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UNIDADE 1 Conceitos e definições Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento é construtivo. Antes de iniciarmos este tópico, é importante pensarmos que o conhecimento é construtivo. A academia exige constantes reflexões sobre suas teorias, pois é dela a responsabilidade de formar novos conhecimentos. Como acadêmicos, devemos lembrar que o conhecimento deve ser por nós construído, e não simplesmente recebido e reproduzido. Algumas pessoas se perguntam por qual motivo existe a necessidade de constantes e diferentes formas de leituras – livros, notas, artigos, comunicações curtas –, e essas questões dúbias são erradicadas quando entendemos o verdadeiro sentido de sermos acadêmicos. Neste tópico, serão tratados alguns conceitos e definições utilizados frequentemente na temática socioambiental. Todavia, é importante lembrar que eles são passíveis de mudanças, uma vez que a academia é dinâmica e se encontra em constantes transformações. As práxis implementadas são responsáveis pelo surgimento de novas formas de visão, já que a prática é crucial na efetivação do pensamento teórico. // Socioambiental/ambiental banner-2.png Como abordado, compreende-se como socioambientais (ou ambientais) as relações existenciais entre sociedade e natureza. É algo inseparável, que tem como produto o trabalho. Não há, nessa relação, superioridade ou inferioridade entre as partes, mas um equilíbrio. Torna-se importante a fixação dessa “balança equilibrada”, pois durante séculos existiu uma discussão acerca de uma superioridade entre as partes: ora, a sociedade é responsável pela regência do seu meio; ora, a gerência ocorre no sentido inverso. Essa discussão de questões de meio físico e social foi fundamental para o surgimento de determinadas ciências, como a Geografia. A ideia de que o meio físico era superior ao homem fez com que surgisse o conceito de espaço vital, de que o homem necessitava explorar os recursos para que ocorresse um equilíbrio. Essa forma de pensamento, denominada determinista, foi elaborada por Friedrich Ratzel e largamente incorporada nas ideologias de Hitler para o nazismo, sendo esse um dos primeiros relatos escritos sobre a implementação das questões sociais sobre o ambiente. // Meio ambiente AdobeStock_279974426 [Converted]-01.png Termo usualmente empregado nos estudos voltados às ciências ambientais. Entretanto, há cientistas que iniciaram uma espécie de desuso, pois, ao inserirmos a palavra “meio”, estaríamos abordando a metade de algo, e, devido à interligação existente, não se deve realizar essa inferência. Por muitos anos, as questões ambientais foram abordadas nos seus aspectos físicos. Contudo, o papel social tem apresentado uma inserção gradativa e abrangente na discussão. Por termos sido acostumados (ou até mesmo doutrinados) a dividirmos o conhecimento para melhor compreensão, esse termo pode ser usualmente empregado para o estudo das questões físicas ambientais. // Áreas degradadas banner-3.png Umas das maiores problemáticas ambientais existentes atualmente é a degradação ambiental. O termo é empregado principalmente para estudos de solos e ecossistemas. As atividades humanas, principalmente de industrialização, agricultura, pecuária, e mineração, destacam-se no desmatamento e improdutividade do solo, por meio do lançamento de rejeitos, como elementos químicos tóxicos. Ao dizermos que uma área é degradada, ocorre uma referência àquelas que se encontram altamente poluídas e requerem regeneração, a partir de tecnologias sustentáveis para melhoramento de solos, afluentes e reflorestamento. No meio acadêmico, pesquisas voltadas à recuperação dessas áreas são constantes. O avanço nas ciências dos materiais possibilitou a aplicação de nanopartículas, hidrogéis e estruturas poliméricas que auxiliam, com sucesso, a recuperação de solos e rios. Atualmente, empresas propõem o financiamento de pesquisas ou compra de patentes para solucionar tais problemas, o que implica na inserção de uma série de profissionais, como engenheiros, físicos, químicos, administradores, biólogos e afins. // Desertificação A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das Nações Unidas (ONU). A desertificação adentra os temas globais em discussão na Organizações das Nações Unidas (ONU). A utilização de recursos naturais de forma inapropriada, somada às mudanças climáticas e aspectos físicos naturais, ocasiona uma degradação de tal forma que torna impossível a regeneração dos locais explorados, fazendo surgir áreas áridas e semiáridas. Esse debate foi iniciado devido a problemas existentes no continente africano, alvo de grandes preocupações. Por envolver aspectos de auxílio financeiro, países como os Estados Unidos entraram na “corrida”, com o intuito de adquirir lucros, contestando a existência de áreas em processo de desertificação em seu território. No entanto, atualmente existe um mapeamento e acompanhamento dos países com tendências ao processo de desertificação, que podem ser encontrados nas Américas, África e Europa. No Brasil, as áreas susceptíveis à desertificação são encontradas na Região Nordeste. Um dos núcleos de estudos é o município de Cabrobó, Pernambuco, que se encontra em processo avançado (Figura 3). A utilização das técnicas de agricultura por inundação, associada à topografia do terreno e alta evapotranspiração devido às condições climáticas, ocasionou a formação de extensas camadas de sais no solo, tornando-o improdutivo e causando abandono das áreas. As pesquisas estão concentradas nos aspectos de impactos socioambientais, bem como na tentativa de mitigar o problema. Figura 3. Solo salinizado no município de Cabrobó, Pernambuco, um dos núcleos de desertificação brasileiro. Fonte: MAIA, 2015. Figura 3. Solo salinizado no município de Cabrobó, Pernambuco, um dos núcleos de desertificação brasileiro. Fonte: MAIA, 2015. As problemáticas não se restringem aos aspectos físicos, pois os fatores sociais são duramente afetados. Ao tornar o solo improdutivo, ocorre um impacto direto na produção de alimentos, bem como o abandono dos locais pelos moradores. Nesse processo, há uma queda na arrecadação econômica. Sendo a região responsável por produzir alimentos para outros municípios, estados e afins, o processo ocasionará desabastecimento e prejudicará milhares de famílias. Fatores como esses ressaltam a preocupação das entidades governamentais sobre o tema. // Efluentes banner-5.png Umas das temáticas mais trabalhadas pelas empresas no setor ambiental são os efluentes. A água é um bem precioso, utilizado corriqueiramente em nossas atividades do cotidiano. O processo de “chegada, recebimento” da água é denominado afluente; e a “saída”, denominada efluente. Devido à mistura com outros compostos, orgânicos e inorgânicos, como gorduras, pesticidas, metais e afins, os efluentes tornaram-se uma temática de grande discussão, pois o destino, em sua maioria, são os rios. Ao serem lançados em aquíferos, um dos principais problemas é a carga microbiana existente no material, que ocasiona sequestro de oxigênio e impede o desenvolvimento e manutenção da vida aquática. Os metais são outro exemplo de grandes preocupações, devido à capacidade de se acumular nos organismos. Os acúmulos podem acontecer em seres humanos, por meio da ingestão, acarretando sérios problemas de saúde. Assista.gif ASSISTA A série Aruanas, produzida pela Rede Globo, demonstra com clareza os problemas causados pelo não tratamento de efluentes. O enredo concentra-se nos impactos socioambientais causados pela mineração na região amazônica. O despejo irregular dos efluentes, com altas concentrações de metais como chumbo e mercúrio, ocasiona problemas de saúde nos moradores da região devido à ingestão por meio do consumo de peixes. Em algumas cenas, é demonstrada a morte gradativa dessas pessoas. Atualmente, há empreendimentos com estações de tratamento e monitoramento constante, por meio de análises químicas que atendem às legislações ambientais. Pesquisas nessatemática registram grandes avanços, principalmente pela aplicação de carvões ativados como adsorventes. Outros buscam a utilização de organismos vivos, como plantas aquáticas, para realização de tratamentos. O propósito, porém, vai além do tratamento, e busca a reutilização para fins de serviços gerais ou alguma etapa de processo produtivo. No Brasil, a importância do tema reflete-se na construção de linhas de pesquisas em cursos de mestrado e doutorado, que se propõem a estudar o problema e buscar soluções. // Bioenergia As preocupações do petróleo e carvão mineral como bens finitos acarretaram mudanças energéticas globais. A busca por fontes alternativas de energia tornou-se crescente, a fim de evitar um colapso energético futuro. Não somente a falta, mas também a intenção dos países em melhorar suas condições ambientais proporcionaram o avanço de pesquisas e implementação de fontes limpas e renováveis. A bioenergia é compreendida como aquela que acarreta menores níveis de impactos ambientais, composta por fontes sustentáveis. Matérias-primas como biomassa, sol, vento, são consideradas formas de energia limpa (Figura 4). Figura 4. Principais fontes de energia limpa. Fonte: CreaJR-PR, 2010. Figura 4. Principais fontes de energia limpa. Fonte: CreaJR-PR, 2010. É de suma importância saber que qualquer forma de energia trará algum nível de impacto: o que se diferencia é o grau implicado. Petróleo e carvão mineral, além de considerados bens finitos, emitem particulados e compostos orgânicos quando em combustão, como os hidrocarbonetos polissacarídeos aromáticos, altamente prejudiciais à saúde. Estudos apontam positividade em sua substituição por outras fontes, mais sustentáveis, com tendência mundialmente crescente; porém, são necessárias uma constante atenção e acompanhamento. A utilização de biomassa pode ocasionar uma competição entre produção de energia e alimentos. Entre as matérias-primas utilizadas, os óleos derivados da soja e do milho são os principais, mas são eles também fontes nutricionais importantes. banner-6.png Pesquisas que procuram avaliar os impactos ambientais da energia solar e eólica apontaram dois sérios problemas: elevação da morte de animais, principalmente de aves, e erosão. A devastação de áreas para implementação desses modais energéticos também é outra problemática. Compreender tais problemas é importante para entendermos que, mesmo em se tratando de uma energia sustentável, há alguma forma de impacto. // Economia verde banner-7.png Devido às preocupações com as questões ambientais, as empresas iniciaram um processo de mudança e implementaram tecnologias em seu processo de trabalho para proporcionar menos impactos ao ambiente. Seu propósito sustenta-se em menores emissões de poluentes, bem como na criação de produtos biodegradáveis. Esse novo formato produtivo é denominado de economia verde e tem demonstrado adesão crescente por parte de empreendimentos do setor público e privado. Essa adesão não se encontra restrita à diminuição de impactos ambientais, mas também abrange mais lucratividade, com diminuição de custos. Essa nova visão econômica encontra-se presente em grandes debates e participa da agenda da ONU. Os empreendimentos estão gradativamente reestruturando suas linhas produtivas e investindo em tecnologias sustentáveis. Já os setores públicos têm uma tendência em incentivar essa transição, principalmente para atingir as metas propostas em acordos de cooperação sobre diminuições da poluição ambiental. São mudanças que devem atingir de forma positiva a sociedade, possibilitando e garantindo seu bem-estar, sem ocorrência de danos. // Padrões de consumo Vivemos numa sociedade em que somos “forçados” ao constante consumo, e essa atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quaisquer produtos utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima originada do ambiente, preocupações ambientalistas foram iniciadas. Vivemos numa sociedade em que somos “forçados” ao constante consumo, e essa atividade é de suma importância para manutenção econômica. Por quaisquer produtos utilizados necessitar, em seu processo, de alguma matéria-prima originada do ambiente, preocupações ambientalistas foram iniciadas. O consumismo demasiado poderá ocasionar, em breve, a escassez de recursos naturais. Daí, o debate visando à mudança. Ao se mencionar sobre padrões de consumo, estamos nos referindo à forma como a sociedade adquire e descarta seus bens – roupas, eletrodomésticos, calçados e afins. O desafio atual encontra-se na sensibilização social para o consumo consciente, uma atividade de alto grau de dificuldade. Em um meio em que se aprendeu que o comprar pode ser uma ferramenta de felicidade, ocasionar uma mudança nessa forma de pensar é complexo. Contudo, não ocorre a existência de uma alternativa sem ser por meio de mudança de atitudes – e a realidade atual é a falta de recursos naturais no futuro, já que a demanda é superior se comparada à oferta. Como consequência, poderá ocorrer uma queda no bem-estar da população, assim como a falta de atendimento para questões básicas e essenciais de manutenção diária. // Mudanças climáticas banner-9.png Para compreensão desse tema, uma primeira definição precisa ser esclarecida, que é a diferença entre clima e tempo. O tempo é algo mutável – um dia poderá ser de sol, e o outro é de chuva. Já o clima é uma observação das modificações do tempo numa faixa mínima de 30 anos. Quando falamos de mudanças climáticas, a referência é uma grande modificação no clima em escala regional ou global. Essa mudança pode apresentar sérios riscos à qualidade de vida da população. Áreas de climas frios, por exemplo, podem apresentar constante aquecimento. As constantes emissões de poluentes são as principais causadoras da problemática, uma vez que podem provocar reações com o ozônio atmosférico e ocasionar aumento na destruição de filtragem dos raios ultravioletas. Esse processo é denominado aquecimento global. banner-10.png Ocorrem grandes discussões na comunidade acadêmica sobre essa temática. Alguns estudiosos afirmam que a Terra se encontra em um processo de aquecimento natural, com tendências futuras de ocorrer um resfriamento, já que, no contexto histórico de formação do planeta, existem evidências de processos de glaciação e deglaciação. Entretanto, a maior quantidade de pesquisas aponta que os impactos ocasionados ao ambiente, principalmente pela emissão de gases tóxicos no ar, são os principais responsáveis por esse processo atualmente. // Desenvolvimento sustentável banner-11.png Entende-se por desenvolvimento sustentável o emprego de tecnologias que ocasionem menores níveis de agressão ao ambiente, como a diminuição da emissão de poluentes na atmosfera. A terminologia tecnologias limpas também é usualmente empregada nessa temática. A substituição dos combustíveis fósseis (petróleo) por energia de biomassa é considerada uma forma de desenvolvimento sustentável. As inovações tecnológicas sustentáveis também devem ter um custo acessível, para beneficiar todas as classes sociais. A questão social também se encontra inclusa no discurso dessa temática, devido à necessidade de melhorar a qualidade de vida da população, em uma tentativa de diminuir a s desigualdades. Os limites de recursos naturais devem ser respeitados, e são necessários altos investimentos em pesquisas que busquem fontes alternativas em substituição parcial, ou total. Atividades que contribuam para a extinção de espécies devem ser imediatamente interrompidas e reelaboradas, por poderem provocar um desequilíbrio no sistema ecológico. Essas novas visões e perspectivas estão sendo gradativamente postas em práticas, principalmente por países europeus; entretanto, muito ainda precisa ser realizado. // Preservação e conservação AdobeStock_242700812 [Converted]-01.png Esses termos, diferentemente do pensamento comum, têm significados totalmente opostos. A preservação é designada para áreas com proteção total, em que não pode ocorrernenhuma forma de intervenção humana. Quando se trata de conservação, poderá ocorrer a exploração de forma racional, não fomentando indícios de qualquer tipo de impacto ao ambiente. O Brasil conta com legislações que garantem e delimitam áreas preservadas e conservadas, tendo como punição de descumprimento multas e/ou prisões. O desrespeito a essas áreas, porém, é uma problemática existente e difícil de ser erradicada. As fraudes sobre as legislações ambientais, o descompromisso de empreendimentos, tentativas de subornos e trabalho exploratório e ilegal, são situações encontradas na exploração de bens naturais: em muitos casos, as áreas protegidas têm riquezas minerais, como ouro, ferro, grafeno, estanho e afins, cobiçadas por grandes empresas devido às diversas aplicações. Uma face esquecida é a riqueza da biodiversidade na fauna e flora existente nessas áreas, em alguns casos, pouco conhecidas e estudadas. Pesquisas constantes em áreas protegidas demonstram a descoberta de novas espécies, bem como melhor compreensão das dinâmicas ecológicas. Os estudos de base (aqueles que dão margem a outras pesquisas) apontam que há muito que ser descoberto. São fatores como esses que demonstram a importância de proteção das respectivas áreas, especialmente em um contexto em que, em muitos casos, ocorre negligência para atender anseios econômicos. // Ecologia, ecossistemas e biomas A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos com seu ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, busca-se o entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações fisiológicas ou genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins. A procura pela compreensão dos aspectos de interrelação dos seres vivos com seu ambiente é denominado ecologia. Entre seus campos de pesquisa, busca-se o entendimento dos padrões e diversidades de espécies, modificações fisiológicas ou genéticas, ciclos biogeoquímicos e afins. São assuntos de extrema complexidade que envolvem, em determinados casos, anos de pesquisas para obtenção de resultados. O bioma é compreendido pela delimitação de uma região com características (climáticas, fisiológicas, geomorfológicas, entre outros aspectos) bem definidas. No território brasileiro há seis biomas: Mata Atlântica, Amazônia, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa. Denomina-se ecossistema a interação dos fatores bióticos e abióticos, e se propõe estudar suas respectivas influências. Esse é um conceito bastante utilizado e estudado pelos ecologistas. Contudo, os setores de tecnologia da informação também têm-se apropriado dessa terminologia. Recentemente, o termo ecossistemas de inovação tem ganhado espaço nos debates. Seu objetivo é uma parceria sólida entre entidades governamentais, empresas e instituições universitárias, visando à construção e implementação de parques tecnológicos. Os temas que têm foco são aqueles voltados ao campo das engenharias, informática e outros que envolvem a tecnologia da informação. // Equidade social banner-14.png A busca por uma sociedade mais justa é uma das lutas ambientais atuais. A questão de justiça não deve se restringir aos aspectos do ser humano em sua relação com o meio físico, mas abranger também a relação entre seres sociais. O termo igualdade adentra este século para realizar reparos, consertar e evitar erros relacionados à justiça social. Contudo, outro termo tem tido sua aplicação ampliada: a equidade. Diferentemente da igualdade, que busca realizar uma avaliação, julgamento e afins e é aplicada igualitariamente a todos, a equidade busca estudar o caso, ocasionando uma restruturação de regra, mas sem perda alguma da ética e da justiça (Figura 5). Figura 5. Exemplificação da diferença entre igualdade e equidade social. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 24/08/2020. Figura 5. Exemplificação da diferença entre igualdade e equidade social. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 24/08/2020. // Segurança alimentar Esse tema pode ser definido como a capacidade de produção e distribuição de alimentos seguros para toda a população. As políticas voltadas a mecanismos produtivos e disponibilidade de alimentos, a serem elaboradas pelas entidades governamentais, é denominada soberania alimentar. A temática da segurança alimentar envolve diversos temas: todos aqueles voltados à disponibilidade de terra, água e fertilizantes. O contexto também está relacionado à aquisição de alimentos saudáveis para a população. Temáticas como obesidade e doenças causadas pelo consumo alimentício inadequado também são relacionadas à segurança alimentar. RESÍDUOS SÓLIDOS banner-15.png Esse tema é definido como qualquer tipo de material ou bem adquirido e descartado pela sociedade. Em sua maioria, os materiais podem ser reciclados e/ou reutilizados. Contudo, o descarte inadequado apresenta um dos principais problemas ambientais atuais. No Brasil, em 2010, instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei n° 12.305/10): o Ministério do Meio Ambiente (2010) aborda políticas de gestão, responsabilidade sobre o ciclo de vida, viabilização de coleta seletiva e sistema de informações sobre o gerenciamento de resíduos. Contudo, falhas envolvendo aspectos financeiros inviabilizam um trabalho efetivo, especialmente as diversas falhas no gerenciamento de resíduos. Nossas atitudes como cidadãos são importantes, pois a separação dos resíduos ainda é algo pouco executado na sociedade. // Racismo estrutural Vivemos em uma sociedade diversificada. Contudo, as políticas étnicas e de respeito ao próximo, em alguns casos, não são implementadas. No histórico de desenvolvimento humano, a ascensão de um determinado grupo social e inferiorização de outro é algo ainda encontrado neste século. Essa trajetória histórica, que põe em prática uma cultura que atinge diferentes grupos sociais de forma negativa, sem respeito à ética civil, é denominada racismo estrutural. Histórico dos debates a respeito de ética e responsabilidade social no Brasil e no mundo Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos os dias. Os debates sociais sobre as responsabilidades e valores éticos ocorrem todos os dias. As mesas redondas e eventos científicos são constantes no mundo inteiro, sendo eles responsáveis por traçar e fomentar a compreensão do hoje e promover ações que terão efeitos significativos em curto ou longo prazo. Os meios acadêmicos e as universidades são os principais polos desses debates, destacando-se as Ciências Humanas, embora não sejam exclusivas nessas mesas. // Uma visão de aspecto mundial O debate sobre a reponsabilidade social tem seu principal início marcado pela Revolução Industrial no século XVIII. A situação precária de trabalho, em maioria exploratórios, fez diversos teóricos debaterem a problemática. Entre as teorias realizadas, uma se encontra em debate até os dias atuais: Karl Marx elabora as primeiras formulações sobre o capitalismo. A corrente de pensamento de Marx era uma dura crítica à exploração exacerbada da classe operária, e, em contrapartida, aos lucros e à concentração de renda que estavam nas mãos dos grandes donos de empreendimentos. Além disso, as teorias de Marx também contemplavam questões ambientais devido aos altos níveis de poluição que se alastravam pela Europa. As problemáticas relacionadas ao trabalho exploratório fizeram a classe operária procurar lutar por alguma forma de garantia de direitos. Esse fator estava atrelado, também, à constante modernização fabril, que diminuiu a dependência de mão de obra e fez com que antigos artesões se tornassem desempregados. Essas perspectivas levaram os operários a lutar e a construir sindicatos, reconhecidos pelo parlamento inglês após várias lutas, que também resultaram no surgimento de movimentos grevistas. AdobeStock_162915391.jpeg Outro ponto está atrelado ao engajamento dos setores públicos nas temáticas ambientais. A preocupação com a saúde, o bem-estar e a qualidade de vida social foi peça-chave para o surgimento de encontros que buscassem propor soluçõesde mitigação. Reuniões que anteriormente eram realizadas para atender às preocupações com as perspectivas econômicas passaram a ser substituídas pelas pautas ambientalistas. O movimento hippie, ocorrido nos anos 1960, também faz parte de uma importante conjuntura dos debates sociais. Iniciado com a luta contra o uso de armas nucleares, incorporou temáticas importantes em seu discurso, como o respeito à natureza, homossexualidade, preconceito racial e consumo consciente, dando margem a outros debates pouco comentados naquele período. // O Brasil no caminho da responsabilidade social Após o período da Ditadura Militar e constituição do Brasil como democracia, novos debates surgiram. Após o período da Ditadura Militar e constituição do Brasil como democracia, novos debates surgiram. A elaboração da Constituição garantiu as legislações trabalhistas anteriormente reduzidas durante a ditadura. A liberdade de expressão e de imprensa é devolvida, ampliando a ascensão sobre os problemas sociais, principalmente relacionados à pobreza, existentes devido à liberdade dos pesquisadores das ciências humanas definirem seus estudos sem a ocorrência de algum tipo de retaliação. A reforma agrária é outro importante marco, que possibilitou a distribuição e posse de terras para os pequenos agricultores. Diferentemente do que se imagina, esse grupo de trabalhadores são os principais responsáveis pelo abastecimento alimentício nacional. As grandes lavouras, as agroindústrias, têm foco na manutenção do mercado internacional, uma vez que o Brasil é um dos principais centros do agronegócio mundial. Movimentos mundiais Seção 6 de 6 // Primavera Silenciosa: um embate com a Revolução Verde A Segunda Guerra Mundial teve fim no ano de 1945 e deixou consequências graves para humanidade. A Segunda Guerra Mundial teve fim no ano de 1945 e deixou consequências graves para humanidade. O mundo precisava reestruturar-se fisicamente e economicamente. Além da morte de milhares de pessoas, outro grande grupo ficou sem acesso a alimentos e suprimentos de necessidades básicas. Fatores como esses impulsionaram o problema da fome existente em diversos países do mundo, mesmo anteriormente à guerra, e fizeram com que surgisse uma visão agrícola denominada Revolução Verde. Entre os períodos de 1960 e 1970, países como Estados Unidos e México procuraram implementar tecnologias que acelerassem a produção agrícola. Por outro lado, a utilização desenfreada de pesticidas trouxe problemas ambientais. O uso de produtos químicos como fertilizantes era algo corriqueiro. Todavia, estudos de monitoramento do meio físico e saúde humana, bem como avaliações de riscos, não eram realizados com frequência, e não existiam protocolos seguros de utilização e afins. Estudos que fossem contra e apresentassem divergências de pensamentos eram duramente criticados: um deles realizado por Rachel Carson em 1962, denominado Primavera silenciosa. A obra, que buscava explicar os impactos da utilização inadequada de pesticidas no desenvolvimento vegetal, biodiversidade de espécies e saúde humana, foi considerada livro célebre pelo movimento ambientalista moderno. Mesmo sendo duramente criticado na época, ele demonstrou com clareza os impactos desse modelo de produção e foi crucial para o processo de mudança, que, obviamente, não foi rápido. Atualmente, o avanço científico possibilita o desenvolvimento de novas perspectivas e tecnologias no campo agrícola, com níveis mais baixos de impactos ambientais. // Conferência de Estocolmo O fim da Segunda Guerra também ocasionou outras preocupações ambientais. O relatório produzido pelo Clube de Roma em 1972 apontou um problema de crescimento rápido da população e que os recursos naturais não conseguiriam suprir as necessidades. O fim da Segunda Guerra também ocasionou outras preocupações ambientais. O relatório produzido pelo Clube de Roma em 1972 apontou um problema de crescimento rápido da população e que os recursos naturais não conseguiriam suprir as necessidades. Naquele mesmo ano, a ONU decidiu realizar a primeira reunião com chefes de Estado que procurassem tratar dos problemas ambientais, denominada Conferência Mundial do Homem e do Meio Ambiente, popularmente conhecida como Conferência de Estocolmo (Figura 6). Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência de Estocolmo. Fonte: FEITOSA, 2018. Figura 6. Notícia de jornal brasileiro sobre a Conferência de Estocolmo. Fonte: FEITOSA, 2018. Problemas como catástrofes naturais, mudanças climáticas, possível escassez de recursos naturais e modificações econômicas e sociais foram debatidas no encontro, que resultou na Declaração das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, também denominada Declaração de Estocolmo, que promovia ações ambientais. A importância dessa reunião é pautada por ser a primeira vez que as entidades governamentais se preocuparam, oficialmente, com os aspectos ambientais. // A criação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) As mudanças globais do clima despertaram grande interesse das instituições governamentais e seus respectivos gestores, o que culminou na criação do IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change, em 1988. A intenção do Painel é voltada à junção e difusão de dados relacionados a mudanças climáticas, com a proposta de conhecimento sobre seus aspectos fundamentais, formas de solução e efeitos na sociedade (pessoas e questões econômicas). // Protocolo de Quioto banner-3.png Os relatórios de IPCC foram fundamentais para, em 1997, ser construído o Protocolo de Quioto. A entrada em vigor do Protocolo, porém, foi realizada apenas no ano de 2005. Sua finalidade tem um significado importante para a manutenção da vida no planeta, pois o intuito foi o estabelecimento do controle na emissão de gases do efeito estufa (GEE) pelas atividades industriais na atmosfera. Os países assinaram um compromisso para diminuição das emissões de CO2, e o protocolo também deu margem para o surgimento do termo créditos de carbono, em que uma tonelada de dióxido de carbono geraria um crédito em forma de certificado. Essas certificações poderiam ser negociadas no mercado internacional. // Eco 92 e Rio + 20 A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente, popularmente conhecida como Eco 92, foi uma das principais reuniões mundiais a tratar dos temas ambientais, com um significativo envolvimento de diversos países (176) de todo o planeta. Realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a conferência procurava definir um plano de ação para o desenvolvimento sustentável, e tornou-se o início da ascensão global das discussões sobre os problemas ambientais, tendo como foco a busca por alternativas de solução (Figura 7). Assim como o relatório do IPCC, a Eco 92 foi fundamental para elaboração do Protocolo de Quioto. Figura 7. Registro do encerramento da Eco 92. Fonte: ROZARIO, 1992. Figura 7. Registro do encerramento da Eco 92. Fonte: ROZARIO, 1992. A Rio+20, por sua vez, foi realizada 20 anos depois e teve por objetivo a reafirmação dos compromissos adotados na Eco 92. A conferência também teve como foco a observação e discussão de problemas ainda existentes e buscou formas de soluções futuras. Um grande diferencial do encontro foi a intensificação dos debates voltados à implementação da economia verde. // Cúpula das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável Esse importante evento ocorreu na cidade de Nova York, Estados Unidos, com o objetivo de direcionar o planejamento para o desenvolvimento sustentável até o ano de 2030. Foram traçados 17 objetivos, denominados ODS (Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável), como demonstra a Figura 8. No encontro, também foram discutidas as ações propostas durante a Rio +20 UNIDADE 2 Responsabilidade socioambiental Seção 2 de 6 capa.png World(1).gif Nos últimos séculos, o ser humano passou a interferir cada vez mais nos processos naturais. Ao longo do século XX, inúmeros avanços tecnológicos e crescimento econômico foram obtidos. Com o aprimoramento tecnológico e inúmerasdescobertas em todas as áreas do conhecimento, passamos a controlar os elementos da natureza e a aumentar sua capacidade de produção. Muitos desses avanços visaram à produção e o consumo sem avaliar questões de risco ambiental e social. O crescimento populacional no pós-guerra (com consequente aumento pela demanda por combustíveis fósseis, alimentos e tecnologia) resultou em um fluxo enérgico desequilibrado ecossistemicamente. Há muitos anos estamos sendo alertados sobre a insustentabilidade dos hábitos de consumo resultantes da economia capitalista. Atualmente, as sociedades tornaram-se cada vez mais complexas e conectadas. Desenvolveu-se o modo globalizado de vida, sendo que padrões de consumo adotados em escala mundial resultam em perdas progressivas de características geográficas, regionais e culturais, bem como na contaminação ambiental, que resulta em perda de diversidade de fauna e flora. Nesse mesmo contexto, surge o termo responsabilidade socioambiental. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2020), a responsabilidade socioambiental está ligada a ações que respeitam o meio ambiente e políticas que tenham entre seus principais objetivos a sustentabilidade. Responsabilidade socioambiental também pode ser compreendida como um conjunto de práticas exercidas por cidadãos, governos e empresas públicas e privadas que têm por objetivo providenciarem a inclusão social (responsabilidade social) e o cuidado com o meio ambiente (responsabilidade ambiental). Se de um lado temos observado diversas atividades que causam degradação socioambiental e colocam em risco a qualidade de vida e a sobrevivência das futuras gerações, do outro há diversas organizações se mobilizando para nos conscientizar da necessidade de mudança para que o planeta Terra e a humanidade possam coexistir (Figura 1). Figura 1. Mobilização popular enfatizando a necessidade de mudança para um perfil responsável socioambientalmente. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. ID: 1388894739. Figura 1. Mobilização popular enfatizando a necessidade de mudança para um perfil responsável socioambientalmente. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. ID: 1388894739. O NASCIMENTO DO MUNDO GLOBALIZADO E A QUESTÃO SOCIOAMBIENTAL Forest.gif Nos últimos 250 anos, os impactos causados pelas diversas mudanças decorrentes do desenvolvimento industrial ainda não estão totalmente desenhados e são debatidos por diversas organizações e meios de comunicação. Nos dias de hoje, podemos dizer que a máxima do desenvolvimento industrial é a globalização. Para chegarmos ao mundo como conhecemos hoje, o mundo globalizado, alguns momentos históricos foram cruciais. A Revolução Industrial intensificou o uso e a pressão sobre os recursos naturais renováveis e não renováveis para atender à intensificação da produção industrial em escala. Com a maior demanda por trabalhadores nas indústrias e em busca de “uma vida melhor” – aos moldes capitalistas –, muitas pessoas saíram do campo para morar nas cidades, processo que culminou na urbanização. A revolução verde levou ao campo das tecnologias nunca vistas, permitindo incrementos anuais na produtividade de vegetais e carnes, comercializados para atender a demanda interna e externa das redes de mercado global. Explicando.gif EXPLICANDO Recursos naturais renováveis são aqueles que possuem maior capacidade de manutenção e não se esgotam facilmente, são exemplos: água, solo, matéria orgânica e vento. Os recursos naturais não renováveis são aqueles que se esgotam quando usados sem práticas sustentáveis e seu tempo de reposição não é comparado à cronologia de vida humana, são exemplos: petróleo, carvão mineral, gás natural, xisto betuminoso e energia nuclear. Com exceção à energia nuclear, todos os exemplos citados são de origem fóssil. Estas transformações foram e são acompanhadas pelos impactos negativos ao meio ambiente e à perda de características sociais: há aumento das áreas desmatadas, da poluição atmosférica, do solo e hídrica, perda de biodiversidade, os produtos consumidos não são corretamente descartados, há aumento da desigualdade social, entre outros (Figura 2). Figura 2. Poluição ambiental resultante da produção industrial. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. Figura 2. Poluição ambiental resultante da produção industrial. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. Nos dias de hoje, uma vez que é indiscutível que diversas fronteiras ecológicas mundiais foram ultrapassadas, o mundo globalizado vem exigindo continuamente modelos de produção de bens e serviços obtidos por meio de tecnologias que repensem questões de competitividade e que considerem formas de mitigação do impacto social e ambiental. A importância da avaliação dos danos que a produção e os processos têm sobre o ambiente e a sociedade toma forma neste contexto. Além da avaliação, ações de gestão que contribuam para o desenvolvimento ambiental e para o despertar da responsabilidade socioambiental devem ser propostas por governos, empresas e cidadãos. A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL COMO COMPROMISSO DE MODERNIDADE Online world.gif Assistimos em noticiários, nas redes sociais e vivemos diretamente as questões ambientais. Comumente, ouvimos falar sobre responsabilidade socioambiental. Isso vem acontecendo porque o mundo moderno se deu conta de que os impactos dos nossos hábitos de produção e consumo não estão alinhados com o poder de resiliência do planeta, uma vez que seus recursos são limitados. Por esse motivo, instituições públicas e privadas, organizações governamentais e não governamentais têm se dedicado cada vez mais a programas de implementação de práticas socioambientais e de conscientização da população. A ideia consiste em identificar, eliminar ou, ao menos, reduzir o impacto negativo que uma determinada atividade possa causar. Explicando.gif EXPLICANDO Diversas organizações governamentais e não governamentais se dedicam à causa socioambiental. Veja alguns exemplos a seguir: Plano nacional de juventude e meio ambiente (PNJMA); Agenda ambiental na administração pública; Instituto de pesquisas socioambientais (IPESA); Instituto socioambiental (ISA); Fundo casa socioambiental; Verdejar socioambiental; Instituto Ethos. Uma vez que elas já existem e não se mostraram totalmente efetivas, as práticas de responsabilidade socioambiental vão além de Leis. Atualmente, os programas devem fomentar e inserir a responsabilidade socioambiental como um compromisso diário a ser adotado pela sociedade, de forma a garantir a existência de um mundo melhor para as futuras gerações. Lembrando que se trata de uma vertente global, diversas ações podem ser adotadas a fim de inserir as práticas de responsabilidade socioambiental no dia a dia pessoal e profissional. Hoje, a sociedade sabe identificar cidadãos, instituições, organizações e empresas que investem em políticas e na cultura organizacional sustentável, posicionando-se de forma ética e responsável. A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL GOVERNAMENTAL, CIDADÃ E EMPRESARIAL CAPA2.png Todos são responsáveis pela elaboração, difusão e aplicação das práticas de responsabilidade socioambiental; entre seus agentes, estão os governos, as cidades e as empresas. O governo atua na pauta socioambiental, formulando leis e ações de conscientização que atingem a sociedade civil e empresarial. Para que os cidadãos se tornem cientes, possam exigir e exercer a responsabilidade socioambiental, o governo deve encontrar meios para que as políticas públicas estejam próximas dos cidadãos, divulgando-as nos meios de comunicação e redes sociais, adequando currículos escolares e financiando instituições de pesquisa. Além disso, a gestão socioambiental deve ouvir os cidadãos por meio de seus representantes municipais e estaduais, bem como a iniciativa privada e as organizações não governamentais. No Brasil, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e suas esferas são responsáveis pelo desenvolvimento de políticas públicas que tenham como objetivo promover a produção e o consumo sustentáveis. Além disso,também é responsabilidade do governo promover o crescimento do País adotando práticas de desenvolvimento sustentável, ou seja, grandes obras de interesse social devem fazer uso de práticas sustentáveis e serem baseadas em estudos de impacto ambiental. Chat.gif As cidades e seus cidadãos têm o compromisso de exercer as práticas de responsabilidade socioambiental. Para isso, como mostra o Quadro 1, existem diversas ações que podem ser adotadas no nosso dia a dia. Devemos exigir dos governantes, políticas que fomentem tal temática e dar preferência ao consumo de produtos e serviços de empresas atuantes na causa socioambiental. Quando nos colocamos como agentes ativos das práticas de responsabilidade socioambiental, estamos indiretamente praticando assistencialismo, inclusão social, inclusão digital e educação ambiental! Envolver-se nessas ações nos torna cidadãos participativos e responsáveis, além disso, as questões socioambientais vêm se tornando cada vez mais importantes e moldando-se como um dever de todos. Quadro 1. Práticas de responsabilidade socioambiental que podem ser adotadas nas cidades Quadro 1. Práticas de responsabilidade socioambiental que podem ser adotadas nas cidades Os cidadãos exercem a responsabilidade socioambiental individual. Ela consiste em atitudes individuais reiteradas para uma maior preservação do ambiente a nossa volta. Devemos pensar que ela deve ser praticada individualmente, mas por todos nós, resultando em uma ação coletiva e de grande poder ambiental. São exemplos de responsabilidade socioambiental individual: bullet Evitar usar sacolas e embalagens plásticas; bullet Não desperdiçar alimentos; bullet Separar e reciclar o lixo; bullet Armazenar e destinar corretamente o óleo de cozinha; bullet Economizar água e energia elétrica, usando de forma racional; bullet Adquirir eletrodomésticos com baixo consumo de energia. As empresas que aderem à responsabilidade socioambiental buscam conhecer as características regionais, ouvir seus colaboradores e possuem processos e/ou serviços ambientalmente corretos. Elas reconhecem a sua responsabilidade socioambiental e assumem voluntariamente compromissos que vão para além dos requisitos reguladores convencionais, aos quais estão necessariamente vinculadas. Procuram elevar o grau de exigência das normas relacionadas com a proteção ambiental, com o desenvolvimento social e com o respeito aos direitos fundamentais, adotando uma cultura organizacional aberta em que interesses de todas as esferas se conciliam em direção a uma abordagem global da qualidade de vida e do desenvolvimento sustentável. Como podemos observar na Figura 3, adotando as práticas de responsabilidade socioambiental e estratégias de marketing, além dos benefícios sociais e ao meio ambiente, as empresas também melhoram sua imagem corporativa e aumentam seus lucros. Ocorre ainda a valorização da marca, maior fidelização dos clientes, redução dos custos, aprimoramento da comunicação externa e o melhor desempenho dos empregados. Figura 3. Ao adotar as práticas de responsabilidade socioambiental há geração de lucro. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. Figura 3. Ao adotar as práticas de responsabilidade socioambiental há geração de lucro. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 30/09/2020. Empresas podem adotar práticas de responsabilidade socioambiental por meio da adoção de programas e projetos de inclusão social ou digital, de direitos das mulheres e inserção no mercado do trabalho de maneira igualitária, por programas de alfabetização, reciclagem, reflorestamento e recuperação de áreas degradadas e destinação e/ou liberação correta de resíduos industriais (efluentes ou gasosos). Aspectos legais No que diz respeito às leis de responsabilidade socioambiental, pode-se dizer que o Brasil possui uma das legislações mais complexas e avançadas do mundo. O cumprimento das leis socioambientais nacionais é, em sua grande parte, de aspecto jurídico, mas também podem ser aplicáveis às pessoas físicas. A Constituição Federal de 1988 prevê que toda pessoa, física ou jurídica, que apresentar conduta ou atividade que cause dano ao meio ambiente estará passível de sanções penais administrativas, que serão aplicadas independentemente da obrigatoriedade de recuperar o dano causado. O poluidor é a pessoa jurídica ou física responsável, direta ou indiretamente, pelo dano causado. O sujeito se responsabilizará pelo dano ambiental real e potencial, que será estipulado por entidades da área. Uma vez que o meio ambiente é um direito da atualidade e das gerações futuras, os prejuízos e dimensões do dano são de interesse mundial, o que torna a ação jurídica de extrema relevância. Contudo, há grande dificuldade na comprovação da escala do dano causado, devido à complexidade de mensuração, assim, a responsabilidade deverá ser objetiva. O Estado, uma vez que é o responsável pela saúde pública, também pode ser responsabilizado pelo dano causado ao meio ambiente quando há omissão de sua responsabilidade legal. capa6.png A Constituição Federal, alicerçada nos valores da solidariedade, dignidade humana e justiça social, instituiu o “estado social”, que deve orientar as relações sociais e econômicas. Para que cidadãos, governos e empresas exerçam práticas de responsabilidade socioambiental, devemos ter em mente que, antes de qualquer coisa, há necessidade da regulação das políticas e dos direitos sociais, entre eles, educação, saúde, habitação e assistência social. Uma vez que há uma forte tendência de mudança com relação à adoção de uma postura ambientalmente correta, a responsabilidade socioambiental associada às penalidades legais e exercida pelas leis, normas e infrações devem ser conhecidas e praticadas pela sociedade civil, governos e empresas. Nas empresas, há a responsabilidade socioambiental empresarial, que tem natureza de responsabilidade jurídica caracterizada como encargos sociais que, quando não cumpridos, resultam em multas e/ou penalidades. Os encargos sociais têm origem na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Eles são os custos pagos pelo empregador sobre a folha de pagamento de salário dos colaboradores. LEIS SOCIOAMBIENTAIS BRASILEIRAS GDPR.gif O Quadro 2 lista algumas das leis ambientais mais importantes no País. Existem também as leis estudais e municipais, bem como os órgãos que se certificam de que elas estão sendo cumpridas, como o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) e o Ministério do Meio Ambiente (MMA) Quadro 2. Exemplos de leis ambientais brasileiras Fonte: BRASIL. Acesso em: 01/10/2020. Quadro 2. Exemplos de leis ambientais brasileiras Fonte: BRASIL. Acesso em: 01/10/2020. A Lei 5.452 é uma das principais leis sociais brasileiras; ela rege os direitos dos trabalhadores. Nela, são discutidas questões sobre registro em carteira de trabalho e rescisão contratual, vale-transporte, descanso semanal remunerado, pagamento de salário, férias, fundo de garantia do tempo de serviço (FGTS), décimo terceiro salário, hora extra, adicional noturno, aviso prévio, licença maternidade e paternidade. A responsabilidade social empresarial aborda questões que vão além das regulamentadas por lei. Ela trabalha a igualdade de oportunidades. Deve considerar os critérios de promoção dos funcionários, igualdade de gênero e pessoas com deficiência, acidentes de trabalho, capacitação continuada para o aprimoramento do nível do conhecimento do colaborador, além da relação ética entre os colaboradores. A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL ALÉM DAS EXIGÊNCIAS LEGAIS Forest(1).gif Quando uma empresa ou organização segue leis de cunho socioambiental ou normas determinadas por lei, ela está exercendo seu papel como pessoa jurídica, ou seja, a empresa está somente seguindo os aspectos jurídicos inerentes ao seu setor. Ser uma empresa social e ambientalmente responsável vai além das obrigações legais e econômicas: significa que ela se posiciona e atua no combate aos problemas, buscando o desenvolvimento socioambiental sustentável. Accept terms.gif A série ISO (InternationalOrganization for Standardization – organização internacional para padronização) estabelece sistemas de gestão na cultura organizacional de empresas. As séries ISO são compostas por normas que vão além das exigências legais e algumas podem se tornar tão importantes que passam a ser exigidas em lei. As normas ISO no Brasil são controladas pela ABNT NBR (Associação Brasileira de Normas Técnicas). A série ISO 14001 possui normas de gestão ambiental que permitem que a empresa pratique ideias de mitigação dos possíveis danos ambientais decorrentes de sua atividade, objetivando tornar-se sustentável no curto e no longo prazo. A norma estabelece algumas práticas: bullet Implementação de um sistema de gestão ambiental; bullet Rotulagem ambiental; bullet Análise de desempenho ambiental; bullet Análise de ciclo de vida; bullet Integração de aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento de produtos; bullet Comunicação ambiental; bullet Mitigação das mudanças climáticas. A adoção das normas também pode trazer benefícios, como: bullet Redução de custos devido ao uso de matéria-prima, água e energia de forma consciente; bullet Captação de novos clientes, devido à inserção no mercado ambiental; bullet Melhoria dos processos inter e intra setoriais, bem como, da cultura organizacional; bullet Menor risco de falência; bullet Abertura a patrocínios e boa visão internacional; bullet Possível diversificação setorial; bullet Adesão de novos grupos de clientes; bullet Maior qualidade e controle dos produtos, serviços e processos. A série ISO 9000 fornece meios para implementação e monitoramento contínuo de técnicas para otimização de processos pela implementação de um sistema de gestão da qualidade. As normas que compõem a série ISO 9000 estão sempre sendo atualizadas e são conhecidas e desejadas por empresas do mundo todo. Aderir às normas ISO 9000 traz uma série de benefícios: bullet Aumento da produtividade; bullet Redução de custos; bullet Produtos e serviços de maior qualidade; bullet Credibilidade e reconhecimento interno e externo; bullet Visão mais ampla do fluxo de trabalho; bullet Segurança nos procedimentos internos; bullet Colaboradores engajados e integrados. A série ISO 45001 implementa um sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional com foco na melhoria do desempenho das empresas em termos de saúde e segurança do trabalho. Segundo a própria norma, uma organização é responsável pela saúde e segurança ocupacional dos trabalhadores e outros que podem ser afetados por suas atividades. Esta responsabilidade inclui promover e proteger sua saúde física e mental. Insurance.gif Podem ser citadas como benefícios da implementação da norma ISO 45001 em uma empresa: bullet Gerenciamento de risco e acidentes de trabalho; bullet Redução de afastamentos por acidente de trabalho; bullet Maior qualidade de vida e melhor relacionamento empregador x empregado; bullet Redução dos prejuízos financeiros devido a processos trabalhistas. A ISO 50001 tem objetivo de melhorar a eficiência enérgica das empresas. Implementando um sistema de gestão de energética, a empresa tem como benefícios: bullet Uso de tecnologias modernas e eficientes; bullet Redução dos custos com energia; bullet Redução da emissão de gases de efeito estufa e das mudanças climáticas. A adoção das normas ISO atesta a responsabilidade no desenvolvimento das atividades de uma empresa. Para sua obtenção e manutenção, são realizadas auditorias periódicas por uma empresa certificadora, que deve ser credenciada e reconhecida por órgãos nacionais e internacionais. Organizações que aderem às normas ISO possuem sistema de manejo integrado e se colocam no mercado como responsáveis socioambientalmente. Desenvolvimento sustentável O crescimento econômico no século XX se desenvolveu nos moldes capitalistas, passando a depender do consumo cada vez maior de energia e recursos naturais (recursos renováveis e não renováveis). Atrelado a isto, da década de 1950 em diante, a preocupação com uma eminente explosão demográfica global resultante do crescimento dos países pobres causou um interesse global pelos temas populacionais. Iniciaram-se diversos movimentos para controlar a fecundidade dos países pobres. Na Conferência Mundial de População, realizada pela ONU em Bucareste, 1974, de um lado, os países desenvolvidos articulavam que, para reduzir a pobreza, deveriam haver programas de estímulo à redução do crescimento da população por meio de redução da taxa de natalidade, do outro, os países pobres e em desenvolvimento defendiam que políticas de desenvolvimento eram necessárias. Após longos períodos de debates, constatou-se que os moldes de desenvolvimento até então adotados poderiam ser insustentáveis, e novos meios de produção e consumo deveriam ser adotados uma vez que a disponibilidade dos recursos era finita. shutterstock_1188741007 [Convertido]-01-01.png De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a produção sustentável baseia-se na incorporação, ao longo do ciclo de vida de bens e serviços, de medidas que minimizem os custos ambientais e sociais resultantes da ação humana. Sobre consumo sustentável, entende-se como o uso de bens e serviços suficientes para atender às necessidades básicas, proporcionando melhor qualidade de vida, enquanto reduz o uso de recursos naturais e materiais tóxicos, a geração de resíduos e a emissão de poluentes. De acordo com o Relatório de Brundtland, os principais objetivos das políticas de desenvolvimento sustentável seriam os seguintes: Retomar o crescimento; Alterar a qualidade do desenvolvimento; Atender às necessidades essenciais do emprego, educação, alimentação, saúde, energia, água e saneamento; Manter um nível populacional sustentável; Conservar e melhorar, por meio da tecnologia, as bases dos recursos; Incluir o meio ambiente e a economia nas decisões que afetem a sociedade. Para atingir tais objetivos de produção e consumo, a modificação das organizações deveria ser contínua, contar com o apoio da ciência e manter-se dinamicamente equilibrada. Práticas produtivas exploratórias, predatórias e que visassem o lucro deveriam dar espaço para relações sociais justas e para bem-estar dos seres vivos. Em um primeiro momento, a busca pelo desenvolvimento sustentável das nações parece limitar seu potencial de desenvolvimento. Na realidade, deve-se entender o desenvolvimento sustentável como um conjunto de práticas que não limite o desenvolvimento econômico, mas que considere que os recursos naturais são finitos e devem ser usados sob um viés conservacionista. Assim, se estabelece um paradigma que consiste em diminuir o consumo e a exploração dos recursos renováveis e não renováveis pelos países desenvolvidos, garantindo que países industrializados – em desenvolvimento – possam se modernizar, proporcionando qualidade de vida às suas populações em sinergia com o meio ambiente. Muito se discute sobre desenvolvimento sustentável; às vezes, há consenso entre as atitudes a serem adotadas, às vezes, não há. De fato, diversas ações foram tomadas e cada vez fica mais evidente que ainda há muito a ser feito. Assista.gif ASSISTA A Organização das Nações Unidas vem se posicionando como uma grande difusora das ideias de desenvolvimento sustentável no mundo todo. Assista ao vídeo da Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, realizada em 2015. AÇÕES GLOBAIS RUMO AO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 5.png Chegamos a um ponto em que assuntos relacionados aos impactos da ação humana, bem como sobre a necessidade das práticas de responsabilidade social são vistos diariamente nos meios de comunicação. Cada dia mais é exigido que a sociedade adote uma postura de mudança diante de seus meios de produção e de suas opções de consumo. 61934 [Converted]-01.png As consequências do desenvolvimento em condições de insustentabilidade fizeram com que diversos cientistas discutissem a transgressão das fronteiras planetárias. As fronteiras planetárias se referem ao poder de fornecimento de recursose da resiliência do planeta diante dos hábitos e moldes de produção e consumo. O conceito pode ajudar a sociedade civil e o poder público na definição de modelos de produção seguros para a humanidade e a vida na Terra. As nove fronteiras planetárias, segundo Martine e Alves, são: [...] mudanças climáticas; mudança na integridade da biosfera (perda de biodiversidade e extinção de espécies); depleção da camada de ozônio estratosférico; acidificação dos oceanos; fluxos biogeoquímicos (ciclos de fósforo e nitrogênio); mudança no uso da terra; uso global de água doce; concentração de aerossóis atmosféricos; e introdução de poluentes orgânicos, materiais radioativos, nanomateriais e microplásticos. Das nove, quatro já foram ultrapassadas: mudanças climáticas, perda da integridade da biosfera, mudança no uso da terra e fluxos biogeoquímicos (MARTINE; ALVES, 2015, p. 445). Sobre o aquecimento global e mudanças climáticas, devemos considerar duas situações. A primeira trata do efeito estufa natural, que consiste na absorção, pelos gases do efeito estufa, dos raios infravermelhos emitidos pela superfície terrestre. Este processo permite que a superfície terrestre se mantenha em temperaturas ideais para os seres vivos. A segunda situação aborda o efeito estufa antrópico, no qual o aumento da concentração atmosférica dos gases do efeito estufa, causados pelo uso excessivo de recursos não renováveis – como os combustíveis fósseis –, resulta no aumento da temperatura da superfície terrestre, chamado de aquecimento global (Figura 4). Figura 4. À esquerda, efeito estufa natural e, à direita, efeito estufa causado pela atividade humana que resulta em aumento da concentração dos gases do efeito estufa na atmosfera, entre eles o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 30/09/2020. Figura 4. À esquerda, efeito estufa natural e, à direita, efeito estufa causado pela atividade humana que resulta em aumento da concentração dos gases do efeito estufa na atmosfera, entre eles o dióxido de carbono (CO2), metano (CH4) e o óxido nitroso (N2O). Fonte: Adobe Stock. Acesso em: 30/09/2020. A sociedade vem discutindo ativamente as consequências do segundo caso, bem como as formas de mitigar as emissões reduzindo a velocidade das mudanças climáticas causadas pelo aquecimento global. Os cientistas relatam que, caso nenhuma ação seja tomada, eventos extremos podem começar a acontecer, como: aumento da temperatura dos oceanos, ondas de calor, alteração dos regimes pluviométricos, desertificação, derretimento das calotas polares, redução da diversidade de fauna e flora, entre outros. Passing by.gif O termo “pegada de carbono” refere-se ao consumo individual diante das práticas de responsabilidade ambiental, ou seja, o quanto os hábitos de uma pessoa podem impactar o desenvolvimento sustentável do planeta. A pegada de carbono pode ser calculada, tornando-se um índice, geralmente, expresso em emissão de dióxido de carbono – um dos principais gases do efeito estufa causado pelo homem – que quantifica o efeito da utilização dos recursos sobre a bioesfera. Estes dados individuais podem ser extrapolados para medir os efeitos da atividade humana, servindo como base para elaboração de políticas públicas e desenvolvimento de novos produtos. Curiosidade.gif CURIOSIDADE Você pode calcular a sua pegada de carbono pessoal ou simplesmente saber mais sobre a pegada de carbono na sua região. Fornecendo informações sobre sua dieta, seus hábitos de transporte e consumo de energia, uma calculadora especializada fará os cálculos e você poderá comparar sua pegada com a de pessoas de outros países. Sem dúvida, não podemos conceber um mundo sem uso de fontes energéticas. Porém, existem diversas alternativas sendo disponibilizadas e aprimoradas pela ciência. Diante desse contexto, abordamos a ideia de energia limpa. Ela vem de fontes de energia renováveis (Figura 5), e quando optamos por utilizá-las, estamos reduzindo a emissão de gases do efeito estufa para a atmosfera. São exemplos de energia limpa aquelas provenientes de fontes solares, eólicas, geotérmicas, hidráulicas e maremotrizes. Figura 5. Energia derivada de recursos não renováveis e a energia limpa proveniente de fonte de energia renováveis. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 01/10/2020. Figura 5. Energia derivada de recursos não renováveis e a energia limpa proveniente de fonte de energia renováveis. Fonte: Shutterstock. Acesso em: 01/10/2020. Empresas que reduzem as emissões de gases do efeito estufa em seus processos produtivos podem comercializar créditos de carbono. Esse mercado internacional cresce anualmente. Os créditos baseiam-se na quantidade de gás não emitido para a atmosfera, sendo que cada crédito se refere a uma tonelada de dióxido de carbono equivalente (t CO2e). Não somente o dióxido de carbono é contabilizado, outros gases causadores do aquecimento global também, mas seus valores são calculados considerando sua equivalência em moléculas de dióxido de carbono. Os consumidores estão se tornando cada vez mais exigentes e conscientes em relação à produção e à origem dos alimentos. Nesse sentido, a agricultura intensiva vem avançando lentamente na busca de tecnologias e processos que minimizem problemas de poluição e degradação dos recursos naturais e que ofereçam produtos seguros ao consumidor final. Podemos citar o zoneamento econômico-ecológico, a agricultura de precisão, a fixação biológica de nitrogênio, as práticas de controle da erosão do solo, os sistemas de plantio direto e o manejo integrado de pragas. Além disso, a produção orgânica será decisiva como a agricultura do futuro, assim como os sistemas agroflorestais, a agricultura sintrópica e o consumo local. Cada vez mais, os consumidores buscam opções de produtos originários do modelo orgânico de produção. Tais sistemas resultam em sustentabilidade no curto e no longo prazo, uma vez que são baseados em práticas de responsabilidade socioambientais com abordagens integradas. Os processos produtivos nesses sistemas são baseados nos mecanismos e processos naturais que eliminam o uso dos agrotóxicos e fertilizantes sintéticos. 44775 [Converted]-01.png AS TRÊS DIMENSÔES DA SUSTENTABILIDADE CAPA.png A responsabilidade socioambiental é alcançada por meio da adoção de práticas de desenvolvimento sustentável por empresas, por políticas governamentais e pela atuação do cidadão. Ela se concretiza sob o emprego das três dimensões da sustentabilidade, como mostrado na Figura 6. A esfera social, sob uma perspectiva sustentável de produção e consumo, deve considerar a qualidade de vida dos seres humanos tendo em vista a diversidade cultural, étnica, religiosa e de gênero, bem como questões regionais da comunidade. Do ponto de vista econômico, deve-se considerar o papel da sociedade na rentabilidade e a viabilidade empresarial por meio de ações ganha-ganha, de forma que haja retorno, na forma de lucro, ao investimento realizado pelo capital privado e qualidade de vida aos colaboradores. Na esfera ambiental da sustentabilidade, os processos de produção e consumo deverão considerar a adoção de práticas ambientalmente corretas. Termos como ecoeficiência, pegada de carbono, energia limpa e sete R’s proporcionarão uma cultura organizacional ambiental nas empresas, residências e espaços públicos, uma vez que conduzem ao desenvolvimento do perfil de responsabilidade socioambiental. Debates mundiais Em 1972, a ONU convoca a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente, em Estocolmo, e a pauta ambiental começa a ser debatida oficialmente, resultando no Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente. Após alguns anos depois da Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente de 1983, nasce um grande marco da pauta ambiental elaborado pela Comissão de Brundtland, o relatório nomeado como Nosso futuro comum. Após a Conferência, diversos outros eventos discutiram os ideais e os meios de conduzir o desenvolvimento mundial para os moldes do desenvolvimento sustentável.Em 1988, uma união entre a ONU Meio Ambiente e a Organização Meteorológica Mundial (OMM) resultou na criação do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas (IPCC), sendo que os resultados de pesquisas sobre mudanças climáticas realizadas no mundo todo são reunidas e relatórios e planos de ação são publicados periodicamente. A famosa Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro em 1992, foi um marco de sua década, pois discutiu a importância de se agregar os componentes sociais, econômicos e ambientais nas buscas pelo desenvolvimento sustentável e finalizou a Agenda 21. O Protocolo de Kyoto, de 1997, estabeleceu metas obrigatórias de redução das emissões de gases de efeito estufa nos 37 países signatários. CAPA.png Em 2000, a Cúpula do Milênio das Nações Unidas definiu oito objetivos concretos e mensuráveis, que foram acompanhados em escala nacional, regional e global. Os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) foram resultado de uma série de cúpulas multilaterais realizadas na década de 90 sobre as condições do desenvolvimento humano. A formulação dos ODM contou com especialistas renomados de diversas áreas que estiveram focados na redução da pobreza extrema observada, principalmente, nos países pobres e em desenvolvimento. Todos os países signatários da época aderiram ao acordo, comprometendo-se em inserir em suas políticas, ações para alcançar os objetivos. Os oito objetivos do milênio foram definidos conforme o Quadro 3. Eles deveriam ser atingidos até 2015, quando seriam então discutidos novamente. Quadro 3. Oito objetivos definidos na Cúpula do Milênio das Nações Unidas Fonte: ROMA, 2019. Quadro 3. Oito objetivos definidos na Cúpula do Milênio das Nações Unidas Fonte: ROMA, 2019. Em 2002, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, realizada na África do Sul, discutiu os compromissos e metas da Agenda 21 e analisou suas conquistas, para então conceber uma Agenda 21 reformulada, com ações concretas e tangíveis em relação àquelas estabelecidas em 1992. Em 2015, foi definida uma nova agenda, a Agenda 2030. Ela foi desenvolvida em um trabalho conjunto entre governos, entidades e sociedade civil. Entre outros, foram definidos os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS’s), que tiveram como base os ODM’s. Os ODS’s são o que se tem de mais atual com relação às metas em direção a um mundo mais sustentável. shutterstock_1188741007 [Convertido]-01.png AGENDA 21 2.png A Cúpula da Terra, também conhecida como Eco-92 ou Rio 92, realizou-se no Rio de Janeiro, em 1992, e finalizou a Agenda 21. Nela, determinou-se a relevância dos países em parceria com empresas, organizações governamentais e não governamentais em se comprometerem com estudos para avaliar e combater os problemas socioambientais. Desde a sua finalização, a Agenda 21 foi aprimorada e adaptada a condições mais palpáveis para os níveis de desenvolvimento de cada País. É importante lembrar que cada País desenvolveu sua Agenda 21, inclusive o Brasil. Ela discutiu assuntos de extrema relevância socioambiental, como: combate à pobreza, mudança nos padrões de consumo, cooperação internacional, proteção e promoção da saúde humana, proteção da atmosfera e de ecossistemas, proteção da biodiversidade, proteção da infância, desenvolvimento rural, Dia da Mulher, fortalecimento das populações indígenas, dos trabalhadores, dos agricultores, do comércio e da indústria etc. Contextualizando.gif CONTEXTUALIZANDO A Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) finalizou a Agenda 21, um documento dividido em 40 capítulos que aborda os meios para que seja adotado em escala planetária um padrão de desenvolvimento sustentável. No total, 192 países acordaram e assinaram a Agenda 21. A partir da Agenda 21, pôde-se refletir sobre a ação humana segundo os moldes industriais e capitalistas. De forma sinérgica, buscou-se (e busca-se até os dias atuais) promover a qualidade de vida e não apenas o crescimento individual estimulado pela produção e consumo injustificado. AGENDA 2030 6.png Em 2015, durante uma Assembleia Geral da ONU que ocorreu nos Estados Unidos, elaborou-se um plano guia para a ação da comunidade internacional, que elencava os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e 169 metas para erradicar a pobreza e promover vida digna a todos, considerando os parâmetros sustentáveis de uso dos recursos naturais. O documento Transformando o mundo: a Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável, que deve ser cumprido até 2030, traz um plano de ação para as pessoas, o planeta e a prosperidade. Os 17 ODS’s são: Os objetivos e metas definidos na reunião devem ser inseridos na realidade de cada País signatário, considerando suas prioridades internas, mas voltando-se para um desenvolvimento global. Eles são integrados e indivisíveis, e mesclam, de forma equilibrada, as três dimensões do desenvolvimento sustentável: a econômica, a social e a ambiental. Contexto atual Atualmente, a população brasileira é de, aproximadamente, 212 milhões de pessoas distribuídas ao longo das 27 unidades federativas que compõem nosso país. Um dos principais indicadores que revela a riqueza de um País é o seu Produto Interno Bruto (PIB), que calcula o valor de toda a riqueza produzida por um País considerando o desempenho dos três setores que compõem a economia. Em 2019, o PIB do Brasil foi de R$ 7,3 trilhões e a ordem de participação dos setores neste resultado foi: serviços, indústria e agropecuária (IBGE, 2020). Com este resultado, o País ficou entre as dez maiores economias do mundo (FUNAG, 2020). Em contraponto, é o segundo País em área florestal no mundo com, aproximadamente, 12% do território coberto por florestas. Apesar de usarmos mais fontes de energia não renováveis do que renováveis (56,5%), usamos mais fontes renováveis do que o resto do mundo. Além disso, há riqueza de fauna e flora, biomas diversificados e uma imensa diversidade étnico-cultural. Hello.gif Uma vez que possui relevância econômica e ambiental e que há contínuo fortalecimento de um perfil mundial voltado à questão da responsabilidade socioambiental, o País posiciona-se em um contexto estratégico, no sentido de que as organizações brasileiras podem se destacar mundialmente de maneira positiva na geração de ambientes sustentáveis de produção e consumo. Nesse sentido, há destaque para organizações alicerçadas em atitudes concretas, que adotam não somente ideologias, mas que praticam rotineiramente as pautas mais atuais do desenvolvimento sustentável, como ecoeficiência e os 7’Rs. Para isso, elas aprimoram-se e se reposicionam, utilizando a tecnologia, a diversidade e os recursos sociais e ambientais do nosso País, garantindo credibilidade nacional e internacional. Continued ECOFICIÊNCIA CAPA4.png O termo ecoeficiência refere-se ao uso consciente dos recursos naturais nos processos produtivos e de consumo, de forma que não deixe de atender às necessidades das pessoas. Produtos ecoeficientes devem focar no uso consciente de matéria-prima renovável em processos produtivos que minimizem a geração de resíduos, além disso, devem apresentar elevada produtividade sem deixar de lado a qualidade. Basicamente, significa produzir mais com menos. O conceito envolve a sociedade como um todo, uma vez que o governo deve incentivar esse tipo de produção (fomentando pesquisas, subsidiando e divulgando) e as empresas devem adaptar seus processos e procedimentos operacionais. Um sistema pode ser chamado de ecoeficiente se conseguir produzir de acordo com oito elementos fundamentais: Minimizando o uso de materiais dos bens e serviços; Minimizando o uso de energia na produção de bens e serviços; Minimizando a dispersão de tóxicos; Fomentando a reciclabilidade dos materiais; Maximizando a utilização sustentável de recursos renováveis; Estendendo a durabilidade dos produtos; Promovendo a educação dos consumidores para um uso mais racional dos recursos naturais e energéticos. Algumas perguntas podem ser feitas pelos consumidores paraanalisar a ecoeficiência do produto: Ele minimiza o uso de fontes energéticas e maximiza a utilização sustentável de recursos renováveis? Ele utiliza em sua composição materiais tóxicos? Ele descarta materiais tóxicos em seu processo produtivo? Os materiais utilizados são recicláveis ou biodegradáveis? O produto promove seu uso racional? A marca adota a ideia de desenvolvimento sustentável? Continued OS 7 R’S DA SUSTENTABILIDADE Volunteering.gif Os 7 R’s são um conjunto de práticas de educação ambiental para garantir a mudança de hábitos em prol do desenvolvimento sustentável. A questão central é a de repensar costumes e hábitos, reduzindo o consumo e o desperdício. Os 7 R’s são verbos que nos passam a sensação de ação. Observe a Figura 7. Figura 7. Os sete R’s. Figura 7. Os sete R’s. Repense seus hábitos, consuma o que é realmente necessário. Recuse produtos e serviços de origem insustentável, conheça a origem da matéria-prima. Reduza o lixo gerado e, assim, o gasto energético no processo. Repare seus produtos quebrados em vez de comprar novos. Reintegre, por exemplo, compostando o lixo orgânico. Recicle o lixo, separe-o e leve para reciclagem. Se não pode reciclar, reutilize, dando funções novas e sustentáveis aos produtos. O foco está em pensar que não existe jogar fora! Continued Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos lá?! Agora é a hora de sintetizar tudo o que aprendemos nessa unidade. Vamos lá?! SINTETIZANDO Vimos, nesta unidade, que a partir da segunda metade do século XX, a humanidade passou por um processo de intensificação do desenvolvimento industrial. Segundo os moldes capitalistas, os meios de produção e consumo, baseados no uso de recursos renováveis e não renováveis, tornaram-se insustentáveis. Discussões sobre a necessidade de mudança para uma postura sustentável se intensificaram. Pudemos averiguar que a busca pelo desenvolvimento sustentável passou a exigir que as cidades e seus cidadãos, governantes e empresas passassem a pensar em como inserir as práticas de responsabilidade socioambiental em seu cotidiano. A responsabilidade socioambiental passou de um ideal para um conjunto de leis, normas e certificações que reposicionam as instituições no mundo globalizado. Atualmente, a pauta ambiental é objetivo da humanidade, sendo discutida por organizações compostas por países do mundo todo. Estudamos eventos históricos, como a Comissão de Brundtland, a criação do Painel Intergovernamental para as Mudanças, a Cúpula da Terra, a Cúpula do Milênio das Nações Unidas e a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, que reformularam os objetivos desenvolvimentistas considerando as questões ambientais. Neles, documentos como os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, a Agenda 21 e, atualmente, a Agenda 2030, reescreveram nossos modelos de produção, consumo e descarte de produtos. Por fim, vimos o que se tem de mais atual, os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS’s), que foram enumerados a fim de erradicar a pobreza até 2030. UNIDADE 3 Responsabilidade socioambiental como estratégia de gestão No mundo globalizado, as empresas têm se mostrado responsáveis pelo direcionamento da economia dos países ou de conjuntos de países. No mundo globalizado, as empresas têm se mostrado responsáveis pelo direcionamento da economia dos países ou de conjuntos de países. Entretanto, por muitos anos, o setor empresarial viveu uma realidade própria, em geral, desvinculada das questões sociais e ecológicas. Os modelos de produção não estavam em sintonia com as necessidades sociais e ambientais. No passado, uma das maiores dificuldades para que as empresas adotassem a gestão ambiental se baseava em uma ideia distorcida de que o investimento em meio ambiente não atraía lucros, fazendo com que os custos fossem repassados aos consumidores, resultando no aumento dos preços (COMINI et al., 2013). Em um contexto de intensas discussões sobre moral, ética e justiça, diversos paradigmas vêm sendo quebrados. Se a situação vem mudancdo, os resultados positivos podem ser entendidos, em grande parte, como consequência da intensa atuação das políticas sociais e ambientais formuladas a partir de dados científicos e apoiadas pela população. banner-2.png A aderência aos pressupostos das ações de responsabilidade socioambiental também resulta da percepção de que, ao investir no compromisso voluntário de um futuro sustentável, está-se agindo coerentemente com o mercado que migra em direção ao desenvolvimento sustentável e ao contínuo aumento de sua rentabilidade. Atualmente, sabe-se que as empresas que adotam práticas de responsabilidade socioambiental possuem benefícios como: redução dos custos, valorização da marca, transparência nas atividades, mais fidelização de clientes, melhor comunicação externa, melhor desempenho dos processos e dos empregados. A responsabilidade socioambiental empresarial se refere às ferramentas de gestão que analisam o cumprimento dos temas e que conduzem a empresa ao desenvolvimento sustentável. Empresas comprometidas com essa questão atendem a itens como: bullet Transformação em desempenho positivo das leis, regulamentos e normas de adesão voluntária às quais está sujeita; bullet Conhecimento e promoção voluntária e proativa de ações de desenvolvimento sustentável regional, nacional e internacional; bullet Possíveis danos ao meio ambiente e os impactos sociais causados por seus produtos, processos e instalações são previamente identificados; bullet Conhecimento antecipado de treinamentos e planos de evacuação em casos de emergência ambiental; bullet Conhecimento dos métodos de resposta em casos de prevenção ou mitigação dos impactos adversos; bullet Ciência, por parte da população local, do segmento da empresa e dos impactos, positivos e negativos, decorrentes da sua atuação na região; bullet Acessibilidade aos produtos e instalações. AÇÕES DE GESTÃO INTERNA As ações de responsabilidade social internas se relacionam aos investimentos em capital humano, saúde, segurança e reestruturação responsável, enquanto as ações de responsabilidade ambiental estão relacionadas à gestão dos recursos naturais utilizados nos processos produtivos com foco no uso consciente e de baixo impacto no planeta. As ações de responsabilidade social internas se relacionam aos investimentos em capital humano, saúde, segurança e reestruturação responsável, enquanto as ações de responsabilidade ambiental estão relacionadas à gestão dos recursos naturais utilizados nos processos produtivos com foco no uso consciente e de baixo impacto no planeta. Quando adotam esses aspectos, dá-se início à gestão de mudança que equilibra a competitividade, a lucratividade e o desenvolvimento sustentável. O investimento em capital humano tem seus fundamentos na valorização do profissional, proporcionando maior qualidade de vida. Ações que vão do recrutamento à aprendizagem ao longo da vida e à participação nos lucros formalizam o conceito do empregado como um colaborador. As ações de investimento em capital humano são: bullet Proibição de práticas discriminatórias; bullet Equilíbrio entre vida profissional, familiar e tempo livre; bullet Igualdade de contratação, remuneração e de carreira para as mulheres; bullet Regime de participação nos lucros e no capital; bullet Recrutamento responsável; bullet Contratação de pessoas oriundas de minorias étnicas, idosos e desempregados de longo prazo; bullet Estabelecimento de parcerias para implementação de programas de formação focada na melhoria do desempenho profissional. Os investimentos em saúde e em segurança do trabalho existem como uma obrigação prevista em lei. Como resultante dos movimentos socioambientais atuais, questões relacionadas à prevenção dos riscos à saúde e segurança passaram a ser de adesão voluntária, mais como um compromisso do que uma obrigação da empresa. Foram criados sistemas de gestão focados em práticas para o aprimoramento da saúde e segurança dos funcionários com certificados internacionais
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