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SUMÁRIO 
 
 
Juízo de fato e de valor....................................................................................................... 
Natureza e Cultura............................................................................................................... 
Sujeito Moral....................................................................................................................... 
Saber Teórico e Prático................................................................................................... 
Bioética............................................................................................................................ 
Modelos de Reflexão Ética.............................................................................................. 
Antiguidade....................................................................................................................... 
Aristóteles: Ética a Nicômacos....................................................................................... 
Ética Medieval................................................................................................................ 
Modernidade: Kant.............................................................................................................. 
Contemporaneidade: Mestres da suspeita...................................................................... 
Existencialismo................................................................................................................. 
Comunitarismo / Liberalismo / Ética do Discurso........................................................... 
Textos Complementares......................................................................................................... 
 
 
 
 
 
 
 
02 
04 
06 
07 
08 
10 
12 
13 
18 
21 
27 
33 
37 
40 
 
 
 
Polígrafo 01 
 2 
 
ÉTICA OU FILOSOFIA MORAL 
 
 
 
 
 A ética é uma parte da filosofia PRÁTICA, porque se refere às AÇÕES 
HUMANAS. Ela também é chamada de FILOSOFIA MORAL, porque 
reflete sobre os conceitos envolvidos nas ações e nos julgamentos das 
ações, os valores nos quais acreditamos e que respeitamos ao agir. 
A palavra ÉTICA, como a palavra FILOSOFIA, também vem do 
grego. Ethos significa tanto: 
 
*COSTUME (no sentido de comportamento, que no latim foi 
traduzida por mores, de onde moral) como também; 
 
*CARÁTER, TEMPERAMENTO (aquilo que distingue as pessoas umas das outras). Ela tem, 
digamos assim, duas faces, pode ser: * descritiva – “precisa procurar conhecer, apoiando-se em estudos 
de antropologia cultural, os costumes das diferentes épocas e dos diferentes lugares.” (VALLS, Álvaro. 
O que é Ética. p. 10); 
 
* prescritiva – quando a partir de grandes teorias acabam encontrando-se, com validade mais 
universal, alguns princípios que, se pensa, deveriam reger as ações humanas. A ética tem, portanto 
como objeto de estudo os costumes morais das sociedades, na tentativa de esclarecer o que pode 
haver em comum entre eles, as finalidades gerais das ações, quais são os valores que determinam 
nossos costumes. 
 
 A moral se refere aos valores instituídos pelos membros de uma sociedade, valores estes 
que dizem respeito ao que consideram como bom ou mal, justo ou injusto, certo ou errado. Estes 
valores regulam os sentimentos e as ações dos indivíduos e são válidos para todos. Os valores 
morais são frutos da cultura e da história de cada sociedade. 
 A ética é uma disciplina filosófica que estuda três famílias de problemas, dividindo-se por isso em 
três áreas: 
1. A metaética estuda problemas relacionados com a natureza da própria ética, como a questão de 
saber se os valores éticos são relativos ou não – tema que abordaremos em seguida; 
2. A ética normativa estuda o problema de saber o que é o bem último, isto é, o bem que não é 
meramente instrumental para outros bens, e o problema de saber o que faz uma ação ser boa – o 
deontologismo, o consequencialismo, a ética das virtudes e o contratualismo são as quatro grandes 
famílias de teorias éticas normativas; 
3. Finalmente, a ética aplicada ou prática estuda problemas como a permissibilidade do aborto, a 
relevância moral dos animais inumanos, a obrigatoriedade de ajudar as populações mais pobres ou a 
moralidade da guerra. 
 
Eis duas coisas que a ética não é: não é um conjunto mais ou menos arbitrário de 
proibições nem é uma espécie de postura pessoal perante as coisas. 
Eis duas coisas que a ética é: um conjunto de indicações refletidas sobre o que é uma 
vida boa e um cuidado com os outros agentes morais. 
≠ 
 
 
 
 
 
3 
 
 
As prescrições são fundamentais em qualquer âmbito onde existam normas (como as da 
estética, ética, direito, etc). As normas prescrevem certas condutas e interditam outras. Normas 
que os integrantes de uma comunidade devem cumprir, dessa forma deveres. As normas estão 
apoiadas nos valores compartilhados pelos membros da comunidade. 
 
 
JJuuíízzooss ddee FFaattoo ee ddee VVaalloorr 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
01. (UNISC.2013) Em Filosofia, duas espécies de juízos podem ser emitidos pelos sujeitos: juízos de fato (quando dizem o que as 
coisas são, como são e por que são) e juízos de valor (quando dizem não o que é, mas como deveria ser, quando avaliam ações, 
acontecimentos, sentimentos e intenções). 
Isso posto, considere as afirmativas: 
I- “A chuva é boa para as plantas.” 
II- “A universidade é um lugar onde se busca a formação profissional.” 
III- “Você não deveria ter ido àquela festa, e sim ter estudado para o vestibular.” 
IV- “Essa questão de Filosofia é fácil de ser acertada.” 
A ordem correta, respectivamente e na ordem crescente, dos juízos acima é: 
a) juízo de fato, juízo de valor, juízo de valor, juízo de fato. 
b) juízo de valor, juízo de fato, juízo de valor, juízo de fato. 
c) juízo de fato, juízo de valor, juízo de valor, juízo de valor. 
d) juízo de valor, juízo de fato, juízo de fato, juízo de fato. 
e) juízo de valor, juízo de fato, juízo de valor, juízo de valor. 
 
02. (PS3/2013) O comportamento de um indivíduo em um grupo geralmente se adequa a certas regras sociais. Por exemplo, o modo 
como as pessoas falam e se vestem segue um certo padrão, que difere do de outros indivíduos. O fato de muitas pessoas seguirem 
padrões de comportamento parecidos geralmente cria restrições ou constrange o comportamento das demais. No entanto, disso não 
se segue que todos sejam obrigados a seguir o mesmo padrão de comportamento sempre. As afirmações verdadeiras que se fazem 
sobre o modo como as pessoas se comportam não implicam afirmações verdadeiras sobre como as pessoas devem se comportar. Em 
outras palavras, em geral enunciados __________________ não se seguem logicamente de enunciados __________________. 
 
Assinale a alternativa que preenche, corretamente, as lacunas. 
a) descritivos – normativos 
b) normativos – descritivos 
c) valorativos – normativos 
d) descritivos – factuais 
e) factuais – valorativos 
 
 
03. (PEIES III/2010) A noção de justiça tem um aspecto paradoxal, pois todos nós pensamos saber quando estamos sendo 
injustiçados, mas poucos de nós conseguimos dizer em que consiste a justiça. De qualquer modo, ordinariamente, a palavra "justiça" 
refere-se à equidade e à distribuição moralmente defensável de coisas boas e más. Essa caracterização da justiça 
a) não considera as diferenças nas subjetividades das pessoas, como suas preferências e gostos. 
b) considera as diferenças nas subjetividades das pessoas, como suas preferências e gostos. 
c) considera apenas aquilo de que as pessoas necessitam. 
d) não considera aquilo de que as pessoas necessitam. 
e) considera apenas o que as pessoas julgam ser melhor para si mesmas. 
 
 
 
 
Juízos de Fato (Descritivos) são aqueles que 
descrevem como as coisas são; por que são. 
 
Ex.: Está chovendo. (Natureza) 
 
 
 
 
 
 
Juízos de Valor (Prescritivos)
“efeito 
estufa”. A principal consequência desse efeito é o aumento da temperatura média da Terra. Dado o conhecimento que temos hoje das 
decorrências negativas do “efeito estufa”, pode-se dizer que, em uma ética de tipo aristotélico, o uso de energias alternativas constitui 
um ..............; em uma ética de tipo kantiana, por sua vez, o uso de energia alternativa constitui um ...........; em uma ética de tipo 
utilitarista, o uso de energia alternativa constitui um............ . 
Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas. 
a) comportamento virtuoso - dever moral - comportamento que conduz o maio número de pessoas à felicidade maior 
b) comportamento virtuoso - comportamento que conduz o maio número de pessoas à felicidade maior - dever moral 
c) dever moral - comportamento virtuoso - comportamento que conduz o maio número de pessoas à felicidade maior 
d) dever moral - comportamento que conduz o maio número de pessoas à felicidade maior - dever moral 
e) comportamento que conduz o maio número de pessoas à felicidade maior - dever moral - comportamento virtuoso 
 
 
 
03. (PEIES III / 2010) A filosofia moral é a parte da filosofia que trata das questões práticas acerca do viver. Considere, então, as 
seguintes afirmações: 
I.Uma das posições mais importantes na filosofia prática é a dos deontologistas, que afirmam que a moral é, acima de tudo, uma 
questão de dever. 
II.A ética das virtudes tem como um de seus maiores defensores o filósofo Emanuel Kant. 
III.John Stuart Mill foi um dos principais defensores do utilitarismo. 
 
 Está(ão) correta(s) 
a) apenas I. 
b) apenas II. 
c) apenas III. 
d) apenas I e II. 
e) apenas I e III. 
 
 
 
 
04. (PEIES/08) Há um modelo ético que parte do princípio de que o ser humano tem como finalidade alcançar o bem e a felicidade 
mediante a conduta virtuosa, e outro que entende que devemos agir em conformidade com máximas que devem servir de leis 
universais para todos os seres racionais. Esses dois modelos caracterizam, respectivamente, as éticas: 
 
I. teleológicas e finalistas. 
II. deontológicas e do dever. 
III. teleológicas e deontológicas. 
 
Está(ão) correta(s) a(s) alternativa(s) 
a) I apenas. 
b) II apenas. 
c) Ill apenas. 
d) I e II apenas. 
e) I, II e III. 
 
 
 
 
 
 
 
CCOONNTTEEMMPPOORRAANNEEIIDDAADDEE ((XXIIXX –– XXXX)) 
 
 
 
 
 
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MESTRES DA SUSPEITA 
Nietzsche, Freud e Marx 
 
Emotivismo Ético: O fundamento da moral 
 não é a razão, mas a emoção. 
 
 
 Nietzsche (1844-1900) 
 
 
Aspectos relevantes: 
 
• Contesta a razão e a moral racionalista (repressora). 
• Identifica a liberdade com a plena satisfação do desejante e do passional. 
• Moral racionalista que transformou tudo o que é natural e espontâneo nos 
seres humanos em vício, culpa e nomeia de virtude tudo o que oprime a 
natureza humana. 
• Paixões, desejos e vontade referem-se à vida e à expansão de nossa força vital. 
• Bem e mal: invenção da moral racionalista. 
• Moral racionalista: moral dos fracos. 
• A moral dos fracos é produto do ressentimento que odeia e teme a vida. 
• Transgredir normas e regras estabelecidas é a verdadeira expressão da liberdade e 
somente os fortes são capazes dessa ousadia. 
SUPER – HOMEM – deseja retornar para sua vida eternamente. 
Propõe a transformação dos valores – a substituição dos valores cristãos por novos valores 
que afirmem a VIDA. 
 
 
“Sócrates foi um equívoco. (...) A crua luz do dia, a racionalidade a todo custo, 
a vida clara, consciente, prudente, sem instintos, em oposição aos instintos, 
foi uma doença; e de nenhum modo o retorno à virtude, à saúde, à felicidade... 
‘Deves combater os instintos’, esta é a fórmula da decadência: enquanto a vida 
está em ascensão, a felicidade e o instinto são coisas iguais.” 
 
(Nietzsche) 
 
 
 
 
 
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 Freud (1856 - 1939) 
 
O Livro da Filosofia / [tradução Douglas Kim]. – São Paulo: Globo, 2011 
Sugestão de Leitura 
Nietzsche, F. Genealogia da moral. Tradutor: Paulo Cézar de Souza. 
Editora: Cia das Letras. 
 
 
ANOTAÇÕES: 
 
 
 
 
 
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• Inventor da Psicanálise : “Cura pela palavra” 
 
PARA ENTENDER A PSICANÁLISE 
 
O que é? 
 É um processo de investigação da vida psíquica; um método terapêutico e a teoria decorrente 
desses dois pontos, segundo a definição do próprio Freud. 
 
Quais as origens históricas do processo? 
 Sigmund Freud era doutor em Neurologia e, consequentemente, deparava com diversos casos de 
psicopatologias. Mas, naquela época (meados do século 19), havia um entendimento de que tais 
distúrbios tinham sempre um fundo orgânico, ou seja, derivavam de algum tipo de falha no cérebro. 
Freud teve acesso ao trabalho do psiquiatra Jean-Martin Charcot, com ele, fez um estágio para 
observar o comportamento de mulheres histéricas. Lá, percebeu que os sintomas histéricos tinham 
um significado e, posteriormente, viu que as pacientes tinham uma melhora significativa depois que 
falavam sobre o mal que as afligia. Identificou, então, a importância do escutar como um 
movimento pela cura. 
 
Quais são as diretrizes da psicanálise? 
 Existência do inconsciente: acredita-se que, além dos conteúdos e das emoções que estão 
vívidos na nossa consciência, ficam retidos “nos porões” da psique as demais informações que 
tivemos acesso de alguma forma na vida. Apesar de oculto, esse conteúdo se mantém vivo e 
pode ter forte influência em situações cotidianas. 
 
 
 Estrutura da psique: o aparelho psíquico seria formado por três estruturas. O ego seria a nossa 
ponte com o mundo externo, aparentemente o comandante dos nossos atos. Mas, na verdade, ele 
estaria sob influência direta de duas outras fontes: o superego, uma espécie de censor moral, e 
o id, a fonte das pulsões – os desejos inerentes ao ser humano. 
 
 O recalque como origem do sofrimento: quando uma pulsão é interditada pelo superego, ela se 
torna inconsciente pra evitar o sofrimento. Porém, pode influenciar atitudes e pensamentos 
posteriores. É a base dos sintomas. 
 
 A fala como meio para a cura: poder 
fazer conteúdos do inconsciente para o 
consciente. É uma forma de assimilar os 
conflitos internos e, assim, buscar uma 
melhora no quadro psíquico. 
 
Fonte: ZERO HORA (MIX – 13 e 14 de Novembro 
de 2010. Pág.4) 
 
 
 A psicanálise introduz um conceito 
novo: 
INCONSCIENTE 
 
Apresenta a sexualidade como força determinante 
de nossa existência. 
Limita o poder soberano da razão e da consciência. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATENÇÃO: 
A psicanálise mostra que somos resultado de nossa 
história de vida marcada pela sexualidade 
insatisfeita. 
A psicanálise propõe uma nova moral que harmonize 
os desejos inconscientes as formas de satisfazê-
los e a vida social. Moral que realiza pela 
consciência e vontade livre. 
Coloca em suspensão o ideal moderno de 
 
 Sugestão de Leitura 
 
FREUD,S. O mal estar na civilização. Editor: Paulo Cezar de Souza. 
Editora Cia das Letras 
 
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VALORES MORAIS 
 
Normas repressivas que devem controlar 
nossos desejos e impulsos inconscientes. 
Como falar em autonomia se os valores 
morais são impostos ao sujeito por uma 
razão oposta ou inconsciente? 
 
 Ou 
 
Os desejos inconscientes se manifestam 
por disfarces, como a razão pode pretender 
contratá-los? 
 
 
 
 
Sugestão de Filmes 
 
“Um método perigoso” (Alemanha / Suiça, 2011) 
Dirigido por: David Cronemberg. 
 
“FREUD, além da alma” (USA / 1962) 
Dirigido por: John Huston. 
 
ANOTAÇÕES: 
 
 
 
 
 
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 Marx (1818-1883) 
 
• Marx quer salvar a positividade da visa sensível. 
(Homem interagindo e transformando o mundo). 
 
Valores
da moral vigente: 
• respeito à subjetividade 
• liberdade 
• felicidade 
• racionalidade 
 
 
 
 
 
 
Liberdade: não é escolher ou deliberar mas agir ou fazer algo em conformidade com a 
natureza da totalidade. 
 
LIBERDADE –ATIVIDADE -> fundamentais à humanidade 
 
 Para Marx o homem não pode ultrapassar o limite da necessidade. O humano é 
determinado pelo seu modo de vida, então, para mudá-la é preciso mudar, libertando o homem 
do que o aprisiona e não através da consciência. Não se trata de eliminar os desejos 
individuais, mas e controlá-los a fim de evitar exploração. (preocupação humanista). 
 
 
ATENÇÃO: 
A moral burguesa pretende SER um 
racionalismo humanista... mas as 
condições materiais concretas em 
que vive a maioria da sociedade 
impedem a existência de um ser 
humano que realize valores éticos. 
HIPÓCRITAS: 
Irrealizáveis e impossíveis numa sociedade violenta 
baseada na desigualdade social e na exploração do 
trabalho. 
 
SOLUÇÃO: 
Mudar a sociedade para que a ética pudesse concretizar-se!!! 
Justa e igualitária na qual não haja propriedade 
privada / exploração! 
 
 
 
Sugestão de Leitura 
 
EAGLETON, Terry. Marx estava certo. Editora Nova Fronteira. 
 
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01.(ENEM/2010) A ética precisa ser compreendida como um empreendimento coletivo a ser constantemente retomado e rediscutido, 
porque é produto da relação interpessoal e social. A ética supõe ainda que cada grupo social se organize sentindo-se responsável por 
todos e que crie condições para o exercício de um pensar e agir autônomo. A relação entre ética e política é também uma questão de 
educação e luta pela soberania dos povos. É necessário uma ética renovada, que se construa a partir da natureza dos valores sociais, 
para organizar também uma nova prática política. 
Cordi et al. Para filosofar. São Paulo: Scipione, 2007 (adaptado) 
 
O século XX teve de repensar a ética para enfrentar novos problemas oriundos de diferentes crises sociais, conflitos ideológicos e 
contradições da realidade. Sob esse enfoque e a partir do texto, a ética pode ser compreendida como 
a) instrumento de garantia da cidadania, porque através dela os cidadão passam a pensar e agir de acordo com valores coletivos. 
b) mecanismo de criação de direitos humanos, porque é da natureza do homem ser ético e virtuoso. 
c) meio para resolver conflitos sociais no cenário da globalização, pois, a partir do entendimento do que é efetivamente, a política 
internacional se realiza. 
d) parâmetro para assegurar o exercício político primando pelos interesses e ações privadas dos cidadãos. 
e) aceitação de valores universais implícitos numa sociedade que busca dimensionar sua vinculação às outras sociedade. 
 
02. (ENEM/2010) Na ética contemporânea, o sujeito não é mais um sujeito substancial, soberano e absolutamente livre, nem um 
sujeito empírico puramente natural. Ele é simultaneamente os dois, na medida em que é um sujeito histórico-social. Assim, a ética 
adquire um dimensionamento político, uma vez que a ação do sujeito não pode mais ser vista e avaliada fora da relação social coletiva. 
Desse modo, a ética se entrelaça, necessariamente, com a política, entendida esta como a área de avaliação dos valores que 
atravessam as relações sociais e que interliga os indivíduos entre si. A.J. Severino, Filosofando. São Paulo : Cortez, 1992 (adaptado) 
 
O texto, ao evocar a dimensão histórica do processo de formação da ética na sociedade contemporânea, ressalta 
a) os conteúdos éticos decorrentes das ideologias político-partidárias. 
b) o valor da ação humana derivada de preceitos metafísicos. 
c) a sistematização de valores desassociados da cultura. 
d) o sentido coletivo e político das ações humanas individuais. 
e) o julgamento da ação ética pelos políticos eleitos democraticamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANOTAÇÕES: 
 
 
 
 
 
33 
 
EEXXIISSTTEENNCCIIAALLIISSMMOO 
 (Análise da Existência) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Kierkegaard (1813-1855) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Movimento filosófico – literário que nasceu no século XIX e toma como preocupação 
fundamental a noção de existência. Inicia com Soren Kierkegaard, que era um pensador cristão e 
toma projeção no século XX com Jean Paul Sartre. 
 
Temas relevantes: Finitude / angústia / solidão / subjetividade. 
S ren Kierkegaard nasceu em Copenhague em 1813, no que se tornou conhecida como era de ouro 
da cultura dinamarquesa. Seu pai, um rico comerciante, era pio e melancólico, e o filho herdou esses traços, 
que iriam influenciar sua filosofia. Kierkegaard estudou teologia na Universidade de Copenhague e requentou 
seminários de filosofia. Quando recebeu uma herança considerável, decidiu dedicar a vida e filosofia. 
Em 1837, conheceu e apaixonou-se por Regina Olsen e, três anos depois, ficaram noivos. Kierkegaard 
rompeu o noivado no ano seguinte, dizendo que sua melancolia o tornava impróprio para a vida de casado. 
Embora nunca perdesse a fé em Deus, criticava continuamente a Igreja nacional dinamarquesa por 
hipocrisia. Em 1855, caiu inconsciente na rua e morreu um mês depois. 
 
Obras-chave 
 
1843 Temor e tremor 
1843 Ou isso ou aquilo 
1844 O conceito de angústia 
1847 As obras do amor 
 
 
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=soren+kierkegaard&source=images&cd=&cad=rja&docid=GBLDEJSiOD12nM&tbnid=-QHqc-E6IaXS7M:&ved=0CAUQjRw&url=http://www.liceus.com/cgi-bin/gui/04/Kierkegaard.asp&ei=v_EUUe6wJ4v88QSRrIGIDw&bvm=bv.42080656,d.eWU&psig=AFQjCNGxzjZM8jnMbJm381OoPAr9urzj8A&ust=1360413474382045
 34 
 
Pensador que se coloca contra o modelo clássico de reflexão sistemática. Kierkegaard a 
maneira de Nietszche subverte o ideal de razão. A existência ética se regula a partir de uma 
idéia abstrata o indivíduo se sacrifica em função de algo que o ultrapassa do que está acima 
dele. O herói renuncia a si próprio e este é glorificado devido à grandeza de sua ação que 
cresça o bem geral. (viver segundo normas e leis caracteriza o estágio ético). Moralidade: 
pertencente à espera do geral, aquilo que se aplica a universalidade. O que caracteriza o 
estágio ético para Kierkegaard é que o individual se despoja para buscar a generalidade. 
(Ações que permitem que os indivíduos se associem). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ASPECTOS RELEVANTES: 
• Categoria central: “existência” 
• Atividade contrária ao sistema (o sistema é inútil para explicar a vida!) 
• O tema de máscara: Mostra que só é possível a verdade porque existe “mascaramento”. 
 A reflexão em Kierkegaard é sempre auto-reflexão, discussão sobre a existência e 
subjetividade. 
• Três modos de existência: estética / ética / religiosa. 
 (instante) (universal) (renúncia do universal). 
• Temas presentes: solidão, paixão, fé, paradoxo, desespero, existência, subjetividade. 
• Relação com Deus: salvação da angústia e desespero. 
 
 
Sugestão de Leitura 
 
KIERKEGAARD, Soren. Conceito de angústia. Editora Vozes de bolso. 
 
 
 
 Sugestão de Filme 
 
 “SHAME” - (Reino Unido, 2011) Dirigido por: Steve McQueen 
 
 
 
 
ANOTAÇÕES: 
 
 
 
 
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LIBERDADE 
ESCOLHAS 
ANGÚSTIA 
 
 
 Sartre (1905-1980) 
 
“Estamos condenados à liberdade.” 
 
 Escolha que o próprio homem faz de seu ser e de seu mundo. 
 
Para Sartre as escolhas são sempre corretas porque escolher é 
inventar, pois nada determina o que tem de ser feito. 
 
Para o existencialismo a determinação se aplica somente as coisas e não a consciência 
humana. 
 
As decisões morais dependem exclusivamente da liberdade humana.
A filosofia de Sartre ocupa-se da natureza da vida humana e das estruturas da 
consciência. Sartre pensa a liberdade como escolha (...) A responsabilidade é, no entanto, 
um peso que muitas vezes não conseguimos suportar, resultando em angústia. 
 
Sartre identifica a natureza essencial da existência humana 
com a capacidade de escolher. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“EU EXISTO, EU SOU”: Existencialistas afirmam a precedência da existência sobre a essência 
( Oposição e crítica ao racionalismo cartesiano). 
 X 
“EU SOU, EU EXISTO”: Cogito cartesiano/ 
Precedência da essência sobre existência. 
Lembrar!!!!! 
Murilo Mendes e Clarice 
Lispector 
(Temática existencialista) 
 
Sugestão de filme 
“Melancolia” (Dinamarca,2011) Dirigido por: Lars von Trier 
“As Horas” (Reino Unido / EUA, 2001) Dirigido por: Stephen Daldry 
“Um Sonho de Liberdade” (EUA/2004) Dirigido por:Frank Darabond 
 
 
Sugestão de Leitura 
MOUTINHO, Luis Damon. Sartre – Existencialismo e Liberdade. Ed. Moderna. 
 
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01. (ENADE/05) Uma das mais famosas frases de Sartre é “estamos condenados à liberdade”. De acordo com o dito sartriano, 
I o ser humano é fruto do acaso. 
II não se pode fugir à necessidade de deliberar sobre as próprias ações. 
III não se pode agir livremente. 
IV no universo do humano está à medida das ações e da responsabilidade do homem. 
V o homem é o lobo do homem. 
Estão certos apenas os itens 
a) I e II. b) I e III. c) I e IV. d) II e IV. 
 
02. (PEIES/08) No texto “O existencialismo é um humanismo”, J.P.Sartre apresenta um estudante indeciso entre ir à guerra e ficar 
cuidando de sua mãe enferma. A resposta do autor é “qualquer escolha que fizeres será a correta; escolher é inventar; nada determina 
o que tem de ser feito”. Segundo essa resposta, as decisões morais dependem 
I. das leis instituídas 
II. dos mandamentos divinos. 
III. da ordem natural 
IV. da liberdade individual. 
Está(ao) correta(s) a(s) afirmativa(s): a)I apenas b)II apenas c)III apenas d)IV apenas e)I,II,III e IV. 
 
03.(UEM/09-Modificada) A primeira grande filosofia da liberdade é exposta por Aristóteles em sua obra Ética a Nicômacos, a qual, com 
variantes, permanece através dos séculos, chegando até o século XX, quando foi retomada por Jean-Paul Sartre. Assinale o que for 
correto. 
I. Para Aristóteles, a liberdade é um ato de autodeterminação com o qual o homem dá a si os fins de sua ação, sem ser constrangido 
ou forçado por ninguém. 
II. Sartre, na sua obra o Existencialismo é um Humanismo, discute a questão da liberdade como sendo uma questão de ética, pois 
implica a responsabilidade para com os outros. 
III. Fundamentado na sua concepção de liberdade,Aristóteles defende a democracia para todos os homens, preconizando, inclusive, o 
fim da escravidão. 
IV. Na Ética a Nicômacos, Aristóteles define o ato voluntário como princípio de si mesmo. Portanto, para esse filósofo, tanto a virtude 
quanto o vício dependem da vontade do indivíduo. 
V. O existencialismo cristão de Jean-Paul Sartre acredita que o livre-arbítrio é inerente à essência do homem e, como a essência 
precede a existência, o homem é um ser capaz de autodefinição. 
a) I, II,III b) I,II,IV c) II,III,IV d) I,II,III,IV,V 
 
 
 
 
 
ANOTAÇÕES: 
 
 
 
 
37 
 
 
CCOOMMUUNNIITTAARRIISSMMOO // LLIIBBEERRAALLIISSMMOO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÉTICA COMUNITARISTA (Comunidade) 
 
 Herdeiros do aristotelismo 
 Ética das virtudes 
 Indivíduo - membro inserido numa comunidade política de iguais. O indivíduo tem obrigações 
éticas para com a finalidade social, deve viver para a sua comunidade organizada em torno de 
uma só idéia substantiva de bem comum. 
 Valorização das tradições e particularidades, a limitação das coisas a cada cultura. 
 Crítica a uma concepção universalista de justiça; concepção coletivista de cidadania. 
 Rejeitam concepções formalistas. 
 Expoentes: Alasdair MacIntyre, Charles Taylor, Michael Sandel, Will Kymlicka. 
 
ÉTICA LIBERALISTA (Indivíduo) 
 
 Herdeiros de Locke, Hobbes, Stuart Mill, Kant 
 Defendem: liberdade, igualdade, direitos individuais. 
 Não há justificação para a interferência estatal sobre nossa liberdade desde que respeitemos 
a liberdade dos outros. 
 Indivíduo- sujeito autônomo e universal. 
 Expoentes: John Rawls, Ronald Dworkin. 
ANOTAÇÕES: 
 
 38 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
01. (UFSM/09) “Os comunitaristas enfatizam o bem comum, não os direitos e liberdades dos indivíduos. Afirmam que a promoção 
constante da escolha individual muitas vezes prejudica o interesse público”. (Stephen Law, 2008). 
Na posição defendida pelo comunitarismo, herdeiro direto do aristotelismo, o papel do estado, conforme Stephen Law, consiste em 
promover 
I. o bem comum como critério primeiro das escolhas individuais. 
II. as escolhas individuais como meio para alcançar o interesse público. 
III. constantemente as liberdades individuais como motivadoras do bem comum. 
Está(ao) correta(s) 
a) I apenas. b) II apenas. c) III apenas. d) II e III apenas. e) I, II e III. 
 
02.(EAD/UFSM/2010) Nos últimos anos, acentuam-se os problemas de trânsito. As ruas estão cada vez mais congestionadas, ocorrem 
mais acidentes, a poluição do ar aumenta. Essa crise urbana tem uma dimensão política que podemos ver como um conflito entre duas 
posições: uma delas é o direito de o cidadão comprar e usar o automóvel; a outra são as restrições às liberdades individuais em nome 
do bem comum. 
O primeiro grupo, que enfatiza o respeito às escolhas individuais, expressa uma visão chamada de______________- , e o segundo 
grupo, que considera justificável limitar as liberdades individuais 
em casos como esse, expressa uma visão chamada de_______________- . 
Assinale as expressões que completam, respectivamente, as lacunas. 
a) liberal – comunitarista b) social-democrata – liberalista c) individualista - contratualista 
d) libertarista – socialista e) individualista – estatizadora 
 
03. (PEIES/2011) “As medidas necessárias para reduzir as desigualdades imerecidas que tem origem nas diferenças de classe e de 
talento natural irão exigir interferências nas atividades econômicas dos indivíduos, sobretudo mediante a tributação: o governo tira 
dinheiro de algumas pessoas e o utiliza para ajudar outras.” (Uma breve introdução à filosofia, de Thomas Nagel) 
Considere as seguintes declarações: 
I – O tipo de interferência mencionada no texto pode ajudar a promover a igualdade de oportunidades. 
II – O tipo de interferência mencionada no texto e um caso de justiça redistributiva. 
III – O tipo de interferência mencionada no texto e típica de um Estado liberal. 
 
Está(ão) correta(s) 
a)apenas I. b)apenas II. c)apenas III. d)apenas I e II. e)apenas II e III. 
 
04. (PS3/2012 UFSM) O filósofo André Comte-Sponville escreveu o seguinte: 
Quanto às empresas, elas tendem antes de mais nada ao lucro. Não as críticas por isso: é a função delas, e desse lucro todos nós 
necessitamos. Mas quem pode acreditar que o lucro baste para fazer que uma sociedade seja humana? A economia produz riquezas, 
e riquezas são necessárias, e nunca serão demais. Mas também precisamos de justiça, de liberdade, de segurança, de paz, de 
fraternidade, de projetos, de ideias... Não há mercado que os forneça. É por isso que é preciso fazer política: porque a moral não 
basta, porque a economia não basta e, portanto, porque seria moralmente condenável e economicamente desastroso pretender 
contentar-se com uma e outra. 
Considere as seguintes afirmações: 
I. A liberdade de ação pode ser incompatível com a justiça. 
II. A intervenção na economia é própria de um estado liberal. 
III. Comte-Sponville prescreve que a política deve ser um complemento indispensável à moral e à economia. 
Está(ão) correta(s)
a)apenas I e II. b)apenas III. c)apenas I e III. d)apenas II e III. e)I, II e III. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Sugestão de Leitura 
 
RAWLS, J. Uma teoria da justiça. Brasília : Editora UNB, 1981 
SANDEL, M. Justiça - O que é fazer a coisa certa. Editora Civilização Brasileira. 
 
 
 
 
 
 
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01. Considere o seguinte texto: 
 
Decidimos há alguns anos não testar crianças que poderiam ser portadoras assintomáticas de doenças que só iriam se manifestar na 
vida adulta e para as quais não existe tratamento, apesar da insistência de alguns pais que queriam ter seus filhos testados. Não há 
benefícios nessa descoberta. Ao fazer esses testes, você acaba tirando da criança a opção de decidir no futuro se ela deseja ou não 
saber se possui esse gene patogênico. Nossa experiência mostra que os jovens adultos preferem não ser testados ao compreender 
que nada pode ser feito para ajudá-los, se o resultado do teste mostrar que eles terão a doença. 
Fonte: ZATZ, Mayara. Genética: escolhas que nossos avós não faziam. São Paulo: Globo, 2011. 
 
Considere as seguintes afirmativas sobre a autonomia individual: 
I. Sartrismo: uma pessoa se inventa autonomamente. 
II. Consequencialismo: tomar uma decisão sobre o futuro de um recém-nascido não é violar a autonomia de ninguém, pois um recém-
nascido não é autônomo. 
III. Habermasismo: uma programação eugênica coloca uma pessoa em um certo plano de vida, o que interfere na sua liberdade de 
escolha do próprio plano de vida. 
Segundo a geneticista, está(ão) correta(s) 
a) apenas I. b) apenas I e II. c) apenas I e III. d) apenas II e III. e) apenas III. 
 
 
02. (UF/AL) Sobre cidadania e as concepções éticas dos filósofos gregos, Kant, Nietzsche, Marx e Habermas, é CORRETO afirmar 
que: 
I. Sócrates, Platão e Aristóteles têm em comum a concepção, de que a virtude resulta do trabalho reflexivo, da sabedoria, do controle 
racional dos desejos e paixões. Os homens gregos são antes de tudo cidadãos, membros integrantes de uma comunidade, de 
modo que a ética se acha intrinsecamente ligada à política. 
II. Os valores que constituem a moral aristotélica dos senhores são, ao ver de Nietzsche, eternos e invioláveis. Devem orientar a 
humanidade com uma força dogmática, de modo que o homem não se perca. 
III. Para Kant, a vontade humana é verdadeiramente moral quando regida por imperativos categóricos. O imperativo categórico é 
incondicionado, absoluto e voltado para a realização da ação, tendo em vista o dever. 
IV. Admite Marx que as condições da moral verdadeira só existiriam na sociedade sem Estado e sem propriedade privada. Ora, 
mesmo que a moral diga respeito à esfera pessoal, não há como viver moralmente e com cidadania em um mundo que ainda não 
tenha instaurado ordem da justiça social. 
V. Em sua teoria da ação comunicativa, Habermas desenvolve elementos para a compreensão da ética discursiva. Esta é uma teoria 
da moral que recorre à razão para sua fundamentação. A razão comunicativa é processual e construída a partir da relação entre os 
sujeitos, enquanto seres capazes de se posicionarem criticamente diante das normas. Assim sendo, a validade das normas 
depende do consenso encontrado a partir do grupo, do conjunto dos indivíduos. 
 
Assinale a alternativa que só possui afirmações VERDADEIRAS: 
a) III – IV – V b) II – III – IV – V c) II – III – IV d) I – II – IV – V e) I – III – IV – V 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÉTICA DO DISCURSO 
 
 Possibilidade de fundar uma ética baseada nos pressupostos da comunicação ou ética 
discursiva; 
 Consenso validado intersubjetivamente; 
 A linguagem é compreendida como ação; 
 Transformação da racionalidade instrumental moderna em racionalidade ético comunicativa; 
 Expoentes: Karl-Otto Apel e Jügen Harbermas. 
 
 
 Sugestão de Leitura 
HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunitário. Rio de Janeiro: Tempo 
Brasileiro, 1989. 
 
 
 
 40 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 TEXTOS COMPLEMENTARES 
 
 A ÉTICA APLICADA DE PETER SINGER 
Um dos pensadores mais polêmicos da contemporaneidade aborda 
questões de fronteira entre a vida e a morte 
 
Revista do Fronteiras do Pensamento (fonte) 
 
Ele já foi chamado de “Dr. Morte”,“Herodes” e até de “nazista” por líderes de movimentos moralistas. Entretanto, o australiano 
Peter Singer é apenas um filósofo moral. Responsável pela cátedra de bioética na universidade americana de Princeton desde 1999 
é autor de Ética Prática (Martins Fontes, 1994), Vida Ética (Ediouro, 2002),Libertação Animal (Lugano, 2004) e A Vida Que 
Podemos Salvar: Agir Agora Para Pôr Fim à Pobreza no Mundo (Gradiva, 2011). Em 26 de agosto, Peter Singer estará em 
Porto Alegre para o ciclo de palestra Fronteiras do Pensamento. 
 
O filósofo não é chegado a frases de lugar-comum, eufemismos ou expressões edulcoradas, o que faz com que suas plateias ou 
leitores saiam realmente chocados. Sua doutrina parte do utilitarismo formulado, inicialmente, no final do século 18, pelo inglês 
Jeremy Bentham. Para essa corrente, o ato moralmente justo é sempre aquele que resulta num acréscimo da felicidade geral, em 
detrimento da dor. Para compreender melhor o pensamento do conferencista do Fronteiras do Pensamento convidamos o 
biólogo José Roberto Goldim, chefe do Serviço de Bioética do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e Professor Adjunto da 
Faculdade de Medicina da PUCRS, e o pesquisador Álvaro Montenegro Valls, professor do Programa de Pós-Graduação em 
Filosofia da Unisinos. 
 
Quais as vantagens e as limitações de pensar uma “ética aplicada” para a contemporaneidade, como faz Peter Singer? 
Álvaro Valls – Singer, em vez de partir de princípios abstratos/universais ou de uma perspectiva contratualista, propõe que 
respeitemos toda a vida senciente, isto é, que respeitemos os interesses daqueles seres que podem, mas não deveriam, sofrer. Esta 
perspectiva é muito respeitosa e digna, e não atenta contra a dignidade humana. Ao contrário, numa perspectiva que já 
encontramos em São Francisco de Assis, ele supõe que devemos respeitar também os animais, que muitas vezes são maltratados 
nas experiências científicas, nos circos e mesmo nas fazendas de criação confinada. Sua ética aplicada não perde tempo discutindo 
as questões tradicionais do sexo (como era comum ao moralismo de poucas décadas atrás), mas se prende às questões da 
preservação da vida em suas diversas dimensões. 
 
José Goldim – Ao se debruçar corajosamente sobre problemas práticos e contundentes, de um modo que se aproxima ao da 
militância, sem perder o rigor filosófico, Peter Singer apresentou, desde a década de 1970, argumentos para uma fundamentação 
de questões até então não abordadas com esta intensidade e profundidade. Uma Ética Aplicada é uma tentativa de busca de 
justificativas filosóficas para questões práticas. A grande vantagem deste tipo de abordagem é a aproximação do pensamento 
filosófico de temas que dizem respeito à vida diária das pessoas. 
 
Singer já provocou polêmica com afirmações de que o aborto, a eutanásia e o infanticídio são justificáveis sob certas 
circunstâncias. O que pensa sobre isso? 
Álvaro Valls – Se quisermos captar seu pensamento num princípio genérico, podemos dizer que ele considera, ao repensar a vida e 
a morte, que deveríamos tentar respeitar tanto o desejo de muitos de viver quanto o desejo daqueles outros que preferem morrer. 
Mas o que costumamos fazer em geral é contraditório: defendemos que ninguém tem o direito de morrer, mas não ajudamos a 
sobreviver milhões de crianças subnutridas; falamos contra o aborto, mas não pensamos em adotar uma criança de rua (a mesma 
que escapou do aborto). Os bispos católicos condenam o aborto, mas quantos deles se empenham de fato em auxiliar as crianças 
de rua? Por outro lado, não é verdade que Singer ande por aí pregando o aborto e/ou o infanticídio. O que ele talvez queira dizer,
traduzido em linguagem nossa, é que se o nascituro jamais terá uma vida realmente humana, vida de relação, vida racional, vida 
(por que não dizer?) espiritual, então não somos obrigados a levar a gestação até o fim. Cultura da morte quem tem é um 
presidente americano que resolve destruir por meio século outro país de milhões de habitantes, e não uma jovem grávida que não 
sabe encarar uma vida defeituosa que está para nascer e cuida de outros filhos. 
 
José Goldim – As propostas de Peter Singer são polêmicas por que rompem com o senso comum. Abordar temas delicados como o 
aborto, o infanticídio e a eutanásia provoca inquietude nas pessoas e nas instituições, pois todos eles nos remetem à morte, à 
discussão sobre a finitude. A isto, Singer agrega outra questão: a dos limites da liberdade. Em várias obras ele propõe a reflexão 
sobre a dessacralização da vida, ou seja: retirar a noção de que todas as vidas são intrinsecamente valiosas, de que é sempre 
errado matar intencionalmente um ser humano inocente, como afirmou John Keown, em 1993. Neste ponto reside uma das mais 
importantes questões levantadas por Singer: a diferença entre ser humano e pessoa. Matar uma pessoa é errado, mas não um ser 
humano que ainda não é detentor de todas as características que o tornam pessoa. A racionalidade, a autonomia e a consciência 
 
 
 
 
 
41 
 
de si são exemplos destas características, que diferenciam um ser vivo pertencente à espécie humana de uma pessoa. São 
conceitos de campos diferentes, um biológico e outro filosófico, com importantes repercussões jurídicas. Outros autores, como 
Michael Tooley, concordam e reafirmam esta posição. A justificativa da eutanásia é oposta. A eutanásia pode ser justificada, não 
pela destituição de uma pessoa, mas por ser a expressão voluntária de uma pessoa. O argumento utilizado por Singer se baseia no 
fato de que sendo racional, autônomo, tendo consciência de si e de seu futuro, uma pessoa pode intencionalmente desejar o fim 
de sua vida, quanto esta se torna insuportável por motivo de uma doença incurável e associada a grande sofrimento. A 
argumentação de Singer não pode ser banalizada, o próprio autor reflete sobre a necessidade de se oferecer os meios para 
abrandar o sofrimento e confortar o doente, sendo a eutanásia uma alternativa quando esses limites forem ultrapassados. Na 
eutanásia, a questão central é a relação entre a vida e a qualidade de vida, sobre o sofrimento associado ao viver. Singer foi muito 
hostilizado por suas posições a respeito da eutanásia. Ele teve que estabelecer uma clara distinção entre seu pensamento sobre a 
eutanásia e o uso equivocado da palavra para justificar práticas de extermínio durante o período nazista. 
 
Como entra o conceito de dor na moral singeriana, tanto a dor humana como a animal? 
Álvaro Valls – É uma reflexão de tipo universal, se quisermos, e bastante singela: não se deve provocar sofrimento ou compactuar 
com o sofrimento dos outros, qualquer que seja a espécie a que pertençam. Aos poucos, os velhos e conhecidos preconceitos vão 
sendo superados ou proibidos: os de raça e os de sexo. Nosso país parece esquecer-se que compactuou com a escravidão até fins 
do século 19. O machismo ainda vigora, e as delegacias de mulheres estão lotadas, mesmo sabendo-se que muitas não prestam 
queixa dos maridos agressores. O preconceito eurocêntrico já se disfarça melhor. Os de classes sociais funcionam silenciosamente. 
Mas um último preconceito ainda é aceito como algo natural: o de nossa superioridade entre as espécies vivas do planeta. Ora, o 
ser humano é talvez a única espécie que mata por esporte, por prazer, por sadismo. Os filósofos, desde Aristóteles, ao menos, 
sempre buscaram definir o que nos distingue dos outros animais, mas com isso se esqueceram de ressaltar aquilo que nos une e 
nos aproxima. 
 
José Goldim – Talvez a maior contribuição dada por Peter Singer tenha sido na discussão sobre a questão envolvendo o sofrimento 
de animais em diferentes situações criadas pela sociedade, seja na pesquisa como nos meios de produção. Em 1975, quando 
publicou seu livro Libertação Animal, de tradução tardia para o português, provocou uma série de questionamentos sobre 
práticas até então aceitas, como os testes de cosméticos em coelhos, a produção de aves e mamíferos em confinamento, entre 
outros. Singer resgatou o pensamento de Jeremy Bentham sobre a não justificativa para o sofrimento de animais, que independe 
da sua capacidade de raciocinar e da sua condição não humana. Ele retomou o pensamento de Albert Schweitzer e de Fritz Jahr, do 
início do século 20, ao incluir os animais como objeto de consideração da reflexão ética. 
 
Independente de concordar ou discordar de Peter Singer, qual é a contribuição que seu modo de fazer filosofia traz 
para uma ética da contemporaneidade? 
Álvaro Valls – De certo modo, Singer trouxe a filosofia de volta à terra, trocando a ênfase demasiado especulativa das teorias éticas 
para uma perspectiva mais “problemática”: filosofar a partir dos problemas concretos. Aliás, essa é uma característica que costuma 
valer para os pensadores de linha mais utilitarista: Singer diria que, independentemente da motivação, se há uma creche pobre 
para crianças mutiladas por minas terrestres em Angola, por exemplo, o que interessa é que ela seja ajudada de forma concreta. Já 
numa ética de tipo kantiano, muito respeitada entre os filósofos, o que vale, mesmo, é a intenção (claro que não apenas uma 
veleidade qualquer, mas uma vontade firme e esforçada até o fim), ainda que o resultado não seja o esperado. Em nosso exemplo, 
terei agido eticamente se mandei meu dinheiro para aquela creche de Angola, mesmo que alguma instância intermediária o desvie 
no meio do caminho.Mas aí, justamente, temos uma proposta de Singer que merece ser levada mais a sério. Ele diz que, digamos, 
10% do dinheiro de que dispomos não pode ficar para nosso uso, mas que devemos aplicá-lo, da melhor maneira possível, e ao 
nosso critério, em favor dos menos favorecidos. Seu raciocínio é de que nem o rico nem o pobre ficariam em má situação, retendo 
90% para si e dando 10% para alguém mais necessitado, como um dever de fraternidade e de humanidade. É a ideia kantiana de 
que, se podemos ajudar sem sacrifícios significativos, então temos de ajudar. Enfim, para resumir, estou convencido de que Singer 
é um pensador ético a favor da vida, de uma vida mais humana e mais fraterna. 
 
José Goldim - Peter Singer é importante para a Filosofia contemporânea, não por se concordar ou discordar de sua obra, mas sim 
pela sua contribuição em si, pelo desinstalar que provocou. Ao questionar questões importantes e mobilizadoras, Peter Singer 
arejou uma discussão, em um momento adequado como foram os anos 1970, em que o questionamento foi a marca e o 
surgimento de novas e criativas abordagens permitiram avançar sobre temas antes Peter Singer tidos como tabu. 
 
Peter Singer no Fronteiras do Pensamento 
26 de agosto de 2013, às 19h30, no Salão de Atos da UFRGS (Av. Paulo Gama, 110 - Porto Alegre - RS) 
Informações sobre passaportes de entrada no site fronteiras.com 
 
 
 
ÉTICA E DIREITOS HUMANOS 
http://www.fronteiras.com/poa/passaporte.html
 42 
 
Desidério Murcho 
Universidade Federal de Ouro Preto 
Um dos papéis públicos da filosofia é esclarecer confusões comuns. Uma dessas confusões formula-se rapidamente na 
forma de uma contradição: ao mesmo tempo que é comum considerar-se que “os valores são relativos” (às culturas, por exemplo, 
ou ao contexto histórico) é também comum defender a universalidade dos direitos humanos; mas se os direitos humanos são 
meramente relativos, não são universais e se não são universais qualquer cultura, sociedade, comunidade ou pessoa nada está a 
fazer de errado se não aceitar os direitos humanos. A limite, isto significaria que os colonizadores que fundaram o Brasil com base 
na exploração de índios e de negros, nada de errado moralmente teriam feito, pois estariam apenas a obedecer
aos seus valores, 
que contudo não são agora os nossos. Como sair desta contradição aparente? Serão realmente os valores relativos? Serão os 
direitos humanos universais? Este é o tema destas páginas. 
É preciso começar por dizer alguma coisa sobre a natureza da filosofia, que muitas vezes não é entendida correctamente. 
A filosofia dá origem a perplexidades porque nem é literatura, nem é religião, nem é ciência. Não é ciência porque não é 
constituída por um conjunto enorme de resultados, como acontece com a física ou a biologia ou a matemática ou a lógica. Não é 
religião porque não se baseia na autoridade, tradição e escritos considerados sagrados. E não é literatura porque não visa efeitos 
estéticos nem a construção de ficções. Precisamente porque a filosofia não é qualquer destas coisas, é por vezes reduzida a 
qualquer uma delas. Assim, faz-se por vezes da filosofia uma disciplina meramente técnica ou científica, com muita lógica ou 
muitas questões exegéticas. Outras vezes, faz-se da filosofia uma espécie de discurso religioso que visa dizer-nos coisas 
reconfortantes e que nos dão esperança. Outras vezes ainda lê-se os filósofos como se fossem romancistas, construtores de ficções 
sem outra pretensão que não a de proporcionar momentos agradáveis de leitura amena. 
Não é assim que entendo a filosofia, e penso que ao longo da história da filosofia não foi também assim que a maior parte 
dos filósofos a entenderam. Entendo que a filosofia se ocupa de problemas de real interesse cognitivo, apesar de não serem 
problemas que tenham resolução científica. Vejamos alguns desses problemas, em contraste com problemas que não são 
filosóficos: 
1. Serão os valores relativos (à história, às sociedades, aos indivíduos)? 
2. Será toda a realidade uma mera ilusão? 
3. Sabemos realmente o que pensamos que sabemos? 
O primeiro destes problemas será abordado de seguida. Os outros são problemas respectivamente da metafísica e da 
epistemologia. O que há de comum a todos é que não se consegue ver que tipo de metodologia científica se poderia usar para 
tentar responder-lhes. Compare-se com três problemas subtilmente diferentes: 
1. Diferentes pessoas, em diferentes momentos da história e em diferentes sociedades, têm valores diferentes? 
2. Algum filósofo defende que toda a realidade é uma mera ilusão? 
3. Como explicar os processos cognitivos que ocorrem no cérebro de uma pessoa quando ela conhece algo? 
Nenhum destes problemas é filosófico precisamente porque só empiricamente podem ser adequadamente estudados. No 
primeiro caso, trata-se de um problema sociológico e antropológico, e só pode ser adequadamente estudado fazendo investigação 
empírica, típica em sociologia — inquéritos, estatísticas, etc. No segundo caso, trata-se de algo que só pode responder-se 
recorrendo aos métodos empíricos da história da filosofia — leitura e interpretação de textos, nomeadamente. E o terceiro 
problema só pode ser adequadamente estudado recorrendo aos métodos empíricos da psicologia cognitiva. 
Os problemas filosóficos têm assim duas características curiosas: 
1. Não se consegue ver como poderão ser resolvidos recorrendo às metodologias das ciências empíricas, como a 
sociologia ou a física, nem formais, como a lógica ou a matemática; 
2. Apesar disso, não é possível demonstrar sem contradição que os problemas da filosofia são todos meras confusões ou 
ilusões. 
A filosofia é, assim, uma disciplina em que nos dedicamos ao estudo de problemas em aberto, que ninguém sabe como se 
resolvem. A tentação natural e de senso comum é desistir de tentar resolvê-los, por se pensar que só vale a pena enfrentar 
problemas quando já temos metodologias para os resolver. Deve-se resistir a esta tentação, entre outras razões porque 1) saber 
enfrentar problemas em aberto é crucial para uma democracia saudável e 2) pode-se saber muito sobre um problema e muito 
ganhar em compreensão, apesar de não sabermos resolvê-lo. 
Vejamos o primeiro aspecto. Os problemas sociais, económicos e políticos que enfrentamos nas nossas sociedades são 
insusceptíveis de solução científica. Certamente que as ciências — como a medicina ou a economia — muito nos ajudam a resolver 
alguns dos problemas das nossas sociedades. Mas não nos dão respostas prontas, que possamos aplicar cegamente. Para resolver 
os problemas das populações precisamos de discernimento; precisamos de tomar decisões sem garantias científicas de que 
estamos a fazer o melhor. Isto significa que precisamos de saber deliberar e discernir quando não há soluções científicas para os 
nossos problemas. Por exemplo, a engenharia diz-nos exactamente como podemos fazer uma ponte de modo a suportar o peso 
que queremos que suporte; mas nenhuma ciência nos diz se é melhor fazer uma ponte ou um hospital ou uma escola; se é melhor 
tomar esta ou aquela decisão. Precisamos, pois, de saber pensar claramente e com discernimento onde as meras receitas 
científicas e matemáticas não se aplicam. Uma formação adequada em filosofia pode ajudar-nos a fazer isso melhor precisamente 
porque em filosofia estudamos problemas que ninguém sabe resolver — e tentamos resolvê-los, apesar disso. 
Quanto ao segundo aspecto, pode-se saber muito sobre um dado problema sem saber resolvê-lo porque na tentativa de o 
resolver esclarecemos confusões, vemos que vias estão fechadas e que alternativas existem realmente. Muitas ideias que parecem 
óbvias quando não temos formação filosófica revelam-se confusões insustentáveis ou, pior, preconceitos interesseiros disfarçados 
de concepções cuidadosamente pensadas. Ao longo da história da humanidade, alguns dos maiores terrores basearam-se 
precisamente em preconceitos interesseiros em que ninguém poderia genuinamente acreditar se pensasse seriamente no assunto, 
mas em que era muito vantajoso acreditar. Por exemplo, duvido que os esclavagistas europeus do séc. XV pudessem acreditar em 
boa-fé que os negros ou os índios não tinham alma, ou que os alemães pudessem realmente acreditar que os judeus eram sub-
 
 
 
 
43 
 
humanos; mas em ambos os casos estas ideias prevaleceram porque era vantajoso acreditar nelas e porque ninguém as analisava 
cuidadosamente para ver se eram realmente sustentáveis. A filosofia, mesmo não apresentando resultados aplicáveis para a 
melhoria da sociedade, como acontece com a engenharia ou a medicina, pode mesmo assim ter um papel público fundamental: o 
de pôr em causa com rigor os preconceitos do nosso tempo, ensinando-nos a pensar cuidadosamente. 
Comecei com estes esclarecimentos porque algumas pessoas encaram a filosofia não como uma actividade primariamente 
cognitiva e crítica, mas como um discurso emocionalmente reconfortante, que serve para dar um ar de fundamentação académica 
às ideias que já preferimos. O que farei, ao invés, é: 1) mostrar que o relativismo ético, muito comum hoje em dia, é incompatível 
com a aceitação da universalidade dos direitos humanos, 2) argumentar que a ideia de que os valores são relativos se baseia em 
maus argumentos e confusões e 3) mostrar como se pode ter uma concepção minimalista da ética que evite as confusões atrás 
detectadas. 
A ética é uma disciplina filosófica que estuda três famílias de problemas, dividindo-se por isso em três áreas: 
1. A metaética estuda problemas relacionados com a natureza da própria ética, como a questão de saber se os valores 
éticos são relativos ou não — tema que abordaremos de seguida; 
2. A ética normativa estuda o problema de saber o que é o bem último, isto é, o bem que não é meramente instrumental 
para outros bens, e o problema de saber o que faz uma acção ser boa — o deontologismo, o consequencialismo, a 
ética das virtudes e o contratualismo são as quatro grandes famílias de teorias éticas normativas; 
3. Finalmente, a ética aplicada ou prática estuda problemas como a permissibilidade do aborto, a relevância moral dos 
animais inumanos, a obrigatoriedade de ajudar as populações mais pobres ou a moralidade da guerra. 
Alguns autores fazem uma
distinção confusa entre ética e moral, que tem raiz em Hegel, mas que nada esclarece e só 
confunde. Usarei os termos “ética” e “moral” como sinónimos, até porque o segundo tem origem num termo latino que é a 
tradução do termo grego que é a origem do primeiro. A ética não é um mero conjunto mais ou menos arbitrário de códigos de 
conduta; entre outras coisas, é o estudo cuidadoso das razões a favor ou contra a nossa conduta. Isto significa que em ética se dá 
muita importância à argumentação: queremos saber que razões há para agir ou não agir de determinada maneira, por exemplo. 
O relativismo cultural, em ética, distingue-se da mera diversidade cultural. A diversidade cultural é apenas a existência de diversas 
culturas, eventualmente com diferentes códigos de comportamento. O relativismo cultural é uma tese ética: um tipo particular de 
relativismo moral. O relativismo moral é qualquer posição que defenda que as acções são correctas ou incorrectas, e os estados de 
coisas são bons ou maus, relativa e não absolutamente. Relativamente a quê? Depende do tipo de relativismo moral. Quando se 
defende que são relativos ao tempo histórico, trata-se de relativismo histórico; quando se defende que são relativos a cada pessoa 
em particular, trata-se de subjectivismo; quando se defende que são relativos a culturas ou mentalidades, trata-se de relativismo 
cultural. Estes são três tipos de relativismo moral, e podem ser combinados entre si. 
Do ponto de vista do relativismo cultural não há diferença entre uma população considerar que um certo comportamento 
é moral e esse comportamento ser realmente moral. Por exemplo, se numa cultura se considerar que é moral excluir as mulheres 
ou os negros da vida política, então é realmente moral fazer tal coisa. Dado que no séc. XIX se considerava isso mesmo na Europa e 
noutros países, então era realmente moral fazer isso. 
O relativismo cultural opõe-se ao irrelativismo. Não uso a palavra “absolutismo” porque esta palavra dá origem a duas 
ilusões. 
A primeira é dar a impressão de que quem se opõe ao relativismo cultural está obrigado a defender que todos os valores 
são absolutos, o que é falso. Compare-se com alguém que se opõe à ideia de que todos os homens são louros; esta pessoa não está 
obrigada a defender que nenhum homem é louro, mas apenas que alguns homens não são louros. O mesmo acontece com o 
relativismo cultural: dado que quem defende esta ideia aceita que todos os valores são relativos à cultura, quem se opõe a esta 
tese só tem de defender que alguns valores não são relativos à cultura. Não tem por isso de defender que nenhum valor é relativo 
à cultura, como a palavra “absolutismo” dá a entender. 
A segunda ilusão é confundir o relativismo moral com o contextualismo moral. A negação do relativismo cultural é 
compatível com a aceitação do contextualismo moral. Compare-se com alguém que se opõe à ideia de que as verdades são 
relativas; esta pessoa nega que uma mesma verdade, como “Hoje é terça-feira,” possa ser falsa só porque uma dada cultura ou 
conjunto de pessoas consideram que é falsa. Mas esta rejeição é compatível com a aceitação de que a frase “Hoje é terça-feira,” 
proferida amanhã, é falsa, apesar de ser verdadeira hoje — mas isto não é relativismo, é apenas atenção ao contexto. Em 
diferentes contextos, a mesma frase exprime diferentes ideias, que poderão ser verdadeiras ou falsas em função do contexto. O 
que opõe o relativista ao irrelativista quanto à verdade é o primeiro considerar que a verdade é sempre relativa ao que as pessoas 
consideram, ao passo que o segundo afirma que isso nem sempre acontece. Contudo, aceitar que as frases são relativas aos 
contextos em que são proferidas não é uma forma de relativismo, mas sim de contextualismo — e é inócuo. Afinal, é evidente que, 
entre outras razões, é porque a neve é branca que a frase “A neve é branca” é verdadeira. Contextualismo não é relativismo. 
O mesmo acontece no caso da ética. Quem se opõe ao relativismo moral opõe-se à ideia e que uma acção seja correcta 
ou incorrecta em função do que as pessoas de uma dada cultura ou tempo histórico consideram. Quem se opõe ao relativismo 
moral considera que as acções nem sempre são correctas ou incorrectas em função do que as pessoas consideram, e portanto que 
a maior parte das pessoas de uma dada cultura pode considerar que, por exemplo, excluir as mulheres e negros seja moralmente 
correcto, apesar de na realidade isso não ser moralmente correcto. Esta ideia, contudo, é compatível com o contextualismo moral, 
que é a ideia banal de que as acções de um certo tipo são correctas em certas circunstâncias e incorrectas noutras. Por exemplo, 
numa circunstância em que uma pessoa não vê que está prestes a ser atropelada, pode ser moralmente correcto empurrá-la 
violentamente para lhe salvar a vida; mas, noutra circunstância, pode ser moralmente incorrecto empurrá-la violentamente. Outro 
exemplo: em certas circunstâncias é permissível retirar a liberdade e o direito de voto a uma pessoa, nomeadamente se cometeu 
um crime de um dado tipo; mas noutras circunstâncias não é permissível fazer isso a essa pessoa. 
Assim, o relativismo cultural é a ideia de que todas acções são correctas ou incorrectas consoante são consideradas 
correctas ou incorrectas numa dada cultura. A negação disto é a ideia de que nem todas as acções são correctas ou incorrectas em 
função do que as pessoas pensam. O relativista nunca vê diferença entre considerar-se numa dada cultura que algo é moralmente 
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correcto e algo ser moralmente correcto, ao passo que o seu opositor defende que pelo menos em alguns casos existe tal 
diferença. 
O relativista moral tem de defender que a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pelas Nações Unidas no 
dia 10 de Dezembro de 1948, não exprime princípios éticos universais em qualquer sentido robusto do termo. Apesar de esta 
declaração ter sido aprovada por unanimidade nas Nações Unidas (com a abstenção de alguns países, como a União Soviética, a 
Polónia e a África do Sul), o relativista cultural terá de defender que a violação de qualquer dos direitos consagrados na Declaração 
é eticamente permissível desde que seja permissível numa dada cultura. Assim, se numa dada cultura se considera que é correcto 
discriminar as pessoas com base na origem étnica ou no sexo, violando o artigo segundo da Declaração, o relativista tem de aceitar 
que nessa cultura é correcto fazer tal coisa e que a Declaração se limita a exprimir uma convicção diferente. 
Muitas pessoas que aceitam o relativismo cultural rejeitam a ideia de que é eticamente permissível violar qualquer um 
dos direitos humanos consagrados na Declaração. Mas estas duas ideias são incompatíveis. O relativismo cultural é incompatível 
com a ideia de direitos humanos universais. 
Que razões haverá para aceitar o relativismo cultural? Uma primeira razão é pura confusão. Consiste em confundir o 
relativismo cultural com o respeito pela diversidade cultural. Muitas pessoas defendem que devemos respeitar as culturas alheias, 
e consideram que no passado os europeus e outros povos cometeram o erro moral de não respeitar as culturas alheias, impondo à 
força os seus padrões e classificando as culturas alheias como selvagens ou primitivas ou incivilizadas. E essas pessoas pensam que 
para defender este respeito pelas culturas alheias temos de defender o relativismo cultural — mas isto é uma confusão. 
Em primeiro lugar, a ideia é incoerente, porque defende um valor ético universal (o respeito pelas culturas alheias) com 
base na premissa de que todos os valores éticos são relativos à cultura. Contudo, se todos os valores éticos fossem relativos à 
cultura, o valor do respeito pelas culturas alheias só poderia ser um valor relativo a certas culturas, mas não a outras. 
Nomeadamente, não era um valor na cultura europeia do séc. XVI, e portanto os europeus nada fizeram de moralmente errado ao 
não respeitar as culturas alheias. 
Em segundo lugar, é simplista:
não distingue o que deve ser cuidadosamente distinguido. Há uma grande diferença entre 
respeitar costumes que não têm relevância ética — como as cerimónias de casamento, a nudez ou os comportamentos sexuais — e 
respeitar costumes que têm relevância ética — como a escravatura, a discriminação das mulheres ou a violação de crianças. O 
respeito pelas culturas alheias tem o mesmo género de limite que tem o respeito pelos comportamentos alheios: é defensável que 
respeitar todos os comportamentos e estilos de vida alheios desde que não prejudiquem injustamente outras pessoas. 
Em terceiro lugar, defender a tolerância de culturas alheias com base no relativismo cultural denuncia uma enorme 
incompreensão do conceito de tolerância. Uma pessoa não pode exercer qualquer tolerância quanto a um estilo de vida alheio se 
não puder condenar esse estilo de vida. Se não podemos condenar um dado estilo de vida, não podemos tolerá-lo — aceitamo-lo 
como bom, ou indiferente. A tolerância consiste em defender que um dado estilo de vida é condenável, por ser tolo ou por outra 
razão qualquer, mas que as pessoas têm o direito a viver desse modo desde que não prejudiquem ninguém. Assim, a tolerância 
cultural consiste em considerar que o hábito europeu de só as mulheres usarem saias é uma tolice, ao mesmo tempo que se tolera 
esse hábito. Se começarmos por considerar que esse hábito não é condenável, nada teremos para tolerar. 
Assim, uma das motivações do relativismo cultural é pura confusão. Essa motivação é a tolerância cultural. Mas não só a 
tolerância cultural não resulta do relativismo cultural, como é na verdade incompatível com ele. 
Vejamos agora uma segunda razão para aceitar o relativismo cultural. Neste caso, o argumento de algum modo aludido 
intuitivamente é o seguinte: 
O que numa comunidade se considera moralmente correcto, noutra é visto como moralmente incorrecto. 
Logo, não há padrões universais do correcto e do incorrecto, e a ética é relativa à cultura. 
Este argumento ganhou força na Europa quando as pessoas se viram confrontadas com códigos de comportamento muito 
diferentes dos seus. A nudez e certos comportamentos sexuais, por exemplo, eram vistos como inaceitáveis pelos europeus, 
profundamente influenciados pelos códigos de conduta do cristianismo. Eis que se descobre que partes substanciais da população 
humana nunca tinham ouvido falar do deus cristão e não tinham o mesmo género de atitude relativamente à nudez nem ao 
comportamento sexual. A primeira reacção dos europeus foi condenar o modo de vida considerado imoral e selvagem; mas mesmo 
nesta altura muitos críticos europeus perguntavam: “se tais sociedades consideradas primitivas precisam de ser civilizadas pelos 
europeus, quem irá civilizar a civilização europeia, na qual há tantas iniquidades?” Assim, a primeira reacção de rejeição dos 
costumes alheios foi dando lugar a uma reacção diferente: diferentes povos têm diferentes códigos de comportamento, e só um 
certo tipo de ignorância ou soberba poderá fazer alguém pensar que o código de comportamento da sua sociedade ou comunidade 
é correcto, sendo todos os outros incorrectos. Esta posição é então confundida com a tese relativista, a ponto de parecer que quem 
hoje rejeita o relativismo é por ignorância ou soberba. Compare-se, contudo, as duas teses: 
1. Tese da diversidade cultural: diferentes culturas têm diferentes códigos de comportamento. 
2. Tese relativista: não há padrões universais do correcto e do incorrecto, e a ética é relativa à cultura. 
As duas ideias são muito diferentes. A primeira diz-nos algo que podemos verificar empiricamente, algo que pode ser 
estudado por disciplinas como a história ou a antropologia ou a sociologia. A tese da diversidade cultural é empírica; diz respeito ao 
que as pessoas fazem ou pensam em diferentes culturas. 
A segunda ideia é muito diferente. Não dos diz apenas que diferentes pessoas em diferentes culturas consideram que 
diferentes comportamentos são correctos ou incorrectos. Diz-nos que não há padrões universais do correcto e do incorrecto. Esta 
afirmação pode parecer mais ou menos igual à primeira porque pode ser entendida apenas empiricamente, da seguinte maneira: 
se fizermos uma lista de todos os padrões de comportamento das diferentes sociedades humanas, não encontraremos um 
denominador comum, não encontraremos padrões iguais em todas as sociedades humanas. Mas se esta ideia for entendida desta 
maneira, é simplesmente falsa. Em nenhuma sociedade humana é moralmente permissível torturar crianças por prazer. Em quase 
todas as sociedades humanas já se torturaram crianças por prazer, mas não como norma de comportamento, comummente aceite, 
e sim como um desvio comportamental fortemente condenado. 
De modo que se entendermos empiricamente a ideia de que não há padrões universais de comportamento, a ideia é falsa. 
Alguns comportamentos são condenados numa sociedade e não o são noutra, mas isso não acontece com todos os 
 
 
 
 
45 
 
comportamentos. Esta ideia, contudo, pode ser entendida não como uma tese empírica mas antes como uma tese filosófica sobre 
a impossibilidade de justificar padrões universais de comportamento, ainda que vários comportamentos sejam por acaso 
condenados em todas as sociedades. Esta ideia é muito mais forte e é isto que constitui o relativismo cultural em ética. A ideia é a 
seguinte: mesmo que alguns comportamentos sejam condenados em todas as sociedades, isso é irrelevante; o que é relevante é 
que muitos comportamentos condenados numa sociedade não o são noutra. E isto é relevante porque mostra que não pode haver 
justificação para condenar ou não um dado comportamento; os comportamentos são condenados ou não por motivos históricos, 
culturais, eventualmente até práticos, mas não têm realmente justificação, numa qualquer acepção robusta do termo. 
Chegámos assim ao torna a tese do relativismo cultural tão atraente. O que a torna atraente é a perplexidade perante o que 
poderia justificar as nossas escolhas éticas; perante essa perplexidade, declara-se então que as escolhas éticas resultam do 
contexto cultural, ou outro, não podendo resultar de qualquer tipo de deliberação cuidadosa. 
Se esta for a motivação fundamental do relativismo cultural, é irrelevante demonstrar cabalmente a invalidade do 
argumento acima apresentado a favor desta tese. O argumento, recorde-se, parte da ideia de que diferentes comunidades ou 
culturas consideram correctos diferentes comportamentos, e conclui que não há padrões universais do correcto e do incorrecto. 
Reflectindo um pouco, é óbvio que o argumento é inválido. Afinal, do facto de várias comunidades ou culturas ao longo da história 
considerarem correctas diferentes afirmações sobre a Terra não se pode concluir que não há afirmações universalmente 
verdadeiras ou falsas sobre a Terra. A mera discordância e diversidade de opiniões quanto a um assunto não permite concluir que 
todas as opiniões sobre esse assunto são “igualmente verdadeiras.” Apesar de ser verdade que muitas pessoas em muitas culturas 
pensaram que a Terra estava imóvel no centro do universo, ao passo que outras pessoas noutras culturas pensam que a Terra não 
está imóvel no centro do universo, dessa discordância de opiniões não se segue que a posição e movimento da Terra é relativa às 
culturas — ou seja, não se segue que a Terra ora se move ora não se move consoante as pessoas acreditam ou não nisso. Ou seja, 
da discordância e diversidade de opiniões sobre o movimento da Terra não se segue o relativismo sobre o movimento da Terra. 
Assim, da discordância e diversidade de opiniões éticas entre culturas não se segue também o relativismo cultural. 
Esta refutação é sólida. O argumento original a favor do relativismo cultural está claramente errado. Mas se nos 
limitarmos a refutar o argumento deste modo não estaremos a responder à sua motivação, que é presumivelmente o factualismo 
(que por sua vez é uma versão de cientismo). Perante a refutação apresentada, a resposta previsível
de quem defende o 
relativismo cultural é que os valores éticos são coisas muito diferentes dos factos sobre o movimento e posição do planeta Terra; 
estes factos são o que são, independentemente do que as pessoas pensam acerca deles; mas os valores são muito diferentes dos 
factos e não podem ser estabelecidos objectivamente ou cientificamente; por isso, são meras expressões das culturas, da história, 
etc. 
Esta é que me parece a razão central a favor do relativismo cultural. As diferenças culturais não desempenham o papel 
de premissa de um argumento obviamente errado, mas apenas deconfirmação do que é tomado como uma evidência. E o que 
parece evidente é que os valores não são factos e só os factos podem ser objectivamente estabelecidos. Mas o que quer isto dizer? 
A ideia fundamental é uma certa concepção de justificação. A justificação é vista de um modo algo mecânico: é uma questão de 
espelhar factos. Se não há factos que possam ser espelhados, nenhuma justificação adequada pode existir — e ficamos entregues à 
mera perspectiva, relativa às arbitrariedades históricas, culturais e até psicológicas. O problema é que esta concepção de 
justificação é incoerente porque se baseia numa ideia que, segundo os seus próprios padrões, não é justificável. 
A ideia é que só uma ideia empiricamente verificável — pela observação ou experimentação científica — pode ser 
adequadamente justificável. Mas o que justificará esta mesma ideia? É por isso que esta ideia é incoerente; segundo os seus 
próprios critérios, esta ideia só seria justificável se houvesse maneira de a verificar pela observação ou pela experimentação 
científica. Mas não há qualquer maneira de verificar esta ideia pela observação ou pela experimentação científica — trata-se de 
uma ideia tipicamente filosófica; não se vê como poderíamos verificá-la empiricamente. Logo, a ideia é incoerente porque se for 
realmente verdadeira, não temos qualquer justificação para pensar que é verdadeira; só poderíamos ter justificação para pensar 
que é verdadeira se fosse falsa, isto é, se nem toda a justificação for de carácter empírico e verificacionista. 
O que acontece no caso do relativismo cultural é muito comum: defende-se uma ideia com base num princípio filosófico 
que parece óbvio mas que na realidade é incoerente. 
O factualismo e o verificacionismo exercem uma forte atracção; parecem critérios últimos de justificação, e levam-nos a 
pensar que onde não há factos nem verificação possível de factos, não pode haver justificação. Mas esta ideia só parece plausível à 
primeira vista. Mal a vemos com algum cuidado, desfaz-se em fumo. Isto não é dizer que os factos e a verificação de factos não 
desempenham um papel importante na justificação; sem dúvida que sim. Se eu disser que há cisnes pretos na Austrália e outra 
pessoa insistir que não, o melhor a fazer é mesmo ir lá ver se há ou não. Em casos como estes, a verificação de factos aproxima-se 
da justificação última. Na verdade, a verificação de factos nunca é a justificação última, pois precisamos de aceitar muitas outras 
ideias e princípios para que possamos interpretar as nossas observações de um certo modo em vez de outro. Mas mesmo assim é 
verdade que a verificação de factos, num certo contexto de justificação, é muitas vezes o tira-teimas crucial. Daí ser natural pensar 
que a verificação de factos é o tira-teimas crucial em todos os contextos. 
Mas pensar isso é incoerente — pelas razões que vimos, e também porque em matemática ou lógica a verificação de 
factos não desempenha qualquer papel justificativo, ou pelo menos não desempenha um papel justificativo primário. Os lógicos e 
matemáticos não andam de microscópios ou telescópios em punho verificando factos. Nem os filósofos, a propósito. 
O que torna o relativismo cultural tão atraente é precisamente a ausência de factos éticos que possamos verificar. Não é possível 
verificar empiricamente se torturar crianças por prazer é impermissível. Portanto, se toda a justificação for empírica e factual, não 
há justificação para a nossa ideia de que torturar crianças por prazer é impermissível. Por mais que observemos crianças a serem 
torturadas, nunca conseguiremos observar o facto de isso ser impermissível. Apenas observamos as crianças a sofrer, nada mais. 
Uma vez que é incoerente pensar que toda a justificação é empírica e factual, que outros tipos de justificação teremos de admitir 
como razoáveis? A resposta é: a argumentação. E na argumentação não há garantias: um argumento pode parecer bom apesar de 
ser mau; pode parecer válido apesar de ser inválido; pode parecer que parte de bases sólidas apesar de partir de falsidades. O que 
isto significa, na verdade, é que não há justificação última; há apenas processos de justificação continuamente abertos à refutação, 
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à objecção, ao contra-argumento. Aplicando isto à ética, o crucial não é procurar factos éticos e, na sua ausência, concluir que a 
ética é relativa à cultura. O crucial é procurar justificações, que neste caso não poderão ser factuais — ainda que dependam 
crucialmente de factos, como veremos. 
E o que são justificações? Não são meros motivos, nem meras motivações interesseiras. Uma justificação é um 
argumento ou plêiade de argumentos, e para que esses argumentos sejam bons têm de ser cuidadosamente pensados e têm de 
estar continuamente abertos à discussão livre — porque nos enganamos muitas vezes e tomamos como bom um argumento que 
afinal é mau. Justificar ideias exige probidade intelectual e a aceitação de que as nossas ideias mais queridas e confortáveis podem 
estar erradas. Na verdade, a justificação livre e pública de ideias é um dos fundamentos da democracia e é uma pena que o 
factualismo faça as pessoas pensar que a discussão pública é apenas um jogo de interesses e uma farsa intelectual. Claro que a 
discussão pública pode ser mal conduzida e é muitas vezes mal conduzida. Mas dadas as nossas limitações cognitivas — dado o 
facto óbvio de não sermos omniscientes — a única coisa razoável a fazer é discutir todas as nossas ideias aberta e livremente, para 
descobrimos quais delas são mais plausíveis. E isto tanto se aplica à ética quanto à matemática ou à física. Em nenhum destes casos 
são os factos que dão objectividade aos nossos juízos. A objectividade dos nossos juízos resulta da discussão aberta e livre de 
acordo com preceitos de probidade intelectual. 
Assim, a procura de justificações em ética não é a procura de factos que justifiquem automaticamente os nossos juízos 
éticos. A justificação é muito mais complexa do que isso. No entanto, isto não significa que a justificação em ética deva desprezar 
os factos. Por exemplo, um facto crucial quando se tortura crianças é que as crianças sofrem e querem escapar desse sofrimento. 
Este facto é crucial porque exige uma justificação para não atender ao seu sofrimento nem à sua preferência. Se alguém está a 
torturar uma criança por prazer, tem de presumir que há algo que torna as preferências da criança menos importantes do que as 
suas preferências. 
Assim, é algo irónico que o factualismo moral procure factos morais ao mesmo tempo que ignora factos cruciais para os 
nossos juízos morais. O facto de as crianças terem preferências exige-nos uma justificação para não atender a tais preferências 
porque passamos a vida a atender às nossas próprias preferências. A menos que haja um qualquer argumento que mostre que as 
minhas preferências são sempre mais importantes do que as de qualquer outra pessoa, a minha desconsideração pelas 
preferências dos outros não tem qualquer justificação. E, claro, não há qualquer bom argumento que mostre que as minhas 
preferências são sempre mais importantes do que as das outras pessoas. 
Há maneiras de continuar a defender o egoísmo contra este esboço de argumento. Eu poderia dizer que as minhas 
preferências só são mais importantes para mim, ao mesmo tempo que reconheço que as preferências dos outros são mais 
importantes para eles. E poderia acrescentar que cada
qual deve agir de acordo com as suas preferências e não de acordo com as 
preferências dos outros. Este tipo de argumento parece enfermar de uma confusão crucial, contudo. O que está em causa é saber 
se as únicas preferências a que devo atender são as minhas preferências, dado eu reconhecer que os outros também têm 
preferências. Responder que devo atender apenas às minhas preferências porque são as mais importantes para mimnão é ainda 
responder coisa alguma, pois o que queremos saber não é se as minhas preferências são as mais importantes para mim mas se 
devo atender apenas às preferências que são mais importantes para mim. Responder que só tenho razões para agir quando tenho 
motivações internas para agir é confundir o que quero fazer com o que devo fazer. Claro que o que quero fazer é o que tenho 
motivação interna para fazer. Mas perguntar o que devo fazer é fazer outro tipo de pergunta. É perguntar o que tenho justificação 
para fazer. Ora, se não tenho justificação para agir segundo as preferências dos outros, por não serem as minhas preferências, 
também não tenho justificação para agir segundo as minhas preferências, só por serem minhas. 
Não vou continuar este debate filosófico, que apresentei aqui só a título exemplificativo: rapidamente se vê que, 
devidamente compreendido, o debate ético não é factual, nem diz respeito à verificação de factos. Diz respeito, antes, à 
argumentação, à apresentação de razões, cuidadosamente pensadas e pesadas. E por isso é largamente irrelevante que existam 
desacordos morais entre culturas — porque as pessoas enganam-se ao raciocinar. Pior: muitos desses enganos são mal-
intencionados, pois são interesseiros. Como comecei por dizer, não acredito que algum alemão pudesse honestamente pensar que 
os judeus eram sub-humanos — mas era proveitoso pensar tal coisa e por isso tudo o que parecesse justificar tal ideia era aceite 
sem mais discussão. 
Assim, perante a diversidade de comportamentos tidos como morais em diferentes sociedades, devemos perguntar que 
razões há a favor ou contra tais comportamentos. E a procura dessas razões não pode ser meramente a reafirmação dos 
preconceitos culturais da nossa própria cultura. É preciso procurar essas razões com probidade epistémica, procurando 
genuinamente saber que razões há para aceitar ou rejeitar que um dado comportamento é imoral. A cada passo temos de ver se 
não estamos a fazer confusões ou apenas a defender o que nos interessa defender, por qualquer motivo injustificável 
abertamente. E temos de fazer distinções conceptuais cuidadosas, como as seguintes: 
1. Os comportamentos não se dividem todos entre moralmente obrigatórios e moralmente impermissíveis; também há actos 
permissíveis mas que não são obrigatórios. Por exemplo, é moralmente permissível comer maçãs com a mão esquerda, mas não é 
obrigatório fazer tal coisa. Quando não se tem formação filosófica há tendência para confundir estas categorias e condenar como 
moralmente impermissível comportamentos diferentes dos nossos só por serem diferentes. Os comportamentos sexuais dos 
nativos brasileiros, ou a sua nudez, eram muito diferentes dos europeus, e isso levou os europeus a condenar moralmente tais 
comportamentos; mas seria preciso mostrar primeiro que tais comportamentos têm alguma coisa a ver com a moralidade e não 
apenas com costumes moralmente neutros. Com certeza que andar nu e andar a matar pessoas na rua são coisas muito diferentes. 
A primeira pode ser culturalmente chocante, mas daí não se segue que seja imoral. A reflexão filosófica cuidadosa é um bom 
antídoto para o preconceito provinciano. 
2. Os comportamentos prescritos ou condenados por uma dada religião não são sempre moralmente obrigatórios ou 
impermissíveis. Quando se justifica um dado comportamento ou proibição apelando a um dado texto sagrado, estamos já a excluir 
todas as pessoas que não pertencem a essa religião nem a consideram uma religião verdadeira. Se quisermos viver moralmente 
com pessoas que não partilham a nossa religião temos de encontrar uma base comum de entendimento moral, e essa base comum 
não pode obviamente ser a religião, porque pessoas diferentes professam religiões diferentes e algumas nenhuma. Tem de ser o 
simples facto de sermos agentes morais a fornecer uma base comum de entendimento moral. 
 
 
 
 
47 
 
3. A natureza raramente é um bom guia moral. Isto significa que o facto de um dado comportamento ser mais ou menos natural é 
geralmente irrelevante moralmente. Condenar moralmente comportamentos por não serem naturais é geralmente falacioso, além 
de ocultar geralmente uma mentira. Vejamos dois exemplos. A homossexualidade é um comportamento comum entre muitos 
animais; quem condena a homossexualidade por não ser natural ou mente ou é ignorante. Matar os filhos dos outros é um 
comportamento comum entre leões; mas dificilmente alguém quereria defender a moralidade de tal prática aplicada a nós com 
base na sua naturalidade. O objecto da moral não é o que é ou deixa de ser natural, mas o que é ou não justificável — e como os 
leões e outros animais inumanos são incapazes de justificação, não são os melhores guias morais. 
Procurei mostrar três ideias centrais. Primeiro, que o relativismo cultural é incompatível com a universalidade dos direitos 
humanos. Segundo, que os argumentos a favor do relativismo cultural não são bons. E terceiro, que podemos ter uma concepção 
mais plausível da justificação ética, concepção que não seja factualista. Mas ao mesmo tempo usei estas ideias e argumentos como 
ilustração da importância pública da filosofia. Correctamente ensinada e cultivada, a filosofia torna-nos cidadãos e políticos 
melhores, porque nos ensina a tomar decisões e a discutir ideias quando as decisões não são fáceis e os problemas não são 
susceptíveis de solução científica. 
Desidério Murcho 
desiderio@ifac.ufop.br 
 
O moralizador 
 
Moralizador é quem impõe ferozmente aos outros os 
padrões que ele não consegue respeitar 
 
 
ELIOT SPITZER era governador do Estado de Nova York até sua resignação na semana passada. 
Sua fortuna política e sua popularidade eram ligadas à sua atuação prévia como procurador agressivo e inflexível contra 
os crimes financeiros e contra as redes de prostituição e seus clientes. 
Ora, descobriu-se que ele era freguês de uma rede de prostituição de luxo e que também recorria a artimanhas 
financeiras para que seus pagamentos -substanciais: US$ 80 mil (R$ 140 mil)- não fossem identificados. 
Esse fato de crônica (no fundo, trivial) foi para a primeira página dos jornais do mundo inteiro -aparentemente, 
pela surpresa que causou: quem podia imaginar tamanha hipocrisia? Esse "espanto" geral foi, para mim, a verdadeira 
notícia da semana. 
Começou no dia em que Spitzer deu sua primeira declaração pública, reconhecendo os fatos e a culpa, ao lado de sua 
mulher, impávida. 
No programa "360", da CNN, o âncora, Anderson Cooper, convocou dois comentaristas. Um deles, uma 
mulher, psicóloga ou psiquiatra, ofereceu imediatamente uma explicação correta e óbvia. Ela disse, mais ou menos: é 
muito freqüente que um moralizador raivoso castigue nos outros tendências e impulsos que são os seus e que ele não 
consegue dominar. Cooper (que já passeou pelos piores cenários de guerra e catástrofes naturais) quase levou um 
susto e cortou rapidamente, acrescentando que essas eram, "claramente", suposições, hipóteses etc. Não é curioso? 
Em regra, prefiro as idéias que são propostas, justamente, como hipóteses ou sugestões que cada um pode testar no 
seu foro íntimo. 
Mas, hoje, considerar a dita declaração da especialista como uma suposição parece ser uma hipocrisia pior (e 
mais perigosa) do que a de Spitzer. 
Afinal, depois de um bom século de psicologia e psiquiatria dinâmicas, estamos certos disto: o moralizador e o 
homem moral são figuras diferentes, se não opostas. 1) O homem moral se impõe padrões de conduta e tenta respeitá-
los; 2) O moralizador quer impor ferozmente aos outros os padrões que ele
avaliam coisas, 
pessoas, ações, experiências, acontecimentos, 
sentimentos, estados de espírito, etc. 
Ex.: A chuva é boa para as plantas. (Cultura) 
 
XX 
 
 4 
 
 NNaattuurreezzaa ee CCuullttuurraa 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Embora toda ética seja universal do ponto de vista da sociedade que a institui (universal porque seus valores 
são obrigatórios para todos os seus membros), está em relação com o tempo e a História, transformando-se 
para responder a exigências novas da sociedade e da Cultura, pois somos seres históricos e culturais e nossa 
ação se desenrola no tempo. 
 
 
 
 
 
 
 
01. (UNISC.Inv./2013) As considerações sobre cultura nos levam a uma importante conclusão: a existência de uma imensa diversidade 
cultural – tanto nos níveis regionais e nacionais como na sociedade global – implica a existência de diferenças, mas não de 
desigualdades. Em outras palavras, a Antropologia nos ensina hoje que sociedades e grupos sociais cujos valores, práticas e 
conhecimentos não soa iguais aos nossos não soa primitivos ou inferiores: são diferentes. As diferenças só passam a ser sinônimo de 
desigualdade quando são inseridas em relações de dominação e exploração.” (SANTOS, Rafael José. Antropologia para quem não vai 
ser antropólogo. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2005.p.32-33) 
 
Considerando a ideia de diversidade cultural apresentada no texto acima, avalie as seguintes afirmativas: 
I. A diversidade cultural existe porque as diferentes sociedades encontram-se em estágio diferentes de evolução social. 
II. O estudo e reconhecimento da diversidade cultural não permite a classificação de sociedades em primitivas e evoluídas. 
III. As diferenças biológicas entre os seres humanos determinam as diferenças de hábitos e costumes culturais. 
IV. As diferenças culturais são transformadas em desigualdades culturais quando duas ou mais culturas são colocadas em contato 
porrelações de força. 
 
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente a afirmativa I está correta. 
b) Somente as alternativas II e III estão corretas. 
c) Somente as afirmativas I e IV estão corretas. 
d) Todas as afirmativas estão corretas. 
e) Somente as afirmativas II e IV estão corretas. 
 
 
CULTURA 
A Cultura nasce da maneira como os seres 
humanos interpretam-se a si mesmos e as suas 
relações com a Natureza, acrescentando-lhe 
sentidos novos, intervindo nela, alterando-a 
através do trabalho e da técnica, dando-lhe 
valores. 
NATUREZA 
 
A natureza é constituída por estruturas e 
processos necessários, que existem em si e por 
si mesmos, independentemente de nós. 
 
XX 
O conceito de cultura é muito amplo. O vocábulo vem de um substantivo latino que, por sua vez, 
remete ao verbo colere, cujo sentido é “cultivar” ou “cuidar”. Daí os significados de agricultura (cuidado 
dos homens com a terra), puericultura (cuidado com o corpo e a mente das crianças) ou culto (cuidado 
dos homens com os deuses). 
Cultura pode referir-se, por exemplo, à qualidade de uma coletividade (cultura francesa, alemã, 
brasileira); pode significar, também, a posse de certos conhecimentos ou erudição. Assim, a linguagem, a 
alimentação, as instituições sociais, as técnicas e ofícios, as artes, a religião, as ciências, a filosofia, a 
moral, a política constituem produtos culturais e, como tais, sujeitos a transformações ao longo do tempo 
ou da história. Enfim, entendida como um conjunto de manifestações humanas que contrastam com fatos 
da natureza, a cultura seria, como explica Marilena Chauí, uma segunda natureza - uma natureza 
adquirida pela educação e pelos costumes - que aperfeiçoa e desenvolve a natureza inata de cada um. 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 
 
 
02. (UFSM/09) Para compreendermos o significado da natureza humana e da cultura, nós poderíamos examinar muito do que dizemos 
ou ouvimos em nosso cotidiano notando o quanto naturalizamos os seres humanos, naturalizando seus comportamentos, ideias, 
valores, formas de viver e de agir. Veríamos então como, em cada caso, os fatos desmentem tal naturalização. (CHAUÍ, M. Convite à 
Filosofia. p. 244.) 
Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) cada afirmativa, considerando o que caracteriza a naturalização do ser humano. 
( ) Desvincular as condições sociais, econômicas, políticas e históricas em que o homem vive. 
( ) Submeter o comportamento e a cultura à ideia de natureza. 
( ) Mostrar que os seres humanos são culturais e históricos. 
A sequência correta é 
a) V - V - V. b) V - V - F. c) V - F - V. d) F - F - F. e) F - V - V. 
 
03. (UNISC/2010) Leia o texto abaixo e responda à questão a seguir. 
Quando os sociólogos se referem à cultura, estão preocupados com aqueles aspectos da sociedade humana que são aprendidos 
socialmente e não herdados geneticamente. Estes elementos culturais são compartilhados por membros da sociedade e tornam 
possíveis a cooperação e a comunicação. Formam o contexto comum em que os indivíduos numa sociedade compreende tanto 
aspecto imaginários e abstratos – as crenças, as ideias e os valores que formam o conteúdo da cultura – como aspectos concretos – 
os objetos, os símbolos ou a tecnologia que representam esse conteúdo. (Texto adaptado 
de GIDDENS, A. Sociologia.4.ed. Porto Alegre: Artmed, 2005, p.38) 
 
Segundo o conceito de cultura apresentado acima, é correto afirmar que 
a) os hábitos alimentares não fazem parte da cultura, pois são aspectos biológicos do comportamento humano e, portanto, são 
herdados geneticamente. 
b) as ideias associadas à masculinidade e à feminilidade fazem parte da cultura, pois aprendemos as formas socialmente esperadas 
de comportamento para homens e mulheres. 
c) as roupas e adornos utilizados pelos homens e mulheres não fazem parte da cultura, pois são aspectos do comportamento humano 
que são influenciados pela mídia. 
d) a cultura se restringe às expressões religiosas e às artísticas, pois são esses aspectos do comportamento humano que expressam 
as crenças e os valores de uma sociedade. 
e) apenas as sociedades desenvolvidas possuem cultura, já que o homem primitivo não desenvolveu crenças, valores ou objetos. 
 
04. Um dos erros mais presentes no raciocínio sobre questões morais consiste na confusão entre o que deve ser norma e o que é 
normal, sendo o normal o que é feito pela maioria das pessoas ou das comunidades. 
Considere os raciocínios abaixo e marque aquele que não apresenta esse tipo de erro. 
a) Não devemos mentir porque poucas pessoas costuma fazê-lo. 
b) Desde que não é costume na nossa sociedade ficar com as coisas que não nos pertencem, se encontrarmos dinheiro que outra 
pessoa perdeu, devemos devolvê-lo. 
c) Sem dúvida, a eutanásia é imoral. Prova disso é o fato de que a maioria dos países a proíbe. 
d) Todas as culturas humanas reprovam o infanticídio. Por isso, dar morte a uma criança deficiente é um crime moral. A legislação 
brasileira está certa ao proibir esse tipo de prática. 
e) Nunca devemos usar as pessoas como meio para nossos fins, pois, se agirmos desse modo, privaremos nossos semelhantes do 
caráter de pessoas e os transformaremos em coisas. Coisas se usam, se vendem ou se compram; pessoas, não. 
 
05. (PEIES III/2011) Suponha que, em determinado grupo social, todas as pessoas pratiquem regularmente algum tipo de crime - 
sejam membros de uma quadrilha, por exemplo. Nesse caso, a prática de crimes é a norma para os membros desse grupo, e não a 
exceção. O que podemos concluir sobre a moralidade das ações dessas pessoas? 
a) Quando alguém desse grupo comete um crime, essa pessoa está agindo moralmente. 
b) Pessoas não integrantes desse grupo não podem julgar moralmente os seus membros. 
c) Os crimes cometidos por membros desse grupo são imorais, embora possam não ser reconhecidos como imorais por seus 
membros. 
d) Se alguém desse grupo resolvesse parar de cometer crimes, estaria agindo imoralmente. 
e) Se todas as pessoas
não consegue respeitar. 
Na mesma primeira declaração, Spitzer confessou, contrito, que ele não conseguira observar seus próprios 
padrões morais. Tudo bem: qualquer homem moral poderia confessar o mesmo. Mas ele acrescentou imediatamente 
que, a bem da verdade, esses eram os padrões morais de quem quer que seja. 
Aqui está o problema: o padrão moral que ele se impõe, mas não consegue respeitar, é considerado por ele como um 
padrão que deveria valer para todos. Com que finalidade? Simples: uma vez estabelecido seu padrão como universal, 
ele pode, como promotor ou governador, impô-lo aos outros, ou seja, ele pode compensar suas próprias falhas com o 
rigor de suas exigências para com os outros. 
Quem coloca ruidosamente a caça aos marajás no centro de sua vida está lidando (mal) com sua própria 
vontade de colocar a mão no pote de marmelada. Quem esbraveja raivosamente contra "veados" e travestis está 
lidando (mal) com suas fantasias homossexuais. Quem quer apedrejar adúlteros e adúlteras está lidando (mal) com seu 
desejo de pular a cerca ou (pior) com seu sadismo em relação a seu parceiro ou sua parceira. 
O exemplo da adúltera, aliás, serve para lembrar que a psicologia dinâmica, no caso, confirma um legado da 
mensagem cristã: o apedrejador sempre quer apedrejar sua própria tentação ou sua culpa. 
A distinção entre homem moral e moralizador tem alguns corolários relevantes. Primeiro, o moralizador é um homem 
moral falido: se soubesse respeitar o padrão moral que ele se impõe, ele não precisaria punir suas imperfeições nos 
outros. Segundo, é possível e compreensível que um homem moral tenha um espírito missionário: ele pode agir para 
levar os outros a adotar um padrão parecido com o seu. Mas a imposição forçada de um padrão moral não é nunca o 
ato de um homem moral, é sempre o ato de um moralizador. 
Em geral, as sociedades em que as normas morais ganham força de lei (os Estados confessionais, por 
exemplo) não são regradas por uma moral comum, nem pelas aspirações de poucos e escolhidos homens exemplares, 
mas por moralizadores que tentam remir suas próprias falhas morais pela brutalidade do controle que eles exercem 
mailto:desiderio@ifac.ufop.br
 48 
 
sobre os outros. A pior barbárie é isto: um mundo em que todos pagam pelos pecados de hipócritas que não se 
aguentam. 
 
CONTARDO CALLIGARIS 
 
 
A SOLIDÃO DO JUIZ 
 
Ser-para-si sartriano, o árbitro assume a responsabilidade e o peso das suas 
decisões em campo 
 
JONATHAN CROWE 
Os juízes de futebol compõem um grupo variado, mas existem vários tipos familiares a torcedores e jogadores. Há o 
rigoroso, que sempre aplica a letra da lei. Há o vacilante, que foge das decisões difíceis, leva o apito à boca com 
frequência, mas raramente aponta uma falta. Existe o jogador frustrado, que se envolve mais do que deveria e aplaude 
a boa jogada como um torcedor. Há também o afetado, que parece atuar no papel de juiz: sua postura é um pouco 
aprumada demais, seus gestos, excessivamente ensaiados. Temos, por fim, o carteiro, que distribui cartões amarelos e 
vermelhos por qualquer coisa, e o durão, que desafia os jogadores e incita o enfrentamento. 
As ideias necessárias para compreender esses diferentes estilos de arbitragem podem ser encontradas, felizmente, nos 
escritos do filósofo existencialista Jean-Paul Sartre. Ele foi um estudioso fervoroso do futebol e dedicou um trecho longo 
e complexo da Crítica da Razão Dialética às interações entre jogadores. Como ele observa sabiamente: “Em um jogo de 
futebol, tudo é complicado pela presença do outro time.” No entanto, são nas obras anteriores de Sartre, O Ser e o 
Nada e O Existencialismo é um Humanismo, que encontramos sua teoria da arbitragem. 
A primeira lição que podemos extrair dos escritos de Sartre diz respeito à natureza existencialmente desafiadora do juiz. 
Ele é constantemente chamado a fazer escolhas que podem alterar radicalmente o curso de uma partida. Times podem 
se tornar campeões ou serem rebaixados, craques podem ganhar a Chuteira de Ouro ou ser suspensos das finais por 
causa de um único cartão. O árbitro tem liberdade total para escolher o que fazer. Se a bola acerta o braço de um 
jogador dentro da grande área, o juiz é o único com o poder de levar o apito à boca e parar a partida. O bandeirinha 
pode sinalizar, os jogadores podem reclamar e a multidão pode rugir, mas em última análise tudo depende do juiz. Este 
é o momento da decisão, quando o destino do jogo pousa sobre os ombros do árbitro. 
O resultado de todo um campeonato pode depender daquele momento. Nenhum torcedor australiano, por exemplo, 
esquecerá o episódio da Copa de 2006, quando, com o jogo empatado em 0 a 0 aos 47 minutos do segundo tempo, o 
lateral-esquerdo italiano Fabio Grosso caiu sobre as pernas estendidas do zagueiro da Austrália Lucas Neill. A decisão 
do juiz de marcar um pênalti para a Itália definiu o rumo do jogo: a Itália seguiu em frente e levantou a Taça do Mundo, 
enquanto a Austrália voltou para casa. 
O momento da decisão desempenha um papel central na filosofia de Sartre. Ele o apresenta como o traço definidor da 
experiência humana. Em O Ser e o Nada, Sartre estabelece uma distinção entre dois modos básicos de existência: o 
ser-em-si e o ser-para-si. O primeiro é um objeto não consciente, que pode ser definido em termos de uma essência ou 
função predeterminada. Objetos inanimados, tais como livros e bolas de futebol, estão nessa categoria. O ser-para-si, 
ao contrário, é um agente ou pessoa consciente capaz de perceber e refletir sobre o mundo ao seu redor. Sartre sugere 
que, longe de possuir uma essência predeterminada, ele é permanentemente assombrado pela possibilidade do “nada” 
ou da negação. Em outras palavras, o ser-para-si é forçado a enfrentar continuamente a possibilidade de que as coisas 
possam ser diferentes do que são. 
Em 1928, quando fez o exame final na École Normale Supérieure, em Paris, Sartre resolveu escrever um trabalho sobre 
o tema da contingência. Foi um fracasso total e ele ficou em último lugar numa turma de cinquenta alunos (Sartre disse 
ter fracassado porque tentou ser muito original; outros sugeriram que foi porque ele passava mais tempo bebendo e 
andando atrás de mulheres do que estudando). Em 1929, fez o exame novamente e foi o primeiro da turma. A questão 
da contingência se tornaria fundamental em sua filosofia. 
Em nossa vida cotidiana, sustenta o filósofo, nos envolvemos constantemente em indagações sobre o mundo que nos 
rodeia: perguntas sobre a existência de Deus ou sobre onde largamos as chaves do carro colocam certos aspectos de 
nossa existência em xeque. Uma vez que a resposta a essas questões seja negativa, parece-nos que nosso lugar no 
mundo não é necessário, mas contingencial. 
Segundo Sartre, o sentimento de contingência permeia a experiência humana da escolha. Por mais certeza que 
tenhamos sobre uma determinada decisão, temos consciência, não obstante, de que outra alternativa seria possível. 
Uma vez que cada caminho está cheio de possibilidades, parece que não podemos deixar de aceitar a responsabilidade 
sobre nossas escolhas. Sartre argumenta que esse sentimento de responsabilidade inescapável tende a provocar 
angústia. 
http://www.youtube.com/watch?v=l1kx8aOaSbA
 
 
 
 
49 
 
Imagine que está caminhando por uma trilha estreita na beira de uma montanha. Você está permanentemente 
consciente da importância de pisar com cuidado. Ao mesmo tempo, também está ciente de que, apesar do cuidado e da 
atenção, seria muito fácil se jogar no precipício. Sartre mostra que a existência humana está cheia desses momentos 
que podem potencialmente alterar a vida. No espaço de um instante, seria possível jogar seu carro na contramão ou 
fazer um comentário que afastaria para sempre uma pessoa querida. 
Para Sartre, a vida humana envolve uma inevitável percepção dupla. Em primeiro lugar, as possibilidades de 
alternativas presentes na minha experiência de escolha me revelam que sou livre. Simultaneamente, também
estou 
consciente de que sou responsável, uma vez que sou confrontado com a aparente ausência de restrições a exercícios 
potenciais, significativos da minha liberdade. Independente de eu caminhar calmamente ao longo da beirada ou de me 
jogar de cabeça no abismo, a decisão cabe somente a mim. 
Voltemos ao momento da decisão. A bola atinge o braço de um jogador na grande área. O árbitro precisa decidir se 
deve apitar a falta. Nesse momento, ele é livre e responsável: como ninguém pode lhe dizer qual decisão tomar, a 
responsabilidade pelo resultado recai unicamente sobre seus ombros. Essa posição de poder provoca naturalmente 
angústia, no sentido sartriano do termo. 
Muitos juízes não conseguem dormir à noite, ruminando os detalhes do que aconteceu em campo e se perguntando se 
tomaram a decisão certa. Às vezes, a resposta será clara. Em outras, independente do esforço para se lembrar de 
detalhes da partida, não se saberá de maneira definitiva qual deveria ter sido a escolha correta. Esse tipo de situação 
sublinha a contingência do papel do juiz: muitas vezes, não há ponto de referência que possa revelar se uma 
determinada opção foi a certa ou a errada. 
Até mesmo os melhores árbitros sentem que a pressão sobre eles é excessiva. É o caso do respeitado juiz sueco 
Anders Frisk, que aposentou o apito após receber ameaças de morte de torcedores do Chelsea por sua atuação num 
jogo, em 2005, contra o Barcelona. Ou do suíço Urs Meier, que passou a andar com seguranças para se proteger dos 
torcedores ingleses descontentes com sua decisão de anular um gol de Sol Campbell contra Portugal, na Eurocopa de 
2004. 
Isso para não mencionar o árbitro norueguês Henning Ovrebo, rotulado pelo atacante Didier Drogba, do Chelsea, como 
“desgraçado da porra”, por recusar uma série de pedidos de pênaltis na semifinal da Liga dos Campeões de 2009, mais 
uma vez contra o Barcelona. Trata-se de um juiz corajoso, capaz de enfrentar essas circunstâncias e admitir ser 
somente dele a responsabilidade última por suas decisões. 
Em um nível mais prosaico, centenas de árbitros amadores desistem da função a cada temporada, em virtude das 
pressões sofridas durante campeonatos locais. Não é só o perigo de um torcedor descontente tentar esmurrá-lo no 
estacionamento depois do jogo. (Ou, efetivamente, jogar um pacote de chips em sua cara, como aconteceu comigo em 
uma ocasião. “Ei, juiz, você gostaria de umas fritas?”) Num nível mais profundo, é a angústia existencial de ser o único 
que pode responder pelas muitas decisões cruciais tomadas no decurso de um jogo. É solitário estar lá no meio do 
campo. Por mais conselhos que um juiz possa receber dos fiscais de linha, no momento da decisão ele está sozinho. 
Sartre argumenta que, para viver uma existência autêntica, os seres humanos devem abraçar o sentimento simultâneo 
de liberdade e responsabilidade que está no cerne de suas vidas. Eles devem reconhecer que o tipo de pessoa que 
vêm a ser, longe de ser ditado por forças externas, é resultado da vida que decidem levar. Para o ser-para-si, na famosa 
definição de Sartre em O Existencialismo é um Humanismo, “a existência precede a essência”. Nossas características 
pessoais não são necessárias ou fixas, mas fruto de nossas escolhas. 
Uma pessoa, ao contrário de um objeto, como uma cadeira ou um copo de cerveja, não nasce com um conjunto 
predeterminado de características definidoras. Não nascemos honestos, covardes, fiéis, ou não confiáveis. Esses traços 
de caráter são, e só podem ser, uma função do modo como a pessoa escolhe viver. Uma vida autêntica envolve 
assumir responsabilidade por nosso caráter e reconhecer a capacidade de mudar aquele que viemos a ser. É somente 
quando morremos que esse projeto de autocriação acaba. 
Viver uma vida autêntica é um desafio. É tentador esquivar-se da responsabilidade por nossas escolhas, atribuindo-a a 
aspectos inatos de nosso caráter ou a forças externas avassaladoras. Sartre descreve esse tipo de atitude como formas 
de má-fé. Qualquer tentativa de negar a nossa capacidade de moldar nossas vidas por meio de nossas escolhas é uma 
forma de autoengano, “uma mentira para si mesmo”. 
As diferentes personae da arbitragem – o rigoroso, o vacilante, o jogador frustrado, o afetado, o carteiro e o durão – 
podem ser entendidas como tentativas de lidar com a pressão existencial do papel de juiz. Vimos que a 
responsabilidade por decidir soprar ou não o apito cabe somente a ele. Não é de se admirar que seja tentador aos 
juízes se esquivar de uma parcela da responsabilidade, quer adiando suas escolhas ou procurando uma autoridade 
externa para justificá-las. 
 50 
 
O tipo rigoroso, por exemplo, procura amenizar a responsabilidade pessoal por suas decisões se apegando de maneira 
estrita às leis do jogo, independentemente do contexto. As camisetas devem estar por dentro dos calções e os meiões 
puxados para cima. Os laterais devem ser cobrados no ponto exato em que a bola saiu do campo. E infrações menores, 
como empurrões e puxadas de camisa sempre requerem uma falta, sem levar em conta o impacto sobre o fluxo do jogo. 
Essa abordagem da arbitragem lembra as críticas de Sartre às concepções que identificam a ação virtuosa com a 
adesão a um código moral rígido. O problema com esse tipo de perspectiva moral é que estimula as pessoas a não 
assumirem a responsabilidade por suas ações. As pessoas confiam no código para dizer-lhes o que fazer, em vez de 
enfrentar cada situação e fazer suas próprias escolhas. 
Em O Existencialismo é um Humanismo, Sartre ilustra esse problema com a história de um estudante que o procurou 
para pedir conselhos. Durante a ocupação alemã, o rapaz hesitava entre aderir às Forças Francesas Livres na 
Inglaterra ou ficar na França para cuidar da mãe idosa. Ele achava as duas opções moralmente atraentes, mas por 
razões distintas. Partir para a Inglaterra lhe permitiria defender seu país e seus ideais, mas cuidar da mãe lhe parecia 
importante em um nível mais pessoal. 
Depois de analisar a situação do aluno, Sartre respondeu com o que deve ter parecido uma colocação inútil: “Você é 
livre, então escolha.” Seu argumento não era que nunca pode haver uma resposta certa para uma questão moral, mas 
que, nesse caso, o aluno não poderia resolver seu dilema referindo-se a uma fórmula abstrata. Em vez disso, tinha 
diante de si uma disputa entre dois ideais que lhe eram caros: a única maneira de enfrentar a situação era fazer uma 
escolha e aceitar a responsabilidade pelas consequências. 
Sartre observa que, quando pedem conselhos sobre uma decisão moral difícil, as pessoas muitas vezes já decidiram o 
que fazer. Suspeita que o estudante já fizera sua opção, mas queria diminuir a culpa pessoal obtendo a aprovação do 
professor. Se o aluno quisesse ficar com a mãe, observa Sartre, ele teria procurado o conselho de alguém como um 
padre conservador. 
Uma situação semelhante se aplica ao tipo rigoroso. O fato de ele se ater às regras do jogo não o exime de se 
posicionar. As regras são vagas: elas precisam de alguém que as interprete e aplique. De acordo com a regra doze, por 
exemplo, atos como empurrar devem ser penalizados se o árbitro considerar que foram cometidos de uma maneira 
“imprudente, temerária ou com uso de uma força excessiva”. Esse tipo de norma é inerentemente passível de 
interpretação. O rigoroso tem tanto arbítrio quanto qualquer outro juiz, mas tenta disfarçar isso citando 
permanentemente as regras. 
Não são apenas os juízes que se escondem por trás das normas escritas quando tomam uma decisão difícil ou 
impopular. Patrões a burocratas, policiais e juízes, fazem-no com frequência. De acordo com Sartre, essa recusa em 
aceitar a responsabilidade por suas decisões é uma forma de má-fé. Regras e políticas podem estabelecer diretrizes 
para as nossas ações, mas elas não determinam e nem podem determinar nossas escolhas. Cabe somente a nós, 
como agentes livres e responsáveis, fazer isso. 
Há um tipo de árbitro ainda mais insultado por torcedores
e jogadores: o vacilante, que leva habitualmente o apito à 
boca, mas raras vezes o aciona. A resposta do vacilante à pressão é evitar apitar. Pensa que, se não apitar, talvez 
ninguém note a falta. Dessa forma, pode evitar as críticas por assumir uma posição. 
A estratégia do vacilante é adiar o momento da decisão pelo maior tempo possível. Sartre discute um exemplo 
semelhante de má-fé em O Ser e o Nada. O caso diz respeito ao que se passa com uma mulher num primeiro encontro. 
O homem flerta com ela a noite inteira, fazendo comentários do tipo “Acho você tão atraente!”. Porém, a mulher opta por 
interpretá-los como elogios à sua personalidade, e não a seus atributos físicos. 
Por fim, o homem pega na mão dela. Este é o momento da decisão, quando ela deve escolher se vai retribuir aos 
avanços ou não. A mulher, no entanto, não quer reagir, pois teria de ferir os sentimentos do candidato ou admitir a 
reciprocidade da atração. Ela então simplesmente deixa a mão lá – como uma “coisa”, nas palavras de Sartre – fingindo 
não perceber. Sua reação é ignorar a situação e esperar que ela acabe. De acordo com Sartre, ela age de má-fé, presa 
em uma mentira para si mesma. 
O jogador frustrado procura escapar do peso de seus atos de maneira diferente, simulando a conduta de um torcedor ou 
jogador. Ele segue o jogo como um espectador, nunca perdendo a chance de aplaudir uma boa defesa ou felicitar um 
atacante por um belo gol. Esse tipo de árbitro quer ser um dos jogadores e tenta convencê-los de que está do lado 
deles. Os jogadores não querem um juiz amigo. Querem alguém que assuma a responsabilidade por seu papel no jogo. 
 
Estratégia semelhante é usada pelo afetado, que parece empenhado demais em exibir um gestual extremamente 
correto. Até mesmo na infração mais insignificante, o afetado corre até o jogador envolvido, sopra seu apito de forma 
dramática e aponta violentamente para a direção da cobrança de falta. Ele ensaia seus sinais antes de cada jogo e 
gasta mais tempo na frente do espelho do que o Cristiano Ronaldo. 
 
 
 
 
51 
 
Em O Ser e o Nada, Sartre dá o exemplo famoso de um garçom num café que tenta assumir seu papel de uma maneira 
afetada. Como diz Sartre, “seu movimento é rápido e para a frente, um pouco preciso demais, um pouco rápido demais”. 
Ele aborda os clientes com uma eficiência exagerada, inclina-se com ansiedade excessiva e mostra demasiado 
interesse pelos pedidos. 
No exemplo de Sartre, o garçom aspira exercer seu papel de uma maneira em que cada ato pareça necessário e 
inevitável. Ele deseja ser um garçom, da mesma forma como uma mesa é uma mesa ou um copo é um copo. Assim, o 
jogador frustrado e o afetado procuram aliviar o fardo de seu dever mediante a criação de papéis artificiais. O primeiro 
finge ser um jogador ou torcedor, a fim de adiar o momento em que deve enfrentar seu dever. O outro, ao contrário, 
finge ser um juiz. Ele procura evitar o confronto com a contingência de sua posição, reduzindo-a à interpretação de um 
papel. Todas as ações são executadas porque está atuando como um juiz, e não porque assumiu sua responsabilidade 
e decidiu qual a melhor reação no caso em pauta. 
Por fim, temos o carteiro, que distribui cartões amarelos e vermelhos ao menor delito, e o durão, que encara os 
jogadores e provoca deliberadamente o confronto. Esses árbitros imaginam que são Clint Eastwood em Dirty Harry: 
“Você acha que tem sorte, seu vagabundo?” (Claro, um cartão amarelo não é tão impressionante quanto uma Magnum 
.44.) 
O carteiro e o durão têm consciência da contingência de suas decisões. Eles compensam o fato realçando seu poder 
sobre os jogadores. Em vez de titubear, como o vacilante, ou ser pouco sincero, como o jogador frustrado ou o afetado, 
esses árbitros são beligerantes. Sua atitude diz: este é o meu jeito de apitar, e é melhor que você aprenda a gostar dele. 
Passam o jogo esperando por um pênalti ou uma grita geral, para que possam mostrar aos jogadores que não estão ali 
para brincadeira. 
A hipocrisia subjacente a essa atitude é capturada em outro dos exemplos de Sartre de O Ser e o Nada. Suponha que 
uma pessoa que se comportou mal diga: “Me desculpe, eu sou apenas uma pessoa má.” Essa confissão é para ser 
aplaudida? Sartre não pensa assim. Esse pretenso “campeão da sinceridade” parece estar confessando seus defeitos, 
mas na verdade tenta evitar a responsabilidade por seu comportamento. Seu comentário de que é “uma pessoa má” 
trata seu caráter como imutável, como se tivesse nascido mau e não pudesse fazer nada a respeito. Ao mesmo tempo, 
ele tenta se valorizar diante dos outros sendo sincero sobre seus próprios defeitos. Procura transformar sua má conduta 
em um emblema de honra. 
De forma parecida, o carteiro e o durão dizem aos jogadores: “Este é o tipo de juiz que sou, e é melhor lembrar-se disso 
antes de se meterem comigo.” Em vez de assumir a responsabilidade por suas decisões, eles se comportam como se 
suas reações fossem determinadas por seu caráter. Com a reputação de rigorosos reconhecida, ficam cada vez mais 
preocupados em estar à altura do papel. A fama funciona como desculpa para justificar decisões duras: os jogadores 
sabem que eles são assim e, portanto, é culpa deles se provocam uma reação. 
Qual é, então, o estilo ideal de arbitragem, que evita as várias armadilhas existenciais que Sartre descreve? Repete-se 
que os melhores árbitros são aqueles que fazem seu trabalho sem interromper o fluxo natural do jogo. Isso sugere um 
ideal do árbitro autêntico, que aceita a responsabilidade por suas decisões, sem exagerar sua autoridade ou negar a 
natureza contingente de sua posição. 
O juiz autêntico dá o melhor de si para apitar bem, mas não finge que a situação é definitiva a ponto de não haver 
interpelações. Ele é confiante o suficiente para admitir ser possível haver mais do que uma visão de um incidente, e que 
outros podem ter chegado a uma conclusão diferente. No final, porém, é responsabilidade sua controlar o jogo, e ele 
enfrenta a situação quando é necessário tomar uma decisão. 
Um incidente que envolveu Pierluigi Collina, talvez o maior árbitro de todos os tempos, ilustra o que quero dizer. Em 
1997, quando apitava um jogo da Série A entre a Internazionale de Milão e a Juventus, Collina validou um gol da Inter. 
Embora o artilheiro parecesse impedido, o bandeirinha não marcou a infração. Quando os jogadores da Juventus 
correram até o auxiliar para reclamar, ele explicou que, embora o atacante estivesse em posição de impedimento, a 
bola fora tocada para ele por um defensor. 
Collina ouviu a explicação, mas achou que estava errada: de onde estava, parecia claro que o passe viera de outro 
atacante. Àquela altura, os jogadores da Inter já haviam comemorado o gol e estavam de volta ao seu campo à espera 
do reinício do jogo. Collina tinha diante de si uma escolha difícil: poderia prosseguir com a partida, embora achasse que 
a decisão estava errada, ou poderia voltar atrás e anular o gol, situação que faria o estádio vir abaixo. 
Sabe-se o que alguns árbitros fariam. O vacilante tomaria o caminho da menor resistência, dando continuidade ao jogo 
e esperando que ninguém tivesse percebido. O rigoroso voltaria atrás e não toleraria discussão, citando a letra da lei. O 
durão adoraria o confronto, encararia os jogadores da Inter e os desafiaria a reagir. Tal como o rigoroso, o durão 
apresentaria sua decisão como se fosse a única solução possível, ignorando a ambiguidade da situação. 
http://www.youtube.com/watch?v=FnMLGkj91Og
http://www.youtube.com/watch?v=XzlgLylgrv4
 52 
 
Collina sabia o que tinha visto. Ele também sabia que o bandeirinha tinha uma opinião diferente. Mas a 
responsabilidade de apitar era sua. Decidiu anular o gol, e o que fez em seguida mostra sua qualidade como árbitro. Ele 
chamou o capitão da Inter e explicou as razões de sua decisão. Depois, correu até o banco do time e explicou sua 
atitude mais uma vez. Não estava em busca de um confronto, queria que os jogadores e dirigentes
entendessem por 
que ele voltara atrás. No final, Roy Hodgson, o técnico da Inter, apertou a mão de Collina e disse: “Tudo bem.” 
Percebeu que Collina dava o melhor de si numa situação difícil. 
Em O Ser e o Nada, Sartre observa que os amantes retratam frequentemente seu amor como sendo necessário, em 
vez de contingente: falam sobre almas gêmeas, “feitos um para o outro”, “unidos pelo destino”, e assim por diante. A 
realidade, tal como Sartre a vê, é mais ambígua e, no fim das contas, bem mais romântica: cada um de nós tem muitos 
parceiros potenciais, e se acabamos ficando com uma pessoa, é porque nós a escolhemos em relação aos outros. 
Sartre descreve o amor que abraça sua natureza contingente, em vez de procurar superá-la, como “amor no mundo”. 
Para enfrentar a ideia de amor no mundo, é preciso que assumamos a responsabilidade por nossos relacionamentos, 
em vez de simplesmente apresentá-los como predeterminados ou predestinados. 
Da mesma forma, o árbitro autêntico pratica a “arbitragem no mundo”, sem se esquivar da responsabilidade, nem fingir 
ser algo que não é. Ele decide, mas não é intransigente. Apita o que vê, o melhor que pode quando tem que decidir o 
que é correto. Se necessário, gasta tempo para explicar suas razões aos que foram afetados pela atitude. Sabe que 
nem sempre acertará, e outros terão invariavelmente uma visão diferente. Não obstante, assume a responsabilidade por 
suas decisões, dizendo: isto é o que eu escolhi. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nietzsche e o papa 
 ANTONIO CICERO 
 
 
Bento 16 acusou o filósofo de desdenhar 
a humanidade como virtude servil. 
 
QUINTA-FEIRA da semana passada, por ocasião da Missa Crismal, o papa Bento 16 falou da 
incompatibilidade entre o pensamento de Friedrich Nietzsche e o cristianismo. Segundo ele, o autor de 
"Assim Falou Zarathustra" desdenhou a humildade e a obediência como virtudes servis, pelas quais os 
homens teriam sido reprimidos. O papa acusou Nietzsche também de ter colocado no lugar dessas virtudes 
"a ufania e a liberdade absoluta do homem". Ora, "no sim da ordenação sacerdotal", disse o papa ante os 
cardeais, bispos e padres em geral de Roma, "fizemos a renúncia fundamental a querer ser autônomos, à 
"autorrealização'". 
As declarações do papa suscitaram viva reação, principalmente na Itália: o que não é de 
surpreender, considerando-se que é em Roma que fica o Vaticano e, nele, a Basílica de São Pedro, onde 
teve lugar a Missa Crismal. Assim, o filósofo católico Massimo Cacciari desconfia que seja ultrapassada a 
leitura de Nietzsche feita pelo papa. 
O filósofo católico Gianni Vattimo, por sua vez, afirma que o papa não percebeu que "Nietzsche é 
um cristão inconsciente". Ao contrário deles, o também católico Giovanni Reale, autor de monumentais 
obras de história da filosofia, pensa que Bento 16 tem razão. 
 
O JUIZ SOFRE A 
ANGÚSTIA 
EXISTENCIAL DE SER O 
ÚNICO QUE PODE 
RESPONDER PELAS 
MUITAS DECISÕES 
CRUCIAIS TOMADAS 
NO DECURSO DE UM 
JOGO. 
http://theoriapratica.org/a-solidao-do-juiz-por-jonathan-crowe
 
 
 
 
53 
 
Também concordo com o papa. Repugnam-me esforços contemporâneos para conciliar com o 
cristianismo concepções de mundo que lhe são inteiramente antagônicas, como o pensamento de 
Nietzsche ou o de Marx. 
Tais iniciativas me lembram outra coisa. Até pouco tempo era comum a tentativa de converter ou 
reverter ao cristianismo, no leito da morte, pensadores conhecidamente ateus ou deístas. Que digo? Até 
pouco tempo? Dez anos atrás isso ocorreu com um dos nossos maiores poetas. 
Mas, a título de ilustração, vou citar o trecho de um livro em que o escritor piauiense Higino Cunha 
(de quem me orgulho de ser bisneto) descreve a morte de Voltaire: "Os achaques da velhice vieram prostrá-
lo com todo o seu cortejo de misérias. Entra em jogo a faina trevosa da conversão in extremis. Um padre se 
encarrega de confessá-lo e de fazê-lo assinar uma profissão de fé católico-romana. Propala-se a balela e os 
livres-pensadores motejam do caso incrível. Mas o filósofo não morreu dessa vez; volta a si e ajuda os 
incrédulos a zombarem da suposta retratação com grande escândalo da gente religiosa. Poucos dias depois 
uma recaída perigosa; outro padre põe-se à espreita do momento fatídico para a realização do plano 
inquisitorial; quer, a todo transe, que o moribundo reconheça, ao menos, a divindade de Jesus Cristo, pela 
qual se interessa mais do que pelos outros dogmas. Aproveita uma ocasião de letargia e grita-lhe aos 
ouvidos: Credes na divindade de Jesus Cristo? Respondeu-lhe o interpelado agonizante: Em nome de 
Deus, senhor, não me faleis mais desse homem e deixai-me expirar em paz". 
Pois bem, pior que a conversão fraudulenta de um filósofo é a conversão fraudulenta da sua filosofia 
a uma religião à qual ele sempre se opôs. Que pode resultar de semelhante empreendimento senão a 
diluição de todos os conceitos numa desprezível mixórdia? 
É verdade que Nietzsche fazia pouco caso de se contradizer. Por isso mesmo, tenho para mim que, 
embora ele seja um grande pensador, Nietzsche é antes um artista do que um filósofo. 
Assim, é possível achar trechos de seus escritos em que sua atitude ante o cristianismo não seja de 
pura rejeição. Já em 1938, o filósofo Karl Jaspers pinçou vários deles, ao falar sobre "Nietzsche e o 
cristianismo". E até teólogos, como Eugen Biser, têm feito o mesmo. 
Entretanto não há como negar que Nietzsche escolheu o cristianismo como seu inimigo principal, 
nos pontos cardeais das obras mais importantes que escreveu. Ora, ele dizia que era mais importante 
escolher bem os inimigos do que os amigos. De fato, é naquilo a que uma filosofia se opõe que se percebe 
seu gume. Privá-la de seu inimigo equivale a embotá-la. 
Em "O Anticristo", lê-se: "É necessário dizer QUEM consideramos nossa antítese -os teólogos e 
todos os que têm sangue de teólogo nas veias- toda a nossa filosofia...". Parece-me claro que, se Nietzsche 
soubesse dos teólogos que tentam cooptá-lo, com certeza os consideraria como seus mais infames 
inimigos. Mais leal é um papa que reconhece como inimigo um pensador como esse que, ao se perguntar "o 
que é mais nocivo que qualquer vício", não hesita em responder: "A ativa compaixão por todos os 
malogrados e fracos - o cristianismo". 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
ARANHA, Maria Lúcia de A.; MARTINS, Maria Helena P. Filosofando: Introdução à filosofia. 2ª ed. São Paulo, SP: Moderna,1993. 
ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. Tradução de Mário Gama Kury. 4ªed. Brasília: UNB, 2001. 
CHAUÍ, Martina. Filosofia. São Paulo: Ática, 2005. 
KANT. Fundamentação da Metafísica dos Costumes.Edições 70, 2007. 
VALLS, Álvaro. O que é Ética. São Paulo: Brasiliense, 2003. 
O Livro da Filosofia / [tradução Douglas Kim]. – São Paulo: Globo, 2011
desse grupo resolvessem parar de cometer crimes, todas estariam agindo imoralmente. 
 
ANOTAÇÕES: 
 
 6 
 
 
 
 
SUJEITO MORAL – Reconhece o outro como outro – EU (Alteridade) 
O sujeito ético ou moral só pode existir e ser responsabilizado se preencher 
as seguintes condições: 
 
ser consciente de si e dos outros, isto é, ser capaz de reflexão e de 
reconhecer a existência dos outros como sujeitos éticos iguais a ele; 
 
ser dotado de vontade, (DESEJO ≠ NECESSIDADE ≠ VONTADE) isto é, 
de capacidade para controlar e orientar desejos, impulsos, tendências, 
sentimentos (para que estejam em conformidade com a consciência) e de 
capacidade para deliberar e decidir entre várias alternativas possíveis; 
 
ser responsável, isto é, reconhecer-se como autor da ação, avaliar os 
efeitos e consequências dela sobre si e sobre os outros, assumi-la bem como 
às suas conseqüências, respondendo por elas; 
 
ser livre, isto é, ser capaz de oferecer-se como causa interna de seus 
sentimentos atitudes e ações, por não estar submetido a poderes externos 
que o forcem e o constranjam a sentir, a querer e a fazer alguma coisa. A 
liberdade não é tanto o poder para escolher entre vários possíveis, mas o 
poder para auto determinar-se, dando a si mesmo as regras de conduta. 
(CHAUÍ, Marilena. Filosofia. São Paulo: Ática, 2005, p.163-164) 
 
 LIBERDADE (Autonomia) 
 O ser humano é definido por ser o único animal da natureza que possui uma linguagem simbólica, 
tem a capacidade de raciocinar com ela, o que é praticamente o mesmo que dizer que somos os animais 
racionais. 
 
“Falar de ética significa falar da liberdade. Num primeiro momento, a ética nos lembra as normas e a 
responsabilidade. Mas não tem sentido falar de norma ou responsabilidade se a gente não parte da suposição 
de que o homem é realmente livre, ou pode sê-lo. Pois a norma nos diz como devemos agir. E se devemos 
agir de tal modo, é porque (ao menos teoricamente) também podemos não agir deste modo. Isto é: se 
devemos obedecer, é porque podemos desobedecer, somos capazes de desobedecer à norma ou ao preceito. 
Também não tem sentido falar de responsabilidade, palavra que deriva de resposta, se o condicionamento ou 
determinismo é tão completo que a resposta aparece como mecânica ou automática”. 
(VALLS, Álvaro. O que é Ética. p. 48) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Para entender um pouco isto, é preciso recorrer ao conceito de causalidade, com o qual, vimos à ciência 
explica os fenômenos da natureza (dizendo que todo evento é a causa ou o efeito de algum outro evento natural). O 
conceito de causalidade diz respeito às coisas que são necessárias que não dependem da nossa vontade. A ação 
humana é determinada não exclusivamente pela lei da causalidade natural, mas pela LIBERDADE, também chamada 
por alguns de AUTODETERMINAÇÃO ou AUTONOMIA. 
 
 
 
 
 
7 
 
Saber Teórico X Saber Prático 
 
 
CIÊNCIAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
(UFSM/07) Leia o trecho a seguir: (Questão de Literatura) 
 
Por isso são maus ouvintes os de entendimentos agudos. Mas os de vontades endurecidas ainda são piores, 
porque um entendimento agudo pode-se ferir pelos mesmos fios de vencer-se uma agudeza com outra maior; 
mas contra vontades endurecidas nenhuma coisa aproveita agudeza, antes dana mais, porque quando as setas 
são mais agudas, tanto mais facilmente se despontam na pedra. Oh! Deus nos livre de vontades endurecidas, 
que ainda são piores que as pedras. 
 (Sermão da Sexagésima, de Pe. Antônio Vieira) 
 
 
01. (UFSM/07) Na questão anterior, o trecho citado (do “Sermão da Sexagésima, do Pe. Antônio Vieira) apresenta uma dicotomia 
entre “entendimento” e “vontade”. A respeito dessa dicotomia, pode-se afirmar: 
I. Ela filia-se à distinção clássica entre teoria e prática. 
II. Ela filia-se à distinção entre os campos semânticos de “ser” e “dever-ser”. 
III. Ela estabelece uma distinção entre compreender a realidade e transformá-la. 
IV. No plano linguístico, ela equivale à distinção entre juízos sobre fatos e juízos sobre valores. 
Estão corretas 
a) apenas I, II e III. b) apenas I, II e IV. c) apenas I, III e IV. d) apenas II, III e IV. e) I, II, III, e IV. 
 
02. (UFSM/07) No trecho citado, há uma clara distinção entre entendimento e vontade: as “vontades endurecidas” são piores que os 
“entendimentos agudos”. Sabe-se, também, que o erro pode ter origem tanto no entendimento quanto na vontade. O erro radicado 
na vontade, a qual pode ser boa ou má, é chamado 
 
I. lógico. II.semântico. III.gramatical. IV.moral. V.cosmológico. 
 
Está(ão) correta(s): 
a) apenas I. b) apenas II. c) apenas III. d) apenas IV. e) I, II, III, IV e V. 
Lembrar!!! 
 
ÉTICA CIÊNCIA PRÁTICA  CULTURA  DEVER SER  TRANSFORMAR  JUÍZO DE VALOR (PRESCRITIVO) 
 Devemos a Aristóteles a distinção entre o saber teórico (teorético) e o saber prático. 
Saber teorético é o conhecimento de seres e fatos que existem e agem independentemente de nós e sem nossa 
intervenção ou interferência. 
 O saber prático é o conhecimento daquilo que só existe como consequência de nossa ação e, portanto, 
depende de nós. A ética é um saber prático. O saber prático, por seu turno, distingue-se de acordo com a 
prática, considerada como práxis ou como técnica. A ética refere-se à práxis. 
 
Teoréticas 
“Contemplativas”: 
Matemática, Física, 
Metafísica. 
 Práticas 
“Conduta”: 
Política, Economia, Ética. 
 
Produtivas 
“Produção de objetos e 
beleza.” 
Medicina, Artesanato. 
 
Sugestão de Leitura 
TUGENDHAT, Ernest. Lições sobre ética. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1997. 
 
 8 
 
 
BBIIOOÉÉTTIICCAA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NO SOFRIMENTO, 
OS ANIMAIS SÃO NOSSOS IGUAIS 
Peter Singer (1946) 
 
O filósofo australiano Peter Singer tornou-se conhecido como 
um dos mais ativos defensores dos direitos dos animais após a 
publicação de Libertação animal, em 1975. Singer adota uma 
abordagem utilitarista à ética, seguindo a tradição desenvolvida pelo 
inglês Jeremy Bentham no final do século XVIII. 
O utilitarismo nos convida a julgar o valor moral de um ato por 
suas consequências. Para Bentham, o modo de fazer isso é calculado 
a soma de prazer ou dor que resulta de nossas ações, como numa 
equação matemática. 
 
Seres sencientes 
 
O utilitarismo de Singer é baseado no que ele se refere como 
uma “consideração igual de interesses”. Dor, ele diz, é dor, seja a sua, 
a minha ou a de qualquer outra pessoa. O âmbito no qual animais não 
humanos podem sentir dor é o âmbito no qual devemos levar seus 
interesses em consideração quando tomamos decisões que afetam 
suas vidas – abstendo-se de atividades que causem tal dor. No 
entanto, como todo utilitarista, Singer aplica o “princípio da máxima 
felicidade possível”, que diz que devemos tomar decisões que resultem 
na máxima felicidade possível. Singer ressalta que nunca disse que 
experimentos com animais são injustificáveis. Mais exatamente, ele 
afirma que devemos julgar as ações por suas consequências, e “os 
interesses dos animais contam entre essas como consequências” – 
eles são parte da equação. 
 
“O valor da vida é uma questão ética notoriamente difícil.” 
Peter Singer 
 
 
 
 
 
 
 
 
A bioética seria um "sub-ramo da ética", buscando re-significar as velhas questões humanas a 
partir dos fatos novos produzidos pela genética e biotecnologia (clonagem, transgênicos, suplementos 
hormonais, próteses, células-tronco, interfaces neurais, etc). 
 
O Livro da Filosofia / [tradução Douglas Kim]. – São Paulo: Globo, 2011 
Sugestão de Leitura 
SINGER, Peter. A vida que podemos salvar. Colecção: Filosofia Aberta. 
 Páginas: 252. Ano de edição: 2011 
 
EM CONTEXTO 
 
ÀREA 
Ética 
 
ABORGAGEM 
Utilitarismo 
 
ANTES 
c.560 a.C. O sábio indiano e líder 
jainista Mahavira advoga o 
vegetarianismo
estrito. 
 
1789 Jeremy Benthan explica a teoria 
de utilitarismo em Uma introdução 
aos princípios da moral e da 
legislação, argumento que “cada um 
conta como um, e ninguém como 
mais de um”. 
 
1863 Em Utilitarismo, John Stuart Mill 
desenvolve o conceito de Bentham – 
de uma abordagem que considera 
atos individuais para outra que 
considera regras morais. 
 
DEPOIS 
1983 O filósofo norte-ameriano Tom 
Regan publica O caso dos direitos 
animais. 
 
http://www.google.com.br/imgres?imgurl=http://www.catolicaonline.com.br/portal/wp-content/uploads/2010/03/bioetica.jpg&imgrefurl=http://www.catolicaonline.com.br/portal/noticias/especializacao-em-bioetica-e-saude-inicia-em-09-de-abril.html&usg=__rXFOtICRm8OfRGl9XnF9hFubmBY=&h=240&w=250&sz=13&hl=pt-BR&start=70&um=1&itbs=1&tbnid=RUIlLGgXxrXPzM:&tbnh=107&tbnw=111&prev=/images?q=bio%C3%A9tica&start=60&um=1&hl=pt-BR&sa=N&rlz=1T4DABR_pt-BRBR303BR303&ndsp=20&tbs=isch:1
 
 
 
 
9 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
01. (PS1/2013) Nós, seres humanos, geralmente nos tratamos uns aos outros como pessoas. Entre outras coisas, isso 
significa que nos consideramos portadores de direitos e não propriedade de alguém. Nas últimas décadas, diversos 
filósofos têm argumentado que alguns animais não humanos também devem ser tratados como pessoas, uma vez que, 
como nós, podem se comunicar, possuem algum grau de inteligência e são capazes de sentir sensações e emoções. 
 
Agora, coloque verdadeira (V) ou falsa (F) em cada uma das afirmativas a seguir: 
( ) 
 
( ) 
 
( ) 
O fato de alguém ser tratado como uma pessoa implica que ninguém mais pode ser 
responsabilizado pelo que ela faz. 
O fato de um animal não humano pode ser portador de direitos não implica que ele 
necessariamente tenha obrigações morais ou jurídicas perante os seres humanos. 
Entre o s seres humanos, apenas consideramos como portadores de direitos aqueles que são 
capazes de se comunicar, exibir algum grau de inteligência e manifestar sensações e emoções. 
 
 A sequência correta é 
a) F-F-F. b) F-V-V. c) V-V-F. d) F-V-F. e) V-F-V. 
 
02. (UNIOSTE/09) “O termo bioética foi, primeiramente, utilizado pelo médico norte-americano V. R. Potter no início da 
década de 1970. [...] Nos últimos trinta anos, a bioética cresceu rapidamente como área de conhecimento e tornou-se 
particularmente importante nas ciências relacionadas com a vida humana, tais como a medicina, a enfermagem, a 
biologia, o direito etc., apesar de ser um objeto de estudo interdisciplinar e ter ocupado também lugar central na filosofia 
moral”. (D. Dall'Agnol) 
Tendo em conta o ponto de vista da Bioética, é correto afirmar que 
a) questões relacionadas à intervenção na natureza e ao uso de recursos naturais são independentes das que dizem 
respeito à segurança, ao meio ambiente e ao bem-estar comum. 
b) a conduta humana no âmbito das ciências da vida e da saúde não precisa ser analisada à luz dos valores e princípios 
morais. 
c)é preciso discutir a questão da responsabilidade e da autoridade da ciência e do médico em relação às intervenções e 
limites de certas experiências, tais como o aborto induzido, a esterilização, a eutanásia, a clonagem, as células-tronco, 
etc. 
d)o conhecimento científico, exatamente por tratar da verdade, não pode sofrer limitações por questões éticas e, 
portanto, é independente de valores morais. 
e)a ciência é uma atividade imparcial, neutra e desinteressada. 
 
03. (UFSM/09) Considerando o resultado indicado pelo estudo da Universidade do Kansas expresso em “Quer ter 
menos produção? Use transgênicos!”, avalie as possíveis implicações decorrentes daí, colocando V (verdadeira) ou F 
(falsa) nos parênteses. 
( ) o enunciado indica uma preocupação bioética. 
( ) o enunciado indica que o cultivo de cereais deve considerar a qualidade dos alimentos. 
( ) o enunciado pressupõe uma relação entre fins e meios. 
A sequência correta é 
a) V-V-F b) V-F-V c) F-F-V d) F-V-V e) F-F-F 
 
04. (UFSM/07) Mediante pesquisas e exames, pretende-se detectar casos de pessoas que teriam genes que as 
predispõem à agressividade ou a certas doenças que as debilitariam para o trabalho. No estado atual da discussão, isso 
envolve problemas não só de ordem científica, mas também de natureza moral. Identifique a(s) afirmativa(s) que 
manifesta(m) implicação(ões) ética(s) e não somente científica(s). 
I. Certas doenças genéticas podem ter definições provisórias. 
II. O melhoramento genético de seres humanos pode levar à exclusão social. 
III.Doenças como a hemofilia são determinadas geneticamente e podem ser detectadas antecipadamente por testes. 
Está(ão) correta(s) 
a) apenas I. b) apenas II. c) apenas III. d) apenas I e II. e) apenas II e III. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
 
MMOODDEELLOOSS DDEE RREEFFLLEEXXÃÃOO ÉÉTTIICCAA:: 
 
DETERMINISMO, UTILITARISMO E RACIONALISMO 
 
 
 
 
 
 
I) DETERMINISMO: 
 
 É a posição que nega a possibilidade de que o ser humano seja livre. Para um determinista, as ações 
humanas são absolutamente determinadas por fatores externos. Isso pode ser dito assim: um determinista 
acredita que o ser humano não possui autonomia, e acaba negando a possibilidade da própria ética. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
II) UTILITARISMO: 
 Afirma que o bem é aquilo que é melhor para a maioria, geralmente apegando-se aos resultados práticos 
para poder avaliar se as ações podem ser consideradas morais ou não. 
 
III) O RACIONALISMO: 
Em ética, é a defesa da concepção de que a razão deve dominar os sentimentos, as paixões, os impulsos, a 
fim de que o ser humano possa ser considerado um ser moral. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lembrar!!! 
Contos de Literatura – “Fatalidade”, Guimarães Rosa e “A Cartomante”, Machado de Assis. 
 
Consequencialismo. 
 
MODELOS DE REFLEXÃO ÉTICA 
 
 
 
 
11 
 
 
 
 
01.(PS3/2013) Considere o seguinte texto: 
 
[...] o crescimento, objetivo principal da teoria e da política econômica, pode ter deixado de fazer sentido. Até o último quarto do século 
XX, crescer e enriquecer eram objetivos inquestionáveis. Hoje já não são. Primeiro, porque os limites físicos do planeta começam a dar 
sinais de que podem estar próximos. Segundo, porque o extraordinário crescimento e a riqueza criada nos últimos dois séculos 
resultaram num ganho de bem-estar muito aquém do que se poderia esperar. A desigualdade persistente, o consumismo desenfreado, 
o alto endividamento público e privado, a invasão do Estado sobre todas as esferas da vida, os impostos abusivos, a percepção 
generalizada de que a vida contemporânea é exaustiva compõem um quadro desalentador,muito diferente do que imaginaria alguém 
que, no início do século XX, tentasse descrever como seria a vida, um século depois, uma vez atingido o nível de renda e riqueza do 
mundo contemporâneo. 
 
Fonte: RESENDE, André Lara. Os limites do possível: a economia além da conjuntura. São Paulo: Companhia das Letras, 2013. 
 
Aplicando ao texto o princípio________________ de que o certo é aquilo que promove o máximo de bem-estar ao ________________ 
número de pessoas, o crescimento econômico é uma meta________________. 
 
Assinale a alternativa que preenche, corretamente, as lacunas. 
a) normativista – maior – questionável 
b) utilitarista – maior – questionável 
c) utilitarista – menor – inquestionável 
d) normativista – menor – inquestionável 
e) normativista – menor – questionável 
 
02. (UNISC.verão/2014) Costuma-se dizer que os fins justificam os meios, de modo que, para alcançar um fim legítimo, todos os meios 
disponíveis são válidos. No caso da ética, porém, essa afirmação não é aceitável. Por quê? 
a) Por que os fins de uma ação dependem dos objetivos do sujeito praticante da ação e não dos meios para atingi-los. 
b) Porque os meios para atingir uma ação dependerão sempre, dos fins desejados. 
c) Porque nem todos os meios são justificáveis, mas apenas aqueles que estão de acordo com
os fins da própria ação. 
d) Porque se pode atingir um fim legítimo utilizando-se de meios éticos. 
e) Porque a ética não deve se preocupar com os fins ou meios e sim com a liberdade do agir. 
 
03. (UNISC/09) Na Ética, existe uma corrente de pensamento chamada de “Utilitarismo”. Essa corrente considera que o ato correto em 
cada circunstância é aquele que produz o melhor resultado global, conforme determinado por uma perspectiva impessoal, que confere 
pesos iguais aos interesses de cada uma das partes afetadas. 
Leia atentamente as afirmativas abaixo. 
I- Para um utilitarista, apenas o interesse individual possui importância se pretendemos definir o que é correto fazer. 
II- Para um utilitarista, não existe ação correta independente da consideração das consequências da ação. 
III- Para o utilitarista, só as decisões egoísticas são corretas, pois o que conta para definir a correção de uma ação é sua utilidade, e 
ações egoísticas são úteis para as pessoas que as praticam. 
IV- Para o utilitarista, algumas ações são boas em si mesmas, independentemente das conseqüências positivas ou negativas que 
podem gerar. 
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente a afirmativa I está correta. 
b) Somente a afirmativa II está correta. 
c) Somente as afirmativas II e III estão corretas. 
d) Somente as afirmativas III e IV estão corretas. 
e) Todas as afirmativas estão corretas. 
 
04. (PEIES/06) O determinismo total inviabiliza a ética, Mesmo assim, é comum a muitas pessoas encararem a vida como se tudo 
estivesse determinado pelas mãos do destino. Entre os determinismos, é possível enquadrar: 
I. a teoria da virtude como meio-termo entre uma falta a um excesso. 
II. o formalismo baseado na liberdade e na autonomia da vontade. 
III. um naturalismo em que tudo segue as rígidas leis da natureza. 
IV. o fatalismo segundo o qual tudo o que acontece teria de ser exatamente assim como ocorreu. 
V. as doutrinas que professam que "tudo está escrito", de acordo com um inexorável plano divino. 
Estão corretas as alternativas 
a)I, II e III apenas. 
b)I, Il e IV apenas. 
c)I, III e V apenas. 
d)II, IV e V apenas. 
e)III, IV e V apenas. 
 
 
 
 
 
 
AANNTTIIGGUUIIDDAADDEE ((VVII aa..CC--IIVV dd..CC)) 
 12 
 
 
 
 
 ÉTICA DAS VIRTUDES 
 
 
Pré-Socráticos Sócrates Platão Aristóteles 
 
 
 
 
 
Podemos resumir a ética dos antigos em três aspectos principais: 
 
1. o racionalismo: a vida virtuosa é agir em conformidade com a razão, que conhece o bem, o 
deseja e guia nossa vontade até ele; 
 
2. o naturalismo: a vida virtuosa é agir em conformidade com a Natureza (o cosmos) e com 
nossa natureza (nosso ethos), que é a parte do todo natural; 
 
3. a inseparabilidade entre ética e política: isto é, entre a conduta do indivíduo e os valores 
da sociedade, pois somente na existência compartilhada com outros encontramos liberdade, 
justiça e felicidade. A ética, portanto, era concebida como educação do caráter do sujeito 
moral para dominar racionalmente impulsos, apetites e desejos, para orientar a vontade rumo 
ao bem e à felicidade, e para formá-lo como membro da coletividade sociopolítica. 
 
Racionalistas: vida virtuosa é agir conforme a razão. 
Ética / Política: inseparáveis 
Naturalismo: vida virtuosa é agir conforme a natureza. 
Início da Reflexão 
Moral. 
ANOTAÇÕES: 
 
 
 
 
 
13 
 
 
AARRIISSTTÓÓTTEELLEESS ((338844 –– 332222 aa..CC)) // ÉÉttiiccaa aa NNiiccôômmaaccooss 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ex.: Meio termo 
 
 Temeridade Covardia 
 
 Vício por excesso Vício por falta 
 
 
 
AArriissttóó VÍCIOS – VIRTUDES 
 Excesso/Falta Moderação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lembrar!!! 
Ética Aristotélica: 
Racionalista 
Finalista (Teleológica) 
Eudaimonista 
Coragem 
 
MORAL: Ligada à ação, hábito 
(Ética) 
 
 
INTELECTUAL:Ligada ao nascimento e a instrução. 
(Dianoética) 
 
 
FELICIDADE 
(Eudaimonia) 
Fim último da ação 
humana. 
(Teleologia) 
Princípio 
de ação. 
Disposição da alma (caráter) 
de acordo com a 
VIRTUDE (Moral) 
Mediania entre o excesso e a falta 
ou 
Meio termo entre dois vícios. 
O virtuoso age em consonância com a 
RAZÃO. 
(Ética racionalista) 
 
 
QUADRO DAS VIRTUDES MORAIS 
Sentimento ou paixão 
(por natureza) 
Situação em que o 
sentimento ou a paixão 
são suscitados 
Vício (excesso) 
 (por deliberação / 
escolha) 
Vício (falta) 
(por deliberação / 
escolha) 
Virtude (justo meio) 
(por deliberação / 
escolha) 
Prazer Tocar, ter ingerir Libertinagem Insensibilidade Temperança 
Medo Perigo, dor Covardia Temeridade Coragem 
Confiança Perigo, dor Temeridade Covardia Coragem 
Riqueza Dinheiro, bens Prodigalidade Avareza Liberdade 
Fama Opinião alheia Vaidade Humildade Magnificência 
Honra Opinião alheia Vulgaridade Vileza Respeito próprio 
Cólera Relação com os outros Irascibilidade Indiferença Gentileza 
Convívio Relação com os outros Zombaria Grosseria Agudeza de espírito 
Conceder prazer Relação com os outros Condescendência Tédio Amizade 
Vergonha Relação de si com os 
outros 
Sem-vergonhice Timidez Modéstia 
Sobre a boa sorte de 
alguém 
Relação dos outros 
consigo 
Inveja Malevolência Justa apreciação 
Sobre a má sorte de 
alguém 
Relação dos outros 
consigo 
Inveja Malevolência Justa indignação 
 
 14 
 
 
 
 
 
Deliberação Escolha Ação 
 
 
 
 
 Deliberamos acerca dos Ato voluntário. 
 meios e não dos fins. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“(...) o que é próprio de cada coisa é, por natureza, o que há de melhor e de aprazível para 
ela; e, assim, para o homem a vida conforme à razão é a melhor e mais aprazível, já que a 
razão, mais que qualquer outra coisa, é o homem. Donde se conclui que essa vida é também a 
mais feliz.” 
(Aristóteles) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Nem sempre deliberamos antes de agir, por isso Aristóteles fala da importância da Virtude ser um 
hábito, pois agiremos sempre bem, se estivermos habituados a fazer o bem. Isto é, se tivermos uma 
vontade guiada pela razão. 
Cálculo racional que precede a ação. Nós nunca deliberamos sobre coisas universais e necessárias. Só 
podemos deliberar acerca daquilo que depende nossa vontade. 
 
 
ARISTÓTELES 
 
1. PRAZER E GOZO; 
→ VIDA DIGNA DE ANIMAIS; ESCRAVOS 
2. HONRA (SUCESSO); 
→ DEPENDE DE QUEM A CONFERE 
3. JUNTAR RIQUEZAS; 
→MEIO PARA OUTRAS COISAS 
 
HIERARQUIA DE BENS: 
 Bens relativos e intrínsecos ao homem 
 Os relativos são aqueles necessários para a vida cotidiana (bens materiais, prazeres vitais, 
etc.). Estes mudam constantemente, pois sempre desejam outros e maiores. 
 Bens intrínsecos, não visam outros porque eles são auto-suficientes, ou seja, os bens 
intrínsecos são bens supremos. 
 
Sugestão de Leitura 
ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. UNB, Brasília 
 IIMMPPOORRTTAANNTTEE!! 
 
 
 
 
15 
 
 
 
 
 
01. (ENEM/2013) A felicidade é, portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem 
estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais 
doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós
a 
identificamos como felicidade. 
ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia das Letras, 2010. 
 
Ao reconhecer a felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como 
a) busca por bens matérias e títulos de nobreza. 
b) plenitude espiritual e ascese pessoal. 
c) finalidade das ações e condutas humanas. 
d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas. 
e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público. 
 
 
02.(PUC/PR 10) Aristóteles afirma, na sua Ética a Nicômaco, que todas as nossas ações visam a um fim e esse fim é o seu bem, ou 
seja, “aquilo a que todas as coisas tendem”. De acordo com a posição do autor sobre esse tema, seria CORRETO afirmar que: 
I. Todas as ações humanas visam a um fim, mas existe um fim supremo, que Aristóteles chama de “sumo bem” ou “bem supremo”. 
II. Assim como todos os fins são objeto de estudo das ciências em geral, o “sumo bem” exige uma ciência (ou arte) também ela 
suprema, já que conhecer esse fim é extremamente útil, pelo fato de ele ter grande influência sobre a vida humana. 
III. Para Aristóteles é a Política que deve ser considerada essa “arte mestra”, já que ela estuda o “sumo bem”, do qual todos os “bens” 
menores dependem. 
IV. Aristóteles acha que o fim da vida humana é a conquista da felicidade e ela está associada à posse de riquezas e honras, além de 
um acesso ilimitado aos prazeres. 
a) Apenas as assertivas I e IV são verdadeiras. 
b) Apenas as assertivas I e II são verdadeiras. 
c) Apenas a assertiva I é falsa. 
d) Todas as assertivas são verdadeiras. 
e) Apenas a assertiva IV é falsa. 
 
 
03. (UEL/09) No livro II da Ética a Nicômaco, Aristóteles diz que há duas espécies de virtudes – dianoética e ética. A virtude 
dianoética requer o ensino, o que exige experiência e tempo. Já a virtude ética é adquirida pelo hábito e não é algo que surge por 
natureza. Isso não quer dizer que as virtudes são geradas em nós contrariando a natureza. Para Aristóteles, somos naturalmente aptos 
a receber as virtudes e nos aperfeiçoamos pelo hábito. Com base no enunciado e nos conhecimentos sobre a ética aristotélica, 
considere as afirmativas a seguir: 
I. A virtude dianoética e a virtude ética são adquiridas, respectivamente, pela experiência, tempo e hábito. 
II. A virtude dianoética e a virtude ética, por serem inatas, são facilmente aprendidas desde a infância. 
III. Os seres humanos são naturalmente aptos a receber as virtudes éticas, embora não sejam virtuosos por natureza. 
IV. O hábito, de forma necessária, nos torna melhores eticamente, contudo as virtudes independem da ação 
para o desenvolvimento moral do indivíduo. 
Assinale a alternativa correta. 
a) Somente as afirmativas I e II são corretas. 
b) Somente as afirmativas I e III são corretas. 
c) Somente as afirmativas III e IV são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. 
e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas. 
 
 
04. (ENADE/05) Assim, a virtude é uma disposição para agir de uma maneira deliberada, consistindo numa mediania relativa a nós, a 
qual é racionalmente determinada e como a determinaria o homem prudente. Mas é uma mediania entre dois vícios, um pelo excesso, 
outro pela falta. Aristóteles. Ética a Nicômacos. 
Com base no trecho acima, julgue as seguintes conclusões formuladas. 
I A virtude é uma mediania. 
II A mediania é um vício entre dois vícios. 
III O homem prudente determina racionalmente a virtude. 
IV Os vícios são excessos ou faltas. 
V O homem prudente não reconhece o vício. 
Estão certas apenas as conclusões 
a) I, III e IV. b) I, IV e V. c) II, III e IV. d) II, III e V. e) II, IV e V. 
 
 
 
 
 16 
 
 
 
 
Escolas do Mundo Antigo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 EPICURISMO 
Escola filosófica fundada por 
Epicuro (341 – 270 a.C.) que defende: 
 Materialismo / Atomismo 
 Ética hedonista 
 Ataraxia 
 
 ESTOICISMO 
Escola filosófica fundada por 
Zenão de Cício(335 – 246 a.C.) que 
defende: 
 Contenção 
 Apatia 
 Indiferença / Ataraxia 
 
 CINISMO 
Escola filosófica fundada por 
Antisthenes (444 – 365 a.C.) que defende: 
 Desprezo as 
normas sociais 
 Segue a natureza 
 Refuta convenções 
 
 
 
ANOTAÇÕES: 
 
CETICISMO 
Escola filosófica que nega a 
possibilidade de conhecer a verdade. 
Assim, para o ceticismo o homem 
nada pode afirmar, pois nada pode 
conhecer. 
 
 
(Pirro) 
http://www.google.com.br/url?sa=i&source=images&cd=&cad=rja&docid=7YrVq4ZjzkZxBM&tbnid=EXfco2PyLyqADM:&ved=0CAgQjRwwAA&url=http://darkside.hubpages.com/hub/antisthenes&ei=evkQUeTIArCB0QGKioDIDQ&psig=AFQjCNEPeUliWdTlLP3HBno72j3TXU-jog&ust=1360153338084373
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=epicuro&source=images&cd=&cad=rja&docid=MxO8exiuzkFYhM&tbnid=Yu9IbK3J621tJM:&ved=0CAUQjRw&url=http://filosofiaparaalunos.blogspot.com/2012/04/epicuro.html&ei=zPkQUa39D4f68gTV4IGQBw&bvm=bv.41867550,d.dmQ&psig=AFQjCNGVa5Ks1ysesaxbD-RIiyWoFZQ56w&ust=1360153416483203
http://www.google.com.br/url?sa=i&rct=j&q=zen%C3%A3o+de+c%C3%ADtio&source=images&cd=&cad=rja&docid=LpCUPRQBLXaC2M&tbnid=I0AkDulYyOsn_M:&ved=0CAUQjRw&url=http://construindohistoriahoje.blogspot.com/2011_12_17_archive.html&ei=FPoQUcyrC46C9QS53oHQDQ&bvm=bv.41867550,d.dmQ&psig=AFQjCNE_EaaKz8WwgH3rrqJM4Wviromg6Q&ust=1360153488322216
 
 
 
 
17 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
01. (SEC-UFPR) No período helenista, a questão da moral se formulou em duas tendências opostas: para uns, O Bem se encontrava 
no prazer; para outros, os prazeres deviam ser desprezados, pois deles se originava o Mal.Assinale a alternativa que apresenta essas 
tendências, respectivamente. 
a) Hedonismo e Epicurismo. 
b) Hedonismo e Estoicismo. 
c) Estoicismo e Idealismo. 
d) Realismo e Idealismo. 
e) Hedonismo e Idealismo. 
 
02. (PMSP) “Quando dizemos que o prazer é o fim, não queremos referir-nos aos prazeres dos intemperantes ou aos produzidos pela 
sensualidade, como crêem certos ignorantes, que se encontram em desacordo conosco ou não no s compreendem, mas ao prazer de 
nos acharmos livres de sofrimento do corpo e de perturbações da alma.” Epicuro. 
A partir do trecho citado, é correto afirmar que a ética epicurista 
a) busca o equilíbrio entre os desejos sensuais e as restrições espirituais. 
b) funda sua idéia de prazer na negação do corpo em favor das alegrias do espírito. 
c) funda-se na noção de dever impessoal de negação do corpo. 
d) atribui ao corpo e à matéria a origem da infelicidade. 
e) é um hedonismo que procura aliar prazer, senso de limite e serenidade. 
 
03. (UFSC) Apesar de sua diversidade e suas diferenças teóricas, todas as escolas do helenismo colocam a ética como a parte mais 
importante da filosofia. Analise as afirmativas sobra as concepções éticas dessas escolas. 
I. para os epicuristas o prazer é bem ético, por isso defendiam o hedonismo radical. 
II. o cético pirrônico deseja chegar a e permanecer na tranqüilidade decidindo-se por alguma doutrina específica. 
III. segundo Epicuro, pra alcançar o bem ético o filósofo deve atuar sempre que possível na política. 
IV. os estóicos preconizavam que a virtude para chegar ao bem ético deveria basear-se nas inclinações e desejos. 
V. os céticos praticavam a suspensão do juízo (epochê) como meio de se chegar à tranqüilidade da alma. 
VI. os cínicos eram críticos dos costumes estabelecidos porque acreditavam que as cidades existentes afastavam os seres humanos 
da felicidade, que para eles consistia no retorno à natureza. 
VII. segundo os estóicos, o filósofo só encontrará a felicidade ética se admitir que tudo que ocorreu no mundo é justo, porqunto se 
realiza segundo as leis de uma divindade racional. 
 
Assinale a alternativa CORRETA. 
a) Somente as afirmativa I, II, V e VII são corretas. 
b) Somente as afirmativa II, III, V e VI são corretas. 
c)
Somente as afirmativa V, VI e VII são corretas. 
d) Somente as afirmativa II, V, VI e VII são corretas. 
e) Somente as afirmativa I, VI e VII são corretas. 
 
04. (UEM) O Período Helenístico inicia-se com a conquista macedônica das cidades-Estado gregas. As correntes filosóficas desse 
período surgem como tentativas de remediar os sofrimentos da condição humana individual: o epicurismo ensinando que o prazer é o 
sentido da vida; o estoicismo instruindo a suportar com a mesma firmeza de caráter os acontecimentos bons ou maus; o ceticismo de 
Pirro orientado a suspender os julgamentos sobre os fenômenos. Sobre essas correntes filosóficas, assinale o que for certo. 
 
01. Os estóicos, acreditando na idéia de um cosmo harmonioso governado por uma razão universal, afirmaram que virtuoso e feliz é o 
homem que vive de acordo com a natureza e a razão. 
02. Conforme a moral estóica, nossos juízos e paixões dependem de nós, e a importância das coisas provém da opinião que delas 
temos. 
04. Para o epicurismo, a felicidade é o prazer, mas o verdadeiro prazer é aquele proporcionado pela ausência de sofrimento do corpo e 
de perturbações da alma. 
08. Para Epicuro, não se deve temer a morte, porque nada é para nós enquanto vivemos e, quando ela nos sobrevém, somos nós que 
deixamos de ser. 
16. O ceticismo de Pirro sustentou que, porque todas as opiniões são igualmente válidas e nossas sensações não são verdadeiras 
nem falsas, nada se deve afirmar com certeza absoluta, e da suspensão do juízo advém a paz e a tranquilidade da alma. 
 
SOMA:_______ 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 18 
 
MMEEDDIIEEVVAALL ((VV--XXIIVV)) 
 Homem- servo de Deus Estado=Religião 
 Sociedade estamental: 
 Clero/nobreza/ servos 
 Igreja: Ideologia dominante “Igualdade / somos irmãos” 
 
 Teocentrismo 
 Filhos de Deus 
Fideísmo: Fé está a cima de tudo. 
 
Teodicéia: Mal do mundo. 
 
 
Livre arbítrio: isenta Deus do mal no mundo e responsabiliza o homem. 
 
Pecado original: Queda do homem por culpa própria (Livre arbítrio). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
 
 
 
 
QQuuaaddrroo ccrriissttããoo:: 
VIRTUDES TEOLOGIAS 
(Caráter Sobrenatural) 
VIRTUDES CARDEAIS 
(caráter Natural) 
PECADOS CAPITAIS VIRTUDES MORAIS 
Fé Coragem gula sobriedade 
esperança Justiça avareza prodigalidade 
caridade Temperança preguiça trabalho 
 Prudência luxúria castidade 
 Cólera (ira) mansidão 
inveja generosidade 
orgulho modéstia 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Observe o aparecimento de novas virtudes concernentes à relação do crente com Deus (teologias) da justiça 
com virtude particular (para Aristóteles a justiça é o resultado da virtude é uma das virtudes), a amizade é 
substituída pela caridade, os vícios são transformados em pecado. Surge também como virtude o trabalho (para um 
grupo formal poderia ser) e o ócio que era valorizado no mundo antigo, agora é vício da preguiça. 
Lutero: “Mente desocupada, oficina do diabo”. 
 
 
 
 
ADÃO E EVA 
 
Na tradição judaico-cristã e islâmica, a mulher foi gerada a partir do 
homem, como relata o Gênesis, no Antigo Testamento, na figura de Adão e Eva. 
Esse fato já demonstra, desde a fundação das religiões de tradição cristã, a 
depreciação do valor e papel da mulher na sociedade segundo uma visão teológica 
e religiosa. 
 
 20 
 
 
 
 
 
 
 
01. (UFSM/08) A figura da questão anterior (pai ensinando o filho a arar a terra) mostra o trabalho como uma das virtudes morais 
praticadas na sociedade cristã feudal. A respeito dessas virtudes, e correto afirmar: 
I. A glória, considerada virtude no mundo greco-romano, e substituída pela humildade. 
II. O ócio, apreciado pela sociedade escravista greco-romana, assume, no cristianismo feudal, a condição de um pecado capital, a 
preguiça. 
III. A preguiça e a luxúria são virtudes teológicas indispensáveis ao cristianismo feudal. 
 
Está(ão) correta(s) 
a) I apenas. b) II apenas. c) III apenas. d) I e II apenas. e) I e III apenas. 
 
 
02. (PEIES/08) O mito dos anjos caídos conta que alguns anjos, depois de se revoltarem contra seu criador, foram jogados para a 
Terra. E conclui: foi assim que o mal entrou no mundo. Tal explicação da origem do mal centra-se na idéia de que o mal 
I. tem origem fora do homem. 
II. é fruto do livre arbítrio humano. 
III. está radicado na vontade individual, de cada um. 
 
Está(ão) correta(s) a(s) alternativa(s) I apenas. 
a) I apenas. b) II apenas. c) Ill apenas. d) II e III apenas. e) I, II e III. 
 
03. (UFSM/07) A arquitetura de uma época aponta não só para um determinado estilo artístico, mas também pode indicar traços da 
vida moral e política de um grupo humano. As torres das igrejas góticas, por exemplo,(figura da questão anterior), mostram a 
verticalidade na relação entre Deus e o homem, o céu e a terra, o superior e o inferior, característica básica da cultura medieval. A 
respeito da concepção de moralidade no período medieval, pode-se afirmar que 
I. a conduta humana deve se pautar pelas regras derivadas da natureza. 
II. a imoralidade está relacionada com a desobediência às leis divinas reveladas. 
III. a razão humana ocupa o lugar central na vida ética. 
IV. a ética se preocupa, principalmente, com a autonomia moral do indivíduo. 
 
Está(ão) correta(s) 
a) apenas I. b) apenas II c) apenas III. d) apenas II e IV. e) apenas III e IV. 
 
04. (ENADE) Concedei, Senhor, que eu perfeitamente saiba se primeiro Vos deva invocar ou louvar, se, primeiro, Vos deva conhecer 
ou invocar. E como invocarei o meu Deus – meu Deus e meu Senhor -, se, ao invocá-l’O, O invoco sem dúvida dentro de mim? E que 
lugar há em mim, para onde venha o meu Deus, para onde possa descer o Deus que fez o céu e a terra? Pois será possível – Senhor 
meu Deus – que se oculte em mim alguma coisa que Vos possa conter? É verdade que o céu e a terra que criastes e no meio dos 
quais me criastes, Vos encerram? (AGOSTINHO. Confissões, livro I, cap.I e cap. II, Ed. Vozes, p.23 e 24) 
 
O texto agostiniano citado apresenta o seguinte problema: 
a) A busca de Deus se volta para a interioridade do homem, mas apenas de modo metafísico, pois é impossível o limitado conter o 
ilimitado. 
b) Sua condição de cristão e pecador gera angústias sobre o seu destino e seu distanciamento do Criador, donde a impossibilidade 
de alcançá-l’O. 
c) O problema filosófico consiste em buscar o Criador a partir das cosas exteriores, do céu e da terra, para depois chegar ao homem. 
d) A aproximação do Criador implica busca, peregrinação para os lugares onde sua manifestação é mais palpável e perceptível. 
e) A busca de Deus, que se confunde com a busca da verdade, é um voltar-se para si mesmo, num duplo movimento de chamamento 
e procura. 
 
05. (UFSC) A Patrística é o primeiro momento da filosofia cristã. Sobre esta tendência filosófica, leia as seguintes afirmativas: 
I. a Patrística é um movimento de pensadores cristãos que procura justificar teórica e filosoficamente a concepção de vida e de 
mundo depreendidas da Bíblia. 
II. Boécio não é considerado um pensador da Patrística. 
III. Plotino é um pensador considerado como participante da Patrística. 
IV. a Patrística sempre rejeitou a filosofia greco-romana em seu todo. 
V. Santo Agostinho é considerado o maior pensador da patrística latina. 
VI. um dos temas fundamentais da Patrística é a discussão do sentido da Santíssima Trindade. 
 
Assinale a alternativa CORRETA. 
a) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas. 
b) Somente as afirmativas I, II, V e VI são corretas. 
c) Somente as afirmativas III, V e VI são corretas. 
d) Somente as afirmativas I, V e VI são corretas. 
e) Somente as afirmativas
II, V e VI são corretas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sugestão de filme 
“Em nome de Deus” - (Inglaterra / Irlanda, 2002) Peter Mulan 
“O nome da Rosa” - (França / Itália / Alemanha, 1986) Jean-Jacques Annaud 
 
 
 
 
 
21 
 
 
 
 
MMOODDEERRNNIIDDAADDEE ((XXVV –– XXVVIIIIII)) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Kant (1724 – 1804) 
 
Sua ética é construída como resposta à pergunta: “QUE DEVO FAZER?”: 
“(...) Buscava uma ética de validade universal, que se apoiasse apenas na 
igualdade fundamental entre os homens. Sua filosofia se volta sempre, em 
primeiro lugar, para o homem (...) No centro das questões éticas, aparece o 
dever, ou obrigação moral, uma necessidade diferente da natural, ou da 
matemática, pois necessidade para uma liberdade. O dever obriga moralmente a 
consciência moral livre, e a vontade verdadeiramente boa deve agir sempre 
conforme o dever e por respeito ao dever.” (VALLS, Álvaro. O que é Ética. p. 18) 
ISSO QUER DIZER QUE OS PRINCÍPIOS MORAIS DEVEM SER VÁLIDOS PARA TODOS 
OS HOMENS, POIS HÁ UMA IGUALDADE BÁSICA ENTRE TODOS: A POSSE DA RAZÃO. 
A moral, para Kant, não pode ser o resultado de fatores exteriores ao homem (os costumes, 
tradições, as leis de direito, e até os desejos pessoais). Os motivos da ação moral são fundados no 
sujeito, de acordo com a sua racionalidade, que é a sua natureza. Mas como os sujeitos são variados, 
Kant pensa que a moral não tem tanto a ver com os conteúdos das ações, e sim com sua FORMA, que é a 
forma da UNIVERSALIDADE, da LEI MORAL. Para Kant as ações humanas estão numa espécie de lugar 
especial com relação aos outros fenômenos que acontecem no mundo: párea elas não vale somente a lei 
da causalidade natural, mas uma outra causalidade: A CAUSALIDADE DA LIBERDADE. Isto significa 
que somos livres, apesar de sermos também elos na cadeia causal dos acontecimentos da natureza. A 
liberdade é para Kant um tipo de causalidade sobre as ações humanas: O agir de acordo com a nossa 
natureza, em Kant, é portanto bem diferente dos ideais aparentemente paralelos dos gregos, dos 
medievais e de um Rousseau. Para os gregos, isto significava uma certa harmonia passiva com o cosmos. 
Para o medieval, significava uma obediência pessoal ao Criador da natureza. 
 
 Para Rousseau significava agir de forma mais primitiva. Mas para Kant, a natureza humana é uma 
natureza racional, o que equivale a dizer que a natureza nos fez livres, mas com isso não nos disse o que 
fazer, concretamente. Sendo o homem um ser natural, mas naturalmente livre, isto é, destinado pela 
natureza à liberdade, ele deve desenvolver esta liberdade através da mediação de sua capacidade 
racional.” (VALLS, Álvaro. O que é Ética. p. 64) 
 Para que as ações sejam consideradas morais, Kant pensava que elas deveriam seguir um tipo 
especial de regra: o chamado Imperativo categórico — É o princípio fundamental na ética de Kant. 
Este princípio é um imperativo porque nos aparece como uma obrigação; é categórico porque tal 
obrigação não depende de quaisquer desejos pessoais específicos do indivíduo que age. Ele é o 
resultado da nossa liberdade – a liberdade que temos de agir de acordo com o que é nosso dever. 
 
 
 
 22 
 
 
 
 Kant pensava que se o motivo que nos leva a agir de determinada maneira não pode ser 
universalizado, então, a ação não pode ser considerada moral. Para fazer um teste sobre a moralidade 
das nossas ações, segundo Kant, devemos sempre nos perguntar: o motivo que me levou a fazer isso 
poderia ser o mesmo para qualquer outra pessoa em qualquer outra ocasião? Veja: se penso que minha 
vida anda sem sentido e resolvo que quero me suicidar. Devo pensar: e se todos que pensam que suas 
vidas não têm mais sentido resolvesse se suicidar também (e se a máxima para a minha ação fosse 
universalizada?). Pense em exemplos de ações que você realiza e que não poderiam 
ser universalizadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 IMPERATIVOS 
 
 
 
 CATEGÓRICO 
 Ordem dada pela razão. 
 
 
 
 
 HIPOTÉTICO 
 Conselhos de prudência 
 dado pela razão. 
 
 
 
 
Imperativo Categórico: "Age em conformidade apenas com a máxima que possas querer que se 
torne lei universal." O ato moral é aquele que se realiza como acordo entre a vontade e as leis 
universais que ela dá a si mesma. O imperativo categórico não enuncia o conteúdo particular de uma 
ação, mas a forma geral das ações morais. As máximas deixam clara a interiorização do dever. 
 
 
 
 
IMPERATIVO CATEGÓRICO 
 
Kant diz que estamos habituados a 
Imperativos Hipotéticos: na hipótese 
de desejar algo, faça algo. 
 Mas não basta desejar e agir. Para Kant 
é preciso obter uma maneira diferente de compreender nossas 
ações no mundo: você deve agir de tal maneira a desejar que a 
sua conduta se converta em lei universal. É quando eu espero 
que as pessoas ajam como eu ajo. Eis o Imperativo Categórico. 
 
 RAZÃO PURA 
 
 Teórica 
(Necessidade) 
 
 
 Leis Necessárias 
 
 Física Astronomia Química 
Prática (Liberdade) – Norma e fins éticos 
 
 
 
LEI MORAL – Imperativo categórico 
“Age de tal modo que a máxima da tua ação 
possa ser universalizável.” 
ou 
“Age de tal maneira a tornar a humanidade 
como fim nela mesma.” 
 
 
REGRA UNIVERSAL QUE SE APLICA 
A TODO SER RACIONAL 
(Ética universalista / Formalista) 
 A moralidade é distinta da legalidade. 
Algumas leis são injustas! 
 
A responsabilidade jurídica não equivale 
à responsabilidade moral. 
 
 
 
 
 
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MORALIDADE E LEGALIDADE: Devemos ter em mente que quando Kant fala que certas ações devem ser 
avaliadas moralmente, ele está pensando em avaliar justamente os motivos, as intenções (expressas através das 
máximas) que levam a pessoa a agir. E isto tem relação direta com o que ele entende por autonomia (o sujeito é que 
se dá a própria lei para a ação, mas não de qualquer modo, seguindo a lei moral que é o resultado do uso da RAZÃO). 
A MORALIDADE É O LUGAR DA AUTONOMIA DO SER HUMANO. Já quando se considera o fato de que os seres 
humanos, para viverem socialmente, precisam de certas normas exteriores, não somente das normas que a razão 
prescreve ao sujeito, ou seja, considera a existência do direito, Kant pensa que a vontade do sujeito torna-se então 
HETERÔNOMA, ou seja, segue a lei que outros lhe dão, e não a sua própria razão. NA LEGALIDADE, A VONTADE 
DO SER HUMANO É HETERÔNOMA, NÃO É ELA QUEM ESCOLHE A PRÓPRIA LEI A SEGUIR, PELA RAZÃO, 
MAS APENAS OBEDECE A LEI POSTA POR OUTROS. 
 
 AGIR POR DEVER AGIR CONFORME O DEVER 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autonomia - Damos a nós mesmos os valores, as regras, os fins e as leis de nossa ação moral. Agir por interesse 
é agir determinando por motivações, à maneira dos animais. Precisamos passar das motivações do interesse para 
o dever. Para sermos livres, precisamos ser obrigados pelo dever. 
O Dever é uma forma que deve valer para toda e qualquer ação. Esta forma é imperativa, vale 
incondicionalmente para todas as ações morais. Por isso, o dever é um imperativo categórico. Lei moral interior 
dada pela razão. 
 
BOA AÇÃO 
Universalizável 
Desinteressada 
Boa intenção 
 JUSTIÇA ≠ LEI 
 
 
 MORALIDADE DEVER x INCLINAÇÃO 
 LIBERDADE AUTONOMIA x HETERONOMIA 
 RAZÃO IMPERATIVO CATEGÓRICO x IMPERATIVO HIPOTÉTICO 
 
 
 
Sugestão
de Leitura 
KANT,I. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Tradução de Paulo Quintela. 
São Paulo: Abril Cultural, 1980. 
 
 
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01. (UFSM/2012) O filósofo ganes Kwame Appiah escreveu o seguinte: 
Em nossa vida privada somos moralmente livres para ter preferências 'estéticas' entre as pessoas, mas, como nosso tratamento delas 
levanta questões morais, não podemos fazer distinções arbitrárias. Usar a raça em si como uma distinção moralmente relevante 
parece-nos obviamente arbitrário. Sem características morais associadas, por que haveria a raça de fornecer uma base melhor do que 
a cor do cabelo, a altura ou o timbre da voz? E, quando duas pessoas compartilham todas as propriedades moralmente relevantes 
para uma ação que devamos praticar, seria um erro – uma incapacidade de aplicar a injunção kantiana de universalizar nossos juízos 
morais - usar os meros fatos da raça como base para tratá-las de maneira diferenciada. 
 
Considere a seguintes afirmativas: 
I – A injunção kantiana de que trata o texto não é o imperativo categórico, mas é o imperativo hipotético. 
II – Segundo Appiah, preferências 'estéticas' podem constituir a base das distinções morais. 
III – Segundo Appiah, usar as raças em si como fundamento de distinções morais não é admissível. 
 
a) apenas I. b)apenas II. c)apenas III. d)apenas I e II. e)apenas II e III. 
 
02. (UNIOESTE/2012) “Como toda lei prática representa uma ação possível como boa e por isso como necessária para um sujeito 
praticamente determinável pela razão, todos os imperativos são fórmulas da determinação da ação que é necessária segundo o 
princípio de uma vontade boa de qualquer maneira. No caso da ação ser apenas boa como meio para qualquer outra coisa, o 
imperativo é hipotético; se a ação é representada como boa em si, por conseguinte, como necessária numa vontade em si conforme à 
razão como princípio dessa vontade, então o imperativo é categórico”. 
Kant. 
Considerando o pensamento ético de Kant e o texto acima, é correto afirmar que 
a) o imperativo hipotético representa a necessidade prática de uma ação como subjetivamente necessária para um ser determinável 
pelas inclinações. 
b) o imperativo categórico representa a necessidade prática de uma ação como meio para se atingir um fim possível ou real. 
c) os imperativos (hipotético e categórico) são fórmulas de determinação necessária, segundo o princípio de uma vontade que é boa 
em si mesma. 
d) o imperativo categórico representa a ação como boa em si mesma e como necessária para uma vontade em si conforme a razão. 
e) o imperativo hipotético declara a ação como objetivamente necessária independentemente de qualquer intenção ou finalidade da 
ação. 
 
03. (UEL/05) “É na verdade conforme ao dever que o merceeiro não suba os preços ao comprador inexperiente, e quando o 
movimento do negócio é grande, o comerciante esperto também não faz semelhante coisa, mas mantém um preço fixo geral para toda 
a gente, de forma que uma criança pode comprar em sua casa tão bem como qualquer outra pessoa. É-se, pois servido 
honradamente; mas isto ainda não é bastante para acreditar que o comerciante tenha assim procedido por dever e princípios de 
honradez; o seu interesse assim o exigia; mas não é de aceitar que ele, além disso, tenha tido uma inclinação imediata para os seus 
fregueses, de maneira a não fazer, por amor deles, preço mais vantajoso a um do que outro”. (KANT, Immanuel. Fundamentação da 
metafísica dos costumes. Tradução de Paulo Quintela. São Paulo: Abril Cultural, 1980). 
Com base no texto e nos conhecimentos sobre o conceito de dever em Kant, considere as afirmativas a seguir, sobre a ação do 
merceeiro. 
I. É uma ação correta, isto é, conforme o dever. 
II. É moral, pois revela honestidade na relação com seus clientes. 
III. Não é uma ação por dever, pois sua intenção é egoísta. 
IV. É honesta, mas motivada pela compaixão aos semelhantes. 
Estão corretas apenas as afirmativas: 
a) I e II. b) I e III. c) II e IV. d) I, III e IV. e) II, III e IV. 
 
 
04. (UEL/2003) “O Imperativo Categórico é, portanto, só um único, que é este: Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao 
mesmo tempo querer que ela se torne lei universa”.(KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Trad. Paulo 
Quintela. Lisboa: Edições 70, p. 59,1995). 
Segundo esta formulação do imperativo categórico por Kant, uma ação é considerada ética quando: 
a) Privilegia os interesses particulares em detrimento de leis que valham universal e necessariamente. 
b) Ajusta os interesses egoístas de uns ao egoísmo dos outros, satisfazendo as exigências individuais de prazer e felicidade. 
c) É determinada pela lei da natureza, que tem como fundamento o princípio de autoconservação. 
d) A máxima que rege a ação pode ser universalizada, ou seja, quando a ação pode ser praticada por todos, sem prejuízo da 
humanidade. 
 
05. (UFSM/2012) A economia verde tem os seguintes princípios para o consumo ético de produtos: a matéria-prima dos produtos deve 
ser proveniente de fontes limpas e não deve haver desperdício dos produtos. O Estado, entretanto, não impõe, até o presente 
momento, sanções àqueles cidadão que não seguem esses princípios. 
Considere as seguintes afirmações: 
I. Esses princípios são juízos de fato. 
II. Esses princípios são, atualmente, uma questão de moralidade, mas não de legalidade. 
III. A ética epicurista, a exemplo da economia verde, propõe uma vida mais moderna. 
Está(ao) correta(s) 
a)apenas I. b) apenas I e II. C) apenas III. d) apenas II e III e) I, II e III. 
 
 
 
 
 
 
 
 
ÉTICA DEONTOLÓGICA ÉTICA TELEOLÓGICA 
 O valor das ações avalia-se pela 
intenção do sujeito. 
 O valor das ações morais avalia-se 
pela observação dos seus fins, 
resultados ou consequências. 
 ÉTICA FORMAL: uma ação é boa quando 
é realizada segundo aquilo que deve ser 
 ÉTICA MATERIAL: a ação é boa 
quando os seus efeitos são bons 
 
 
 
 
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EXEMPLOS: 
 
Epicteto (Estoicismo): O certo é a resignação ao 
dever e a indiferença às consequências. 
 
São Paulo (Ética cristã): O certo é a obediência 
à vontade de Deus 
 
Kant (Formalismo): O certo é a vontade racional 
de praticar o dever por causa do dever. 
EXEMPLOS: 
 
Platão e Aristóteles (Eudemonismo grego): O 
bem é um prazer na forma de “bem-estar” ou o 
cumprimento do objeto de vida. 
 
Epicuro (Hedonismo): O bem é o prazer ou a 
ausência de dor. Por prazer, Epicuro queria 
dizer primordialmente os prazeres da mente. 
 
Bentham e Mill (Utilitarismo hedonista ou 
hedonismo): O bem é a máxima felicidade do 
maior número de pessoas. 
 
ANOTAÇÕES: 
 
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01.(UFSM/2012) Os filósofos Arne Naess e george Sessions propuseram, em 1984, diversos princípios para uma ética ecológica 
profunda, entre os quais encontra o seguinte: 
 
O bem-estar e o florestamento da vida humana e não humana na Terra têm valor em si mesmos. 
Esses valores independentes da utilidade do mundo não humano para finalidades humanas. 
 
Considere as seguintes afirmações: 
I. A ética não se baseia no valor de utilidade das ações. 
II. “Valor intrínseco” é um sinônimo paea “valor em si mesmo”. 
III. A ética utilitarista rejeita a concepçãp de que as ações têm valo em si mesmas. 
 
Está(ão) correta(s) 
a)apenas I. 
b) apenas II. 
c) apenas III. 
d) apenas I e II. 
e) I, II e III. 
 
 
02. (UFSM/2011) [...] O uso de fontes alternativas de energia, como a energia solar, está cada vez mais difundido no mundo 
contemporâneo. Isso se deve, em boa medida, ao conhecimento adquirido nas últimas décadas de que o uso excessivo de 
combustíveis fósseis (por exemplo, o carvão) na produção de energia tem contribuído significativamente para o chamado

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