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94 Revista Racine 109 - Março/Abril de 2009 Farmácia Clínica / Atenção Farmacêutica Atenção Farmacêutica como Construção da Realidade Djenane Ramalho de Oliveira Revista Racine 109 - Março/Abril de 2009 95 Anúncio á 18 anos se fala sobre atenção farmacêutica. Mas, afinal, o que é atenção farmacêutica? Por que nomeamos nossos congressos, cursos, gru- pos de pesquisa e até mesmo nossas práticas cotidianas de atenção farmacêutica? O que estamos tentando afirmar, confirmar ou transformar quando infligimos tanta ênfase, ou valor, ao termo atenção farmacêutica? Gostaria de fazer uma reflexão a respeito dos signifi- cados da atenção farmacêutica, sob a perspectiva de quem vem tentando desvendá-los durante os últimos 12 anos. Entretanto, é imperativo lembrar que quando falamos de significados nos referimos a construções humanas, ou atribuições de sentidos decorrentes de subjetividades, intersubjetividades, interesses, valores e desejos. Em outras palavras, esses sentidos são diversos, dependendo de quem os constrói. Para alguns grupos que representam a profissão ao redor do globo, como vários conselhos e associações, e para inúmeros indivíduos isoladamente, a atenção far- macêutica representa uma tentativa de criar uma nova identidade para o profissional farmacêutico. O farma- H cêutico que cuida do paciente, ao invés do farmacêutico que vende medicamentos. É importante destacar que o status profissional do farmacêutico vem diminuindo consideravelmente desde o processo de industrialização, na segunda metade do século XX, devido à rápida expan- são da indústria farmacêutica, e a busca por uma nova identidade para esse profissional tem sido um movimento constante da farmácia em todo o mundo 1-3. Como se sabe, a indústria rompeu de forma abrupta o monopólio de conhecimento do farmacêutico, que na era pré-industrial mantinha controle sob a produção, o controle de qualidade e a monitorização do uso de medicamentos (para uma discussão aprofundada, ver Barros, Ramalho-de Oliveira & Carvalho, 2009). En- tretanto, como apontam esses autores, apesar da perda de monopólio de conhecimentos, que é legitimador do exercício profissional, “a Farmácia foi incapaz de uma reconfiguração em torno de outro objeto, fundamentando uma nova profissão”. Ao invés de reinventar a profissão, a fim de atender demandas sociais específicas, o farma- cêutico afastou-se das farmácias brasileiras e se desviou para a prática de atividades não privativas da atuação do Farmácia Clínica / Atenção Farmacêutica apolicastro Rectangle 96 Revista Racine 109 - Março/Abril de 2009 profissional, como a bromatologia, as análises clínicas e a cosmetologia. Depois disso, veio a farmácia hospitalar, a farmácia clínica e, em meio a todas essas “atividades”, o farmacêutico ainda tem a opção de trabalhar na dis- pensação de medicamentos em farmácias e drogarias, a única atividade privativa da atuação do profissional na atualidade. Apesar de todas essas possibilidades de atividades, o farmacêutico continua sem reconhecimento social. O que todas essas atividades têm em comum? Por que nenhuma delas conseguiu transformar positivamente a identidade do profissional farmacêutico, pretendida por seus representantes? Exatamente porque todas elas são atividades, ao invés de práticas profissionais. Apesar de terem um papel benéfico inquestionável no sistema de saúde, essas atividades não preenchem os requisitos de uma profissão sanitária ou prática profissional, como ficará claro mais adiante. Em 1990 surgiu a atenção farmacêutica, inicialmente apresentada como uma filosofia de prática profissional 4 e posteriormente definida como uma prática profissional, com todos os seus componentes: filosofia de prática, pro- cesso de cuidado do paciente e sistema de gerenciamento da prática 5. Isso representou mais uma novidade para o menu de atividades do farmacêutico e iniciou-se, então, uma nova etapa na corrida da farmácia pela redefinição da identidade desse profissional. Compreendo que os órgãos representantes da profissão e os farmacêuticos, de forma geral, viram na atenção farmacêutica mais uma possibilidade de dar uma nova cara ao farmacêutico, transformando-o em um cuidador, em um profissional que se interessa pelas pessoas e que se compromete a cuidar de outro ser humano. Estou certa de que os leitores desse ensaio concordam que o paciente representa o coração da atenção farmacêutica, uma vez que este aspecto da filosofia da prática já se tornou parte do senso comum no mundo farmacêutico. Entretanto, com uma vontade explícita de aprofundar um pouco essa discussão e, quem sabe, provocar o início de um diálogo construtivo, a re- alidade mostra que, ao invés de transformar o papel do farmacêutico, a atenção farmacêutica tem representado mais uma das possíveis “atividades” do farmacêutico. Assim, além da venda de medicamentos, do controle de estoque, da dispensação farmacêutica, da farmácia clínica, Farmácia Clínica / Atenção Farmacêutica Revista Racine 109 - Março/Abril de 2009 97 Anúncio da farmácia hospitalar e do aconselhamento ao paciente, o farmacêutico também tem a opção de fazer atenção farmacêutica. Sua atividade principal continua sendo a dispensação, ou a entrega de medicamentos em farmácias, e a atenção farmacêutica, ou “pedaços isolados” dessa prática, é colocada em prática quando o farmacêutico tem vontade, tempo e, é claro, quando o proprietário da farmácia permite. Ou, também é bastante comum, o farmacêutico simplesmente modifica o nome do que vem fazendo há anos - por exemplo, orientando ou educando os seus clientes na farmácia comunitária, realizando aferição de pressão arterial ou sugerindo ao médico uma alteração na dose de um antimicrobiano no hospital - para atenção farmacêutica. Esse é um dos significados des- vendados sobre a prática da atenção farmacêutica: mais uma “atividade” que o farmacêutico pode exercitar e que tem o potencial de defini-lo como profissional cuidador. Entretanto, é importante lembrar que várias tentativas de apresentar as atividades do farmacêutico como se fossem uma verdadeira prática profissional já foram colocadas em prática, mas o farmacêutico continua exercendo um papel inexpressivo dentro do sistema de saúde. Voltando às possibilidades de atribuição de sentidos à prática da atenção farmacêutica, gostaria de ingressar em outro caminho, o caminho que nos conduz à aten- ção farmacêutica como profissão farmacêutica e não como uma das múltiplas possibilidades de atividades do farmacêutico. Em outras palavras, dependendo do olhar, dos valores e dos desejos, se é capaz de enxergar a atenção farmacêutica como uma prática profissional que nasceu para atender necessidades reais e específicas da sociedade. Afinal, não é por isso que existem as pro- fissões? Além disso, diferentemente de todas as outras atividades atualmente exercidas por farmacêuticos, a atenção farmacêutica apresenta todos os requisitos de uma profissão: 1) é capaz de atender a uma demanda social que nenhum outro profissional atualmente assume como sua responsabilidade - atender a todas as necessidades do paciente em relação à sua farmacoterapia; 2) propõe uma filosofia profissional que pode ser incorporada por todos os membros da profissão, independente do espaço físico onde atuam; 3) apresenta um método sistemático e racional de tomada de decisão sobre medicamentos e um processo de cuidado do paciente que pode ser Farmácia Clínica / Atenção Farmacêutica apolicastro Rectangle 98 Revista Racine 109 - Março/Abril de 2009 Anúncio utilizado com todo e qualquer paciente, em qualquer problema de saúde e utilizando qualquer medicamento; 4) determina que todas as decisões e intervenções do profissional devem ser documentadas, a fimde facilitar o controle de qualidade do exercício profissional e de garantir a continuidade do cuidado, uma vez que outros profissionais podem ter acesso às decisões tomadas; 5) indica um sistema de gerenciamento da prática, já que o oferecimento de um serviço para o paciente requer a implementação de aspectos logísticos e gerenciais muito diferentes daqueles usualmente utilizados na atividade de dispensação farmacêutica 5-7. Tenho convicção de que a rede de significados que fundamenta a atenção farmacêutica enquanto profissão, redefinindo o farmacêutico como um profissional compe- tente para oferecer um serviço indispensável ao usuário de medicamento, revela-se muito mais robusta do que aquela que define esta prática como uma atividade que pode ou não ser exercida de acordo com a vontade do profissional farmacêutico. Neste momento é importante descrever algumas teias que sustentam essa rede de sig- nificados. Em primeiro lugar, como dissemos, todas as tentativas de modificar a cara da profissão se mostraram ineficazes. O farmacêutico de forma geral é um profissio- nal invisível na sociedade. Podemos oferecer uma série de explicações para isso, porém, a mais adequada para o diálogo que por hora tento incitar se deve ao fato de que o farmacêutico não possui uma prática profissional definida, que é aceita pelos membros da profissão, que é ensinada nas faculdades de farmácia e que é implemen- tada em todos os cenários de prática do farmacêutico. Usualmente o lugar de prática do farmacêutico determina a atividade que ele ou ela exerce. Sua prática é uma na drogaria, outra no ambulatório e ainda outra no hospital. Não há uma sistematização ou padronização da prática farmacêutica, o que é diferente de qualquer outra profissão na sociedade. Na medicina, por exemplo, existe apenas uma prática médica, adotada por todos os médicos, qual- quer que seja o país de origem, que é ensinada em todas as faculdades de medicina. Isso permite a comunicação entre os membros da profissão e o reconhecimento da so- ciedade, fazendo com que pacientes e outros profissionais da saúde tenham uma expectativa específica sobre quais atividades esse profissional exerce. Essa padronização da prática profissional é resultado da aplicação de corpos de Farmácia Clínica / Atenção Farmacêutica apolicastro Rectangle 100 Revista Racine 109 - Março/Abril de 2009 conhecimento específicos a fim de solucionar problemas específicos. Ou seja, as profissões são reconhe- cidas enquanto profissões porque são capazes de resolver problemas que outros grupos não conseguem resolver. O que está subentendido aqui é que deve estar absolutamente claro, para os membros de uma pro- fissão, qual problema eles solucio- narão na sociedade. Infelizmente, com relação à atenção à saúde ou ao cuidado direto de pacientes, a farmácia ainda não definiu qual é a sua inserção na sociedade, ou quais problemas resolverá. Daí surge a invisibilidade da farmácia enquanto profissão. Encontramos diferentes farmacêuticos oferecen- do diferentes serviços e faculdades de farmácia ensinando diferentes “atividades” ao invés de uma prática profissional específica. Este quadro é nebuloso e confunde outros profis- sionais da saúde e a população em geral. Precisamos de uma prática profissional farmacêutica que tenha uma filosofia compreendida e aceita por todos os membros da profissão, que seja ensinada nas faculdades de farmácia e seja oferecida a todos os pacientes, com qualquer problema de saúde e utilizando qualquer me- dicamento, em qualquer cenário de prática profissional. Isso é o que se chama de prática generalista. O farmacêutico generalista conhece as suas responsabilidades e quais pro- blemas deve solucionar e oferece o mesmo serviço a qualquer paciente, em qualquer lugar. Atualmente, a atenção farmacêutica é a única prática farmacêutica que pode ser definida como generalista, que defi- ne claramente as responsabilidades do farmacêutico e que oferece um processo de cuidado ao paciente lógico e consistente, que pode ser aplicado em qualquer cenário de prática para resolver problemas específicos. Em segundo lugar, pode-se afir- mar que existem várias experiências, tanto no Brasil 8-13 quanto em outros lugares do mundo 6, 7, 14-19, que mos- tram o impacto positivo da atenção farmacêutica na vida dos pacientes, do ponto de vista clínico, econômico e humanístico. Portanto, a atenção farmacêutica é uma prática profissio- nal generalista que produz resultados positivos na saúde das pessoas. Em terceiro lugar, a filosofia da prática da atenção farmacêutica representa a única filosofia de prá- tica já proposta dentro da profissão de farmácia desde os tempos do boticário. Não existe profissão sem filosofia! E a filosofia de uma profis- são é o coração e o sustentáculo de uma prática profissional. Ela define os valores e responsabilidades. Um profissional não é capaz de tomar boas decisões sem uma filosofia de prática. A filosofia da atenção far- macêutica define qual necessidade social o profissional deve atender quando determina a responsabilidade do farmacêutico: atender a todas as necessidades farmacoterapêuticas do paciente por meio da identifica- ção, da prevenção e da resolução de problemas relacionados ao uso de medicamentos. O farmacêutico da atenção farmacêutica deve assumir responsabilidade pelos resultados produzidos pela farmacoterapia dos seus pacientes e responder por esse compromisso. Neste momento, é oportuno fazer exatamente a mesma pergunta que fiz em um ensaio ante- rior 20: “Teríamos aceito uma nova missão profissional sem uma reflexão adequada e responsável sobre as con- seqüências de tal decisão?”. A filosofia também determina a forma de trabalho do farmacêutico: o farmacêutico deve cuidar de forma holística e centrada no paciente. A atenção farmacêutica é diferente de outras atividades do farmacêutico porque ela muda o foco do farma- cêutico para o paciente. Essa é uma mudança radical que transforma os alicerces mais básicos da profissão de farmácia. Uma prática centrada no paciente requer uma série de conhecimentos e habilidades que o farmacêutico tradicional não possui e que as escolas de farmácia tradi- cionais não ensinam 7-9, 21. Quando se fala de prática centrada no paciente, Farmácia Clínica / Atenção Farmacêutica Revista Racine 109 - Março/Abril de 2009 101 Anúncio não se refere apenas ao trabalho junto ao paciente, face-a-face, mas ao fato de colocar as necessidades, as preocupações e os desejos do paciente antes dos nossos. Refere-se também à necessidade de compreensão da experiência subjetiva do paciente com os seus medica- mentos, a fim de que as decisões sejam contextualizadas na realidade singular de cada indivíduo 7, 22. O holismo na atenção farmacêutica se refere ao cuidado do pacien- te como um todo, sem fragmentá-lo. O farmacêutico avalia todos os problemas de saúde do paciente e todos os medicamentos utilizados. Na atenção farmacêutica é inadmissível selecionar um medicamento ou um problema de saúde e ignorar os outros problemas do paciente. A resolução dos problemas deve ser priorizada de acordo com o risco para o paciente, levando também em consideração o desejo do mesmo. Por conseguinte, a prática da atenção farmacêutica apresenta uma filosofia rica e consistente, capaz de reger as atitudes e decisões do farmacêutico no seu trabalho com qualquer paciente e em qualquer local. Em quarto lugar, a atenção farmacêutica propõe o primeiro método racional de tomada de decisões sobre medicamentos e um processo de cuidado do paciente com todas as etapas que compõem outras práticas profissionais na área de saúde. O processo de cuida- do do paciente - avaliação inicial, plano de cuidadoe avaliação de resultados - é utilizado por todos os profissionais da saúde, com exceção do farmacêutico tradicional. Esse processo não foi criado especifica- mente para a atenção farmacêutica. Pelo contrário, o processo de cuidado do paciente utiliza as mesmas definições e o mesmo vocabulário utilizado por qual- quer profissional da saúde. Isso permite a comunicação entre o farmacêutico e outros profissionais, uma vez que se espera que o farmacêutico trabalhe conjunta- mente com os outros membros da equipe de saúde. O que separa e diferencia os diferentes membros da equipe é o problema que cada um deles assume como compromisso para solucionar. Espera-se que todo pro- fissional da saúde cuide de seus pacientes, utilizando um processo lógico de tomada de decisão. Além disso, não é possível cuidar realmente de um paciente se não o acompanhamos para avaliar os resultados das decisões tomadas. O acompanhamento do paciente está implícito na definição de cuidado. Farmácia Clínica / Atenção Farmacêutica apolicastro Rectangle 102 Revista Racine 109 - Março/Abril de 2009 Farmácia Clínica / Atenção Farmacêutica Djenane Ramalho de Oliveira é graduada em farmácia e mestre em ciências biológicas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e doutora em social and administrative pharmacy pela University of Minnesota, nos Estados Unidos da América (EUA). Atualmente é professora adjunto da faculdade de farmácia da UFMG e gerente de produtos - Medication Therapy Management Program da Fairview Pharmacy Services, em Minneapolis, EUA. Referências Bibliográficas 1. Manasse H, Stewart J, Hall R. 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Portanto, considerando o que foi elucidado nos meandros deste texto sobre o caráter distintivo da atenção farmacêutica enquanto prática profissional, sinto-me à vontade para afirmar que a trans- formação das idéias e aspirações, embutidas nessa prática, em rea- lidade - quero dizer, na realidade cotidiana do farmacêutico - deve ser encarada como a opção mais ética disponível para a profissão de farmácia. Entendo que já pos- suímos um grau de compreensão da realidade, tanto da farmácia, enquanto quasi-profissão, quan- to da problemática associada ao uso de medicamentos na socie- dade, que não nos permite mais maquiar nossas atividades, nem fantasiar que estamos cuidando de pacientes, tampouco dissimu- lar que assumimos responsabili- dade pelos resultados da farma- coterapia de nossos pacientes. É tempo de mudança! Concluo esse ensaio afirmando que acredito nas construções hu- manas de significados. Acredito também na beleza da diversidade de sentidos que nós humanos somos capazes de criar. Porém, precisamos ser críticos e respon- sáveis quando fazemos nossas es- colhas. Como seres que constroem e reconstroem a realidade, temos a responsabilidade de questionar nossas ações, pressuposições e crenças mais profundas. Também devemos nos perguntar qual é ou qual será a nossa contribuição na criação ou na transformação da realidade. A farmácia que vemos e vivenciamos hoje é uma construção nossa. Que farmácia construiremos no futuro? “O homem é capaz de esquecer- se da sua própria autoria na construção do mundo humano 23”.
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