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GRUPO DE ESTUDOS E PESQUISAS AGRÁRIAS
GEORREFERENCIADAS
UNIVERSIDADE ESTATUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRONÔMICAS
CARTOGRAFIA
Profa. Célia Regina Lopes Zimback
Botucatu
Junho - 2003
Apostila de Cartografia
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ÍÍNNDDIICCEE
PPáággiinnaa
11.. CCAARRTTOOGGRRAAFFIIAA............................................................................................................................................................................................................................ 0044
11..11.. AA CCiiêênncciiaa ccaarrttooggrrááffiiccaa............................................................................................................................................................................................ 0044
11..22.. HHiissttóórriiccoo ddooss mmaappaass.................................................................................................................................................................................................... 0044
11..33.. CCoonncceeiittooss BBáássiiccooss.......................................................................................................................................................................................................... 0055
11..33..11.. MMaappaass ee CCaarrttaass................................................................................................................................................................................................ 0055
11..33..22.. NNoorrttee................................................................................................................................................................................................................................ 0055
11..33..33.. AAzziimmuuttee ee RRuummoo.......................................................................................................................................................................................... 0077
11..33..44.. EEssccaallaa............................................................................................................................................................................................................................ 0088
22.. AA RREEPPRREESSEENNTTAAÇÇÃÃOO CCAARRTTOOGGRRÁÁFFIICCAA.......................................................................................................................................... 0088
22..11.. FFoorrmmaass ddee rreepprreesseennttaaççããoo ddaa TTeerrrraa.......................................................................................................................................................... 0088
22..22.. PPrroojjeeççããoo ccaarrttooggrrááffiiccaa.................................................................................................................................................................................................. 0099
22..33.. SSiisstteemmaass ddee ccoooorrddeennaaddaass...................................................................................................................................................................................... 1111
22..33..11.. CCoooorrddeennaaddaass GGeeooggrrááffiiccaass.............................................................................................................................................................. 1111
22..33..22.. SSiisstteemmaa UUnniivveerrssaall TTrraannssvveerrssaall ddee MMeerrccaattoorr –– UUTTMM............................................................................ 1122
22..44.. DDaattuumm................................................................................................................................................................................................................................................ 1166
33.. NNOOMMEENNCCLLAATTUURRAA DDEE RREEFFEERRÊÊNNCCIIAA DDAASS CCAARRTTAASS DDOO BBRRAASSIILL.................................................. 1177
33..11.. CCaarrttaass ddoo BBrraassiill aaoo MMiilliioonnééssiimmoo.............................................................................................................................................................. 1177
33..22.. DDeessddoobbrraammeennttoo ddaass ffoollhhaass................................................................................................................................................................................ 1177
44.. CCAARRTTOOGGRRAAFFIIAA TTEEMMÁÁTTIICCAA................................................................................................................................................................................ 2200
55.. RREEFFEERRÊÊNNCCIIAASS BBIIBBLLIIOOGGRRÁÁFFIICCAASS.......................................................................................................................................................... 2211
66.. VVOOCCÊÊ SSAABBIIAA??.................................................................................................................................................................................................................................. 2211
Apostila de Cartografia
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OO oobbjjeettiivvoo pprriimmeeiirroo ddeessssaa ccoommppiillaaççããoo ddee tteexxttooss ssoobbrree ccaarrttooggrraaffiiaa éé oo aauuxxíílliioo ddee
pprrooffiissssiioonnaaiiss ddaa áárreeaa ddee rreeccuurrssooss nnaattuurraaiiss eennvvoollvviiddooss ccoomm ccoonncceeiittooss ee ddeeffiinniiççõõeess ddee
ccaarrttooggrraaffiiaa,, ppaarrttee ddaa cciiêênncciiaa ddaa tteerrrraa,, mmuuiittoo úúttiill nnoo ggeeoopprroocceessssaammeennttoo..
QQuueemm mmee ddeerraa tteerr aa ffaaccuullddaaddee ddee ccoonnttaarr uummaa hhiissttóórriiaa ccoommoo oo ffaazz uumm mmaappaa.. OOss mmaappaass
ssããoo aa nnoossssaa lliitteerraattuurraa mmaaiiss aannttiiggaa,, aanntteerriioorr aaiinnddaa aaooss lliivvrrooss.. AAppoossttoo qquuee ffooii ccoomm uumm
mmaappaa qquuee ooss sseerreess hhuummaannooss ccoommuunniiccaarraamm--ssee eennttrree ssii ppeellaa pprriimmeeiirraa vveezz...... ((MMoorrggaann,, 11996688,,
cciittaaddoo ppoorr DDuuaarrttee,, 11999944))..
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11.. CCAARRTTOOGGRRAAFFIIAA
1.1. A CIÊNCIA CARTOGRÁFICA
Método científico que se destina a representar fatos e fenômenos observados na
superfície da terra através de simbologia própria.
A cartografia pode ser definida também como um conjunto de estudos e operações
científicas, artísticas e técnicas, baseado nos resultados de observações diretas ou de análise
de documentação, com vistas ã elaboração e preparação de cartas, mapas planos e outras
formas de expressão, bem com sua utilização.
1.2. HISTÓRIA DO MAPA
A origem da palavra mapa, provavelmente, originou-se da palavra cartaginesa
“mappa” que significa “toalha de mesa”. Os comerciantes da época desenhavam rotas e
caminhos nas toalhas das enquanto conversavam.
A história dos mapas funde-se com a própria história da humanidade:
- O mapa é produto natural de cada povo;
- anterior à escrita (babilônios, egípcios, maias, esquimós, astecas, chineses, etc.) - 4500 a
2500 AC;
- Anaximandro de Mileto – primeiros mapas da Europa – 611 a 547A.C.
- Eratóstenes de Cirene – calculou o perímetro da Terra –276 a 196 A. C.
- Cláudio Ptolomeu escreveu sobre projeções e elaborou um mapa-múndi - 90 a 168 DC;
- árabes tiveram grande influência a partir do séc XII, destaque para AL-IDRISI que elaborou
Atlas e livro sobre viagens (“Livro sobre agradável excursão para quem deseja percorrer o
mundo”) e foi usado como base para os grandes navegadores, no séc. XV;
- Idade Média - retrocesso- mapas circulares Orbis Terrarum;
- grande avanço com as viagens de exploração das novas terras e aparecimento de
especialistas em confeccionarmapas - 1400 a 1500;
- Cartógrafo Gerhard Mercator - primeiro Atlas, reformulou todas as teorias e criou a projeção
cartográfica com meridianos retos e eqüidistantes dos pólos, usada até hoje - 1512 a 1594;
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- Brasil 1o. Mapa da cidade do Rio de Janeiro – 1812.
1.3. CONCEITOS BÁSICOS
Alguns conceitos básicos são necessários para o bom entendimento das cartas e mapas
utilizados em geoprocessamento.
1.3.1. CARTA E MAPAS
No Brasil, a ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas - define:
Mapa – representação gráfica, em geral uma superfície plana e em uma escala
determinada, com representação de acidentes físicos e culturais da superfície da Terra, ou de
um planeta ou satélite.
Carta – representação dos aspectos naturais e artificiais da Terra, destinada a fins
práticos da atividade humana, permitindo a avaliação precisa das distâncias, direções e a
localização plana, geralmente em média ou grande escala, de uma superfície terrestre,
subdivididas em folhas, de forma sistemática, obedecendo a um plano nacional ou
internacional.
Tipos de mapas/cartas quanto ao objetivo:
- mapa genérico ou geral – ex. mapa político;
- mapa especial ou técnico – ex. mapa meteorológico;
- mapa temático – mapa de solos;
- mapa imagem – mapa+imagem.
1.3.2. NORTE
Tipos de norte (Figura 1):
- norte geográfico ou verdadeiro
- norte magnético;
- norte da quadrícula.
Norte Geográfico: é aquele indicado por qualquer meridiano geográfico, ou seja na
direção da rotação da Terra.
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Norte magnético: é a direção do pólo magnético e indicado pela agulha imantada
de uma bússola.
Norte da Quadrícula: é aquele representado nas cartas topográficas, no sentido norte-
sul.
O ângulo formado entre o Norte Geográfico e o Magnético (Figura 2), expresso em
graus, denomina-se de declinação magnética (δ). As cartas devem conter qual a variação da
declinação por ano. Multiplica-se a diferença em anos da data atual e a data da carta pela
declinação anual. A variação anual em Botucatu é de 9´. Ao valor apontado pela bússola
deve-se acrescentar o produto da multiplicação.
Convergência Meridiana (γ) é a diferença angular entre o Norte Geográfico e o Norte
da Quadricula. Como as quadrículas das cartas são planas, apenas no meridiano central de
cada quadrícula, o Norte Geográfico coincide com o Norte da Quadrícula.
Figura 1. Representação dos tipos de Norte (Fonte:Santos,1989).
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Figura 2. Declinação magnética e meridiana (Fonte: Fitz, 2000).
1.3.3. AZIMUTE E RUMO
Azimute de um alinhamento é o ângulo formado no sentido horário, entre a linha
Norte-Sul e um alinhamento qualquer, com variação entre 00 e 3600.
Rumo de um alinhamento é o menor ângulo formado entre a linha Norte-Sul e um
alinhamento qualquer, com variação de 00 a 900, devendo ser indicado o quadrante.
Na Figura 3 estão expostos azimutes e rumos nos quatro quadrantes.
Figura 3. Representação dos rumos e azimutes nos quatro quadrantes (Fonte: Fitz, 2000).
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1.3.4. ESCALA
É a relação entre as dimensões dos elementos representados em um mapa, foto ou
imagem e a grandeza correspondente, medida sobre a superfície da Terra.
A escala é uma informação obrigatória para qualquer mapa ou carta e pode ser
numérica, gráfica e nominal.
A Escala Numérica é representada por uma fração onde o numerador é sempre a
unidade, designando a distância medida no mapa e o denominador representando a distância
medida correspondente no terreno. Ex. 1:50 000 ou 1/50 000, onde 1 unidade de mapa
representa 50 000 unidades de terreno.
Escala Gráfica é representada por uma linha ou barra graduada contendo subdivisões,
denominada talões. O talão, preferencialmente, deve ser expresso por um valor inteiro. A
escala gráfica consta de duas partes: a principal, desenhada do zero para a direita e a
fracionária, do zero para a esquerda, que consta de subdivisões de dez partes (Figura 4).
Figura 4. Escala gráfica (Fonte: Fitz, 2000).
A Escala Nominal ou Equivalente é representada por extenso, como por exemplo,
1cm=10km (1cm de mapa representa 10km de terreno).
A escala gráfica é a mais prática por que, além de poder ser utilizada como uma régua,
nas ampliações ou reduções dos mapas, a escala também será ampliada ou reduzida.
2. A REPRESENTAÇÃO CARTOGRÁFICA
2.1. FORMAS DE REPRESENTAÇÃO DA SUPERFÍCIE DA TERRA
A forma da Terra comumente utilizada nos meios acadêmica é o geóide, a figura que
mais se aproxima da verdadeira forma terrestre. Geóide seria uma figura onde, em todos os
pontos da superfície terrestre, a direção da gravidade é exatamente perpendicular a superfície
determinada pelo nível médio e inalterado dos mares.
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O elipsóide de revolução, uma figura matemática que se aproxima bastante da
forma do geóide, é a superfície mais utilizada pela ciência geodésica para a realização dos
levantamentos, representada na Figura 5 (Fitz, 2000).
Superfície terrestre (geóide) → superfície plana → distorção.
A projeção correta é aquela que possuir a mínima distorção.
Para que uma representação cartográfica mostre o mais próximo a realidade é
necessária que dois fatores sejam considerados:
- a escala;
- o sistema de coordenadas e a projeção cartográfica.
Figura 5. Formas de representação da terra (Fonte: Fitz, 2000).
2.2. PROJEÇÕES CARTOGRÁFICAS
Quanto ao tipo de superfície de projeção, estas podem ser: planas, cônicas, cilíndricas,
etc. (Figura 6).
Quanto a posição da superfície de projeção, podem ser: equatorial, polar, transversa,
oblíqua.
A Projeção Cilíndrica Isógena é a projeção dos elementos feita a partir de um mesmo
ponto. É uma projeção cilíndrica e proposta por Gerhard Kremer Mercator, considerado o pai
da cartografia moderna.
A Projeção Universal de Mercator, projeção proposta por Mercator (Figura 7) foi em
Apostila de Cartografia
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1947, modificada por Gauss e, em 1951, adotada pela Associação Geodésica
Internacional e chamada de Universal Transversal de Mercator - UTM (Figura 8).
Figura 6. Exemplos de sistemas de projeção (Fonte: Fitz, 2000).
Figura 7. Projeção de Mercator (Fonte:
Santos, 1989).
Figura 8. Projeção Universal Transversal de
Mercator (Fonte: Santos, 1989).
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2.3. SISTEMAS DE COORDENADAS
As coordenadas foram proposta para se determinar a localização precisa de pontos na
superfície da Terra.
São utilizados duas linhas imaginárias, o meridiano zero (Greenwich) e o Equador
para dividir o globo em hemisférios: ocidental e oriental; norte e sul.
Meridianos são as linhas que passam pelos pólos e ao redor da Terra. Ficou decidido,
em 1962, que o meridiano que passa pelo Observatório de Greenwich, em Londres, é o
Meridiano Principal (zero). A numeração cresce para oeste e leste até 1800.
Paralelos são linhas paralelas ao Equador, dividindo o globo em círculos cada vez
menores. O Equador possui valor zero, crescendo para norte e sul até o valor 900.
Latitude é a distância angular entre o plano do Equador e o ponto da superfície da
Terra, unido perpendicularmente ao centro do planeta e representado pela letra φ.
Longitude é o ângulo formado entre o ponto considerado e o meridiano zero,
representado pela letra λ.
Pelo entrelaçado dos meridianos e paralelos, pode-se determinar com precisão a
localização de um ponto na superfície da Terra. Esta localização pode ser descrita por dois
sistemas de coordenadas:
- Sistema de Coordenadas Geográficas;
- Sistema Universal Transversal de Mercator - UTM
2.3.1. SISTEMA DE COORDENADAS GEOGRÁFICAS
As coordenadas geográficas localizam, de forma direta, qualquer ponto sobre a
superfície terrestre, sendo necessário apenas o hemisfério:N ou S; E ou W (Figura 9).
Ex. λ ou longitude = 95025’13” WGR e φ ou latitude = 39033’13” N.
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Figura 9. Representação das coordenadas geográficas (Fonte: Santos, 1989).
2.3.2. SISTEMA UNIVERSAL TRANSVERSA DE MERCATOR – UTM
- A terra é representada por um elipsóide de revolução;
- dividido em 60 fusos de 6o de longitude, numeradas de 1 a 60;
- com origem no antimeridiano de Greenwich;
- em sentido anti-horário para observador situado no Pólo Norte (Figura 10);
- (Paralelos – horizontais; Meridianos – verticais);
- os meridianos e paralelos interceptam-se em ângulos retos;
- os pontos possuem propriedade de conformidade (conservam a forma para áreas
não muito extensas);
- os limites são os paralelos 800 S e 840 N;
- não é apropriada para representar os Pólos da Terra onde se deve utilizar a
projeção estereográfica polar.
A determinação das coordenadas UTM obedece as seguintes normas estabelecidas,
expostas na Figura 11:
- para a obtenção da latitude, estabeleceu-se o valor de 10.000.000m para o
Equador;
- os valores crescem no sentido norte e decrescem para sul;
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- para a obtenção da longitude, estabeleceu-se o valor de 500.000m para cada
meridiano central (MC);
- os valores crescem no sentido leste e decrescem no sentido oeste.
Figura 10. Divisão do globo em zonas UTM (Fonte: Santos, 1989).
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Figura 11. Divisão da zona de Mercator em quadrículas (Fonte: Santos, 1989).
Por exemplo, um ponto com coordenadas de 6.682.000m S e 476.000m WGR,
significa que o ponto esta:
- 10.000.000m – 6.682.000m = 3.318.000m do Equador e;
- 500.000m – 476.000m = 24.000m a oeste do MC.
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Figura 12. A nomenclatura que define as zonas UTM.
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2.4. DATUM
 Para caracterizar um datum utiliza-se uma superfície de referência e uma superfície de
nível. Uma superfície de referência (datum horizontal) consiste em cinco valores: a latitude e
longitude de um ponto inicial, o azimute de uma linha que parte deste ponto e duas constantes
necessárias para definir o elipsóide de referência. Assim, forma-se a base para o cálculo dos
levantamentos de controle horizontal no qual considera-se a curvatura da Terra.
A superfície de nível (datum vertical) refere-se às altitudes.
Para a definição do datum escolhe-se um ponto mais ou menos central em relação à
área de abrangência do datum. Para o Brasil, nos mapas mais antigos adota-se o Datum de
Córrego Alegre - MG, e mais recentemente, o Datum SAD 69 (Datum Sul Americano de
1969), porém existem mapas feitos em ambos e até mesmo com Datum locais.
Córrego Alegre - MG
- Latitude: 19o 45' 41.34"S
- Longitude: 48o 06' 07.08"W
SAD 69
- Latitude: 19o 45' 41.6527"S
- Longitude: 48o 06' 04.0639"W
- Azimute de Uberaba: 271o 30' 04.05".
O sistema de referência do GPS é o WGS 84. Como as cartas do território brasileiro
são referenciadas ao SAD 69 (e em alguns casos são referenciadas ao sistema mais antigo –
Córrego Alegre), algumas normas devem ser adotadas para que os resultados obtidos com o
GPS possam ser utilizados para fins de mapeamento, ou outras atividades que necessitem de
informação georreferenciada.
A rede de pontos levantados com GPS terá suas coordenadas referenciadas ao WGS
84, devendo sofrer uma transformação para o SAD 69. Assumindo-se que os dois sistemas
são paralelos e com mesma escala, no Brasil, os parâmetros oficiais de transformação de
WGS 84 para SAD 69 são os seguintes (Monico, 2000):
Para x → WGS 84 + 66,87m = SAD 69;
Para y → WGS 84 + 4,37m = SAD 69;
Para z → WGS 84 + 38,52m = SAD 69.
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3. NOMENCLATURA DE REFERÊNCIA DAS CARTAS DO BRASIL
O sistema de referência (nomenclatura) utilizado para as folhas topográficas e
geográficas é baseado no sistema da Carta do Brasil ao Milionésimo.
3.1. CARTAS DO BRASIL AO MILIONÉSSIMO
A Carta do Brasil ao Milionésimo faz parte da Carta Internacional do Mundo (CIM), na
escala 1/1.000.000, abrangendo, em regra, uma área de 40 em latitude e 60 em longitude.
Cada faixa ou zona de 40 é denominada, a partir do Equador em A, B, C,..., sendo a
calota polar Z. Cada faixa de 60 utiliza a divisão de Mercator, a partir do antimeridiano de
Greenwich, dividindo-se em fusos de 0, 1, 2,..., até 60.
A Carta do Brasil ao Milionésimo é composta de 46 folhas, cuja articulação está
apresentada na Figura 13.
3.2. DESDOBRAMENTO DAS FOLHAS
A folha 1/1.000.000 desdobra-se em outras escalas oficiais. A divisão ocorre da
seguinte maneira:
Folha Original Tamanho No. de folhas
divididas
Escala de cada
Folha
Nomenclatura
1/1.000.000 40 X 60 4 1/500.000 V,X,Y,Z
1/500.000 20 X 30 4 1/250.000 A, B, C, D
1/250.000 10 X 1030’ 6 1/100.000 I, II, III, IV, V, VI
1/100.000 30’X 30’ 4 1/50.000 1, 2, 3, 4
1/50.000 15’ X 15’ 4 1/25.000 NO, NE, SO, SE
1/25.000 7’30”X 7’30” 6 1/10.000 A, B, C, D, E, F
Apostila de Cartografia
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Figura 13. As 46 folhas da Carta do Brasil ao Milionésimo (Fonte: Santos, 1989)
A nomenclatura das cartas está presente, na maior parte das vezes, na parte superior
direita da folha. Como exemplo a carta SF.23-Z-D-VI-4-SE-F significa:
S - Sul VI – 1/100.000
F - faixa F 4 – 1/50.000
23 – fuso 23 SE – 1/25.000
Z – 1/500.000 F – 1/10.000
D – 1/250.000
Apostila de Cartografia
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Figura 14. Divisão das Cartas do Brasil ao Milionésimo (Fonte: Santos, 1989).
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4. CARTOGRAFIA TEMÁTICA
A cartografia topográfica trata de um produto cartográfico de forma geométrica e
descritiva e a cartografia temática apresenta uma solução analítica ou explicativa. De maneira
geral, a cartografia temática preocupa-se com o planejamento, execução e impressão final, ou
plotagem de mapas temáticos.
Mapa temático representa certo número de conjuntos espaciais resultantes da
classificação dos fenômenos que integram o objetivo de estudo de determinado ramo
específico, fruto da divisão do trabalho científico. É um veículo de comunicação.
Tem a função de registrar, tratar e comunicar informação. As características ou
atributos (Z) são resultantes de classificações específicas. X e Y são representados no plano
do papel e Z é o TTEEMMAA ((ssoollooss,, nnuuttrriieenntteess,, eerroossããoo,, eettcc)) ..
Representação Gráfica é a linguagem gráfica, bidimensional, atemporal e com
destinação visual, expressando mediante construção da imagem.
Imagem refere-se a forma de conjunto captada num mínimo de percepção. Tem
dimensão X e Y do papel e representações ou manchas, na dimensão Z.
A representação gráfica pode ser através de mapas, gráficos e redes (organogramas,
dendrogramas, cronogramas e fluxogramas).
Para se obter um bom resultado em um mapa temático, alguns preceitos devem ser
respeitados e, como estes mapas baseiam-se em mapas pré-existentes, deve-se ter um
conhecimento preciso das características da base de origem. O mapa temático não será exato
se o mapa-base também não for exato.
Um mapa temático, assim como qualquer outro tipo de mapa, deve possuir alguns
elementos de fundamental importância para o fácil entendimento do usuário em geral.
O mapa temático deve ser composto:
- Título - realçado, preciso e conciso;
- Legenda - com as convenções utilizadas;
- A base de origem -Mapa-base, dados;
- Norte;
- Escala.
Pode-se, ainda, acrescentar:
- Sistema de projeção utilizado;
- Sistema de Coordenadas.
Apostila de Cartografia
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTRO, J. F. M. Princípios de cartografia sistemática, cartografia temática e sistema
de informação geográfica. Rio Claro, IGC/UNESP, 1996.40p.
DUARTE, P. A. Fundamentos de cartografia. Florianópolis,UFSC, 1994.148p.
FITZ, P. R. Cartografia básica. Canoas-RS, UNILASALLE, 2000. 171p.
MARTINELLI, M. Curso de cartografia temática. São Paulo, Ed. Contexto, 1991. 180p.
MONICO, J. F. G. Posicionamento pelo NAVSTAR-GPS descrição, fundamentos e
aplicações. São Paulo, Ed. UNESP, 2000. 287p.
SANTOS, M. C. S. R. M. Manual de fundamentos cartográficos e diretrizes gerais para
elaboração de mapas geológicos, geomorfológicos e geotécnicos. IPT, São Paulo, 1989. 52p.
6. VOCÊ SABIA?
Foi pensando no titã grego condenado por Zeus a carregar a abóbada celeste nas costas
que Gerhard Kremer, o Mercator, chamou de atlas o conjunto de lâminas cartográficas que fez
editar em 1569. Depois de ler a Geografia de Ptolomeu (séc. II), se dedicou a projetar um
supermapa que abarcasse tudo o que se sabia do mundo, bem mais do que conhecia Ptolomeu.
Amsterdã, o maior ancoradouro da Holanda, era um notável centro de impressão de
mapas e Mercator viria a dar forma cartográfica aos mapas.
Filho de pais pobres (o pai era granjeiro), aproximou-se de um tio acadêmico e, com o
nome latino de Gerardus Mercator Rupelmundanus, graduou-se na Universidade de Lovaine.
Hábil em lidar e construir compassos, réguas e esquadros, Mercator logo se tornou
assistente do grande matemático Gemma Frisius. Nessa época forneceu um conjunto de
mapas terrestres e celestes ao imperador Carlos V, rei da Espanha e de grande parte da
Europa.
Em 1544 foi preso, acusado de simpatizante do protestantismo, retirou-se para
Duisburg, na Alemanha, em 1552, onde levou adiante o que chamou de Projeção de
Mercator (publicada em 1569).
A projeção realizada nada menos que a quadratura do círculo, isto é, transformava a
esfera terrestre num plano retangular. No mapa-múndi, todos os oceanos e continentes se
alinhavam, a partir do Equador, divididos em quadrantes com 24 traçados verticais e 12
paralelos. Hoje parece óbvio: nossos mapas são retangulares. Mas, na época, imagine a
dificuldade de navegar num planeta esférico tendo como guia um mapa plano. Esse erro
Apostila de Cartografia
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crescia nas proximidades dos pólos, pois as distorções são inevitáveis quando se converte
uma esfera em retângulo (no mapa-múndi, a Groelândia parece maior que o Brasil, o que não
é verdade). O cartógrafo morreu em 1594, sem usufruir os lucros do seu trabalho. Jodocus
Hondius adquiriu as lâminas dos herdeiros do autor e publicou 30 edições de entre 1606 a
1640. MERCATOR (Super Interessante, outubro, 2002).

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