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2
	
	
Polícia Militar do Estado de Goiás
CPMG – Tomaz Martins da Cunha
Ano Letivo - 2023
	1º Semestre 
	Atividade de Literatura
	
	
	
	
	
	
	2ª série
	Turma 
	
	Disciplina: Língua Portuguesa
	Professor: 
	Data:
	
	Aluno (a):
	
A prosa no Romantismo brasileiro – o romance urbano * aquele que tem como cenário a cidade grande.
Texto I
É do romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844, o trecho que vamos ler a seguir. O enredo é simples: três estudantes de Medicina – Augusto, Filipe e Leopoldo – passam um feriado na casa da avó de Filipe, numa ilha. Augusto, que se considerava muito inconstante no terreno amoroso, faz uma aposta: se ficasse apaixonado por uma mulher durante mais de quinze dias, escreveria um romance contando a história dessa paixão. Conhece Carolina (a Moreninha), por quem se apaixona. O único obstáculo à união dos dois é uma promessa de fidelidade feita por Augusto a uma menina que conhecera tempos atrás e cujo paradeiro e identidade ignora. No final, ocorre a coincidência que resolve conflito: a tal menina era a própria Moreninha. 
No trecho, selecionado do final do romance, ocorre ao encontro de Augusto com a Moreninha, já apaixonados, mas sem se revelarem um ao outro. A ausência de Augusto na ilha, por um fim de semana, atormentava a jovem.
A Moreninha (Joaquim Manuel de Macedo)
D. Carolina passou uma noite cheia de pena e de cuidados, porém já menos ciumenta e despeitada; a boa avó livrou-a desses tormentos. Na hora do chá, fazendo com habilidade e destreza cair a conversação sobre o estudante amado, dizendo:
     - Aquele interessante moço, Carolina, parece pagar-nos bem a amizade que lhe temos, não entendes assim?...
     - Minha avó...eu não sei.
     - Dize sempre, pensarás acaso de maneira diversa?...
     A menina hesitou um instante e depois respondeu:
     - Se ele pagasse bem, teria vindo domingo.
     - Eis uma injustiça, Carolina. Desde sábado à noite que Augusto está na cama, prostrado por uma enfermidade cruel.
     - Doente?! Exclamou a linda Moreninha, extremamente comovida. Doente?...em perigo?...
- Oh! Pobre moço!... se não fosse isso, teria vindo ver-nos!...
     E, pois, todos os antigos sentimentos de ciúme e temor da inconstância do amante se trocaram por ansiosas inquietações a respeito de sua moléstia.
     No dia seguinte, ao amanhecer, a amorosa menina despertou, e buscando o toucador, há uma semana esquecido, dividiu seus cabelos nas duas costumadas belas tranças, que tanto gostava de fazer ondear pelas espáduas, vestiu o estimado vestido branco e correu para o rochedo.
     - Eu me alinhei, pensava ela, porque enfim... hoje é domingo e talvez... como ontem já pôde chegar à janela, talvez consiga com algum esforço vir ver-me.
     E quando o sol começou a refletir seus raios sobre o liso espelho do mar, ela principiou também a cantar sua balada:
    “Eu tenho quinze anos
     E sou morena e linda”.
     Mas, como por encantamento, no instante mesmo em que ela dizia no seu canto:
     “Lá vem sua piroga
     Cortando leve os mares”
Um lindo batelão apareceu ao longe, voando com asa intumescida para a ilha.
     Com força e comoção desusadas bateu o coração de d. Carolina, que calou-se para empregar no batel que vinha atentas vistas, cheias de amor e de esperanças. Ah! Era o batel suspirado.
Quando o ligeiro barquinho se aproximou suficientemente, a bela Moreninha distinguiu dentro dele Augusto; sentado junto a um respeitável ancião, a quem não pôde conhecer (...).
     (...)
     Augusto, com efeito, saltava nesse momento fora do batel, e depois deu a mão a seu pai para ajudá-lo a desembarcar; d. Carolina, que ainda não mostrava dar fé deles, prosseguiu seu canto até que quando dizia:
     “Quando há de ele correr
     Somente para me ver...”
Sentiu que Augusto corria para ela. Prazer imenso inundava a alma da menina, para que possa ser descrito; como todos preveem, a balada foi nessa estrofe interrompida e d. Carolina, aceitando o braço do estudante, desceu do rochedo e foi cumprimentar o pai dele.
     Ambos os amantes compreenderam o que queria dizer a palidez de seus semblantes e os vestígios de um padecer de oito dias, guardaram silêncio e não tiveram uma palavra para pronunciar; tiveram só olhares para trocar e suspiros a verter. E para que mais?
Prostrado: enfraquecido, abatido.			Espádua: ombro.		Costumado: habitual, costumeiro.
Piroga: embarcação estreita e aberta.		Batelão: canoa pequena.		Intumescido: inflado, inchado.
Padecer: sofrimento.				Padecer: sofrimento.		Verter: transbordar.
Toucador: espécie de cômoda encima por um espelho e que serve a quem se touca ou penteia.
1. Como a avó livrou Carolina do ciúme e despeito?
Contando a ela que Augusto estava doente.
2. Por que a Moreninha, ao contrário da avó, não via reciprocidade na amizade de Augusto com a família?
Porque Augusto tinha deixado de visitá-la no domingo.
3. O toucador de Carolina estivera “há uma semana esquecido”. Este fato revela-nos o sentimento da jovem. Explique.
A moça sentia-se desgostosa enciumada e desrespeitada com a ausência de Augusto.
4. Qual a expectativa de Moreninha ao pentear-se como de costume e vestir-se de branco?
A Moreninha considerava a possibilidade de Augusto voltar a visitá-la.
5. “... vestiu o estimado vestido branco...” O que pode simbolizar a escolha desse vestido?
A pureza da personagem feminina.
6. É comum também, em romances românticos, ocorrerem coincidências que solucionam algum conflito. Que coincidência desse tipo ocorrem no trecho lido?
A Moreninha antecipa a chegada da piroga que conduzia Augusto e o pai, a mesma coincidência repetia-se quando Augusto desce do batel e dirigia-se à moça. 
7. A conversa entre d. Carolina e sua avó sobre o estudante amado pela jovem foi
a) esclarecedora b) desmotivante c) entediante d) animadora
8. “Com força e comoção desusadas bateu o coração de d. Carolina...”, o termo em destaque significa
a) enormes b) constantes c) incomuns d) reais
9. Indique as alternativas corretas:
(A) O romance nasceu no período romântico.
(B) Na Europa, o romance existia desde o século XVIII; com o Romantismo, sofreu grandes alterações.
(C) No Brasil o surgimento do romance coincide com o Romantismo. 
(D) O primeiro romance brasileiro foi A Moreninha.
(E) Os romances de Joaquim Manuel de Macedo incorporam o mal-do-século, o sofrimento profundo pelo amor não realizado, como em Amor de perdição, do português Camilo Castelo Branco.
* O primeiro romance brasileiro foi O filho do pescador, de Teixeira e Sousa, de 1843. Obra de qualidade literária inferior, tem valor apenas histórico.
* Amor de perdição é um romance português que faz parte da segunda fase do romantismo, ou ultrarromantismo.
O Romance Regionalista
Texto II
O trecho seguinte foi extraído do romance Inocência, escrito por Alfredo de Tauney. Inocência tinha sido prometida em casamento, pelo pai, ao sertanejo Manecão; a promessa era tão séria que Manecão já morava na mesma casa onde Inocência vivia com o pai. Um dia a moça ficou doente e seu pai a entregou os cuidados de Cirino, um médico prático - ou seja, aquele que exerce a profissão sem ser diplomado. Inocência apaixona-se por Cirino mas a promessa paterna é o grande obstáculo à realização amorosa dos jovens. No trecho que vamos ler, Manecão fica alguns dias sem ver Inocência. 
Ao encontrá-la, estranha o comportamento da moça. O texto registra esse encontro e o conflito íntimo de Inocência, entre cumprir a promessa do pai e ceder ao amor de Cirino.
Inocência (Visconde de Taunay)
Descrever o abalo que sofreu Inocência ao dar, cara a cara, com Manecão fora impossível. Debuxaram-se-lhe tão vivos na fisionomia o espanto e o terror, que o reparo, não só da parte do noivo, como do próprio pai, habitualmente tão despreocupado, foi repentino.
_ Que tem você? perguntou Pereira apressadamente.
_ Homem, a modos, observou Manecão com tristeza, que meto medo à senhora dona...
Batiam de comoção os queixos da pobrezinha: nervosoestremecimento balanceava-lhe o corpo todo.
A ela se achegou o mineiro e pegou-lhe o braço.
_ Mas você não tem febre?... Que é isso, rapariga de Deus?
Depois, meio risonho e voltando-se para Manecão:
_ Já sei o que é... ficou toda fora de si... vendo o que não contava ver... Vamos, Nocência, deixe-se de tolices.
_ Eu quero, murmurou ela, voltar para o meu quarto.
E encostando-se à parede, com passo vacilante se encaminhou para dentro.
Ficara sombrio o capataz.
De sobrecenho carregado, recostara-se à mesa e fora, com a vista, seguindo aquela a quem já chamava esposa.
Sentou-se defronte dele Pereira com ar de admiração.
_ E que tal? exclamou por fim... Ninguém pode contar com mulheres, iche!
Nada retorquiu o outro.
_Sua filha, indagou ele de repente com voz muito arrastada e parado a cada palavra, viu alguém?
Descorou o mineiro e quase a balbuciar:
_Não... isto é, viu... mas todos os dias... ela vê gente... Por que me pergunta isso?
_Por nada...
_Não; ... explique-se... Você faz assim uma pergunta que me deixa um pouco... anarquizado. Este negócio é muito, muito sério. Dei-lhe palavra de honra que minha filha haverá de ser sua mulher... a cidade já sabe e ... comigo não quero histórias... É o que lhe digo.
 _Está bom, replicou ele, nada de precipitações. Toda a vida fui assim ... Já volto; vou ver onde para o meu cavalo.
E saiu, deixando Pereira entregue a encontradas suposições.
Decorreram dias, sem que os dois tocassem mais no assunto que lhes moía o coração. Ambos, calmos na aparência, viviam comum, visitavam as plantações, comiam juntos, caçavam e só se separavam à hora de dormir, quando o mineiro ia para dentro e Manecão para a sala dos hóspedes.
Inocência não aparecia.
Mal saía do quarto, pretextando recaída de sezões: entretanto, não era o seu corpo o doente, não; a sua alma, sim, essa sofria morte e paixão; e amargas lágrimas, sobretudo à noite, lhe inundavam o rosto.
_Meu Deus, exclamou ela, que será de mim? Nossa senhora da Guia me socorra. Que pode uma infeliz rapariga dos sertões contra tanta desgraça? Eu vivia tão sossegada neste retiro, amparada por meu pai... que agora tanto medo me mete... Deus do céu, piedade, piedade.
E de joelhos, diante de tosco oratório alumiado por esguias velas de cera, orava com fervor, balbuciando as preces que costumava recitar antes de se deitar.
Uma noite, disse ela:
_Quisera uma reza que me enchesse mais o coração... que mais me aliviasse o peso da agonia de hoje...
_E, como levada de inspiração, prostrou-se murmurando:
_Minha Nossa Senhora mãe da Virgem que nunca pecou, ide adiante de Deus. Pedi-lhe que tenha pena de mim... que não me deixe assim nesta dor cá de dentro tão cruel. Estendei a vossa mão sobre mim. Se é crime amar a Cirino, mandai-me a morte. Que culpa tenho eu do que me sucede? Rezei tanto, para não gostar deste homem! Tudo... Tudo... foi inútil! Por que então este suplício de todos os momentos? Nem sequer tem alívio no sono? sempre ele... ele!
Às vezes, sentia Inocência em si ímpetos de resistência: era a natureza do pai que acordava, natureza forte, teimosa.
_Hei de ir, dizia então com olhos a chamejar, à igreja, mas de rastos! No rosto do padre gritei: Não, Não! ... Matem-me... mas eu não quero...
 Quando a lembrança de Cirino se lhe apresentava mais viva, estorcia-se de desespero. A paixão punha lhe o peito em fogo...
 _Que é isto, Santo Deus? Aquele homem me teria botado um mau olhado? Cirino, Cirino, volta, vem tomar-me... leva-me! ... eu morro! Sou tua, só tua... de mais ninguém.
 VISCONDE DE TAUNAY. Inocência. 7. ed. São Paulo, Ática, 1978.
Debuxar: delinear, esboçar, figurar.		 A modos: pelo visto.		Achegar-se: aproximar-se.
Sobrecenho: semblante severo, carrancudo. Retorquir: retrucar, responder.	Descorar: empalidecer.
Sezão: febre intermitente ou periódica.	 Tosco: grosseiro, rude.		Chamejar: arder, brilhar
Estorcer-se: contorcer-se.
10. Das características românticas abaixo relacionadas, quais são as que se aplicam ao texto?
a) Idealização.
b) Evasão do tempo;
c) Supervalorização do amor. 
d) Supervalorização da natureza.
e) Religiosidade.
11. Releia as linhas 25 a 28 e explique a causa da indignação de Pereira.
 O pai havia dado sua palavra de honra de que inocência se casaria com Manecão, e a palavra empenhada valia muito.
12. “ Inocência não aparecia.”
a) Qual o pretexto da moça para justificar sua reclusão? Inocência alega ataques de febre.
b) Qual o verdadeiro motivo dessa reclusão? O amor por Cirino e, consequentemente, a falta de interesse por Manecão.
13. Como a moça procura resolver esse conflito? Rezando com fervor
14. Uma das características marcantes da obra de Taunay é o aproveitamento da linguagem do sertão. Transcreva cinco termos que exemplificam essa característica e dê o significado de cada um. 
l- iche = virgem; 2. anarquizado = perturbado; 3. havéra = haveria, teria; 4. percipHação = precipitação, pressa; 5. ar.sim = assim.
15.
a) Que característica romántica norteia a descrição de Isaura? A idealização.
b) Transcreva do texto o período que revela a incoerência entre a caracterização física e a condição social de Isaura. “A tez é como o marfim... cor-de-rosa desmaiada.”
c) A qual das duas razões se deve a idealização de Isaura?
— necessidade de adequar a figura do negro escravizado e marginalizado à visão preconceituosa da época; 
— as mesmas razões que levaram à idealização do índio.
Professor: Lembrar 6s alunos de que os heróis de romances e poemas, “quando escravos, são ordinariamente mulatos, a fim de que o autor possa dar-lhes traços brancos e, desse modo, encaixá-los nos padrões da sensibilidade branca”, como observa Antonio Candido.
16. Uma das propostas do nacionalismo literário romântico era retratar a realidade brasileira. Identifique os romancistas a que se referem os textos seguintes:
a) Tornou-se “o precursor daqueles que buscaram o pitoresco na língua esforçando-se por trazer ao romance a maneira coloquial de contar”. (Nelson Werneck Sodré) Taunay
b) “Ele representava, na literatura então nascente, a legítima expressão do romance urbano...” (Bella Josef) Joaquim Manuel de Macedo
c) Pretendeu mostrar ao público da época “os abomináveis e hediondos crimes da escravidão e o aviltamento da pessoa humana pela distinção de classe”. (Maria N. S. Fonseca) Bernardo Guimarães
d) “Escrevendo o manifesto da literatura do Norte, chama a atenção dos escritores, dos romancistas principalmente, para os recursos temáticos que o Norte lhes poderia oferecer.” (Heron de Alencar) Frankiin Távora
Romance Indianista – José de Alencar
17. Ao referir-se à literatura brasileira, Alencar afirma:
0 período orgânico dessa literatura consta já três fases.
A primitiva, que se pode chamar aborígine, são as lendas e mitos da terra selvagem e conquistada; são as tradições que embalaram a infância do povo...
aborígine: nativo; indígena
O trecho lido diz respeito ao romance indianista.
a) Que aspecto da cultura brasileira serve de fonte para a temática dos romances dessa primeira fase? Lendas e mitos da terra selvagem e conquistada.
b) Cite duas obras de Alencar que incorporem esses temas. O guarani, Iracema e Ubirajara.
18. Alencar continua:
0 segundo período é históríco: representa o consórcio do povo invasor com a terra americana, que dele recebia a cultura e lhe retribuía nos eflúvios de sua natureza virgem e nas reverberações de um solo esplêndido.
eflúvio: emanação invisível; perfume.
reverberação: reflexo, brilho, resplendor.
a) A palavra consórcio significa associação, ligação, união. De acordo com o texto acima, cada parte do consórcio contribui com um elemento. Qual foi a contribuição do povo invasor? A cultura.
Com que contribuiu a terra americana? Com a natureza virgem e o solo esplêndido.
b) o trecho lido caracteriza o romance histórico de Alencar. Cite duas de suas obras que se enquadram nessa classificação. A guerra dos mascates e As minas de prata.
19. Continuando seu prefácio, Alencar diz:
A terceira fase, a infância de nossa literatura, começadacom a independência política, ainda não terminou; espera escritores que lhe deem os últimos traços e formem o verdadeiro gosto nacional.
(...) Onde não se propaga com rapidez a luz da civilização, que de repente cambia a cor local, encontra-se ainda em sua pureza original, sem mescla, esse viver singelo de nossos pais, tradições, costumes e linguagem, com um sainete todo brasileiro.
Sainete: atrativo, graça; gosto, sabor
a) O trecho mostra a fonte de inspiração para romances como O tronco do ipê, TU, O gaúcho e O sertanejo. Como se classificam esses romances? Regionalistas.
b) Que expressão do texto demonstra a busca de uma parcela da cultura ainda não influenciada pelo colonizador? “em sua pureza original”
c) Segundo o texto, que fator provoca a mudança da “cor local”? A luz da civilização.
20. Na sequência de seu prefácio, Alencar afirma:
Nos grandes focos, especialmente na corte, a sociedade tem a fisionomia indecisa, vaga e múltipla...
a) Nesse trecho, Alencar refere-se ao cenário de alguns de seus romances. De que cenário se trata? Da corte.
b) Como são chamados os romances dessa fase? Urbanos ou sociais.
c) Cite três romances dessa fase. Cinco minutos, A viuvinha, Diva, A pata da gazela, Sonhos d ‘ouro, Lucíola, Senhora e Encarnação.
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A prosa no Romantismo brasileiro 
–
 
o 
romance urbano
 
* aquele que tem como cenário a cidade 
grande.
 
 
Texto I
 
 
É do romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844, o trecho que vamos ler a 
seguir. O enredo é simples: três estudantes de Medicina 
–
 
Augusto, Filipe e Leopoldo 
–
 
passam um feriado na casa 
da avó de Filipe, numa ilha. 
Augusto, que se
 
considerava muito inconstante no terreno amoroso, faz uma aposta: se 
ficasse apaixonado por uma mulher durante mais de quinze dias, escreveria um romance contando a história dessa 
paixão. Conhece Carolina (a Moreninha), por quem se apaixona. O único obstá
culo à união dos dois é uma promessa 
de fidelidade feita por Augusto a uma menina que conhecera tempos atrás e cujo paradeiro e identidade ignora. No 
final, ocorre a coincidência que resolve conflito: a tal menina era a própria Moreninha. 
 
No trecho, selec
ionado do final do romance, ocorre ao encontro de Augusto com a Moreninha, já 
apaixonados, mas sem se revelarem um ao outro. A ausência de Augusto na ilha, por um fim de semana, 
atormentava a jovem.
 
 
A Moreninha
 
(J
oaquim Manuel de Macedo
)
 
 
D. Carolina 
passou uma noite cheia de pena e de cuidados, porém já menos ciumenta e despeitada; a 
boa avó livrou
-
a desses tormentos. Na hora do chá, fazendo com habilidade e destreza cair a conversação 
sobre o estudante amado, dizendo:
 
 
-
 
Aquele interessante moço,
 
Carolina, parece pagar
-
nos bem a amizade que lhe temos, não entendes 
assim?...
 
 
-
 
Minha avó...eu não sei.
 
 
-
 
Dize sempre, pensarás acaso de maneira diversa?...
 
 
A menina hesitou um instante e depois respondeu:
 
 
-
 
Se ele pagasse bem, teria 
vindo domingo.
 
 
-
 
Eis uma injustiça, Carolina. Desde sábado à noite que Augusto está na cama, prostrado por uma 
enfermidade cruel.
 
 
-
 
Doente?! Exclamou a linda Moreninha, extremamente comovida. Doente?...em perigo?...
 
-
 
Oh! Pobre moço!... se não fo
sse isso, teria vindo ver
-
nos!...
 
 
E, pois, todos os antigos sentimentos de ciúme e temor da inconstância do amante se trocaram por 
ansiosas inquietações a respeito de sua moléstia.
 
 
No dia seguinte, ao amanhecer, a amorosa menina despertou, e busc
ando o toucador, há uma semana 
esquecido, dividiu seus cabelos nas duas costumadas belas tranças, que tanto gostava de fazer ondear 
pelas espáduas, vestiu o estimado vestido branco e correu para o rochedo.
 
 
-
 
Eu me alinhei, pensava ela, porque enfim...
 
hoje é domingo e talvez... como ontem já pôde chegar à 
janela, talvez consiga com algum esforço vir ver
-
me.
 
 
E quando o sol começou a refletir seus raios sobre o liso espelho do mar, ela principiou também a 
cantar sua balada:
 
 
“Eu tenho quinze anos
 
 
E sou morena e linda”.
 
 
Mas, como por encantamento, no instante mesmo em que ela dizia no seu canto:
 
 
“Lá vem sua piroga
 
 
Cortando leve os mares”
 
Um lindo batelão apareceu ao longe, voando com asa intumescida para a ilha.
 
 
Com força e
 
comoção desusadas bateu o coração de d. Carolina, que calou
-
se para empregar no batel 
que vinha atentas vistas, cheias de amor e de esperanças. Ah! Era o batel suspirado.
 
Quando o ligeiro barquinho se aproximou suficientemente, a bela Moreninha distinguiu
 
dentro dele 
Augusto; sentado junto a um respeitável ancião, a quem não pôde conhecer (...).
 
 
(...)
 
 
 
 
Polícia Militar do Estado de Goiás
 
CPMG 
–
 
Tomaz Martins da Cunha
 
Ano Letivo 
-
 
202
3
 
1
º Semestre 
 
Atividade
 
de L
iteratura
 
2
ª série
 
TURMA 
 
 
Disciplina: 
L
íngua
 
Portugu
esa
 
Professor:
 
 
Data:
 
Aluno (a):
 
 
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A prosa no Romantismo brasileiro – o romance urbano * aquele que tem como cenário a cidade 
grande. 
 
Texto I 
 
É do romance A Moreninha, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1844, o trecho que vamos ler a 
seguir. O enredo é simples: três estudantes de Medicina – Augusto, Filipe e Leopoldo – passam um feriado na casa 
da avó de Filipe, numa ilha. Augusto, que se considerava muito inconstante no terreno amoroso, faz uma aposta: se 
ficasse apaixonado por uma mulher durante mais de quinze dias, escreveria um romance contando a história dessa 
paixão. Conhece Carolina (a Moreninha), por quem se apaixona. O único obstáculo à união dos dois é uma promessa 
de fidelidade feita por Augusto a uma menina que conhecera tempos atrás e cujo paradeiro e identidade ignora. No 
final, ocorre a coincidência que resolve conflito: a tal menina era a própria Moreninha. 
No trecho, selecionado do final do romance, ocorre ao encontro de Augusto com a Moreninha, já 
apaixonados, mas sem se revelarem um ao outro. A ausência de Augusto na ilha, por um fim de semana, 
atormentava a jovem. 
 
A Moreninha (Joaquim Manuel de Macedo) 
 
D. Carolina passou uma noite cheia de pena e de cuidados, porém já menos ciumenta e despeitada; a 
boa avó livrou-a desses tormentos. Na hora do chá, fazendo com habilidade e destreza cair a conversação 
sobre o estudante amado, dizendo: 
 - Aquele interessante moço, Carolina, parece pagar-nos bem a amizade que lhe temos, não entendes 
assim?... 
 - Minha avó...eu não sei. 
 - Dize sempre, pensarás acaso de maneira diversa?... 
 A menina hesitou um instante e depois respondeu: 
 - Se ele pagasse bem, teria vindo domingo. 
 - Eis uma injustiça, Carolina. Desde sábado à noite que Augusto está na cama, prostrado por uma 
enfermidade cruel. 
 - Doente?! Exclamou a linda Moreninha, extremamente comovida. Doente?...em perigo?... 
- Oh! Pobre moço!... se não fosse isso, teria vindo ver-nos!... 
 E, pois, todos os antigos sentimentos de ciúme e temor da inconstância do amante se trocaram por 
ansiosas inquietações a respeito de sua moléstia. 
 No dia seguinte, ao amanhecer, a amorosa menina despertou, e buscando o toucador, há uma semana 
esquecido, dividiu seus cabelos nas duas costumadas belas tranças, que tanto gostava de fazer ondear 
pelas espáduas, vestiu o estimado vestido branco e correu para o rochedo. 
 - Eu me alinhei, pensava ela, porque enfim... hoje é domingo e talvez... como ontem já pôde chegar à 
janela, talvez consiga com algum esforço vir ver-me. 
 E quando o sol começou a refletirseus raios sobre o liso espelho do mar, ela principiou também a 
cantar sua balada: 
 “Eu tenho quinze anos 
 E sou morena e linda”. 
 Mas, como por encantamento, no instante mesmo em que ela dizia no seu canto: 
 “Lá vem sua piroga 
 Cortando leve os mares” 
Um lindo batelão apareceu ao longe, voando com asa intumescida para a ilha. 
 Com força e comoção desusadas bateu o coração de d. Carolina, que calou-se para empregar no batel 
que vinha atentas vistas, cheias de amor e de esperanças. Ah! Era o batel suspirado. 
Quando o ligeiro barquinho se aproximou suficientemente, a bela Moreninha distinguiu dentro dele 
Augusto; sentado junto a um respeitável ancião, a quem não pôde conhecer (...). 
 (...) 
 
 
 
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CPMG – Tomaz Martins da Cunha 
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1º Semestre Atividade de Literatura 
2ª série 
TURMA 
 
Disciplina: Língua Portuguesa Professor: Data: 
Aluno (a):

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