deve integrar a Rede de Atenção à Saúde, como a unidade ordenadora do seguimento dos pacientes, independente da complexidade do seu tratamento e necessidade de especialistas. q Portanto, o PCDT DM1 visa orientar profissionais da atenção primária à saúde, médicos especialistas, pacientes, cuidadores e familiares quanto ao diagnós=co, tratamento e monitoramento do DM1 no Sistema Único de Saúde (SUS) q Esses pacientes devem ser avaliados periodicamente, em conjunto com a equipe da atenção primária, quanto à adesão ao tratamento, ao conhecimento sobre a doença e ao tratamento, à eficácia do tratamento e à necessidade de ajuste de doses das insulinas. INTRODUÇÃO __________________________________________________ DM 1 __________________________________________________ q Dados publicados pelo Grupo Brasileiro de Estudos sobre DM1 mostraram controle glicêmico adequado, baseado na meta de HbA1c, em menos de 13% das pessoas com DM1, atendidas em serviços de atendimento secundário ou terciário DM 1 __________________________________________________ q É necessário a solicitação do pep#deo C e, pelo menos, um dos marcadores de autoimunidade relacionados ao DM1 (An7-ICA ou An7corpo An7-ilhota de Langerhans, An7-IAA ou An7corpo An7-Insulina ou outros disponíveis) q Algumas doenças autoimunes são mais frequentemente encontradas em pacientes com DM1. q As principais são o hipo7reoidismo e a doença celíaca, com prevalência de 17% a 30% e de 1,6% a 16,4%, respec7vamente. DM 1 __________________________________________________ METAS TRATAMENTO DM ________________________________________________ METAS TRATAMENTO DM ________________________________________________ METAS TRATAMENTO DM ________________________________________________ q O tratamento do paciente com DM1 inclui cinco componentes principais: •educação sobre diabetes •Insulinoterapia •automonitorização glicêmica •orientação nutricional •prá8ca monitorada de exercício físico. q É um tratamento complexo em sua prescrição e execução e exige a par=cipação intensiva do paciente, que precisa ser capacitado para tal. q O fluxograma da evolução terapêu?ca de pessoas com DM1 deverá ocorrer da seguinte forma: •Insulina NPH associada à insulina regular •insulina NPH associada à insulina análoga de ação rápida •insulina análoga de ação rápida associada à insulina análoga de ação prolongada DM 1 Tratamento __________________________________________________ q A educação dos pacientes e seus familiares para o autocuidado envolve processos de educação sobre alimentação saudável, contagem de carboidratos, prá?ca de exercícios isicos, iden?ficação e tratamento da hipoglicemia, administração de insulina, insulinoterapia intensiva e AMG. q Os obje?vos de controle glicêmico devem ser determinados individualmente, de acordo com a idade do paciente e a capacidade, do paciente e seus cuidadores, para iden?ficar e tratar hipoglicemias DM 1 Tratamento __________________________________________________ DM 1 Tratamento __________________________________________________ q A adesão ao tratamento é um fator fundamental para o sucesso do tratamento das pessoas com diabetes. Recomenda-se reforçar esse aspecto, em conjunto com a família e iden?ficar possíveis barreiras que impeçam a adesão. q O controle adequado da doença está relacionado a diversos fatores e inclui o entendimento da família acerca do DM1. q A adolescência é um estágio da vida que requer especial atenção decorrentes das mudanças hormonais, isicas, sociais e psíquicas que podem levar à diminuição da adesão ao tratamento. Estudos têm apontado que a adesão à terapia em adolescentes com DM1 é um problema desafiador que requer uma atenção mul?disciplinar DM 1 Adesão ao Tratamento __________________________________________________ q As intervenções não medicamentosas são indispensáveis para um controle glicêmico adequado e referem-se: §a educação sobre diabetes §esjmulo ao autocuidado §orientação nutricional §cessação do tabagismo. q Idealmente, o cuidado não-médico do paciente com DM1 deve ser provido por vários profissionais da área da saúde, incluindo enfermeiro, farmacêu=co, nutricionista, psicólogo, cirurgião den=sta, assistente social, educador Msico e profissionais da área da educação. DM 1 Tratamento não medicamentoso __________________________________________________ q Os esforços da equipe devem ser focados na perspec?va do paciente, conhecendo a sua ro?na e entendendo as suas respostas glicêmicas. q Os pacientes devem adquirir conhecimentos e ins?tuir hábitos em relação aos obje?vos glicêmicos, automonitorização glicêmica, administração de insulina, iden?ficação e tratamento de hipoglicemias, ajuste de doses de insulinas de acordo com o nível glicêmico e a quan?dade de carboidratos da refeição. q O programa educacional precisa ser compaOvel com o nível de desenvolvimento cogni=vo e adaptado à capacidade intelectual da criança, adolescente e dos familiares. q Recomenda-se que os pais estejam completamente envolvidos no processo de educação e autogerenciamento do DM e que a transição da responsabilidade sobre os cuidados com a doença seja realizada de maneira gradual e flexível, no momento apropriado e sob a supervisão de profissionais com experiência em educação em DM. DM 1 Tratamento não medicamentoso __________________________________________________ q recomendações nutricionais para uma alimentação saudável para a população geral são aplicáveis aos pacientes com DM1. q diferença consiste no fato de que as refeições devem estar relacionadas com a insulinoterapia e a prámuscular e na sensibilidade à insulina de pessoas com DM1. q As crianças com DM1, da mesma forma que crianças sem diabetes, devem ser encorajadas a realizar, pelo menos, 60 minutos de a=vidade Msica todos os dias. q Os adultos com diagnós?co de diabetes devem ser aconselhados a realizar, pelo menos, 50 minutos semanais de a=vidade Msica aeróbica no mínimo três vezes por semana. (150/sem), orientado por profissional capacitado DM 1 Tratamento não medicamentoso __________________________________________________ DM 1 Tratamento medicamentoso __________________________________________________ q O esquema de insulinoterapia, para pessoas com DM1, deve incluir uma INSULINA BASAL DE AÇÃO INTERMEDIÁRIA OU PROLONGADA (insulina NPH humana ou análoga de ação prolongada) - associada à INSULINA BOLUS OU DE AÇÃO INTERMEDIARIA (humana regular ou análoga de ação rápida), com múl?plas doses diárias que devem respeitar a faixa etária, o peso do paciente, o gasto energé?co diário incluindo a?vidade isica e a dieta e levando-se em consideração possível resistência à ação da insulina e a farmacociné?ca desses medicamentos DM 1 Tratamento medicamentoso __________________________________________________ + Os beneicios esperados com a evolução terapêu?ca das pessoas com DM1 incluem: – Melhor controle glicêmico possível – Melhora dos sintomas relacionados à hiperglicemia – Diminuição das complicações agudas e crônicas em pessoas com DM1 – Diminuição da incidência de episódios de hipoglicemia grave e noturna DM 1 Tratamento __________________________________________________ q O controle glicêmico pode ser avaliado por glicemias capilares de jejum e pós-prandiais e pela HbA1c. As glicemias capilares são u?lizadas para orientar o ajuste das doses de insulina, uma vez que apontam os momentos no decorrer do dia em que ocorre falta ou excesso de sua ação. q Para os pacientes com DM1, é necessário o acompanhamento médico regular (mínimo duas vezes ao ano) q As pessoas com DM1 precisam de educação em diabetes, com foco no autocuidado, fornecido por equipe mul?profissional. DM 1 Monitorização e acompanhamento __________________________________________________ q Cabe destacar que a avaliação do controle glicêmico • HbA1c • frequência de hipoglicemias, principalmente as noturnas e graves, e a variabilidade glicêmica (VG). • A VG é um dos parâmetros do controle glicêmico que vem ganhando importância e foi demonstrada associação entre a variabilidade da glicemia de jejum e hipoglicemias noturnas e graves. • A adesão à terapia e a melhora do controle glicêmico dependem da u?lização de um esquema de insulinoterapia individualizado e que atenda a todos esses parâmetros de controle glicêmico, sem comprome?mento da qualidade de vida do paciente DM 1 Monitorização e acompanhamento __________________________________________________ q O acompanhamento de pessoas com DM1 deve ser feito com avaliação clínica e laboratorial, pelo menos duas vezes ao ano q complicações crônicas devem ser rastreadas anualmente, a par?r do 5º ano do diagnos?co do DM ?po 1 DM 1 Monitorização e acompanhamento __________________________________________________ q Glicemia em jejum e HbA1c, pelo menos, 2 vezes ao ano q Colesterol total, triglicerídeos, HDL colesterol, LDL colesterol, crea?nina sérica, anual ou, a critério clínico q Albuminúria anual, após 5 anos de diagnós?co ou, na puberdade ou, a critério clínico q Fundoscopia anual, após 5 anos de diagnós?co ou, na puberdade ou, a critério clínico q Avaliação dos pés anual, após 5 anos de diagnós?co ou, na puberdade ou, a critério clínico DM 1 Monitorização e acompanhamento __________________________________________________ RASTREIO LABORATORIAL E MONITORIZAÇÃO COMPLICAÇÕES DIABETES MELLITUS TIPO 2 • O diabetes mellitus ?po 2 (DM2) corresponde a 90 a 95% de todos os casos de DM. • Possui e?ologia complexa e mul?fatorial, envolvendo componentes gené?co e ambiental. • Geralmente acomete indivíduos a par?r da quarta década de vida. • Trata-se de doença poligênica, com forte herança familiar, ainda não completamente esclarecida, cuja ocorrência tem contribuição significa?va de fatores ambientais. • Hábitos dieté?cos e ina?vidade isica, que contribuem para a obesidade, destacam-se como os principais fatores de risco. DIABETES MELLITOS TIPO 2 ________________________________________________ q O DM2 é o ?po mais comum. Está frequentemente associado à obesidade e ao envelhecimento. q Tem início insidioso e é caracterizado por resistência à insulina e deficiência parcial de secreção de insulina pelas células ß,pancreá?cas, além de alterações na secreção de incre?nas. q Apresenta frequentemente caracterís?cas clínicas associadas à resistência à insulina, como acantose nigricans e hipertrigliceridemia. CLASSIFICAÇÃO DM2 _____________________________________________ FATORES DE RISCO • Pré-diabé?cos • Excesso de peso (IMC > 25 kg/m2) • Idade ≥ 45 anos; • Histórico familiar de diabetes parente 1º grau • Hipertensão Arterial Sistêmica • Dislipidemia (HDL 250) • Risco cardiovascular elevado; • Histórico de diabetes gestacional; • Histórico de doença cardiovascular; • Síndrome do ovário policís?co; • Ina?vidade isica. • Acantose nigricans • Individuos HIV DIAGNÓSTICO E DETECÇÃO PRECOCE RASTREAMENTO qSe a inves)gação laboratorial for normal, sugere- se repe)ção do rastreamento em intervalos de 3 anos ou mais frequentemente, se indicado. Idade >45 anos Obesidade + 1 dos fatores--> MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Diagnostico e rastreamento DM2 ________________________________________________ q Em relação à abordagem não medicamentosa, o PCDT recomenda para pessoas com PRÉ- DIABETES a implementação de hábitos de vida saudáveis em conformidade com as recomendações desta Diretriz. q Deve ser incen?vada a incorporação de frutas, verduras e legumes na alimentação e evitar alimentos ricos em gordura saturada e trans. q Pacientes com DM diagnos?cado também devem ser instruídos à alimentação saudável e devem receber orientações dieté=cas específicas para o DM. q A recomendação de pelo menos 150 minutos de a=vidade Msica por semana é direcionada tanto aos cuidados com pessoas com pré-diabetes quanto para aqueles já com DM q Cessação tabagismo TRATAMENTO Não medicamentosoc TRATAMENTO Não medicamentoso – ATIVIDADE FISICA TRATAMENTO Não medicamentoso – NUTRIÇÃO TRATAMENTO Não medicamentoso – NUTRIÇÃO TRATAMENTO Não medicamentoso – NUTRIÇÃO TRATAMENTO Medicamentoso TRATAMENTO MEDICAMENTOSO q Auto-monitoramento q Para aqueles em uso de insulina NPH e que aventam a necessidade de regular ou de ajuste das doses de bolus, sugere-se a realização de 6 glicemias ao dia (antes e 2 horas após o café da manhã, o almoço, e o jantar), para iden?ficar a maior glicemia pós-prandial (2 horas após o início da refeição) do dia. q controle mais intensivo pode ser realizado por 3 dias consecu?vos antes da consulta médica para orientar os ajustes das doses. Para aqueles que já se baseiam nas glicemias pré-prandiais para o ajuste das doses de maneira autônoma, é necessário fazer as glicemias capilares antes de cada uma das 3 principais refeições do dia (café da manhã, almoço e jantar). TRATAMENTO MONITORIZAÇÃO TRATAMENTO