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DA SUCESSÃO EM GERAL 1. CONCEITO DE SUCESSÃO ❑ A palavra sucessão, em sentido amplo, significa o ato pelo qual uma pessoa assume o lugar de outra, substituindo-a na titularidade de determinados bens (numa compra e venda, p. ex., o comprador sucede ao vendedor). Ocorre, nesse caso, a sucessão inter vivos. ❑ No direito das sucessões, o mesmo vocábulo é empregado, em sentido estrito, para designar tão somente a sucessão decorrente da morte de alguém, ou seja, a sucessão causa mortis. 2. DIREITO DAS SUCESSÕES ❑ O referido ramo do direito disciplina a transmissão do patrimônio (o ativo e o passivo) do autor da herança (de cujus) a seus sucessores. ❑ Expressão latina "de cujus sucessione", que significa “aquele de cuja sucessão (ou herança) se trata”. 3. ABERTURA DA SUCESSÃO E PRINCÍPIO DA SAISINE - ART. 1.784, CC: ❑ A abertura da sucessão ocorre no mesmo instante da morte do autor da herança, transmitindo-se automaticamente a herança aos seus herdeiros legítimos e testamentários. ❑ Nisso consiste o princípio da saisine, segundo o qual, o próprio morto transmite ao sucessor o domínio e a posse da herança. 3.1 Efeitos do princípio da saisine: → A lei vigente ao tempo da abertura da sucessão regula a sucessão e a legitimação para suceder (Art. 1.787, CC). → O sucessor universal continua, de direito, a posse do seu antecessor, com os mesmos caracteres (Art. 1.206, CC). → O herdeiro que sobrevive ao autor da herança, ainda que por um instante, herda os bens deixados e os transmite aos seus sucessores, se falecer em seguida. → Abre-se a sucessão no lugar do último domicílio do falecido, que é o foro competente para o processamento do inventário (Art. 1.785, CC). 4. ESPÉCIES DE SUCESSÃO - ART. 1.786, CC: ❑ SUCESSÃO LEGÍTIMA: → Decorre da lei. → Morrendo a pessoa sem deixar testamento, ou se este caducar ou for julgado nulo, transmite- se a herança a seus herdeiros legítimos (Art. 1.788, CC). → Ordem preferencial indicada pela lei (Art. 1.829, CC). → A sucessão poderá ser simultaneamente legítima e testamentária, quando o testamento não compreender todos os bens do autor da herança (Art. 1.788, 2ª parte, CC). ❑ SUCESSÃO TESTAMENTÁRIA: → Decorre de disposição de última vontade: testamento ou codicilo. → Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança (Art. 1.789, CC), pois a outra metade constitui a legítima (Art. 1.846, CC). → Não havendo herdeiros necessários, plena será a sua liberdade de testar, podendo afastar da sucessão os colaterais (Art. 1.850, CC). ❑ SUCESSÃO CONTRATUAL: → Não é admitida pelo nosso ordenamento, que proíbe os pactos sucessórios, não podendo a herança de pessoa viva ser objeto contratual (Art. 426, CC). → Entretanto, podem os pais, por atos entre vivos, partilhar o seu patrimônio entre os descendentes – Partilha em vida (Art. 2.018, CC). 5. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AOS EFEITOS DA SUCESSÃO: ❑ A TÍTULO UNIVERSAL: → Quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade da herança, fração ou quota parte dela. → Pode ocorrer tanto na sucessão legítima como na testamentária. ❑ A TÍTULO SINGULAR: → Quando o testador deixa um bem certo e determinado ao beneficiário. → Legatário sucede ao falecido a título singular, tomando o seu lugar em coisa individualizada. ❖ Herdeiro sucede a título universal. ❖ Legatário sucede a título singular. ❖ A sucessão legítima é sempre a título universal. ❖ A testamentária pode ser a título universal ou a título singular, dependendo da vontade do testador. 6. ESPÉCIES DE HERDEIROS: ❑ LEGÍTIMO: → É o indicado pela lei, em ordem preferencial (Art. 1.829, CC). ➢ TESTAMENTÁRIO OU INSTITUÍDO: → É o beneficiado pelo testador no ato de última vontade com uma parte ideal do acervo, sem individuação de bens. → Obs.: a pessoa contemplada com coisa certa não é herdeira, mas legatário. ❑ NECESSÁRIO, LEGITIMÁRIO OU RESERVATÁRIO: → É o descendente ou ascendente sucessível, cônjuge ou companheiro(?) (Art. 1.845, CC). 7. A SUCESSÃO DO COMPANHEIRO ❑ Em maio de 2017, o Supremo Tribunal Federal decidiu, por maioria, que deve haver uma equiparação sucessória entre o casamento e a união estável, reconhecendo a inconstitucionalidade do art. 1.790 do Código Civil (STF, Recurso Extraordinário 878.694/MG, Rel. Min. Luís Roberto Barroso, j. 10.05.2017). ❑ Tese fixada: “No sistema constitucional vigente, é inconstitucional a distinção de regimes sucessórios entre cônjuges e companheiros, devendo ser aplicado, em ambos os casos, o regime estabelecido no art. 1.829 do CC/2002”.