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1 2 3 4 Instituição Responsável ETAPAS Técnicos Responsáveis Monika Aigner Sílvio Trindade Socorro Leite Colaboradores Luciana Macário Alter Silveira Enio Eskinaci Parceiros Fórum do PREZEIS Câmara de Urbanização do PREZEIS URB-Recife DED Referências Bibliográficas MINAS GERAIS. Secretaria de Estado do Trabalho e Ação Social. Melhorias Urbanas em Vilas e Favelas. Orientações técnicas. Belo Horizonte.1992. FIDEM. Manual de ocupação dos morros da região metropolitana do Recife. Recife. 2004. ABCP - Associação Brasileira de Cimento Portland. Manual Mãos a Obra. http://www.ebanataw.com.br http://www.saneamento10.hpg.ig.com.br http://www.neagua.ufsc.br http://www.recife.pe.gov.br http://www.tudosobrepavimentacao.com.br http://www.cehop.gov.br Programação Visual H3 Comunicação Visual Ltda - 81 3051.0335 Ilustração Luíz Carlos Lopes Tiragem 1000 exemplares 5 A Etapas Apresentação Por que fiscalizar as obras ? Pavimentação / Drenagem Revestimento de Canais Escadarias e Rampas Contenção e Revestimento de Barreiras Saneamento Edificações Obras sem manutenção não dá ! Indice 04 05 06 07 14 17 19 23 25 36 6 A ETAPAS Equipe Técnica de Assessoria, Pesquisa e Ação Social A ETAPAS é uma organização não-governamental (ONG), criada em 1982, cuja missão é contribuir para a construção de uma sociedade justa e democrática através da melhoria de vida urbana dos setores historicamente excluídos, da defesa de direitos e do fortalecimento da cidadania ativa, tendo como base dos seus princípios a igualdade de gênero e etnia. A ETAPAS trabalha por meio de dois eixos centrais, definidos no último plano trienal, que são Juventude e ação política e Gestão urbana e controle social, a partir dos quais se expressam as ações estratégicas voltadas para: • fortalecimento dos processos de participação; • economia popular urbana; • intervenção em espaços de interlocução da sociedade civil com o poder público — PREZEIS e Orçamento Participativo; • intervenção territorial estratégica — RPA6 e a Comunidade de Caranguejo e Tabaiares; • participação em redes e fóruns, dos quais se destacam, entre outros: FERU (Fórum Estadual de Reforma Urbana), FNPP (Fórum Nacional de Participação Popular), ABONG (Associação Brasileira de Ongs), Fórum da Economia Popular. Para viabilização de suas atividades a ETAPAS utiliza os seguintes instrumentos: • estudos e pesquisas; • formação e capacitação; • comunicação, informação e material de apoio pedagógico. 7 Desde 1996 a ETAPAS acompanha o Fórum do PREZEIS e desde 2003 vem acompanhando a Câmara de Urbanização do PREZEIS.Esta cartilha de Dicas para Acompanhamento de Obras é um dos resultados da parceria entre o Fórum do PREZEIS e a ETAPAS no acompanhamento da Câmara de Urbanização. Este trabalho vem sendo desenvolvido desde 2003 e tem como foco o planejamento e monitoramento de ações de urbanização em conjunto com os representantes das comunidades. Com esta cartilha a ETAPAS pretende contribuir com o controle da qualidade das obras públicas executadas nas ZEIS, reforçando o controle social sobre os gastos públicos e o acesso à moradia adequada para os moradores e moradoras das ZEIS. As dicas aqui reunidas têm o objetivo de colaborar com a fiscalização das obras pela população, que mesmo não tendo formação técnica para isso, tem a vivência e a experiência prática de consolidação de suas habitações. APRESENTAÇÃO 8 Qualquer ação, especialmente uma ação pública, deve ser fiscalizada por quem será afetado por ela. Com a execução de uma obra pública também deve ser assim. Além do fiscal do próprio poder público, os moradores também podem e devem fiscalizar, pois esse são os clientes desta obra. Porém, é comum que os moradores sejam desrespeitados nesta relação, não só nas suas observações, mas na falta de material necessário para acompanhar a obra. O projeto e as planilhas são essenciais para esse acompanhamento, de modo que se possa questionar serviços feitos de forma errada. Muitos dos problemas observados nas obras se devem a projetos elaborados sem uma apropriação necessária da realidade local e até de interlocução com a população e seus representantes. Por isso, antes da licitação da obra, é importante conhecer o projeto e corrigir as questões que podem se tornar problemas com a execução da obra. Durante toda a execução da obra, a fiscalização do poder público deve estar atenta à qualidade da obra, independente de onde ela seja executada. Muitas vezes, esta fiscalização se mostra insuficiente com o aparecimento de problemas que poderiam ser evitados com uma ação mais sistemática dos fiscais. Principalmente nas áreas populares, é comum se observar o uso de material de má qualidade, o que resulta em problemas antes mesmo do fim da execução da obra. É importante lembrar que tanto o órgão público que contrata as obras, quanto as empresas contratadas podem sofrer penalidades em caso de mau uso do recurso público. O Código Civil (lei 10.406/2002), em seu Art 618, prevê que a empresa responsável responderá pela obra durante 5 anos, ficando, neste prazo, a empresa obrigada a reparar danos acarretados pela má execução da obra. Os transtornos causados durante a execução de uma obra devem ser compensados após sua conclusão. Afinal de contas ela serve para melhorar a vida das pessoas. Por que fiscalizar as obras ? 9 pavimentação é a cobertura do solo com a finalidade de dar melhor condição ao trânsito de pessoas e veículos (particulares ou serviços públicos), além de dar melhor condição para a execução da drenagem. Nas obras das Zeis o tipo de pavimentação normalmente usado é o de paralelepípedo, rejuntado com argamassa de cimento Portland. Materiais - Areia média ou grossa destinada à execução do colchão para apoio dos paralelepípedos e das peças pré-moldadas de concreto. Paralelepípedos - Pedras em granito de formato regular. Asfalto - O rejuntamento também poderá ser feito com cimento asfáltico. PAVIMENTAÇÃO Adaptado de www.tudosobrepavimentacao.com.br 10 Leito: É a superfície do sub-leito (em área) obtida pela terraplanagem Regularização do Subleito: É destinada a conformar o leito. Poderá ou não existir, dependendo das condições do leito. Compreende cortes ou aterros até 20 cm de espessura. Reforço do Subleito: É a camada que serve para melhorar a qualidade do subleito e regularizar a espessura da sub-base. Sub-base: Camada complementar à base. Deve ser usada quando não for aconselhável executar a base diretamente sobre o leito regularizado ou sobre o reforço. Pode ser usado para regularizar a espessura da base. Base: Camada destinada a resistir e distribuir ao subleito, os esforços gerados pelo tráfego de veículos sobre a qual se apoiará o revestimento. Revestimento: É a camada, tanto quanto possível impermeável, que recebe diretamente a ação do rolamento dos veículos e destinada a: - melhorar as condições do rolamento quanto à comodidade e segurança; - resistir aos esforços horizontais que nele atuam, tornando mais durável a superfície de rolamento. Deve ser resistente ao desgaste. PROCEDIMENTO EXECUTIVO Subleito O subleito deverá ser regularizado segundo o projeto e baseado nas especificações pertinentes. Se necessário, deverá ser compactado e reforçado. Sub-base Quando prevista, será executada de acordo com as especificações do projeto, devendo manter sua conformação geométrica até o assentamento dos paralelepípedos e das peças pré-moldadas. Para melhor desempenho do pavimento sugere-se que o material da sub-base seja coesivo ou que se utilize brita graduada de tamanho bem definido. A espessura da sub-base deverá ser definida em projeto não podendo, entretanto, ser inferior a 15 cm A execução de camada ou colchão de areia, consiste no espalhamento de umacamada de areia média ou grossa, sobre base ou sub-base existentes. Suas principais funções são permitir um adequado nivelamento 11 do pavimento que será executado e distribuir uniformemente os esforços transmitidos à camada de baixo. A espessura do colchão pode variar de 5 a 10 cm, sendo previsto no projeto conforme as características de utilização da via. A areia grossa que se usa é aquela cujos grãos têm diâmetro máximo compreendido entre 2,00 e 4,80 mm. MEIO-FIO O meio-fio comumente usado é o tipo padrão DNER, esse tipo apresenta algumas vantagens sobre os meio-fio de paralelepípedo, pois apresentam formas bem definidas e constantes dando uma perfeita uniformidade no alinhamento. Inicialmente, serão executados os serviços de terraplenagem das áreas a serem tratadas, de acordo com os projetos específicos. Depois da terraplenagem e após a implantação das redes de serviços subterrâneas, serão assentados os meios-fios indicados no projeto, caso esse serviço não tenha ocorrido durante a execução da pista. Deverão ser apoiados sobre base adequada e rejuntados com argamassa de cimento e areia. Deverão, ainda, ser executadas as sarjetas junto a eles, conforme projeto de drenagem. Para assentamento dos blocos, será executado, sobre a base, um colchão de areia que, após compactado, deverá ter espessura uniforme e igual a 4,0 cm. COMPACTAÇÃO Quando for previsto rejuntamento com cimento e areia, a compactação será feita manualmente ou com o auxílio de placa vibratória, devendo ser executada antes da aplicação da argamassa. Durante a compactação, a rolagem deverá progredir dos bordos para o centro, paralelamente ao eixo da pista, de modo uniforme, cada passada atingindo a metade da outra faixa de rolamento, até quando não se observar mais nenhuma movimentação pela passagem do equipamento. ASSENTAMENTO DAS PEDRAS Os paralelepípedos ou peças deverão ser assentados em fiadas, perpendiculares ao eixo da via, ficando a maior dimensão na direção da fiada, ou de acordo com o projeto. Deve-se ter o cuidado de empregar os paralelepípedos e peças de dimensões e formatos uniformes. Exemplo de como não deve ser feito. Pedras de formato irregular e juntas muito largas. 12 As faces mais uniformes dos paralelepípedos deverão ficar voltadas para cima. As juntas deverão ser alternadas com relação às duas fiadas vizinhas, de tal forma que cada junta fique no meio do paralelepípedo ou peça vizinha. Em seguida, serão marcadas as cotas superiores da camada do pavimento, conforme projeto, obedecendo a curvatura previamente estabelecida. Sobre a camada de areia, será assentado o primeiro paralelepípedo ou peça, que deverá ficar colocado de tal maneira que sua face superior fique cerca de 1,0 cm acima da linha de referência para que uma junta coincida com o eixo da pista. Em seguida a pedra será batida com o martelo até que sua face superior fique no nível da linha. Terminado o assentamento deste primeiro paralelepípedo ou peça, o segundo será colocado ao seu lado, tocando-o ligeiramente e deixando-se uma junta entre eles, formada unicamente pelas irregularidades de suas faces. O assentamento deste será idêntico ao do primeiro. A fileira deverá continuar do eixo da pista para o meio fio, devendo terminar junto a este ou à sarjeta, caso exista. A segunda fileira será iniciada colocando-se o centro do primeiro paralelepípedo ou peça sobre o eixo da pista. Os demais são assentados como os da primeira fileira. A terceira fileira deverá ser assentada de tal modo que as juntas fiquem nos prolongamentos das juntas da primeira fileira; os da quarta, nos prolongamentos das juntas da segunda, e assim por diante. No encontro com as guias ou sarjetas, o paralelepípedo ou peças de uma fileira deverá ter comprimento aproximadamente igual à metade do paralelepípedo ou peça da fileira vizinha. As juntas não deverão exceder 2,5 cm. A cura da superfície das juntas preenchidas com esta argamassa, deverá se proceder pelo menos durante 14 dias após sua aplicação, devendo a liberação para o tráfego de veículos ser feita somente após 21 dias. Não se deve misturar os componentes da argamassa sobre o pavimento e preencher as juntas através de varredura, pois além de mancharem (aspecto visual) não garantem um preenchimento adequado das juntas. 13 CALÇADAS As calçadas (passeio) nas Zeis normal- mente são cimentados simples. Deve-se ter atenção na compactação do material das cal- çadas (base). traço (projeto), e qualidade dos agregados (areia e brita) pois se tiver muita impureza na areia como pequenos pedaços de madeira, raízes e etc, causará vários orifí- cios que danificarão a calçada. Nas esquinas, os paralelepípedos ou peças de concreto devem ter tamanho menor ou serem moldadas para fazer a curva. Observar o preenchimento de todas as juntas, de modo que não fiquem brechas, pois facilita a entrada direta da água podendo carrear o matéria do colchão de areia, danificando o pavimento futuramente. DRENAGEM SUPERFICIAL A drenagem superficial tem por objetivo escoar todas as águas de chuva que venham a ocorrer sobre as vias. As águas são conduzidas basicamente da seguinte forma: caem sobre a rua (faixa de rolamento) e devido à inclinação correm em direção ao meio-fio, onde está a linha d´água ou sarjeta. Daí, também devido a inclinação, correm em direção dos pontos de coleta de água (ex: boca de lobo), que vão parar nas galerias e seguem pelas tubulações em direção aos córregos. SARJETAS OU LINHAS D´ÁGUA São canais que ficam nas laterais das ruas entre a faixa de rolamento e a calçada. Tem por finalidade receber as águas que escoam da superfície da rua e levá-las até as bocas coletoras. Limitadas verticalmente pela guia do passeio, têm seu leito em concreto ou no mesmo material de revestimento da pista de rolamento. Neste caso, quando é em paralelepípedo costuma-se chamar de linha d´água. Adaptado de www.tudosobrepavimentacao.com.br Calçada Colchão de areia Meio-fio 14 BOCAS COLETORAS As bocas coletoras recebem as águas das sarjetas e depois a conduzem para as canalizações subterrâneas. Normalmente são chamadas de bocas-de-lobo. Elas podem ser: Na execução da pavimentação é muito importante observar a inclinação da pavimantação que: 1º Tem que ter o caimento (declive) do eixo da pista para as sarjetas. 2º O alinhamento das sarjetas pode ter apenas uma direção para ruas menos longas por exemplo, ou duas direções de caimento para ruas mais extensas. B) Boca coletora com grelha A) Boca coletora lateral C) Combinada D) Múltipla Adaptados de www.saneamento10.hpg.ig.com.br Grade Tubo de ligação Tubo de ligação Sarjeta GALERIAS DE ÁGUAS PLUVIAIS As galerias são tubos subterrâneos com diâmetro igual ou superior a 400 mm. Tecnicamente, sistema de galerias pluviais é um conjunto de bocas coletoras, tubos de ligação, galerias e seus órgãos acessórios, tais como poços de visita e caixas de ligação. É a parte subterrânea de um sistema de micro-drenagem. 15 As tampas dos poços de visita devem estar niveladas com o piso, e sem puxador saliente, para que os pedestres não tropecem. Adaptado de www.saneamento10.hpj.ig.com.br POÇOS DE VISITA Um poço de visita convencional possui dois compartimentos distintos que são a chaminé e o ba- lão, construídos de tal forma a permitir fácil entrada e saída de uma pessoa para fazer a manutenção e espaço suficiente para exe- cutar as manobras neces- sárias ao desempenho das funções para as quais foi projetado. A chaminé, pescoço ou tubo de descida, consiste no conduto de ligação entre o balão e a superfície, ou seja, o exterior. O movimento de entrada e saída dos operadores é feito através de uma escada de ligas metálicas inoxidáveis, tipo marinheiro afixada degrau em degrau na parede do poço ou, opcionalmente, atravésde escadas móveis para poços de pequenas profundidades. As calhas do fundo do poço são dispostas de modo a guiar os volumes d´água desde as entradas no poço até o início do trecho de jusante do coletor principal que atravessa o poço, e de tal maneira a assegurar um mínimo de turbilhonamento e retenção do material em suspensão. Sempre se deve dar grande atenção à inclinação dos tubos e das pavimentações para que todo o sistema trabalhe de maneira integrada, pois uma ótima rede de galeria de águas pluviais não tem bom aproveitamento se as águas de superfície não chegarem até ela. Tampa Balão Chaminé Degraus Tubo coletor 16 drenagem deve ser trabalhada considerando a bacia hidrográfica, que é toda a área que contribui para um determinado curso d’água principal. Este sistema, que leva a água de chuva da micro-dre- nagem para estes cursos d’água principais, incluindo os próprios cursos d´água, é chamado de macro-drenagem. A macro-drenagem localiza-se nas áreas mais baixas das bacias hidrográficas, e para ela as águas esco- am, até achar seu destino, que geralmente é o mar. É recomendado que este caminho seja o menor possível, contudo deve-se procurar obedecer ao caminho das águas. As obras mais freqüentes de macro-drenagem são as de revestimento de canais, que podem ser abertos ou fechados e utilizar-se de diferentes materiais, dependendo da situação e solução proposta. Recife tem 67 canais e muitos rios e riachos, vários deles cortando ZEIS, onde são constantes os alaga- mentos. Contudo, nem sempre revestir o canal é a solução mais adequada, especialmente nas áreas que apre- sentam maior distância entre ele e as casas. Vantagens de um canal aberto: • Mais fácil de limpar; • Construção mais barata. Vantagens de um canal fechado: • Espaço pode ser usado para circulação de pessoas e veículos; • Menor possibilidade de jogar lixo diariamente. Adaptado de www.neagua.ufsc.br Canal Aberto 17 Obras de revestimento de canais O projeto do canal é definido, também, pelo espaço que se tem para executar a obra. Os canais podem ser fechados ou abertos, e alguns misturam as duas soluções; Quanto aos materiais, os canais nas ZEIS geralmente são em alvenaria armada, concreto armado ou placas de concreto pré-moldadas. A construção em alvenaria é mais barata, porém a durabilidade do concreto é maior; Para canais cobertos, geralmente se utiliza concreto armado, por conta da carga que ele recebe, devido à passagem de veículos; A execução da obra acontece por trechos, onde as águas são desviadas e o trecho isolado por barragens provisórias; O trecho em execução pode ter as águas desviadas escavando-se um canal paralelo, caso haja espaço, ou drenadas com o auxílio de bomba; As paredes laterais de alvenaria têm que ter uma fundação, que pode ser o próprio fundo do canal em concreto; A cada 10m, em média, é preciso ter juntas de dilatação para evitar fissuras e danos na estrutura do canal. Nunca pode ficar um trecho maior que 30m sem juntas. As juntas têm que ser preenchidas com isopor ou material à base de borracha; Deve ser prevista, também, a fixação de drenos nas paredes laterais e no fundo do canal como previsto no projeto executivo; Estes drenos devem estar fixados numa camada drenante de brita e areia grossa, colocada entre o solo natural e a parede do canal, também podendo ser colocada no fundo do canal, dependendo do projeto; No caso de canais feitos em alvenaria, o fechamento das paredes do canal é feito com uma viga em concreto, que faz o travamento da alvenaria; O trecho final do canal, onde este deságua em outro canal, rio ou mar, deve estar numa cota acima do corpo d’água receptor, e ter uma largura maior que a do restante do canal; Os canais abertos, próximos à circulação de pedestres, precisam ter um guarda-corpo; Caso o canal seja aberto, é preciso prever pontilhões de travessia dos lados do canal, para pedestres e carros; Deve-se dar um tratamento nas margens do canal, de preferência com grama, para que o solo exposto na sua lateral não seja levado pela chuva para dentro dele, ajudando a assoreá-lo. Adaptado de www.neagua.ufsc.br Boca de lobo Canal Fechado 18 Canal revestido em placas de concreto com pas- sarela improvisada e sem tratamento das margens. • Deve haver um bombeamento constante do trecho em execução para que a água da chuva não se misture com o concreto, atrasando o tempo de cura e diminuindo a qualidade do mesmo; • Se o canal for em alvenaria, é preciso ter os mesmos cuidados com o assentamento da alvenaria como numa construção de uma parede comum: alinhamento, prumo... • Nesse caso, o espaço entre os tijolos não deve ter mais que 12 mm; • A armação em ferro do concreto armado deve estar com- pletamente envolvida pelo concreto para que não haja oxidação dela. 19 Rampas e escadarias devem ter corrimão e, sempre que possível, patamares de descanso; A largura das escadarias e rampas deve ser compatível com o fluxo de pessoas; Nas escadarias, quando houver espaço, deve-se implantar uma rampa lateral ou central para facilitar o acesso de bicicletas, carros de mão; Os degraus das escadarias devem ter altura de 18,0 cm e largura de 25,0 à 30,0 cm ou próximo disto, já que estas são as medidas confortáveis à subida; A drenagem da escadaria pode ser superficial ou subterrânea. A mais utilizada é a superficial, pois é mais barata e a manutenção é mais simples, contudo, toma mais espaço; A base deve ser feita com tijolos na vertical na lateral da escadaria e nos espelhos e o piso dos degraus feitos em concreto magro; Os obstáculos devem ser minimizados, assim como as declividades, para facilitar o acesso de idosos e pessoas com deficiência. • O terreno deve ser regularizado, observando-se os acesso das casas que estão ao longo da escadaria ou rampa (altura em relação à entrada das casas); • Observar a junção do acesso com a drenagem, para que a escadaria ou rampa não se torne uma barreira para o escoamento das águas e se destrua com o tempo; • As tubulações de água e esgoto devem ser relocadas para a lateral da escadaria de modo que seja mais fácil concertá-las em caso de vazamento; • Em casos de altas declividades, as canaletas laterais devem ter dissipadores para que a velocidade da água diminua; • É importante que ao final da canaleta, antes de sua chegada à drenagem do córrego, sejam colocadas telas ou grades para que os resíduos que desçam junto com a água não entupam a drenagem embaixo. 20 Fique de olho! • Se o concreto começar a apresentar desgaste e rachaduras, provavelmente o traço utilizado não foi adequado ou o material não foi de boa qualidade; • O piso das rampas e escadarias deve ficar bem nivelado, sem restos de materiais para que as pessoas não tropecem; • Da mesma forma as canaletas devem estar limpas, sem restos de materiais; • Caso existam barreiras laterais às rampas e escadarias, estas devem ser impermeabilizadas ou contidas, para que a chuva não leve o material exposto e obstrua as canaletas laterais. 21 Caso seja necessário aterro em algum trecho para regularizar a barreira, deve-se obser- var a qualidade do material de aterro. Ele deve estar sem lixo, ou restos de vegetação, bem como a barreira que receberá o aterro. • A compactação do aterro deve ser manual e a cada 20 cm, para que o aterro fique mais firme; • Seja em revestimento, seja em contenção, a drenagem deve estar perfeita, pois se houver fissuras e má junção entre as canaletas, principalmente na parte superior da barreira, o muro de contenção ou revestimento pode desabar; • Os drenos devem ser fixados em caixas de brita, que variam entre 15 x 15 cm e 25 x 25 cm, e envoltos com bidim, de modo que se evite a erosão e o nascimento de plantas que danifiquem o muro ou revestimento. Diferença entre contençãoe revestimento: Uma obra de contenção só é necessária se for detectado o risco de desabamento. Neste caso, a obra segura a barreira que geralmente tem uma alta inclinação. Já o revestimento é necessário apenas para diminuir a infiltração de água de chuva na barreira, que, nesse caso, está desprotegida de sua vegetação original; Toda barreira que será tratada com contenção ou revestimento deve passar por limpeza, retaludamento e compactação. Isso é necessário para retirar o lixo ou plantas impróprias, regularizar o terreno e melhorar a aderência da solução proposta; Nenhuma contenção ou revestimento funciona sem uma drenagem eficiente; Adaptado de FIDEM, 2004. Drenagem no topo da barreira Canaleta Canaleta Concreto moldado na encosta Drenagem no meio da barreira 22 Revestimento Os revestimentos de barreiras são a opção indicada para as declividades até 1:2 e podem ser naturais ou artificiais. Recomenda-se não ultrapassar os 5 m de altura. Caso a barreira seja maior que isso, ela deve ser escalonada Revestimento artificial O revestimento artificial mais utilizado nas obras de morro do Recife é a tela argamassada e o muro em alvenaria. Tela Argamassada Depois de limpa e regularizada, a barreira recebe telas galvanizadas em toda a sua extensão; As telas devem ter um transpasse de 20 cm uma da outra para garantir que toda a barreira esteja coberta; A fixação das telas deve ser feita com ganchos de ferro 3/8” fixados a cada metro; Antes de cimentar, devem ser implantados tubos em PVC de 40mm c/ filtro (bidim) e profundidade de 20 cm. Depois de fixada a tela, a barreira deve ser chapiscada com argamassa de 1:3; (indicado) Após a espera de 48 horas, a argamassa pode ser aplicada de baixo pra cima, ficando com uma espessura média de 4 cm; Depois de aplicada a argamassa, devem ser feitos riscos que funcionam como junta de dilatação a cada 1 m²; Muro de alvenaria O muro de alvenaria tem sido executado para alturas de até 3 m; Acima de 1,50 m de altura, o muro deve ter três cintas (uma na base, uma de fechamento e uma a meia altura); • A barreira deve estar regularizada e a argamassa deve aderir completamente a ela de modo a não ficarem espaços vazios. Isso é importante para que a tela ar- gamassada não quebre ou nasçam plantas nestes es- paços; • Deve-se observar a colocação do bidim pois a ausên- cia delas possibilita o surgimento de plantas que podem quebrar o cimentado. A vegetação utilizada neste caso deve ser grama, que deve ser plantada de modo que se espalhe por toda a barreira, revestindo toda a superfície. Barreira tratada com tela argamassada Revestimento natural O terreno deve ser regularizado (retaludado) e a vegetação plantada em toda a extensão da encosta. 23 A alvenaria também deve ser amarrada por pilares de concreto armado, também no traço de 1:3:5, (indicado)a cada 1,50 m ou 2 m; A escavação para a construção da base depende da altura do muro e varia entre 50 e 80 cm; A base deve ser executada em concreto no traço de 1: 3: 5 ou 1:4:8, na espessura de 5 cm; A argamassa utilizada para a junção dos tijolos tem o traço de 1:5; Os drenos, em tubos em PVC de 40 mm, devem ser implantados a cada m². Camada em concreto Camada em concreto Adaptado de FIDEM, 2004. Camadas em concreto Contenções A escolha do tipo de contenção depende de alguns fatores como: Condições de fundação; Tipo de solo; Disponibilidade de espaço e acessos; Sobrecarga; Altura da barreira; Custo dos materiais; Qualificação da mão-de-obra. As contenções mais utilizadas no Recife são o solo-cimento ensacado e o muro de pedra rachão. Base em concreto Solo cimento ensacado Muro em alvenaria sendo executado Solo-cimento ensacado (Rip-rap) Este tipo de solução é ideal para solos mais arenosos e barreiras com altura máxima de 5m; A escavação para a execução da base é de 40 a 50 cm de profundidade; A base deve ser feita em concreto, em traço 1:3:5 ou 1:4:8 com 10 cm de espessura; O solo cimento deve ser preparado no traço de 1:10 a 1:15 e ensacado em sacos de poliéster ou similar; Os drenos, em tubos em PVC de 75 mm, devem ser implantados a cada m²; A cada camada de sacos, estes devem ser 24 Muro de pedra rachão Este tipo de solução não apresenta capacidade de deformação, por isso o terreno da fundação tem que ser estável e a drenagem eficaz; A escavação para execução da base deve ter 1/3 da altura do muro; A base deve ser feita em concreto no traço indicado de 1:4:8, com 5 cm de espessura; As pedras a serem utilizadas devem ter um bom acabamento de face e diâmetro superior a 30 cm; As juntas entre as pedras devem ser as menores possíveis e o preenchimento com argamassa no traço de 1:4 a 1:6; Os drenos, em tubos em PVC de 75 mm, devem ser implantados a cada m²; Concluído o muro, deve-se fechá-lo com uma camada de argamassa de 2 cm de espessura até o encontro com a canaleta superior. • Todo o espaço entre as pedras deve ser preenchido com a argamassa para que o muro fique mais resistente. Muro em solo - cimento ensacado compactados e umedecidos, se necessário, ficando com uma espes- sura final de 10 cm; A cada 1,50 m de muro faz-se uma camada de concreto de 5cm de espessura no mesmo traço da base; Ao final do muro, deve-se fazer uma camada de concreto de fecha- mento, também de 5 cm , cobrindo toda parte superior da barreira até encontrar a canaleta. • Antes de misturado com o cimento, o solo deve ser peneirado em malha de 9 mm, para retirada de pedras ou outro materiais que comprometam o solo-cimento; • O ponto de umedecimento do solo cimento é o de um cuzcuz; • Os sacos devem ser preenchidos até 2/3 de sua capacidade. Execeção de muro de pedra rachão 25 • Não se deve colocar as redes de esgoto e de água na mesma vala; • No caso de uma das redes já existir, a rede de água potável tem que ser sempre acima da rede de esgoto para evitar riscos de contaminação; • Não se deve usar tubulações de concreto por que o esgoto diminui a durabilidade do concre- to (processo quimico). O esgoto é composto por: esgotos domésticos que contém matéria fecal e águas servidas, resultantes de banho, lavagem de roupa e louças; despejos ou efluentes industriais, que compreendem resíduos orgânicos (por exemplo, de indústrias alimentícias ou matadouros), ou inorgânicas, podendo conter materiais tóxicos; águas pluviais (da chuva); águas do subsolo, que se infiltram no sistema de esgotos. Na cidade do Recife 40% da drenagem está misturada com esgoto, não só nas áreas ZEIS. (Fonte Clube de Engeneria de Pernambuco) As redes de esgoto podem ser de dois tipos: O Sistema Unitário, que recebe na mesma rede o esgoto sanitário e a drenagem das águas pluviais, é um sitema antigo que funciona ainda em muitas áreas ZEIS; O Sistema Separador Absoluto separa as águas pluviais e o esgoto domestico, e trabalha com duas canalizações separadas. Atualmente só este sistema pode ser implementado. Um projeto global de esgotamento sanitário deve abran- ger toda a bacia de esgotamento em questão, mesmo que só haja recursos para executar em etapas. O sistema proposto sempre tem que ser compatibilizado com as redes existentes no entorno. Esgoto Drenagem Água Redes de saneamento Adaptado de MINAS GERAIS, 1992. Sistema de separador absoluto Rede de drenagem Rede de esgoto Adaptado de MINAS GERAIS, 1992. 26 Os sistemas de esgotamento sanitário podem ser convencionais ou condominiais. Os mais utilizados nas ZEIS são os condominiais, que partem de uma lógica menos rígida e mais adequada às áreas de ocupação desosrdenada e densa. A tubulação coleta o esgoto no fundo dos lotes na frente das casas, nos becos ou vielas ou combinando diversas situações, de acordocom a situação encontrada, em vez de localizá-lo nas vias públicas como no sistema convencional. Por não estarem em vias onde circulam veículos, as tubula- ções podem ficar em menor profundidade (em média 30 a 40 cm, quando o convencional é de 1,20 a 1,50m). O sistema condominial é dividido em ligação domiciliar (trecho que fica dentro do lote), rede coletora (trecho que fica na área pública) e sistema de tratamento e destino final. As ligações domiciliares juntam as águas provenientes do ba- nheiro, cozinha e lavanderia numa caixa de visita, localizada dentro do lote, antes de ir para a rede coletora, através de um cano de 100 milímetros. A junção com a rede coletora, geralmente localizada nos quintais, faz-se através de uma caixa de inspeção. Essas duas caixas permitem o acesso aos canos em caso de manutenção do sistema. Execução da obra de esgotamento A empresa contratada deverá, através de um topógrafo, deixar nas cabeças de quadras um ponto de altura conhecida para servir no assentamento das tubulações. Este ponto servirá para o cálculo dos caimentos e alinhamento na hora de assentar os tubos. No assentamento das tubulações, faz-se necessário que haja uma camada de areia (colchão de areia) no fundo da vala para proteger a tubulação de possível danos provocados por pedra ou outro artefato, bem como envolver esta tubulação até atingir no mínimo 0,10 cm de areia acima dela. Observar pelo projeto o sentido do escoamento (declividade). O material usado nas redes de esgotos são os tubos de PVC, onde no coletor principal (vias públicas), o diâmetro mínimo é de 150mm e nos ramais nas calcadas e internos aos lotes este diâmetro deverá ser de 100mm. • Observar quando da escavação, o material que for retirado poderá ou não voltar para servir de reaterro, desde que, este material seja de boa qualidade. Caso isso não ocorra, este material deverá ser colocado como bota-fora e no seu lugar deverá ser substituído por um outro material de jazida. • O maior cuidado no assentamento do tubo com relação ao seu alinhamento. Este deverá ser feito com um fio de prumo colocado na linha que vai de uma régua para outra nos pontos de eixo definido pela topografia. • Caso o nível do lençol freático esteja muito alto, faz-se necessário a colocação de bomba na vala para escoamento da água. Se este nível não cessar, será necessário um rebaixamento do lençol freático através de uma ensecadeira. • O aterro da vala deverá ser em camada de 0,20cm e compactada. • As caixas de coletas de esgotos devem ser executadas de forma a atender ao domicílio com cota suficientemente adequada para tirar o esgoto da residência Convencional Condominial Rua Rua Ru a Ru a Ru a Ru a Tipo de sistemas 27 fundação (alicerce) tem por objetivo apoiar a casa no terreno. O tipo de fundação a ser usada dependerá do tipo de terreno encontrado. Uma sondagem permite saber qual é a fundação mais indicada. Pode-se ter uma idéia do tipo de terreno, consultando a vizinhança para saber como foram feitas as fundações das casas próximas. Se o solo é resistente, pode–se usar uma fundação superficial, tipo, sapata isolada, ou sapata corrida, também chamada de baldrame. Caso contrário usa-se uma fundação profunda (ex: estaca). Se for encontrado solo firme até uma profundidade de 60 cm, pode-se abrir uma vala e fazer o baldrame diretamente sobre o fundo dela. Pode-se fazer o baldrame de blocos ou de concreto. FUNDAÇÃO Adaptado de ABCP Fundação em sapata corrida Impermeabilização Enchimento de concreto Concreto Base de concreto magro Impermeabilização Baldrame de concreto Baldrame de blocos de concreto 28 É muito importante a impermeabilização da fundação, pois o tijolo em contato com a água começa a absorvê-la, que vai subindo por capilaridade, e vai liberando essa água. Esse é um dos casos mais comuns de humidade na parte inferior das paredes. Estaca (broca) Quando o terreno não é firme até 60 cm de profundidade, vai ser necessário apoiar o baldrame sobre estacas. Baldrame Base de concreto magro Estaca Terreno firme As estacas são mais usadas em edificações com mais de um pavimento. Adaptado de ABCP Calçada Contrapiso de concreto Camada de brita Barras de ferro Adaptado de ABCP Radier Outra solução é construir uma laje de concreto sobre o solo, conhecida como radier. Além de apoiar a casa, o radier já funciona como contrapiso e calçada. Mas o radier só pode ser usado se o terreno todo tiver o mesmo tipo de solo. Se uma parte for firme e a outra fraca, o radier não pode ser utilizado. 29 Existem várias formas e produtos para fazer a impermeabilização, portanto cada caso dependerá da especificação do projeto. Pode-se usar emulsão asfáltica como também impermeabilizantes aplicados na própria argamassa de revestimento da fundação. Estacas Quando for usar estacas deve-se observar: 1º Se serão executadas no local 2º Se são pré-moldadas 1º) Se forem executadas no local, observar se o traço que está sendo usado, está de acordo com o projeto, pois sempre irá variar com o projeto, pois o traço determina a resistência da estaca para o esforço de compressão (esmagamento) que esta ligado diretamente com a carga que ira receber. 2º) Se forem pré-moldadas, no recebimento deve-se olhar bem toda a superfície da estaca para ver se não há rachaduras ou fissúras e conferir se sua forma e dimensões estão em acordo com as especifiçãoes do projeto, pois qualquer problema nesses itens podem gerar um problema muito grave para a estrutura; o mesmo se aplica às moldadas no local. Lembrar de acompanhar junto à fiscalização da obra, a observação da existência ou não de rachaduras nos imóveis vizinhos antes de começar a fase de bater estacas, pois é normal que quando o bate-estacas começa a trabalhar, o impacto cause esse problema nas casas vizinhas. ALVENARIA O que observar: 1º Fiada A 1º fiada é a primeira fileira de tijolos assentados que já dá a idéia de onde está cada vão, corredor etc. Muita atenção no momento de executar a primeira fiada, pois ela será a orientação para manter e conferir as distâncias e esquadros. Se começar errado, vai terminar errado. Quando for assentar a 1ª fiada, o local deverá estar limpo, sem poeira, óleos, graxas e etc. E a argamassa deve ser mais forte. Muita atenção no esquadro, pois é ele que vai manter as medidas de seu projeto, deixando as paredes paralelas, garantindo as distâncias. Prumo O prumo é essencial para manter a parede bem vertical sem nenhuma inclinação (alinhamento vertical). 30 Garantir sua melhor capacidade de redistribuição de carga, também diminui o gasto no revestimento (mais fino e uniforme) sem a necessidade de corrigir o prumo aumentando a espessura do revestimento. Garantir o prumo da parede faz com que se gaste menos com revestimento, para corrigir o desalinhamento. Nível Durante a execução, deve-se zelar para manter o nível da alvenaria que nada mais é que o alinhamento horizontal. O nível é importante para manter a correta quan- tidade de blocos, o ajuste entre os blocos (garantindo sua perfeita acomodação), como também a espessura final que fica entre a alvenaria e a laje, onde é feito a união das duas estruturas (aperto da alvenaria). Para facilitar a execução, levanta-se a prumada guia e lança-se a linha guia que permite uma perfeita orientação do nível. Pode-se substituir a prumada guia pelo escantilhão (régua), que é colocado na lateral, onde existem várias marcações, que já facilitam visualizar onde ficará cada nível em vez de ter de sempre que fazer uso da prumada guia. Vãos das portas e janelas Deve-se usar uma verga na primeira fiada de blocos acima do vão. Essa verga pode ser pré-moldada ou feita no local. Ela deve ter no mínimo, 20 cm a mais para cada lado do vão. Deve-se observar se foram colocadas as escoras nasformas das vergas concretadas no local. É importante também que exista uma contraverga (verga que fica na perte inferior da janela), para evitar futuras trincas que normalmente ocorrem nos cantos inferiores das mesmas. Parede erguida utilizando prumada e linha guia Adaptados de ABCPEscoras Verga Contraverga Verga 31 Amarração e cinta de amarração A amarração é de extrema importância para fazer o travamento entre os blocos fazendo com que eles atuem com uma única estrutura; uma parede segura a outra para que nenhuma delas balance ou fique solta. Não esquecer de observar o prumo e o nível de cada fiada. Cinta de amarração Recomenda-se que seja feita uma cinta de amarração na última fiada das paredes. Obs: Observar se foram deixadas passagens para canos e conduites (eletrodutos) na cinta de amarração. Execução da cinta de amarração Qualidade da Alvenaria Os procedimentos acima são muito importantes para uma boa execução, apresentando assim solidez e boa aparência, porém, não adianta muito zelo se a matéria-prima for de péssima qualidade, isso não só para as os tijolos como também a qualidade das argamassas usadas. O que observar no recebimento dos tijolos: a) Queima : se foram bem cozidos, b) Uniformidade nas dimensões.: se as medidas dos blocos estão uniformes. c) Planicidade: se os blocos estão planos (retos), é importante para garantir o prumo. Total de blocos nas paredes Soma-se o comprimento de todas as paredes e multiplica-se pela altura (pé-direito); o resultado á a área em m². O número total de blocos é dado pela área das paredes multiplicada pelo número de blocos por m² (ver tabela oa lado). Adaptado de ABCP Amarração dos cantos 32 Reboco (massa fina) Esta camada de acabamento final da parede ou do teto deve ser a mais fina possível. Esta camada de acabamento final da parede ou do teto deve ser a mais fina possível. ARGAMASSA Argamassa de assentamento (entre os tijolos) A argamassa de assentamento tem a função de garantir a perfeita aderência entre os blocos e dos blocos com as estruturas de concreto (pilar, viga ou laje). As duas primeiras fiadas devem ser assentadas com argamassa com impermeabilizante Chapisco O chapisco é a base do revestimento; sem ele, as outras camadas do acabamento podem descolar da parede ou do teto. Em alguns casos, como em muros, o chapisco pode ser o único revestimento. A camada de chapisco deve ser a mais fina possível Argamassa de revestimento O revestimento mais usado é feito com argamassa pronta. O ideal é fazer três camadas: Chapisco, Emboço e Reboco. Antes de aplicar a primeira camada, tapam-se os rasgos feitos quando forem colocados os encanamentos e os conduítes, Espera-se cada camada secar, antes de aplicar a seguinte. Emboço (massa grossa) O emboço serve para regularizar a superfície da parede ou do teto. A espessura do emboço deve ser de 1 cm a 2,5 cm. Adaptado de ABCP Chapisco Emboço Reboco 33 PINTURA A pintura é importante para proteger o revestimento do sol e da chuva. Cada tipo de pintura exige uma prepa- ração da superfície, uma mistura, uma técnica de aplica- ção e um certo número de demãos. A superfície deve estar seca e limpa de poeira, gordura, graxa, sabão ou mofo.Todas as partes soltas devem ser raspadas. As grandes irregularidades das paredes devem ser corrigidas com reboco, as pequenas, com massa acrílica ou PVA. Manchas de gordura ou graxa podem ser eliminadas com água e detergente. Paredes mofadas devem ser raspadas e lavadas com água sanitária diluída em água (meio a meio). Depois, deve-se lavar a superficie com água e esperar secar. Obs: No caso de pintura sobre concreto ou reboco, aguarde pelo menos 30 dias para a cura total da superfície a ser pintada. Na pintura de portas, janelas e batentes de madeira, a superfície deve ser limpa, regular, seca e isenta de óleos e graxas. Ma- deiras resinadas ou com nós devem ser seladas antes com verniz, inclusive a parte traseira e os cantos da madeira. PISO Antes de fazer o piso, deve-se colocar os tubos de esgoto do banheiro e da cozinha com as esperas para os ralos. Contudo, se o caso for a construção de um conjunto habitacional (prédio), a tubulação dos outros pavimentos só entrará no final, pois serão colocados pelo teto do apto inferior, e se fará o fechamento do teto com forro de gesso. Geralmente o piso é feito com argamassa; é chamada “cimento queimado”, que precisa ser aplainada com uma régua, depois, joga-se cimento puro por cima da argamassa para que a superfície fique mais fina. Nas áreas molhadas, utiliza-se cerâmica. Os tubos devem ser calçados com concreto magro. Observar os caimentos para escoar a água dos pisos do banheiro e da cozinha. INSTALAÇÕES Nas instalações hidráulicas, deve-se ter muita atenção, nos diâmetros dos tubos, conferir sempre as bitolas determinadas em projeto. Lembrar que a tubulação do vaso sanitário é 100mm, portanto todo o caminho em que passar a água do vaso sanitário, tem que ser no mínimo de 100 mm, e que nas conecções de água fria, onde se encaixam as torneiras, essas conecções devem ser LRM, pois possuem uma rosca metálica a qual diminui consideravelmente os problemas com vazamentos nesses pontos. É necessário raspar e remover totalmente a cal de uma superfície que vai ser pintada no- vamente com outra tinta. 34 Nas instalações elétricas, deve-se observar se as fiações estão sendo colocadas com cores distintas, identificando o que é Fase, Neutro, Retorno e Fio-terra; se a qualidade dos eletrodutos, e se suas bitolas estão de acordo com a especificação do projeto, da mesma forma com os fios e cabos elétricos se estão com as bitolas em comformidade com o projeto elétrico. LAJE As lajes mais comuns são as de concreto armado, executadas no local, ou as pré- moldadas de concreto, com- posta de vigotas “ T ” ou vigotas treliçadas e lajotas. As Lajes pré-moldadas são as mais econômicas e mais simples de executar. As lajotas podem ser de concreto ou cerâmica. Elas, além de servirem de elemento de fechamento (forma), servem de guia para medir a distância entre as vigotas. Por isso, as lajotas devem ter sempre o mesmo tamanho para que possam garantir essa uniformidade entre as vigotas (treliças). O preenchimento da laje entre as vigotas, também pode ser feito com blocos de isopor, o que deixa a laje mais leve. Montagem As vigotas devem se apoiar pelo menos 5 cm de cada lado da parede. As lajotas devem ser encaixadas sobre as vigotas. A primeira e a última carreira de lajotas podem ser apoiadas na própria cinta de amarração. Adaptados de ABCP Apoio da vigota na parede Cinta de amarração Adaptado de ABCP 35 Escoramento da Laje Os pontaletes devem ser um pouquinho mais altos que as paredes. A laje deve ficar levemente curvada para cima para evitar que a laje deforme quando for tirado o escoramento, pois nesse momento ocorre a acomodação da laje. Concretagem da laje A espessura da capa de concreto deve obedecer ao projeto da laje, que também conterá os detalhes da armadura. O concreto deve ser espalhado por toda a laje, evitando a formação de grandes montes para não sobrecarregar o escoramento em alguns pontos. O escoramento e as fôrmas das lajes só devem ser retirados três semanas após a concretagem. Observação importante nas concretagens Em qualquer concretagem, seja laje, viga, pilar etc, deve-se sempre proceder da seguinte forma: Conferir medidas das formas. Molhar as formas antes da concretagem (poucos minutos antes). Adensar bem o concreto (mesmo que o concreto seja de qualidade; se for mal adensado, não terá qualidade final ou seja, será uma peça estrutural fraca). O local que receberá o concreto deverá estar limpo livre de poeira, óleos, graxas e demais impurezas; o mesmo deve ocorrer durante a preparação do concreto. Se for mistura àmão, o chão deverá estar molhado, e livre das impurezas como graxas etc. O mesmo deve ser observado quando for feita a mistura em betoneira, o seu interior deve estar limpo. TELHADO O caimento do telhado depende do tipo de telha escolhida, mas a altura da empena depende também da altura da caixa d’água que ficará debaixo do telhado. É preciso deixar espaço para abrir a tampa da caixa d’água. A caixa deve ser instalada sobre uma base de caibros. Durante esse tempo, é possível fazer outros serviços sobre a laje, que continua escorada. Mantenha o concreto sempre umedecido pelo menos durante a primeira semana. Isso se chama cura do concreto. Antes da concretagem a laje e as vigotas de- vem ser molhadas. Adaptado de ABCP Inclinação do telhado Altura dacaixa d´água 1,5 m 36 Para que o chuveiro tenha o mínimo de pressão suficiente para sua utilização, é necessário que a distância entre o chuveiro e o fundo da caixa d´água seja pelo menos de 1,50 m Nos projetos relativos a habitacionais (prédios), pode-se usar telhas onduladas, tipo fibrocimento (dependendo do projeto). Por serem elementos que absorvem muito calor, não podem ser usadas nas casas. Nesses casos usam-se telhas cerâmicas, que dão melhor conforto térmico. Nas telhas cerâmicas, deve-se estar atento para os espaços mostrado nos desenhos abaixo, entres as peças de madeira que serão montadas para suportar as telhas. Ripa 35 cm Caibro Terça 1,5 m 50 cm Caibro Terça Ripa Telha Ripa Caibro Tarugos de madeira ESQUADRIAS Os batentes das portas e das janelas de madeira são fixados diretamente nos tarugos chumbados nas pare- des. Esses batentes devem ser nivelados e esquadrejados. Confira se deixaram espaço para o acabamento do piso quando marcaram as soleiras das portas e a altura dos peitoris das janelas. Adaptado de ABCP 37 Depois que as janelas e portas forem assentadas, confira se estão abrindo e fechando com facilidade (sem ter que empregar mais força que o necessário), se os ferrolhos ou travas estão funcionando bem, e se não existem frestas entre as folhas das janelas [observe antes para não descobrir isso quando o imóvel já estiver ocupado e a água da chuva entrando]. Janela mal executada causando infiltrações As portas quase sempre precisam ser aplainadas e ter encaixes para a colocação das dobradiças e da fechadura. 38 Todas essas dicas são importantes, mas existem outros cuidados que se deve tomar para que as obras funcionem bem. A manutenção da obra depois de concluída é tão importante quanto uma boa execução dela, e isso depende de todos. A prefeitura e o governo do estado têm a responsabilidade de dar manutenção às obras executadas nas ZEIS. Dependendo do tipo de obra ou serviço, existem órgãos específicos da gestão para isso. PREFEITURA DO RECIFE: EMLURB – Recomposição de pavimento, limpeza de canaletas e canais, reparos em escadarias e rampas e desobstrução de esgoto, quando o sistema ainda não tem tratamento. CODECIR – Pequenos reparos e complementações de drenagem e contenções, quando há risco. SANEAR – Manutenção dos sistemas recuperados pela prefeitura (no interior dos lotes) e articulação para que haja manutenção dos sistemas em funcionamento pela COMPESA. GOVERNO DO ESTADO: COMPESA – Manutenção de sistemas de esgoto (área pública). Os conjuntos habitacionais, as contenções e os revestimentos de encostas devem ser mantidos pelos moradores, já que os órgãos públicos só podem atuar na manutenção de áreas públicas. Mas, para todas as obras, a população deve colaborar com sua manutenção. O lixo, por exemplo, é um elemento que destrói muitas obras e causa transtorno à população, causando entupimentos, transbordamentos e desmoronamentos de barreiras, mesmo quando já existe uma obra. O mau uso das obras pode acabar com toda a conquista da população e tornar a obra um problema, ao invés de solução. Por isso, fiscalizar a obra é importante, mas ela deve ser incorporada pela população como um bem de todos, e para isso deve-se exigir as manutenções necessárias e zelar pela melhoria conquistada. Obra sem manutenção não dá! 39
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