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Sustentabilidade, cidadania e responsabilidade
Introdução
Em um mundo que enfrenta mudanças climáticas de significativa magnitude (como aumento da temperatura global, derretimento das geleiras, destruição de vegetações e seca de corpos d’água), tornou-se urgente a realização de ações voltadas à sustentabilidade de nosso planeta.
Cientistas têm alertado de forma mais incisiva que a preocupação com o meio ambiente deve ocupar o cotidiano de todos os habitantes e que não é possível mais adiar a redução do consumo de combustíveis fósseis, por exemplo, entre vários outros aspectos que se fazem necessários.
Portanto, é fundamental que as grandes organizações assumam papel de destaque na busca por melhorias na vida das pessoas, devido ao seu poder financeiro. Isso é uma questão de cidadania, e a corporativa está ganhando cada vez mais importância no mundo dos negócios. Assim, a responsabilidade social pode ser o principal impulsionador para uma sociedade mais justa e solidária.
Objetivo
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:
· Relacionar os conceitos sustentabilidade, cidadania corporativa e economia ao entendimento da evolução da noção de responsabilidade social.
Conteúdo Programático
Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas:
· Tema 1 - Sustentabilidade e cidadania corporativa
· Tema 2 - Sustentabilidade econômica nas empresas
· Tema 3 - Evolução do conceito de responsabilidade social corporativa
As práticas empresariais existem há séculos, mas necessitam constantemente de inovação dentro de um mercado cada vez mais disputado. Adicionalmente, as mudanças climáticas têm causado transformações em todo o planeta. Por isso, as organizações devem repensar suas ações, a fim de estarem alinhadas às necessidades do mundo moderno quanto aos aspectos comercial, ambiental e humano.
Sustentabilidade, cidadania e responsabilidade
Tema 1
Sustentabilidade e cidadania corporativa
No contexto atual, como sustentabilidade e cidadania corporativa estão interligadas?
Sustentabilidade e cidadania corporativa são temas importantes e vitais no mundo dos negócios. A interseção deles contribui para a construção de um futuro sustentável e justo para todos.
Sustentabilidade
A origem dessa palavra é sustentare, termo em latim que significa “conservar”, “apoiar” ou “sustentar”. Ela também pode ser entendida como um grupo de conceitos, ações e estratégias que pode ser desenvolvido com respeito ao meio ambiente, à diversidade cultural e à justiça social, sem fugir à viabilidade econômica.
Ademais, existe uma inter-relação entre sustentabilidade, cultura, sociedade e economia, o que permitirá às futuras gerações entenderem de forma mais clara as soluções ecológicas de desenvolvimento. Isso porque as necessidades da sociedade atual, como conforto, tecnologias inovadoras e satisfações pessoais, devem estar em consonância com atitudes e processos sustentáveis para que o futuro do planeta Terra não seja comprometido.
Cabe ressaltar que sustentabilidade é um conceito dinâmico, devendo ser constantemente reavaliado por essa sociedade ansiosa por inovações, principalmente as tecnológicas, a fim de que as demandas sejam atendidas conforme as possibilidades vigentes.
Atualmente, tanto pessoas como organizações (empresas e indústrias) estão cada vez mais cientes da importância de construir uma sociedade em terreno sustentável, adotando para isso esse tipo de atitudes, como: preservação do meio ambiente e uso consciente de recursos naturais.
A conscientização não surgiu de um dia para o outro. Ao longo de décadas, foram inúmeras discussões sobre a importância da efetividade da sustentabilidade como forma de agir no mundo corporativo.
Conheça algumas das reuniões e conferências de destaque a nível mundial:
Conferência da Unesco, de 1968: ficou conhecida como a “Conferência da biosfera”, pois introduziu esse conceito, que se trata de uma fina camada de terra, água e ar na superfície do planeta, que sustenta a vida. Logo é uma fina película de vida de menos de 20 km, do fundo dos oceanos até o topo do Everest, por 40.000 km de circunferência da Terra, conforme o Instituto Florestal (2023).
Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente, de 1972: considerada como um marco histórico por ser tratar do primeiro grande encontro internacional com representantes de diversas nações para discutir problemas ambientais. De acordo com Ribeiro (2001), Teve como desdobramentos a elaboração da Declaração de Estocolmo, com 26 princípios, e a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – Pnuma.
Estratégia mundial para a conservação, de 1980: seu objetivo foi contribuir para a formulação de políticas de desenvolvimento sustentado.
Criação da Comissão mundial sobre o meio ambiente e o desenvolvimento, de 1983: conforme o Instituto EcoBrasil (2023), ela foi criada nesse ano, após uma avaliação dos 10 anos da Conferência de Estocolmo, com o objetivo de promover audiências em todo o mundo e produzir um resultado formal das discussões. Do trabalho da Comissão, em 1987, surgiu o documento Our common future (ou “Nosso futuro comum”) ou, como é bastante conhecido, Relatório Brundtland, que apresentou novo olhar sobre o desenvolvimento, definindo-o como o processo que “satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”. É a partir daí que o conceito de desenvolvimento sustentável passa a ficar conhecido.
Rio 92: segundo Ipea (2023), o principal documento ratificado pelo encontro foi a Agenda 21, que colocou no papel uma série de políticas e ações cujo eixo era o compromisso com a responsabilidade ambiental. Ela enfocava, basicamente, as mudanças necessárias aos padrões de consumo, à proteção dos recursos naturais e ao desenvolvimento de tecnologias capazes de reforçar a gestão ambiental dos países. Além disso, outros importantes tratados foram firmados, como as Convenções da biodiversidade, das mudanças climáticas e da desertificação, a Carta da Terra e a Declaração sobre florestas.
Conferência das partes em Kyoto, em 1997: nesse evento foi criado um dos marcos mais importantes desde a criação da convenção no combate à mudança climática: o Protocolo de Kyoto.
Cúpula mundial sobre o desenvolvimento sustentável, em 2002: seu objetivo era avaliar o progresso dos acordos estabelecidos na Rio 92, a partir da Agenda 21, e incluir em suas discussões os aspectos sociais e a qualidade de vida das pessoas.
Conferência das Nações Unidas sobre o desenvolvimento sustentável, em 2012: seu objetivo foi a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes. Essa conferência teve dois temas principais: a economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza e a estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável.
Existem vários tipos de sustentabilidade que se disseminam com maior permeabilidade nos ambientes corporativos. Os principais são:
1. Social – Relacionada à forma como o ser humano mantém sua qualidade de vida por meio da atuação da comunidade e da sociedade civil. Esse tipo de sustentabilidade acontece quando as relações, as estruturas, os sistemas e os processos apoiam o potencial de uma organização formar uma comunidade justa.
2. Ambiental – Envolve a utilização correta dos recursos que podem ser extraídos dos ecossistemas, mas com máxima preservação ambiental. Para tal, os modelos de produção e de consumo devem estar alinhados aos ambientes natural e econômico, havendo reparo e conservação sempre que se fizerem necessários.
3. Empresarial – Vinculada ao êxito longevo da empresa somado aos benefícios econômicos e sociais da comunidade.
4. Econômica – Atribuída à ampliação eficiente de consumo e produção; porém, pautada na diminuição da utilização de recursos naturais, como minerais e água, por exemplo.
Cidadaniaque decidem investir em ações de sustentabilidade ambiental?
As empresas têm várias motivações para investir em iniciativas de sustentabilidade ambiental. Algumas delas são: a redução do consumo de recursos naturais como água e energia cada vez mais caros e instáveis por meio de reciclagem, reúso, eficiência de uso, controle de desperdícios; menor risco de acidentes ambientais e assim menores custos com seguros; maior abrangência de oportunidade de negócios, pois cada vez mais investidores e contratantes exigem qualidade ambiental comprovada; valorização patrimonial e menor passivo ambiental; atendimento à legislação ambiental vigente evitando multas, advertências e embargos; maior visibilidade por meio do eco marketing, tanto da imagem da empresa como de seus produtos para um mercado consumidor com crescente exigência de qualidade ambiental.
Como podemos diferenciar consumismo e consumo?
Podemos definir consumismo pelo hábito de comprar por impulso, sem planejamento e de forma excessiva. É quando o consumo se dá não por necessidades fisiológicas e básicas, mas buscando saciar desejos psíquicos e sociais, como demonstrar condições de status e superioridade por meio de bens materiais. Trata-se de um tipo de consumo exagerado, inconsciente e alienado, sem avaliar seus impactos socioambientais.
Já o consumo é bom e necessário para alcançarmos o bem-estar material e gozarmos de valores fundamentais, como saúde, educação, autoestima e dignidade em uma sociedade. Além disso, na economia moderna, a produção e o consumo de bens e serviços impulsionam empregos, salários e impostos, gerando riqueza.
O consumo consciente é um consumo positivo para a economia e a sociedade, que questiona a necessidade antes da compra, e perceba o limite a partir do qual torna-se excessivo e doentio.
Resumo da Unidade
Nesta unidade vimos cronologicamente as características da legislação ambiental brasileira, desde o início da atuação no setor produtivo na área ambiental até a apresentação dos instrumentos de gestão ambiental. Também abordamos o conceito de consumo consciente em contraste com o consumismo em nossa sociedade.
Referências da Unidade
· ALENCASTRO, M. S. C. Empresas, ambiente e sociedade: introdução à gestão socioambiental corporativa. Curitiba: Intersaberes, 2012. Biblioteca Virtual.
· BERTÉ, R.; SILVEIRA, A. L. da. Meio ambiente: certificação e acreditação ambiental. Curitiba: Intersaberes, 2017. Biblioteca Virtual.
· INSTITUTO CARBONO BRASIL Relatório delineia como deve ser o futuro do consumo. Brasília, DF: Fórum Brasileiro de Economia Solidária, out. 2011.
Para aprofundar e aprimorar os seus conhecimentos sobre os assuntos abordados nessa unidade, não deixe de consultar as referências bibliográficas básicas e complementares disponíveis no plano de ensino publicado na página inicial da disciplina.
Unidade 4
Empreendedorismo, indicadores e mudanças climáticas
É de extrema importância adquirir um entendimento sólido sobre o empreendedorismo, um fenômeno que tem ganhado considerável impulso no Brasil, principalmente no que relaciona aos aspectos sociais e ambientais, assim como as ações associadas a essas esferas. Para que iniciativas empreendedoras e de minimização dos impactos ambientais sejam desenvolvidas com assertividade, é necessário entender os indicadores ambientais, principalmente no contexto empresarial.
Por meio dessa compreensão, torna-se possível traçar um caminho para reverter os danos já em curso ou, no mínimo, reduzir os impactos das ações antropogênicas. Isso ganha uma importância ainda maior diante da observável presença das mudanças climáticas em nosso planeta, as quais têm provocado várias alterações em nosso dia a dia e, em alguns casos, até mesmo catástrofes. O agravamento desse cenário depende significativamente das ações adotadas pelo governo, pela sociedade civil, pelos organismos internacionais e pelas empresas no que diz respeito às questões ambientais.
Objetivo
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:
· Entender o empreendedorismo socioambiental, utilizando os indicadores ambientais utilizados nas empresas, e as mudanças climáticas que afetam a gestão empresarial.
Conteúdo Programático
Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas:
· Tema 1 - Empreendedorismo socioambiental
· Tema 2 - Indicadores ambientais das empresas
· Tema 3 - Mudanças climáticas e desafios para a gestão empresarial
As empresas estão constantemente em busca de inovações para se destacarem no mercado. No entanto, existem valores que se mostram fundamentais para todas as organizações, e um deles é a preocupação voltada para a preservação ambiental.
O texto Meio Ambiente e Competitividade na Indústria Brasileira fala do desempenho ambiental da indústria brasileira e sua relação com a competividade. Esse conteúdo serve como um excelente ponto de partida para dar início aos estudos desta unidade.
Empreendedorismo, indicadores e mudanças climáticas
Tema 1
Empreendedorismo socioambiental
Qual conjuntura levou ao surgimento do empreendedorismo socioambiental?
Empreendedorismo foi conceituado por Schumpeter (apud Filion, 1999) como “a percepção e aproveitamento das novas oportunidades no âmbito dos negócios […] sempre tem a ver com criar uma nova forma de uso dos recursos nacionais, em que eles sejam deslocados de seu emprego tradicional e sujeitos a novas combinações”.
Há diversas conceituações para empreendedorismo, das mais simples às mais complexas. Contudo, o que é mais relevante é a presença dele, ou melhor, das suas ações práticas nas vidas profissionais das pessoas.
De acordo com o relatório da Global Entrepreneurship Monitor – GEM 2021, divulgado pelo Sebrae em março de 2022, o número de brasileiros à frente de um negócio voltou a crescer. O Brasil passou a ocupar a sétima posição no ranking mundial dos países mais empreendedores, consolidando-se como uma das referências mundiais em relação ao empreendedorismo.
Para ler o relatório na íntegra, acesse: Pesquisa GEM – Aumenta o número de negócios com mais de 3,5 anos no país.
Essa questão possui grande relevância no cenário econômico, contribuindo com o progresso do país, além de apresentar potencial benéfico para o meio ambiente. Dessa forma, surge a necessidade de falarmos sobre o conceito de empreendedorismo socioambiental.
Podemos entender o empreendedorismo ambiental como um conceito focado na construção de propostas para que o negócio de uma organização, seus produtos e/ou serviços beneficiem o meio ambiente como um todo ou determinada comunidade.
O empreendedorismo socioambiental pode ser entendido sob diferentes olhares. De acordo com a visão europeia, esse movimento enfatiza a atuação de organizações da sociedade civil que incorporem funções públicas, em parceria ou em substituição à presença do Estado. Sob o olhar norte-americano, esse tipo de negócio atua com a lógica de mercado, mas se ocupa com a geração de soluções para os problemas sociais e ambientais.
Nos países em desenvolvimento, esse tipo de empreendedorismo é entendido como iniciativas de mercado voltadas para a redução da pobreza e a transformação das condições sociais que afetam a população. Em outras palavras, essas iniciativas vão além de apenas atender às necessidades imediatas, uma vez que possuem a intenção de promover uma transformação social.
Conheça agora alguns fatores que contribuíram para o surgimento do empreendedorismo socioambiental:
· Incapacidade do Estado atender ao amplo espectro de necessidades da população com serviços públicos. Por exemplo, o oferecimento de educação profissionalizante dentro de comunidades carentes.
· Mudanças na atuação das organizações da sociedade civil e das não governamentais, visto que aumentou a preocupação com questões ambientais e não apenas com aspectos unicamente comerciais.
· Evolução dos projetos de geração de renda e das alternativas associativas e comunitárias para a solução dos problemas de desenvolvimento local, que foram ampliados frente às necessidades da sociedade, principalmenteambiental?
Conheceremos agora alguns exemplos de indicadores ambientais. Eles são essenciais para que as empresas adotem ações efetivas para melhor gestão ambiental de seus processos produtivos e de suas práticas em geral.
Índice de Bem-estar Econômico Sustentável – IBES
É um indicador econômico cujo objetivo é refletir a realidade econômica, social e cultural de uma comunidade, localidade, país ou região (Índice, 2023).
Índice de Sustentabilidade Ambiental – ISA
É uma ferramenta que permite medir o nível de responsabilidade e satisfação das necessidades ambientais atuais, sem comprometer o futuro de uma organização ou comunidade (Define Business Terms, 2023).
Índice Global de Economia Verde – GGEI
É um indicador que fornece dados e entendimentos da principal medida do progresso do país em direção às metas globais de sustentabilidade (Global, 2023).
Índice de Desempenho Ambiental – IDA
Tem o objetivo de verificar a evolução qualitativa e o comprometimento socioambiental do setor, devendo servir de parâmetro para avaliar a eficiência e a qualidade da gestão ambiental nos empreendimentos de infraestrutura de transportes (Índice, 2020).
Pegada Ecológica – PE
É uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais, sendo expressa em hectares globais – gha, que permite comparar diferentes padrões de consumo e verificar se estão dentro da capacidade ecológica do planeta (WWF, 2010).
Pegada de Carbono – PC
É uma medida de quantificação do impacto na mudança climática das atividades que se realizam dia a dia por parte de indivíduos, organizações, produtos ou territórios. Mede a quantidade de GEI emitidos na atmosfera pelas atividades do ser humano num determinado período de tempo (Pegada, 2014).
Pegada Hídrica – PH
A Pegada Hídrica é um indicador multidimensional de apropriação (uso, consumo e contaminação) de recursos de água doce, que contempla 2 dimensões de uso: direto e indireto; e 3 tipos: azul, verde e cinza. O uso direto é aquele que um consumidor ou produtor realiza de tal forma, enquanto o uso indireto se refere ao volume de água, também denominado “virtual”, de toda a cadeia de produção de um bem ou serviço. Expressa o volume de água consumido ou contaminado em um período de tempo, permitindo analisar as implicações ambientais, sociais e econômicas do uso da água em diferentes níveis geográficos (Pegada, 2014).
Índice Planeta Vivo – LPI
Reflete as alterações do estado dos ecossistemas do planeta, acompanhando as tendências de quase 8.000 populações de espécies de vertebrados. Assim como um índice do mercado de ações, segue o valor de um conjunto de ações ao longo do tempo como a soma de sua mudança diária. O Índice Planeta Vivo primeiro calcula a taxa anual de variação para cada espécie na população no conjunto de dados. (WWF, 2010).
Especificamente relacionados às empresas, os indicadores a seguir possuem estreita relação com o aspecto ambiental, e estão em consonância com a norma ISO 14031, medindo desempenho gerencial e operacional.
Transmite informações sobre os esforços realizados e as decisões tomadas para melhorar o desempenho da empresa, ou seja, avaliam quais atividades e tarefas foram ou não realizadas na visão global do gerenciamento. É o primeiro indicador que faz parte do Indicador de Desempenho Ambiental (Ventura, 2009).
Informa o desempenho da organização quanto às operações do processo produtivo, ou seja, verifica as entradas e as saídas do sistema ou processo avaliado. É o segundo e último indicador que faz parte do Indicador de Desempenho Ambiental (Ventura, 2009).
Fornece informações sobre as condições do meio ambiente onde a organização estudada se encontra. Seus resultados baseiam-se em medições comparadas com os padrões e critérios estabelecidos por normas e/ou dispositivos legais (Ventura, 2009).
Empreendedorismo, indicadores e mudanças climáticas
Tema 3
Mudanças climáticas e desafios para a gestão empresarial
Que prejuízos as mudanças climáticas podem causar à população mundial?
Foi criado, em 1990, um Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC, que monitora os problemas gerados por essas mudanças com maior detalhamento e acuidade. O IPCC é um grupo composto por cientistas estabelecido pelas Nações Unidas. Todos os relatórios do IPCC focam em vários elementos das mudanças climáticas.
Em 1992, na cidade de Nova York, a nível mundial e de forma oficializada, as mudanças climáticas passaram a ser melhor entendidas graças à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima – UNFCCC, adotada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92. A partir desse importante evento, vários outros ocorreram com objetivo de gerar ações para minimizar a poluição do meio ambiente.
Porém, os interesses políticos e, sobretudo, os econômicos, têm se apresentado como obstáculos significativos na busca pela redução dos impactos negativos provenientes de variados processos industriais e das diversas formas de exploração de recursos sobre o meio ambiente.
No século XX, foi identificado que a temperatura média na superfície terrestre aumentou de 0,74 a 1,8° C em razão das ações do ser humano em relação ao meio ambiente (Climate, 2013). Foram investigados os impactos dos gases do efeito estufa sobre o balanço de radiação do sistema do planeta Terra. Esse balanço é a razão entre as quantidades de energia solar que entram e saem do planeta. Assim, torna-se possível saber a quantidade armazenada no sistema terrestre por meio das concentrações dos gases do efeito estufa, de variados agentes climáticos e partículas de aerossóis.
A partir desses cálculos, estima-se que o nível do mar pode subir de 26 a 55 centímetros e a temperatura poderá crescer até 1,7 °C durante o século XXI. Um dos fatores que já está colaborando para isso é o intenso derretimento das geleiras (Climate, 2013).
Conforme Stern (2006), as mudanças climáticas terão influência marcante sobre acesso à água, produção de alimentos, saúde e meio ambiente, o que causará diversos problemas para a existência humana. Nos dias atuais, já podemos observar as dificuldades sinalizadas pelo autor. O derretimento das geleiras cada vez avança mais, as águas dos oceanos estão com temperatura mais elevada, o que compromete a vida aquática, a agricultura sofre efeitos negativos com o aquecimento global, mais pessoas têm adoecido na Europa, por exemplo, graças aos verões mais intensos e o meio ambiente passa por degradação maior.
Efeito estufa
O efeito estufa
A presença de diversos gases na atmosfera, tais como vapor d’água (H2O), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e dióxido de carbono (CO2) resulta no fenômeno natural denominado efeito estufa. Esse fenômeno mantém a temperatura média global, cerca de 14 °C, nas proximidades da superfície do planeta Terra, criando um ambiente propício ao desenvolvimento da vida.
Quando parte dos raios solares é absorvida pela superfície terrestre e pelos oceanos, ocorre o aquecimento desses elementos. Porém, uma quantidade dos raios é irradiada de volta para o espaço. Essa irradiação pode ser bloqueada devido à presença dos gases do efeito estufa.
É importante destacar que o efeito estufa é um fenômeno natural. Contudo, seu agravamento pode resultar no fenômeno chamado aquecimento global. A camada de gases, cada vez mais espessa, é consequência das emissões de gases do efeito estufa – GEEs, provenientes principalmente das atividades industriais. Esse processo causa uma maior retenção de calor no planeta Terra, provocando um aumento na temperatura da atmosfera e dos oceanos, prejudicando a vida de várias espécies e ecossistemas.
Há diversas atividades, não apenas as industriais, que produzem gases de efeito estufa que são emitidos para a atmosfera. Algumas delas:
· O dióxido de carbono (CO2) no transporte, pela queima de combustíveis fósseis, como gasolina e gás natural, e no desmatamento e queimada de florestas.
· O metano (CH4) na pecuária, por meio do tratamento de dejetos animaise pela fermentação entérica do gado, e também pela decomposição dos resíduos orgânicos em aterros.
· O dióxido de nitrogênio (NO2) na agricultura, por meio da preparação da terra para plantio e aplicação de fertilizantes.
· Em relação às indústrias, podem ser citadas a emissão de dióxido de carbono (CO2) no processo de produção de cimento, ferro e aço, além da emissão do perfluorcarbono (PFC) na produção de alumínio, entre outros.
Os gases, de origem antropogênica, considerados como causadores do efeito estufa, conforme foi determinado no Protocolo de Kyoto, são os seguintes:
· CO2 (dióxido de carbono).
· CH4 (metano).
· N2O (óxido nitroso).
· HFC (hidrofluorcarbono).
· PFC (perfluorcarbono).
· NF3 (trifluoreto de nitrogênio).
· SF6 (hexafluoreto de enxofre).
O Protocolo de Kyoto foi o primeiro tratado internacional que objetivou a diminuição da emissão de GEE. Foi acordado na 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Kyoto, Japão, em 1997. Ficou definida a redução de 5,2%, em relação a 1990, na emissão de poluentes, principalmente por parte dos países industrializados.
O protocolo também estimulava a criação de formas de desenvolvimento sustentável para preservar o meio ambiente. Esse protocolo foi assinado por 84 países, mas, infelizmente, os Estados Unidos abandonaram o protocolo em 2001 com a justificativa de que cumprir as metas estabelecidas comprometeria seu desenvolvimento econômico.
Contudo, a iniciativa mundial, teve sucesso com a possibilidade de o carbono tornar-se moeda de troca, a partir do momento em que países assinantes do acordo podem comprar e vender créditos de carbono, que são adquiridos por países com emissão reduzida de CO, que fecham negócio com países poluidores. Para cada tonelada de carbono reduzida, o país recebe um crédito. A quantidade de créditos de carbono recebida varia, portanto, de acordo com o volume da redução de CO. Os países que mais negociam esses créditos são os da União Europeia e o Japão (Protocolo, 2023).
Os gases de efeito estufa detêm diferentes potenciais de contribuição para o aquecimento global. Para que possam ser feitas comparações entre eles, a quantidade de cada gás é convertida em uma medida comum chamada de dióxido de carbono equivalente (CO2e). Tal conversão é realizada com o uso do Potencial de Aquecimento Global – GWP multiplicado pela quantidade mássica de cada gás.
Para maior conhecimento dos valores de GWP, consulte o site: Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – Cetesb.
De acordo com o IPCC (Climate, 2013), a ampliação do efeito estufa poderá gerar os seguintes problemas:
· Temperaturas globais médias mais altas, ocasionando degradação de sistemas naturais.
· Aumento do nível do mar, impactando as áreas costeiras.
· Alterações nos regimes de chuva, causando impactos na oferta de água e na produção de alimentos.
· Crescimento da incidência e da intensidade de eventos climáticos extremos (ondas de calor, tempestades, enchentes, incêndios e secas).
· Mudanças de ecossistemas, gerando aumento de vetores transmissores de doenças e sua distribuição espacial.
Ao longo das últimas décadas, acordos internacionais estão sendo estabelecidos com o intuito de conter ou reduzir o aquecimento do planeta Terra, que vem sendo alertado constantemente pelos cientistas, que realizam pesquisas nessa área.
Veja uma linha do tempo com os grandes eventos que geraram os acordos internacionais citados, figura 2, na página 55, do livro: PHILLIPI JR, A.; SAMPAIO, C. A. C.; FERNANDES, V. (eds.) Gestão empresarial e sustentabilidade. Barueri: Manole, 2017. ISBN: 9788520439135. Minha Biblioteca.
Emissões de GEE no Brasil
Desde o primeiro inventário brasileiro sobre emissões de GEE, realizado em 2004, o Brasil obteve redução e, em seguida, estabilização, considerando dados até 2014, como pode ser visualizado logo a seguir.
Emissões totais brasileiras
Fonte: Sistema (2023).
Esses efeitos foram possíveis graças às mudanças do uso da terra, redução do desmatamento e das queimadas no território nacional, cenário esse que se modificou fortemente entre 2019 e 2022, quando os prejuízos ambientais se tornaram maiores no território nacional.
Mudanças Climáticas e a Legislação Brasileira
Segundo a Política Nacional sobre Mudança do Clima, instituída pela Lei Federal nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, a mudança climática é definida como aquela “direta ou indiretamente atribuída à atividade humana que altere a composição da atmosfera mundial e que se some àquela provocada pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis”.
A Política Nacional criou alguns instrumentos, tais como:
· Fundo Nacional sobre Mudança do Clima.
· Resoluções da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima.
· Medidas tributárias e fiscais que visam a diminuição das emissões e a remoção de GEE.
· Linhas de pesquisa criadas por agências de fomento.
· Registros, inventários, estimativas, avaliações e outros estudos de emissões de GEE e de suas fontes, elaborados com base em informações e dados fornecidos por entidades públicas e privadas, padrões ambientais e de metas.
Quanto ao compromisso de reduzir até 38,9% as emissões de GEE até 2020, a Lei nº 12.187/2009 deixa claro que:
Art. 12. Para alcançar os objetivos da PNMC, o País adotará, como compromisso nacional voluntário, ações de mitigação das emissões de gases de efeito estufa, com vistas em reduzir entre 36,1% (trinta e seis inteiros e um décimo por cento) e 38,9% (trinta e oito inteiros e nove décimos por cento) suas emissões projetadas até 2020.
No mesmo ano de publicação da Lei nº 12.187/2009, foi instituído o Fórum Clima, que se trata de uma ação empresarial sobre mudanças climáticas, que tem por objetivo monitorar e divulgar o andamento das políticas de mudanças climáticas no Brasil por meio do Observatório de Políticas Públicas de Mudanças Climáticas no website do Fórum Clima (Fórum Clima, 2016).
Em 2021, o Senado Federal brasileiro definiu que a redução da emissão de GEE deve ser de 43% até 2023 e acrescentou nova meta: 50% de diminuição até 2023 (Pinheiro, 2021).
Empreendedorismo, indicadores e mudanças climáticas
Encerramento
Qual conjuntura levou ao surgimento do empreendedorismo socioambiental?
Todos os problemas sociais vigentes no Brasil, desde os anos 1950, não foram solucionados nas duas décadas seguintes, mesmo com um cenário econômico que apontava novas possibilidades de desenvolvimento. Contudo, essa oportunidade de redução das desigualdades sociais não foi aproveitada pelos governantes. Já na década de 1980, os altos índices inflacionários aprofundaram mais ainda a crise social. Com a criação da Constituição Federal de 1988, novas ideias surgiram e as possibilidades de empreendedorismo socioambiental se tornaram maiores e mais apropriadas para o cenário da época.
O que se revela como fundamental na construção de um indicador ambiental eficaz?
Pessoas capacitadas para a coleta de dados, bem como a análise dos resultados. Dados confiáveis, que apresentem as reais condições ambientais, de interpretação fácil, que sejam comparáveis em diferentes épocas, que respondam às necessidades dos atores envolvidos e que gerem informações que facilitem as tomadas de decisão mais adequadas.
Que prejuízos as mudanças climáticas podem causar à população mundial?
Aumento da temperatura do planeta Terra, derretimento das geleiras, aumento do nível dos oceanos, secas intensas, chuvas intensas, desabamentos de encostas, desaparecimento de espécies, ondas de calor, escassez de alimentos, mudanças de ecossistemas, proliferação de doenças novas e retorno de outras já erradicadas.
Resumo da Unidade
Nesta unidade vimos que, a partir de projetos empreendedores e da motivação que leva à criação deles, o entendimento acerca do empreendedorismo socioambiental se torna possível. As empresas encontram os melhores caminhos para se desenvolverem de forma sustentável, ampliando suas possibilidades por meio das análises dos indicadores ambientais que utilizam em suasda certificação ISO 14001 apresentaram os seguintes benefícios:
· Minimização dos riscos de contaminação do ambiente.
· Redução de passivos ambientais.
· Maior atratividade para os investidores.
· Maior motivação dos funcionários e colaboradores.
· Melhoria dos processos internos de gestão.
· Melhoria do ambiente organizacional.
· Imagem positiva de confiabilidade e de responsabilidade perante sociedade e mídia.
· Melhor utilização dos recursos disponíveis.
Como o capital humano é uma das maiores riquezas que uma organização detém, é interessante enfatizar a questão da motivação dos funcionários e colaboradores. Quando eles adquirem ampla conscientização a respeito da relevância da execução das atividades laborais em uma perspectiva sistêmica, tal incentivo é ampliado.
Ademais, a realização contínua de treinamentos causa efeitos positivos sobre o ambiente organizacional. Isso porque são trabalhados conhecimentos que apresentam a relevância de cada funcionário frente às tarefas laborais, que resultam em ganhos positivos para a empresa e, em escala maior, para a preservação do meio ambiente de forma geral, dependendo do nível de comprometimento da organização com os valores ambientais
Toda essa visão permite que cada ator desse sistema entenda seu papel, suas funções e atribuições, a fim de que essa maior compreensão sobre a ISO 14001 se torne algo que faz parte do cotidiano da empresa, podendo ampliar até mesmo a consciência ambiental de todos os colaboradores.
Quanto à já citada melhor utilização dos recursos disponíveis, é necessário comentar sobre as possibilidades de diminuição do consumo de energia elétrica, que é um dos maiores custos de uma indústria, por exemplo.
Considerando a ISO 14001 e a época atual em que as questões ambientais são latentes, é premente a busca por formas de redução dos gastos de energia; inclusive, atualmente, procurando novas formas de energia mais limpa, a fim de minimizar os impactos ao meio ambiente. Além da energia elétrica, é possível também diminuir o consumo de óleo combustível, gás e água. Portanto, o processo produtivo de uma organização pode ser entendido de forma circular.
Em indústrias, por exemplo, é possível realizar um ciclo produtivo partindo das matérias-primas, passando pelo processamento delas, finalização de componentes, montagem do produto e reaproveitamento e reciclagem dos resíduos. Sem esquecer, claro, e ainda mais sob a égide da sustentabilidade econômica, a reciclagem dos produtos pós-uso recolhidos por meio de logística reversa, o que é um ponto de grande relevância ambiental. Novamente, nesse caso, ocorre significativa contribuição para a própria imagem da organização perante a sociedade, reforçando seus valores intrínsecos.
Sustentabilidade, cidadania e responsabilidade
Tema 3
Evolução do conceito de responsabilidade social corporativa
A responsabilidade social corporativa é capaz de gerar quais benefícios para a sociedade como um todo?
A responsabilidade social envolve respeitar os direitos dos outros, agir corretamente e colaborar para o desenvolvimento social sustentável. A cada dia que passa esse conceito é ampliado a fim de atender às mudanças sociais, econômicas e culturais, dentre outras, pois a relação empresa e sociedade está em constante evolução.
De acordo com Borger (2001), tal relação se altera em razão das mudanças sociais e das expectativas da sociedade. Assim, a responsabilidade social corporativa molda-se às necessidades, já que o objetivo de uma empresa é manter-se no mercado.
Com o passar dos anos, a responsabilidade social corporativa tornou-se relevante dentro do universo empresarial. Porém, deve-se ressaltar que no Século XXI esse conceito tornou-se praticamente universal, tendo persuasão gigantesca nas corporações com maior visão de futuro, o que tem gerado benefícios; inclusive, para a própria imagem da empresa perante seus clientes.
Conforme (Ribeiro, 2002), grande parte das organizações internacionais, como a do Trabalho, a de Cooperação Econômica e Desenvolvimento Internacional, o Banco Mundial e as Nações Unidas, definem divisões e diretrizes para promoção e pesquisa da responsabilidade social corporativa.
No início da década de 1990, Carroll (1991) criou a pirâmide de Responsabilidade Social Corporativa – RSC, que divide as responsabilidades da seguinte forma:
· Filantrópicas: ser uma boa cidadã̃ corporativa, melhorar a qualidade de vida.
· Éticas: ser assim; ou seja, a obrigação de fazer o que é certo, correto e justo.
· Legais: obedecer às leis e às regras do jogo.
· Econômicas: ser lucrativa, a fundação sobre a qual todas as outras responsabilidades estão assentadas.
De acordo com o citado autor, as responsabilidades filantrópicas, éticas e legais estão alicerçadas sobre a econômica, que permite que as outras possam ser desenvolvidas.
Os pesquisadores Melo Neto e Froes (1999) afirmam que “[...] a responsabilidade da empresa está diretamente relacionada aos seguintes fatores:
· o consumo pela empresa dos recursos naturais de propriedade da humanidade;
· o consumo pela empresa dos capitais financeiros e tecnológicos e pelo uso da capacidade de trabalho que pertence a pessoas físicas, integrante daquela sociedade;
· o apoio que recebe da organização do Estado, fruto da mobilização da sociedade”.
Eles ainda abordam que “os principais vetores da responsabilidade social de uma empresa são:
1. apoio ao desenvolvimento da comunidade onde atua;
2. preservação do meio ambiente;
3. investimento no bem-estar dos funcionários e seus dependentes e num ambiente de trabalho agradável;
4. comunicações transparentes;
5. retorno aos acionistas;
6. sinergia com os parceiros;
7. satisfação dos clientes e/ou consumidores”.
É interessante acrescentar as cinco dimensões idealizadas por Dahlsrud (2008).
São elas:
a. Ambiental – Refere‐se ao relacionamento da empresa com o meio ambiente.
b. Social – Relaciona‐se ao relacionamento da empresa com a sociedade.
c. Econômica – Diz respeito aos aspectos socioeconômicos e financeiros, incluindo a descrição da RSC em termos de operação de negócio.
d. Stakeholder – Refere‐se aos stakeholders ou grupos deles.
e. Voluntária – É relativa às ações não prescritas pela lei.
Foi idealizado ainda por Carroll (1979) um modelo conceitual de Desempenho Social Corporativo – DSC baseado em aspectos importantes da responsabilidade social, da seguinte forma:
· Definição básica de responsabilidade social.
· Enumeração das questões sociais a serem enfrentadas pela empresa.
· Especificação da filosofia de resposta para as questões sociais.
Outro modelo de DSC foi criado mais de uma década depois por Wood (1991), que define:
· Princípios de responsabilidade social corporativa:
· Princípio institucional: legitimidade.
· Princípio organizacional: responsabilidade pública.
· Princípio individual: discrição gerencial.
· Processos de responsividade social corporativa:
· Avaliação do ambiente.
· Gestão dos stakeholders.
· Gestão das questões.
· Resultados do comportamento corporativo:
· Impactos sociais.
· Programas sociais.
· Políticas sociais.
Todos os conceitos aqui estudados permitem maior entendimento acerca da importância da responsabilidade social, mas não são suficientes para todo o potencial desse conceito, que será ampliado cada vez mais em razão da evolução da sociedade e de seus novos anseios.
Sustentabilidade, cidadania e responsabilidade
Encerramento
No contexto atual, como sustentabilidade e cidadania corporativa estão interligadas?
A cidadania corporativa está relacionada à responsabilização de uma empresa sobre os direitos de pessoas físicas; ou seja, a garantia do direito dos indivíduos. Isso evidencia a interligação da sustentabilidade à cidadania corporativa. As organizações devem ter comprometimento efetivo com as questões socioambientais, ainda mais diante das mudanças climáticas.
A sustentabilidade econômica pode se dar, dentre outros meios, por eficientes sistemas de gestão como o ISO 14001. De que maneiras isso pode acontecer?
Por meio da redução dos riscos de contaminação do meioambiente e consequente diminuição dos passivos ambientais, de geração de maior atratividade para os investidores (até mesmo pelos motivos anteriores), de incremento positivo na motivação dos funcionários e colaboradores e melhoria do ambiente organizacional, além de melhoria dos processos internos de gestão, da imagem positiva de confiabilidade e de responsabilidade perante a sociedade e a mídia, bem como da utilização dos recursos disponíveis de maneira eficaz.
A responsabilidade social corporativa é capaz de gerar quais benefícios para a sociedade como um todo?
Entende-se que a responsabilidade social corporativa gera diversos benefícios para a sociedade, como o desenvolvimento da comunidade local, as ações de preservação do meio ambiente, a ampliação dos investimentos no bem-estar dos funcionários e seus dependentes, o que resulta em melhor ambiente organizacional, formas mais claras de comunicação entre os atores da organização, feedback para os acionistas, maior interação com os parceiros e a satisfação dos clientes e/ou consumidores.
Resumo da Unidade
Esta unidade abordou vários aspectos de um tema que se encontra em alta nos mais diversos âmbitos de nossa sociedade: a sustentabilidade. Essa, atualmente, é uma força potente que impulsiona a economia empresarial em um ambiente favorável a ações de grande relevância para a cidadania, a solidariedade e a justiça social.
Por meio de ganhos econômicos ocorre a manutenção das organizações no mercado, que passaram, após décadas, a enxergar que a preocupação com as questões ambientais, além de salvar a humanidade, também se tornou um ativo de grande valor perante a sociedade. Essa responsabilidade atinge outros setores, principalmente os de caráter social.
Referências da Unidade
· BORGER, F. G. Responsabilidade social: efeitos da atuação social na dinâmica empresarial. 254 f. 2001. Tese (Doutorado em Administração) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.
· CARROLL, A. B. The pyramid of corporate social responsibility: toward the moral management of organizational stakeholders. Business Horizons, [online], v. 34, n. 4, p. 39‐48, 1991.
· DAHLSRUD, A. How corporate social responsibility is defined: an analysis of 37 definitions. Corporate Social Responsibility and Environmental Management, [online], v. 15, n. 1, p. 1‐13, 2008.
· INSTITUTO ECOBRASIL. Nosso futuro comum – Relatório Brundtland. [s. d.].
· INSTITUTO FLORESTAL. O programa MAB. [s. d.].
· IPEA. História – Rio-92. Desafios do desenvolvimento. Brasília: DF, a. 7, ed. 56, 2009.
· MELO NETO, F. P. de; FROES, C. Responsabilidade social & cidadania empresarial. Rio de Janeiro. Qualitymark, 1999.
· OLIVEIRA, O. J.; SERRA, J. R. Benefícios e dificuldades da gestão ambiental com base na ISO 14001 em empresas industriais de São Paulo. Production, São Paulo, v. 20, n. 3, p. 429-438, 2010.
· PHILLIPI JR., A.; SAMPAIO, C. A. C.; FERNANDES, V. Gestão empresarial e sustentabilidade. Barueri: Manole, 2017.
· RIBEIRO, M. de S. A evolução dos conceitos de responsabilidade social. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS. 9., 2002, São Paulo. Anais... São Paulo, 2002.
· RIBEIRO, W. C. A ordem ambiental internacional. São Paulo: Contexto, 2001.
· SECRETARIA DE ESTADO DE JUSTIÇA E DE CIDADANIA DO PARANÁ. O que é cidadania? [s. d.].
https://www.justica.pr.gov.br/Pagina/O-que-e-Cidadania.
· WOOD, D. J. Corporate social performance revisited. Academy of Management Review. [online], v. 16, n. 4, p. 691‐718, 1991.
Para aprofundar e aprimorar os seus conhecimentos sobre os assuntos abordados nessa unidade, não deixe de consultar as referências bibliográficas básicas e complementares disponíveis no plano de ensino publicado na página inicial da disciplina.
Unidade 2
Meio ambiente e desenvolvimento
Nesta unidade vamos descrever a relação homem e natureza por meio do processo histórico, a fim de captar a gênese e a evolução dos problemas ambientais e, portanto, da insustentabilidade do modelo civilizatório, em particular após a Revolução Industrial.
Assim, é possível entender o surgimento do pensamento ambiental no século XIX e a crítica ambiental do século XX até o momento atual, de forma a desenvolver consciência crítica.
Por fim, será estudado o conceito de desenvolvimento ecologicamente sustentável, entendido como uma referência a seguir para incentivar ações e tomadas de atitudes frente à problemática ambiental.
Objetivo
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:
· Explicar, a partir de processo histórico, a crise e a crítica ambiental para desenvolver consciência necessária para a construção de um modelo civilizatório ambientalmente sustentável.
Conteúdo Programático
Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas:
· Tema 1 - A evolução do pensamento ambiental e principais marcos
· Tema 2 - A insustentabilidade ambiental do modelo civilizatório vigente
· Tema 3 - O que é o desenvolvimento sustentável?
Em nível global, atualmente, o maior problema ambiental que a humanidade enfrenta são as mudanças climáticas devido à emissão de gases de efeito estufa — em particular, o CO₂ oriundo da queima de combustíveis fósseis. A busca por transição energética para um modelo sustentável, de baixo carbono, está em curso e com certeza trará grandes oportunidades profissionais para diversas áreas.
A seguir, leia o artigo que discute sobre a descarbonização da economia mundial: Transição para energias limpas.
Meio ambiente e desenvolvimento
Tema 1
A evolução do pensamento ambiental e principais marcos
A relação entre o homem e a natureza produziu efeitos ambientais muito antes da Modernidade. Desde quando os impactos ambientais são provocados pelo homem?
Entre 70 mil e 60 mil anos atrás, nossos ancestrais experimentaram o que os historiadores chamam de O grande salto. Trata-se da Revolução Cognitiva, quando passamos a ter capacidade de criar modelos mentais em uma tentativa de compreendermos o mundo externo, no qual nos inserimos. Nesse contexto, adquirimos capacidade de planejar, organizar e criar tecnologias.
O gênero Homo, da espécie sapiens arcaico, passa a ser considerado uma subespécie: Homo sapiens sapiens – o homem que sabe que sabe. A partir de então começamos a diferenciarmo-nos de outros animais e a intervir na natureza, agora percebida como um objeto externo ao sujeito.
A luta de nossa espécie contra o meio em que se insere é marcada por uma progressiva emancipação e domínio em relação à natureza e suas leis, que ocorre por meio do desenvolvimento da intelectualidade humana.
O homem em busca da sobrevivência
Surge um padrão de relacionamento homem e natureza que nos acompanha desde então. Com o intuito de melhorar as condições de sobrevivência e conforto, o homem age na natureza ocasionando, no entanto, efeitos colaterais nocivos.
Obviamente, eles não eram perceptíveis naquele momento da evolução. Hoje, porém, com o aumento da intensidade das ações humanas na natureza, tais efeitos são percebidos e denominados de impactos ambientais.
Assim, os impactos do homem na natureza e, por conseguinte, em si mesmo não é uma coisa nova, pois existem desde o homem primitivo. Hoje, os efeitos colaterais são bastante significativos, e é possível exemplificar alguns:
· Remoção sistemática de florestas com uso de fogo para abertura de áreas agrícolas e de pastagem em culturas itinerantes.
· Contato com animais recém-domesticados é responsável pelo aparecimento de muitos microrganismos patológicos que resultam em doenças, como tuberculose, sarampo e varíola, que assolaram regiões durante pandemias frequentes (pestes) ao longo da História.
· Com a pecuária, os maus-tratos aos animais passam a ser constantes e rotineiros.
· A formação de cidades após a Revolução Agrícola traz demanda por madeira para a construção civil e naval e para uso energético, como lenha, levando à escassez de madeiras (como o carvalho e o cedro-do-líbano) na região do Mediterrâneo.
· Na Antiguidade e no Medievo começa a emissão significativa de CO₂ e metano.
· Na EraMedieval, a ausência de preocupação com saneamento e higiene pessoal, bem como a incapacidade tecnológica de produção e conservação de alimentos, produz, em cenário dramático, surtos de fome e pestes.
· Contribuição significativa a partir da caça para a extinção da megafauna há cerca de 10 mil anos. Grandes animais, como diprotodontes (Austrália), mamutes (Ártico), tigre-de-dentes-de-sabre e preguiças-gigantes (Américas), bem como várias espécies pequenas, também desapareceram.
O homem na Revolução urbano-industrial
O uso do carvão como energia em indústrias de grande porte sem nenhuma preocupação ambiental traz uma atmosfera fabril e urbana que torna o ar irrespirável e os corpos hídricos poluídos.
Até o século XVIII, habitats naturais (como florestas) eram considerados selvagens e bárbaros e deveriam ser substituídos por ambientes humanizados, como cidades, campos de cultivos e pastos.
O pensamento ambiental antigo, apesar de pouco contestador, trouxe a valorização da vida selvagem e a criação dos primeiros parques nacionais, regiões com reconhecidos atributos ambientais que deveriam ser reservadas como públicas para uso recreativo em benefício e desfrute do povo e para a manutenção da vida natural.
	Em 1872, é criado o primeiro parque nacional do mundo, nos Estados Unidos: Yellowstone. Ele logo foi seguido por diversos outros em demais partes do planeta.
	No Brasil, em 1937, foi inaugurado o nosso primeiro parque: Parque Nacional de Itatiaia.
	
	
A relação uso de tecnologias versus efeitos colaterais se acentua após a Revolução urbano-industrial, quando a capacidade de intervenção na natureza intensificou-se rapidamente.
Nesse novo contexto, o movimento artístico do Romantismo inspirou a valorização de um ponto de vista intrínseco sobre os espaços naturais por três motivações:
· Estéticas: a beleza da natureza, que passa a ser reconhecida em contraste ao ambiente urbano poluído.
· Éticas: o reconhecimento de que outras espécies têm o mesmo direito à vida no planeta.
· Poéticas: a valorização do mundo natural, ressaltada por artistas e escritores românticos.
A partir dessas motivações, surge o pensamento ambiental do século XIX por meio das linhas de inteligência:
· Conservacionistas: a natureza passa a ser entendida como frágil, devendo ser usada de forma mais eficiente e racional, evitando desperdícios.
· Preservacionistas: a natureza não pertence ao homem. Sendo assim, não temos o direito de explorá-la além das nossas necessidades básicas.
· Naturalistas e Sociedades Protetoras dos Animais: valorização do mundo natural e da natureza selvagem.
· História Natural: a teoria ecológica emergente vai fornecer base científica crucial, respaldando cientificamente as demais linhas de pensamento.
Meio ambiente e desenvolvimento
Tema 2
A insustentabilidade ambiental do modelo civilizatório vigente
Quando a preocupação ambiental aparece conceitualmente em nossa sociedade?
O pensamento ambiental nasceu no século XIX como um contraponto ao desenvolvimento urbano-industrial. Apesar disso, no século seguinte iniciou-se forte intensificação desse modelo de desenvolvimento, que se expande pelo mundo. Contido ainda na primeira metade do século XX devido às duas grandes guerras, aos conflitos civis e à gripe espanhola, o modelo urbano-industrial expandiu-se com força a partir da tarefa de reconstrução de mundo no pós-guerra, a partir dos anos 1950. Tudo isso com capacidade tecnológica muito maior do que a do século anterior, incluindo a tecnologia nuclear.
Assim, o padrão que acompanha a evolução humana — i. e., “o uso de tecnologias versus efeitos colaterais” — fez-se presente em acidentes ambientais de grande proporção, que repercutiram mundo afora, gerando indignação e abrindo caminho para o movimento ambiental crítico dos anos 1960.
Veja alguns acidentes ambientais que se tornaram marcos históricos no mundo.
1952 – Inglaterra – The great smog
No início do inverno, um fenômeno climático conhecido como inversão térmica impediu a dispersão de poluentes atmosféricos oriundos da queima de carvão em indústrias e usinas termoelétricas, ocasionando grande nevoeiro tóxico que encobriu Londres por quase uma semana, causou doenças respiratórias e milhares de mortes. O acidente deu grande impulso aos movimentos ambientais e foi responsável pela criação de várias normas legais contra a poluição do ar.
Imagem: Inversão térmica. | Wikimedia (clique para ampliar)
1953 – Japão – Baía de Minamata
Foi um acidente químico de caráter crônico até 1968, causado pela indústria de plásticos que despejava em águas residuárias contendo mercúrio, que entrou na cadeia alimentar, contaminando plâncton, crustáceos e peixes, até chegar ao homem. Em 1953 foram identificados os primeiros casos de lesão no sistema nervoso de moradores locais. A intoxicação desencadeou uma síndrome que ficou conhecida como Mal de Minamata, trazendo grave desordem neurológica degenerativa, podendo ser transmitida geneticamente, acarretando abortos, o nascimento de crianças deformadas e câncer.
O governo japonês investiu milhões de dólares em descontaminação e saúde das áreas afetadas, porém desastres similares foram observados em outras baías japonesas. Como resposta, inúmeras campanhas antipoluição foram lançadas no Japão até 1971. Em 1997, o governo japonês havia reconhecido mais de 12.500 vítimas de Minamata.
Imagem: Doença de Minamata. | Wikipedia (clique para ampliar)
1962 – EUA – Silent Spring (ou Primavera Silenciosa)
Foi um poderoso defensivo agrícola conhecido como DDT, que teve seus danos ambientais e até nutricionais descritos no best-seller Primavera silenciosa, de Rachel Carson. O livro provocou muitos questionamentos não somente sobre os perigos do DDT, mas também de forma mais ampla, criticando a confiança cega em qualquer tipo de progresso tecnológico. A obra influenciou a criação da agência de proteção ambiental – EPA nos EUA e de leis ambientais em todo o mundo. Ele é considerado o marco inicial do moderno movimento ambiental, que eclodiria em seguida.
Imagem: Rachel Carson (1907 – 1964). | Wikipedia (clique para ampliar)
Inúmeros outros acidentes marcantes, em particular na indústria do petróleo e nuclear, poderiam ser descritos aqui como tendo influenciado e consolidado a crítica ambiental, a saber:
· Escassez de recursos naturais.
· Poluição.
· Extinção de fauna e flora.
No final da década de 1960, culturalmente efervescente e marcada por movimentos e modificações sociais, a questão ecológica começa a tomar corpo.
O livro de grande repercussão The population bomb (ou A bomba populacional), de Paul Ehrlich, lançado em 1868 nos EUA, questiona a capacidade de se ofertarem recursos naturais em um planeta finito frente a uma população que cresceu quase 300% após a Revolução Industrial e que consume cada vez mais de modo per capita.
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No mesmo caminho é lançado, em 1972, o relatório técnico The limits to growth (ou Os limites do crescimento), que mostrava a inviabilidade futura do modelo de crescimento ilimitado urbano industrial.
Ainda em 1972 foi criado o Dia da Terra (ou Earth Day) em 22 de abril, e ocorreu em Estocolmo (Suécia), a Primeira Conferência Internacional sobre Meio Ambiente das Nações Unidas, que trouxe pela primeira vez o conceito de um novo tipo de desenvolvimento, chamado na época de Ecodesenvolvimento.
Meio ambiente e desenvolvimento
Tema 3
O que é o desenvolvimento sustentável?
O que se deve entender por desenvolvimento ecologicamente sustentável?
As primeiras bandeiras do movimento ambiental moderno são hasteadas no final dos anos 1960 do século XX. Nos anos seguintes, o movimento consolidou-se e ganhou caráter científico e político.
Nesse momento inicial, porém, o que se vê é a radicalização de ambas as partes: ambientalistas versus setor produtivo. Enquanto muitos ambientalistas chegam a defender a paralisação do crescimento, o setor produtivo, por sua vez, menospreza o movimento ambiental, defendendo o modelo de desenvolvimento clássico: “a poluição é o preço do progresso.”
Ao longodos anos o embate sobre o meio ambiente amadureceu. Não queremos retroceder ao nível de desenvolvimento medieval (quando a expectativa de vida não passava de 35 anos); porém, o modelo de desenvolvimento tradicional pode levar-nos a uma crise ambiental sem precedentes.
Nesse contexto, a ONU lançou em 1987 um grande estudo publicado como Nosso futuro comum – Relatório Brundtland (ou, em inglês, Our common future), em que, usando tom conciliador, busca criar diretrizes para um novo modelo de desenvolvimento dito ecologicamente sustentável e definido como “aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades”.
Apesar de subjetiva, essa definição de sustentabilidade fez muito sentido na época, trazendo uma nova referência a ser seguida, um caminho do meio a ser traçado entre o antagonismo do crescer a qualquer custo e o crescimento zero.
A segunda conferência da ONU sobre meio ambiente, realizada no Rio de Janeiro em 1992 —, a saber, a Eco-92, deixou como um de seus legados a popularização do conceito de desenvolvimento sustentável, envolvendo aspectos econômicos, ambientais e sociais que precisam interagir de forma equilibrada e sistêmica. Essa definição ficou conhecida como triângulo da sustentabilidade.
A Eco-92 trouxe ainda a Agenda 21, que foi definida como um “instrumento de planejamento participativo visando o desenvolvimento sustentável”, compatibilizando a conservação ambiental, a justiça social e o crescimento econômico do triângulo de sustentabilidade. Apesar de muito em voga, a Agenda 21 acabou perdendo força nos anos 1990 como instrumento para a sustentabilidade, deixando um legado maior de educação ambiental informal, dado que trouxe a discussão ambiental para representantes de todos os setores da sociedade.
Em 2015, a ONU realiza uma espécie de atualização da Agenda 21 e traz a Agenda 2030 e seus Objetivos de Desenvolvimento Sustentável – ODS. Trata-se de uma agenda mundial para a construção e implementação de políticas públicas a fim de alcançar a sustentabilidade em escala mundial até 2030. Trata-se de 17 objetivos elencados por temas, com 169 metas dentro das ODS, que deverão ser monitorados por 231 indicadores até 2030.
Fonte: gtagenda2030.org.br
Os ODS representam um plano de ação global para eliminar a pobreza extrema e a fome, oferecer educação de qualidade ao longo da vida para todos, proteger o planeta e promover sociedades pacíficas e inclusivas até 2030. Acesse o documento na íntegra, neste link: Agenda 30.
No novo século vai ganhando forma uma definição mais operacional de sustentabilidade a partir da percepção de que não precisamos inventar modelos sustentáveis a partir do zero, mas sim moldá-los de acordo com os ecossistemas naturais que são sustentáveis, pois criaram tudo o que vemos (inclusive, nós mesmos), por meio de um processo contínuo ao longo de milhões de anos. Em outras palavras: devemos abandonar o paradigma de dominação da natureza para um novo de harmonia e colaboração entre nossos processos produtivos e naturais.
Atualmente, as soluções com base nesse novo paradigma são conhecidas como Soluções baseadas na natureza (ou, em inglês, Nature based solutions initiative).
Já a partir do final dos anos 1980, o setor produtivo, bem resistente à crítica ambiental mais severa, passou gradativamente a aceitar o novo conceito de desenvolvimento sustentável e buscou inserir a dimensão socioambiental no modelo de produção, não somente por razões científicas e intrínsecas (amor e reverência à natureza), mas principalmente por motivações econômicas. Assim, o setor produtivo começa a criar e operacionalizar instrumentos ambientais conhecidos como Sistemas de Gestão Ambiental – SGA em empresas.
Procedimentos e ações ambientais por parte delas, antes regidos apenas por instrumentos públicos com base em legislações impositivas e regulações dos órgãos ambientais, passam aos poucos a ser compartilhados com as próprias organizações por meio de seus recém-criados departamentos internos de meio ambiente.
Meio ambiente e desenvolvimento
Encerramento
A relação entre o homem e a natureza produziu efeitos ambientais muito antes da Modernidade. Desde quando os impactos ambientais são provocados pelo homem?
O Homo sapiens começa a adquirir condições de intervir na natureza de forma diferenciada de outros hominídeos a partir da chamada Revolução Cognitiva, cerca de 70 mil anos atrás. A partir daí, gradativamente ganhamos capacidade de planejamento de ações para trabalho em grupo e construção de ferramentas de caça simétricas, que, aliado ao uso do fogo, trouxe-nos grande poder de intervir no meio natural e melhorar nossa condição de sobrevivência e conforto frente à rusticidade da natureza primitiva.
Quando a preocupação ambiental aparece conceitualmente em nossa sociedade?
Pode parecer paradoxal, mas o pensamento ambiental antigo surge no século XIX logo em seguida à Revolução urbano-industrial. Não há paradoxo, pois, quando as cidades crescem e tornam-se contaminadas por processos industriais altamente poluentes, emerge um sentimento de valorização dos espaços naturais como um contraponto àquele cenário urbano fabril.
O que se deve entender por desenvolvimento ecologicamente sustentável?
O conceito de desenvolvimento ecologicamente sustentável baseia-se na interação equilibrada entre as dimensões econômicas, ambientais e sociais em um modelo de desenvolvimento cujas intervenções na natureza devem ser feitas sob um novo paradigma de harmonia ao meio; isto é, afinado aos sistemas naturais reconhecidamente sustentáveis.
Resumo da Unidade
Nesta unidade foi vista como a relação homem e natureza traz efeitos indesejados desde a Revolução Cognitiva. Assim, é importante que a percepção desses efeitos colaterais seja analisada com a intensificação da ação do homem sobre a natureza na Revolução Industrial.
Como resultado dos impactos da revolução urbano-industrial, surge a necessidade do pensamento ambiental a partir do século XIX. Por fim, convergimos para o pensamento ambiental crítico dos anos 1960 e o aparecimento de um modelo de desenvolvimento ecologicamente sustentável e suas implicações.
Referências da Unidade
· CAMARGO, A. L. de B. Desenvolvimento sustentável: dimensões e desafios. Campinas: Papirus, 2020. ISBN: 9786556500065. Biblioteca Virtual Pearson.
· MENDONÇA, F. de A.; DIAS, M. A. Meio ambiente e sustentabilidade. Curitiba: Intersaberes, 2019. ISBN: 9788559729290. Biblioteca Virtual Pearson.
Para aprofundar e aprimorar os seus conhecimentos sobre os assuntos abordados nessa unidade, não deixe de consultar as referências bibliográficas básicas e complementares disponíveis no plano de ensino publicado na página inicial da disciplina.
Unidade 3
Políticas públicas, sistemas de gestão ambiental em empresas e o consumo sustentável
Com o avanço das questões ambientais ao longo dos últimos 50 anos, torna-se essencial que os gestores empresariais tenham conhecimento das ações ambientais realizadas pelo setor público, setor produtivo e pela sociedade em geral.
Neste conteúdo, o primeiro tema abordará as principais políticas e legislações ambientais públicas, que estabelecem as normas para a conservação e preservação do meio ambiente. No segundo tema será visto o crescente envolvimento do setor produtivo na área ambiental por meio de diferentes instrumentos, como auditorias e certificações ambientais, além dos índices ambientais dos quais as empresas têm interesse em participar. Também serão apresentadas as diversas motivações que levam empresas a investirem em questões ambientais.
Por fim, no último tema, demonstraremos como a sociedade está cada vez mais consciente da importância do meio ambiente por meio do conceito de consumo consciente.
Objetivo
Ao final desta unidade, você deverá ser capaz de:
· Entender as principais políticas públicas brasileiras e suas relações com a gestão empresarial.
· As ações e instrumentos de gestão ambiental nas empresas.
· A nascente percepçãodo mercado por um consumo consciente e sustentável.
Conteúdo Programático
Esta unidade está organizada de acordo com os seguintes temas:
· Tema 1 - Política e legislação ambiental brasileira
· Tema 2 - Instrumentos de gestão ambiental em empresas
· Tema 3 - Consumo consciente
O que é ESG? Entenda porque as empresas estão correndo atrás da sigla | CNN Soft Business
As certificações ambientais e os selos de sustentabilidade estão diretamente relacionados às práticas estabelecidas pelo ESG, sigla para Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança).
Página URL onde está o vídeo:
https://youtu.be/zp0o7yaGqyk
O ESG define os parâmetros para avaliar se empresas estão seguindo as práticas sustentáveis focadas no meio ambiente, pessoas e governança do negócio. E o vídeo fala da importância dessa discussão sobre economia e empresas para garantir um planeta melhor.
Políticas públicas, sistemas de gestão ambiental em empresas e o consumo sustentável
Tema 1
Política e legislação ambiental brasileira
Como a legislação ambiental pode ser vista?
O movimento ambientalista moderno se iniciou nos anos 1960. A partir daí o movimento ganhou intensidade com inúmeras políticas e instrumentos públicos e privados desenvolvidos com cunho de ação ambiental.
A evolução desse movimento no Brasil se deu da seguinte forma:
· Década de 1960 – Aparecimento do conceito de Educação Ambiental e intensificação dos instrumentos de conservação e preservação de ecossistemas.
· Década de 1970 - Instrumentos públicos de comando e controle com ótica corretiva e regulatória. Esses instrumentos se caracterizam por regular diretamente. Uma resolução com força de lei (comando) é emitida pelas agências ambientais recém-criadas, indicando a necessidade de alguma ação corretiva por parte de um agente poluidor. Após um prazo dado para cumprimento a fiscalização (controle) essa é realizada pelas própria agências. Um exemplo comum são as normas de controle de poluição industrial atmosférica e da água a partir dos padrões máximos que devem ser aplicados.
· Década de 1980 - Instrumentos de comando e controle, agora com ótica preventiva, isto é, antes do empreendimento, para que sejam realizados, com potencial de trazer impactos ambientais. É a consolidação da Avaliação de Impactos Ambientais – AIA descrito pelo EIA/RIMA – Estudos de Impactos Ambientais/Relatório de Impacto sobre o Meio Ambiente. Esse instrumento tenta identificar os possíveis impactos ambientais de um novo empreendimento antes de este ser edificado, ainda em sua fase de projeto. Assim, pode-se mitigar tais impactos, se for necessário alterar o projeto original e até mesmo impedir a realização dele. Além disso, vinculado à aprovação da AIA pelos órgãos ambientais, consolida-se o instrumento de Licenciamento Ambiental em suas três fases: licença prévia, de instalação e de operação.
· Década de 1990 - Instrumentos dentro de uma ótica integradora entre os agentes públicos e privados. É a consolidação das políticas públicas e o aparecimento das ações ambientais por parte dos setores produtivos estatais e privados.
· Século XXI – Procedimentos e ações ambientais por parte do setor produtivo tendem a se intensificar, motivados pela percepção crescente da sociedade a respeito da importância da questão ambiental.
Políticas públicas brasileiras e suas legislações
As políticas públicas brasileiras e suas legislações desempenham papel fundamental na busca pelo desenvolvimento socioeconômico e na promoção do bem-estar da população. Essas políticas abrangem uma ampla variedade de áreas, como educação, saúde, segurança, meio ambiente, infraestrutura e economia.
No âmbito da gestão empresarial, as políticas públicas e suas legislações desempenham um papel relevante, pois estabelecem as regras e diretrizes que norteiam as atividades das empresas e o ambiente em que elas operam. Essas políticas podem influenciar diretamente o planejamento estratégico, a tomada de decisões e as práticas empresariais.
Um exemplo claro dessa relação é a política ambiental e as legislações relacionadas à proteção do meio ambiente. No contexto atual, a sustentabilidade se tornou uma preocupação cada vez mais importante para as empresas. Por meio de políticas públicas e suas regulamentações ambientais, as empresas são incentivadas a adotar práticas sustentáveis, como uso eficiente de recursos naturais, redução da emissão de poluentes e investimento em energias renováveis. Além de cumprir com as exigências legais, a gestão empresarial consciente da importância ambiental pode gerar benefícios econômicos, como redução de custos e conquista de novos mercados e consumidores preocupados com sustentabilidade.
Uma gestão empresarial eficaz deve estar atenta às políticas públicas em vigor, acompanhando suas atualizações e adaptando-se às mudanças legais e regulatórias. Dessa forma, as empresas podem se posicionar de forma estratégica, aproveitando as oportunidades oferecidas pelas políticas públicas e contribuindo para o desenvolvimento sustentável do país.
Vejamos as principais políticas públicas no âmbito federal e suas legislações em ordem cronológica a partir dos anos 1960.
1965
· Lei 4.771/1965 – Institui o Código Florestal. É uma das leis ambientais mais antigas do país. Prevê, entre outros aspectos, a proteção das florestas nativas brasileiras e os corpos d'água contidos em bacias hidrográficas.
1973
· Decreto 73.030/1973 – Cria a SEMA - Secretaria Especial de Meio Ambiente, subordinada ao extinto Ministério do Interior, que atacou os seguintes problemas: detergentes biodegradáveis, defensivos agrícolas e elaborou o programa de emissão de veículos.
1981
· Lei 6.938/1981 – Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação. Criou o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA e o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. É considerada a lei mãe do ambientalismo no Brasil, marcando o início de uma política ambiental mais efetiva.
1986
· Resolução CONAMA 01/1986 – Estabelece as definições, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e implementação da avaliação de impactos ambientais, e dá outras providências.
1987
 Resolução CONAMA 06/1987 – Edita regras gerais para o licenciamento ambiental de obras de grande porte, especialmente aquelas nas quais a União tenha interesse relevante, como geração de energia em hidroelétricas.
1988
· Constituição Federal – Dentro da constituição, podemos citar:
· Art. 21o, da União: prevê, no inciso XIX, o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos.
· Art. 23o, comum à União, Estados e Municípios: proteção ao meio ambiente, combate à poluição em qualquer das suas formas, preservação das florestas, faunas e flora. Registra, acompanha e fiscaliza as concessões de direito de pesquisa e de exploração dos recursos hídricos e minerais em seus territórios.
· Art. 225o, §1o, III, §4o e §5º: Unidades de Conservação.
· Art. 228o, inciso IV/1981: determina estudos de impactos ambientais — EIA, de maneira prévia e com publicidade.
· Portaria 534/1988 – O Ministério da Saúde proíbe o uso de clorofluorcarbonos - CFC destruidores da camada de ozônio em todo o território nacional.
1989
· Lei 7.735/1989 – Extingue a Secretaria Especial de Meio Ambiente - SEMA e cria o Instituto Nacional do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, criado com a finalidade de formular, coordenar, executar e fazer exercitar a Política Nacional do Meio Ambiente e da preservação, conservação e uso racional, fiscalização, controle e fomento dos recursos naturais renováveis.
1990
· Lei 8.028/1990 – Cria o Ministério do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Amazônia Legal – MMARHAL.
1991
· Lei 3.160/1992 – Cria a necessidade de Auditoria Ambiental compulsória em empresas.
1997
· Lei 9.433/1997 – Institui a Política Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, regulamentando o inciso XIX do art. 21º da Constituição Federal de 1988.
1998
· Lei 9.605/1998 – A chamada Lei de CrimesAmbientais dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências.
1999
· Lei 9.795/1999 – Institui a Política Nacional de Educação Ambiental.
2000
· Lei 9.984/2000 – Criação da Agência Nacional de Águas (ANA) — entidade federal de implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e da coordenação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, e dá outras providências.
· Lei 9.985/2000 – Lei do SNUC — Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza que corresponde ao conjunto de Unidades de Conservação (UCs) federais, estaduais e municipais.
2007
· Lei 9.605/2007 – Criação do ICMBio - Instituto Chico Mendes para Conservação da Biodiversidade, órgão responsável por gerenciar as unidades de conservação federais.
· Lei 11.445/2007 – Institui a Política Nacional de Saneamento Básico que estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico.
2009
· Lei 12.187/2009 – Institui a Política Nacional sobre Mudança do Clima. O Brasil é um dos primeiros países a aprovar uma política sobre mudanças climáticas.
2012
· Lei 12.651/2012 – Novo Código Florestal. Essa legislação foi muito criticada por parte dos ambientalistas brasileiros.
2020
· Lei 14.026/2020 – Institui o Marco legal do Saneamento Básico incentivando investimentos em saneamento básico.
Políticas públicas, sistemas de gestão ambiental em empresas e o consumo sustentável
Tema 2
Instrumentos de gestão ambiental em empresas
Por que há empresas que decidem investir em ações de sustentabilidade ambiental?
O embate entre o setor produtivo e ambientalistas começou a se dissipar no final da década de 1980. Publicações da ONU como o Relatório Brundtland (Nosso Futuro Comum) e os graves acidentes ecológicos motivaram empresas às ações e procedimentos ambientais para além das impostas pelo poder público.
Podemos citar os primeiros sistemas de auditorias e certificações ambientais que vão aparecer no fim dos anos 1970 e ao longo dos 1980, mas, sem dúvida, é a 2ª Conferência da ONU sobre Meio Ambiente – Rio 92 que impulsionou o aparecimento de diversas ações que serão incorporadas dentro do que se conhece como Sistemas de Gestão Ambiental em Empresas – SGA. Para sua implementação, departamentos de meio ambientes começam a ser criados no âmbito das organizações de forma não compulsória.
Auditorias ambientais
As auditorias ambientais surgiram de forma compulsória nos Estados Unidos na década de 1970, com o objetivo principal de verificar o cumprimento da legislação. Inspirado nas auditorias contábeis, trata-se um processo sistemático por meio do qual a empresa auditada avalia a sua aderência a critérios ambientais estabelecidos, oriundo de requisitos legais, exigidos por clientes ou definidos pela própria empresa.
As auditorias são realizadas por um grupo de auditores independentes e externos que produzem um laudo final indicando as não conformidades ambientais identificadas. Tal documento serve como guia para investimentos em soluções ambientais, podendo, após algum tempo, se realizar nova auditoria ambiental e verificar se as não conformidades foram sanadas.
As auditorias ambientais se caracterizam por uma análise crítica ao desempenho ambiental da empresa; é um instrumento corretivo ao longo do tempo. No Brasil, as auditorias ambientais só chegaram à legislação após a Rio 92 (Lei 3.160/1992).
Certificações ambientais
As certificações ambientais surgiram a partir de 1986 como uma forma de identificar e reconhecer organizações e produtos que seguem diretrizes e padrões ambientais específicos. Elas foram criadas para atestar a qualificação ambiental das empresas, em resposta à necessidade de promover práticas sustentáveis.
As principais certificações ambientais são:
Séries ISO 14.000 – Criada em 1990 pela organização privada ISO (International Organization for Standardization) é desenvolvida a partir de 1993. Constituem-se de uma série de normas que têm por objetivo principal fornecer diretrizes e ferramentas para promover um sistema de gestão ambiental eficiente dentro das organizações. Trata-se de identificar em organizações processos e práticas que levem à melhoria ambiental contínua.
Ao se submeter, uma empresa pode receber uma ou mais certificações da série, demonstrando saúde ambiental em seus processos.
B corps (Empresas B) – Desde 2006 certifica empresas que demonstrem que seus negócios contribuem para o desenvolvimento de comunidades para reduzir a pobreza e que busquem soluções para os problemas ambientais.
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Selo Verde – Instituto Chico Mendes - Certifica empresas que promovam gestão socioambiental.
Forest Stewardship Council (FSC) – Criado em 1993 após a Rio 92, trata-se de um selo verde que certifica se produtos de origem florestal, como madeiras, são provenientes de área de manejo florestal ecologicamente correta, com condições de trabalho justas e de forma economicamente viável. No Brasil, o FSC foi estabelecido em 2002, apesar de as primeiras florestas certificadas brasileiras serem dos anos 1990. O Brasil possui certificação florestal equivalente criada em 2002 pelo INMETRO: a CERFLOR.
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Procel - Eletrobras – Criado em 1993, o selo Procel de economia de energia é voluntário e tem por objetivo certificar equipamentos eletroeletrônicos quanto à economia, incentivando assim a fabricação de aparelhos mais eficientes.
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Atualmente, existem inúmeras certificações ambientais internacionais e brasileiras. Por exemplo:
· LEED - Leadership in Energy and Environmental Design e AQUA - HQE – Certificam construções e edificações sustentáveis.
· Leaping Bunny (Cruelty Free International), Certified Humane Brasil – Bem-estar animal), entre outras – Certificam que cosméticos e produtos domésticos não foram feitos com base em testes em animais.
· Blue Flag (Programa Bandeira Azul) – Certifica a qualidade ambiental de praias, aumentando a conscientização para a proteção do ambiente marinho e costeiro.
· Sistema Greenroads – Avalia o impacto socioambiental certificando estradas.
Índices de sustentabilidade
Atualmente, existem diversos índices ambientais em todo o mundo que classificam empresas com base em critérios de sustentabilidade. Alguns dos mais conhecidos são os índices relacionados às bolsas de valores, como o DJSI (Dow Jones Sustainability Index) da bolsa de Nova York e o ISE (Índice de Sustentabilidade Empresarial) da B3, a bolsa de valores de São Paulo.
Esses índices avaliam e classificam as empresas com base em seu desempenho em questões ambientais, sociais e de governança (ESG).
Uma série de outros instrumentos ambientais existem atualmente com o objetivo de demonstrar a inserção da dimensão ambiental no modelo produtivo de mercado. Cada vez mais o setor produtivo percebe no investimento ambiental vantagens para seus negócios.
Algumas dessas vantagens são:
· Redução do consumo de recursos naturais, como água e energia cada vez mais caros e instáveis por meio de reciclagem, reúso, eficiência de uso, controle de desperdícios.
· Menor risco de acidentes ambientais e assim menor custos com seguros.
· Maior abrangência de oportunidade de negócios, pois cada vez mais investidores e contratantes exigem qualidade ambiental comprovada.
· Valorização patrimonial e menor passivo ambiental.
· Atendimento à legislação ambiental vigente evitando multas, advertências e embargos.
· Maior visibilidade por meio de eco marketing, tanto da imagem da empresa como de seus produtos, para um mercado consumidor com crescente exigência de qualidade ambiental, entre outras.
Enfim, atualmente as empresas têm grande preocupação ambiental e são cobradas por isso, tanto pelo poder público quanto pelo mercado. Um bom exemplo são os conjuntos de padrões e boas práticas que visam definir se uma empresa é socialmente consciente conhecido como ESG - Environmental,Social and Governance (Ambiental, Social e Governança). O ESG tem o objetivo de mensurar o desempenho de sustentabilidade de uma organização.
Políticas públicas, sistemas de gestão ambiental em empresas e o consumo sustentável
Tema 3
Consumo consciente
Como podemos diferenciar consumismo e consumo?
Vimos que a conscientização ambiental está se expandindo no mundo, levando ao surgimento do conceito de Consumo Consciente, o qual questiona os excessos da sociedade de consumo e o consumismo.
O consumo é fundamental na vida humana, desde a necessidade básica de alimentos, água e energia para nossa sobrevivência até as necessidades modernas de vestuário, moradia, saneamento, educação, produtos de informática, entretenimento e assim por diante.
Consumir é essencial para alcançarmos bem-estar material e desfrutarmos de valores fundamentais, como saúde, educação, autoestima e dignidade em uma sociedade. Além disso, na economia contemporânea, a produção e o consumo de bens e serviços impulsionam a criação de empregos, salários e impostos, gerando riqueza.
Qual é o problema disso?
O problema surge quando o consumo excessivo ocorre por razões além das necessidades básicas. A produção de qualquer bem ou serviço requer o uso de recursos naturais, alguns dos quais são considerados não renováveis, como combustíveis fosseis (petróleo, carvão, gás natural, minérios). Isso significa que a natureza não os repõe, e que, portanto, eles se esgotarão um dia.
Outros recursos, chamados renováveis, como água, recursos florísticos e faunísticos, também podem se tornar escassos se os consumirmos em uma medida maior do que sua capacidade de renovação natural. É por isso que muitas espécies foram extintas e outras estão atualmente ameaçadas de extinção em nosso planeta.
Com a Revolução Industrial, a qualidade de vida em geral melhora e a população mundial cresce como nunca na humanidade. A expectativa de vida no mundo pré-industrial era de cerca de 30 e poucos anos; hoje, em países desenvolvidos, já ultrapassa os 80 anos. Por outro lado, a riqueza econômica e o lucro, antes vistos de forma negativa pela sociedade, passam à força motriz do crescimento, sendo valorizado e sinônimo de bem-estar social.
Assim, o acúmulo de riqueza material é perseguido e entendido como felicidade na sociedade urbana industrial, sobretudo após a 2ª Guerra Mundial.
Socialmente determinado, esse modelo de crescimento, chamado de “ilimitado”, não enxerga os limites físicos e biológicos do planeta. Ao contrário, incentiva e estimula a produção e o consumo per capita.
Para se ter uma ideia, estima-se que o consumo de energia de um habitante do mundo atual é cerca de 350 vezes maior do que a de um habitante da era medieval. Acrescente a tal fato termos um aumento de quase 300% de habitantes hoje, em relação ao mundo pré-industrial. Assim, temos, então, um aumento de mais de 1.000 vezes no consumo de energia. Em outras palavras, o que consumimos em um ano no planeta equivale a 1.000 anos de consumo pré-industrial.
Não devemos esquecer da parcela significativa da população que está excluída e mal consegue consumir os bens necessários para sua sobrevivência básica. Essas pessoas certamente gostariam de poder consumir mais.
Se desejamos uma sociedade igualitária, na qual todos os habitantes do planeta tenham acesso ao nível atual de consumo dos países desenvolvidos, fica claro que não temos recursos naturais suficientes para sustentá-los a todos. Por exemplo, se cada um dos 1.370 bilhão de habitantes da China quisessem possuir um carro, enfrentaríamos em meio a uma séria crise ambiental.
Essa situação coloca em evidência a necessidade de encontrarmos soluções para lidarmos com a crise ambiental.
O consumo em si é uma atividade positiva e necessária, mas se torna prejudicial quando se torna excessivo, caracterizando o consumismo.
Podemos definir consumismo como o hábito de comprar de forma impulsiva, sem planejamento e em excesso. Esse tipo de consumo ocorre quando não estamos suprindo apenas as nossas necessidades básicas e fisiológicas, mas sim buscando satisfazer desejos psicológicos e sociais, como demonstrar status e superioridade por intermédio de bens materiais. Trata-se de um tipo de consumo exagerado, inconsciente e alienado, que não leva em consideração os impactos socioambientais.
Quando percebemos que o status associado a um determinado item recentemente adquirido diminui, logo procuramos compensar isso trocando-o por outro que transmita mais prestígio. Essa busca constante por novos bens para manter ou aumentar nosso status é um reflexo do consumismo e pode levar a um ciclo interminável de compra e descarte, resultando em um impacto negativo tanto para nós mesmos quanto para o meio ambiente.
Por isso, começamos a tomar consciência de que o consumismo traz uma felicidade ilusória, uma sensação de superioridade que reforça nossa personalidade/ego e, assim, nosso senso de identidade, nos dando uma falsa, porém acalentadora sensação de segurança, poder e imortalidade.
A mídia, associando imagens e estereótipos de sucesso e prosperidade a bens e produtos vive a nos influenciar com a ideia de que se um bem está ultrapassado deve ser substituído. Essa estratégia é hoje conhecida como obsolescência cultural.
Como podemos romper com essa situação? Como podemos encontrar o limite que define o chamado consumo consciente?
Encontrar esse limite envolve avaliar cuidadosamente nossos padrões de consumo, levando em consideração os impactos ambientais, sociais e econômicos. O consumo consciente busca equilibrar nossas necessidades e desejos com a capacidade dos recursos naturais de suportá-los em longo prazo, levando em conta justiça social e sustentabilidade.
O consumo consciente é uma abordagem positiva para a economia e a sociedade, que envolve questionar a real necessidade de um produto antes de comprá-lo, e perceber o ponto em que o consumo se torna prejudicial e até mesmo doentio. Isso significa refletirmos sobre se realmente precisamos do produto em questão, avaliando sua utilidade, durabilidade e o impacto de sua produção e descarte.
Algumas iniciativas de consumo consciente:
· Adquirir consciência coletiva da finitude dos recursos naturais e da capacidade limitada da natureza – A natureza absorve a poluição, e quando percebemos que a natureza não consegue absorver a poluição resultante do consumo excessivo, fica evidente que estamos criando sérios problemas. Isso nos faz refletir sobre a herança que estamos deixando para as gerações futuras, ou seja, um planeta em condições piores.
· Perceber que não precisamos renunciar a nada – O acúmulo excessivo de bens materiais não proporciona a segurança e a felicidade duradoura que muitas vezes esperamos. Ao contrário, esse excesso pode levar a ansiedade, sofrimento e até mesmo a problemas econômicos.
No texto Relatório delineia como deve ser o futuro do consumo, disponível no portal do Fórum Brasileiro de Economia Solidária, o economista inglês Tim Jackson diz que "estamos sendo persuadidos a gastar dinheiro que não temos, em coisas que não precisamos, para criar impressões que não duram, em pessoas que não nos importam". Essa fala traz uma mudança de paradigma/percepção, com o objetivo de alterar nossa convicção em direção ao consumo consciente.
Nas palavras de Lago e Pádua em O Que é Ecologia (1989): "A essência de uma sociedade ecologista seria a opção por menor consumo de recursos naturais e energia e maior consumo científico, cultural, artístico, esportivo, religioso [...] com maior tempo para o lazer, convívio familiar e humano. Enfim, com maior qualidade de vida em harmonia e contato com a natureza."
Políticas públicas, sistemas de gestão ambiental em empresas e o consumo sustentável
Encerramento
Como a legislação ambiental pode ser vista?
A legislação ambiental reúne as leis, decretos e resoluções que estipulam as regras para a conservação e a preservação do meio ambiente no país, estipulando direito e deveres para os vários setores da sociedade: público, empresas e cidadãos.
Por que há empresasambiental?
Conheceremos agora alguns exemplos de indicadores ambientais. Eles são essenciais para que as empresas adotem ações efetivas para melhor gestão ambiental de seus processos produtivos e de suas práticas em geral.
Índice de Bem-estar Econômico Sustentável – IBES
É um indicador econômico cujo objetivo é refletir a realidade econômica, social e cultural de uma comunidade, localidade, país ou região (Índice, 2023).
Índice de Sustentabilidade Ambiental – ISA
É uma ferramenta que permite medir o nível de responsabilidade e satisfação das necessidades ambientais atuais, sem comprometer o futuro de uma organização ou comunidade (Define Business Terms, 2023).
Índice Global de Economia Verde – GGEI
É um indicador que fornece dados e entendimentos da principal medida do progresso do país em direção às metas globais de sustentabilidade (Global, 2023).
Índice de Desempenho Ambiental – IDA
Tem o objetivo de verificar a evolução qualitativa e o comprometimento socioambiental do setor, devendo servir de parâmetro para avaliar a eficiência e a qualidade da gestão ambiental nos empreendimentos de infraestrutura de transportes (Índice, 2020).
Pegada Ecológica – PE
É uma metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das populações humanas sobre os recursos naturais, sendo expressa em hectares globais – gha, que permite comparar diferentes padrões de consumo e verificar se estão dentro da capacidade ecológica do planeta (WWF, 2010).
Pegada de Carbono – PC
É uma medida de quantificação do impacto na mudança climática das atividades que se realizam dia a dia por parte de indivíduos, organizações, produtos ou territórios. Mede a quantidade de GEI emitidos na atmosfera pelas atividades do ser humano num determinado período de tempo (Pegada, 2014).
Pegada Hídrica – PH
A Pegada Hídrica é um indicador multidimensional de apropriação (uso, consumo e contaminação) de recursos de água doce, que contempla 2 dimensões de uso: direto e indireto; e 3 tipos: azul, verde e cinza. O uso direto é aquele que um consumidor ou produtor realiza de tal forma, enquanto o uso indireto se refere ao volume de água, também denominado “virtual”, de toda a cadeia de produção de um bem ou serviço. Expressa o volume de água consumido ou contaminado em um período de tempo, permitindo analisar as implicações ambientais, sociais e econômicas do uso da água em diferentes níveis geográficos (Pegada, 2014).
Índice Planeta Vivo – LPI
Reflete as alterações do estado dos ecossistemas do planeta, acompanhando as tendências de quase 8.000 populações de espécies de vertebrados. Assim como um índice do mercado de ações, segue o valor de um conjunto de ações ao longo do tempo como a soma de sua mudança diária. O Índice Planeta Vivo primeiro calcula a taxa anual de variação para cada espécie na população no conjunto de dados. (WWF, 2010).
Especificamente relacionados às empresas, os indicadores a seguir possuem estreita relação com o aspecto ambiental, e estão em consonância com a norma ISO 14031, medindo desempenho gerencial e operacional.
Transmite informações sobre os esforços realizados e as decisões tomadas para melhorar o desempenho da empresa, ou seja, avaliam quais atividades e tarefas foram ou não realizadas na visão global do gerenciamento. É o primeiro indicador que faz parte do Indicador de Desempenho Ambiental (Ventura, 2009).
Informa o desempenho da organização quanto às operações do processo produtivo, ou seja, verifica as entradas e as saídas do sistema ou processo avaliado. É o segundo e último indicador que faz parte do Indicador de Desempenho Ambiental (Ventura, 2009).
Fornece informações sobre as condições do meio ambiente onde a organização estudada se encontra. Seus resultados baseiam-se em medições comparadas com os padrões e critérios estabelecidos por normas e/ou dispositivos legais (Ventura, 2009).
Empreendedorismo, indicadores e mudanças climáticas
Tema 3
Mudanças climáticas e desafios para a gestão empresarial
Que prejuízos as mudanças climáticas podem causar à população mundial?
Foi criado, em 1990, um Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC, que monitora os problemas gerados por essas mudanças com maior detalhamento e acuidade. O IPCC é um grupo composto por cientistas estabelecido pelas Nações Unidas. Todos os relatórios do IPCC focam em vários elementos das mudanças climáticas.
Em 1992, na cidade de Nova York, a nível mundial e de forma oficializada, as mudanças climáticas passaram a ser melhor entendidas graças à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima – UNFCCC, adotada na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – Rio 92. A partir desse importante evento, vários outros ocorreram com objetivo de gerar ações para minimizar a poluição do meio ambiente.
Porém, os interesses políticos e, sobretudo, os econômicos, têm se apresentado como obstáculos significativos na busca pela redução dos impactos negativos provenientes de variados processos industriais e das diversas formas de exploração de recursos sobre o meio ambiente.
No século XX, foi identificado que a temperatura média na superfície terrestre aumentou de 0,74 a 1,8° C em razão das ações do ser humano em relação ao meio ambiente (Climate, 2013). Foram investigados os impactos dos gases do efeito estufa sobre o balanço de radiação do sistema do planeta Terra. Esse balanço é a razão entre as quantidades de energia solar que entram e saem do planeta. Assim, torna-se possível saber a quantidade armazenada no sistema terrestre por meio das concentrações dos gases do efeito estufa, de variados agentes climáticos e partículas de aerossóis.
A partir desses cálculos, estima-se que o nível do mar pode subir de 26 a 55 centímetros e a temperatura poderá crescer até 1,7 °C durante o século XXI. Um dos fatores que já está colaborando para isso é o intenso derretimento das geleiras (Climate, 2013).
Conforme Stern (2006), as mudanças climáticas terão influência marcante sobre acesso à água, produção de alimentos, saúde e meio ambiente, o que causará diversos problemas para a existência humana. Nos dias atuais, já podemos observar as dificuldades sinalizadas pelo autor. O derretimento das geleiras cada vez avança mais, as águas dos oceanos estão com temperatura mais elevada, o que compromete a vida aquática, a agricultura sofre efeitos negativos com o aquecimento global, mais pessoas têm adoecido na Europa, por exemplo, graças aos verões mais intensos e o meio ambiente passa por degradação maior.
Efeito estufa
O efeito estufa
A presença de diversos gases na atmosfera, tais como vapor d’água (H2O), metano (CH4), óxido nitroso (N2O) e dióxido de carbono (CO2) resulta no fenômeno natural denominado efeito estufa. Esse fenômeno mantém a temperatura média global, cerca de 14 °C, nas proximidades da superfície do planeta Terra, criando um ambiente propício ao desenvolvimento da vida.
Quando parte dos raios solares é absorvida pela superfície terrestre e pelos oceanos, ocorre o aquecimento desses elementos. Porém, uma quantidade dos raios é irradiada de volta para o espaço. Essa irradiação pode ser bloqueada devido à presença dos gases do efeito estufa.
É importante destacar que o efeito estufa é um fenômeno natural. Contudo, seu agravamento pode resultar no fenômeno chamado aquecimento global. A camada de gases, cada vez mais espessa, é consequência das emissões de gases do efeito estufa – GEEs, provenientes principalmente das atividades industriais. Esse processo causa uma maior retenção de calor no planeta Terra, provocando um aumento na temperatura da atmosfera e dos oceanos, prejudicando a vida de várias espécies e ecossistemas.
Há diversas atividades, não apenas as industriais, que produzem gases de efeito estufa que são emitidos para a atmosfera. Algumas delas:
· O dióxido de carbono (CO2) no transporte, pela queima de combustíveis fósseis, como gasolina e gás natural, e no desmatamento e queimada de florestas.
· O metano (CH4) na pecuária, por meio do tratamento de dejetos animaise pela fermentação entérica do gado, e também pela decomposição dos resíduos orgânicos em aterros.
· O dióxido de nitrogênio (NO2) na agricultura, por meio da preparação da terra para plantio e aplicação de fertilizantes.
· Em relação às indústrias, podem ser citadas a emissão de dióxido de carbono (CO2) no processo de produção de cimento, ferro e aço, além da emissão do perfluorcarbono (PFC) na produção de alumínio, entre outros.
Os gases, de origem antropogênica, considerados como causadores do efeito estufa, conforme foi determinado no Protocolo de Kyoto, são os seguintes:
· CO2 (dióxido de carbono).
· CH4 (metano).
· N2O (óxido nitroso).
· HFC (hidrofluorcarbono).
· PFC (perfluorcarbono).
· NF3 (trifluoreto de nitrogênio).
· SF6 (hexafluoreto de enxofre).
O Protocolo de Kyoto foi o primeiro tratado internacional que objetivou a diminuição da emissão de GEE. Foi acordado na 3ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Kyoto, Japão, em 1997. Ficou definida a redução de 5,2%, em relação a 1990, na emissão de poluentes, principalmente por parte dos países industrializados.
O protocolo também estimulava a criação de formas de desenvolvimento sustentável para preservar o meio ambiente. Esse protocolo foi assinado por 84 países, mas, infelizmente, os Estados Unidos abandonaram o protocolo em 2001 com a justificativa de que cumprir as metas estabelecidas comprometeria seu desenvolvimento econômico.
Contudo, a iniciativa mundial, teve sucesso com a possibilidade de o carbono tornar-se moeda de troca, a partir do momento em que países assinantes do acordo podem comprar e vender créditos de carbono, que são adquiridos por países com emissão reduzida de CO, que fecham negócio com países poluidores. Para cada tonelada de carbono reduzida, o país recebe um crédito. A quantidade de créditos de carbono recebida varia, portanto, de acordo com o volume da redução de CO. Os países que mais negociam esses créditos são os da União Europeia e o Japão (Protocolo, 2023).
Os gases de efeito estufa detêm diferentes potenciais de contribuição para o aquecimento global. Para que possam ser feitas comparações entre eles, a quantidade de cada gás é convertida em uma medida comum chamada de dióxido de carbono equivalente (CO2e). Tal conversão é realizada com o uso do Potencial de Aquecimento Global – GWP multiplicado pela quantidade mássica de cada gás.
Para maior conhecimento dos valores de GWP, consulte o site: Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – Cetesb.
De acordo com o IPCC (Climate, 2013), a ampliação do efeito estufa poderá gerar os seguintes problemas:
· Temperaturas globais médias mais altas, ocasionando degradação de sistemas naturais.
· Aumento do nível do mar, impactando as áreas costeiras.
· Alterações nos regimes de chuva, causando impactos na oferta de água e na produção de alimentos.
· Crescimento da incidência e da intensidade de eventos climáticos extremos (ondas de calor, tempestades, enchentes, incêndios e secas).
· Mudanças de ecossistemas, gerando aumento de vetores transmissores de doenças e sua distribuição espacial.
Ao longo das últimas décadas, acordos internacionais estão sendo estabelecidos com o intuito de conter ou reduzir o aquecimento do planeta Terra, que vem sendo alertado constantemente pelos cientistas, que realizam pesquisas nessa área.
Veja uma linha do tempo com os grandes eventos que geraram os acordos internacionais citados, figura 2, na página 55, do livro: PHILLIPI JR, A.; SAMPAIO, C. A. C.; FERNANDES, V. (eds.) Gestão empresarial e sustentabilidade. Barueri: Manole, 2017. ISBN: 9788520439135. Minha Biblioteca.
Emissões de GEE no Brasil
Desde o primeiro inventário brasileiro sobre emissões de GEE, realizado em 2004, o Brasil obteve redução e, em seguida, estabilização, considerando dados até 2014, como pode ser visualizado logo a seguir.
Emissões totais brasileiras
Fonte: Sistema (2023).
Esses efeitos foram possíveis graças às mudanças do uso da terra, redução do desmatamento e das queimadas no território nacional, cenário esse que se modificou fortemente entre 2019 e 2022, quando os prejuízos ambientais se tornaram maiores no território nacional.
Mudanças Climáticas e a Legislação Brasileira
Segundo a Política Nacional sobre Mudança do Clima, instituída pela Lei Federal nº 12.187, de 29 de dezembro de 2009, a mudança climática é definida como aquela “direta ou indiretamente atribuída à atividade humana que altere a composição da atmosfera mundial e que se some àquela provocada pela variabilidade climática natural observada ao longo de períodos comparáveis”.
A Política Nacional criou alguns instrumentos, tais como:
· Fundo Nacional sobre Mudança do Clima.
· Resoluções da Comissão Interministerial de Mudança Global do Clima.
· Medidas tributárias e fiscais que visam a diminuição das emissões e a remoção de GEE.
· Linhas de pesquisa criadas por agências de fomento.
· Registros, inventários, estimativas, avaliações e outros estudos de emissões de GEE e de suas fontes, elaborados com base em informações e dados fornecidos por entidades públicas e privadas, padrões ambientais e de metas.
Quanto ao compromisso de reduzir até 38,9% as emissões de GEE até 2020, a Lei nº 12.187/2009 deixa claro que:
Art. 12. Para alcançar os objetivos da PNMC, o País adotará, como compromisso nacional voluntário, ações de mitigação das emissões de gases de efeito estufa, com vistas em reduzir entre 36,1% (trinta e seis inteiros e um décimo por cento) e 38,9% (trinta e oito inteiros e nove décimos por cento) suas emissões projetadas até 2020.
No mesmo ano de publicação da Lei nº 12.187/2009, foi instituído o Fórum Clima, que se trata de uma ação empresarial sobre mudanças climáticas, que tem por objetivo monitorar e divulgar o andamento das políticas de mudanças climáticas no Brasil por meio do Observatório de Políticas Públicas de Mudanças Climáticas no website do Fórum Clima (Fórum Clima, 2016).
Em 2021, o Senado Federal brasileiro definiu que a redução da emissão de GEE deve ser de 43% até 2023 e acrescentou nova meta: 50% de diminuição até 2023 (Pinheiro, 2021).
Empreendedorismo, indicadores e mudanças climáticas
Encerramento
Qual conjuntura levou ao surgimento do empreendedorismo socioambiental?
Todos os problemas sociais vigentes no Brasil, desde os anos 1950, não foram solucionados nas duas décadas seguintes, mesmo com um cenário econômico que apontava novas possibilidades de desenvolvimento. Contudo, essa oportunidade de redução das desigualdades sociais não foi aproveitada pelos governantes. Já na década de 1980, os altos índices inflacionários aprofundaram mais ainda a crise social. Com a criação da Constituição Federal de 1988, novas ideias surgiram e as possibilidades de empreendedorismo socioambiental se tornaram maiores e mais apropriadas para o cenário da época.
O que se revela como fundamental na construção de um indicador ambiental eficaz?
Pessoas capacitadas para a coleta de dados, bem como a análise dos resultados. Dados confiáveis, que apresentem as reais condições ambientais, de interpretação fácil, que sejam comparáveis em diferentes épocas, que respondam às necessidades dos atores envolvidos e que gerem informações que facilitem as tomadas de decisão mais adequadas.
Que prejuízos as mudanças climáticas podem causar à população mundial?
Aumento da temperatura do planeta Terra, derretimento das geleiras, aumento do nível dos oceanos, secas intensas, chuvas intensas, desabamentos de encostas, desaparecimento de espécies, ondas de calor, escassez de alimentos, mudanças de ecossistemas, proliferação de doenças novas e retorno de outras já erradicadas.
Resumo da Unidade
Nesta unidade vimos que, a partir de projetos empreendedores e da motivação que leva à criação deles, o entendimento acerca do empreendedorismo socioambiental se torna possível. As empresas encontram os melhores caminhos para se desenvolverem de forma sustentável, ampliando suas possibilidades por meio das análises dos indicadores ambientais que utilizam em suaspráticas cotidianas. Mesmo com as mudanças climáticas impactando o planeta Terra da forma como vem ocorrendo, usando soluções inteligentes, as organizações empresariais saberão desempenhar uma gestão eficiente e em consonância com a proteção do meio ambiente.
Referências da Unidade
· CLIMATE Change 2013: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Fifth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA, 2013.
· FILION, L. J. Empreendedorismo: empreendedores e proprietários-gerentes de pequenos negócios. Revista de Administração, São Paulo, v. 34, n. 2, p. 5-28, abr./jun. 1999.
· GLOBAL GREEN ECONOMY INDEX™ (GGEI). Dual Citizen, [2023].
· ÍNDICE DE BEM-ESTAR ECONÔMICO SUSTENTÁVEL (BES). In: Define Business Terms, [2023].
· ÍNDICE DE DESEMPENHO AMBIENTAL – IDA. gov.br, 2020.
· KLIKSBERG, B. O desafio da exclusão: por uma gestão social eficiente. São Paulo: Fundap, 1997.
· PEGADA DE CARBONO. Huella de Ciudades, [2014].
· PINHEIRO, R. Aprovada redução maior na emissão de gases de efeito estufa. Senado Federal, 2021.
· PHILLIPI JR, A.; SAMPAIO, C. A. C.; FERNANDES, V. (eds.) Gestão empresarial e sustentabilidade. Barueri: Manole, 2017. Minha biblioteca.
· POTENCIAL de Aquecimento Global de GEE. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – Cetesb, 2013.
· PROTOCOLO de Kyoto. Agência Senado, [2023].
· SEN, A. Desenvolvimento como liberdade. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.
· SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS – SEBRAE. Café com o presidente – Pesquisa GEM: aumenta o número de negócios com mais de 3,5 anos no país. 2022.
· SISTEMA DE ESTIMATIVAS DE EMISSÕES E REMOÇÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA – SEEG. Página Inicial, Plataforma SEEG, [2023].
· VENTURA, K. S. Modelo de avaliação do gerenciamento de resíduos de saúde (RSS) com uso de indicadores de desempenho. Estudo de caso: Santa Casa de São Carlos – SP. 2009. 258 f. Tese (Doutorado em Engenharia) – Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo, São Carlos, 2009.
· WWF. Planeta Vivo Relatório 2010: biodiversidade, biocapacidade e desenvolvimento. 2010.
Para aprofundar e aprimorar os seus conhecimentos sobre os assuntos abordados nessa unidade, não deixe de consultar as referências bibliográficas básicas e complementares disponíveis no plano de ensino publicado na página inicial da disciplina.
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