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GENÉTICA DE POPULAÇÕES Apostila Completa SUMÁRIO 1. Introdução à Genética de Populações 2. Conceitos Fundamentais 3. Lei de Hardy-Weinberg 4. Fatores que Alteram as Frequências Alélicas 5. Endogamia e Estrutura Populacional 6. Genética Quantitativa 7. Evolução e Seleção Natural 8. Deriva Genética 9. Fluxo Gênico 10. Aplicações Práticas 11. Exercícios Resolvidos 12. Bibliografia 1. INTRODUÇÃO À GENÉTICA DE POPULAÇÕES 1.1 Definição e Escopo A Genética de Populações é a área da genética que estuda a distribuição e as mudanças nas frequências dos alelos e genótipos em populações ao longo do tempo. Esta disciplina combina princípios da genética mendeliana com modelos matemáticos para compreender os processos evolutivos. 1.2 Importância da Disciplina A genética de populações é fundamental para: Compreender os mecanismos evolutivos Desenvolver programas de melhoramento genético Conservar espécies ameaçadas Estudar doenças genéticas humanas Analisar diversidade genética Aplicar conhecimentos em biotecnologia 1.3 História e Desenvolvimento A disciplina surgiu no início do século XX com os trabalhos pioneiros de: Godfrey Hardy e Wilhelm Weinberg (1908): Formulação do princípio do equilíbrio Ronald Fisher (1918-1930): Bases matemáticas da genética populacional J.B.S. Haldane (1924-1932): Modelos de seleção Sewall Wright (1921-1969): Deriva genética e estrutura populacional 2. CONCEITOS FUNDAMENTAIS 2.1 População Mendeliana Uma população mendeliana é um grupo de indivíduos da mesma espécie que: Ocupam a mesma área geográfica Compartilham um pool gênico comum Podem cruzar entre si Produzem descendência fértil 2.2 Pool Gênico O pool gênico (ou fundo genético) representa o conjunto total de alelos presentes em uma população em um determinado momento. É caracterizado por: Número total de alelos Frequência de cada alelo Diversidade genética 2.3 Frequências Alélicas A frequência alélica é a proporção de um determinado alelo em relação ao total de alelos para um locus específico na população. Fórmula para cálculo: Exemplo prático: Em uma população de 100 indivíduos diploides para um locus com alelos A e a: Genótipos: 36 AA, 48 Aa, 16 aa Total de alelos = 200 (100 × 2) Alelos A = (36 × 2) + 48 = 120 Alelos a = (16 × 2) + 48 = 80 Frequência de A = 120/200 = 0,6 Frequência de a = 80/200 = 0,4 Frequência do alelo A = Número de alelos A / Número total de alelos no locusFrequência do alelo A = Número de alelos A / Número total de alelos no locus 2.4 Frequências Genotípicas Representa a proporção de cada genótipo na população. Exemplo: Frequência de AA = 36/100 = 0,36 Frequência de Aa = 48/100 = 0,48 Frequência de aa = 16/100 = 0,16 2.5 Notação Matemática Para um locus com dois alelos: p = frequência do alelo dominante (A) q = frequência do alelo recessivo (a) p + q = 1 Para múltiplos alelos: p₁ + p₂ + p₃ + ... + pₙ = 1 3. LEI DE HARDY-WEINBERG 3.1 Enunciado da Lei Em uma população ideal, as frequências alélicas e genotípicas permanecem constantes de geração em geração, desde que não atuem forças evolutivas. 3.2 Pressupostos da Lei Para que o equilíbrio de Hardy-Weinberg seja mantido, a população deve atender às seguintes condições: 1. Tamanho populacional infinito: Elimina efeitos da deriva genética 2. Cruzamentos aleatórios: Ausência de endogamia ou seleção de parceiros 3. Ausência de mutação: Não há surgimento de novos alelos 4. Ausência de seleção: Todos os genótipos têm igual valor adaptativo 5. Ausência de migração: Não há entrada ou saída de indivíduos 3.3 Equação de Hardy-Weinberg Para um locus com dois alelos (A e a): Frequências alélicas: p (frequência de A) q (frequência de a) p + q = 1 Frequências genotípicas em equilíbrio: AA: p² Aa: 2pq aa: q² Equação geral: 3.4 Extensão para Múltiplos Alelos Para um locus com n alelos (A₁, A₂, ..., Aₙ): Frequências alélicas: p₁, p₂, ..., pₙ Σpᵢ = 1 Frequências genotípicas: Homozigotos: pᵢ² Heterozigotos: 2pᵢpⱼ (i ≠ j) Equação geral: 3.5 Aplicações Práticas A Lei de Hardy-Weinberg é útil para: Calcular frequências alélicas a partir de fenótipos Detectar desvios do equilíbrio Estimar heterozigosidade Análise de marcadores genéticos Exemplo de aplicação: Em uma população humana, 1% dos indivíduos apresenta uma doença recessiva (aa). q² = 0,01 q = 0,1 p = 0,9 Frequência de portadores (Aa) = 2pq = 2 × 0,9 × 0,1 = 0,18 (18%) (p + q)² = p² + 2pq + q²(p + q)² = p² + 2pq + q² (p₁ + p₂ + ... + pₙ)² = Σpᵢ² + 2Σpᵢpⱼ(p₁ + p₂ + ... + pₙ)² = Σpᵢ² + 2Σpᵢpⱼ 4. FATORES QUE ALTERAM AS FREQUÊNCIAS ALÉLICAS 4.1 Mutação A mutação é a fonte primária de variabilidade genética, introduzindo novos alelos na população. 4.1.1 Tipos de Mutação Mutação pontual: Substituição de uma base por outra Taxa típica: 10⁻⁸ a 10⁻¹⁰ por base por geração Mutação cromossômica: Alterações na estrutura ou número de cromossomos Duplicações, deleções, inversões, translocações 4.1.2 Modelo de Mutação Unidirecional Considerando mutação apenas de A → a: Mudança na frequência alélica por geração: Onde μ = taxa de mutação Frequência de equilíbrio: p∞ = 0 (todos os alelos A eventualmente se tornam a) 4.1.3 Modelo de Mutação Bidirecional Mutação A ⇄ a: μ = taxa de mutação A → a ν = taxa de mutação a → A Mudança na frequência alélica: Frequência de equilíbrio: 4.2 Seleção Natural Δp = -μpΔp = -μp Δp = νq - μpΔp = νq - μp p̂ = ν/(μ + ν)p̂ = ν/(μ + ν) A seleção natural atua quando diferentes genótipos apresentam valores adaptativos distintos. 4.2.1 Valor Adaptativo (Fitness) O valor adaptativo (W) mede a capacidade relativa de um genótipo contribuir para a próxima geração: Valor adaptativo absoluto: Número médio de descendentes por indivíduo Valor adaptativo relativo: Normalizado pelo genótipo mais apto (W = 1) 4.2.2 Coeficiente de Seleção O coeficiente de seleção (s) mede a desvantagem relativa: 4.2.3 Tipos de Seleção Seleção contra recessivos: WAA = WAa = 1 Waa = 1 - s Mudança na frequência alélica: Seleção contra dominantes: WAA = WAa = 1 - s Waa = 1 Mudança na frequência alélica: Seleção contra heterozigotos: WAA = Waa = 1 WAa = 1 - s Mudança na frequência alélica: Vantagem do heterozigoto: s = 1 - Ws = 1 - W Δq = -spq²/(1 - sq²)Δq = -spq²/(1 - sq²) Δq = sp²(1 - q)/(1 - sp(2 - p))Δq = sp²(1 - q)/(1 - sp(2 - p)) Δq = spq(q - p)/(1 - 2spq)Δq = spq(q - p)/(1 - 2spq) WAA = 1 - s₁ WAa = 1 Waa = 1 - s₂ Frequência de equilíbrio estável: 4.3 Deriva Genética A deriva genética é a mudança aleatória nas frequências alélicas devido ao tamanho finito da população. 4.3.1 Características da Deriva Natureza aleatória: Independe do valor adaptativo Intensidade: Inversamente proporcional ao tamanho populacional Efeito cumulativo: Pode levar à fixação ou perda de alelos 4.3.2 Variância da Mudança A variância na mudança da frequência alélica por geração: Onde Ne = tamanho efetivo da população 4.3.3 Probabilidade de Fixação Para um alelo neutro: Onde p₀ = frequência inicial do alelo 4.4 Fluxo Gênico (Migração) O fluxo gênico é o movimento de alelos entre populações através da migração de indivíduos. 4.4.1 Modelo de Ilha Considera uma população receptora que recebe migrantes de uma população fonte: Mudança na frequência alélica: q̂ = s₁/(s₁ + s₂)q̂ = s₁/(s₁ + s₂) σ²(Δp) = pq/(2Ne)σ²(Δp) = pq/(2Ne) P(fixação) = p₀P(fixação) = p₀ Δp = m(pm - p)Δp = m(pm - p) Onde: m = taxa de migração pm = frequência alélica na população migrante p = frequência alélica na população receptora 4.4.2 Equilíbrio Migração-Deriva O fluxo gênico pode contrabalançar os efeitos da deriva genética: Onde Nem é o número efetivo de migrantes por geração. 5. ENDOGAMIA E ESTRUTURA POPULACIONAL 5.1 Conceito de Endogamia A endogamia é o acasalamento entre indivíduos geneticamente relacionados, resultando em aumento da homozigosidade. 5.2 Coeficiente de Endogamia (F) O coeficiente de endogamia mede o aumento na homozigosidade devido aos cruzamentos não- aleatórios: Onde: HE= heterozigosidade esperada (2pq) HO = heterozigosidade observada 5.3 Frequências Genotípicas com Endogamia Na presença de endogamia: AA: p² + Fpq Aa: 2pq(1 - F) aa: q² + Fpq 5.4 Estatísticas F de Wright Sewall Wright desenvolveu estatísticas para medir a estrutura populacional: 5.4.1 FIS (Coeficiente de Endogamia dos Indivíduos) Mede a endogamia dentro de subpopulações: Nem ≥ 1Nem ≥ 1 F = (HE - HO)/HEF = (HE - HO)/HE 5.4.2 FST (Coeficiente de Diferenciação) Mede a diferenciação entre subpopulações: 5.4.3 FIT (Coeficiente de Endogamia Total) Mede a endogamia total da população: 5.4.4 Relação entre as Estatísticas F 5.5 Modelos de Estrutura Populacional 5.5.1 Modelo de Ilhas População dividida em subpopulações com migração igual entre todas: 5.5.2 Modelo de Stepping-Stone Migração apenas entre populações adjacentes, seguindo um padrão geográfico. 5.5.3 Modelo de Isolamento por Distância A migração diminui com o aumento da distância geográfica. 6. GENÉTICA QUANTITATIVA 6.1 Características Quantitativas Características controladas por múltiplos genes (poligenes) que mostram variação contínua. 6.2 Componentes da Variação Fenotípica Onde: FIS = (HS - HI)/HSFIS = (HS - HI)/HS FST = (HT - HS)/HTFST = (HT - HS)/HT FIT = (HT - HI)/HTFIT = (HT - HI)/HT (1 - FIT) = (1 - FIS)(1 - FST)(1 - FIT) = (1 - FIS)(1 - FST) FST ≈ 1/(4Nem + 1)FST ≈ 1/(4Nem + 1) VP = VG + VE + VGEVP = VG + VE + VGE VP = variância fenotípica total VG = variância genética VE = variância ambiental VGE = variância da interação genótipo × ambiente 6.3 Decomposição da Variância Genética Onde: VA = variância aditiva VD = variância de dominância VI = variância epistática 6.4 Herdabilidade 6.4.1 Herdabilidade no Sentido Amplo 6.4.2 Herdabilidade no Sentido Restrito 6.5 Resposta à Seleção A resposta à seleção (R) é proporcional à herdabilidade e à intensidade de seleção: Onde S = diferencial de seleção 7. EVOLUÇÃO E SELEÇÃO NATURAL 7.1 Mecanismos de Seleção 7.1.1 Seleção Direcional Favorece um dos extremos da distribuição fenotípica, causando mudança na média populacional. 7.1.2 Seleção Estabilizadora Favorece fenótipos intermediários, reduzindo a variância da população. 7.1.3 Seleção Disruptiva VG = VA + VD + VIVG = VA + VD + VI H² = VG/VPH² = VG/VP h² = VA/VPh² = VA/VP R = h²SR = h²S Favorece os extremos da distribuição, aumentando a variância populacional. 7.2 Seleção Dependente de Frequência O valor adaptativo dos genótipos varia com suas frequências na população. 7.2.1 Seleção Dependente de Frequência Negativa Genótipos raros têm vantagem adaptativa, promovendo polimorfismo. 7.2.2 Seleção Dependente de Frequência Positiva Genótipos comuns têm vantagem, levando à fixação. 7.3 Seleção Sexual Seleção que atua sobre características relacionadas ao sucesso reprodutivo: Seleção intrassexual: Competição dentro do mesmo sexo Seleção intersexual: Escolha de parceiros 7.4 Coevolução Evolução recíproca entre espécies que interagem ecologicamente. 8. DERIVA GENÉTICA 8.1 Fundamentos Teóricos A deriva genética resulta da amostragem finita de gametas na reprodução. 8.2 Tamanho Efetivo da População 8.2.1 Definição O número de indivíduos em uma população idealizada que experimentaria a mesma deriva genética que a população real. 8.2.2 Cálculo para Populações com Sexos Separados Onde Nm e Nf são os números de machos e fêmeas reprodutivos. 8.2.3 Fatores que Afetam Ne Variação no sucesso reprodutivo Razão sexual desigual Flutuações no tamanho populacional Sistema de acasalamento Ne = 4NmNf/(Nm + Nf)Ne = 4NmNf/(Nm + Nf) 8.3 Efeitos da Deriva Genética 8.3.1 Perda de Diversidade Genética A heterozigosidade diminui exponencialmente: 8.3.2 Diferenciação entre Populações Populações isoladas divergem geneticamente devido à deriva independente. 8.4 Gargalo Populacional Redução drástica no tamanho populacional que causa: Perda significativa de diversidade genética Aumento da endogamia Possível depressão endogâmica 9. FLUXO GÊNICO 9.1 Importância Evolutiva O fluxo gênico: Homogeneiza populações Introduz variabilidade genética Contrabalança deriva genética Facilita adaptação local 9.2 Métodos de Estimativa 9.2.1 Métodos Diretos Marcação e recaptura Estudos de parentesco Análise de dispersão 9.2.2 Métodos Indiretos Estatísticas F (FST) Métodos de coalescência Análise de clines genéticos 9.3 Padrões de Fluxo Gênico Ht = H0(1 - 1/2Ne)^tHt = H0(1 - 1/2Ne)^t 9.3.1 Fluxo Gênico Contínuo Migração constante entre populações. 9.3.2 Fluxo Gênico Episódico Eventos raros de migração em massa. 9.4 Barreiras ao Fluxo Gênico Geográficas: Montanhas, rios, oceanos Ecológicas: Diferenças de habitat Comportamentais: Preferências de acasalamento Genéticas: Incompatibilidade genética 10. APLICAÇÕES PRÁTICAS 10.1 Conservação de Espécies 10.1.1 Análise de Viabilidade Populacional Uso de modelos genéticos para avaliar: Risco de extinção Tamanho mínimo viável de população Estratégias de manejo 10.1.2 Manejo de Populações Fragmentadas Corredores ecológicos Translocação de indivíduos Reprodução assistida 10.2 Melhoramento Genético 10.2.1 Seleção Assistida por Marcadores Uso de marcadores moleculares para: Seleção precoce Seleção de características de baixa herdabilidade Piramidação de genes 10.2.2 Seleção Genômica Uso de informação de todo o genoma para predição de valores genéticos. 10.3 Genética Médica 10.3.1 Frequências de Doenças Genéticas Aplicação da Lei de Hardy-Weinberg para estimar: Frequências de portadores Risco de recorrência Impacto de programas de triagem 10.3.2 Estudos de Associação Genômica Identificação de genes associados a doenças complexas. 10.4 Genética Forense 10.4.1 Identificação Individual Uso de marcadores genéticos para: Identificação criminal Testes de paternidade Identificação de vítimas 10.4.2 Análise de Populações Caracterização da estrutura genética de populações humanas. 11. EXERCÍCIOS RESOLVIDOS Exercício 1: Lei de Hardy-Weinberg Problema: Em uma população de 1000 indivíduos, 160 apresentam o fenótipo recessivo para uma característica controlada por um locus com dois alelos. Calcule as frequências alélicas e genotípicas esperadas. Solução: 1. Frequência do fenótipo recessivo (aa) = 160/1000 = 0,16 2. q² = 0,16, logo q = 0,4 3. p = 1 - q = 1 - 0,4 = 0,6 Frequências genotípicas esperadas: AA: p² = (0,6)² = 0,36 → 360 indivíduos Aa: 2pq = 2 × 0,6 × 0,4 = 0,48 → 480 indivíduos aa: q² = (0,4)² = 0,16 → 160 indivíduos Exercício 2: Seleção Natural Problema: Um alelo deletério recessivo tem frequência inicial de 0,1 e coeficiente de seleção s = 0,2. Calcule a frequência do alelo após uma geração de seleção. Solução: Dados: q₀ = 0,1; s = 0,2 Usando a fórmula para seleção contra recessivos: Para t = 1: A frequência do alelo diminui de 0,1 para 0,098. Exercício 3: Deriva Genética Problema: Uma população de Ne = 50 tem frequência inicial p = 0,3 para um alelo neutro. Calcule a variância na mudança da frequência alélica por geração. Solução: Usando a fórmula da variância: O desvio padrão é √0,0021 = 0,046. Exercício 4: Endogamia Problema: Uma população tem FIS = 0,2 e frequências alélicas p = 0,6 e q = 0,4. Calcule as frequências genotípicas observadas. Solução: Com endogamia, as frequências genotípicas são: AA: p² + FIS × pq = (0,6)² + 0,2 × 0,6 × 0,4 = 0,36 + 0,048 = 0,408 Aa: 2pq(1 - FIS) = 2 × 0,6 × 0,4 × (1 - 0,2) = 0,48 × 0,8 = 0,384 aa: q² + FIS × pq = (0,4)² + 0,2 × 0,6 × 0,4 = 0,16 + 0,048 = 0,208 Verificação: 0,408 + 0,384 + 0,208 = 1,000 ✓ qt = q₀/(1 + sq₀t)qt = q₀/(1 + sq₀t) q₁ = 0,1/(1 + 0,2 × 0,1 × 1)q₁ = 0,1/(1 + 0,2 × 0,1 × 1) q₁ = 0,1/(1 + 0,02)q₁ = 0,1/(1 + 0,02) q₁ = 0,1/1,02 = 0,098q₁ = 0,1/1,02 = 0,098 σ²(Δp) = pq/(2Ne)σ²(Δp) = pq/(2Ne) σ²(Δp) = 0,3 × 0,7/(2 × 50)σ²(Δp) = 0,3 × 0,7/(2 × 50) σ²(Δp) = 0,21/100 = 0,0021σ²(Δp) = 0,21/100 = 0,0021 Exercício 5: Fluxo Gênico Problema: Uma população receptora (p = 0,3) recebe 5% de migrantes por geraçãode uma população fonte (pm = 0,8). Calcule a nova frequência alélica após uma geração. Solução: Usando a fórmula do modelo de ilha: A frequência alélica aumenta de 0,3 para 0,325. 12. BIBLIOGRAFIA Livros Principais 1. Hartl, D.L. & Clark, A.G. (2010). Principles of Population Genetics. 4th ed. Sinauer Associates. 2. Hedrick, P.W. (2011). Genetics of Populations. 4th ed. Jones & Bartlett Learning. 3. Gillespie, J.H. (2004). Population Genetics: A Concise Guide. 2nd ed. Johns Hopkins University Press. 4. Crow, J.F. & Kimura, M. (1970). An Introduction to Population Genetics Theory. Harper & Row. 5. Falconer, D.S. & Mackay, T.F.C. (1996). Introduction to Quantitative Genetics. 4th ed. Longman. Artigos Clássicos 1. Hardy, G.H. (1908). Mendelian proportions in a mixed population. Science 28: 49-50. 2. Weinberg, W. (1908). Über den Nachweis der Vererbung beim Menschen. Jahreshefte des Vereins für vaterländische Naturkunde in Württemberg 64: 368-382. 3. Fisher, R.A. (1918). The correlation between relatives on the supposition of Mendelian inheritance. Transactions of the Royal Society of Edinburgh 52: 399-433. 4. Wright, S. (1921). Systems of mating. Genetics 6: 111-178. 5. Haldane, J.B.S. (1924). A mathematical theory of natural and artificial selection. Transactions of the Cambridge Philosophical Society 23: 19-41. Recursos Online 1. Population Genetics Simulator: Software para simulação de processos evolutivos 2. STRUCTURE: Programa para análise de estrutura populacional 3. Arlequin: Pacote de software para análise de dados genéticos populacionais 4. R: Ambiente estatístico com pacotes específicos para genética de populações p₁ = p₀ + m(pm - p₀)p₁ = p₀ + m(pm - p₀) p₁ = 0,3 + 0,05(0,8 - 0,3)p₁ = 0,3 + 0,05(0,8 - 0,3) p₁ = 0,3 + 0,05 × 0,5p₁ = 0,3 + 0,05 × 0,5 p₁ = 0,3 + 0,025 = 0,325p₁ = 0,3 + 0,025 = 0,325 ANEXOS Anexo A: Principais Fórmulas Lei de Hardy-Weinberg Dois alelos: p² + 2pq + q² = 1 Múltiplos alelos: (Σpi)² = Σpi² + 2ΣΣpipj Seleção Natural Contra recessivos: Δq = -spq²/(1 - sq²) Contra dominantes: Δq = sp²(1-q)/(1 - sp(2-p)) Vantagem heterozigoto: q̂ = s₁/(s₁ + s₂) Deriva Genética Variância: σ²(Δp) = pq/(2Ne) Heterozigosidade: Ht = H₀(1 - 1/2Ne)^t Migração Modelo de ilha: Δp = m(pm - p) Equilíbrio: p̂ = mpm/(m + s/2Ne) Estatísticas F FIS = (HS - HI)/HS FST = (HT - HS)/HT FIT = (HT - HI)/HT Anexo B: Valores Adaptativos Comuns Tipo de Seleção WAA WAa Waa Contra recessivo 1 1 1-s Contra dominante 1-s 1-s 1 Contra heterozigoto 1 1-s 1 Vantagem heterozigoto 1-s₁ 1 1-s₂ Anexo C: Glossário de Termos Alelo: Forma alternativa de um gene Deriva genética: Mudança aleatória nas frequências alélicas Endogamia: Acasalamento entre parentes Fitness: Valor adaptativo de um genótipo Fluxo gênico: Movimento de alelos entre populações Frequência alélica: Proporção de um alelo na população Herdabilidade: Proporção da variação fenotípica devida a fatores genéticos Heterozigosidade: Proporção de indivíduos heterozigotos Locus: Posição específica no cromossomo Mutação: Mudança na sequência do DNA Pool gênico: Conjunto total de alelos em uma população Polimorfismo: Existência de múltiplos alelos em frequências apreciáveis Seleção natural: Reprodução diferencial baseada no valor adaptativo Tamanho efetivo: Número de indivíduos geneticamente efetivos EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES Exercícios de Fixação Exercício 6: Hardy-Weinberg com Múltiplos Alelos Problema: Um locus tem três alelos (A₁, A₂, A₃) com frequências 0,5, 0,3 e 0,2, respectivamente. Calcule as frequências genotípicas esperadas em equilíbrio de Hardy-Weinberg. Solução: Frequências alélicas: p₁ = 0,5; p₂ = 0,3; p₃ = 0,2 Homozigotos: A₁A₁: p₁² = (0,5)² = 0,25 A₂A₂: p₂² = (0,3)² = 0,09 A₃A₃: p₃² = (0,2)² = 0,04 Heterozigotos: A₁A₂: 2p₁p₂ = 2 × 0,5 × 0,3 = 0,30 A₁A₃: 2p₁p₃ = 2 × 0,5 × 0,2 = 0,20 A₂A₃: 2p₂p₃ = 2 × 0,3 × 0,2 = 0,12 Verificação: 0,25 + 0,09 + 0,04 + 0,30 + 0,20 + 0,12 = 1,00 ✓ Exercício 7: Coeficiente de Seleção Problema: Em uma população, os valores adaptativos são: WAA = 1,0; WAa = 0,8; Waa = 0,6. Calcule os coeficientes de seleção para cada genótipo. Solução: O valor adaptativo relativo é normalizado pelo maior valor (WAA = 1,0): WAA = 1,0 → sAA = 1 - 1,0 = 0 WAa = 0,8 → sAa = 1 - 0,8 = 0,2 Waa = 0,6 → saa = 1 - 0,6 = 0,4 Exercício 8: Equilibrio Mutação-Seleção Problema: Um alelo deletério recessivo tem taxa de mutação μ = 10⁻⁵ e coeficiente de seleção s = 0,01. Calcule a frequência de equilíbrio. Solução: Para equilíbrio mutação-seleção contra recessivos: Exercício 9: Estatísticas F Problema: Uma espécie tem as seguintes heterozigosidades: HI = 0,15 (observada nas subpopulações) HS = 0,20 (esperada nas subpopulações) HT = 0,25 (esperada na população total) Calcule FIS, FST e FIT. Solução: Verificação: (1 - FIT) = (1 - FIS)(1 - FST) (1 - 0,40) = (1 - 0,25)(1 - 0,20) 0,60 = 0,75 × 0,80 = 0,60 ✓ Exercício 10: Tempo de Fixação Problema: Um alelo neutro com frequência inicial p₀ = 0,1 está em uma população com Ne = 100. Qual a probabilidade de fixação e o tempo médio esperado para fixação? Solução: Probabilidade de fixação: Para alelos neutros: P(fixação) = p₀ = 0,1 Tempo médio para fixação: Exercícios Avançados Exercício 11: Seleção Dependente de Frequência Problema: Considere um sistema com seleção dependente de frequência negativa onde: WAA = 1 - 0,1p q̂ = √(μ/s)q̂ = √(μ/s) q̂ = √(10⁻⁵/0,01)q̂ = √(10⁻⁵/0,01) q̂ = √(10⁻³)q̂ = √(10⁻³) q̂ = 0,032q̂ = 0,032 FIS = (HS - HI)/HS = (0,20 - 0,15)/0,20 = 0,25FIS = (HS - HI)/HS = (0,20 - 0,15)/0,20 = 0,25 FST = (HT - HS)/HT = (0,25 - 0,20)/0,25 = 0,20FST = (HT - HS)/HT = (0,25 - 0,20)/0,25 = 0,20 FIT = (HT - HI)/HT = (0,25 - 0,15)/0,25 = 0,40FIT = (HT - HI)/HT = (0,25 - 0,15)/0,25 = 0,40 t̄ = -4Ne ln(p₀) = -4 × 100 × ln(0,1)t̄ = -4Ne ln(p₀) = -4 × 100 × ln(0,1) t̄ = -400 × (-2,303) = 921 geraçõest̄ = -400 × (-2,303) = 921 gerações WAa = 1 Waa = 1 - 0,1(1-p) Encontre a frequência de equilíbrio. Solução: No equilíbrio, a mudança na frequência alélica é zero. Para seleção dependente de frequência, isso ocorre quando os valores adaptativos dos homozigotos são iguais: O equilíbrio ocorre em p = 0,5. Exercício 12: Interação Migração-Deriva Problema: Uma população isolada (Ne = 50) recebe 1 migrante por geração de uma população fonte com frequência alélica pm = 0,8. A população receptora tem frequência inicial p₀ = 0,2. Calcule a frequência alélica após 10 gerações. Solução: Taxa de migração: m = 1/50 = 0,02 A frequência de equilíbrio é: A mudança por geração em direção ao equilíbrio: Após 10 gerações: WAA = WaaWAA = Waa 1 - 0,1p = 1 - 0,1(1-p)1 - 0,1p = 1 - 0,1(1-p) 1 - 0,1p = 1 - 0,1 + 0,1p1 - 0,1p = 1 - 0,1 + 0,1p -0,1p = -0,1 + 0,1p-0,1p = -0,1 + 0,1p -0,2p = -0,1-0,2p = -0,1 p = 0,5p = 0,5 p̂ = mpm/(m + 1/(4Ne))p̂ = mpm/(m + 1/(4Ne)) p̂ = 0,02 × 0,8/(0,02 + 1/(4 × 50))p̂ = 0,02 × 0,8/(0,02 + 1/(4 × 50)) p̂ = 0,016/(0,02 + 0,005)p̂ = 0,016/(0,02 + 0,005) p̂ = 0,016/0,025 = 0,64p̂ = 0,016/0,025 = 0,64 Δp = (m + 1/(4Ne))(p̂ - pt)Δp = (m + 1/(4Ne))(p̂ - pt) Δp = 0,025(p̂ - pt)Δp = 0,025(p̂ - pt) p₁₀ = p̂ + (p₀ - p̂)e^(-0,025×10)p₁₀ = p̂ + (p₀ - p̂)e^(-0,025×10) p₁₀ = 0,64 + (0,2 - 0,64)e^(-0,25)p₁₀ = 0,64 + (0,2 - 0,64)e^(-0,25) p₁₀ = 0,64 + (-0,44) × 0,779p₁₀ = 0,64 + (-0,44) × 0,779 p₁₀ = 0,64 - 0,343 = 0,297p₁₀ = 0,64 - 0,343 = 0,297 CASOS DE ESTUDO Caso 1: Anemia Falciforme A anemia falciforme é causada por uma mutação no gene da β-globina (HbS). Em algumas regiões da África, a frequência do alelo HbS é mantida alta devido à vantagem do heterozigoto contra a malária. Dados: Frequência de HbS em certas populações africanas: q ≈ 0,15 Valor adaptativo dos homozigotos normais (HbA/HbA): W₁₁ = 0,89 (suscetíveis à malária) Valor adaptativo dos heterozigotos (HbA/HbS): W₁₂ = 1,00 (resistentes à malária) Valor adaptativo dos homozigotos afetados (HbS/HbS): W₂₂ = 0,20 (anemia grave) Análise: Este é um exemplo clássico de vantagem do heterozigoto. A frequência de equilíbriopode ser calculada: Onde s₁ = 1 - 0,89 = 0,11 e s₂ = 1 - 0,20 = 0,80. Caso 2: Gargalo Populacional em Guepardos Os guepardos (Acinonyx jubatus) passaram por severos gargalos populacionais, resultando em baixa diversidade genética. Características observadas: Heterozigosidade muito baixa (H ≈ 0,05) Alta taxa de mortalidade infantil Problemas reprodutivos Susceptibilidade a doenças Implicações para conservação: Necessidade de manejo genético Importância da manutenção de múltiplas populações Programas de reprodução assistida Caso 3: Resistência a Pesticidas O desenvolvimento de resistência a pesticidas em insetos ilustra a seleção natural em ação. Exemplo - Resistência ao DDT em Drosophila: Gene de resistência inicialmente raro (q₀