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CAPÍTULO 1 6 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA ESTE CAPÍTULO DESTACA N a maior parte de nosso trabalho, estudamos determinados mer- cados isoladamente. Entretanto, os mercados são freqüente- 16.1 Análise de equilíbrio geral mente interdependentes: as condições de um podem influir nos 16.2 Eficiência nas trocas preços e níveis de produção de outros, seja pelo fato de uma mercado- ria ser um insumo de produção de outra mercadoria, seja pelo fato de 16.3 Eqüidade e eficiência duas mercadorias serem bens substitutos ou complementares. Neste 16.4 Eficiência na produção capítulo, veremos de que forma a análise de equilíbrio geral pode ser uti- lizada para levar em conta tais inter-relações. 16.5 Os ganhos obtidos a partir do livre Também expandiremos 0 conceito de eficiência econômica introdu- comércio zido no Capítulo 9 e discutiremos os benefícios de uma economia de mer- 16.6 A eficiência nos mercados cado competitivo. Para alcançarmos esse objetivo, em primeiro lugar ana- competitivos uma visão geral lisaremos a eficiência econômica, começando com a troca de mercadorias 16.7 Por que os mercados falham entre pessoas ou entre países. Posteriormente, utilizaremos essa análise das trocas para discutir se os resultados gerados por determinada econo- mia são eqüitativos. Uma vez que tais resultados sejam considerados não LISTA DE EXEMPLOS eqüitativos, o governo pode ajudar a redistribuir a renda. Em seguida, descreveremos as condições que uma economia deve satisfazer caso pretenda produzir e distribuir mercadorias efi- 16.1 A interdependência dos mercados cientemente. Explicaremos por que um sistema de mercado total- internacionais mente competitivo satisfaz tais condições. Também mostraremos por 16.2 Os efeitos das quotas de importação que o livre comércio internacional pode expandir as possibilidades de de automóveis produção de um país e aumentar 0 bem-estar de seus consumidores. Entretanto, a maioria dos mercados não é totalmente competitiva e 16.3 Custos e benefícios da proteção muitos se desviam substancialmente daquilo que seria ideal. Na se- especial ção final deste capítulo (e como preâmbulo de nossa discussão deta- lhada sobre falha de eficiência apresentada nos capítulos 17 e 18), abordaremos alguns motivos principais por que os mercados podem não ser eficientes. 16.1 ANÁLISE DE EQUILÍBRIO GERAL Até 0 momento, nossas discussões sobre comportamento de mercado se basearam na análise de equilíbrio parcial. Quando determinamos os preços e as quantidades de equilí- brio em um mercado usando a análise de equilíbrio parcial, estamos presumindo que a atividade em um mercado causa pouco ou nenhum efeito sobre outros. Por exemplo, nos capítulos 2 e 9, presumimos que mercado do trigo era bastante independente dos mercados de produ- tos correlatos, como milho e soja. Freqüentemente, uma análise de equilíbrio parcial é suficiente para a compreensão do comportamento de mercado. Entretanto, as500 PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E PAPEL DO GOVERNO inter-relações entre os mercados podem ser importantes. No Capítulo 2, por exemplo, vimos de que mo- análise de equilíbrio par- cial Determinação dos do preço de uma mercadoria pode influenciar a demanda de outra, caso se trate de bens substitutos preços e das quantidades ou de bens complementares, e, no Capítulo 8, vimos que um aumento na demanda de um produto de de equilíbrio em um mer- uma empresa pode ocasionar elevações nos preços de mercado do insumo e do produto. cado, independentemente Diferentemente do que ocorre com a análise de equilíbrio parcial, a análise de equilíbrio dos efeitos causados por geral determina os preços e as quantidades em todos os mercados simultaneamente; além disso, ela explicita- outros mercados. mente leva em conta os efeitos de feedback. Um efeito de feedback é um ajuste de preço ou de quanti- dade em determinado mercado causado pelos ajustes de preços ou de quantidades em mercados cor- análise de equilíbrio geral relatos. Por exemplo, suponhamos que o governo dos Estados Unidos passasse a cobrar um imposto Determinação simultânea sobre todas as importações de petróleo do país. Tal política imediatamente ocasionaria um desloca- de preços e quantidades mento da curva da oferta do petróleo para a esquerda (tornando mais caro 0 petróleo importado) e em todos os mercados re- elevaria preço dele. Mas os efeitos do imposto não terminariam aí. 0 preço mais elevado do petró- levantes, levando em con- ta os efeitos de retroali- leo provocaria um aumento na demanda de gás natural e, por conseguinte, em seu preço. Por sua vez, mentação (ou feedback). 0 preço mais alto do gás natural faria com que a demanda do petróleo aumentasse (deslocando sua curva da demanda para a direita), que faria com que preço do petróleo aumentasse ainda mais. Os mercados do petróleo e do gás natural continuariam a interagir até que fosse alcançado um equi- líbrio no qual a quantidade demandada e a quantidade ofertada se tornassem respectivamente iguais em cada um dos dois mercados. Na prática, não é viável desenvolver uma análise completa de equilíbrio geral que leve em consi- deração os efeitos de uma mudança ocorrida em determinado mercado sobre todos os demais mercados. Em vez disso, vamos nos restringir a alguns mercados bastante relacionados entre si. Por exemplo, quando estivermos examinando o efeito de um eventual imposto sobre 0 petróleo, vamos também exa- minar os mercados de gás natural, carvão e eletricidade. DOIS MERCADOS INTERDEPENDENTES RUMO EQUILÍBRIO GERAL Para podermos estudar a interdependência dos mercados, vamos examinar os mercados compe- titivos de ingressos de cinema e locação de DVDs. Esses dois mercados estão bastante relacionados, uma vez que um grande número de pessoas tem aparelhos de DVD, 0 que confere à maioria dos consumido- res a opção de assistir a filmes tanto em casa como no cinema. Variações nas políticas de determinação de preços que afetem um desses mercados provavelmente influenciarão também outro, que por sua vez produzirá efeitos no primeiro. A Figura 16.1 mostra as curvas da oferta e da demanda de DVDs e de ingressos de cinema. Na par- te (a), preço dos ingressos de cinema é inicialmente de $6, e esse mercado se encontra em equilíbrio no ponto de intersecção entre as curvas e Na parte (b), mercado de DVDs também se encontra em equilíbrio ao preço de $3. Agora, suponhamos que o governo crie um imposto de $1 sobre cada ingresso de cinema adqui- rido. 0 efeito desse imposto é determinado com base em análise de equilíbrio parcial deslocando-se para cima, em $1, a curva da oferta de ingressos, que passa de para na Figura 16.1(a). Inicial- mente, esse deslocamento faz com que o preço dos ingressos aumente para $6,35, de tal modo que a quantidade vendida cai de para Esse é o limite que poderíamos alcançar usando uma análise de equilíbrio parcial. Mas poderemos ir mais adiante por meio de uma análise de equilíbrio geral fa- zendo duas coisas: (1) examinando os efeitos do imposto sobre os ingressos no mercado de DVDs e (2) verificando a ocorrência de eventuais efeitos de feedback do mercado de DVDs sobre 0 mercado de ingressos. Na Seção 2.1, explicamos 0 imposto sobre os ingressos de cinema afeta mercado de DVDs porque cinema e DVD são bens que dois bens são substitu- substitutos. Um preço mais elevado para os ingressos desloca a demanda de DVDs de para na Fi- tos se a elevação do preço gura 16.1(b). Esse deslocamento, por sua vez, ocasiona um aumento no preço da locação dos DVDs, que de um deles leva a um au- passa de $3 para $3,50. Observe que um imposto sobre um produto pode afetar os preços e as vendas de mento da quantidade de- outros produtos e isso é algo que deveria ser lembrado pelos responsáveis por políticas econômicas ao mandada do outro. preparar programas fiscais. Como ficaria 0 mercado dos ingressos de cinema? A curva original da demanda dos ingressos in- dicava que preço dos DVDs havia permanecido inalterado em $3. No entanto, como preço é agora de $3,50, a curva da demanda dos ingressos se desloca para cima, passando de para na Figura 16.1(a). 0 novo preço de equilíbrio dos ingressos (no ponto de entre as curvas S* e pas- sa para $6,75, em vez de $6,35, e a quantidade adquirida de ingressos aumenta de para Portanto, uma análise de equilíbrio parcial teria subestimado efeito do imposto sobre os ingressos. 0 mercado de DVDs está tão proximamente relacionado com o mercado de ingressos que, para a determinação do pleno efeito de um imposto, é necessário que se execute uma análise de equilíbrio geral.CAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 501 Preço Preço ($) ($) 6,82 6,75 3,58 3,50 6,35 6 3 Q* Número de Qv Q'v Número de ingressos DVDs de cinema (a) (b) Figura 16.1 Dois mercados interdependentes: (a) ingressos de cinema e (b) aluguel de DVDs Quando os mercados são interdependentes, os preços de todos os produtos devem ser determinados simultaneamente. Aqui, um impos- to sobre os ingressos de cinema desloca a curva da oferta de ingressos de cinema para cima, de para S*, como mostrado em (a). pre- ço mais alto dos ingressos de cinema ($6,35 em vez de $6) inicialmente desloca a demanda de DVDs para cima (de para provo- cando um aumento no preço dos DVDs (de $3 para $3,50), como mostrado em (b). preço mais alto dos DVDs se reflete no mercado de ingressos de cinema, fazendo com que a demanda se desloque de para e preço dos ingressos aumente de $6,35 para $6,75. Es- ses movimentos continuam até que um equilíbrio geral seja alcançado, como mostra a intersecção de D* com (a), com preço do ingresso de cinema a $6,82, e a de D* e em (b), com um preço para os DVDs de $3,58. A OBTENÇÃO DO EQUILÍBRIO GERAL Nossa análise ainda não está completa. A mudança no preço de mercado dos ingressos vai gerar um efeito de feedback sobre o preço dos DVDs; este, por sua vez, vai afetar os preços dos ingressos, e assim por diante. No final, será necessário que façamos simultaneamente a determinação dos preços e das quantidades de equilíbrio tanto para mercado de ingressos como para mercado de DVDs. 0 pre- ço de equilíbrio de $6,82 para os ingressos de cinema é mostrado na Figura 16.1(a), no ponto de inter- entre as curvas da oferta e da demanda de equilíbrio de ingressos (S* e D*). preço de equilí- brio dos DVDs de $3,58 é mostrado na Figura 16.1(b), no ponto de entre as curvas da ofer- ta e da demanda de equilíbrio dos DVDs e D*). Esses são os preços corretos de equilíbrio geral, pois as curvas da oferta e da demanda do mercado de DVDs foram desenhadas pressupondo-se que preço dos ingressos de cinema seja de $6,82. Da mesma forma, as curvas da oferta e da demanda do mercado de in- gressos de cinema foram desenhadas pressupondo-se que preço dos DVDs seja de $3,58. Em outras pala- vras, ambos os conjuntos de curvas são coerentes com os preços dos mercados correlatos, e não temos razões para esperar que as curvas da oferta e da demanda possam ainda sofrer outros deslocamentos. Na prática, para determinarmos os preços (e as quantidades) de equilíbrio geral, devemos determinar simultaneamente dois preços que sejam capazes de igualar as quantidades demandadas e as quanti- dades ofertadas em todos os mercados relacionados. Para nossos dois mercados, isso significaria en- contrar a solução para quatro equações (oferta de ingressos de cinema, demanda de ingressos de cine- ma, oferta de DVDs e demanda de DVDs). Observe que, mesmo que estivéssemos interessados apenas no mercado de ingressos de cinema, ao avaliarmos o impacto de um imposto, seria importante levar em conta mercado de DVDs. Nesse exemplo, uma análise de equilíbrio parcial subestimaria efeito de tal imposto, levando-nos a concluir Conforme dissemos na que o preço do ingresso de cinema passaria de $6 para $6,35. Entretanto, uma análise de equilíbrio geral Seção 2.1, dois bens são nos mostraria que 0 impacto do imposto sobre 0 preço do ingresso seria maior isto é, seu preço passa- complementares se au- ria, na verdade, para $6,82. mento do preço de um Cinema e DVDs são bens substitutos. Construindo diagramas análogos aos da Figura 16.1, você de- deles leva ao decréscimo ve se convencer de que, se os bens em questão forem complementares, uma análise de equilíbrio parcial irá na quantidade demanda- da do outro. superestimar impacto do imposto. Pense, por exemplo, no caso dos automóveis e da gasolina. Um im-502 PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E PAPEL DO GOVERNO posto sobre a gasolina fará com que seu preço suba, mas tal aumento reduzirá a demanda de automóveis, 0 que por sua vez reduzirá a demanda da gasolina, provocando uma queda no preço desta. EXEMPLO 16.1 A interdependência dos mercados internacionais Como 0 Brasil e Estados Unidos são concorrentes no mercado mundial de soja, as regulamentações brasileiras em seu próprio mercado podem afetar significativamente mer- cado norte-americano, 0 que por sua vez teria efeitos de re- troalimentação no mercado brasileiro. Isso levou a resultados inesperados quando 0 Brasil passou a adotar uma política de regulamentação objetivando uma elevação da oferta de soja no mercado interno no curto prazo, assim como uma eleva- ção das exportações do produto no longo prazo.¹ No final da década de 1960 e princípio da de 1970, o governo brasileiro limitou as exportações de soja, fazendo com que seus preços caíssem no mercado interno. 0 governo esperava que, ao tor- nar a soja mais barata no mercado brasileiro, estivesse estimulando um aumento das vendas e incen- tivando a demanda interna por produtos à base de soja. Os controles de exportação iam acabar sen- do retirados, e imaginava-se que as exportações brasileiras aumentariam. Essa expectativa baseava-se em uma análise de equilíbrio parcial do mercado brasileiro de so- ja. Na realidade, a redução das exportações brasileiras fez com que fossem elevados os preços e a pro- dução dos Estados Unidos, aumentando também as exportações norte-americanas. Isso tornou mais difícil a exportação de soja pelo Brasil um problema que persistiu mesmo depois de os controles te- rem sido removidos. 0 mercado brasileiro de soja demorou para reagir à remoção dos controles. No fim, os preços, a produção e as exportações domésticas não cresceram suficiente para contrabalan- çar os danos causados pela intervenção. A Figura 16.2 mostra as desse programa. As duas linhas de baixo apresentam as exportações brasileiras de soja, e as duas linhas de cima mostram as exportações norte-america- nas. Em cada um dos casos, as exportações reais são representadas pelas linhas mais escuras, e 0 ní- vel estimado de exportações, caso a regulamentação do governo brasileiro não tivesse sido efetivada, é repre- sentado pelas linhas mais claras. (As linhas divergem aproximadamente a partir de 1970, pois essa foi a época em que as principais regulamentações passaram a vigorar.) A ilustração mostra que as ex- portações de soja do Brasil teriam sido mais elevadas e que as dos Estados Unidos teriam sido mais baixas, caso tal programa de regulamentações não tivesse sido implementado pelo governo brasilei- ro. Por exemplo, em 1977, as exportações brasileiras de soja eram 73% mais baixas do que teriam si- do caso não tivesse havido tal intervenção do governo brasileiro; as exportações norte-americanas de soja, por sua vez, entre 1973 e 1978, foram 30% mais elevadas. Portanto, a política brasileira de soja foi mal orientada e isso prejudicou Brasil no longo pra- zo. Os responsáveis por tal programa erraram ao não levar em consideração 0 efeito de seus atos so- bre a produção e a exportação de soja dos Estados Unidos. 16.2 EFICIÊNCIA NAS TROCAS economia de trocas Mer- No Capítulo 9, vimos que um mercado competitivo é eficiente porque maximiza 0 excedente do cado em que dois ou mais consumidor e excedente do produtor. Para podermos examinar o conceito de eficiência econômica consumidores trocam duas mais detalhadamente, analisaremos, com base em uma economia de trocas, 0 comportamento de mercadorias entre si. dois consumidores que podem negociar livremente duas mercadorias entre si. (Essa análise também se aplica ao comércio entre dois países.) Suponhamos que duas mercadorias estejam inicialmente aloca- alocação eficiente (ou das de tal forma que ambos os consumidores possam ter um aumento de bem-estar se fizerem trocas Pareto-eficiente) Aloca- entre si. Isso significa que a distribuição inicial das mercadorias é economicamente ineficiente. Em uma ção de bens em que nin- distribuição eficiente de mercadorias, ninguém consegue aumentar seu próprio bem-estar sem reduzir bem- guém consegue aumentar estar de alguma outra pessoa. Usa-se às vezes como sinônimo a expressão eficiência de Pareto, em homena- seu bem-estar sem que gem ao economista italiano Vilfredo Pareto, que desenvolveu o conceito da eficiência nas trocas. Nas seja reduzido o bem-estar de outra pessoa. subseções seguintes, mostraremos por que trocas mutuamente benéficas resultam em uma distribuição Pareto-eficiente das mercadorias. Esse exemplo apresenta uma versão simplificada da análise elaborada por Gary W. Williams e Robert L. Thompson, "Brazilian soybean policy: the international effects of American Journal of Agricultural Economics 66, 1984, p. 488-498.CAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 503 Milhões de 20 toneladas métricas Exportações norte-americanas 18 efetivas 16 14 12 Exportações norte-americanas sem a regulamentação brasileira 10 8 Exportações brasileiras sem 6 a regulamentação 4 2 Exportações brasileiras 0 efetivas -2 60 62 64 66 68 70 72 74 76 78 Ano Figura 16.2 Exportação de soja Brasil e Estados Unidos A competição mundial no mercado de soja faz com que os mercados de exportação do Brasil e dos Estados Unidos estejam altamente inter-relacionados. Como resultado da interdependência desses mercados, regu- lamentações com intuito de estimular mercado brasileiro foram contraprodutivas no longo prazo. As ex- portações reais de soja do Brasil são menores (e as dos Estados Unidos, mais elevadas) do que seriam caso não tivesse havido a política de regulamentação brasileira. As VANTAGENS DO COMÉRCIO Como regra, trocas voluntárias entre duas pessoas ou dois países são mutuamente Pa- compreendermos de que forma a troca aumenta bem-estar, examinaremos em detalhe possíveis trocas entre duas pessoas, partindo do pressuposto de que a troca em si não tem custo. Suponhamos que James e Karen juntos tenham 10 unidades de alimento e 6 unidades de vestuário. A Tabela 16.1 revela que, inicialmente, James possui 7 unidades de alimento e 1 unidade de vestuá- Na Seção 3.1, explicamos rio, e que Karen possui, respectivamente, 3 e 5 unidades desses mesmos bens. Para podermos decidir se que a taxa marginal de seria vantajosa uma troca de mercadorias entre James e Karen, necessitamos conhecer suas preferên- substituição é a quantida- cias. Suponhamos que, pelo fato de Karen ter muitas unidades de vestuário e poucas de alimento, sua de máxima de um bem de taxa marginal de substituição (TMS) de vestuário por alimento seja 3 (ou seja, para obter uma unida- que um consumidor está de de alimento, ela abriria mão de 3 unidades de vestuário). Entretanto, a TMS de James de vestuário disposto a abrir mão para obter uma unidade de ou- por alimento é de apenas 1/2 (ou seja, ele abriria mão de apenas 1/2 unidade de vestuário para obter em tro bem. troca 1 unidade de alimento). TABELA 16.1 As vantagens do comércio Indivíduo Alocação inicial Troca Alocação final James Karen Há diversas situações nas quais a troca pode não apresentar vantagens. Em primeiro lugar, informações limitadas podem levar as pessoas a crer que as trocas melhorarão seu bem-estar quando na realidade isso não ocorrerá. Em segundo lugar, as pessoas podem estar sendo coagidas a fazer trocas, seja devido a ameaças físicas, seja por amea- ça de represálias futuras. Em terceiro lugar, como já tivemos oportunidade de ver no Capítulo 13, as barreiras ao livre-comércio podem, às vezes, proporcionar uma vantagem estratégica para determinado país.504 PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E PAPEL DO GOVERNO Portanto, há condições para que ocorra uma troca mutuamente vantajosa, pois James dá mais valor a vestuário do que Karen, enquanto esta dá mais valor a alimento do que ele. Para obter mais uma unidade de alimento, Karen estaria disposta a trocar até 3 unidades do outro bem. James, porém, esta- ria disposto a trocar uma unidade de alimento por 1/2 unidade de vestuário. Os termos finais da troca dependerão do processo de negociação. Entre os resultados possíveis estaria da troca de 1 unidade de alimento (de James) por qualquer quantia entre e 3 unidades de vestuário (de Karen). Suponhamos que Karen ofereça a James 1 unidade de vestuário em troca de 1 unidade de alimen- to. Ambos fariam um bom negócio. James teria mais vestuário, que para ele tem valor superior a ali- mento, e Karen teria mais alimento, que ela valoriza mais do que vestuário. Sempre que as TMSs de dois consumidores forem diferentes, há possibilidade de comércio mutuamente benéfico, pois elas mos- tram que a distribuição dos recursos é ineficiente assim, o comércio fará com que ambos os consumi- dores melhorem seu bem-estar. Por outro lado, para que possa ser alcançada a eficiência econômica, é necessário que haja igualdade entre as TMSs dos dois consumidores. Esse importante resultado também é válido quando há muitas mercadorias e muitos consumidores: uma distribuição de mercadorias é eficiente apenas quando elas são alocadas de tal forma que a taxa marginal de subs- tituição entre qualquer par de mercadorias seja a mesma para todos os consumidores. DIAGRAMA DA CAIXA DE EDGEWORTH Se as trocas são benéficas, quais podem ocorrer? Quais dessas trocas distribuirão eficientemente as mercadorias entre os consumidores? Em quanto melhorará a situação de cada um deles? Podemos respon- der a essas perguntas (no caso de duas pessoas e duas mercadorias) utilizando um diagrama denomina- do caixa de Edgeworth, que ganhou esse nome em homenagem ao economista político F. Y. Edgeworth. caixa de Edgeworth Dia- grama que mostra todas A Figura 16.3 mostra uma caixa de Edgeworth na qual eixo horizontal descreve o número de as possíveis alocações de unidades de alimento, e eixo vertical, o número de unidades de vestuário. 0 comprimento da caixa é quaisquer duas mercado- de 10 unidades de alimentos, que representa a quantidade total de alimento disponível, e sua altura é de rias entre duas pessoas 6 unidades de vestuário, que representa a quantidade total de vestuário disponível. de quaisquer dois in- Cada ponto na caixa de Edgeworth mostra as cestas de mercado de ambos os consumidores. As sumos entre dois proces- unidades pertencentes a James são vistas a partir do ponto de origem e as de Karen são indicadas na sos de produção. direção inversa, a partir do ponto de origem Por exemplo, o ponto A representa a alocação inicial de alimento e vestuário. Ao observarmos eixo horizontal da esquerda para a direita, na parte debaixo da caixa, podemos ver que James possui 7 unidades de alimento e, ao examinarmos 0 eixo vertical à es- querda do diagrama, de baixo para cima, podemos ver que ele possui unidade de vestuário. Portanto, Alimento de Karen 10A 4A 3A 6V Vestuário Vestuário de James de Karen B 2V 4V +1V 5V -1A A 6V 6A 7A 10A Alimento de James Figura 16.3 Trocas em uma caixa de Edgeworth Cada ponto na caixa de Edgeworth representa, simultaneamente, as cestas de vestuário e de alimento de Ja- mes e de Karen. No ponto por exemplo, James tem 7 unidades de alimento e 1 unidade de vestuário, e Ka- ren tem 3 unidades de alimento e 5 unidades de vestuário.CAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 505 para James, 0 ponto A representa 7A e sobram, então, 3A e 5V para Karen. A quantidade de alimen- to destinada a Karen (3A) é vista da direita para a esquerda na parte de cima do diagrama, começando no ponto de origem e sua alocação de vestuário (5V) é lida de cima para baixo do lado direito do dia- grama da caixa. Podemos também ver 0 efeito da troca efetuada por Karen e James. James abre mão de 1A em tro- ca de 1V, passando do ponto A para ponto Karen abre mão de 1V em troca de 1A, deslocando-se também do ponto A para 0 ponto Portanto, 0 ponto passa a representar as cestas de mercado de Ja- mes e de Karen depois de ter sido efetuada uma troca mutuamente benéfica. ALOCAÇÕES EFICIENTES A troca de A para melhorou a situação de Karen e de James. Mas será que o ponto representa uma alocação eficiente? A resposta depende de saber se as TMSs de James e Karen são iguais no ponto B, que, por sua vez, depende do formato de suas respectivas curvas de indiferença. A Figura 16.4 mos- tra diversas curvas de indiferença tanto para James como para Karen. As de James estão desenhadas da forma usual, pois suas alocações são medidas a partir do ponto de origem Mas, para Karen, efetua- mos uma rotação de 180 graus nas curvas de indiferença, de tal forma que 0 ponto de origem está si- tuado no canto superior esquerdo da caixa. As curvas de indiferença de Karen são convexas, exatamen- te como as de James; apenas são visualizadas sob perspectivas diferentes. Agora que estamos familiarizados com os dois conjuntos de curvas de indiferença, vamos exami- nar quais das curvas de James e de Karen, denominadas respectivamente e passam pelo ponto de alocação inicial As TMSs de James e de Karen fornecem as tangentes de suas curvas de indiferen- ça passando pelo ponto A. A TMS de James é igual a 1/2, e a TMS de Karen é igual a 3. A região som- breada entre essas duas curvas representa todas as possíveis alocações de alimento e de vestuário que seriam capazes de tornar 0 bem-estar de Karen e de James maior do que no ponto A. Em outras pala- vras, representa todas as possíveis trocas mutuamente vantajosas. Iniciando no ponto A, qualquer troca que deslocasse a alocação de mercadorias para fora da região sombreada pioraria a situação de um dos dois consumidores e, por isso, não deveria ocorrer. Vimos que a passagem do ponto A para o ponto B foi mutuamente vantajosa. Mas, na Figura 16.4, não é um pon- to eficiente porque as curvas de indiferença e se cruzam, informando dessa maneira que as TMSs de Karen e James não são iguais e que a alocação de mercadorias não é eficiente. Essa situação ilustra um ponto importante: mesmo que a troca feita a partir de uma alocação ineficiente seja vantajosa para ambas as pessoas, a nova alocação de mercadorias resultante não será necessariamente eficiente. Alimento de Karen 10A 6V D Vestuário Vestuário de James de Karen B A 6V Alimento de James 10A Figura 16.4 Eficiência nas trocas A caixa de Edgeworth ilustra as possibilidades de ambos os consumidores aumentarem sua satisfação por meio da troca de produtos. Se A representa a alocação de recursos inicial, a área sombreada descreve todas as trocas mutuamente vantajosas.506 PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E PAPEL DO GOVERNO Suponhamos que a partir do ponto seja feita uma nova troca, na qual James abriria mão de mais uma unidade de alimento para obter uma unidade adicional de vestuário, e Karen abriria mão de uma unidade de vestuário em troca de uma unidade de alimento. 0 ponto da Figura 16.4 apresenta essa nova alocação; nele, as TMSs de ambas as pessoas são iguais, pois as curvas de indiferença são tangentes nesse ponto. Quando as curvas de indiferença são tangentes, suas TMSs são as mesmas, de tal modo que uma pes- soa não conseguiria elevar seu bem-estar sem reduzir bem-estar da outra; conseqüentemente, o ponto representa uma alocação eficiente. Certamente, ponto não é 0 único resultado eficiente possível na negociação entre James e Ka- ren. Por exemplo, se James for um negociador eficiente, ele conseguirá modificar a alocação de merca- dorias, passando do ponto A para 0 ponto D, onde a curva de indiferença é tangente à curva de indi- ferença Isso não faria com que Karen passasse a obter um nível de bem-estar inferior ao que tinha no ponto mas aumentaria muito de James. Pelo fato de não haver possibilidade de continuar pro- cesso de trocas, Dé um ponto de alocação Mas, embora James prefira o ponto D ao ponto C, e Karen prefira 0 ponto ao ponto D, ambos representam alocações eficientes. Em geral, torna-se difícil prever a alocação final que será alcançada durante uma negociação, pois resultado dependerá da ha- bilidade de negociação das pessoas envolvidas. A CURVA DE CONTRATO Vimos que, a partir de uma alocação inicial, podem ser alcançadas muitas alocações eficientes por meio de uma negociação mutuamente vantajosa. Para descobrir todas as possíveis alocações eficientes de ali- mento e vestuário entre Karen e James, teríamos de procurar todos os pontos de tangência entre cada uma de suas respectivas curvas de indiferença. A Figura 16.5 mostra a curva que passa por todos esses pontos de alo- cações eficientes, denominada curva de curva de contrato Cur- va que mostra todas as A curva de contrato apresenta todas as alocações a partir das quais não há mais troca que seja mu- alocações eficientes de tuamente vantajosa. Essas alocações são eficientes porque os bens não podem ser realocados para tornar maior bens entre dois consumi- bem-estar de uma pessoa sem que haja diminuição bem-estar de outra. Na Figura 16.5, as três trocas indica- dores de dois insumos das pelos pontos E, F e G são alocações Pareto-eficientes, embora cada uma delas envolva uma diferen- entre duas funções de te distribuição dos dois bens, pois uma pessoa não pode aumentar seu bem-estar sem que esteja dimi- produção. nuindo o da outra. Diversas propriedades da curva de contrato podem nos ajudar a compreender conceito da efi- ciência de troca. Uma vez que tenha sido escolhido um ponto dessa curva, como por exemplo ponto E, não há nenhuma forma de se passar para outro ponto da curva de contrato, por exemplo, o ponto F, sem Alimento de Karen G Curva de contrato Vestuário F Vestuário de James de Karen E Alimento de James Figura 16.5 A curva de contrato A curva de contrato contém todas as alocações em que as curvas de indiferença dos consumidores são tan- gentes. Cada ponto sobre a curva é eficiente porque uma pessoa não pode aumentar seu bem-estar sem re- duzir da outra.CAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 507 diminuir bem-estar de uma das pessoas (Karen, neste caso). Sem fazer comparações adicionais entre as preferências de James e Karen, não é possível dizer mais nada sobre as alocações representadas pe- los pontos E e F. Simplesmente sabemos que ambos os pontos são eficientes. Nesse sentido, a obtenção da eficiência de Pareto é um objetivo modesto: ela nos informa todas as trocas mutuamente vantajosas, porém não indica quais são as melhores. A eficiência, de Pareto, entretanto, pode ser um conceito po- deroso: se uma mudança vai aumentar a eficiência, é do interesse de todos fazer com que ela ocorra. Freqüentemente conseguimos elevar a eficiência, mesmo quando algum efeito de uma mudança proposta diminui o bem-estar de alguém. É preciso apenas que consideremos uma segunda modifica- ção, de tal forma que conjunto combinado das alterações seja capaz de aumentar 0 bem-estar de todos, sem piorar 0 de ninguém. Por exemplo, suponhamos que seja eliminada a quota de importação de au- tomóveis nos Estados Unidos. Os consumidores norte-americanos poderiam então desfrutar de preços mais baixos, bem como de mais opções de automóveis. Entretanto, alguns trabalhadores norte-ameri- canos perderiam emprego. Mas e se a eliminação da quota fosse acompanhada de isenções fiscais do governo federal e subsídios para a recolocação dos metalúrgicos no mercado de trabalho? Nesse caso, a situação dos consumidores melhoraria (após considerar os custos dos subsídios ao emprego), e a situa- ção dos trabalhadores não pioraria. o resultado seria um aumento da eficiência. EQUILÍBRIO DO CONSUMIDOR EM UM MERCADO COMPETITIVO Em uma troca entre duas pessoas, resultado poderá depender da capacidade de negociação das duas partes. Entretanto, os mercados competitivos têm muitos compradores e vendedores potenciais. Conseqüentemente, cada comprador e cada vendedor considera os preços dos bens como fixos e decide quanto adquirirá ou venderá por esses preços. Podemos mostrar por meio da caixa de Edgeworth de que forma os mercados competitivos levam a trocas eficientes. Suponhamos, por exemplo, que haja muitos James e muitas Karens. Isso permite que imaginemos cada um deles como um aceitador de preço, em- bora estejamos trabalhando com um diagrama de caixa apenas com duas pessoas. A Figura 16.6 mostra as oportunidades de troca a partir da alocação determinada pelo ponto A, quando os preços tanto para alimento quanto para vestuário são iguais a 1. (Os preços reais não impor- tam; o que interessa é preço de um bem em relação ao outro.) No momento em que os preços do ali- mento e do vestuário se tornam iguais, cada unidade do primeiro pode ser trocada por uma unidade do segundo. Conseqüentemente, a linha de preço PP' do diagrama, que possui uma inclinação de -1, des- creve todas as possíveis alocações para a troca. Alimento de Karen 10A 6V Linha de preço P Vestuário Vestuário de James de Karen A UK P' 6V o, 10A Alimento de James Figura 16.6 equilíbrio competitivo Em um mercado competitivo, os preços dos dois bens determinam os termos de troca entre os consumido- res. Se A é a alocação inicial dos bens e a linha de preço PP' representa a razão dos preços, 0 mercado compe- titivo levará a um equilíbrio em C, ponto de tangência entre as curvas de indiferença. Como resultado, equilíbrio competitivo é eficiente.508 PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E PAPEL DO GOVERNO Suponhamos que cada James decida adquirir 2 unidades de vestuário em troca de 2 unidades de alimento. Tal fato, representado por um movimento de cada James de A para C, aumenta grau de sa- tisfação desses consumidores, que passam da curva de indiferença para a curva Enquanto isso, cada Karen adquire 2 unidades de alimento em troca de 2 unidades de vestuário, de tal modo que cada uma delas também muda do ponto A para 0 ponto e tem seu grau de satisfação ampliado, passando da curva de indiferença para a curva Determinamos preços para as duas mercadorias de modo que a quantidade de alimento que cada Na Seção 8.7, explica- Karen demanda seja igual à quantidade do mesmo bem que cada James está disposto a vender, e a mos que no equilíbrio quantidade de vestuário que cada James demanda seja igual à quantidade do mesmo bem que cada competitivo as empresas Karen está disposta a vender. Conseqüentemente, os mercados para alimento e vestuário estão em aceitadoras de preço ma- equilíbrio. Um equilíbrio é um conjunto de preços nos quais a quantidade demandada torna-se igual à quantidade ximizam o lucro e que o preço do produto é tal ofertada em cada um dos mercados. Nesse caso, temos também um equilíbrio competitivo, pois todos os que a quantidade deman- vendedores e compradores atuam como aceitadores de preço. dada é igual à quantida- Nem todos os preços são consistentes com um equilíbrio. Por exemplo, se o preço do alimento for de ofertada. 1 e do vestuário for 3, primeiro bem teria de ser trocado pelo segundo na base de 3 para 1. Mas, dessa forma, cada James não estaria disposto a abrir mão de nenhuma quantidade de alimento para obter vestuário adicional, pois sua TMS de alimento por vestuário é de apenas 1/2. Por outro lado, cada Karen estaria feliz em poder vender vestuário para poder obter mais alimento, mas não encontraria ninguém disposto a negociar com ela. 0 mercado estaria, portanto, em desequilíbrio, já que a quantidade deman- dada não seria igual à quantidade ofertada. Esse desequilíbrio deve ser apenas temporário. Em um mercado competitivo, os preços serão ajustados caso haja excesso de demanda em alguns mercados (a quantidade demandada de uma excesso de demanda Ocorre quando a quan- mercadoria é maior do que a quantidade ofertada) e excesso de oferta em outros (a quantidade ofer- tidade demandada de tada é maior do que a quantidade demandada). Em nosso exemplo, a demanda de alimento de cada um bem excede a quan- Karen é muito maior do que a vontade de vender de cada James, ao passo que a vontade de trocar ves- tidade ofertada. tuário de cada Karen é muito maior do que a demanda de cada James. Como resultado desse excesso de demanda de alimento e de oferta de vestuário, é de esperar que haja então um aumento no preço do alimento em relação ao preço do outro bem. À medida que o preço varia, também variam as deman- excesso de oferta Ocor- re quando a quantidade das de todos os que estão no mercado. Inevitavelmente, os preços se ajustarão até que se alcance um ofertada de um bem exce- equilíbrio. Em nosso exemplo, 0 preço de ambos os bens pode ser 2. Em nossa análise anterior, enten- de a quantidade deman- demos que, quando o preço do vestuário torna-se igual ao preço do alimento, o mercado alcança uma dada. situação de equilíbrio competitivo. (Lembre-se de que apenas os preços relativos interessam; isto é, um preço igual a 2 tanto para vestuário quanto para 0 alimento equivale a um preço igual a 1 para am- bas as mercadorias.) Observe a importante diferença entre as condições de troca com apenas dois indivíduos e a situa- ção de uma economia com muitas pessoas (muitos James e Karens). Quando apenas dois indivíduos es- tão envolvidos, a negociação dá margem a um resultado indeterminado. Entretanto, quando muitas pessoas estão envolvidas, os preços das mercadorias são determinados pela combinação de escolhas dos demandantes e dos ofertantes de mercadorias. A EFICIÊNCIA ECONÔMICA EM MERCADOS COMPETITIVOS Podemos agora entender um dos resultados fundamentais da análise microeconômica. Podemos observar por meio do ponto C da Figura 16.6 que a alocação de mercadorias em um equilíbrio competitivo é eco- nomicamente eficiente. A principal razão para isso é que 0 ponto deve estar no ponto de tangência de duas curvas de indiferença. Se isso não ocorrer, um dos James ou uma das Karens não obterá satisfação máxima e desejará continuar a troca para alcançar um nível mais alto de utilidade. Esse resultado é válido tanto em uma estrutura de trocas como em um contexto de equilíbrio geral no qual todos os mercados são totalmente competitivos. Trata-se da forma mais direta de ilustrar modo de funcionamento da famosa mão invisível de Adam Smith, pois, de acordo com ela, a economia automaticamente alocará recursos de maneira eficiente sem a necessidade de um controle regulador. É a ação independente dos consumidores e dos produtores, que aceitam os preços, que permite que os mercados funcionem de uma maneira economicamente eficiente. Não é surpresa, portanto, que a mão invisível seja geralmente usada como a norma com a qual são comparados os modos de funcionamen- to de determinados mercados no mundo real. Para alguns, a mão invisível reforça a defesa normativa de menor intervenção governamental; eles argumentam que os mercados são altamente competitivos. Para outros, a mão invisível apóia 0 aumento na intervenção governamental; eles afirmam que esta é necessária para tornar os mercados mais competitivos. Seja qual for a visão que tenham a respeito da intervenção governamental, a maioria dos econo- mistas considera resultado da mão invisível importante. Na verdade, 0 resultado em que equilíbrioCAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 509 competitivo é economicamente eficiente é freqüentemente descrito como primeiro teorema da eco- economia do bem-estar nomia do bem-estar, que envolve uma avaliação normativa dos mercados e da política econômica. Avaliação normativa do Formalmente, primeiro teorema afirma seguinte: desempenho dos mercados e da política econômica. Se todos fizerem transações em um mercado competitivo, todas as transações mutuamente vanta- josas serão realizadas e equilíbrio na alocação dos recursos será economicamente eficiente. Vamos resumir 0 que sabemos a respeito do equilíbrio competitivo sob a perspectiva do con- sumidor: 1. Como as curvas de indiferença são tangentes, todas as taxas marginais de substituição entre os consumidores são iguais. 2. Como cada curva de indiferença é tangente à linha de preço, a TMS de alimento ou vestuário para cada pessoa é igual à razão entre os preços das duas mercadorias. Formalmente, se representarem os dois preços, teremos: (16.1) Não é fácil obter uma alocação eficiente de mercadorias quando há muitos consumidores (e mui- tos produtores). Ela pode ser alcançada se todos os mercados são totalmente competitivos. Contudo, re- sultados eficientes também podem ser obtidos por outros meios por exemplo, mediante um sistema centralizado no qual governo aloca todos os bens e serviços. Geralmente se prefere a solução compe- titiva porque ela aloca os recursos com um mínimo de informações. Todos os consumidores devem nhecer suas próprias preferências e os preços que têm diante de si, mas não necessitam saber 0 que es- tá sendo produzido ou quais são as demandas dos demais consumidores. Outros métodos de alocação requerem maiores informações e, por isso, tornam-se demasiadamente difíceis e custosos para serem administrados. 16.3 EQÜIDADE E EFICIÊNCIA Mostramos que diferentes alocações eficientes de mercadorias podem ser alcançadas e, também, como uma economia totalmente competitiva consegue gerá-las. Mas algumas alocações tendem a ser mais equilibradas do que outras. Como determinamos qual é a alocação mais eqüitativa? Essa é uma questão de difícil resposta economistas e outros estudiosos discordam tanto a respeito de como a eqüi- dade deve ser definida como a respeito de como ela deve ser quantificada. Qualquer perspectiva nesse sentido envolveria comparações subjetivas de utilidade, e mesmo pessoas de bom senso poderiam dis- cordar sobre a forma pela qual tais comparações deveriam ser feitas. Nesta seção, discutiremos esse ponto geral e ilustraremos com um caso específico mostrando que não há razão para crer que uma alo- cação associada a um equilíbrio competitivo seja necessariamente FRONTEIRA DE POSSIBILIDADES DA UTILIDADE Lembre-se de que cada ponto da curva de contrato na economia de trocas entre duas pessoas mostra os níveis de utilidade que James e Karen podem obter. Na Figura 16.7, apresentaremos as in- formações da caixa de Edgeworth de uma forma diferente. A utilidade de James será medida no eixo horizontal e a de Karen, no eixo vertical. Qualquer ponto da caixa de Edgeworth corresponde a um ponto da Figura 16.7, pois cada uma das alocações gera utilidade para ambas as pessoas. Cada movi- mento para a direita na figura representa um aumento na utilidade de James, e cada movimento para cima representa um aumento na utilidade de Karen. A fronteira de possibilidades da utilidade representa todas as alocações que são eficientes. Demons- fronteira de possibilida- tra os níveis de satisfação que são alcançados quando dois indivíduos atingem a curva de contrato. des da utilidade Curva ponto é um extremo no qual James não possui mercadoria alguma, tendo, portanto, utilidade zero, que mostra todas as alo- ao passo que o ponto é 0 extremo oposto, no qual Karen também não possui nenhuma mercadoria. cações eficientes de recur- Como todos os demais pontos da fronteira, como E, F e G, correspondem a pontos na curva de contra- sos medidas em termos do to, uma pessoa não pode aumentar seu nível de satisfação sem que haja uma diminuição no nível de sa- nível de utilidade dos dois tisfação da outra. Entretanto, o ponto H representa uma alocação ineficiente, pois qualquer troca de510 PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E PAPEL DO GOVERNO Utilidade de Karen E L F H G Utilidade de James Figura 16.7 Fronteira de possibilidades da utilidade A fronteira de possibilidades da utilidade mostra os níveis de satisfação que duas pessoas alcançam quando realizam trocas até chegar a um resultado eficiente sobre a curva de contrato. Os pontos E, F e G correspon- dem aos pontos sobre a curva de contrato e são eficientes. ponto H é ineficiente, porque qualquer troca no interior da área sombreada beneficiará uma ou ambas as pessoas envolvidas. mercadorias que ocorra dentro da região sombreada torna maior a satisfação de uma ou de ambas as pessoas. No ponto L, os dois participantes estariam mais satisfeitos, mas esse ponto não é atingível, pois não há quantidade suficiente das duas mercadorias para que possam ser gerados os níveis de utilidade que 0 ponto representa. Poderia parecer razoável concluir que uma alocação deve ser Pareto-eficiente para ser considera- da Compare 0 ponto H com ponto F e com o ponto E. Tanto F como E são eficientes, e (em relação a H) cada um deles torna uma das pessoas mais satisfeita sem tornar a outra menos satisfeita. Portanto, poderíamos concordar que seria não eqüitativo para James ou Karen, ou para ambos, que uma economia fizesse uma alocação no ponto H, e não no F ou no Mas suponhamos que H e G fossem as únicas alocações possíveis. G seria mais eqüitativo do que H? Não Em comparação com 0 ponto H, G tem mais utilidade para James e menos uti- lidade para Karen. Algumas pessoas podem achar que G é mais eqüitativo do que H, enquanto outras podem achar o oposto. Podemos, portanto, concluir que uma alocação ineficiente de recursos pode ser mais do que uma alocação eficiente. 0 problema é como definir que é uma alocação eqüitativa. Mesmo que nos limitemos a todos os pontos situados sobre a fronteira de possibilidades da utilidade, ainda assim é possível perguntar qual deles seria 0 mais A resposta depende do que se acredita que a eqüidade representa e, portanto, de- pende das comparações interpessoais de utilidade que se esteja disposto a fazer. FUNÇÕES DO BEM-ESTAR SOCIAL Em economia, freqüentemente utilizamos uma função de bem-estar so- função de bem-estar social Pesos atribuídos a cada uti- cial para descrever os pesos específicos atribuídos à utilidade de cada pessoa na determinação do que é lidade individual na deter- socialmente desejável. Determinada função de bem-estar social, a utilitarista, dá pesos iguais à utilidade minação daquilo que é so- de cada pessoa e, conseqüentemente, propõe que se deve maximizar a utilidade total de todos os mem- cialmente desejável. bros da sociedade. As diferentes funções de bem-estar social podem ser associadas a pontos de vista es- pecíficos a respeito do que é eqüidade. Entretanto, há pontos de vista que não ponderam explicitamente as utilidades de cada pessoa e, portanto, rejeitam que se possa construir uma função de bem-estar social. Por exemplo, uma visão orientada para mercado argumenta que resultado alcançado pelo processo de mercado é eqüitativo, pois recompensa os mais capazes e os que trabalham com maior afinco. Se, por exemplo, E representar a alocação do equilíbrio competitivo, E deve ser considerado mais eqüitativo do que F, embora as mercadorias sejam alocadas menos igualmente. Quando mais de duas pessoas estão envolvidas, significado da palavra eqüidade se torna ainda mais complexo. A visão rawlsiana³ imagina um mundo no qual os indivíduos não sabem qual será sua fortuna. Rawls argumenta que, diante de um mundo em que não sabemos qual será nosso próprio 'des- Veja John Rawls, A theory of justice. Nova York: Oxford University Press, 1971.CAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 511 tino', optaríamos por um sistema que assegurasse um tratamento razoável para indivíduo de menor poder aquisitivo da sociedade. Especificamente, de acordo com Rawls, a alocação mais eqüitativa maximi- za a utilidade do indivíduo de menor poder aquisitivo da sociedade. A perspectiva rawlsiana pode ser igualitária envolvendo mesmo nível de alocação de mercadorias entre todos os membros da sociedade. Mas is- so não é regra. Suponhamos que, ao recompensar mais as pessoas mais produtivas, fosse possível con- seguir que elas trabalhassem com maior afinco. Isso poderia resultar na produção de um número maior de bens e serviços, alguns dos quais poderiam ser realocados para melhorar bem-estar dos membros mais pobres da sociedade. As quatro visões sobre eqüidade apresentadas na Tabela 16.2 estão hierarquizadas, da mais para a menos igualitária. Enquanto a visão igualitária explicitamente requer igualdade de alocações, a visão rawlsiana enfatiza a igualdade (pois, de outra forma, algumas pessoas estariam em situação bem pior do que outras). A visão utilitarista tende a implicar alguma diferença entre os membros mais ricos e os mais pobres de uma sociedade. Por fim, a última visão, a orientada para o mercado, pode levar a uma substancial desigualdade na alocação de bens e serviços. EQÜIDADE E COMPETIÇÃO PERFEITA equilíbrio competitivo leva a um resultado Pareto-eficiente que pode ou não ser eqüitativo. De fato, um equilíbrio competitivo poderia ocorrer em qualquer ponto da curva de contrato, dependendo da alocação inicial. Imagine, por exemplo, que a alocação inicial concedesse todo o alimento e todo vestuário a Karen. Isso corresponderia ao ponto 0, da Figura 16.7, de tal modo que ela não teria razões para fazer trocas. 0 ponto seria, portanto, um ponto de equilíbrio competitivo, da mesma forma que ponto e todos os pontos intermediários situados na curva de Como as alocações eficientes não são necessariamente eqüitativas, a sociedade precisa se apoiar de certa forma no governo para poder redistribuir renda ou mercadorias entre as famílias, de modo que se alcancem os objetivos da eqüidade. Isso pode ser feito por meio do sistema fiscal. Por exemplo, um imposto progressivo sobre a renda cujos fundos arrecadados fossem usados em programas que benefi- ciassem as famílias na proporção de sua renda redistribuiria os rendimentos dos ricos para os pobres. 0 governo pode também oferecer serviços públicos, como atendimento médico para os pobres, ou pode transferir fundos por meio de programas de distribuição de alimentos. resultado em que equilíbrio competitivo pode manter cada ponto da curva de contrato é fundamental em microeconomia. É importante porque sugere uma resposta para uma pergunta nor- mativa básica: há trade-off entre eqüidade e eficiência? Em outras palavras, uma sociedade que quer alcançar uma distribuição de recursos mais eqüitativa deve necessariamente operar de uma maneira economicamente ineficiente? A resposta, que é dada pelo segundo teorema da economia do bem-estar, diz que a redistribuição não precisa entrar em conflito com a eficiência Formalmente, 0 se- gundo teorema afirma seguinte: Se as preferências individuais são convexas, então cada alocação eficiente (cada ponto na curva de contrato) é um equilíbrio competitivo para alguma alocação inicial de recursos. Literalmente, esse teorema nos diz que qualquer equilíbrio tido como pode ser alcan- çado por meio de uma possível distribuição de recursos entre os indivíduos e que tal distribuição não ge- rará necessariamente ineficiências. Infelizmente, todos os programas que redistribuem renda na socie- dade são dispendiosos. Impostos podem estimular as pessoas a trabalhar menos ou então fazer com que as empresas invistam recursos para evitar pagar impostos, em vez de investi-los na produção. Portanto, em termos práticos, há trade-offs entre os objetivos de eqüidade e de eficiência, de tal modo que se en- frentam escolhas difíceis. A economia do bem-estar, que se baseia no primeiro e no segundo teoremas, proporciona uma estrutura útil para debater as questões normativas que envolvem aspectos de eqüida- de-eficiência no que tange à política pública. TABELA 16.2 Quatro visões de eqüidade 1. Igualitária todos membros da sociedade recebem iguais quantidades de mercadorias 2. Rawlsiana maximiza a utilidade da pessoa de menor posse 3. Utilitária maximiza utilidade total de todos membros da sociedade 4. Orientada para 0 mercado 0 resultado alcançado pelo mercado é considerado 0 mais512 PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E PAPEL DO GOVERNO 16.4 EFICIÊNCIA NA PRODUÇÃO Tendo descrito as condições necessárias para alcançar uma alocação eficiente nas trocas entre duas mercadorias, consideraremos agora 0 uso eficiente dos insumos no processo produtivo. Estamos supondo que haja quantidades ofertadas totais fixas dos insumos trabalho e capital, que são necessá- rios para produzir alimento e vestuário. Entretanto, em vez de duas pessoas, estaremos agora supondo que muitos consumidores possuam os insumos de produção (inclusive o trabalho) e recebam rendi- mentos ao vendê-los. A renda resultante, por sua vez, é alocada entre as duas mercadorias. Essa estrutura interliga os vários elementos da oferta e da demanda da economia. As pessoas for- necem os insumos necessários à produção e então utilizam a renda assim obtida para gerar demanda e consumir bens e serviços. Quando 0 preço de determinado insumo aumenta, as pessoas que fornecem grandes quantidades daquele insumo ampliam seus rendimentos e consomem mais das duas mercado- rias. Por sua vez, isso aumenta a demanda de insumos necessários à produção de cada mercadoria, oca- sionando um efeito de retroalimentação no preço desses insumos. Apenas uma análise de equilíbrio geral poderia encontrar os preços que igualem a oferta e a demanda em cada um dos mercados. PRODUÇÃO NA CAIXA DE EDGEWORTH Continuaremos utilizando diagrama da caixa de Edgeworth, mas em vez de medir as mercado- rias em cada um dos eixos, como fizemos anteriormente, estaremos medindo os insumos do processo produtivo. A Figura 16.8 mostra um diagrama de caixa em que 0 insumo mão-de-obra é medido ao lon- go do eixo horizontal e insumo capital é medido ao longo do eixo vertical. Cinqüenta horas de traba- lho e trinta horas de capital encontram-se disponíveis para 0 processo de produção. Na análise das tro- cas efetuada anteriormente, cada origem representava uma pessoa; agora, cada origem representa uma unidade de produção. A origem para a produção de alimento é e é a origem para a produção de vestuário. A única diferença entre a nossa análise da produção e a nossa análise das trocas é que desta vez mediremos insumos em vez de produtos no diagrama e enfocaremos dois produtos em vez de dois consumidores. Cada ponto do diagrama representa os insumos trabalho e capital para a produção de alimento e de vestuário. Por exemplo, A representa a utilização de 35 horas de trabalho e 5 horas de capital na pro- Trabalho na produção de vestuário 50L 40L 30L 20L 10L 30K 80A 10V D 20K 25V 10K Capital 30V na produção Capital de alimento na produção de vestuário 10K 20K A 60A 50A 30K 10L 20L 30L 40L 50L Trabalho na produção de alimento Figura 16.8 Eficiência na produção Em uma caixa de Edgeworth com dois insumos fixos e duas mercadorias, o uso eficiente dos insumos ocor- re quando as isoquantas para as duas mercadorias são tangentes. Se a produção usa inicialmente os insumos descritos pelo ponto A, a área sombreada mostra a região onde pode ser produzida uma quantidade maior das duas mercadorias quando rearranjamos 0 uso dos insumos. Os pontos B, e D estão sobre a curva de contra- to da produção e envolvem um uso eficiente dos insumos.CAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 513 dução de alimento e 15 horas de trabalho e 25 horas de capital na produção de vestuário. Todas as pos- síveis combinações entre trabalho e capital para a produção dessas duas mercadorias encontram-se re- presentadas por pontos do diagrama. As diversas isoquantas mostram os níveis de produção alcançados com as diversas combinações Na Seção 6.3, explicamos de insumos. Cada isoquanta representa a produção total de uma mercadoria que pode ser obtida, sem que uma isoquanta é uma distinção entre a empresa ou as empresas que a produzem. Desenhamos três isoquantas representan- curva que mostra todas as do, respectivamente, 50, 60 e 80 unidades produzidas de alimento. As isoquantas para esse bem se as- possíveis combinações de insumos das quais resulta semelham às utilizadas no Capítulo 6. Como fizemos uma rotação de 180 graus nas isoquantas do ves- um mesmo produto. tuário, elas podem ser vistas a partir do ponto de origem Por exemplo, a isoquanta 50A representa todas as combinações de trabalho e capital capazes de produzir 50 unidades de alimento, enquanto a isoquanta 25V representa todas as combinações de trabalho e capital capazes de produzir 25 unidades de vestuário. Desenhamos também três isoquantas representando a produção de 10, 25 e 30 unidades de ves- tuário. Essas isoquantas aumentam em quantidade produzida à medida que nos movemos da parte su- perior direita para a parte inferior esquerda do diagrama, uma vez que a quantidade de um ou ambos os insumos aumentou. Agora podemos ver que ponto A representa, simultaneamente, 50 unidades de alimento e 25 de vestuário, estando cada quantidade associada a uma diferente combinação de insumos de produção. EFICIÊNCIA NOS INSUMOS Para entendermos de que forma os insumos podem ser combinados eficientemente, devemos des- cobrir as diversas combinações de insumos que podem ser utilizadas para produzir cada um dos dois produtos. Uma determinada alocação de insumos para processo produtivo é considerada tecnica- eficiência técnica Ocor- mente eficiente se a produção de uma mercadoria não puder ser aumentada sem que ocorra uma di- re quando as empresas minuição na quantidade produzida da outra mercadoria. A eficiência da produção não é um conceito combinam insumos para novo; no Capítulo 6, tivemos a oportunidade de ver que uma função de produção representa a produ- produzir um dado produ- ção máxima que pode ser obtida com determinado conjunto de insumos. Aqui, expandimos esse con- to do modo menos dis- ceito para a produção de duas mercadorias em vez de apenas uma. pendioso possível. A Figura 16.8 mostra que, quando a redistribuição dos insumos resulta em maior quantidade produzida de uma ou de ambas as mercadorias, eles estão alocados de modo ineficiente. Por exem- plo, uma alocação ineficiente, como a mostrada no ponto A, pode surgir se o mercado de mão-de-obra sindicalizada tiver leis trabalhistas ineficientes. A alocação no ponto A é nitidamente ineficiente, pois qualquer combinação de insumos na região sombreada gera maiores quantidades tanto de alimento como de vestuário. Por exemplo, podemos passar do ponto A para o ponto deslocando uma parte do trabalho empregado na produção de alimento para a produção de vestuário e deslocando uma parte do capital utilizado na produção de vestuário para a produção de alimento. Isso geraria a mesma quantidade de alimento (50 unidades), mas uma quantidade maior de vestuário (que passaria de 25 para 30 unidades). CURVA DE CONTRATO DA PRODUÇÃO Tanto 0 ponto quanto da Figura 16.8 são alocações eficientes. De fato, todos os pontos localizados na curva que interliga e são eficientes. Cada um deles é um ponto de tangência entre duas curvas isoquantas, da mesma maneira que cada ponto da curva de con- trato representa um ponto de tangência entre duas curvas de indiferença. A curva de contrato da curva de contrato da pro- produção representa todas as combinações tecnicamente eficientes dos insumos. Qualquer ponto que dução Curva que mos- não esteja situado nessa curva de contrato é ineficiente, pois as duas isoquantas que passam por tal tra todas as combinações ponto se cruzam. Quando isso acontece, o trabalho e o capital podem ser redistribuídos, 0 que aumen- tecnicamente eficientes de tará a produção de pelo menos uma das duas mercadorias. Observe, por exemplo, que as isoquantas se insumos. cruzam no ponto Partindo do ponto A, podemos verificar que quaisquer alocações situadas dentro da região sombreada conseguirão aumentar a quantidade produzida de ambas as mercadorias; portanto, ponto A é tecnicamente ineficiente. EQUILÍBRIO DO PRODUTOR EM UM MERCADO DE INSUMOS COMPETITIVOS Se os mercados de insumos são competitivos, um ponto de produção eficiente será alcançado. Ve- Na Seção 7.3, explica- remos a razão disso. Se os mercados do capital e do trabalho são perfeitamente competitivos, então a mos que a taxa de loca- remuneração do trabalho W será a mesma em todos os setores. De igual modo, a taxa de locação do ca- ção é custo anual de pital também será a mesma, independentemente de capital estar sendo utilizado na produção de ali- rendar uma unidade de mento ou de vestuário. Sabemos, de acordo com o Capítulo 7, que, se os produtores desses dois bens mi- capital.514 PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E PAPEL DO GOVERNO nimizam seus custos de produção, utilizam combinações de trabalho e de capital de tal modo que a re- lação entre os produtos marginais dos dois insumos é igual à razão entre seus preços: Na Seção 6.3, explicamos Mas mostramos também que a relação entre os produtos marginais dos dois insumos é igual à ta- que a taxa marginal da xa marginal de substituição técnica do capital pelo trabalho, Conseqüentemente: substituição técnica do ca- pital pelo trabalho é a w/r (16.2) quantidade de insumos de capital que se pode redu- Como a TMST é a inclinação da isoquanta da empresa, ocorrerá um equilíbrio competitivo no zir quando se usa uma mercado de insumos somente quando cada produtor utilizar trabalho e capital de tal forma que as in- unidade extra de trabalho, clinações de suas isoquantas sejam iguais entre si e sejam iguais à razão entre os preços dos dois insu- de modo que a produção mos. Conseqüentemente, equilíbrio competitivo deve estar na curva de contrato, sendo eficiente na produção das permaneça constante. mercadorias consideradas. ponto sobre a curva de contrato à que se chega depende das demandas dos consumidores pe- las duas mercadorias. Por exemplo, suponhamos que a demanda dos consumidores por alimento se- ja muito maior do que a por vestuário. Um possível equilíbrio competitivo ocorre no ponto D da Fi- gura 16.8. Aqui, 0 produtor minimiza 0 custo da produção de 80 unidades de alimento ao empregar 43 unidades de trabalho e 20 unidades de capital. produtor de vestuário gera 10 unidades desse bem com 7 unidades de trabalho e 10 unidades de capital. Se a remuneração for igual à taxa de loca- Conforme dissemos na ção do capital, as linhas de isocusto apresentarão uma inclinação de -1, como ocorre no diagrama. A Seção 7.3, uma linha de esses preços, nenhum dos dois produtores estará disposto a adquirir unidades adicionais de fatores isocusto inclui todas as de produção. possíveis combinações de Torna-se fácil verificar que, partindo de um ponto situado fora da curva de contrato, ambos os trabalho e capital que po- dem ser adquiridas por produtores descobrirão que é vantajosa a contratação de mais trabalho ou a locação de capital adicional dado custo total. para que consigam redistribuir seus insumos a fim de minimizar seus respectivos custos. Vê-se também de modo claro, no diagrama da Figura 16.8, que mercado de insumos não possui um único equilíbrio competitivo. A eficiência em seu uso pode envolver a produção de muito alimento e pouco vestuário, ou vice-versa. fronteira de possibilidades de produção Curva que A FRONTEIRA DE POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO mostra as combinações de dois bens que podem ser A fronteira de possibilidades de produção mostra as diversas combinações de alimento e ves- produzidas com quantida- tuário que podem ser produzidas com uma quantidade fixa de insumos trabalho e capital, mantendo- des fixas de se a tecnologia constante. A fronteira apresentada na Figura 16.9 foi obtida a partir da curva de contra- Vestuário (unidades) 60 Áreas ampliadas A D 2V D IA 0 100 Alimento (unidades) Figura 16.9 Fronteira de possibilidades de produção A fronteira de possibilidades de produção mostra todas as combinações eficientes de produtos. Os pontos B, e D representam pontos equivalentes na curva de contrato da produção da Figura 16.8. A fronteira de pos- sibilidades de produção é côncava porque sua inclinação (a taxa marginal de transformação) aumenta à me- dida que o nível de produção de alimentos aumenta.CAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 515 to da Figura 16.8. Cada ponto, tanto da curva de contrato como da fronteira de possibilidades de produ- ção, apresenta quantidades eficientemente produzidas de alimento e de vestuário. Os pontos da fronteira de possibilidades estão identificados para corresponder aos pontos da cur- va de contrato da produção. 0 ponto representa um extremo no qual apenas se produz vestuário, e representa outro extremo no qual apenas se produz alimento. Os pontos B, e D correspondem aos outros três pontos da curva de contrato da Figura 16.8. Como dissemos na Seção 0 ponto A, que representa uma alocação ineficiente, situa-se dentro da fronteira de possibilidades 14.4, um sindicato voltado de produção. Todos os pontos contidos no triângulo ABC envolvem a completa utilização de capital e tra- à maximização de renda tenta maximizar os rendi- balho no processo produtivo. No entanto, uma distorção no mercado de trabalho, devida talvez a um mentos que seus associa- sindicato voltado à maximização da renda, fez com que a economia como um todo fosse produtivamen- dos recebem, acima do seu te ineficiente. custo de oportunidade. Por que a fronteira de possibilidades de produção possui uma inclinação descendente? Para pro- duzir mais alimento eficientemente é necessário retirar alguns insumos da produção de vestuário, 0 que por sua vez diminui nível de produção. Como todos os pontos situados dentro da fronteira são inefi- cientes, eles não se encontram na curva de contrato. TAXA MARGINAL DE TRANSFORMAÇÃO A fronteira de possibilidades de produção é côncava (curvada pa- dentro) isto é, sua inclinação aumenta em magnitude à medida que se produz mais alimento. Pa- ra descrevermos esse fato, definimos a taxa marginal de transformação de vestuário por alimento taxa marginal de transfor- (TMT) como a magnitude da inclinação da fronteira em cada um de seus pontos. A TMT mede a quanti- mação Quantidade de dade de vestuário de que se deve abrir mão para produzir uma unidade adicional de alimento. Por exemplo, as um bem que se deve dei- áreas ampliadas na Figura 16.9 mostram que no ponto B, situado na fronteira, a TMT é igual a 1, pois xar de produzir para pro- é necessário abrir mão de 1 unidade de vestuário para obter 1 unidade adicional de alimento. Entre- duzir uma unidade adicio- nal de um outro bem. tanto, no ponto D, a TMT é 2, pois é necessário abrir mão de 2 unidades de vestuário para obter 1 uni- dade adicional de alimento. Observe que, à medida que elevamos a produção de alimento, percorrendo a fronteira de possi- bilidades de produção, a TMT Esse aumento ocorre porque a produtividade do trabalho e do capital são diferentes quando tais insumos são utilizados para produzir alimento ou vestuário. Su- ponhamos que iniciemos no ponto onde apenas se produz vestuário. Agora retiramos uma parte do trabalho e do capital da produção desse bem, cujos produtos marginais são relativamente baixos, e passamos a utilizá-los na produção de alimento, cujos respectivos produtos marginais são mais al- tos. Nessas circunstâncias, para obter a primeira unidade de alimento, perde-se muito pouca produ- ção de vestuário (isto é, a TMT é muito menor do que 1). Mas, à medida que percorremos a fronteira de possibilidades de produção e passamos a produzir menos vestuário, aumentam as produtividades do trabalho e do capital na produção desse bem e diminuem as produtividades do trabalho e do capi- tal na produção de alimento. No ponto B, as produtividades são iguais e a TMT é 1. Continuando a percorrer a fronteira de possibilidades de produção, podemos observar que, como as produtividades dos insumos da produção de vestuário sobem mais e as dos insumos de alimento decrescem, a TMT se torna maior do que 1. Podemos também descrever formato da fronteira de possibilidades de produção em termos dos custos de produção. No ponto em que se abre mão de muito pouca produção de vestuário para pro- duzir quantidades adicionais de alimento, custo marginal da produção é muito baixo: uma grande quantidade de produto é obtida com uma pequena quantidade de insumos. Inversamente, o custo marginal da produção de vestuário é muito elevado: é necessária uma grande quantidade de ambos os insumos para produzir mais uma unidade de vestuário. Portanto, quando a TMT for baixa, a relação entre custo marginal da produção de alimento, e 0 custo marginal da produção de vestuário, também será baixa. De fato, a inclinação da fronteira de possibilidades de produção mede custo margi- nal da produção de determinada mercadoria em relação ao custo marginal da produção da outra mercadoria. A curvatura da fronteira de possibilidades de produção está diretamente ligada ao fato de que custo marginal de produção de alimento em relação ao custo marginal de produção de vestuário está cres- cendo. Em particular, a seguinte relação permanece válida ao longo de toda a fronteira de possibilida- des de produção: TMT (16.3) A fronteira de possibilidades da produção não precisa necessariamente ter uma TMT continuamente crescente. Por exemplo, suponhamos que haja substanciais rendimentos decrescentes de escala na produção de alimento. Dessa forma, à medida que os insumos forem sendo deslocados da produção de vestuário para a produção de alimento, as quantidades de vestuário que se deverá deixar de produzir para obter uma unidade a mais de alimento vão516 PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E PAPEL DO GOVERNO Essa condição é válida no ponto B, por exemplo, em que a TMT é igual a 1. Nesse ponto, quando os insumos são deslocados da produção de vestuário para a produção de alimento, uma unidade de pro- duto é perdida e uma unidade de produto é ganha. Se os insumos necessários para a produção de uma unidade de qualquer um dos dois produtos custarem $100, a relação entre seus custos marginais será de $100/$100, ou seja, igual a 1. A equação 16.3 também é válida para 0 ponto D (bem como para qual- quer outro ponto da fronteira de possibilidades de produção). Suponhamos que os insumos necessários para produzir 1 unidade de alimento custem $160. Então, 0 custo marginal do alimento seria de $160, mas 0 custo marginal do vestuário seria de apenas $80 ($160/2 unidades de vestuário). Conseqüente- mente, a relação entre os custos marginais, 2, seria igual à TMT. EFICIÊNCIA NA PRODUÇÃO Para que uma economia seja eficiente, não basta que se produzam mercadorias ao custo mínimo; devem-se também produzir combinações de mercadorias pelas quais as pessoas estejam dispostas a pagar. Para po- der compreender esse princípio, lembre-se de que, conforme dissemos no Capítulo 3, a taxa marginal de substituição (TMS) de alimento por vestuário mede a disposição que 0 consumidor tem de adquirir menos vestuário para adquirir uma unidade adicional de alimento. A taxa marginal de transformação, por sua vez, mede 0 custo de uma unidade adicional de alimento em termos da menor produção de ves- tuário. Uma economia estará produzindo eficientemente apenas se, para cada consumidor: TMS = TMT (16.4) Para entendermos por que essa condição é necessária para a eficiência, suponhamos que a TMT seja igual a 1, mas que a TMS seja igual a 2. Nesse caso, os consumidores estariam dispostos a abrir mão de 2 unidades de vestuário para obter 1 unidade de alimento. Contudo, custo adicional da aquisição de 1 unidade de alimento é de apenas 1 unidade de vestuário não produzida. De modo claro, vemos que pouco alimento está sendo produzido. Para que se possa alcançar a eficiência, a produção de alimento deve ser aumentada até que a TMS diminua, a TMT aumente e, por fim, as duas se tornem iguais. o re- sultado é eficiente apenas quando TMS = TMT para todos os pares de mercadorias. A Figura 16.10 mostra graficamente essa importante condição de eficiência. Fizemos aqui uma superposição das curvas de indiferença do consumidor sobre a fronteira de possibilidades de produção da Figura 16.9. Observe que Cé 0 único ponto da fronteira de possibilidades de produção que maximi- za a satisfação do consumidor. Embora todos os pontos dessa fronteira sejam tecnicamente eficientes, sob a perspectiva do consumidor nem todos envolvem a produção mais eficiente de mercadorias. No ponto de tangência entre a curva de indiferença e a fronteira de possibilidades de produção, a TMS (ou seja, a inclinação da curva de indiferença) e a TMT (ou seja, a inclinação da fronteira de possibilidades de produção) são iguais entre si. Vestuário TMS = TMT (unidades) 60 Fronteira de possibilidades de produção Curva de indiferença 0 100 Alimento (unidades) Figura 16.10 Eficiência na produção A combinação eficiente de produtos é alcançada quando a taxa marginal de transformação entre dois bens (que mede custo de produção de um bem em relação ao outro) é igual à taxa marginal de substituição do consumidor (que mede 0 benefício marginal de consumir um bem em relação ao outro).CAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 517 Se você fosse 0 responsável pela administração de uma economia, estaria diante de um problema difícil. Para alcançar a eficiência, você deveria ser capaz de igualar a taxa marginal de transformação com a taxa marginal de substituição do consumidor. Todavia, se os consumidores tivessem preferências diferentes em relação a alimento e vestuário, de que forma você decidiria quais níveis de alimento e de vestuário deveriam ser produzidos e qual quantidade de cada um deveria ser fornecida a cada consu- midor, de tal forma que todos tivessem TMS idênticas? Os custos com informação e logística seriam enormes. Essa é uma das razões pelas quais as economias com planejamento centralizado, como a da antiga União Soviética, apresentaram desempenhos tão baixos. Felizmente, um sistema de mercado competitivo e com bom funcionamento consegue atingir o mesmo resultado eficiente que uma econo- mia idealmente administrada. EFICIÊNCIA NOS MERCADOS PRODUTIVOS Quando os mercados produtivos são totalmente competitivos, todos os consumidores alocam seus orçamentos de forma que as taxas marginais de substituição entre duas mercadorias sejam iguais à re- Na Seção 3.3, explica- lação entre seus preços. No caso de nossas duas mercadorias, alimento e vestuário, temos: mos que, em geral, a ma- ximização da utilidade é TMS obtida quando a taxa marginal de substituição Ao mesmo tempo, cada empresa que maximiza os lucros produzirá até o ponto em que preço for de uma mercadoria por igual ao custo marginal. Assim, mais uma vez no caso de nossas duas mercadorias, temos: outra é igual à razão en- tre os preços delas. e Como a taxa marginal de transformação é igual à razão entre os custos marginais de produção, se- gue-se que: TMT TMS (16.5) Quando tanto o mercado de produção como o mercado de fatores são competitivos, a produção de alimento e de vestuário é eficiente no sentido de que a TMT é igual à TMS. Essa condição é apenas mais Na Seção 3.3, explica- uma versão da regra envolvendo benefício marginal e custo marginal já discutida no Capítulo 4, quan- mos que a maximização do descrevemos as curvas da demanda. Naquele momento, vimos que os consumidores adquirem uni- da utilidade é alcançada quando benefício mar- dades adicionais de uma mercadoria até 0 ponto em que o benefício marginal do consumo é igual ao ginal de se consumir uma custo marginal. Aqui, notamos que a produção de alimento e vestuário é escolhida de tal forma que unidade adicional de ca- benefício marginal de consumir uma unidade adicional de alimento é igual ao custo marginal de pro- da produto é igual ao seu duzir essa unidade adicional; 0 mesmo é válido para consumo e a produção de vestuário. custo marginal. A Figura 16.11 mostra que mercados de produção competitivos e eficientes são obtidos quando as escolhas de produção e consumo são feitas separadamente. Suponhamos que mercado gere uma relação de preços Se os produtores estiverem utilizando seus insumos eficientemente, produzi- rão alimento e vestuário no ponto em que a relação entre os preços é igual à TMT, ou seja, é igual à inclinação da fronteira de possibilidades de produção. Entretanto, ao se encontrar diante dessa restri- ção orçamentária, os consumidores apresentarão consumo indicado pelo ponto B, em que estarão maximizando seus níveis de satisfação (na curva de indiferença Como produtor está disposto a produzir unidades de alimento, e os consumidores a adquirir A2 unidades, haverá um excesso de de- manda desse bem. Da mesma forma, como consumidores estão dispostos a adquirir V, unidades de vestuário, e os produtores a vender unidades, haverá um excesso de oferta desse outro bem. Ocor- rerá então um ajuste de preços no mercado preço do alimento subirá e o do vestuário cairá. À me- dida que a relação de preços aumentar, a linha de preço se moverá ao longo da fronteira de pos- sibilidades de produção. Um equilíbrio será alcançado quando a relação de preços for no ponto C. Nesse ponto, os produtores estarão dispostos a vender A* unidades de alimento e V* unidades de vestuário, e os consu- midores, a adquirir essas mesmas quantidades. Nesse ponto de equilíbrio, a TMT e a TMS mais uma vez são iguais entre si; assim, o equilíbrio competitivo apresenta-se eficiente. 16.5 Os GANHOS OBTIDOS A PARTIR DO LIVRE COMÉRCIO É evidente que há ganhos decorrentes do comércio internacional em uma economia de trocas. Já tivemos a oportunidade de ver que duas pessoas ou dois países podem ser beneficiados ao alcançar um nível de trocas que corresponda a um ponto da curva de contrato. Entretanto, há ganhos adicionais de-518 PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E PAPEL DO GOVERNO Vestuário (unidades) V₁ A V₂ V* U₂ 0 A* Alimento (unidades) Figura 16.11 Competição e eficiência na produção Em um mercado de produtos competitivo, as pessoas consomem até 0 ponto no qual a taxa marginal de subs- tituição delas é igual à razão entre os preços. Os produtores, por sua vez, escolhem 0 nível de produção no qual sua taxa marginal de transformação é igual à razão entre os preços. Como a TMS é igual à TMT, mer- cado de produtos competitivo é eficiente. Qualquer outra razão entre os preços levará ao excesso de deman- da por um bem e ao excesso de oferta do outro. correntes do comércio quando as economias de duas nações diferem de tal modo que um dos países vantagem comparativa Situação em que o país 1 possui uma vantagem comparativa na produção de determinada mercadoria, enquanto o outro possui possui uma vantagem so- uma vantagem comparativa na produção de outra mercadoria. bre o país 2 na produção de determinada merca- doria, porque custo de VANTAGEM COMPARATIVA produção de tal merca- doria no país 1, em rela- país 1 possui uma vantagem comparativa sobre país 2 na produção de determinada mercadoria ção ao custo de produção quando custo de produção de tal mercadoria, em relação ao custo de produção de outras mercadorias país 1, é de outras mercadorias no mais baixo do que custo de produção dessa determinada mercadoria país 2 em relação ao custo de produção de país 1, é mais baixo do outras mercadorias país 2. Observe que a vantagem comparativa não significa o mesmo que vantagem que o custo de produção da mercadoria no país 2, absoluta. Uma nação possui uma vantagem absoluta na produção de determinada mercadoria quan- em relação custo de do seu custo é mais baixo do que o custo de produção dessa mesma mercadoria em outro país. Por ou- produção de outras mer- tro lado, uma vantagem comparativa implica fato de que custo em um país, em relação aos custos das cadorias no país 2. outras mercadorias nele produzidas, é mais baixo do que mesmo custo no outro país. Quando cada uma das duas nações tem uma vantagem comparativa, elas realizam um melhor ne- gócio produzindo aquilo que mais sabem fazer e adquirindo as mercadorias restantes. A título de veri- vantagem absoluta Si- ficação, suponhamos que o primeiro país, a Holanda, possua uma vantagem absoluta na produção de tuação em que país 1 detém uma vantagem so- queijo e de vinho. Um trabalhador consegue produzir uma libra de queijo em uma hora e um galão de bre o país 2 na produção vinho em duas horas. Por outro lado, na Itália, um trabalhador necessita de seis horas para produzir de determinada merca- uma libra de queijo e três horas para produzir um galão de vinho. Essas relações de produção encon- doria porque custo de tram-se resumidas na Tabela 16.3.⁵ produção da mercadoria no país 1 é mais baixo do que o custo de produção da mesma mercadoria no Tabela 16.3 Horas de trabalho necessárias para país 2. produzir queijo e vinho Queijo Vinho lb.) gal.) Holanda 1 2 Itália 6 3 Esse exemplo baseia-se no artigo "World trade: jousting for The Economist, 22 set. 1990, p. 5-40.CAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 519 A Holanda desfruta de uma vantagem comparativa sobre a Itália na produção de queijo: custo da produção do queijo da Holanda (em termos de horas consumidas de trabalho) é metade de seu custo de produção de vinho, enquanto 0 custo da produção de queijo da Itália é 0 dobro de seu custo de produção de vinho. De maneira análoga, a Itália possui uma vantagem comparativa na produção de vi- nho, pois consegue produzi-lo pela metade do custo da fabricação de seu queijo. QUE ACONTECE QUANDO PAÍSES FAZEM COMÉRCIO A vantagem comparativa que cada país possui de- termina o que ocorre quando eles fazem comércio entre si. resultado exato depende do preço de cada uma das mercadorias em relação ao das outras quando ocorrerem as trocas. Para entendermos como is- so ocorre, suponhamos que, no comércio, um galão de vinho possa ser vendido pelo mesmo preço que uma libra de queijo, tanto na Holanda como na Itália. Suponhamos também que, como existe pleno emprego nos dois países, a única maneira de aumentar a produção de vinho é retirar força de trabalho da produção de queijo, e vice-versa. Não havendo comércio, com 24 horas de insumo trabalho, a Holanda poderia produzir 24 libras de queijo, 12 galões de vinho ou alguma combinação das duas mercadorias como, por exemplo, 18 li- bras de queijo e 3 galões de vinho. No entanto, a Holanda tem condições de fazer melhor. Para cada hora de trabalho, ela pode produzir 1 libra de queijo, que pode trocar por 1 galão de vinho; se o vinho fosse produzido no próprio país, seriam necessárias 2 horas de trabalho. Portanto, é de interesse da Holanda especializar-se na produção de queijo, que pode ser exportado para a Itália em troca de vi- nho. Por exemplo, se a Holanda produzisse 24 libras de queijo e trocasse 6 delas, poderia consumir 18 libras de queijo e 6 galões de vinho uma situação definitivamente melhor do que a anterior, em que haveria disponibilidade de 18 libras de queijo e 3 galões de vinho se não houvesse comércio. A Itália também se beneficia desse tipo de comércio. Observe que, na ausência dele, com as mes- mas 24 horas de insumo trabalho país pode produzir 4 libras de queijo, 8 galões de vinho ou alguma combinação das duas mercadorias, por exemplo, 3 libras de queijo e 2 galões de vinho. Por outro lado, com cada hora de trabalho, a Itália consegue fabricar um terço de um galão de vinho, que pode trocar por um terço de libra de queijo. Se 0 queijo fosse produzido no próprio país, seria necessário despender duas vezes mais tempo. Portanto, seria vantajoso que a Itália se tornasse especializada na produção de vinho. Suponhamos que a Itália produzisse 8 galões de vinho e trocasse 6 deles; nesse caso, poderia con- sumir 6 libras de queijo e 2 galões de vinho, que seria melhor do que consumir as 3 libras de queijo e os 2 galões de vinho disponíveis na ausência de comércio. UMA FRONTEIRA EXPANDIDA DAS POSSIBILIDADES DE PRODUÇÃO Quando há vantagem comparativa, comércio internacional permite que determinada nação pos- sa consumir além de sua própria fronteira de possibilidades de produção. Isso pode ser visualizado gra- ficamente na Figura 16.12, que apresenta essa fronteira para a Holanda. Suponhamos inicialmente que esse país tenha sido impedido de comercializar com a Itália devido a uma barreira protecionista. Qual é resultado do processo competitivo na Holanda? A produção é representada pelo ponto A, situado na curva de indiferença em que a TMT e preço do vinho anterior ao comércio é duas vezes 0 preço do queijo. Se a Holanda pudesse fazer comércio, ela estaria disposta a exportar duas libras de queijo em tro- ca de um galão de vinho. Suponhamos agora que a barreira fosse eliminada e que os dois países pudessem realizar trocas. Suponhamos também que, em das diferenças de demanda e de custos nos dois países, as trocas ocorressem na base de um para um. A Holanda acharia vantajoso produzir conforme 0 ponto B, que é 0 ponto de tangência entre a linha de preço 1/1 e sua fronteira de possibilidades de produção. Entretanto, esse ainda não é o final da história. ponto representa a decisão de produção da Ho- landa (esta passa a produzir menores quantidades de vinho e maiores quantidades de queijo quando as barreiras são eliminadas). No entanto, com a realização das trocas, o consumo alcançará ponto D, no qual a curva de indiferença mais elevada é tangente à linha do preço de troca. Dessa forma, a realiza- ção de trocas expande as opções de consumo da Holanda para além de sua fronteira de possibilidades de produção. o país importará unidades de vinho e exportará unidades de queijo. Com 0 comércio, cada país passa por diversos ajustes importantes. À medida que a Holanda im- porta vinho, sua produção diminui, devendo ocorrer também uma redução no volume de empregos em seu setor vinicultor. Entretanto, sua produção de queijo aumenta, devendo elevar-se número de em- pregos nesse setor de produção. Os trabalhadores especializados poderão ter dificuldades para mudar de emprego. Sendo assim, nem todos sairão ganhando com o livre comércio. Embora os consumidores estejam evidentemente sendo beneficiados, os produtores e trabalhadores do setor vinicultor provavel- mente serão prejudicados, pelo menos durante certo tempo.520 PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E PAPEL DO GOVERNO Queijo (libras) Preços anteriores Preços ao comércio mundiais QB Exportações A D U₂ Vinho Importações (galões) Figura 16.12 Os ganhos proporcionados pelo comércio Sem comércio, a produção e consumo se realizam no ponto A, onde preço do vinho é duas vezes o preço do queijo. Com comércio ocorrendo ao preço relativo de 1 queijo para 1 vinho, a produção interna está agora sobre B, enquanto 0 consumo interno ocorre em D.O livre comércio permite que a utilidade aumente de U₁ para EXEMPLO 16.2 Os efeitos das quotas de importação de automóveis Os governos podem utilizar quotas e impostos para PEGASUS DIAMOND inibir as importações e estimular a produção interna. Entre- TOKYO tanto, essas regulamentações podem restringir ou alterar opções de consumo e, portanto, gerar substanciais ineficiên- cias de produção. Um recente exemplo é o da imposição de quotas pelos Estados Unidos sobre as importações de auto- móveis japoneses. Durante as últimas quatro décadas, setor automobi- lístico norte-americano tem se defrontado com uma cres- cente competição mundial. Por exemplo, em 1965, as importações respondiam por apenas 6,1% do total de vendas internas. Contudo, esse percentual havia subido para 28,8% em 1980, quando o se- tor automobilístico teve prejuízos correspondentes a 9,3% de seus investimentos. Parte das dificul- dades se deveu à qualidade mais alta e ao preço mais baixo dos automóveis japoneses. Para poder en- frentar esses problemas, setor automobilístico conseguiu convencer o governo norte-americano a negociar um acordo de limitação voluntária de exportações (voluntary export restraint VER) com o Ja- pão em 1981. A princípio, esse acordo limitava a exportação de automóveis japoneses para os Esta- dos Unidos a 1,68 milhão de unidades por ano, em comparação com os 2,5 milhões que haviam sido importados em 1980. Os fabricantes norte-americanos argumentaram que as quotas lhes dariam o tempo necessário para reequipar suas instalações e reestruturar seus acordos com sindicatos, para poder concorrer de forma mais eficaz no mercado mundial. As quotas foram formalmente suspensas em 1994, mas a questão permanece: de que maneira elas influenciaram mercado mundial? Será que ajudaram ou prejudicaram os consumidores e pro- dutores norte-americanos? As respostas para essas perguntas exigiriam uma análise de equilíbrio geral para os setores automobilísticos do Japão e dos Estados Unidos, bem como uma análise dos mercados de trabalho, matérias-primas e outros insumos do processo produtivo. As evidências indicam que tais quotas pouco fizeram para ajudar setor norte-americano a reequipar suas instalações. Os fabricantes dos Estados Unidos já tinham começado a reestruturarCAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 521 suas fábricas para produzir automóveis menores e mais econômicos no final da década de 1970. (Por exemplo, as despesas reais com investimentos haviam aumentado 88% entre os períodos de 1975- 1976 e 1979-1980.) Embora as quotas tivessem conseguido fazer com que os japoneses vendessem menos automóveis, a partir de 1981-1982 os preços dos veículos japoneses aumentaram aproxima- damente $1.000 por automóvel, 0 que gerou um aumento de receita da ordem de $2 bilhões por ano. Por outro lado, os preços mais altos dos automóveis japoneses incrementaram a demanda dos auto- móveis produzidos nos Estados Unidos, 0 que permitiu que 0 setor automobilístico norte-americano elevasse seus preços, seus salários e seus lucros. Durante período total de sua vigência, as quotas aumentaram os lucros do setor automobilístico norte-americano em $10 bilhões. No final, os consu- midores norte-americanos foram prejudicados por essa política em cerca de $3 bilhões, porque os preços dos automóveis norte-americanos ficaram aproximadamente de $350 a $400 mais altos por carro do que teriam ficado sem as restrições às As quotas inicialmente beneficiaram os trabalhadores do setor automobilístico norte-americano. Sem elas, as vendas internas teriam sido mais baixas em cerca de 500.000 unidades no início da déca- da de 1980, que equivaleria a aproximadamente 26.000 empregos. Todavia, os preços mais elevados custaram aos consumidores uma quantia superior a $4,3 bilhões de dólares. Cada um dos 26.000 em- pregos foi mantido a um custo de aproximadamente $160.000 ($4,3 bilhões/26.000). Portanto, acor- do de VER provou ser uma forma extremamente ineficiente de proteger 0 nível interno de empregos. No início da década de 1990, programa de quota voluntária teve pouco efeito na importação de automóveis. Em 1991, por exemplo, Japão exportou 1,8 milhão de carros para os Estados Uni- dos, ainda que a quota voluntária fosse de 2,3 milhões. Em março de 1992, 0 Japão optou por redu- zir voluntariamente limite para 1,65 milhão e, em abril de 1992, programa de quotas foi elimina- do. Apesar da redução na importação de carros, a participação do Japão no mercado automobilístico norte-americano aumentou de 20,5% em 1981 para 30,3% em 1991. Durante toda a década de 1990 e no início da de 2000, estabilizou-se entre 25% e 30%. A explicação para 0 aumento na participação de mercado é simples: a produção de automóveis japoneses nas fábricas norte-americanas aumen- tou substancialmente nos últimos 15 anos. Atualmente, automóveis japoneses são produzidos em di- versos estados norte-americanos, incluindo Tennessee e a Califórnia. EXEMPLO 16.3 Custos e benefícios da proteção especial As demandas por políticas protecionistas aumentaram gradualmente durante as décadas de 1980 e 1990. Hoje, elas continuam sendo objeto de debate, seja com relação ao comércio entre vários países asiáticos ou em relação ao Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta). 0 protecio- nismo pode assumir muitas formas, incluindo impostos de importação e quotas (do tipo que anali- samos no Capítulo 9), obstáculos baseados em regulamentações, subsídios a produtores internos e controles cambiais. A Tabela 16.4 aponta os resultados de um estudo recente sobre as restrições co- merciais impostas pelos Estados Unidos.⁷ Como um dos maiores objetivos do protecionismo é a preservação de empregos em determina- dos setores, não é de surpreender que essas políticas criem ganhos para os produtores. Entretanto, os custos de tais políticas envolvem prejuízos para os consumidores e uma substancial redução da eficiência econômica. Essas perdas de eficiência são a soma total da perda de excedente do produtor resultante do excesso de produção interna ineficiente e da perda de excedente do consumidor resul- Na Seção 9.1, explicamos tante de preços internos mais altos com um nível mais baixo da quantidade consumida. que o excedente do consu- midor é o benefício o Como mostra a Tabela 16.4, setor da indústria têxtil e de confecções apresenta-se como a valor total que os consumi- maior fonte de perdas de eficiência. Enquanto ganhos substanciais são obtidos pelos produtores lo- dores recebem que ultra- cais, as perdas dos consumidores são ainda maiores em cada um dos casos apresentados. Além dis- passa o que pagam por so, as perdas decorrentes de produção interna (ineficiente) em excesso de produtos têxteis também uma mercadoria; o exce- foi grande isto é, em torno de $4,85 bilhões. A segunda maior fonte de ineficiência foi 0 setor de la- dente do produtor é o be- ticínios, no qual as perdas totalizaram $1,37 bilhão. nefício análogo obtido pe- los produtores. Por fim, observe que custo de eficiência da ajuda concedida aos produtores internos varia con- sideravelmente entre os diversos setores. No setor têxtil, a proporção do custo de eficiência em rela- Veja Steven Berry, James Levinsohn e Ariel Pakes, "Voluntary export restraints on automobiles: evaluating a trade policy", American Economic Review, jun. 1999, p. 400-430; e Robert Crandall, "Import quotas and the automobile industry: the costs of protectionism", The Brookings Review, verão 1984, p. 8-16. Esse exemplo baseia-se no artigo de Cletus Coughlin, K. Alec Chrystal e Geoffrey E. Wood, "Protectionist trade policies: a survey of theory, evidence and rationale", Federal Reserve Bank of St. Louis, jan./fev. 1988, p. 12-30. Os dados contidos na tabela foram tirados do artigo de Gary Clyde Hufbauer, Diane T. Berliner e Kimberly Ann Elliott, "Trade protection in the United States: 31 Case Studies", Institute for International Economics, 1986.522 PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E PAPEL DO GOVERNO Tabela 16.4 Quantificando custo do protecionismo Ganhos do Perdas do Perdas de Setor (milhões de dólares) (milhões de dólares) (milhões de dólares) Produção de livros 305 500 29 Suco de laranja 390 525 130 Têxtil e confecções 22.000 27.000 4.850 Aço-carbono 3.800 6.800 330 Televisores coloridos 190 420 7 Açúcar 550 930 130 Laticínios 5.000 5.500 1.370 Carne 1.600 1.800 145 ganhos neste caso de tarifa são definidos como a área trapezoidal A no Figura 9.15. As perdas do consumidor são soma das áreas B, Ce D no Figura 9.15. Estes são representados pelos triângulos B Figura 9.15. ção ao ganho dos produtores é de 22%, e no caso do setor de laticínios essa proporção é de 27%; ape- nas no caso do setor de suco de laranja ela é mais alta (33,3%). Entretanto, proporções muito mais bai- xas se aplicam aos setores de televisores coloridos (3,7%), aço-carbono (8,7%) e produção de livros (9,5%). 16.6 A EFICIÊNCIA NOS MERCADOS COMPETITIVOS UMA VISÃO GERAL A análise de equilíbrio geral e de eficiência econômica deste capítulo agora está completa. No pro- cesso, obtivemos dois resultados marcantes. Em primeiro lugar, mostramos que, para qualquer alocação inicial de recursos, um sistema competitivo de trocas entre os indivíduos, tanto no mercado de bens finais, quanto no mercado de insumos ou no mercado de produção, levará a um resultado economicamente efi- ciente. primeiro teorema da economia do bem-estar nos diz que um sistema competitivo, baseado nos próprios interesses de consumidores e produtores, bem como na capacidade que os preços de mercado têm para transmitir informações a ambas as partes, conseguirá uma alocação eficiente de recursos. Em segundo lugar, mostramos que, com curvas de indiferença convexas, qualquer alocação efi- ciente de recursos pode ser alcançada por meio de um processo competitivo com uma redistribuição viá- vel desses recursos. o segundo teorema da economia do bem-estar afirma que, sob certas condições (ob- viamente ideais), temas como eqüidade e eficiência podem ser tratados de forma distinta entre si. Ambos os teoremas da economia do bem-estar dependem crucialmente da suposição de que os mercados sejam competitivos. Infelizmente, nenhum desses resultados necessariamente se mantém quando, por alguma razão, os mercados deixam de ser competitivos. Nos próximos dois capítulos, discu- tiremos as razões da ocorrência de falhas de mercado e o que os governos podem fazer a respeito disso. Entretanto, antes é preciso repassar o que sabemos sobre 0 funcionamento do processo competitivo. Sen- do assim, apresentamos uma lista das condições necessárias para a eficiência econômica no mercado de trocas, no mercado de insumos e no mercado de produtos. Essas condições são importantes; em cada um desses três casos, você deve rever as explicações dadas neste capítulo e os fundamentos apresentados nos capítulos anteriores. Conforme dissemos Seção 3.3, a satisfação 1. Eficiência nas trocas: todas as alocações devem estar situadas na curva de contrato, de tal forma do consumidor é maximi- que a taxa marginal de substituição de vestuário por alimento de todos os consumidores seja zada quando a taxa mar- a mesma: ginal de substituição de vestuário por alimento é igual à razão entre pre- ço do alimento e preço do vestuário. Um mercado competitivo alcança esse resultado eficiente porque, para os consumidores, a tangência entre a linha do orçamento e a curva de indiferença mais alta possível assegura que:CAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 523 2. Eficiência na utilização de insumos na produção: todas as combinações de insumos devem estar si- tuadas na curva de contrato da produção, de tal forma que a taxa marginal de substituição técnica de todos os produtores de capital por trabalho seja igual na produção de ambas as mercadorias: Um mercado competitivo alcança esse resultado eficiente porque cada produtor maximiza lu- cros, determinando as quantidades de insumos trabalho e capital até ponto em que a rela- Conforme dissemos ção entre os preços dos insumos seja igual à taxa marginal de substituição técnica no proces- Seção 7.3, a maximiza- so produtivo: ção do lucro exige que a taxa marginal de substi- tuição técnica de capital por trabalho seja igual à razão entre a remunera- 3. Eficiência mercado de produção: a composição dos insumos deve ser escolhida de tal forma que ção e o custo do capital. a taxa marginal de transformação entre os produtos seja igual à taxa marginal de substitui- ção dos consumidores: (para todos os consumidores) Um mercado competitivo alcança esse resultado eficiente porque os produtores que maximi- Na Seção 8.3, explica- zam os lucros aumentam seus níveis de produção até o ponto em que o custo marginal é igual mos que, como uma em- ao preço: presa competitiva se de- fronta com uma curva da demanda horizontal es- colhendo um nível de pro- dução tal que o custo Conseqüentemente: marginal seja igual preço, ela maximiza os lucros. No entanto, os consumidores maximizam sua satisfação nos mercados competitivos apenas quando: (para todos os consumidores) Portanto: e assim as condições de eficiência no mercado de produção são satisfeitas. Portanto, eficiên- cia requer que os bens sejam produzidos segundo combinações e custos que respondam aos desejos das pessoas de pagar por eles. 16.7 POR QUE MERCADOS FALHAM Há duas interpretações diferentes das condições exigidas para a existência de eficiência. A primei- ra enfatiza que os mercados competitivos E nos diz também que é necessário assegurar que os requisitos de competição vigorem, de tal modo que os recursos possam ser eficientemente alocados. A segunda enfatiza que os pré-requisitos para a competição provavelmente não se sustentarão. Infor- ma-nos, pois, que é preciso se concentrar nas maneiras de tratar as falhas do mercado. Até esta altura, enfocamos a primeira interpretação. Na parte restante deste livro, vamos nos concentrar na segunda. Os mercados competitivos apresentam falhas devido a quatro razões básicas: poder de mercado, in- formações incompletas, externalidades e bens públicos. Analisaremos agora cada uma delas. PODER DE MERCADO Já vimos que a ineficiência surge quando um fabricante ou um fornecedor de algum fator de pro- dução possui poder de mercado. Suponhamos, por exemplo, que fabricante de produtos alimentícios do diagrama da caixa de Edgeworth tenha poder de monopólio. Portanto, ele determina a quantidade produzida igualando a receita marginal (em vez do preço) ao custo marginal e vende uma quantidade me-524 PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E PAPEL DO GOVERNO nor por um preço mais elevado do que aquele que seria praticado em um mercado competitivo. Esse ní- Na Seção 10.2, explica- vel mais baixo de produto representa um custo marginal mais baixo na produção de alimentos. En- mos que o vendedor de determinado produto tem quanto isso, os insumos não utilizados serão alocados na produção de vestuário, cujo custo marginal poder de monopólio se aumenta. Conseqüentemente, a taxa marginal de transformação diminui, porque pode cobrar lucrativamen- A alocação poderia terminar, por exemplo, no ponto A da fronteira de possibilidades de produção da Figu- te um preço mais alto do ra 16.9. A produção de uma quantidade muito pequena de alimento e de quantidades excessivas de ves- que seu custo marginal; da tuário significa uma ineficiência que surge porque as empresas com poder de mercado utilizam, em suas mesma forma, na Seção decisões de produção, preços diferentes dos utilizados pelos consumidores em suas decisões de aquisição. 10.5 explicamos que um comprador tem poder de Um argumento semelhante seria aplicável ao poder de mercado no mercado de fatores. Suponha- monopsônio quando sua mos, por exemplo, que os sindicatos dessem aos trabalhadores poder de mercado sobre a oferta do decisão de compra pode trabalho para a produção de alimento. Sendo assim, uma quantidade muito pequena de trabalho se- afetar o preço de uma ria ofertada por uma remuneração bastante alta para esse setor, e uma quantidade muito gran- mercadoria. de de trabalho seria ofertada no setor de vestuário por uma remuneração muito baixa No setor de vestuário, as condições de eficiência dos insumos seriam satisfeitas, porque Toda- via, no setor de alimento, a remuneração paga estaria sendo mais alta do que no setor de vestuário. Portanto, > o resultado seria uma ineficiência no mercado de insu- mo, pois a eficiência exige que as taxas marginais de substituição técnica sejam iguais para a pro- dução de todas as mercadorias. INFORMAÇÕES INCOMPLETAS Se os consumidores não tiverem informações exatas a respeito dos preços de mercado ou da qua- lidade do produto, o sistema de mercado não pode operar eficientemente. A falta de informações pode estimular os produtores a ofertar quantidades excessivas de determinados produtos e quantidades in- suficientes de outros. Em outros casos, embora alguns consumidores possam não adquirir um produto em especial, mesmo que se beneficiassem de sua compra, outros consumidores vão adquirir produtos que lhes causam prejuízos. Por exemplo, os consumidores podem adquirir remédio para emagrecer e descobrir que eles não possuem valor medicinal algum. Por fim, a falta de informações pode impedir que determinados mercados apresentem bom desenvolvimento. Ou seja, pode ser impossível a aquisi- ção de certos tipos de apólice de seguro pelo fato de os fornecedores não possuírem informações ade- quadas a respeito de clientes sujeitos a determinados tipos de risco. Cada um desses problemas de informações pode resultar na ineficiência do mercado competitivo. Descreveremos a natureza das ineficiências de informações com mais detalhes no Capítulo 17, quando veremos se a intervenção governamental pode ajudar a reduzir esse problema. EXTERNALIDADES sistema de preços funciona eficientemente porque os preços de mercado transmitem informa- ções tanto a produtores como a consumidores. Entretanto, às vezes os preços de mercado não refletem que realmente acontece entre produtores ou entre consumidores. Uma externalidade ocorre quando al- guma atividade de produção ou de consumo possui um efeito indireto sobre outras atividades de con- sumo ou de produção, que não se reflete diretamente nos preços de mercado. Como já explicamos na Seção 9.2, termo externalidade é empregado porque os efeitos mencionados (tanto de custos como de benefícios) são externos ao mercado. Suponhamos, por exemplo, que uma usina de aço despeje seus efluentes em um rio, tornando um local de recreação situado rio abaixo inadequado para atividades como natação ou pesca. Se isso ocor- re, há uma externalidade, pois a usina de aço não está pagando 0 verdadeiro custo gerado por seus efluentes; ela está poluindo uma quantidade de água demasiadamente elevada com sua produção de aço. Isso é um uso ineficiente de insumo. Se essa externalidade prevalecer em todo 0 setor produtor de aço, 0 preço do produto (que é igual ao custo marginal de sua produção) será mais baixo do que se ele refletisse também custo do efluente. Dessa forma, pode estar sendo produzida uma quantidade exces- sivamente alta de aço e havendo ineficiência de produção. bem público Bem não Discutiremos as externalidades e as formas de tratá-las no Capítulo 18. exclusivo e não concorren- te que pode ser disponibi- lizado por um custo menor BENS PÚBLICOS para muitos consumido- res; mas, uma vez disponi- A última fonte de falha no mercado surge quando este não consegue ofertar certas mercadorias bilizado, torna-se difícil valorizadas por muitos consumidores. Um bem público é uma mercadoria que pode ser disponibiliza- evitar que outras pessoas o consumam. da a baixo custo para muitos consumidores, mas, assim que ela é ofertada para alguns, torna-se muito difícil evitar que outros também a consumam. Por exemplo, suponhamos que uma empresa esteja con-CAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 525 siderando a possibilidade de empreender uma pesquisa sobre uma nova tecnologia para a qual não con- segue obter patente. Logo após a invenção tornar-se pública, outros podem copiá-la. Por ser difícil im- pedir que outras empresas produzam e vendam o produto, a pesquisa não será lucrativa. Portanto, os mercados ofertam quantidades insuficientes de bens públicos. Veremos no Capítulo 18 que, em alguns casos, 0 governo pode resolver esse problema por meio do fornecimento direto de tal bem ou por meio de estímulos para que empresas privadas se disponham a produzi-lo. Resumo 1. A análise de equilíbrio parcial implica que os mercados corre- 7. equilíbrio competitivo em mercados de fatores ocorre quan- lacionados não são influenciados. A análise de equilíbrio geral do a taxa marginal de substituição técnica entre pares de in- examina todos os mercados simultaneamente, levando em sumos se iguala às razões entre os preços deles. conta os efeitos de feedback de outros mercados sobre aquele 8. A fronteira de possibilidades de produção apresenta todas as que está sendo estudado. alocações eficientes (ou seja, aquelas situadas na curva de 2. Uma alocação eficiente ocorre quando nenhum consumidor po- contrato) em termos dos níveis de produção que podem ser de aumentar sua satisfação por meio de trocas sem prejudicar obtidos com determinada combinação de insumos. A taxa algum outro consumidor. Quando todos os consumidores fazem marginal de transformação do bem 2 pelo bem 1 aumenta à todas as trocas possíveis que sejam mutuamente vantajosas, medida que se produz mais do bem e menos do bem 2. A ta- resultado é Pareto-eficiente e se situa na curva de contrato. xa marginal de transformação é igual à razão entre o custo 3. Um equilíbrio competitivo consiste em um conjunto de preços marginal da produção do bem 1 e o custo marginal da produ- e quantidades: quando cada consumidor escolhe sua alocação ção do bem 2. preferida, a quantidade demandada é igual à quantidade ofer- 9. A eficiência na alocação de mercadorias entre os consumido- tada em cada um dos mercados. Todas as alocações de equilí- res é alcançada apenas quando a taxa marginal de substituição brio competitivo estão situadas na curva de contrato de trocas de uma mercadoria por outra no consumo (sendo tal taxa a e são Pareto-eficientes. mesma para todos os consumidores) é igual à taxa marginal 4. A fronteira de possibilidades de utilidade apresenta todas as de transformação de uma mercadoria por outra na produção. alocações eficientes em termos dos níveis de utilidade que cada 10. Quando os mercados de produtos e de insumos são perfeita- pessoa obtém. Embora todos os indivíduos prefiram determi- mente competitivos, a taxa marginal de substituição (que é nadas alocações a uma que seja ineficiente, nem toda alocação igual à razão entre os preços das mercadorias) é igual à taxa eficiente é preferível. Portanto, uma alocação ineficiente pode marginal de transformação (que é igual à razão entre os cus- ser mais eqüitativa do que uma que seja eficiente. tos marginais da produção de cada uma das mercadorias). 5. Como equilíbrio competitivo não é necessariamente eqüi- 11. livre comércio internacional expande a fronteira de possibi- tativo, governo pode estar disposto a atuar na redistribui- lidades de produção de cada país. Conseqüentemente, todos ção de renda dos ricos para os pobres. Devido ao fato de tal os consumidores são beneficiados. redistribuição ter custos, há algum conflito entre eqüidade e 12. Mercados competitivos podem ser ineficientes por quatro ra- eficiência. zões. A primeira é que as empresas ou os consumidores po- 6. Uma alocação de insumos é tecnicamente eficiente se a pro- dem ter poder de mercado em mercados de produtos ou de fa- dução de determinada mercadoria não pode ser aumentada tores. A segunda é que os consumidores ou produtores podem sem que ocorra diminuição na produção de alguma outra. ter informações incompletas e, portanto, cometer erros em Todos os pontos correspondentes a distribuições tecnicamen- suas decisões de consumo ou de produção. A terceira é que te eficientes estão situados na curva de contrato da produção pode haver a presença de externalidades. E a quarta, que al- e representam pontos de tangência entre isoquantas das guns bens públicos socialmente desejáveis podem não estar duas mercadorias. sendo produzidos. Questões para revisão 1. Por que razão os efeitos de feedback tornam a análise de equi- ponto de vista social." Você concorda com essa afirmação? líbrio geral substancialmente diferente da análise de equilí- Justifique. brio parcial? 5. De que forma a fronteira de possibilidades da utilidade se re- 2. Explique, no diagrama da caixa de Edgeworth, de que forma laciona com a curva de contrato? determinado ponto pode simultaneamente representar as 6. Em um diagrama da caixa de Edgeworth, quais condições de- cestas de mercado de dois consumidores. vem ser satisfeitas para que determinada alocação esteja si- 3. Em uma análise de trocas utilizando um diagrama da caixa tuada na curva de contrato de produção? Por que os equilí- de Edgeworth, explique por que a taxa marginal de substitui- brios competitivos estão situados na curva de contrato? ção dos dois consumidores é igual em cada um dos pontos da 7. De que forma a fronteira de possibilidades de produção se re- curva de contrato. laciona com a curva de contrato da produção? 4. "Uma vez que todos os pontos de uma curva de contrato 8. que é a taxa marginal de transformação (TMT)? Expli- são eficientes, tais pontos são igualmente desejáveis do que por que a TMT de uma mercadoria por outra é igual à526 PARTE IV INFORMAÇÃO, FALHAS DE MERCADO E PAPEL DO GOVERNO razão entre os custos marginais de produção dessas merca- b. Um país somente sairá ganhando com o comércio se pu- dorias. der produzir uma mercadoria a um custo absoluto mais 9. Explique por que as mercadorias não podem ser eficiente- baixo que de seu parceiro comercial. mente distribuídas entre os consumidores se a TMT não for Se os custos de produção médio e marginal forem constan- igual à taxa marginal de substituição desses consumidores. tes, valerá a pena para determinado país se especializar to- 10. Por que o livre comércio entre dois países pode beneficiar os talmente na produção de algumas mercadorias e importar as demais. consumidores de ambos? d. Partindo do pressuposto de que trabalho é único in- 11. Se país A tem uma vantagem absoluta na produção de sumo, se 0 custo de oportunidade de produzir um metro duas mercadorias em comparação com país B, não vale a de tecido é de 3 bushels de trigo por metro, 0 trigo exi- pena para ele fazer comércio com país B. Verdadeiro ou fal- ge 3 vezes mais trabalho por unidade produzida que o so? Explique. tecido. 12. Você concorda com as afirmações a seguir? Explique. 13. Quais são as quatro principais fontes de falha no mercado? a. Se é possível trocar 3 libras de queijo por 2 garrafas de vi- Explique resumidamente por que cada uma delas impede nho, o preço do queijo equivale a 2/3 do preço do vinho. mercado competitivo de operar com eficiência. Exercícios 1. Suponhamos que ouro (0) e a prata (P) sejam substitutos um Indivíduo Alocação inicial Comércio Alocação final do outro pelo fato de ambos servirem como garantia contra a Norman inflação. Suponhamos também que a oferta de ambos seja fixa Gina no curto prazo e 300) e que as demandas de ou- ro e prata sejam obtidas por meio das seguintes equações: b. A TMS de Michael de vestuário por alimento é 1/2 e a de 975 + Kelly 600 Indivíduo Alocação inicial Comércio Alocação final a. Quais são os preços de equilíbrio do ouro e da prata? Michael b. que aconteceria se uma nova descoberta de ouro do- Kelly brasse a quantidade ofertada para 150? De que forma tal descoberta influenciaria os preços do ouro e da prata? 6. Em uma análise de trocas entre duas pessoas, suponhamos 2. Usando a análise de equilíbrio geral e levando em conta os que ambas possuam preferências idênticas. A curva de con- efeitos de feedback, analise as seguintes situações: trato seria uma linha reta? Explique. (Você poderia pensar em a. Os prováveis efeitos da deflagração de uma doença em algum contra-exemplo?) aviários sobre os mercados de frango e carne de porco. 7. Dê um exemplo de condições nas quais a fronteira de possibi- b. Os efeitos de um aumento de impostos nos bilhetes aéreos lidades de produção poderia não ter formato côncavo. para destinos turísticos importantes, como Flórida e Cali- 8. Um monopsonista adquire mão-de-obra por menos do que a fórnia, sobre as vagas de hotel nesses destinos. remuneração competitiva. Qual tipo de ineficiência causa- 3. Jane possui 3 litros de refrigerante e 9 sanduíches. Por sua do por esse uso de poder de monopsônio? De que forma se- vez, Bob possui 8 litros de refrigerante e 4 sanduíches. Para ria alterada sua resposta caso monopsonista no mercado tais posses, a taxa marginal de substituição (TMS) de Jane de do trabalho fosse também um monopolista no mercado da sanduíches por refrigerantes é 4 e a de Bob Desenhe um produção? diagrama da caixa de Edgeworth para mostrar se essa aloca- 9. A empresa Acme Corporation produz e y unidades de merca- ção de recursos é eficiente. Em caso positivo, explique a razão. dorias Alfa e Beta, respectivamente. Em caso negativo, diga quais trocas poderiam ser vantajosas a. Use uma fronteira de possibilidades de produção para ex- para ambos. plicar por que desejo de produzir maiores ou menores 4. Jennifer e Drew consomem suco de laranja e café. A TMS de quantidades de Alfa depende da taxa marginal de trans- Jennifer de café por suco é 1, e a de Drew é 3. Se 0 preço do formação de Alfa ou Beta. suco é $2 e o do café é $3, qual mercado está com excesso de b. Considere os dois casos extremos de produção: (i) inicial- demanda? 0 que acontecerá com preço dos dois bens? mente a Acme produz zero unidades do produto Alfa; ou 5. Complete as tabelas a seguir com as informações que faltam. (ii) inicialmente a Acme produz zero unidades do produto Para cada uma, use as informações fornecidas para identificar Beta. Se a empresa procura sempre permanecer em sua um possível comércio. Em seguida, identifique a alocação fi- fronteira de possibilidades de produção, descreva as posi- nal e um valor para a TMS na solução eficiente. (Observação: ções iniciais nos casos (i) e (ii). que ocorreria se a Acme há mais de uma resposta correta.) Ilustre seus resultados com Corporation começasse a produzir ambas as mercadorias? diagramas da caixa de Edgeworth. 10. No contexto da análise da caixa de produção de Edgeworth, a. A TMS de Norman de vestuário por alimento é 1 e a de Gi- suponhamos que uma nova invenção faça com que determi- na é 4: nado processo produtivo de alimento, antes com rendimentosCAPÍTULO 16 EQUILÍBRIO GERAL E EFICIÊNCIA ECONÔMICA 527 constantes de escala, passe a apresentar rendimentos acentua- a. Qual país tem uma vantagem comparativa na produção de damente crescentes de escala. De que forma essa modificação cada bem? Explique. influenciaria a curva de contrato da produção? b. Determine, tanto gráfica quanto algebricamente, a curva 11. Suponhamos que país A e país produzam vinho e quei- de possibilidades de produção para cada país. (Identifique jo. país A tem 800 unidades de trabalho disponíveis, en- ponto da produção anterior ao comércio, AC, e ponto quanto 0 país tem 600 unidades. Antes do comércio, 0 país da produção posterior ao comércio, P.) A consumia 40 libras de queijo e 8 garrafas de vinho, e Considerando que 36 libras de queijo e 9 garrafas de vinho país consumia 30 libras de queijo e 10 garrafas de vinho. foram negociadas, identifique o ponto de consumo poste- rior ao comércio, C. País País B d. Prove que os dois países saíram ganhando com 0 comércio. Trabalho por libra de queijo 10 10 e. Qual é a inclinação da linha de preço à qual comércio Trabalho por garrafa de vinho 50 30 se dá?

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