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O que é um homem enquanto ser pensante A formação do pensamento ocidental Platão Do mundo das sombras ao mundo das idéias Pensar é Viajar Fazer filosofia é como viajar sem sair do lugar, um movimento subterrâneo e imperceptível do corpo. Não se trata de uma “viajem interior mas de uma nomadização das relações com o mundo, no sentido de viver como um nômade, sem território fixo. Pensar é viajar Viajar é, permitir que a força do inesperado nos arrebate. Sair forçadamente de seu território por motivos econômicos ou políticos é uma das maiores violências que o homem pode sofrer. Contudo, o exílio pode ser às vezes uma oportunidade de reavaliação dos valores. Retirantes (1936) de Candido Portinari O filósofo, não se contenta com a superfície das coisas, ele viaja, sai do lugar comum em busca da verdade dos fenômenos. Viajante e filósofo se assemelham na atitude: ambos se desembaraçam da rotina diária de trabalho e diversão e se deixam levar pela atmosfera de admiração pelo mundo. Platão Atenas, 428 – 437 a. C. Platão De origem aristocrática, Platão vangloriava-se dos antepassados ilustres e considerava a política como decorrência natural da filosofia, na medida em que acreditava que o poder devia ser entregue aos mais sábios.(Ubaldo Nicola) Fundou a escola filosófica “Academia”, que sob a orientação de um mestre, tinha como objetivo formar a futura classe dirigente de Atenas. A Academia platônica: mosaico da época romana, conservado no Museu Nacional de Nápoles Conheceu Sócrates aos 20 anos; e nove anos mais tarde Sócrates foi processado e condenado à morte, fatos que o influenciaram profundamente. Sócrates foi tema dos seus melhores escritos, Platão é o responsável pela divulgação dos pensamentos socráticos. O destino do filósofo e o mito da caverna O mito da caverna é uma metáfora para exemplificar como o homem desconhece a verdadeira realidade. A caverna escura é o nosso mundo; os prisioneiros acorrentados são os homens; as correntes são as paixões e a ignorância; as imagens ao fundo da caverna são as percepções sensoriais; a libertação do prisioneiro é a ação liberatória da filosofia; a aventura do prisioneiro fora da caverna é a experiência filosófica; O mundo fora da caverna corresponde ao mundo das ideias, o único verdadeiro; O sol que ilumina o mundo verdadeiro é a ideia do bem, que conduz ao conhecimento; O regresso do prisioneiro é o dever do filósofo; Na caverna, o homem está preso a uma ilusão, preso por preconceitos e longe da verdade das coisas. Retrato de uma Negra (1800), de Marie-Guillemine Benoist (1768 -1826) A imagem do negro, no ponto de vista europeu, oscilou entre uma exposição caricatural, usada como símbolo de uma suposta falta de civilização, e a atitude igualmente abstrata de explorar sua beleza, sob a ótica de um erotismo exótico, mas servil. A análise do mito pode ser feita sob dois aspectos: Epistemológico Relativo ao conhecimento Político Relativo ao poder Ponto de vista epistemológico segundo Platão Mundo do sensível: o que podemos ver, sentir = mundo dos fenômenos = ilusão, sombra do verdadeiro mundo Mundo do inteligível: o que pensamos, imaginamos = mundo das idéias, mundo verdadeiro, da essência imutável, onde chegamos pela contemplação e depuração dos enganos dos sentidos. Mundo dos fenômenos Cópia imperfeita da realidade, que estaria no mundo das idéias. Ideia do Bem A mais alta perfeição e a mais geral de todas. Os seres e as coisas não existem senão enquanto participam do Bem. Platão resolve o impasse entre as idéias de Parmênides (o ser é imóvel) e Heráclito (tudo está em movimento: o mundo da ideias se refere ao ser parmenídeo, e o mundo dos fenômenos ao devir heraclitiano. Segundo Platão, todas as almas já teriam tido acesso à verdade do mundo, mas ao se encarnarem nos corpos se esqueceram de tudo. O corpo é o túmulo da alma, o homem encarnado se esquece das verdades, só através da reflexão ele alcança o mundo das ideias e conhece a verdade. Ponto de vista político segundo platão O regresso do prisioneiro é o dever do filósofo! O filósofo ao conhecer a realidade, o mundo das ideias, tem o dever de levar esse conhecimento aos outros. A política surge da pergunta: como influenciar as pessoas que não vêem? O sábio é quem deve governar e ensinar. Ele é quem deve conduzir a sociedade, a partir das ideias, do bem. Aristóteles Aristóteles (384-322 a. C.), nasceu em Estagira, na Grécia Aristóteles da sensação aos conceitos universais Frequentou a escola de Platão por cerca de vinte anos; Dizia “sou amigo de Platão, mas sou mais amigo da verdade”; Após a morte do mestre deixou a Academia e fundou a própria escola chamada Liceu; Foi preceptor de Alexandre Magno, quando este tinha apenas 13 anos; O ser humano não vive sem questionar o mundo que o cerca. Não se pode viver sem filosofar; O desejo de conhecer é inerente à natureza humana e nasce do assombro que sentimos diante da beleza do mundo; A visão é o mais importante dos sentidos, o que mais se assemelha ao conhecimento em si. A experiência por sua vez, é o ponto de partida de toda teoria, arte ou ciência; A ciência sempre generaliza experiência particulares; A ciência é o conhecimento verdadeiro, conhecimento pelas causas, capaz de superar enganos da opinião e de compreender a natureza do devir (movimento); Se opõe a Platão quanto à separação do mundo dos fenômenos e mundo das ideias, da oposição entre o sensível e o inteligivel. Aristóteles vai propor a união desses dois mundos no conceito de substância. Substância: aquilo que é em si mesmo, o suporte dos atributos; Atributos: essência da substância, aquilo que não pode faltar. Ex: racionalidade do homem Racionalidade: o homem enquanto ser pensante, capaz de distinguir o bem e o mal. Acidente: a forma que o corpo é, coisas que não mudam o ser em si. Para compreender o problema das transformações, Platão recorre às noções de forma e matéria. Matéria: princípio indeterminado de que o mundo físico é composto, “aquilo de que é feito algo”; Forma: é aquilo que faz com que uma coisa seja o que é. Todo o ser é constituído de matéria e forma, princípios indissociáveis. Numa estátua, a matéria é o mármore e sua forma é dada pelo escultor. O devir é explicado por meio da matéria e forma, movimento e transformação. Todo ser tende a se tornar atual a forma que tem em si como potência. O conceito de potência não diz respeito à força, mas à ausência de perfeição em um ser que pode vir a possuí-la; A potência é a capacidade de algo poder vir a ser. Ex. semente – árvore, flor – fruto. Devir – movimento passagem da potência para ato. Teoria das quatro causas Para explicar o movimento temos a teoria das quatro causas: as mudanças variam da causa material, da causa formal, da causa eficiente e da causa final. Causa material Causa formal Causa eficiente Causa final Apaixonado pela biologia Aristóteles, dedicou inúmeros estudos à observação da natureza e à classificação dos seres vivos. Tendo em vista a elaboração de uma visão científica, desenvolveu a lógica para servir de ferramenta do raciocínio. Para ele, devemos partir da observação da existência do ser, para que possamos conhecer sua essência. Devemos partir do individual para alcançar o universal O divino Para Aristóteles toda estrutura lógica desemboca no divino; Todas as coisas são criaturas de DEUS. Ele seria o primeiro Motor imóvel, Ato puro, Causa primeira de tudo o que existe e causa final para tudo. Metafísica aristotélica A metafísica aristotélica é a busca pela explicação do ser em geral. É a ciência do ser. Filosofia primeira É a busca das causas mais universais e que são as fundamentais na ordem real. Trata-se da parte nuclear da filosofia na qual se estuda o ser enquanto ser. Estuda as causas primeiras, se ocupa somente do que é universal. Teóricas (metafísica,matemática, física), explicam o porque. Em segundo vem as ciências prático-empíricas. Ex. medicina, ética, política. Ocupam-se dos casos concretos, do individual, sabem o que? E não o por quê?
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