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Notas de aula Direito Penal 1

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Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 1 
 
Aline Lemos – amrlemos@gmail.com 
Rogério Greco - Direito Penal Volume 1 e 2 
Júlio Fabrinio Mirabet 
César Roberto Bitencurt 
Guilherme Nucci - Livro 
Direito Penal – Parte Geral - Paulo Cézar Busato 
VT escrito e apresentação. A nota do trabalho escrito é do grupo, a nota da apresentação oral é individual. 
Todos tem que apresentar, cada grupo vaio falar sobre um princípio do Direito Penal. Tem que ter pelo 
menos um caso real associado ao princípio. Pode ser mais de um casco real. Cada equipe terá 30 minutos 
para a apresentação. Escrito de acordo com as normas ABNT. Pelo menos 5 folhas incluindo o caso real. 
Incluir fonte de pesquisa, pelo menos dois livros - bussato e ... enviar o trabalho escrito para o e-mail da 
turma 
ANTENÇÃO: o conteúdo destas notas de aulas reflete a minha compreensão sobre o que 
foi ministrado em sala de aula. Ao estudar por apontamentos de outro aluno, você estará 
lendo o entendimento deste, e não necessariamente o que foi dito pelo professor. Ademais, 
as notas de aulas podem sofrer alterações na esquematização, na ordem, bem como 
acréscimos de outras fontes de pesquisa (geralmente transcritas usando fonte itálica). 
04/02/2014 
Aula 1 – Direito Penal 
1 - Conceito – Segundo Cézar Roberto Bittencourt, o Direito Penal “é um conjunto 
de normas jurídicas que tem por objeto a determinação de infrações de natureza penal e 
suas correspondentes”. 
O Estado proíbe determinadas condutas (ações e omissões), sob a ameaça de sanção 
penal, penas para quem cometeu um crime e é imputável, ou seja, maiores de 18 anos e 
com mente sã, e medidas de segurança para aqueles que são inimputáveis, isto é, têm 
problemas mentais por doença ou retardo mental. 
Infração penal é gênero. As espécies são crime e contravenção. Ambos são negativos 
para a sociedade. A diferença entre ambos está na sanção. A contravenção recebe pena 
de prisão simples onde o regime inicial pode ser aberto ou semiaberto e geralmente se 
consegue um acordo para pena alternativa. Quando o acordo não ocorre e o delinquente 
é preso ele ficará num local de baixo teor de segurança. A lei 3688/41 de contravenções 
penais descreve quais são estas infrações. O crime tem a pena de detenção e reclusão 
com regime inicial aberto, semiaberto ou fechado. 
2 - Finalidade – proteção de bens importantes para a sobrevivência da sociedade 
através de cominação, aplicação e execução da pena. Estes bens são enquadrados como 
bens jurídicos. Cominar (ameaçar, estabelecer), aplicar e executar a pena, são os três 
momentos do processo penal. Com o Direito Penal objetiva-se tutelar os bens que, por 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 2 
 
serem extremamente valiosos, não do ponto de vista econômico, mas sim político, não 
podem ser suficientemente protegidos pelos demais ramos do Direito. 
Quando dissemos ser político o critério de seleção dos bens a serem tutelados pelo 
Direito Penal, é porque a sociedade, dia após dia, evolui. Bens que em outros tempos 
eram tidos como fundamentais e, por isso, mereciam a proteção do Direito Penal, hoje, 
já não gozam desse status. - ROGÉRIO GRECO - Curso de Direito Penal - Parte Geral - Volume 1 
(2012) 
3. O crime 
3.1 - Enfoque formal – é aquele que está estabelecido em uma norma penal 
incriminadora sob ameaça de pena. As normas geralmente são de forma geral. 
3.2 - Enfoque material – é o comportamento humano, causador de lesão ou de perigo 
de lesão ao bem jurídico tutelado passível de sanção penal. 
3.3 - Enfoque analítico – toma por base os elementos que compõem a infração penal, 
prevalecendo que o crime é composto de: fato típico, ilicitude e culpabilidade isto de 
acordo com a corrente majoritária, a corrente minoritária apresenta apenas os dois 
primeiros elementos. 
O fato típico envolve vários elementos: conduta, resultado, nexo de causalidade (nexo 
causal, isto é, relação de causa e feito entre a conduta e o resultado), tipicidade (formal 
= a lei, o dispositivo legal, o dispositivo ou artigo. Material = valor da conduta, se é 
importante, significativo ou não, como sendo positivo ou negativo). 
Ilicitude – presume-se que todo fato típico é ilícito. Porém, é possível justificar o fato 
típico tornando-o lícito, isto é conhecido como justificante ou excludente de ilicitude. 
São quatro: legitima defesa, estado de necessidade, exercício regular do direito e estrito 
cumprimento do dever legal. 
Culpabilidade - Juízo de reprovação que se faz sobre a conduta do agente. Serão 
observados três pontos: se o individuo é imputável, se tem potencial consciência da 
ilicitude, ou seja, reconhece que sua ação é reprovável, e a inexigibilidade de conduta 
diversa, não é exigido uma conduta diferente (exemplo do sequestro da família de um 
gerente de banco). Quando não tem um desses fatores existe uma exculpante da 
ilicitude. 
4. Direito penal objetivo e subjetivo 
Direito penal objetivo – conjunto de normas que define os crimes e as contravenções, 
bem como outras questões de natureza penal. 
Direito penal subjetivo – é o direito que o Estado tem de punir quem praticou a 
infração penal. É chamado “ius puniendi”. O “ius puniendi” nasce com a lei penal em 
vigor, depois ele tem a sua concretização quando há violação efetiva da norma penal. 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 3 
 
Por último, o Estado vai executar a pena que foi imposta. Os três momentos do processo 
penal: 
Direito de ameaçar com penas; cominação. 
Direito de impor com penas; imposição ou aplicação da pena. 
Direito de realizar a execução da pena; depois de transitado em julgado. 
11-02-2014 
5 – O Direito Penal como controle social 
Há uma pressão social incrível para que seja criado um novo crime, ou se ele já existe, 
busca-se que aumente a pena. 
O controle feito pelo Direito Penal deve ser subsidiário. Trata-se interferência do Estado 
nos direitos fundamentais, como a liberdade. 
6 – O Direito Penal e os outros ramos do ordenamento jurídico 
Direito Penal e constitucional – a constituição estabelece a base para o Direito Penal 
Direito Penal e Processo Penal – processo é a via para instrumentalizar o Direito Penal. 
É através deste que se analisará a condenação ou não de alguém. 
Direito Penal e Processo Civil – em caso de indenização, danos materiais e morais serão 
através do processo civil. 
Direito Penal e Tributário - 
7 – Fontes de produção do Direito Penal 
A única fonte é o Estado, através do poder legislativo. 
CF - Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do 
trabalho; 
 
8 – Fontes de conhecimento 
Lei e a medida provisória quando for benéfica para o agente. A reserva legal (princípio) 
aceita apenas crimes e sanções criadas pelo poder legislativo. A medida provisória pode 
ser usada para não incriminar 
Fonte do conhecimento é de onde vai se extrair o Direito, a Pena, essa será retirada da 
lei. A doutrina mostra outras possíveis fontes como a jurisprudência, os costumes e os 
princípios gerais. Se houver uma súmula o juiz pode segui-la ou não, mas se for uma 
súmula vinculante esta deverá ser seguida. Há forte tendência nos tribunais em aceitar 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 4 
 
outros casos já julgados, por isso a jurisprudência também é considerada fonte de 
conhecimento. 
Os costumes não têm o poder de abolir o crime devido ao princípio da legalidade, 
porém, alguns doutrinadores ainda apontam o costume como fonte do conhecimento. 
Quando há um determinado costume em uma localidade o que pode ocorrer é não 
iniciar o processo. 
Princípios quando expressos na lei já são normas, os implícitosdependem da 
interpretação do magistrado. 
Aula II – Classificação das infrações penais. 
1 – classificação bipartida e tripartida – esta classificação é doutrinadora, 
não está na lei. Uma classificação não exclui a outra. 
Tripartida - crimes, delitos e contravenções – esta não é adotada no Brasil 
Bipartida – crimes e contravenções 
2 – Crime doloso, culposo e preterdoloso 
Doloso – quando o agente quis o resultado (dolo direto – exemplo: Suzane Richthofen) 
ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual – projeta o resultado e age com 
indiferença ao bem jurídico) 
Culposo – quando o agente deu causa ao resultado por negligência, imprudência ou 
imperícia. Não há intensão de gerar o resultado. Negligencia = deixa de fazer algo que 
gera o resultado, não toma o devido cuidado ao fazer algo, não tomar a devida 
precaução. Imprudência = é o excesso. Imperícia está ligada a atividade profissional. 
Alguns doutrinadores classificam, de forma diferente. A diferenciação não influi no 
resultado da pena. 
Preterdoloso – é o crime cujo resultado total é mais grave que o pretendido pelo agente. 
Há uma conjugação de dolo (antecedente) e culpa (consequente). 
3 – Crime comissivo, omissivo ou comissivo-omissivo 
3.1 - Comissivo – realizado com uma ação visando resultado tipicamente ilícito, ou 
seja, no fazer o que a lei proíbe. Via de regra, a lei exige para a configuração do crime 
um comportamento ativo do agente. 
3.2 - Omissivo ou omissivo próprio - O agente deixou de fazer uma conduta, tendo 
obrigação jurídica de fazer. É a simples abstenção da conduta devida, quando podia e 
devia realizá-la. Exemplo: omissão de socorro. Se esse dever de agir se referir à 
generalidade das pessoas, teremos o crime omissivo próprio, puro ou simples. Nesse 
caso, temos um crime de mera conduta: basta a ausência de ação para a consumação 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 5 
 
do crime, que ocorre no primeiro momento em que o agente poderia agir e não agiu. O 
crime omissivo próprio também é crime de perigo, por isso, sua existência independe 
da ocorrência de dano. Exemplo: a omissão de socorro (art. 135) se consuma no 
primeiro momento em que o agente poderia socorrer a pessoa em perigo e não o faz. O 
crime estará consumado mesmo que ele mude de ideia e volte posteriormente para 
socorrer a vítima e mesmo que a vítima não sofra nenhuma lesão. 
http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1000051/classificacao-das-infracoes-penais 
13/02/12014 
3.3 - Comissivo-omissivo ou omissivo impróprio - A omissão é o meio através do qual 
o agente produz o resultado. Nestes crimes, o agente não responde pela omissão 
simplesmente, mas pelo resultado decorrente desta, a que estava obrigado a impedir. 
Exemplo: mãe que não cuida do filho. Existem situações em que o agente tem o dever 
de evitar o resultado lesivo ao bem jurídico protegido, assumindo o papel de garantidor 
da não ocorrência da lesão. Nesses casos, temos os crimes omissivos impróprios, 
qualificados, subsidiariedade comissivos por omissão ou comissivo-omissivos. A posição 
de garantidor pode ocorrer nas seguintes situações previstas no art. 13, § 2º: a) o 
agente tem a obrigação legal de cuidado, proteção e vigilância (exemplo: pais com 
relação aos filhos menores); b) quem assumiu a responsabilidade de evitar o resultado 
(exemplo: salva-vidas com relação aos banhistas em uma piscina); c) quem criou o 
risco de ocorrência do resultado (exemplo: causador de um incêndio com relação às 
vítimas deste). Os crimes omissivos impróprios não estão previstos expressamente na 
lei, utilizando-se da definição típica dos crimes comissivos. São crimes materiais, pois 
sempre requerem a existência de um resultado naturalístico. 
Parte da doutrina considera que existem também os crimes omissivos por comissão: 
existe uma ordem legal de atuar, mas o agente impede que outrem execute essa ordem. 
Exemplo: marido impede a intervenção médica que salvaria a vida da mulher. Tal 
como nos crimes comissivos, existe nexo causal entre a conduta e o resultado e é 
possível a tentativa. 
Por fim, denominam-se crimes de conduta mista aqueles que têm uma fase inicial 
positiva e uma posterior omissão. Exemplo: apropriação indébita de coisa achada (art. 
169, parágrafo único): o agente primeiramente se apodera da coisa achada (conduta 
comissiva) e posteriormente deixa de devolvê-la no prazo de quinze dias (conduta 
omissiva). - http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1000051/classificacao-das-infracoes-penais 
18/02/2014 
4 – Crime de dano e crime de perigo 
Dano - É aquele que para a consumação é necessária a superveniência da lesão efetiva 
ao bem jurídico. Também chamado de ‘resultado naturalístico’. Um exemplo é a lesão 
corporal leve, grave ou gravíssima: 
 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 6 
 
Dano físico - Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça: 
Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da 
tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
Parágrafo único - A pena é duplicada: 
I - se o crime é praticado por motivo egoístico; 
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência. 
Dano psicológico - Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante sequestro ou cárcere 
privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002). Pena - reclusão, de um a três anos. 
Dano físico - Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem: Pena - detenção, de três 
meses a um ano. 
O crime de perigo é aquele que se consuma com a simples criação de perigo, sem 
produzir um dano objetivo. No crime de perigo a lesão não aparece, basta haver a 
possibilidade de gerar o dano. Para a configuração do crime, a lei requer apenas a 
probabilidade de dano e não a sua ocorrência efetiva. O artigo 130 descreve a exposição 
da vítima ao perigo de contaminação, mas não houve a contaminação, portanto, crime 
de perigo. Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais ou qualquer ato libidinoso, a 
contágio de moléstia venérea, de que sabe ou deve saber que está contaminado: Pena - detenção, de três 
meses a um ano, ou multa. 
5 – Crime Material, Formal e Crimes de mera conduta 
Material – descreve a conduta cujo resultado naturalístico descreve o próprio tipo 
penal, isto é, para a sua consumação é necessário um dano objetivo. São crimes de dano. 
Todos os crimes lesionam ou põem em risco bens jurídicos. Esse é o resultado jurídico 
ou normativo, indispensável na consumação de todos os crimes. Alguns crimes têm 
como consequência outra espécie de resultado, denominado naturalístico: é a 
modificação da realidade física. Tais crimes só se consumam se ocorrer essa alteração 
material, por isso são conhecidos como crimes materiais ou de resultado. Assim, o 
homicídio se consuma dom a morte da vítima e o furto com a retirada do bem da posse 
da vítima. Só se pode falar em nexo de causalidade entre a conduta e o resultado (CP, 
art.13) nos crimes materiais. - http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1000051/classificacao-das-
infracoes-penais 
Formal – descreve um resultado que, contudo, não precisa verificar-se para ocorrer a 
consumação. Basta a conduta do agente, descrita na lei, para a consumação ocorrer. 
Exemplo: ameaça, a conduta verbalizada independe da consumação. Outro exemplo: o 
artigo 130, não havendo o contágio. Também o Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando 
possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, 
ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade 
pública: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se da omissão resulta lesão corporal de naturezagrave, e triplicada, se resulta a morte. 
 
Os crimes formais podem exaurir para outro crime como a ameaça que pode exaurir-se 
para o resultado almejado. Outro exemplo é o artigo 135 onde o crime formal de 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 7 
 
omissão pode exaurir-se para um crime material num caso de resultar em lesão corporal 
ou morte. 
Os crimes formais se consumam com a simples prática da conduta prevista em lei. O 
resultado, apesar de também ser previsto em lei, é dispensável para a consumação do 
crime e configura mero exaurimento dele. Por isso, são chamados também de crimes de 
consumação antecipada. Assim, a concussão (art. 316) se consuma com a exigência, 
pelo funcionário público, de vantagem indevida. O efetivo recebimento da vantagem é 
mero exaurimento do crime que apenas influi na fixação da pena. A distinção entre 
consumação e exaurimento é essencial quando se trata de prisão em flagrante, que só é 
possível no momento da consumação. No exemplo acima, o funcionário público só pode 
ser preso em flagrante no momento da exigência, nunca no recebimento do valor 
indevido. - http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1000051/classificacao-das-infracoes-penais 
 Crimes de mera conduta – alguns doutrinadores incluem essa classificação. Existem 
muitas críticas a seu respeito, é uma classificação problemática, muitos doutrinadores 
não a aceitam. Nela é descrito apenas a conduta, que gera a consumação. O dano não 
aparece. É semelhante ao crime formal em que basta a conduta para caracterizar o 
crime. Porém, nesta forma de classificação, o crime não exaure, ou seja, se o crime 
formal evoluir para outro crime, como no exemplo da omissão, não há explicação nesta 
classificação. 
Os crimes de mera conduta ou de simples atividade também se consumam com a 
simples prática do ato. Ao contrário dos crimes formais, não chega a haver previsão 
legal de qualquer resultado naturalístico. Desse modo, a calúnia (art. 138) afeta a 
honra objetiva da vítima (bem jurídico), mas não modifica a realidade física. Todos os 
crimes omissivos próprios são delitos de mera conduta. Os crimes de mera conduta são 
uma subdivisão dos crimes formais e por isso também são chamados de crimes 
puramente formais. A jurisprudência costuma utilizar indistintamente os dois termos. - 
http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1000051/classificacao-das-infracoes-penais 
6 – Crime Unissubjetivo e Plurissubjetivo 
Unissubjetivo - é aquele que pode ser praticado pelo agente individualmente ou por 
diversos agentes. Exemplo: homicídio pode ser praticado por uma pessoa ou por várias. 
Plurissubjetivo – só pode ser praticado em concurso de pessoas, isto é, por mais de um 
agente. Exemplo: bigamia, uma pessoa apenas não pode cometer bigamia, assim como o 
crime de formação de quadrilha. Também temos como exemplo a rixa (briga 
generalizada), neste tipo de crime em que todos batem e apanham não há como 
identificar um agente e não pode haver rixa apenas com uma ou duas pessoas. - Art. 137 
- Participar de rixa, salvo para separar os contendores: 
Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa. 
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo fato da 
participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. 
 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 8 
 
7 – Crime Unissubsistente e Plurissubsistente 
Unissubsistente – constitui-se de ato único. O processo executivo é unitário e não 
enseja fracionamento. Os crimes formais, em regra, são unissubsistentes. Exemplo: 
injuria racial, apenas um ato trouxe o resultado imediatamente. Impossível, por esta 
razão, a tentativa. Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião, 
origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação dada pela Lei nº 
10.741, de 2003) 
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído pela Lei nº 9.459, de 1997) 
 
Plurissubsistente – A execução pode desdobrar-se em vários atos sucessivos, de modo 
que a ação e o resultado típico se separam. Ocorre nos crimes materiais. É aquele que 
constituído por vários atos, que fazem parte de uma única conduta. Exemplos: estupro 
(violência ou constrangimento ilegal + conjunção carnal com a vítima), roubo 
(violência ou constrangimento ilegal + subtração); lesão corporal (violência + 
integridade corporal ou saúde física ou mental de outrem), etc. - Texto de: Luciano 
Vieiralves Schiappacassa. Data de publicação: 10/02/2009 
http://ww3.lfg.com.br/public_html/article.php?story=20090209105337439&mode=print 
20/02/2014 
8 – Crime comum, próprio e de mão própria. 
Comum - é o que pode ser praticado por qualquer pessoa. 
Próprio – é o que exige determinada qualidade ou condição do agente, a legislação 
especifica quais são estas qualidades. Pode ser auxiliado, ou ter a participação de outra 
pessoa (interposta pessoa). Os crimes próprios ou especiais só podem ser cometidos por 
pessoas que contem com determinada qualificação. De acordo com Damásio 
Evangelista de Jesus, essa qualificação pode ser "jurídica (acionista, funcionário 
público); profissional (comerciante, empregador, empregado, médico, advogado); de 
parentesco (pai, mãe, filho); ou natural (gestante, homem)". Assim, o auto-aborto (CP, 
art. 124) só pode ser cometido pela gestante e o infanticídio (art. 123) é praticado pela 
mãe. Art. 123. - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto 
ou logo após: 
Pena - detenção, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. 
http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1000051/classificacao-das-infracoes-penais 
 
Os crimes funcionais são uma espécie de crimes próprios, pois só podem ser cometidos 
por funcionários públicos, tal como definidos no art. 327 do Código Penal. Crimes 
funcionais próprios são aqueles cuja ausência da qualidade de funcionário público 
torna o fato atípico (exemplo: prevaricação - art. 319). Já nos crimes funcionais 
impróprios ou mistos, a ausência dessa qualidade faz com que o fato seja enquadrado 
em outro tipo penal (exemplo: concussão - art. 316; se o sujeito ativo não for 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 9 
 
funcionário público, o crime é de extorsão - art. 158). 
http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1000051/classificacao-das-infracoes-penais 
Crime de mão própria é aquele que só pode ser praticado pelo agente pessoalmente. 
Este tipo de crime não admite a participação de outra pessoa. Também neste tipo de 
crime existe a especificação na lei, mas a qualidade do agente não é exigida e sim a 
unicidade. A distinção entre o crime próprio e o crime de mão própria consiste no fato 
de que, nos crimes próprios, o sujeito pode determinar a outrem a execução do crime. 
Existe a possibilidade de participação, mas não de coautoria. Assim, somente a 
testemunha em pessoa pode ser autora do crime de falso testemunho (art. 342), não 
podendo pedir que terceiro o faça em seu lugar, mas o terceiro pode influenciá-la a 
mentir, respondendo pelo crime como partícipe. Diferenciam-se dos crimes próprios, 
em que o sujeito ativo específico pode utilizar-se de outra pessoa em sua execução. 
Exemplo: o funcionário público pode determinar a um particular que cometa o crime 
de peculato (art. 312). http://lfg.jusbrasil.com.br/noticias/1000051/classificacao-das-infracoes-
penais 
9 – Crimes de ação única ou múltipla 
Única – Contém somente uma modalidade de conduta. Um só verbo. Art. 121. - Matar 
alguém. 
Ação múltipla – o conteúdo é variado, ou seja, vários verbos. Art. 122. - Induzir ou instigar 
alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça. 
Em ambos os casos tem que ser observado a letra da lei, quantosverbos tem que 
determinam a ação. 
10 – Crime Instantâneo e permanente 
Instantâneo – é o crime que se esgota com a ocorrência do resultado. Não significa 
praticado rapidamente, mas que uma vez realizados os seus elementos nada mais poderá 
se fazer para impedir a sua ocorrência. Exemplo homicídio. 
Permanente – é aquele que a consumação se prolonga no tempo. Assim, depende da 
vontade do agente, que poderá cessar quando quiser a conduta. Exemplo sequestro. Obs. 
Crime permanente não significa instantâneo de efeitos permanentes, cuja permanência 
não depende da continuidade da ação do agente. 
11 – Crime de forma livre e de forma vinculada 
Livre – é praticado por qualquer meio de execução. Pode ser exercido de qualquer 
maneira. Exemplo: Artigo 121 
Vinculada – a lei já descreve a maneira pelo qual o crime é cometido. Art. 284. - Exercer o 
curandeirismo: 
 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 10 
 
Atividade 
De acordo com as onze classificações da teoria do crime, classifique as infrações as 
seguintes: 
1 - Art. 121 - Matar alguém: 
3º - Se o homicídio é culposo: 
Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. 
1= crime, 2= culposo, 3= omissivo impróprio, 4= dano, 5= material, 6= unissubjetivo, 
7= plurissubsistente, 8= comum, 9= único, 10= instantâneo, 11= livre 
2 - Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: 
Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos. 
1= crime, 2= doloso, 3= comissivo, 4= dano, 5= material, 6= unissubjetivo, 7= 
plurissubsistente, 8= comum, 9= único, 10= instantâneo, 11= livre 
3 – Art. 135-A - Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem 
como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o 
atendimento médico-hospitalar emergencial: Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) 
ano, e multa. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). 
1= crime, 2= doloso, 3= comissivo, 4= perigo, 5= formal, 6= unissubjetivo, 7= 
unissubsistente, 8= próprio, 9= único, 10= instantâneo, 11= vinculado 
4 - Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os contendores: 
Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de natureza grave, aplica-se, pelo 
fato da participação na rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos. 
1= crime, 2= preterdoloso, 3= comissivo, 4= dano, 5= material, 6= plurissubjetivo, 7= 
plurissubsistente, 8= comum, 9= múltiplo, 10= permanente, 11= livre 
5 - Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente: 
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não constitui crime mais grave. 
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a um terço se a exposição da vida 
ou da saúde de outrem a perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de 
serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em desacordo com as normas 
legais. (Incluído pela Lei nº 9.777, de 29.12.1998) 
1= crime, 2= doloso, 3= comissivo, 4= perigo, 5= formal, 6= unissubjetivo, 7= 
unissubsistente, 8= comum, 9= único, 10= permanente, 11= livre 
 
06/03/2012 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 11 
 
Aula III – Norma Penal 
1 – Introdução 
De acordo com o princípio da legalidade, em Direito Penal, pode-se fazer tudo aquilo 
que a lei não proíbe. A conduta do agente pode até ser reprovável socialmente, mas se 
não houver lei que proíba não há como se aplicar a sanção penal. Incesto, “furar” filas 
são alguns exemplos. 
2 – A teoria de Binding 
O autor afirma que o legislador na esfera penal se utiliza de uma técnica diferente. Ele 
descreve uma conduta que, se praticada, poderá levar a uma condenação. Em virtude 
disso, Binding afirma que ao praticar uma conduta descrita no tipo penal, o agente não 
infringia a lei e sim a norma penal. 
Para Binding a lei descreve a conduta e a norma o caráter proibitivo, interpretativo. A 
interpretação da lei é a extração da norma. Lei é diferente de norma. Exemplo: Art. 
121. Matar alguém. O agente, ao matar alguém está cumprindo a lei, está fazendo o que 
a lei diz. A norma é a interpretação da lei, ou seja, ao ler o artigo 121 se entende que a 
conduta requerida é não matar. Outro exemplo: Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a 
suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o faça. O objetivo, ou a norma, era que 
ninguém ajudasse um suicida, era evitar o suicídio. 
3 – Classificação das normas penais 
3.1 – Normas penais incriminadoras 
Definem a infração penal, proibindo ou impondo condutas sobre ameaça de pena. 
Dentro do código penal há muitas normas incriminadoras e outras não, às vezes 
abordando o mesmo assunto. Exemplo? Provocar um aborto, é uma norma 
incriminadora. Sob o mesmo tema o artigo 128 reza: Não se pune o aborto praticado 
por médico. Esta é uma norma não incriminado: Art. 126 - Provocar aborto com o 
consentimento da gestante. O que é proibido ra, traz a exceção ao mesmo ato proibido 
no artigo 126. Outro exemplo de norma incriminadora: Art. 135 - Deixar de prestar 
assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa 
inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro 
da autoridade pública. 
 
3.1.1 - Preceitos da norma penal: 
a) Preceito primário - é aquele que descreve detalhadamente a conduta que se procura 
proibir ou impor. Exemplo: Art. 123. - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, 
durante o parto ou logo após. 
b) Preceito secundário – cabe a tarefa de cominar a pena em abstrato, é o valor ou 
margem em que o magistrado pode começar a trabalhar a pena. Porém existem outros 
detalhes (agravante, atenuante, marjorante, minorante, etc.) que podem fazer com que a 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 12 
 
pena ultrapasse o limite da pena estabelecido na lei ou a reduza a um valor abaixo do 
mínimo. Esta é a pena em concreto. Exemplo: alguém sentenciado com base no artigo 
123 pode receber uma pena menor que dois anos ou maior que seis anos. Art. 123 - Matar, 
sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou logo após Pena - detenção, de 2 
(dois) a 6 (seis) anos. 
O Artigo 126 tem dois preceitos primários e dois preceitos secundários. 
Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: (preceito primário) 
Pena - reclusão, de um a quatro anos. (Preceito secundário) 
Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é 
alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência 
(preceito primário) 
A pena do artigo 125 (preceito secundário). Pena - reclusão, de três a dez anos. 
 
3.2 – normas penais não incriminadoras 
Possuem as seguintes finalidades: 
a) Tornar lícitas determinadas condutas (justificantes) exclui o 2º elemento do 
crime. Exemplo: Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito 
 
b) Afastar a culpabilidade do agente, estabelecendo a isenção de pena 
(exculpante). Retira o 3º elemento do crime. Exemplo: caput do Art. 26 - É isento 
de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, 
era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato 
ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
11/03/2014 
c) Esclarecer determinados conceitos (explicativas), são artigos que dao conceitos, 
não são incriminadores. ex. art. 150 § 4º (também art. 327) 
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa 
ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: 
§ 4º - A expressão "casa" compreende:I - qualquer compartimento habitado; 
 II - aposento ocupado de habitação coletiva; 
 III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. 
Art. 327 - Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora 
transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
§ 1º - Equipara-se a funcionário público quem exerce cargo, emprego ou função em entidade 
paraestatal, e quem trabalha para empresa prestadora de serviço contratada ou conveniada 
para a execução de atividade típica da Administração Pública. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 
2000) 
 
d) Fornecer princípios gerais para a aplicação da lei penal (complementares), é 
uma norma principiológica, apontam os princípios envolvidos para orientar o 
juiz a dosar a pena. Exemplo: art. 59 que explica o principio da culpabilidade 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 13 
 
4 – Norma penal em branco 
4.1 – Introdução - São aquelas que necessitam de complementação para entender 
exatamente o que se quer. Há necessidade de outro diploma legal para que possa 
compreender o âmbito de aplicação do preceito primário (detalhamento da conduta), 
pode ser outra lei, decreto, portaria, resolução, etc. Sem esse complemento não é 
possível a sua aplicação. Exemplo: lei de drogas 11.343/06 e portaria da ANVISA. 
20/03/2014 
4.2 – Classificação - As normas penais em branco podem ser: 
a) Homogêneas – o mesmo diploma legal, da mesma natureza, irá complementá-la. 
Exemplo art. 237 do CP e código civil 
b) Heterogêneas – o complemento é dado por fonte de produção diferente. Ex.: lei 
de drogas e portaria da ANVISA. As normas heterogêneas são constitucionais? 
Sim, o complemento não descreve a essência do crime, mas apenas um detalhe 
do crime já tipificado. 
c) Normas penais incompletas ou imperfeitas - São normas que o tipo penal nos 
remete a outro texto de lei para que possamos conhecer a sanção imposta. Ex.: 
art. 304. 
25/03/2014 
5 – Conflito aparente de normas 
Ocorre quando para um único fato, aparentemente, há mais de uma norma que sobre ele 
poderá incidir. Mais de uma lei pode se aplicar ao mesmo caso. O conflito é aparente, 
pois os princípios, a interpretação destes, resolve o conflito. 
a) Principio da especialidade – norma especial afasta a aplicação da norma geral. Ex.: 
homicídio e infanticídio. Ambos causam dano ao mesmo bem, a vida, porém, o crime 
de infanticídio é específico e o homicídio é genérico. 
b) Principio da alternatividade – quando houver crimes de ação múltipla, ou seja, com 
vários verbos, o agente será punido somente uma vez, mesmo que tenha praticado 
vários núcleos. Art. 122 – Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para que o 
faça: 
Pena – reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão, de um a três anos, se da 
tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave. 
c) Princípio da subsidiariedade - Há uma relação de primariedade e subsidiariedade 
entre duas normas quando descrevem graus de violação de um mesmo bem jurídico, de 
forma que a norma subsidiária é afastada pela aplicabilidade da norma principal. Acata 
a norma que descreve melhor a violação do bem jurídico e descarta a outra. 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 14 
 
Segundo Nelson Hungria, a norma fica como uma espécie de “soldado reserva” da outra 
norma. A subsidiariedade pode ser expressa ou tácita. Ex.: art. 132 CP = expressa – 
exemplo de alimento, afasta esta e aplica a 129. Art. 163 CP = tácita, neste caso, se o 
furto foi para uso e não para destruir, a norma que se aplica é o 155. 
01/04/2014 
Princípio da consunção - Um fato definido como crime atua como fase de preparação, 
execução de exaurimento de outro crime mais grave, ficando por ele absorvido. A 
diferença entre o princípio da consunção e o da subsidiariedade é que neste enfocam-se 
as normas e no princípio da consunção enfocam-se os fatos. O crime maior absorve o 
crime menor, é a passagem ou meio de um crime para outro e não crimes em épocas 
diferentes ou sem ligação. Não confundir com absolvição ou consumação. Exemplo: 
lesão seguida de morte. No caso do goleiro Bruno, que sequestrou e depois cometeu o 
homicídio, foram dois crimes distintos. 
Existem algumas hipóteses em que se aplica o princípio da consunção, quais sejam: 
1 – crime progressivo - O agente, desde o início, deseja a produção de um resultado 
mais grave e mediante diversos atos realiza sucessivas e crescentes violações ao bem 
jurídico. Ex.: para matar alguém, precisa antes que a pessoa fique lesionada. O agente só 
vai responder pelo resultado final. 
2 – progressão criminosa - O agente desejando um resultado, pratica novo crime, 
produzindo um resultado mais grave. Ex.: o agente deseja lesionar, porém muda de ideia 
e comete um homicídio. 
• O “antefactum” impunível 
Fato menos grave praticado pelo agente antes de um fato mais grave. O fato menos 
grave é meio necessário para se atingir o maior. Exemplo: subtrair uma folha de cheque 
em branco para depois falsificar a assinatura e sacar o dinheiro. 
• “Post factum” impunível 
É um fato menos grave praticado contra o mesmo bem jurídico após praticar o fato mais 
grave. Esse fato posterior (menos grave) não será punível. Exemplo: alguém furta a 
bicicleta e depois a destrói. 
6 – O crime complexo 
É aquele que resulta da união de dois ou mais crimes autônomos. Só responde por um 
crime, que é o crime complexo. Exemplo: latrocínio = roubo + homicídio. Extorsão 
mediante sequestro = extorsão + sequestro. 
 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 15 
 
Aula IV– V2 
O Direito Penal na História 
O surgimento do Direito Penal se conjuga com o surgimento da própria sociedade. Ele 
nasce em meio ao sentimento de vingança e não de justiça. 
1 – Período Primitivo 
As normas iniciais eram tradições, superstições e costumes misticamente observados 
pelos membros do grupo. Vem daí a ideia de proteção totêmica e das leis do tabu. A 
reação desse grupo primitivo contra o infrator visava estabelecer a proteção sacral, 
perdida com a ofensa causada pela infração à norma tabu. O crime era um atentado 
contra os deuses. 
2 – Período Antigo 
Iniciado por volta de 4000 a.C. é marcado pelo aparecimento das primeiras civilizações, 
com organização sócio-política-econômica e a figura do poder soberano. É o tempo da 
Lei do Talião 
3 – O Direito Penal Romano 
Não bastava a força física, era necessário um avançado sistema jurídico que mantivesse 
a ordem. Os romanos faziam uma distinção entre os crimes públicos e os privados. 
Principais características: 
Afirmação do caráter público e social do Direito Penal 
Doutrina da culpabilidade, imputabilidade e suas excludentes 
Elemento subjetivo doloso era analisado 
Teoria da tentativa, justificantes, concurso de pessoas. 
03/04/2014 
4 – Direito Penal Germânico 
É um Direito composto pelo caráter consuetudinário e não por leis escritas. Os bárbaros 
que compuseram os povos germânicos trouxeram para a Europa Ocidental seus 
costumes, tradições, religiões e também o sistema jurídico. 
O período inicial foi marcado por um sistema primitivo de caráter religioso. A perda da 
paz gerava a expulsão do infrator e consequente morte. A vingança privada era aceita 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 16 
 
pelos povos germânicos, eram as chamadas vinganças de sangue. Só tardiamente os 
povos germânicos adotaram a lei do talião. 
5 – O Direito Penal Canônico 
A influência do cristianismo no Direito Penal é muito significativa. Primitivamente, o 
Direito Penal Canônico teve caráter disciplinar. Aos poucos, com a crescente influência 
da igreja católica, foi-se estendendo a religiosos e leigos,desde que os fatos tivessem 
conotação religiosa. 
Contribuiu para o surgimento da prisão moderna, especialmente com as ideias de 
reforma do delinquente. Trouxe a ideia de humanização para o Direito Penal, embora 
politicamente visasse obter o predomínio do papado e proteção dos interesses religiosos. 
As penas tinham o objetivo de promover o arrependimento e a correção do delinquente. 
6 – Direito Penal Comum 
Grande mistura entre as normas do Direito Romano, germânico, canônico, bem como 
normas dos Estados nascentes por volta do século XII. A grande maioria das penas 
importavam em castigos corporais terríveis (aflitivos), quais sejam, arrancamento de 
vísceras, forca, fogueira, afogamento, arrastamento, mutilações de pés, mãos, língua, 
castração, etc. Este clima de terror gerou uma oposição representada pela revolução 
francesa e que se observou posteriormente com o período humanitário. 
7 – Período Humanitário e Movimento Codificador 
Van Liszt deu início à luta sobre os fundamentos do Direito Penal, dando à pena um 
caráter racional. Beccaria parte da ideia do contrato social para afirmar que o fim da 
pena é evitar que o criminoso cause novos males aos demais cidadãos. O iluminismo 
pregava os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. 
15/05/2014 
8 – Escolas Penais 
8.1 – Escola clássica – Abordava os direitos do homem e do cidadão contra a 
prepotência do Estado. Nesta escola existem dois períodos: 
a) Filosófico ou teórico – Beccaria proclama a necessidade de se atribuir um novo 
fundamento à justiça penal, que seja essencialmente utilitário, que deve ser modificado 
e limitado pela moral. 
b) Jurídico ou prático – seu maior expoente foi Carrara. Para ele, o criminoso é 
portador de direitos e, portanto, submetido ao juízo penal. Ele só pode ser condenado 
quando se reconhece sua culpa e não pode sofrer um mal maior que o exigido pela 
necessidade da tutela jurídica. 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 17 
 
Principais ideias: O direito tem natureza transcendente, segue a uma ordem imutável 
da lei natural. O direito é congênito ao homem porque foi dado por Deus à 
humanidade. O direito é a liberdade. A ciência criminal é o supremo código da 
liberdade, que vai ajudar o homem a se livrar da tirania de si mesmo e de suas paixões. 
O delito é um ente jurídico, já que se constitui numa violação de um direito, isto é, a 
contradição entre um fato e a lei. 
8.2 – Escola positiva (social) – A escola se dizia socialista e se ergueu contra o 
iluminismo da escola clássica. O direito é resultado da vida em sociedade e sujeito a 
variações no tempo e espaço. Pregava a supremacia da investigação experimental. Os 
principais doutrinadores são: Spencer, Lamark, Darwin, Lombroso. 
A teoria Lombrosiana cometeu exageros ao afirmar o crime como fenômeno biológico, 
apontando o criminoso que apresenta sinais físicos (barba escassa, orelhas em asa, 
assimetria craniana, cabelos abundantes, etc.). Todavia, os criminosos passionais 
poderiam não apresentar estas características. 
8.3 – Escola crítica – chamada de 3ª escola, procurava conciliar as outras duas. 
Afastaram a sociologia do Direito Penal e as discussões metafísicas. Afirmavam: o 
homem está determinado ao crime pelos seus motivos. Aos que não possuem tal 
capacidade são inimputáveis e deve ser aplicada a medida de segurança. A pena tem 
função defensiva ou preservadora da sociedade. Principais pensadores: Cornevale, 
Alimena, Merkeil, Stenn. 
8.4 – Escola moderna alemã - surgiu na Alemanha por iniciativa de Von Liszt. 
Deu ao direito penal uma nova e completa estrutura. O crime é fato típico, ilícito e 
culpável. 
20/05/2014 
9 – Garantismo de Luige Ferrayoli 
Garantia dos direitos fundamentais do cidadão contra as agressões do Estado e de outros 
associados. O Estado não pode punir excessivamente, e para isto, o preso tem garantias, 
como recorrer da sentença, falar no processo, presunção de inocência, etc. Tem dupla 
função preventiva: a primeira função indica o limite mínimo e a segunda o limite 
máximo. O Estado pode punir, porém dentro dos limites que não extrapolem as 
garantias. O garantismo no Brasil surgiu devido às situações abusivas que ocorreram 
durante o período em que esteve em vigor a constituição de 1967, como a tortura. 
10 – Direito Penal Mínimo 
Limitado às situações de absoluta necessidade, ideal de nacionalidade e certeza. Assim, 
não terá lugar a intervenção penal caso sejam incertos ou indeterminados os seus 
pressupostos. É necessário um lastro probatório mínimo para dar início a um processo 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 18 
 
penal, diferentemente dos outros ramos do Direito em que é possível dar início a um 
processo de forma simples. 
11 – Direito Penal do Inimigo 
É a teoria de Gunther Jakobs. A tese é assentada em três pilares: 
a) Antecipação da punição; 
b) Desproporcionalidade das penas e relativização e/ou supressão de certas garantias; 
c) Criação de leis mais severas direcionada à clientela (terroristas, traficantes, 
criminosos violentos, etc.). 
Aula 5 – O Fato Típico 
É o primeiro elemento do crime, que é composto pelo fato típico, ilicitude e 
culpabilidade. No fato típico serão analisados: conduta, resultado, nexo de causalidade e 
tipicidade (formal e material). 
1 – A conduta 
É o agir humano ou o deixar de agir, de forma consciente e voluntária. A conduta 
deve ser concebida como um ato de consciência e vontade ou intensão, assim deverá ser 
culposa ou dolosa. Consciência não está ligada a sanidade mental, mas ao trabalho 
mental. Exemplo: alguém em estado de coma levanta o braço e bate em outra pessoa, 
este ato foi apenas um reflexo e não uma ação ativa, pensante. Já um esquizofrênico tem 
consciência dentro do seu mundo. Vontade, o querer realizar determinada conduta. 
Exemplo: dirigir acima da velocidade permitida. Existiu a vontade, não de cometer o 
crime, mas de ultrapassar o limite velocidade. 
1.1 – Formas de Conduta - Duas são as formas de conduta: 
a) Ação - movimento-corpóreo ou comportamento ativo. Exemplo: matar, subtrair, 
constranger. Os verbos dão a ideia de ação. 
b) Omissão - abstenção de um comportamento. O crime omissivo próprio basta a 
ausência de conduta, a lei atribuiu apenas a omissão, independente do resultado, como 
crime. Exemplo: omissão de socorro. Já o crime omissivo impróprio necessita da 
ausência de conduta e do resultado. Porém, este crime só ocorre se o agente podia e 
devia agir, isto é, o agente é o garantidor conforme o art. 13 § 2º. 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O 
dever de agir incumbe a quem:(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 19 
 
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; (Incluído pela Lei nº 7.209, de 
11.7.1984) 
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. (Incluído pela Lei nº 
7.209, de 11.7.1984) 
22/05/2014 
1.2 – Ausência de conduta 
1.2.1 – Coação física irresistível – pode ser por força da natureza ou ação de um 
terceiro. Exemplo: o sujeito é levado por uma correnteza vindo a lesionar um terceiro. O 
sujeito A domina totalmente o sujeito B e coloca uma faca em sua mão. Em seguida, 
segura o braço e a mão de B e empurra a faca no coração de C. a coação física 
irresistível é diferente da coação moral irresistível, a coação física exclui aconduta e 
exclui o fato típico. Já a coação moral exclui a culpabilidade por inexigibilidade de 
conduta diversa. 
1.2.2 – Inconsciência – é a falta de capacidade psíquica de vontade que faz 
desaparecer a conduta. Ex. movimentos praticados em estado de sonambulismo, 
hipnose, desmaio, crise epiléptica, estado de coma, etc. A inconsciência não deve ser 
confundida com a hipótese de consciência perturbada, pois nesse caso existe a conduta e 
na inconsciência não existe conduta. Inconsciência não tem conduta, perturbado tem 
vontade, é consciente, mas não tem culpabilidade. 
2 – Resultado 
2.1 - Teoria naturalística – para a teoria, o resultado é a modificação do mundo 
exterior causada pela conduta. Existem crimes que se consumam sem resultado. Essa 
modificação pode ser: alteração física (exemplo: destruição de um objeto – art. 163), 
alteração fisiológica (exemplo: morte art. 121), alteração psicológica (exemplo: 
percepção da ofensa art. 140). 
2.2 – Teoria normativa ou jurídica – segundo esta teoria, o resultado é a lesão 
ou a possibilidade de lesão a um bem jurídico tutelado por uma norma penal. Segundo a 
teoria normativa, todo crime possui um resultado, seja ele naturalístico ou jurídico (em 
tese). Já para a teoria naturalística, nem todo crime possui resultado. 
29/05/2014 
3 – Nexo de Causalidade – a conduta pode ser a causa de um resultado 
naturalístico. Quando isso ocorre tem-se a relação de causalidade. O código adotou a 
teoria da equivalência dos antecedentes causais, mas o regresso não é infinito. Exemplo: 
“A” desfere uma facada em “B” e em decorrência dos ferimentos ocasionados pela 
facada “B”, morre. Ligação entre conduta e resultado, se há relação de causa e efeito há 
nexo de causalidade. Teoria da equivalência dos antecedentes causais. O regresso para 
verificar a culpa não é infinito, tem que ser observado a culpa ou dolo na conduta. 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 20 
 
É o que acontece com o fabricante da faca pode ser responsabilizado? E o vendedor? É 
necessário avaliar se o agente, ao realizar a conduta, possuía dolo ou culpa. 
3.1 – Outras causas que podem concorrer ou não para o resultado 
3.1.1 – Causas absolutamente independentes em relação à conduta do agente. – nas 
três hipóteses abaixo, haverá a exclusão do nexo causal, haja vista que a conduta do 
agente não possui relação com o resultado morte este responderá pelos atos praticados, 
nos exemplos, responderá por tentativa de homicídio. 
a) Causa pré-existente absolutamente independente em relação à conduta do agente – 
“A” fere mortalmente “B”, que vem a morrer exclusivamente pelos efeitos do veneno 
que havia ingerido antes da conduta do agente. Não há relação entre a conduta do agente 
e a morte da vítima. Não há ligação entre a facada e o veneno que causou a morte. É 
pré-existente, pois ocorreu antes do fato. 
b) Causa concomitante (ao mesmo tempo) absolutamente independente em relação à 
conduta do agente. “A” fere mortalmente “B” no mesmo momento em que este vem a 
falecer exclusivamente pelo disparo de arma de “C”, que, por sua vez, desconhecia a 
conduta de “A”. 
c) Causa superveniente absolutamente em relação à conduta do agente. “A” ministra 
veneno na refeição de “B”. Entretanto, antes de o veneno produzir efeito letal, “B” vem 
a morrer exclusivamente de um colapso cardíaco. 
3.1.2 – Causas relativamente independentes em relação à conduta do agente. Nas 
causas preexistentes, concomitantes ou supervenientes relativamente independentes, o 
agente responderá pelo resultado causado, já que a causa que ocorreu para o resultado 
encontra-se na mesma linha de desdobramento natural da conduta. 
a) Causa preexistente relativamente independente em relação à conduta do agente. “A” 
desfere facadas em “B”, portador de hemofilia, que vem a falecer em consequências do 
ferimento, aliado ao seu estado de hemofilia. O agente é responsabilizado pela morte. 
b) Causa concomitante relativamente independente em relação à conduta do agente. 
“A” desfere facadas em “B”, no exato instante em que este está sofrendo um ataque 
cardíaco. Prova-se que os ferimentos contribuíram para a morte. 
c) Causa superveniente relativamente independente em relação à conduta do agente. 
“A”, com intensão de matar, golpeia gravemente “B”, que levado a um hospital vem a 
falecer em virtude de ter contraído broncopneumonia durante o tratamento, em virtude 
de seu precário estado de saúde causada pelas lesões praticadas por “A”. 
d) Causa superveniente relativamente independente em relação à conduta do agente que, 
por si só, produziu o resultado. (art. 13 §1). Nos termos do referido artigo a 
superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação, quando, por si 
só, produziu o resultado; os fatos anteriores imputam-se a quem os praticou. O nexo de 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 21 
 
causalidade é quebrado, não há ligação. Exemplo: 1 - “A” golpeia “B”, que é levado a 
um hospital e vem a falecer, exclusivamente, em virtude dos ferimentos oriundos de um 
desabamento. Exemplo 2 – “A” golpeia “B”, que é colocado em uma ambulância. No 
caminho do hospital, o veiculo se envolve em um acidente. “B” sofre um ferimento que, 
por si só causa sua morte. 
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. 
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. (Redação dada pela 
Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
Superveniência de causa independente (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984) 
§ 1º- A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, 
produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. (Incluído pela Lei 
nº 7.209, de 11.7.1984) 
04/06/2014 
4 - Tipicidade Formal é a Capacidade 
É a conformidade entre o fato praticado e o tipo penal. É a adequação do fato ao tipo 
penal. Exemplo: João subtraiu para si o carro de Maria. Esse fato amolda-se ao art. 155, 
caput. Se devolvido o carro, não cabe o crime de furto. Outro exemplo: alguém pega um 
celular e joga no chão para destruir, não é roubo. Art. 163. O dolo ou a culpa aparecem 
expressamente no texto da lei. 
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: 
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia: 
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. 
Maria matou José: esse fato amolda-se ao art. 121 caputs. Art. 121. Matar alguém: 
5 – Tipicidade Material 
Segundo predomina na doutrina penal e na jurisprudência do SFT e STJ, para que 
ocorra o fato típico, não basta a adequação típica, deve ser analisado o desvalor da 
conduta e se houve dano ao bem jurídico. Exemplo: João subtraiu para si um lápis de 
Maria. A lesão é relevante ou insignificante? Não há uma forma exata para a tipicidade 
material, deve ser analisado o caso concreto e também não está na lei, mas a 
jurisprudência é aceita. Exemplo do lápis. 
6 – Teoria da Imputação Objetiva 
Em verdade não é uma teoria, mas sim um conjunto de princípios orientadores que 
visam delimitar e complementar o nexo de causalidade. Não é aceita em nosso sistema 
jurídico, mas tem alguns precedentes aceitos pela doutrina. Um resultado, só pode ser 
imputado ao agente quando: 
Notas de aulas - Direito Penal 1 
 
André Teles Página 22 
 
a) Conduta cria ou incrementa um risco não permitido – o risco é proibido ou 
permitido? Exemplo: Jovem que morreu na piscina em uma festa, estava bêbado. Dar 
uma festa a maiores de idade servindo bebida alcoólica é um risco permitido, assim não 
há nexo de causalidade. 
b) O risco se realiza no resultado concreto; 
c) o resultado se encontra dentro do alcance do tipo. 
Neste exemplo há os dois últimos,mas não o primeiro: “A” desejando matar “B” 
presenteia-o com um pacote turístico a uma localidade com alto índice de violência, 
inclusive de homicídio, esperando que “B” seja uma das vítimas. “B” viaja e vem a 
realmente ser vítima de um homicídio. Para a teoria da imputação objetiva, não haverá 
responsabilidade, pois o risco criado foi permitido. Para a teoria da equivalência dos 
antecedentes causais “A” deu causa ao resultado, pois atuou com dolo.

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