Buscar

Material de estudo responsabilidade socioambiental

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 73 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 73 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 73 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

UNIDADE 1
Conceitos e definições
Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento é construtivo.
Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento é construtivo.
A academia exige constantes reflexões sobre suas teorias, pois é dela a responsabilidade
de formar novos conhecimentos. Como acadêmicos, devemos lembrar que o conhecimento
deve ser por nós construído, e não simplesmente recebido e reproduzido. Algumas pessoas
se perguntam por qual motivo existe a necessidade de constantes e diferentes formas de
leituras – livros, notas, artigos, comunicações curtas –, e essas questões dúbias são
erradicadas quando entendemos o verdadeiro sentido de sermos acadêmicos.
Neste tópico, serão tratados alguns conceitos e definições utilizados frequentemente na
temática socioambiental. Todavia, é importante lembrar que eles são passíveis de
mudanças, uma vez que a academia é dinâmica e se encontra em constantes
transformações. As práxis implementadas são responsáveis pelo surgimento de novas
formas de visão, já que a prática é crucial na efetivação do pensamento teórico.
// Socioambiental/ambiental
banner-2.png
Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou ambientais) as relações
existenciais entre sociedade e natureza. É algo inseparável, que tem como produto o
trabalho.
Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes, mas um equilíbrio.
Torna-se importante a fixação dessa “balança equilibrada”, pois durante séculos existiu uma
discussão acerca de uma superioridade entre as partes: ora, a sociedade é responsável
pela regência do seu meio; ora, a gerência ocorre no sentido inverso. Essa discussão de
questões de meio físico e social foi fundamental para o surgimento de determinadas
ciências, como a Geografia.
A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que surgisse o conceito de
espaço vital, de que o homem necessitava explorar os recursos para que ocorresse um
equilíbrio. Essa forma de pensamento, denominada determinista, foi elaborada por Friedrich
Ratzel e largamente incorporada nas ideologias de Hitler para o nazismo, sendo esse um
dos primeiros relatos escritos sobre a implementação das questões sociais sobre o
ambiente.
// Meio ambiente
AdobeStock_279974426 [Converted]-01.png
Termo usualmente empregado nos estudos voltados às ciências ambientais. Entretanto, há
cientistas que iniciaram uma espécie de desuso, pois, ao inserirmos a palavra “meio”,
estaríamos abordando a metade de algo, e, devido à interligação existente, não se deve
realizar essa inferência.
Por muitos anos, as questões ambientais foram abordadas nos seus aspectos físicos.
Contudo, o papel social tem apresentado uma inserção gradativa e abrangente na
discussão. Por termos sido acostumados (ou até mesmo doutrinados) a dividirmos o
conhecimento para melhor compreensão, esse termo pode ser usualmente empregado para
o estudo das questões físicas ambientais.
// Áreas degradadas
banner-3.png
Umas das maiores problemáticas ambientais existentes atualmente é a degradação
ambiental. O termo é empregado principalmente para estudos de solos e ecossistemas.
As atividades humanas, principalmente de industrialização, agricultura, pecuária, e
mineração, destacam-se no desmatamento e improdutividade do solo, por meio do
lançamento de rejeitos, como elementos químicos tóxicos. Ao dizermos que uma área é
degradada, ocorre uma referência àquelas que se encontram altamente poluídas e
requerem regeneração, a partir de tecnologias sustentáveis para melhoramento de solos,
afluentes e reflorestamento.
No meio acadêmico, pesquisas voltadas à recuperação dessas áreas são constantes. O
avanço nas ciências dos materiais possibilitou a aplicação de nanopartículas, hidrogéis e
estruturas poliméricas que auxiliam, com sucesso, a recuperação de solos e rios.
Atualmente, empresas propõem o financiamento de pesquisas ou compra de patentes para
solucionar tais problemas, o que implica na inserção de uma série de profissionais, como
engenheiros, físicos, químicos, administradores, biólogos e afins.
// Desertificação
A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das Nações
Unidas (ONU).
A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das Nações
Unidas (ONU).
A utilização de recursos naturais de forma inapropriada, somada às mudanças climáticas e
aspectos físicos naturais, ocasiona uma degradação de tal forma que torna impossível a
regeneração dos locais explorados, fazendo surgir áreas áridas e semiáridas.
Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente africano, alvo de
grandes preocupações. Por envolver aspectos de auxílio financeiro, países como os
Estados Unidos entraram na “corrida”, com o intuito de adquirir lucros, contestando a
existência de áreas em processo de desertificação em seu território. No entanto, atualmente
existe um mapeamento e acompanhamento dos países com tendências ao processo de
desertificação, que podem ser encontrados nas Américas, África e Europa.
No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na Região Nordeste. Um
dos núcleos de estudos é o município de Cabrobó, Pernambuco, que se encontra em
processo avançado (Figura 3). A utilização das técnicas de agricultura por inundação,
associada à topografia do terreno e alta evapotranspiração devido às condições climáticas,
ocasionou a formação de extensas camadas de sais no solo, tornando-o improdutivo e
causando abandono das áreas. As pesquisas estão concentradas nos aspectos de
impactos socioambientais, bem como na tentativa de mitigar o problema.
Figura 3. Solo salinizado no município de Cabrobó, Pernambuco, um dos núcleos de
desertificação brasileiro. Fonte: MAIA, 2015.
Figura 3. Solo salinizado no município de Cabrobó, Pernambuco, um dos núcleos de
desertificação brasileiro. Fonte: MAIA, 2015.
As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os fatores sociais são
duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo, ocorre um impacto direto na produção de
alimentos, bem como o abandono dos locais pelos moradores. Nesse processo, há uma
queda na arrecadação econômica. Sendo a região responsável por produzir alimentos para
outros municípios, estados e afins, o processo ocasionará desabastecimento e prejudicará
milhares de famílias. Fatores como esses ressaltam a preocupação das entidades
governamentais sobre o tema.
// Efluentes
banner-5.png
Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor ambiental são os efluentes.
A água é um bem precioso, utilizado corriqueiramente em nossas atividades do cotidiano. O
processo de “chegada, recebimento” da água é denominado afluente; e a “saída”,
denominada efluente.
Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos, como gorduras,
pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se uma temática de grande discussão, pois
o destino, em sua maioria, são os rios. Ao serem lançados em aquíferos, um dos principais
problemas é a carga microbiana existente no material, que ocasiona sequestro de oxigênio
e impede o desenvolvimento e manutenção da vida aquática.
Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à capacidade de se
acumular nos organismos. Os acúmulos podem acontecer em seres humanos, por meio da
ingestão, acarretando sérios problemas de saúde.
Assista.gif
ASSISTA
A série Aruanas, produzida pela Rede Globo, demonstra com clareza os problemas
causados pelo não tratamento de efluentes. O enredo concentra-se nos impactos
socioambientais causados pela mineração na região amazônica. O despejo irregular dos
efluentes, com altas concentrações de metais como chumbo e mercúrio, ocasiona
problemas de saúde nos moradores da região devido à ingestão por meio do consumo de
peixes. Em algumas cenas, é demonstrada a morte gradativa dessas pessoas.
Atualmente, há empreendimentos com estações de tratamento e monitoramento constante,
por meio de análises químicas que atendem às legislações ambientais.
Pesquisas nessatemática registram grandes avanços, principalmente pela aplicação de
carvões ativados como adsorventes. Outros buscam a utilização de organismos vivos, como
plantas aquáticas, para realização de tratamentos. O propósito, porém, vai além do
tratamento, e busca a reutilização para fins de serviços gerais ou alguma etapa de processo
produtivo. No Brasil, a importância do tema reflete-se na construção de linhas de pesquisas
em cursos de mestrado e doutorado, que se propõem a estudar o problema e buscar
soluções.
// Bioenergia
As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos acarretaram mudanças
energéticas globais. A busca por fontes alternativas de energia tornou-se crescente, a fim
de evitar um colapso energético futuro.
Não somente a falta, mas também a intenção dos países em melhorar suas condições
ambientais proporcionaram o avanço de pesquisas e implementação de fontes limpas e
renováveis.
A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores níveis de impactos
ambientais, composta por fontes sustentáveis. Matérias-primas como biomassa, sol, vento,
são consideradas formas de energia limpa (Figura 4).
Figura 4. Principais fontes de energia limpa. Fonte: CreaJR-PR, 2010.
Figura 4. Principais fontes de energia limpa. Fonte: CreaJR-PR, 2010.
É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará algum nível de impacto: o
que se diferencia é o grau implicado.
Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem particulados e
compostos orgânicos quando em combustão, como os hidrocarbonetos polissacarídeos
aromáticos, altamente prejudiciais à saúde. Estudos apontam positividade em sua
substituição por outras fontes, mais sustentáveis, com tendência mundialmente crescente;
porém, são necessárias uma constante atenção e acompanhamento.
A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre produção de energia e
alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas, os óleos derivados da soja e do milho são os
principais, mas são eles também fontes nutricionais importantes.
banner-6.png
Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia solar e eólica
apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de animais, principalmente de aves, e
erosão. A devastação de áreas para implementação desses modais energéticos também é
outra problemática. Compreender tais problemas é importante para entendermos que,
mesmo em se tratando de uma energia sustentável, há alguma forma de impacto.
// Economia verde
banner-7.png
Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas iniciaram um processo
de mudança e implementaram tecnologias em seu processo de trabalho para proporcionar
menos impactos ao ambiente.
Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem como na criação de
produtos biodegradáveis. Esse novo formato produtivo é denominado de economia verde e
tem demonstrado adesão crescente por parte de empreendimentos do setor público e
privado. Essa adesão não se encontra restrita à diminuição de impactos ambientais, mas
também abrange mais lucratividade, com diminuição de custos.
Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes debates e participa da
agenda da ONU. Os empreendimentos estão gradativamente reestruturando suas linhas
produtivas e investindo em tecnologias sustentáveis. Já os setores públicos têm uma
tendência em incentivar essa transição, principalmente para atingir as metas propostas em
acordos de cooperação sobre diminuições da poluição ambiental. São mudanças que
devem atingir de forma positiva a sociedade, possibilitando e garantindo seu bem-estar,
sem ocorrência de danos.
// Padrões de consumo
Vivemos numa sociedade em que somos “forçados” ao constante consumo, e essa
atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quaisquer produtos
utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima originada do ambiente,
preocupações ambientalistas foram iniciadas.
Vivemos numa sociedade em que somos “forçados” ao constante consumo, e essa
atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quaisquer produtos
utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima originada do ambiente,
preocupações ambientalistas foram iniciadas.
O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de recursos naturais.
Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar sobre padrões de consumo, estamos
nos referindo à forma como a sociedade adquire e descarta seus bens – roupas,
eletrodomésticos, calçados e afins.
O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo consciente, uma
atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio em que se aprendeu que o comprar pode
ser uma ferramenta de felicidade, ocasionar uma mudança nessa forma de pensar é
complexo.
Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio de mudança de
atitudes – e a realidade atual é a falta de recursos naturais no futuro, já que a demanda é
superior se comparada à oferta. Como consequência, poderá ocorrer uma queda no
bem-estar da população, assim como a falta de atendimento para questões básicas e
essenciais de manutenção diária.
// Mudanças climáticas
banner-9.png
Para compreensão desse tema, uma primeira definição precisa ser esclarecida, que é a
diferença entre clima e tempo. O tempo é algo mutável – um dia poderá ser de sol, e o outro
é de chuva. Já o clima é uma observação das modificações do tempo numa faixa mínima de
30 anos.
Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande modificação no clima
em escala regional ou global. Essa mudança pode apresentar sérios riscos à qualidade de
vida da população. Áreas de climas frios, por exemplo, podem apresentar constante
aquecimento.
As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da problemática, uma
vez que podem provocar reações com o ozônio atmosférico e ocasionar aumento na
destruição de filtragem dos raios ultravioletas. Esse processo é denominado aquecimento
global.
banner-10.png
Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa temática. Alguns
estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um processo de aquecimento natural, com
tendências futuras de ocorrer um resfriamento, já que, no contexto histórico de formação do
planeta, existem evidências de processos de glaciação e deglaciação.
Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos ocasionados ao
ambiente, principalmente pela emissão de gases tóxicos no ar, são os principais
responsáveis por esse processo atualmente.
// Desenvolvimento sustentável
banner-11.png
Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de tecnologias que ocasionem
menores níveis de agressão ao ambiente, como a diminuição da emissão de poluentes na
atmosfera. A terminologia tecnologias limpas também é usualmente empregada nessa
temática.
A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de biomassa é considerada
uma forma de desenvolvimento sustentável. As inovações tecnológicas sustentáveis
também devem ter um custo acessível, para beneficiar todas as classes sociais. A questão
social também se encontra inclusa no discurso dessa temática, devido à necessidade de
melhorar a qualidade de vida da população, em uma tentativa de diminuir a s
desigualdades.
Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são necessários altos
investimentos em pesquisas que busquem fontes alternativas em substituição parcial, ou
total. Atividades que contribuam para a extinção de espécies devem ser imediatamente
interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar um desequilíbrio no sistema ecológico.
Essas novas visões e perspectivas estão sendo gradativamente postas em práticas,
principalmente por países europeus; entretanto, muito ainda precisa ser realizado.
// Preservação e conservação
AdobeStock_242700812 [Converted]-01.png
Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm significados totalmente opostos.
A preservação é designada para áreas com proteção total, em que não pode ocorrernenhuma forma de intervenção humana. Quando se trata de conservação, poderá ocorrer a
exploração de forma racional, não fomentando indícios de qualquer tipo de impacto ao
ambiente. O Brasil conta com legislações que garantem e delimitam áreas preservadas e
conservadas, tendo como punição de descumprimento multas e/ou prisões.
O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e difícil de ser
erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o descompromisso de
empreendimentos, tentativas de subornos e trabalho exploratório e ilegal, são situações
encontradas na exploração de bens naturais: em muitos casos, as áreas protegidas têm
riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e afins, cobiçadas por grandes
empresas devido às diversas aplicações. Uma face esquecida é a riqueza da biodiversidade
na fauna e flora existente nessas áreas, em alguns casos, pouco conhecidas e estudadas.
Pesquisas constantes em áreas protegidas demonstram a descoberta de novas espécies,
bem como melhor compreensão das dinâmicas ecológicas. Os estudos de base (aqueles
que dão margem a outras pesquisas) apontam que há muito que ser descoberto. São
fatores como esses que demonstram a importância de proteção das respectivas áreas,
especialmente em um contexto em que, em muitos casos, ocorre negligência para atender
anseios econômicos.
// Ecologia, ecossistemas e biomas
A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos com seu
ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, busca-se o
entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações fisiológicas ou
genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins.
A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos com seu
ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, busca-se o
entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações fisiológicas ou
genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins.
São assuntos de extrema complexidade que envolvem, em determinados casos, anos de
pesquisas para obtenção de resultados.
O bioma é compreendido pela delimitação de uma região com características (climáticas,
fisiológicas, geomorfológicas, entre outros aspectos) bem definidas. No território brasileiro
há seis biomas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa.
Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos e abióticos, e se propõe estudar
suas respectivas influências. Esse é um conceito bastante utilizado e estudado pelos
ecologistas. Contudo, os setores de tecnologia da informação também têm-se apropriado
dessa terminologia.
Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado espaço nos debates. Seu
objetivo é uma parceria sólida entre entidades governamentais, empresas e instituições
universitárias, visando à construção e implementação de parques tecnológicos. Os temas
que têm foco são aqueles voltados ao campo das engenharias, informática e outros que
envolvem a tecnologia da informação.
// Equidade social
banner-14.png
A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais atuais. A questão de
justiça não deve se restringir aos aspectos do ser humano em sua relação com o meio
físico, mas abranger também a relação entre seres sociais.
O termo igualdade adentra este século para realizar reparos, consertar e evitar erros
relacionados à justiça social. Contudo, outro termo tem tido sua aplicação ampliada: a
equidade.
Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação, julgamento e afins e é
aplicada igualitariamente a todos, a equidade busca estudar o caso, ocasionando uma
restruturação de regra, mas sem perda alguma da ética e da justiça (Figura 5).
Figura 5. Exemplificação da diferença entre igualdade e equidade social. Fonte:
Shutterstock. Acesso em: 24/08/2020.
Figura 5. Exemplificação da diferença entre igualdade e equidade social. Fonte:
Shutterstock. Acesso em: 24/08/2020.
// Segurança alimentar
Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e distribuição de alimentos
seguros para toda a população. As políticas voltadas a mecanismos produtivos e
disponibilidade de alimentos, a serem elaboradas pelas entidades governamentais, é
denominada soberania alimentar.
A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos aqueles voltados à
disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O contexto também está relacionado à
aquisição de alimentos saudáveis para a população. Temáticas como obesidade e doenças
causadas pelo consumo alimentício inadequado também são relacionadas à segurança
alimentar.
RESÍDUOS SÓLIDOS
banner-15.png
Esse tema é definido como qualquer tipo de material ou bem adquirido e descartado pela
sociedade. Em sua maioria, os materiais podem ser reciclados e/ou reutilizados. Contudo, o
descarte inadequado apresenta um dos principais problemas ambientais atuais.
No Brasil, em 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n° 12.305/10): o
Ministério do Meio Ambiente (2010) aborda políticas de gestão, responsabilidade sobre o
ciclo de vida, viabilização de coleta seletiva e sistema de informações sobre o
gerenciamento de resíduos.
Contudo, falhas envolvendo aspectos financeiros inviabilizam um trabalho efetivo,
especialmente as diversas falhas no gerenciamento de resíduos. Nossas atitudes como
cidadãos são importantes, pois a separação dos resíduos ainda é algo pouco executado na
sociedade.
// Racismo estrutural
Vivemos em uma sociedade diversificada. Contudo, as políticas étnicas e de respeito ao
próximo, em alguns casos, não são implementadas.
No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um determinado grupo social e
inferiorização de outro é algo ainda encontrado neste século. Essa trajetória histórica, que
põe em prática uma cultura que atinge diferentes grupos sociais de forma negativa, sem
respeito à ética civil, é denominada racismo estrutural.
Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no Brasil e no mundo
Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos os dias.
Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos os dias.
As mesas redondas e eventos científicos são constantes no mundo inteiro, sendo eles
responsáveis por traçar e fomentar a compreensão do hoje e promover ações que terão
efeitos significativos em curto ou longo prazo. Os meios acadêmicos e as universidades são
os principais polos desses debates, destacando-se as Ciências Humanas, embora não
sejam exclusivas nessas mesas.
// Uma visão de aspecto mundial
O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início marcado pela Revolução
Industrial no século XVIII. A situação precária de trabalho, em maioria exploratórios, fez
diversos teóricos debaterem a problemática.
Entre as teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias atuais: Karl Marx
elabora as primeiras formulações sobre o capitalismo. A corrente de pensamento de Marx
era uma dura crítica à exploração exacerbada da classe operária, e, em contrapartida, aos
lucros e à concentração de renda que estavam nas mãos dos grandes donos de
empreendimentos. Além disso, as teorias de Marx também contemplavam questões
ambientais devido aos altos níveis de poluição que se alastravam pela Europa.
As problemáticas relacionadas ao trabalho exploratório fizeram a classe operária procurar
lutar por alguma forma de garantia de direitos. Esse fator estava atrelado, também, à
constante modernização fabril, que diminuiu a dependência de mão de obra e fez com que
antigos artesões se tornassem desempregados. Essas perspectivas levaram os operários a
lutar e a construir sindicatos, reconhecidos pelo parlamento inglês após várias lutas, que
também resultaram no surgimento de movimentos grevistas.
AdobeStock_162915391.jpeg
Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas temáticas ambientais. A
preocupação com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida social foi peça-chave para o
surgimento de encontros que buscassem propor soluçõesde mitigação. Reuniões que
anteriormente eram realizadas para atender às preocupações com as perspectivas
econômicas passaram a ser substituídas pelas pautas ambientalistas.
O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de uma importante
conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta contra o uso de armas nucleares,
incorporou temáticas importantes em seu discurso, como o respeito à natureza,
homossexualidade, preconceito racial e consumo consciente, dando margem a outros
debates pouco comentados naquele período.
// O Brasil no caminho da responsabilidade social
Após o período da Ditadura Militar e constituição do Brasil como democracia, novos debates
surgiram.
Após o período da Ditadura Militar e constituição do Brasil como democracia, novos debates
surgiram.
A elaboração da Constituição garantiu as legislações trabalhistas anteriormente reduzidas
durante a ditadura. A liberdade de expressão e de imprensa é devolvida, ampliando a
ascensão sobre os problemas sociais, principalmente relacionados à pobreza, existentes
devido à liberdade dos pesquisadores das ciências humanas definirem seus estudos sem a
ocorrência de algum tipo de retaliação.
A reforma agrária é outro importante marco, que possibilitou a distribuição e posse de terras
para os pequenos agricultores. Diferentemente do que se imagina, esse grupo de
trabalhadores são os principais responsáveis pelo abastecimento alimentício nacional. As
grandes lavouras, as agroindústrias, têm foco na manutenção do mercado internacional,
uma vez que o Brasil é um dos principais centros do agronegócio mundial.
Movimentos mundiais
Seção 6 de 6
// Primavera Silenciosa: um embate com a Revolução Verde
A Segunda Guerra Mundial teve fim no ano de 1945 e deixou consequências graves para
humanidade.
A Segunda Guerra Mundial teve fim no ano de 1945 e deixou consequências graves para
humanidade.
O mundo precisava reestruturar-se fisicamente e economicamente. Além da morte de
milhares de pessoas, outro grande grupo ficou sem acesso a alimentos e suprimentos de
necessidades básicas. Fatores como esses impulsionaram o problema da fome existente
em diversos países do mundo, mesmo anteriormente à guerra, e fizeram com que surgisse
uma visão agrícola denominada Revolução Verde. Entre os períodos de 1960 e 1970,
países como Estados Unidos e México procuraram implementar tecnologias que
acelerassem a produção agrícola.
Por outro lado, a utilização desenfreada de pesticidas trouxe problemas ambientais. O uso
de produtos químicos como fertilizantes era algo corriqueiro. Todavia, estudos de
monitoramento do meio físico e saúde humana, bem como avaliações de riscos, não eram
realizados com frequência, e não existiam protocolos seguros de utilização e afins. Estudos
que fossem contra e apresentassem divergências de pensamentos eram duramente
criticados: um deles realizado por Rachel Carson em 1962, denominado Primavera
silenciosa.
A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de pesticidas no
desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e saúde humana, foi considerada livro
célebre pelo movimento ambientalista moderno. Mesmo sendo duramente criticado na
época, ele demonstrou com clareza os impactos desse modelo de produção e foi crucial
para o processo de mudança, que, obviamente, não foi rápido. Atualmente, o avanço
científico possibilita o desenvolvimento de novas perspectivas e tecnologias no campo
agrícola, com níveis mais baixos de impactos ambientais.
// Conferência de Estocolmo
O fim da Segunda Guerra também ocasionou outras preocupações ambientais. O relatório
produzido pelo Clube de Roma em 1972 apontou um problema de crescimento rápido da
população e que os recursos naturais não conseguiriam suprir as necessidades.
O fim da Segunda Guerra também ocasionou outras preocupações ambientais. O relatório
produzido pelo Clube de Roma em 1972 apontou um problema de crescimento rápido da
população e que os recursos naturais não conseguiriam suprir as necessidades.
Naquele mesmo ano, a ONU decidiu realizar a primeira reunião com chefes de Estado que
procurassem tratar dos problemas ambientais, denominada Conferência Mundial do Homem
e do Meio Ambiente, popularmente conhecida como Conferência de Estocolmo (Figura 6).
Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência de Estocolmo. Fonte: FEITOSA,
2018.
Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência de Estocolmo. Fonte: FEITOSA,
2018.
Problemas como catástrofes naturais, mudanças climáticas, possível escassez de recursos
naturais e modificações econômicas e sociais foram debatidas no encontro, que resultou na
Declaração das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, também denominada Declaração
de Estocolmo, que promovia ações ambientais. A importância dessa reunião é pautada por
ser a primeira vez que as entidades governamentais se preocuparam, oficialmente, com os
aspectos ambientais.
// A criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC)
As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das instituições
governamentais e seus respectivos gestores, o que culminou na criação do IPCC –
Intergovernmental Panel on Climate Change, em 1988.
A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados relacionados a mudanças
climáticas, com a proposta de conhecimento sobre seus aspectos fundamentais, formas de
solução e efeitos na sociedade (pessoas e questões econômicas).
// Protocolo de Quioto
banner-3.png
Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser construído o Protocolo de
Quioto. A entrada em vigor do Protocolo, porém, foi realizada apenas no ano de 2005.
Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da vida no planeta, pois o
intuito foi o estabelecimento do controle na emissão de gases do efeito estufa (GEE) pelas
atividades industriais na atmosfera.
Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões de CO2, e o
protocolo também deu margem para o surgimento do termo créditos de carbono, em que
uma tonelada de dióxido de carbono geraria um crédito em forma de certificado. Essas
certificações poderiam ser negociadas no mercado internacional.
// Eco 92 e Rio + 20
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, popularmente conhecida como
Eco 92, foi uma das principais reuniões mundiais a tratar dos temas ambientais, com um
significativo envolvimento de diversos países (176) de todo o planeta.
Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava definir um plano de ação
para o desenvolvimento sustentável, e tornou-se o início da ascensão global das discussões
sobre os problemas ambientais, tendo como foco a busca por alternativas de solução
(Figura 7). Assim como o relatório do IPCC, a Eco 92 foi fundamental para elaboração do
Protocolo de Quioto.
Figura 7. Registro do encerramento da Eco 92. Fonte: ROZARIO, 1992.
Figura 7. Registro do encerramento da Eco 92. Fonte: ROZARIO, 1992.
A Rio+20, por sua vez, foi realizada 20 anos depois e teve por objetivo a reafirmação dos
compromissos adotados na Eco 92. A conferência também teve como foco a observação e
discussão de problemas ainda existentes e buscou formas de soluções futuras. Um grande
diferencial do encontro foi a intensificação dos debates voltados à implementação da
economia verde.
// Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável
Esse importante evento ocorreu na cidade de Nova York, Estados Unidos, com o objetivo de
direcionar o planejamento para o desenvolvimento sustentável até o ano de 2030. Foram
traçados 17 objetivos, denominados ODS (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável),
como demonstra a Figura 8. No encontro, também foram discutidas as ações propostas
durante a Rio +20
UNIDADE 2
Responsabilidade socioambiental
Seção 2 de 6
capa.png
World(1).gif
Nos últimos séculos, o ser humano passou a interferir cada vez mais nos processos
naturais. Ao longo do século XX, inúmeros avanços tecnológicos e crescimento econômico
foram obtidos. Com o aprimoramento tecnológico e inúmerasdescobertas em todas as
áreas do conhecimento, passamos a controlar os elementos da natureza e a aumentar sua
capacidade de produção. Muitos desses avanços visaram à produção e o consumo sem
avaliar questões de risco ambiental e social.
O crescimento populacional no pós-guerra (com consequente aumento pela demanda por
combustíveis fósseis, alimentos e tecnologia) resultou em um fluxo enérgico desequilibrado
ecossistemicamente. Há muitos anos estamos sendo alertados sobre a insustentabilidade
dos hábitos de consumo resultantes da economia capitalista.
Atualmente, as sociedades tornaram-se cada vez mais complexas e conectadas.
Desenvolveu-se o modo globalizado de vida, sendo que padrões de consumo adotados em
escala mundial resultam em perdas progressivas de características geográficas, regionais e
culturais, bem como na contaminação ambiental, que resulta em perda de diversidade de
fauna e flora.
Nesse mesmo contexto, surge o termo responsabilidade socioambiental. Segundo o
Ministério do Meio Ambiente (2020), a responsabilidade socioambiental está ligada a ações
que respeitam o meio ambiente e políticas que tenham entre seus principais objetivos a
sustentabilidade. Responsabilidade socioambiental também pode ser compreendida como
um conjunto de práticas exercidas por cidadãos, governos e empresas públicas e privadas
que têm por objetivo providenciarem a inclusão social (responsabilidade social) e o cuidado
com o meio ambiente (responsabilidade ambiental).
Se de um lado temos observado diversas atividades que causam degradação
socioambiental e colocam em risco a qualidade de vida e a sobrevivência das futuras
gerações, do outro há diversas organizações se mobilizando para nos conscientizar da
necessidade de mudança para que o planeta Terra e a humanidade possam coexistir
(Figura 1).
Figura 1. Mobilização popular enfatizando a necessidade de mudança para um perfil
responsável socioambientalmente. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. ID:
1388894739.
Figura 1. Mobilização popular enfatizando a necessidade de mudança para um perfil
responsável socioambientalmente. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. ID:
1388894739.
O NASCIMENTO DO MUNDO GLOBALIZADO E A QUESTÃO SOCIOAMBIENTAL
Forest.gif
Nos últimos 250 anos, os impactos causados pelas diversas mudanças decorrentes do
desenvolvimento industrial ainda não estão totalmente desenhados e são debatidos por
diversas organizações e meios de comunicação. Nos dias de hoje, podemos dizer que a
máxima do desenvolvimento industrial é a globalização.
Para chegarmos ao mundo como conhecemos hoje, o mundo globalizado, alguns
momentos históricos foram cruciais. A Revolução Industrial intensificou o uso e a pressão
sobre os recursos naturais renováveis e não renováveis para atender à intensificação da
produção industrial em escala. Com a maior demanda por trabalhadores nas indústrias e
em busca de “uma vida melhor” – aos moldes capitalistas –, muitas pessoas saíram do
campo para morar nas cidades, processo que culminou na urbanização. A revolução verde
levou ao campo das tecnologias nunca vistas, permitindo incrementos anuais na
produtividade de vegetais e carnes, comercializados para atender a demanda interna e
externa das redes de mercado global.
Explicando.gif
EXPLICANDO
Recursos naturais renováveis são aqueles que possuem maior capacidade de manutenção
e não se esgotam facilmente, são exemplos: água, solo, matéria orgânica e vento. Os
recursos naturais não renováveis são aqueles que se esgotam quando usados sem práticas
sustentáveis e seu tempo de reposição não é comparado à cronologia de vida humana, são
exemplos: petróleo, carvão mineral, gás natural, xisto betuminoso e energia nuclear. Com
exceção à energia nuclear, todos os exemplos citados são de origem fóssil.
Estas transformações foram e são acompanhadas pelos impactos negativos ao meio
ambiente e à perda de características sociais: há aumento das áreas desmatadas, da
poluição atmosférica, do solo e hídrica, perda de biodiversidade, os produtos consumidos
não são corretamente descartados, há aumento da desigualdade social, entre outros
(Figura 2).
Figura 2. Poluição ambiental resultante da produção industrial. Fonte: Shutterstock. Acesso
em: 30/09/2020.
Figura 2. Poluição ambiental resultante da produção industrial. Fonte: Shutterstock. Acesso
em: 30/09/2020.
Nos dias de hoje, uma vez que é indiscutível que diversas fronteiras ecológicas mundiais
foram ultrapassadas, o mundo globalizado vem exigindo continuamente modelos de
produção de bens e serviços obtidos por meio de tecnologias que repensem questões de
competitividade e que considerem formas de mitigação do impacto social e ambiental.
A importância da avaliação dos danos que a produção e os processos têm sobre o
ambiente e a sociedade toma forma neste contexto. Além da avaliação, ações de gestão
que contribuam para o desenvolvimento ambiental e para o despertar da responsabilidade
socioambiental devem ser propostas por governos, empresas e cidadãos.
A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL COMO COMPROMISSO DE MODERNIDADE
Online world.gif
Assistimos em noticiários, nas redes sociais e vivemos diretamente as questões ambientais.
Comumente, ouvimos falar sobre responsabilidade socioambiental. Isso vem acontecendo
porque o mundo moderno se deu conta de que os impactos dos nossos hábitos de
produção e consumo não estão alinhados com o poder de resiliência do planeta, uma vez
que seus recursos são limitados.
Por esse motivo, instituições públicas e privadas, organizações governamentais e não
governamentais têm se dedicado cada vez mais a programas de implementação de práticas
socioambientais e de conscientização da população. A ideia consiste em identificar, eliminar
ou, ao menos, reduzir o impacto negativo que uma determinada atividade possa causar.
Explicando.gif
EXPLICANDO
Diversas organizações governamentais e não governamentais se dedicam à causa
socioambiental. Veja alguns exemplos a seguir:
Plano nacional de juventude e meio ambiente (PNJMA);
Agenda ambiental na administração pública;
Instituto de pesquisas socioambientais (IPESA);
Instituto socioambiental (ISA);
Fundo casa socioambiental;
Verdejar socioambiental;
Instituto Ethos.
Uma vez que elas já existem e não se mostraram totalmente efetivas, as práticas de
responsabilidade socioambiental vão além de Leis. Atualmente, os programas devem
fomentar e inserir a responsabilidade socioambiental como um compromisso diário a ser
adotado pela sociedade, de forma a garantir a existência de um mundo melhor para as
futuras gerações.
Lembrando que se trata de uma vertente global, diversas ações podem ser adotadas a fim
de inserir as práticas de responsabilidade socioambiental no dia a dia pessoal e profissional.
Hoje, a sociedade sabe identificar cidadãos, instituições, organizações e empresas que
investem em políticas e na cultura organizacional sustentável, posicionando-se de forma
ética e responsável.
A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL GOVERNAMENTAL, CIDADÃ E
EMPRESARIAL
CAPA2.png
Todos são responsáveis pela elaboração, difusão e aplicação das práticas de
responsabilidade socioambiental; entre seus agentes, estão os governos, as cidades e as
empresas.
O governo atua na pauta socioambiental, formulando leis e ações de conscientização que
atingem a sociedade civil e empresarial. Para que os cidadãos se tornem cientes, possam
exigir e exercer a responsabilidade socioambiental, o governo deve encontrar meios para
que as políticas públicas estejam próximas dos cidadãos, divulgando-as nos meios de
comunicação e redes sociais, adequando currículos escolares e financiando instituições de
pesquisa. Além disso, a gestão socioambiental deve ouvir os cidadãos por meio de seus
representantes municipais e estaduais, bem como a iniciativa privada e as organizações
não governamentais. No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e suas esferas são
responsáveis pelo desenvolvimento de políticas públicas que tenham como objetivo
promover a produção e o consumo sustentáveis. Além disso,também é responsabilidade do
governo promover o crescimento do País adotando práticas de desenvolvimento
sustentável, ou seja, grandes obras de interesse social devem fazer uso de práticas
sustentáveis e serem baseadas em estudos de impacto ambiental.
Chat.gif
As cidades e seus cidadãos têm o compromisso de exercer as práticas de responsabilidade
socioambiental. Para isso, como mostra o Quadro 1, existem diversas ações que podem ser
adotadas no nosso dia a dia. Devemos exigir dos governantes, políticas que fomentem tal
temática e dar preferência ao consumo de produtos e serviços de empresas atuantes na
causa socioambiental.
Quando nos colocamos como agentes ativos das práticas de responsabilidade
socioambiental, estamos indiretamente praticando assistencialismo, inclusão social,
inclusão digital e educação ambiental! Envolver-se nessas ações nos torna cidadãos
participativos e responsáveis, além disso, as questões socioambientais vêm se tornando
cada vez mais importantes e moldando-se como um dever de todos.
Quadro 1. Práticas de responsabilidade socioambiental que podem ser adotadas nas
cidades
Quadro 1. Práticas de responsabilidade socioambiental que podem ser adotadas nas
cidades
Os cidadãos exercem a responsabilidade socioambiental individual. Ela consiste em
atitudes individuais reiteradas para uma maior preservação do ambiente a nossa volta.
Devemos pensar que ela deve ser praticada individualmente, mas por todos nós, resultando
em uma ação coletiva e de grande poder ambiental. São exemplos de responsabilidade
socioambiental individual:
bullet
Evitar usar sacolas e embalagens plásticas;
bullet
Não desperdiçar alimentos;
bullet
Separar e reciclar o lixo;
bullet
Armazenar e destinar corretamente o óleo de cozinha;
bullet
Economizar água e energia elétrica, usando de forma racional;
bullet
Adquirir eletrodomésticos com baixo consumo de energia.
As empresas que aderem à responsabilidade socioambiental buscam conhecer as
características regionais, ouvir seus colaboradores e possuem processos e/ou serviços
ambientalmente corretos. Elas reconhecem a sua responsabilidade socioambiental e
assumem voluntariamente compromissos que vão para além dos requisitos reguladores
convencionais, aos quais estão necessariamente vinculadas. Procuram elevar o grau de
exigência das normas relacionadas com a proteção ambiental, com o desenvolvimento
social e com o respeito aos direitos fundamentais, adotando uma cultura organizacional
aberta em que interesses de todas as esferas se conciliam em direção a uma abordagem
global da qualidade de vida e do desenvolvimento sustentável.
Como podemos observar na Figura 3, adotando as práticas de responsabilidade
socioambiental e estratégias de marketing, além dos benefícios sociais e ao meio ambiente,
as empresas também melhoram sua imagem corporativa e aumentam seus lucros. Ocorre
ainda a valorização da marca, maior fidelização dos clientes, redução dos custos,
aprimoramento da comunicação externa e o melhor desempenho dos empregados.
Figura 3. Ao adotar as práticas de responsabilidade socioambiental há geração de lucro.
Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020.
Figura 3. Ao adotar as práticas de responsabilidade socioambiental há geração de lucro.
Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020.
Empresas podem adotar práticas de responsabilidade socioambiental por meio da adoção
de programas e projetos de inclusão social ou digital, de direitos das mulheres e inserção no
mercado do trabalho de maneira igualitária, por programas de alfabetização, reciclagem,
reflorestamento e recuperação de áreas degradadas e destinação e/ou liberação correta de
resíduos industriais (efluentes ou gasosos).
Aspectos legais
No que diz respeito às leis de responsabilidade socioambiental, pode-se dizer que o Brasil
possui uma das legislações mais complexas e avançadas do mundo. O cumprimento das
leis socioambientais nacionais é, em sua grande parte, de aspecto jurídico, mas também
podem ser aplicáveis às pessoas físicas.
A Constituição Federal de 1988 prevê que toda pessoa, física ou jurídica, que apresentar
conduta ou atividade que cause dano ao meio ambiente estará passível de sanções penais
administrativas, que serão aplicadas independentemente da obrigatoriedade de recuperar o
dano causado. O poluidor é a pessoa jurídica ou física responsável, direta ou indiretamente,
pelo dano causado. O sujeito se responsabilizará pelo dano ambiental real e potencial, que
será estipulado por entidades da área. Uma vez que o meio ambiente é um direito da
atualidade e das gerações futuras, os prejuízos e dimensões do dano são de interesse
mundial, o que torna a ação jurídica de extrema relevância. Contudo, há grande dificuldade
na comprovação da escala do dano causado, devido à complexidade de mensuração,
assim, a responsabilidade deverá ser objetiva.
O Estado, uma vez que é o responsável pela saúde pública, também pode ser
responsabilizado pelo dano causado ao meio ambiente quando há omissão de sua
responsabilidade legal.
capa6.png
A Constituição Federal, alicerçada nos valores da solidariedade, dignidade humana e justiça
social, instituiu o “estado social”, que deve orientar as relações sociais e econômicas. Para
que cidadãos, governos e empresas exerçam práticas de responsabilidade socioambiental,
devemos ter em mente que, antes de qualquer coisa, há necessidade da regulação das
políticas e dos direitos sociais, entre eles, educação, saúde, habitação e assistência social.
Uma vez que há uma forte tendência de mudança com relação à adoção de uma postura
ambientalmente correta, a responsabilidade socioambiental associada às penalidades
legais e exercida pelas leis, normas e infrações devem ser conhecidas e praticadas pela
sociedade civil, governos e empresas.
Nas empresas, há a responsabilidade socioambiental empresarial, que tem natureza de
responsabilidade jurídica caracterizada como encargos sociais que, quando não cumpridos,
resultam em multas e/ou penalidades. Os encargos sociais têm origem na Consolidação
das Leis de Trabalho (CLT). Eles são os custos pagos pelo empregador sobre a folha de
pagamento de salário dos colaboradores.
LEIS SOCIOAMBIENTAIS BRASILEIRAS
GDPR.gif
O Quadro 2 lista algumas das leis ambientais mais importantes no País. Existem também as
leis estudais e municipais, bem como os órgãos que se certificam de que elas estão sendo
cumpridas, como o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) e o Ministério do Meio
Ambiente (MMA)
Quadro 2. Exemplos de leis ambientais brasileiras Fonte: BRASIL. Acesso em: 01/10/2020.
Quadro 2. Exemplos de leis ambientais brasileiras Fonte: BRASIL. Acesso em: 01/10/2020.
A Lei 5.452 é uma das principais leis sociais brasileiras; ela rege os direitos dos
trabalhadores. Nela, são discutidas questões sobre registro em carteira de trabalho e
rescisão contratual, vale-transporte, descanso semanal remunerado, pagamento de salário,
férias, fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS), décimo terceiro salário, hora extra,
adicional noturno, aviso prévio, licença maternidade e paternidade.
A responsabilidade social empresarial aborda questões que vão além das regulamentadas
por lei. Ela trabalha a igualdade de oportunidades. Deve considerar os critérios de
promoção dos funcionários, igualdade de gênero e pessoas com deficiência, acidentes de
trabalho, capacitação continuada para o aprimoramento do nível do conhecimento do
colaborador, além da relação ética entre os colaboradores.
A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL ALÉM DAS EXIGÊNCIAS LEGAIS
Forest(1).gif
Quando uma empresa ou organização segue leis de cunho socioambiental ou normas
determinadas por lei, ela está exercendo seu papel como pessoa jurídica, ou seja, a
empresa está somente seguindo os aspectos jurídicos inerentes ao seu setor. Ser uma
empresa social e ambientalmente responsável vai além das obrigações legais e
econômicas: significa que ela se posiciona e atua no combate aos problemas, buscando o
desenvolvimento socioambiental sustentável.
Accept terms.gif
A série ISO (InternationalOrganization for Standardization – organização internacional para
padronização) estabelece sistemas de gestão na cultura organizacional de empresas. As
séries ISO são compostas por normas que vão além das exigências legais e algumas
podem se tornar tão importantes que passam a ser exigidas em lei. As normas ISO no
Brasil são controladas pela ABNT NBR (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
A série ISO 14001 possui normas de gestão ambiental que permitem que a empresa
pratique ideias de mitigação dos possíveis danos ambientais decorrentes de sua atividade,
objetivando tornar-se sustentável no curto e no longo prazo. A norma estabelece algumas
práticas:
bullet
Implementação de um sistema de gestão ambiental;
bullet
Rotulagem ambiental;
bullet
Análise de desempenho ambiental;
bullet
Análise de ciclo de vida;
bullet
Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos;
bullet
Comunicação ambiental;
bullet
Mitigação das mudanças climáticas.
A adoção das normas também pode trazer benefícios, como:
bullet
Redução de custos devido ao uso de matéria-prima, água e energia de forma consciente;
bullet
Captação de novos clientes, devido à inserção no mercado ambiental;
bullet
Melhoria dos processos inter e intra setoriais, bem como, da cultura organizacional;
bullet
Menor risco de falência;
bullet
Abertura a patrocínios e boa visão internacional;
bullet
Possível diversificação setorial;
bullet
Adesão de novos grupos de clientes;
bullet
Maior qualidade e controle dos produtos, serviços e processos.
A série ISO 9000 fornece meios para implementação e monitoramento contínuo de técnicas
para otimização de processos pela implementação de um sistema de gestão da qualidade.
As normas que compõem a série ISO 9000 estão sempre sendo atualizadas e são
conhecidas e desejadas por empresas do mundo todo. Aderir às normas ISO 9000 traz uma
série de benefícios:
bullet
Aumento da produtividade;
bullet
Redução de custos;
bullet
Produtos e serviços de maior qualidade;
bullet
Credibilidade e reconhecimento interno e externo;
bullet
Visão mais ampla do fluxo de trabalho;
bullet
Segurança nos procedimentos internos;
bullet
Colaboradores engajados e integrados.
A série ISO 45001 implementa um sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional
com foco na melhoria do desempenho das empresas em termos de saúde e segurança do
trabalho. Segundo a própria norma, uma organização é responsável pela saúde e
segurança ocupacional dos trabalhadores e outros que podem ser afetados por suas
atividades. Esta responsabilidade inclui promover e proteger sua saúde física e mental.
Insurance.gif
Podem ser citadas como benefícios da implementação da norma ISO 45001 em uma
empresa:
bullet
Gerenciamento de risco e acidentes de trabalho;
bullet
Redução de afastamentos por acidente de trabalho;
bullet
Maior qualidade de vida e melhor relacionamento empregador x empregado;
bullet
Redução dos prejuízos financeiros devido a processos trabalhistas.
A ISO 50001 tem objetivo de melhorar a eficiência enérgica das empresas. Implementando
um sistema de gestão de energética, a empresa tem como benefícios:
bullet
Uso de tecnologias modernas e eficientes;
bullet
Redução dos custos com energia;
bullet
Redução da emissão de gases de efeito estufa e das mudanças climáticas.
A adoção das normas ISO atesta a responsabilidade no desenvolvimento das atividades de
uma empresa. Para sua obtenção e manutenção, são realizadas auditorias periódicas por
uma empresa certificadora, que deve ser credenciada e reconhecida por órgãos nacionais e
internacionais. Organizações que aderem às normas ISO possuem sistema de manejo
integrado e se colocam no mercado como responsáveis socioambientalmente.
Desenvolvimento sustentável
O crescimento econômico no século XX se desenvolveu nos moldes capitalistas, passando
a depender do consumo cada vez maior de energia e recursos naturais (recursos
renováveis e não renováveis). Atrelado a isto, da década de 1950 em diante, a preocupação
com uma eminente explosão demográfica global resultante do crescimento dos países
pobres causou um interesse global pelos temas populacionais. Iniciaram-se diversos
movimentos para controlar a fecundidade dos países pobres. Na Conferência Mundial de
População, realizada pela ONU em Bucareste, 1974, de um lado, os países desenvolvidos
articulavam que, para reduzir a pobreza, deveriam haver programas de estímulo à redução
do crescimento da população por meio de redução da taxa de natalidade, do outro, os
países pobres e em desenvolvimento defendiam que políticas de desenvolvimento eram
necessárias.
Após longos períodos de debates, constatou-se que os moldes de desenvolvimento até
então adotados poderiam ser insustentáveis, e novos meios de produção e consumo
deveriam ser adotados uma vez que a disponibilidade dos recursos era finita.
shutterstock_1188741007 [Convertido]-01-01.png
De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a produção sustentável baseia-se na
incorporação, ao longo do ciclo de vida de bens e serviços, de medidas que minimizem os
custos ambientais e sociais resultantes da ação humana. Sobre consumo sustentável,
entende-se como o uso de bens e serviços suficientes para atender às necessidades
básicas, proporcionando melhor qualidade de vida, enquanto reduz o uso de recursos
naturais e materiais tóxicos, a geração de resíduos e a emissão de poluentes.
De acordo com o Relatório de Brundtland, os principais objetivos das políticas de
desenvolvimento sustentável seriam os seguintes:
Retomar o crescimento;
Alterar a qualidade do desenvolvimento;
Atender às necessidades essenciais do emprego, educação, alimentação, saúde, energia,
água e saneamento;
Manter um nível populacional sustentável;
Conservar e melhorar, por meio da tecnologia, as bases dos recursos;
Incluir o meio ambiente e a economia nas decisões que afetem a sociedade.
Para atingir tais objetivos de produção e consumo, a modificação das organizações deveria
ser contínua, contar com o apoio da ciência e manter-se dinamicamente equilibrada.
Práticas produtivas exploratórias, predatórias e que visassem o lucro deveriam dar espaço
para relações sociais justas e para bem-estar dos seres vivos.
Em um primeiro momento, a busca pelo desenvolvimento sustentável das nações parece
limitar seu potencial de desenvolvimento. Na realidade, deve-se entender o
desenvolvimento sustentável como um conjunto de práticas que não limite o
desenvolvimento econômico, mas que considere que os recursos naturais são finitos e
devem ser usados sob um viés conservacionista. Assim, se estabelece um paradigma que
consiste em diminuir o consumo e a exploração dos recursos renováveis e não renováveis
pelos países desenvolvidos, garantindo que países industrializados – em desenvolvimento –
possam se modernizar, proporcionando qualidade de vida às suas populações em sinergia
com o meio ambiente.
Muito se discute sobre desenvolvimento sustentável; às vezes, há consenso entre as
atitudes a serem adotadas, às vezes, não há. De fato, diversas ações foram tomadas e
cada vez fica mais evidente que ainda há muito a ser feito.
Assista.gif
ASSISTA
A Organização das Nações Unidas vem se posicionando como uma grande difusora das
ideias de desenvolvimento sustentável no mundo todo. Assista ao vídeo da Cúpula das
Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2015.
AÇÕES GLOBAIS RUMO AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
5.png
Chegamos a um ponto em que assuntos relacionados aos impactos da ação humana, bem
como sobre a necessidade das práticas de responsabilidade social são vistos diariamente
nos meios de comunicação. Cada dia mais é exigido que a sociedade adote uma postura de
mudança diante de seus meios de produção e de suas opções de consumo.
61934 [Converted]-01.png
As consequências do desenvolvimento em condições de insustentabilidade fizeram com
que diversos cientistas discutissem a transgressão das fronteiras planetárias. As fronteiras
planetárias se referem ao poder de fornecimento de recursose da resiliência do planeta
diante dos hábitos e moldes de produção e consumo. O conceito pode ajudar a sociedade
civil e o poder público na definição de modelos de produção seguros para a humanidade e a
vida na Terra. As nove fronteiras planetárias, segundo Martine e Alves, são:
[...] mudanças climáticas; mudança na integridade da biosfera (perda de biodiversidade e
extinção de espécies); depleção da camada de ozônio estratosférico; acidificação dos
oceanos; fluxos biogeoquímicos (ciclos de fósforo e nitrogênio); mudança no uso da terra;
uso global de água doce; concentração de aerossóis atmosféricos; e introdução de
poluentes orgânicos, materiais radioativos, nanomateriais e microplásticos. Das nove,
quatro já foram ultrapassadas: mudanças climáticas, perda da integridade da biosfera,
mudança no uso da terra e fluxos biogeoquímicos (MARTINE; ALVES, 2015, p. 445).
Sobre o aquecimento global e mudanças climáticas, devemos considerar duas situações. A
primeira trata do efeito estufa natural, que consiste na absorção, pelos gases do efeito
estufa, dos raios infravermelhos emitidos pela superfície terrestre. Este processo permite
que a superfície terrestre se mantenha em temperaturas ideais para os seres vivos. A
segunda situação aborda o efeito estufa antrópico, no qual o aumento da concentração
atmosférica dos gases do efeito estufa, causados pelo uso excessivo de recursos não
renováveis – como os combustíveis fósseis –, resulta no aumento da temperatura da
superfície terrestre, chamado de aquecimento global (Figura 4).
Figura 4. À esquerda, efeito estufa natural e, à direita, efeito estufa causado pela atividade
humana que resulta em aumento da concentração dos gases do efeito estufa na atmosfera,
entre eles o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Fonte: Adobe
Stock. Acesso em: 30/09/2020.
Figura 4. À esquerda, efeito estufa natural e, à direita, efeito estufa causado pela atividade
humana que resulta em aumento da concentração dos gases do efeito estufa na atmosfera,
entre eles o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Fonte: Adobe
Stock. Acesso em: 30/09/2020.
A sociedade vem discutindo ativamente as consequências do segundo caso, bem como as
formas de mitigar as emissões reduzindo a velocidade das mudanças climáticas causadas
pelo aquecimento global.
Os cientistas relatam que, caso nenhuma ação seja tomada, eventos extremos podem
começar a acontecer, como: aumento da temperatura dos oceanos, ondas de calor,
alteração dos regimes pluviométricos, desertificação, derretimento das calotas polares,
redução da diversidade de fauna e flora, entre outros.
Passing by.gif
O termo “pegada de carbono” refere-se ao consumo individual diante das práticas de
responsabilidade ambiental, ou seja, o quanto os hábitos de uma pessoa podem impactar o
desenvolvimento sustentável do planeta. A pegada de carbono pode ser calculada,
tornando-se um índice, geralmente, expresso em emissão de dióxido de carbono – um dos
principais gases do efeito estufa causado pelo homem – que quantifica o efeito da utilização
dos recursos sobre a bioesfera. Estes dados individuais podem ser extrapolados para medir
os efeitos da atividade humana, servindo como base para elaboração de políticas públicas e
desenvolvimento de novos produtos.
Curiosidade.gif
CURIOSIDADE
Você pode calcular a sua pegada de carbono pessoal ou simplesmente saber mais sobre a
pegada de carbono na sua região. Fornecendo informações sobre sua dieta, seus hábitos
de transporte e consumo de energia, uma calculadora especializada fará os cálculos e você
poderá comparar sua pegada com a de pessoas de outros países.
Sem dúvida, não podemos conceber um mundo sem uso de fontes energéticas. Porém,
existem diversas alternativas sendo disponibilizadas e aprimoradas pela ciência. Diante
desse contexto, abordamos a ideia de energia limpa. Ela vem de fontes de energia
renováveis (Figura 5), e quando optamos por utilizá-las, estamos reduzindo a emissão de
gases do efeito estufa para a atmosfera. São exemplos de energia limpa aquelas
provenientes de fontes solares, eólicas, geotérmicas, hidráulicas e maremotrizes.
Figura 5. Energia derivada de recursos não renováveis e a energia limpa proveniente de
fonte de energia renováveis. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 01/10/2020.
Figura 5. Energia derivada de recursos não renováveis e a energia limpa proveniente de
fonte de energia renováveis. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 01/10/2020.
Empresas que reduzem as emissões de gases do efeito estufa em seus processos
produtivos podem comercializar créditos de carbono. Esse mercado internacional cresce
anualmente. Os créditos baseiam-se na quantidade de gás não emitido para a atmosfera,
sendo que cada crédito se refere a uma tonelada de dióxido de carbono equivalente (t
CO2e). Não somente o dióxido de carbono é contabilizado, outros gases causadores do
aquecimento global também, mas seus valores são calculados considerando sua
equivalência em moléculas de dióxido de carbono.
Os consumidores estão se tornando cada vez mais exigentes e conscientes em relação à
produção e à origem dos alimentos. Nesse sentido, a agricultura intensiva vem avançando
lentamente na busca de tecnologias e processos que minimizem problemas de poluição e
degradação dos recursos naturais e que ofereçam produtos seguros ao consumidor final.
Podemos citar o zoneamento econômico-ecológico, a agricultura de precisão, a fixação
biológica de nitrogênio, as práticas de controle da erosão do solo, os sistemas de plantio
direto e o manejo integrado de pragas. Além disso, a produção orgânica será decisiva como
a agricultura do futuro, assim como os sistemas agroflorestais, a agricultura sintrópica e o
consumo local. Cada vez mais, os consumidores buscam opções de produtos originários do
modelo orgânico de produção. Tais sistemas resultam em sustentabilidade no curto e no
longo prazo, uma vez que são baseados em práticas de responsabilidade socioambientais
com abordagens integradas. Os processos produtivos nesses sistemas são baseados nos
mecanismos e processos naturais que eliminam o uso dos agrotóxicos e fertilizantes
sintéticos.
44775 [Converted]-01.png
AS TRÊS DIMENSÔES DA SUSTENTABILIDADE
CAPA.png
A responsabilidade socioambiental é alcançada por meio da adoção de práticas de
desenvolvimento sustentável por empresas, por políticas governamentais e pela atuação do
cidadão. Ela se concretiza sob o emprego das três dimensões da sustentabilidade, como
mostrado na Figura 6.
A esfera social, sob uma perspectiva sustentável de produção e consumo, deve considerar
a qualidade de vida dos seres humanos tendo em vista a diversidade cultural, étnica,
religiosa e de gênero, bem como questões regionais da comunidade.
Do ponto de vista econômico, deve-se considerar o papel da sociedade na rentabilidade e a
viabilidade empresarial por meio de ações ganha-ganha, de forma que haja retorno, na
forma de lucro, ao investimento realizado pelo capital privado e qualidade de vida aos
colaboradores.
Na esfera ambiental da sustentabilidade, os processos de produção e consumo deverão
considerar a adoção de práticas ambientalmente corretas. Termos como ecoeficiência,
pegada de carbono, energia limpa e sete R’s proporcionarão uma cultura organizacional
ambiental nas empresas, residências e espaços públicos, uma vez que conduzem ao
desenvolvimento do perfil de responsabilidade socioambiental.
Debates mundiais
Em 1972, a ONU convoca a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em
Estocolmo, e a pauta ambiental começa a ser debatida oficialmente, resultando no
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Após alguns anos depois da
Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente de 1983, nasce um grande marco da
pauta ambiental elaborado pela Comissão de Brundtland, o relatório nomeado como Nosso
futuro comum.
Após a Conferência, diversos outros eventos discutiram os ideais e os meios de conduzir o
desenvolvimento mundial para os moldes do desenvolvimento sustentável.Em 1988, uma
união entre a ONU Meio Ambiente e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) resultou
na criação do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC), sendo que
os resultados de pesquisas sobre mudanças climáticas realizadas no mundo todo são
reunidas e relatórios e planos de ação são publicados periodicamente. A famosa Cúpula da
Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, foi um marco de sua década, pois discutiu a
importância de se agregar os componentes sociais, econômicos e ambientais nas buscas
pelo desenvolvimento sustentável e finalizou a Agenda 21. O Protocolo de Kyoto, de 1997,
estabeleceu metas obrigatórias de redução das emissões de gases de efeito estufa nos 37
países signatários.
CAPA.png
Em 2000, a Cúpula do Milênio das Nações Unidas definiu oito objetivos concretos e
mensuráveis, que foram acompanhados em escala nacional, regional e global. Os Objetivos
de Desenvolvimento do Milênio (ODM) foram resultado de uma série de cúpulas
multilaterais realizadas na década de 90 sobre as condições do desenvolvimento humano.
A formulação dos ODM contou com especialistas renomados de diversas áreas que
estiveram focados na redução da pobreza extrema observada, principalmente, nos países
pobres e em desenvolvimento.
Todos os países signatários da época aderiram ao acordo, comprometendo-se em inserir
em suas políticas, ações para alcançar os objetivos. Os oito objetivos do milênio foram
definidos conforme o Quadro 3. Eles deveriam ser atingidos até 2015, quando seriam então
discutidos novamente.
Quadro 3. Oito objetivos definidos na Cúpula do Milênio das Nações Unidas Fonte: ROMA,
2019.
Quadro 3. Oito objetivos definidos na Cúpula do Milênio das Nações Unidas Fonte: ROMA,
2019.
Em 2002, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada na África do Sul,
discutiu os compromissos e metas da Agenda 21 e analisou suas conquistas, para então
conceber uma Agenda 21 reformulada, com ações concretas e tangíveis em relação
àquelas estabelecidas em 1992.
Em 2015, foi definida uma nova agenda, a Agenda 2030. Ela foi desenvolvida em um
trabalho conjunto entre governos, entidades e sociedade civil. Entre outros, foram definidos
os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS’s), que tiveram como base os
ODM’s. Os ODS’s são o que se tem de mais atual com relação às metas em direção a um
mundo mais sustentável.
shutterstock_1188741007 [Convertido]-01.png
AGENDA 21
2.png
A Cúpula da Terra, também conhecida como Eco-92 ou Rio 92, realizou-se no Rio de
Janeiro, em 1992, e finalizou a Agenda 21. Nela, determinou-se a relevância dos países em
parceria com empresas, organizações governamentais e não governamentais em se
comprometerem com estudos para avaliar e combater os problemas socioambientais.
Desde a sua finalização, a Agenda 21 foi aprimorada e adaptada a condições mais
palpáveis para os níveis de desenvolvimento de cada País. É importante lembrar que cada
País desenvolveu sua Agenda 21, inclusive o Brasil.
Ela discutiu assuntos de extrema relevância socioambiental, como: combate à pobreza,
mudança nos padrões de consumo, cooperação internacional, proteção e promoção da
saúde humana, proteção da atmosfera e de ecossistemas, proteção da biodiversidade,
proteção da infância, desenvolvimento rural, Dia da Mulher, fortalecimento das populações
indígenas, dos trabalhadores, dos agricultores, do comércio e da indústria etc.
Contextualizando.gif
CONTEXTUALIZANDO
A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD)
finalizou a Agenda 21, um documento dividido em 40 capítulos que aborda os meios para
que seja adotado em escala planetária um padrão de desenvolvimento sustentável. No total,
192 países acordaram e assinaram a Agenda 21.
A partir da Agenda 21, pôde-se refletir sobre a ação humana segundo os moldes industriais
e capitalistas. De forma sinérgica, buscou-se (e busca-se até os dias atuais) promover a
qualidade de vida e não apenas o crescimento individual estimulado pela produção e
consumo injustificado.
AGENDA 2030
6.png
Em 2015, durante uma Assembleia Geral da ONU que ocorreu nos Estados Unidos,
elaborou-se um plano guia para a ação da comunidade internacional, que elencava os 17
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas para erradicar a pobreza e
promover vida digna a todos, considerando os parâmetros sustentáveis de uso dos recursos
naturais.
O documento Transformando o mundo: a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável,
que deve ser cumprido até 2030, traz um plano de ação para as pessoas, o planeta e a
prosperidade.
Os 17 ODS’s são:
Os objetivos e metas definidos na reunião devem ser inseridos na realidade de cada País
signatário, considerando suas prioridades internas, mas voltando-se para um
desenvolvimento global. Eles são integrados e indivisíveis, e mesclam, de forma
equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a
ambiental.
Contexto atual
Atualmente, a população brasileira é de, aproximadamente, 212 milhões de pessoas
distribuídas ao longo das 27 unidades federativas que compõem nosso país. Um dos
principais indicadores que revela a riqueza de um País é o seu Produto Interno Bruto (PIB),
que calcula o valor de toda a riqueza produzida por um País considerando o desempenho
dos três setores que compõem a economia. Em 2019, o PIB do Brasil foi de R$ 7,3 trilhões
e a ordem de participação dos setores neste resultado foi: serviços, indústria e agropecuária
(IBGE, 2020). Com este resultado, o País ficou entre as dez maiores economias do mundo
(FUNAG, 2020).
Em contraponto, é o segundo País em área florestal no mundo com, aproximadamente,
12% do território coberto por florestas. Apesar de usarmos mais fontes de energia não
renováveis do que renováveis (56,5%), usamos mais fontes renováveis do que o resto do
mundo. Além disso, há riqueza de fauna e flora, biomas diversificados e uma imensa
diversidade étnico-cultural.
Hello.gif
Uma vez que possui relevância econômica e ambiental e que há contínuo fortalecimento de
um perfil mundial voltado à questão da responsabilidade socioambiental, o País
posiciona-se em um contexto estratégico, no sentido de que as organizações brasileiras
podem se destacar mundialmente de maneira positiva na geração de ambientes
sustentáveis de produção e consumo.
Nesse sentido, há destaque para organizações alicerçadas em atitudes concretas, que
adotam não somente ideologias, mas que praticam rotineiramente as pautas mais atuais do
desenvolvimento sustentável, como ecoeficiência e os 7’Rs. Para isso, elas aprimoram-se e
se reposicionam, utilizando a tecnologia, a diversidade e os recursos sociais e ambientais
do nosso País, garantindo credibilidade nacional e internacional.
Continued
ECOFICIÊNCIA
CAPA4.png
O termo ecoeficiência refere-se ao uso consciente dos recursos naturais nos processos
produtivos e de consumo, de forma que não deixe de atender às necessidades das
pessoas. Produtos ecoeficientes devem focar no uso consciente de matéria-prima renovável
em processos produtivos que minimizem a geração de resíduos, além disso, devem
apresentar elevada produtividade sem deixar de lado a qualidade. Basicamente, significa
produzir mais com menos.
O conceito envolve a sociedade como um todo, uma vez que o governo deve incentivar
esse tipo de produção (fomentando pesquisas, subsidiando e divulgando) e as empresas
devem adaptar seus processos e procedimentos operacionais.
Um sistema pode ser chamado de ecoeficiente se conseguir produzir de acordo com oito
elementos fundamentais:
Minimizando o uso de materiais dos bens e serviços;
Minimizando o uso de energia na produção de bens e serviços;
Minimizando a dispersão de tóxicos;
Fomentando a reciclabilidade dos materiais;
Maximizando a utilização sustentável de recursos renováveis;
Estendendo a durabilidade dos produtos;
Promovendo a educação dos consumidores para um uso mais racional dos recursos
naturais e energéticos.
Algumas perguntas podem ser feitas pelos consumidores paraanalisar a ecoeficiência do
produto:
Ele minimiza o uso de fontes energéticas e maximiza a utilização sustentável de recursos
renováveis?
Ele utiliza em sua composição materiais tóxicos?
Ele descarta materiais tóxicos em seu processo produtivo?
Os materiais utilizados são recicláveis ou biodegradáveis?
O produto promove seu uso racional?
A marca adota a ideia de desenvolvimento sustentável?
Continued
OS 7 R’S DA SUSTENTABILIDADE
Volunteering.gif
Os 7 R’s são um conjunto de práticas de educação ambiental para garantir a mudança de
hábitos em prol do desenvolvimento sustentável. A questão central é a de repensar
costumes e hábitos, reduzindo o consumo e o desperdício. Os 7 R’s são verbos que nos
passam a sensação de ação. Observe a Figura 7.
Figura 7. Os sete R’s.
Figura 7. Os sete R’s.
Repense seus hábitos, consuma o que é realmente necessário. Recuse produtos e serviços
de origem insustentável, conheça a origem da matéria-prima. Reduza o lixo gerado e,
assim, o gasto energético no processo. Repare seus produtos quebrados em vez de
comprar novos. Reintegre, por exemplo, compostando o lixo orgânico. Recicle o lixo,
separe-o e leve para reciclagem. Se não pode reciclar, reutilize, dando funções novas e
sustentáveis aos produtos. O foco está em pensar que não existe jogar fora!
Continued
Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos lá?!
Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos lá?!
SINTETIZANDO
Vimos, nesta unidade, que a partir da segunda metade do século XX, a humanidade passou
por um processo de intensificação do desenvolvimento industrial. Segundo os moldes
capitalistas, os meios de produção e consumo, baseados no uso de recursos renováveis e
não renováveis, tornaram-se insustentáveis. Discussões sobre a necessidade de mudança
para uma postura sustentável se intensificaram.
Pudemos averiguar que a busca pelo desenvolvimento sustentável passou a exigir que as
cidades e seus cidadãos, governantes e empresas passassem a pensar em como inserir as
práticas de responsabilidade socioambiental em seu cotidiano. A responsabilidade
socioambiental passou de um ideal para um conjunto de leis, normas e certificações que
reposicionam as instituições no mundo globalizado.
Atualmente, a pauta ambiental é objetivo da humanidade, sendo discutida por organizações
compostas por países do mundo todo. Estudamos eventos históricos, como a Comissão de
Brundtland, a criação do Painel Intergovernamental para as Mudanças, a Cúpula da Terra, a
Cúpula do Milênio das Nações Unidas e a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento
Sustentável, que reformularam os objetivos desenvolvimentistas considerando as questões
ambientais. Neles, documentos como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a
Agenda 21 e, atualmente, a Agenda 2030, reescreveram nossos modelos de produção,
consumo e descarte de produtos.
Por fim, vimos o que se tem de mais atual, os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
(ODS’s), que foram enumerados a fim de erradicar a pobreza até 2030.
UNIDADE 3
Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão
No mundo globalizado, as empresas têm se mostrado responsáveis pelo direcionamento da
economia dos países ou de conjuntos de países.
No mundo globalizado, as empresas têm se mostrado responsáveis pelo direcionamento da
economia dos países ou de conjuntos de países.
Entretanto, por muitos anos, o setor empresarial viveu uma realidade própria, em geral,
desvinculada das questões sociais e ecológicas. Os modelos de produção não estavam em
sintonia com as necessidades sociais e ambientais.
No passado, uma das maiores dificuldades para que as empresas adotassem a gestão
ambiental se baseava em uma ideia distorcida de que o investimento em meio ambiente
não atraía lucros, fazendo com que os custos fossem repassados aos consumidores,
resultando no aumento dos preços (COMINI et al., 2013).
Em um contexto de intensas discussões sobre moral, ética e justiça, diversos paradigmas
vêm sendo quebrados. Se a situação vem mudancdo, os resultados positivos podem ser
entendidos, em grande parte, como consequência da intensa atuação das políticas sociais e
ambientais formuladas a partir de dados científicos e apoiadas pela população.
banner-2.png
A aderência aos pressupostos das ações de responsabilidade socioambiental também
resulta da percepção de que, ao investir no compromisso voluntário de um futuro
sustentável, está-se agindo coerentemente com o mercado que migra em direção ao
desenvolvimento sustentável e ao contínuo aumento de sua rentabilidade.
Atualmente, sabe-se que as empresas que adotam práticas de responsabilidade
socioambiental possuem benefícios como: redução dos custos, valorização da marca,
transparência nas atividades, mais fidelização de clientes, melhor comunicação externa,
melhor desempenho dos processos e dos empregados.
A responsabilidade socioambiental empresarial se refere às ferramentas de gestão que
analisam o cumprimento dos temas e que conduzem a empresa ao desenvolvimento
sustentável. Empresas comprometidas com essa questão atendem a itens como:
bullet
Transformação em desempenho positivo das leis, regulamentos e normas de adesão
voluntária às quais está sujeita;
bullet
Conhecimento e promoção voluntária e proativa de ações de desenvolvimento sustentável
regional, nacional e internacional;
bullet
Possíveis danos ao meio ambiente e os impactos sociais causados por seus produtos,
processos e instalações são previamente identificados;
bullet
Conhecimento antecipado de treinamentos e planos de evacuação em casos de
emergência ambiental;
bullet
Conhecimento dos métodos de resposta em casos de prevenção ou mitigação dos impactos
adversos;
bullet
Ciência, por parte da população local, do segmento da empresa e dos impactos, positivos e
negativos, decorrentes da sua atuação na região;
bullet
Acessibilidade aos produtos e instalações.
AÇÕES DE GESTÃO INTERNA
As ações de responsabilidade social internas se relacionam aos investimentos em capital
humano, saúde, segurança e reestruturação responsável, enquanto as ações de
responsabilidade ambiental estão relacionadas à gestão dos recursos naturais utilizados
nos processos produtivos com foco no uso consciente e de baixo impacto no planeta.
As ações de responsabilidade social internas se relacionam aos investimentos em capital
humano, saúde, segurança e reestruturação responsável, enquanto as ações de
responsabilidade ambiental estão relacionadas à gestão dos recursos naturais utilizados
nos processos produtivos com foco no uso consciente e de baixo impacto no planeta.
Quando adotam esses aspectos, dá-se início à gestão de mudança que equilibra a
competitividade, a lucratividade e o desenvolvimento sustentável.
O investimento em capital humano tem seus fundamentos na valorização do profissional,
proporcionando maior qualidade de vida. Ações que vão do recrutamento à aprendizagem
ao longo da vida e à participação nos lucros formalizam o conceito do empregado como um
colaborador. As ações de investimento em capital humano são:
bullet
Proibição de práticas discriminatórias;
bullet
Equilíbrio entre vida profissional, familiar e tempo livre;
bullet
Igualdade de contratação, remuneração e de carreira para as mulheres;
bullet
Regime de participação nos lucros e no capital;
bullet
Recrutamento responsável;
bullet
Contratação de pessoas oriundas de minorias étnicas, idosos e desempregados de longo
prazo;
bullet
Estabelecimento de parcerias para implementação de programas de formação focada na
melhoria do desempenho profissional.
Os investimentos em saúde e em segurança do trabalho existem como uma obrigação
prevista em lei. Como resultante dos movimentos socioambientais atuais, questões
relacionadas à prevenção dos riscos à saúde e segurança passaram a ser de adesão
voluntária, mais como um compromisso do que uma obrigação da empresa. Foram criados
sistemas de gestão focados em práticas para o aprimoramento da saúde e segurança dos
funcionários com certificados internacionais

Outros materiais