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REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS - doutrina e jurisprudência

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Revista dos
Juizados Especiais
D
ou
tr
in
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e 
Ju
ri
sp
ru
dê
nc
iaISSN 1414-2902
PODER JUDICIÁRIO DO
DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
Revista dos
Juizados Especiais
Jul./Dez. 2009
27
ISSN 1414-2902
Tribunal de Justiça
do Distrito Federal e dos Territórios
Ano XIII – Número XXVII – Jul./Dez. 2009
Revista dos
Juizados Especiais
Doutrina e Jurisprudência
Comissão Organizadora
Presidente
Des. Romão Cícero de Oliveira
Coordenador
Juiz de Direito Fernando Antônio Tavernard Lima
Secretária-Geral
Ivana Hermínia Ueda Resende
Secretário de Jurisprudência e Biblioteca
Bruno Elias de Queiroga
Subsecretário de Doutrina e Jurisprudência
Jorge Eduardo Tomio Althoff
Supervisor
Rafael Arcanjo Reis
Pede-se permuta On demande de l’échange
We ask for exchange Man bitte um austraush
Pídese canje Si richiede lo scambio
Redação
Subsecretaria de Doutrina e Jurisprudência
Serviço de Revista e Ementário
Palácio da Justiça - Praça Municipal, Bloco A, Ala A, Sala 404
CEP: 70094-900 - Brasília - DF
Telefones: (61) 3343-5909 e 3343-7001 - ramal 5902 (Fax)
E-mail: jurisprudencia@tjdft.jus.br
Home Page do TJDF: http://www.tjdft.jus.br
Revis ta dos Ju izados Especia i s : dout r ina e ju r i spr udência /
 Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios – vol.1, nº 1 (1997) 
– Brasília: O Tribunal, 1997 – .
 Publicada em ago./2003
 Semestral
 ISSN 1414-2902
1. Ju izados Espec ia i s – Jur i spr udênc ia. 2. Ju izados Espec ia i s – 
Doutrina. I. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios
Des. Nívio Geraldo Gonçalves - Presidente
Des. Romão Cícero de Oliveira - Vice-Presidente
Des. Getulio Pinheiro de Souza - Corregedor
Juizados Especiais
Coordenação Cível
Juiz de Direito Flávio Fernando Almeida da Fonseca
Coordenação Criminal
Juíza de Direito Giselle Rocha Raposo
1ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais
Juíza Sandra Reves Vasques Tonussi - Presidente
Juiz Flávio Fernando Almeida da Fonseca - Vogal 
Juíza Wilde Maria Silva Justiniano Ribeiro - Vogal
Juiz Luis Eduardo Yatsuda Arima - Suplente
Juíza Giselle Rocha Raposo - Suplente
Juíza Rita de Cássia de Cerqueira Lima Rocha - Suplente
2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais
Juiz José Guilherme de Souza - Presidente
Juiz Asiel Henrique de Sousa - Vogal
Juiz Fernando Antonio Tavernard Lima - Vogal
Juíza Edi Maria Coutinho Bizzi - Suplente
Juíza Oriana Piske de Azevedo Magalhães Pinto - Suplente
Juiz Edmar Ramiro Correia - Suplente
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT6
SUMÁRIO 7
Sumário
Doutrina
15Os protagonistas dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais
Oriana Piske de Azevedo Magalhães Pinto
Jurisprudência Cível
33Acórdãos .......................................................................
Acidente de Trânsito ...................................................................33 
Condomínio ..............................................................................37 
Dano moral - cia. Aérea ............................................................. 41
Dano moral - cia Telefônica ........................................................46
Dano moral - diversos ............................................................... 55
Execução.................................................................................60
Obrigação de Fazer .................................................................. 65
Responsabilidade Civil ................................................................ 71
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT8
Jurisprudência Cível
Acidente de trânsito .................................................................. 79
Assinatura básica ...................................................................... 82 
Associação .............................................................................. 83
Cobrança ................................................................................84
Competência .............................................................................91
Condomínio ............................................................................. 96
Consórcio ............................................................................... 96
Corretagem ............................................................................. 98
Dano material ........................................................................ 100
Dano moral - banco ................................................................. 101
Dano moral - cia. Aérea ............................................................106
Dano moral - cia. Telefônica ........................................................112
Dano moral - diversos ...............................................................118
Dano moral - spc ..................................................................... 132
Empreitada ............................................................................. 136
Furto em estacionamento ............................................................137
Obrigação de fazer ................................................................. 140
Plano de saúde ........................................................................ 147 
Posse ................................................................................... 152 
Propaganda ............................................................................ 152 
Recurso ................................................................................. 154 
Responsabilidade Civil .............................................................. 157 
Seguro .................................................................................. 163 
79Ementas .........................................................................
SUMÁRIO 9
Jurisprudência criminal
Abuso de autoridade ..................................................................175
Competência ........................................................................... 188 
Contravenção Penal ................................................................. 192 
Crime de Resistência ..................................................................197 
Porte de Entorpecente............................................................. 204
Ato obsceno ...........................................................................207
Competência ...........................................................................209
Contravenção penal .................................................................. 210 
Crime de Dano .........................................................................212 
Crime de Trânsito .....................................................................212 
Desacato .................................................................................213 
Falsa Identidade ........................................................................215 
Injúria ....................................................................................216 
Lesão Corporal ........................................................................218 
Porte de Entorpecente............................................................. 220
175Acórdãos .......................................................................
207Ementas .........................................................................
Transtorno Cotidiano ............................................................... 163 
Vício do Produto .....................................................................164 
Vício Oculto ........................................................................... 168
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT10
Enunciados Cíveis .............................................................................231 
Enunciados Criminais ........................................................................ 245 
Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios ......................... 225 
Índice Jurisprudencial ....................................................... 257
223Súmulas .........................................................................
229Enunciados do FONAJE ....................................................
SUMÁRIO 11
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT12
DOUTRINA 13
Doutrina
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT14
DOUTRINA 15
Os Protagonistas dos Juizados 
Especiais Cíveis e Criminais
Introdução
Na Constituição cidadã de 
1988, o Poder Judiciário passou a ter 
uma participação ativa no processo 
democrático, especialmente com a sua 
presença mais efetiva na solução dos 
conflitos e ao ampliar a sua atuação 
com novas vias processuais, demons-
trando preocupação voltada priori-
tariamente para a cidadania, através 
de instrumentos jurídicos, normas, 
preceitos e princípios que sinalizam 
a vontade popular de ter uma Justiça 
célere e distributiva.
Com a promulgação da Cons-
tituição Federal de 1988, em função 
do disposto no seu artigo 98, I, foi 
determinada a criação dos Juizados 
Especiais Cíveis e Criminais, cabendo 
à União, no Distrito Federal e nos Ter-
ritórios, e aos Estados, criar “Juizados 
Especiais, providos por juízes togados, 
ou togados e leigos, competentes 
para a conciliação, o julgamento e a 
ORIANA PISKE DE AZEVEDO 
MAGALHÃES PINTO
Juíza de Direito do Tribunal de 
Justiça do Distrito Federal e dos 
Territórios. Mestre em Direito 
pela Universidade Federal de 
Pernambuco (UFPE). Doutoranda 
em Ciências Jurídicas e Sociais 
pela Universidad del Museo Social 
Argentino (UMSA).
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT16
execução de causas cíveis de menor 
complexidade e infrações penais de 
menor potencial ofensivo, mediante 
os procedimentos oral e sumaríssimo, 
permitidos, nas hipóteses previstas 
em lei, a transação e o julgamento 
de recursos por turmas de juízes de 
primeiro grau”. 
Os Juizados Especiais são in-
tegrados por juízes de Direito de 
primeira instância que homologam 
acordos, decidem as causas e também 
julgam recursos. Além de juízes de 
Direito, os Juizados são compostos de 
conciliadores, atermadores e servido-
res que trabalham em uma Secretaria 
de Juízo, como escrivães, escreventes, 
oficiais de Justiça, contadores e demais 
auxiliares. Para o seu bom funciona-
mento, é necessária a presença de 
magistrados, de promotores de justiça, 
de advogados, de defensores públicos, 
de serventuários da Justiça e de con-
ciliadores.
1. O MagisTRaDO, O 
PROMOTOR, O aDvOgaDO 
E O DEFEnsOR PúbliCO
A atualidade vem exigindo uma 
profunda tomada de consciência do 
magistrado quanto ao papel social que 
deve desempenhar junto à sociedade. 
Não mais como uma figura autômata, 
como imaginava Montesquieu, mas, 
ao contrário, hoje é um profissional 
preparado multidisciplinarmente e 
atento às mudanças e angústias so-
ciais, ao mesmo tempo que dotado 
de prudência, valores e virtudes éticas 
para encontrar a solução que possa 
melhor contribuir para a efetiva tutela 
dos direitos dos cidadãos e para a paz 
social. 
O juiz é o guardião dos interesses 
públicos e privados, é responsável em 
dizer a última palavra sobre o Direito, 
como dever institucional de que está 
privativamente investido.1 Exige-se, 
além da imparcialidade, apanágio de 
sua função, o dever de incorruptibi-
lidade e a obrigação moral de ditar 
a sentença, sendo-lhe vedado o non 
liquet, por constituir denegação da 
justiça.2
A Lei no 9.099/95 deu ampla 
condição ao juiz para melhor formar 
sua convicção determinando, quando 
lhe convier, as provas a serem produ-
zidas, podendo inclusive limitar, nesse 
campo, a atividade das partes sem que 
haja qualquer cerceamento de defesa 
(confira-se a parte final do art. 33).
Outrossim, o juiz apreciará as 
provas produzidas e as que porventura 
tenha que determinar com os olhos 
voltados para as regras de experiência 
comum ou técnica. Tais regras são 
extraídas pelo julgador examinando 
aquilo que ordinariamente acontece 
1 SOUZA, Carlos Aurélio Mota de. Poderes éticos do juiz: a igualdade das 
partes e a repressão ao abuso no processo. Porto Alegre: Fabris, 1987. p. 
53.
2 SALSMANS, José. Deontología jurídica. Bilbao: El Mensajero, 1953. p. 
255.
DOUTRINA 17
nas relações humanas; são as máximas 
de experiência, dentro do conceito de 
normalidade comum das coisas.
O legislador conferiu ao magis-
trado amplos poderes, e este deverá 
exercê-los atentando para os princí-
pios da simplicidade, informalidade, 
economia processual e celeridade, de 
modo a facilitar o acesso de todo cida-
dão ao caminho efetivo da Justiça. 
Acrescente-se que, no tocan-
te à aplicação da lei, a fórmula é 
também mais ampla do que aquela 
comum, prevista no artigo 5o da Lei 
de Introdução ao atual Código Civil, 
uma vez que, nos termos do artigo 6o 
da Lei no 9.099/95, o Juiz adotará em 
cada caso a decisão que reputar mais 
justa e equânime, atendendo aos fins 
sociais da lei e às exigências do bem 
comum.
Portanto, o supracitado artigo 
da Lei dos Juizados Especiais confere 
ao magistrado o uso da equidade, na 
interpretação e concreção da lei e do 
fato da causa, decidindo sempre com 
a preocupação de fazer justiça.
Vale lembrar que o juiz tem o 
seu livre convencimento, expressado 
como um princípio processual cons-
tante no artigo 131 do CPC, “por 
constituir irrespondível lição aos 
juspositivistas ortodoxos, de que até 
mesmo no seio das correntes doutri-
nárias mais tradicionais há vaga para 
a expressão da tendência ideológica 
do Magistrado, caldeada pela opi-
nião pública e pelo posicionamento 
da jurisprudência.”3 Não há Justiça 
sem ideologia. É de uma atualidade 
atemporal a observação feita pelo Prof. 
Raimundo Nonato Fernandes:
“os tempos novos, entretanto, 
começam a abalar os alicerces 
dessas concepções tradicionais. 
O conceito de Justiça parece 
impregnar-se de um sentido 
político, que se traduz na pro-
cura de novas soluções para os 
problemas do homem e da socie-
dade... Existe a preocupação de 
imprimir à Justiça um conteúdo 
definido, de identificá-la com 
uma aspiração de reforma social 
e política, de dar-lhe, enfim, uma 
diretiva ideológica.”4
Deverá o juiz sempre motivar 
todos os seus atos, como princípio 
constitucional obrigatório para o 
controle da administração da Justiça,5 
garantia contra o arbítrio.
Não obstante toda sua falibili-
dade humana, requer-se do juiz um 
constante aperfeiçoamento cultural, 
moral e até mesmo espiritual, porque 
constitui personagem fundamental no 
restabelecimento da harmonia social, 
desempenhando relevante papel na 
3 CARVALHO, Ivan Lira de. Eficácia e democracia na atividade judicante. 
Revista Trimestral de Jurisprudência dos Estados. v. 171, jul./ago. 1999, p. 54.
4 FERNANDES, Raimundo Nonato. Justiça e Ideologia. Revista do Tribunal 
de Justiça do Rio Grande do Norte, Natal, v. 19 – 24, n. 1, 1965, p. 12.
5 TARUFFO, Michele. La motivazione della sentenza civil. Pádua: CEDAM, 
1975. p. 392.
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT18
realização concreta do direito. Em 
toda sua conduta exige-se, sobretudo, 
a prudência, a reta estimativa das 
leis (evitando o error in judicando), a 
humildade no saber (intelectual e pro-
fissional), a sagacidade (presteza no 
julgamento), circunspecção e cautela, 
para manter íntegra sua autoridade e 
sua independência.
O Ministério Público é uma ins-
tituição que, a partir da Constituição 
de 1988, apresentou-se como guardiã 
das liberdades públicas e privadas e dos 
direitos de cidadania, com uma atuação 
digna de registropela maneira com que 
vem desempenhando seu ofício, num 
exercício combativo na luta pela con-
cretização dos direitos de cidadania. 
O Ministério Público, na esteira 
do que estabelece o artigo 127 da 
Constituição Federal, “é instituição 
permanente, essencial à função ju-
risdicional do Estado, incumbindo-
lhe a defesa da ordem jurídica, do 
regime democrático e dos interesses 
sociais e individuais indisponíveis”. 
É inerente ao desempenho do munus, 
primordialmente, a defesa do interesse 
público, tanto ligado ao autor, ao réu, 
ou mesmo desfavorável a ambos já 
que ressalta a obediência aos ditames 
legais. A sua atuação no processo 
não decorre de vontade própria, mas 
dos casos especificados na norma de 
processo (civil ou penal), seja para agir 
como parte, seja para funcionar como 
custos legis.
O Ministério Público tem o ele-
vado encargo de defender a lei e o bem 
comum perante todos os Tribunais.6 O 
fiscal da lei não está exclusivamente 
a serviço da manutenção da ordem 
jurídica, nem mesmo do interesse 
social público, mas sobretudo da 
Justiça. Isso explica o princípio da 
legalidade a que estão adstritos, pelo 
que se denominam apropriadamente 
custos legis, os fiscais por excelência 
da lei. Contudo, reduzidíssima se de-
monstra, na prática, a intervenção do 
Ministério Público, seja em razão das 
limitações de capacidade processual, 
seja em face da competência material 
do Juizado Especial Cível.
O próprio exercício do Direito 
de Ação do Ministério Público, outor-
gado por força do artigo 81 do Código 
de Processo Civil, não pode ter lugar 
junto ao Juizado Especial Cível, eis 
que, não sendo o Ministério Público 
pessoa física, não pode ser autor. 
Em tese, admite-se a legitimidade 
do Ministério Público para interpor 
recurso, já que, para recorrer, não há 
a limitação acima descrita, mas tal 
somente pode ocorrer no caso em que 
o Ministério Público tenha atribuição 
prévia no feito.7
Isto porque os casos de interven-
ção obrigatória do Ministério Público, 
6 NAVARRO, Antonio Pleinador. Tratado de moral profesional. Madri: BAC, 
1969. p. 264.
7 TOSTES, Natacha Nascimento Gomes; CARVALHO, Márcia Cunha 
Silva Araújo de. Juizado Especial Cível: estudo doutrinário e interpretativo da 
Lei no 9.099/95 e seus reflexos processuais práticos. Rio de Janeiro: Renovar, 
1998. p. 70.
DOUTRINA 19
segundo dispõe o artigo 82 do Código 
de Processo Civil, são aqueles em que 
se verifica interesse de incapaz, causas 
concernentes ao Estado, pátrio poder, 
tutela, curatela, interdição, casamen-
to, declarações de ausência e disposi-
ções de última vontade, e causas onde 
há interesse público. 
A priori, já se vislumbra a ina-
plicabilidade de qualquer destas 
situações aos processos do Juizado 
Especial Cível, eis que este juízo é 
incompetente para julgar as causas 
previstas no inciso II do artigo 82 do 
Código de Processo Civil, conforme 
o disposto no artigo 7o, § 2o da LJE; 
não dispondo o incapaz de capacidade 
para postular, como autor ou como 
réu, frente ao Juizado, que também 
não tem, dentre as causas de sua 
competência, hipótese onde se verifica 
interesse público.
Nos casos em que ocorra inca-
pacidade superveniente (p. ex., na 
hipótese de interdição de qualquer das 
partes após instaurada a lide), também 
não surge hipótese de intervenção do 
Ministério Público, já que, surgindo 
a incapacidade, imediatamente será 
o feito extinto, na forma do disposto 
no artigo 51, inciso IV da LJE. 
A despeito da reduzida atuação 
do Parquet nos Juizados Especiais 
Cíveis, por outro lado, verifica-se 
que o Ministério Público é uma das 
instituições que tiveram alargada a 
sua responsabilidade diante da Lei 
no 9.099/95. Protagonista da transa-
ção penal; custodiador da liberdade 
individual através da proposição das 
penas alternativas; titular da proposta 
de suspensão condicional do processo, 
sem dúvida coube-lhe papel extrema-
mente relevante no que concerne aos 
Juizados Especiais Criminais.
O advogado é, inegavelmente, 
um grande e fundamental agente 
construtor social em prol da cidada-
nia. É artífice na renovação de ideias, 
de valores, de princípios, na proteção 
dos direitos e garantias fundamentais 
do homem.
O artigo 133 da Constituição 
Federal dispõe que “o advogado é 
indispensável à administração da 
Justiça, sendo inviolável por seus 
atos e manifestações no exercício da 
profissão, nos limites da lei”. Esse ad-
jetivo (indispensável) já constava no 
revogado Estatuto da Ordem dos Ad-
vogados do Brasil (art. 48). Também o 
atual Estatuto assim se manifesta no 
artigo 2o: O advogado é indispensável 
à administração da Justiça.
Numa interpretação simplista do 
dispositivo, conclui-se que a indispen-
sabilidade do advogado perante a Jus-
tiça se refira unicamente à formação 
do tripé de estabilização processual: 
autor, juiz, réu. No entanto, a função 
do advogado vai mais além do exer-
cício do jus postulandi, isto porque 
incumbe-lhe também colaborar para 
que a Justiça se efetive, independente-
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT20
mente de estar deste ou daquele lado 
da lide. Neste caso, estará defendendo 
a posição de seu constituinte; naquele, 
coloca-se como figura de apoio, ele-
mento de pacificação social, prestando 
especial serviço público.8 
As atividades do advogado se 
desdobram em duas frentes: a advocacia 
judicial e a extrajudicial. A primeira, de 
caráter predominantemente contencio-
so (com a ressalva relativa à jurisdição 
voluntária); a segunda, eminentemente 
preventiva. Por isso, a prestação do 
serviço público e exercício de função 
social não se dá somente “no ministério 
privado” (§ 1o, art. 2o, Lei no 8.906 de 4 
de julho de 1994), porque a advocacia 
não é o desempenho de uma profissão 
privada, nem a incumbência de um 
serviço público. Ela é ambas as coisas, 
sem confusões nem contradições. O 
advogado no exercício da profissão, tem 
a missão constitucional, perante o Poder 
Judiciário, de desenvolver uma pretensão 
ou a ela resistir, em nome dos cidadãos, 
bem como no desempenho de função 
social de não se enclausurar na busca de 
interesses privados, mas na realização da 
Justiça e na paz social, finalidade última 
de todo processo litigioso. Contudo, cabe 
ressaltar que a indispensabilidade do 
advogado deve ser aferida sempre, nos 
termos da lei, atendendo aos fins sociais 
a que ela se dirige e às exigências do bem 
comum, de acordo com o preceito no 
8 FRIGINI, Ronaldo. Comentários à Lei de Pequenas Causas. São Paulo: 
Livraria e Editora de Direito, 1995. p. 132.
artigo 6o da Lei no 9.099/95. Saliente-se 
ainda, que o artigo 9o ao dispor que, nas 
causas de valor até vinte salários míni-
mos, as partes poderão facultativamente 
ser assistidas por advogados, procurou 
aproximar o cidadão da Justiça através 
de meios simplificados de composição 
de litígios.
Não se desconhece o valor da 
assistência judiciária, por advogado, 
às partes envolvidas em litígio judicial, 
mas certo é que a obrigatoriedade de 
tal assistência, nas referidas causas, 
poderia impedir o ingresso da parte em 
juízo, afrontando o preceito constitu-
cional que assegura o livre acesso ao 
Judiciário para a satisfação de direitos 
individuais injustamente lesados. As 
pequenas lesões de direitos sacrificam, 
indistintamente, os pobres e os mais 
afortunados. Quando a parte é pobre, 
é a ela assegurado o direito a assis-
tência judiciária gratuita. Todavia, a 
parte que não é pobre bastante para 
obter este direito passa a não dispor de 
condições para buscar, no Judiciário, a 
realização do seu direito lesado, uma 
vez que o seu reduzido valor econô-
mico não comporta o pagamento dos 
honorários profissionais de quem lhe 
irá prestar assistência.
Nos Juizados Especiais verifica-
se que o advogado participanão só 
como defensor, quando procurado, 
mas, primordialmente, como con-
ciliador, trazendo sua colaboração 
eficaz para a administração da Justiça. 
DOUTRINA 21
O advogado é parcela importante da 
Justiça, da qual fazem parte não só 
juízes e promotores, mas também a 
população que a ela recorre. Na ver-
dade, não há Justiça sem sociedade, 
não há sociedade sem povo.
A Defensoria representa o Esta-
do Democrático de Direito próximo 
e a serviço do cidadão. Representa 
o cuidado e a proteção jurídica dada 
pelo Estado ao cidadão humilde, que 
clama por Justiça e que já não tem 
forças, nem condições de pagar ho-
norários advocatícios. 
Quando da citação e das in-
timações, o acusado, no Juizado 
Especial Criminal, sempre deve ser 
advertido de que não se fazendo 
acompanhar por advogado, ser-lhe-á 
designado defensor público. A ex-
pressão “Defensor Público”, porém, 
tem que ser interpretada extensi-
vamente.9 Na falta de Defensoria 
Pública, o juiz deve nomear para a 
defesa procuradores de assistência 
judiciária ou, na falta, defensor 
dativo, com subsídio no artigo 263 
do Código de Processo Penal. Ao 
acusado que se omite em constituir 
defensor deve ser nomeado defensor 
dativo, quando não assistido pela 
Defensoria Pública, independente-
mente de sua condição econômica, 
para garantia da ampla defesa.
9 MIRABETE, Julio Fabbrini. Juizados Especiais Criminais: comentários, 
jurisprudência, legislação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. p. 58.
Quando o autor do fato é preso e 
encaminhado pela autoridade policial 
ao Juizado Especial Criminal, deve 
esta alertá-lo para que constitua o 
defensor de sua escolha. Embora não 
conste expressamente da lei tal deter-
minação, o direito à ampla defesa e a 
regra de que lhe deve ser assegurada 
a “assistência da família e advogado” 
a isso obriga (art. 5o, LXIII, da CF). 
Essa mesma obrigatoriedade existe 
quando, não sendo encaminhado 
imediatamente ao Juizado, o autor 
do fato se compromete a comparecer 
ao Juizado Especial Criminal em data 
agendada.
É dever do advogado nomeado 
pelo juiz aceitar a indicação para 
defender e assistir ao indigitado 
autor do fato, pois constitui infra-
ção disciplinar “recusar-se a prestar, 
sem justo motivo, assistência jurí-
dica, quando nomeado em virtude 
de impossibilidade da Defensoria 
Pública” (art. 34, XII, da Lei no 
8.906/94). O artigo 264 do Código 
de Processo Penal também obriga 
a prestação desse patrocínio aos 
acusados, quando o advogado é no-
meado pelo juiz. A recusa, porém, 
pode ser justificada, conforme se 
verifica do artigo 15 da Lei no 1.060, 
de 5 de fevereiro de 1950, que esta-
belece normas para a concessão de 
assistência aos necessitados e que 
especifica os motivos que podem 
ser alegados pelo nomeado.
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT22
Vige para o Juizado Especial Cri-
minal a regra subsidiária do processo 
no Juízo comum, de que, quando da 
nomeação de defensor ou advogado 
dativo, fica ressalvado o direito de, a 
todo tempo, o acusado nomear outro 
de sua confiança, ou a si mesmo de-
fender-se, caso tenha habilitação (art. 
263, do Código de Processo Penal).
2. O Juiz lEigO E O 
COnCiliaDOR
O Juiz leigo e o Conciliador são 
auxiliares da Justiça, recrutados os 
primeiros, preferentemente, entre os 
bacharéis em Direito, e os segundos, 
dentre advogados com mais de cinco 
anos de experiência, nos termos do 
artigo 7o da Lei no 9.099/95. Os juízes 
leigos são conciliadores que, auxi-
liares da Justiça, estarão sempre sob 
orientação do juiz (art. 73, caput e 
parágrafo único, da Lei no 9.099/95). 
O Juiz leigo poderá, conforme artigo 
37 da Lei no 9.099/95, presidir a co-
lheita de prova no Juizado Especial 
Cível, a qual, entretanto, deverá ser 
submetida à homologação do juiz 
togado, em face da exclusividade da 
magistratura de carreira de proferir 
decisão.10 Aos leigos, chamados con-
ciliadores, caberá conduzir o entendi-
mento das partes com vista a um ato 
10 TOSTES, Natacha Nascimento Gomes; CARVALHO, Márcia Cunha 
Silva Araújo de. Juizado Especial Cível: estudo doutrinário e interpretativo da 
Lei no 9.099/95 e seus reflexos processuais práticos. Rio de Janeiro: Renovar, 
1998. p. 84.
final de composição.11 A presença e a 
atuação constante dos conciliadores 
permite uma inequívoca agilidade e 
dinamismo processual com a efetiva 
solução de um número extraordinário 
de demandas contribuindo valorosa-
mente para a eficiência dos Juizados 
e a realização da Justiça cidadã. Os 
conciliadores são peças fundamentais 
para o bom desempenho dos Juizados 
Especiais. 
Lembra Ada Pellegrini Grino-
ver, que “no Brasil-Império, os Juízes 
de Paz, honorários e leigos, foram 
investidos da função conciliativa 
prévia, como condição obrigatória 
para o início de qualquer processo, 
pela Constituição de 1824.”12 Atu-
almente, os Juízes de Paz apenas 
estão incumbidos de habilitação e 
celebração de casamento, podendo 
exercer atribuições conciliatórias - 
sem caráter jurisdicional (art. 98, 
inciso II, da Constituição Federal).13 
Com as Ordenações Filipinas, a Lei 
no 000000 de 15 de outubro de 1827 
(Lei Ordinária), assinada por sua Ma-
jestade Imperial D. Pedro I, ao criar os 
Juízes de Paz, conferiu-lhes também 
competência para “conciliar as partes, 
que pretendessem demandar por todos 
os meios pacíficos, que estivessem ao 
11 MIRABETE, Julio Fabbrini. Juizados Especiais Criminais: comentários, 
jurisprudência, legislação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. p. 30.
12 GRINOVER, Ada Pellegrini. Deformalização do processo e deformalização 
das controvérsias. Revista de Informação Legislativa. Brasília, n. 97, jan.-
mar./88., p. 208.
13 SALOMÃO, Luis Felipe. Roteiro dos Juizados Especiais Cíveis. Rio de 
Janeiro: Destaque, 1997. p. 42.
DOUTRINA 23
seu alcance: mandando lavrar termo 
do resultado, que assignará com as 
partes e Escrivão” (art. 5o). Tal Lei 
criava em cada uma das freguezias 
e das capelas curadas um Juiz de Paz 
e suplente.14 Em 20 de setembro de 
1829, um decreto dispôs em seu arti-
go 4o que “os termos de conciliação, 
quando esta se verificar, terão força de 
sentença”. Esse resultado da concilia-
ção é que se denominou de ‘termo de 
bem viver’ (art. 12 da aludida Lei Or-
dinária) e que foi largamente usado no 
Brasil-Colônia e, posteriormente, nas 
delegacias de polícia.15 Com o passar 
dos tempos, salvo algumas iniciativas 
louváveis, mas isoladas, pouco se tem 
notícia da utilização, como regra, das 
vias conciliatórias. É verdade que hou-
ve um grande avanço, instituindo-se 
canais de mediação para tentativa de 
conciliação, prévia e facultativa, como 
a existente nos Órgãos Estaduais de 
Defesa do Consumidor (Defensoria 
Pública do Consumidor, Procon etc.) 
e nos Conselhos ou Juizados de Con-
ciliação (criados a partir de 1982 no 
Sul do País), além das Câmaras de 
Arbitragem. A Lei de Arbitragem no 
9.307 de 23 de setembro de 1996 re-
presentou grande passo para democra-
tizar o acesso à Justiça, desafogando 
as vias convencionais de composição 
14 Lei no 000000, de 15.10.1827. In: COLEÇÃO DE LEIS DO BRASIL 
(CLBR), pub. 1827, v. 1, p. 67, col. 1, Brasília: Senado Federal.
15 SOUSA, Lourival de J. Serejo. O acesso à Justiça e aos Juizados Especiais: o 
Princípio da Conciliação. Revista dos Juizados de Pequenas Causas – Doutrina 
e Jurisprudência, Porto Alegre, n. 20, ago. 97, p. 31.
dos conflitos. O interesse pela conci-
liação e a importância de que as vias 
conciliativas se revestem na sociedade 
contemporânea foram considerados 
pelo legislador e os Juizados Especiais 
são mais uma dessas alternativas.
Afinal, como conciliar? O dia-a-
dia, a experiência dos casos concretos, 
o tirocínio de cada um e as técnicas 
de mediação e composição já consa-
gradas na teoria levarão à resposta.Deve o conciliador, árbitro ou Juiz 
leigo, estar em contato permanente 
com o Juiz togado, responsável pelo 
Juizado, sendo que os conciliadores 
ficam investidos da imparcialidade, 
equidistância e, principalmente, da 
ponderação de agir e de proceder com 
reflexão, pois conciliador e árbitro 
falam em nome da Justiça que deve, 
antes de tudo, prevenir e promover o 
bem-comum. As formas de recruta-
mento dos conciliadores e árbitros são 
diversas, valendo citar os convênios 
que podem ser firmados com Uni-
versidades, Escolas da Magistratura 
e Ministério Público, além da OAB e 
as próprias Associações de Magistra-
dos para indicação de bacharéis ou 
estagiários do curso de Direito, sem 
embargo de magistrados aposentados 
que desejam ainda colaborar no fun-
cionamento do Juizado. Segundo a lei, 
os conciliadores devem ser recrutados 
preferentemente entre bacharéis em 
Direito. A contrario sensu, na impos-
sibilidade ou dificuldade de serem 
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT24
recrutados os profissionais, permite-se 
a nomeação de leigos para o exercício 
dessa importante tarefa. A experiên-
cia tem demonstrado que leigos são 
eficientes como mediadores. 
Os conciliadores exercem munus 
público. A função do conciliador pode 
e deve ser considerada pelo legislador 
estadual como altamente relevante, 
propiciando ainda vantagem como 
título honorífico em eventuais con-
cursos para ingresso em carreiras 
jurídicas. 
A Lei no 9.099/95, no artigo 
7o, dispõe que os Juízes leigos ficarão 
impedidos de exercer a advocacia pe-
rante os Juizados Especiais, enquanto 
no desempenho de suas funções. Por 
analogia com este artigo, devem ficar 
impedidos de exercer a advocacia 
perante os Juizados Especiais os ba-
charéis que forem nomeados quando 
no desempenho de suas funções.
Vale destacar o Enunciado 40:
 “O conciliador ou juiz leigo não 
está incompatibilizado nem im-
pedido de exercer a advocacia, 
exceto perante o próprio Juiza-
do Especial em que atue ou se 
pertencer aos quadros do Poder 
Judiciário.”16
Segundo Julio Fabrini Mirabete,
16 Enunciados do Cíveis e Criminais do Forum Permanente de Juízes Con-
ciliadores dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Brasil, atualizado 
até novembro de 2001.
“o conciliador tem como função 
presidir, sob orientação do juiz, a 
tentativa de conciliação entre as 
partes, como auxiliar da Justiça 
que é, nos limites exatos da lei. 
Não há possibilidade que inter-
fira, por exemplo, na tentativa 
de transação, já que esta implica 
imposição de pena, matéria ex-
clusivamente de ordem pública a 
cargo do Ministério Público e do 
juiz. Violar-se-ia com sua inter-
ferência preceito constitucional 
(art. 5o, LIII, da CF).”17
Discordo do posicionamento 
acima transcrito, visto que no termo 
conciliação constante no artigo 73 da 
Lei no 9.099/95 está inserto o acordo 
civil e a transação penal, pelo que não 
haveria vulneração do artigo 5o, LIII 
da Carta Constitucional, mormente 
considerando o disposto no artigo 
98, I, da Constituição Federal que 
prevê que 
“os Juizados Especiais, providos 
por juízes togados, ou togados e leigos, 
competentes para a conciliação, o 
julgamento e a execução de causas 
cíveis de menor complexidade e 
infrações penais de menor potencial 
ofensivo, mediante os procedimentos 
oral e sumaríssimo, permitidos, nas 
hipóteses previstas em lei, a transação 
17 MIRABETE, Julio Fabbrini. Juizados Especiais Criminais: comentários, 
jurisprudência, legislação. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1997. p.73.
DOUTRINA 25
e o julgamento de recursos por turmas 
de juízes de primeiro grau.”
Neste sentido, é o Enunciado 47: 
“A expressão conciliação previs-
ta no art. 73 da Lei no 9.099/95 
abrange o acordo civil e a tran-
sação penal, podendo a pro-
posta do Ministério Público ser 
encaminhada pelo conciliador, 
nos termos do art. 76, § 3o da 
mesma lei.”18
O juiz leigo e o conciliador são 
funções relevantes que contribuem 
com a sua participação para a racio-
nalização da Justiça.
3. as PaRTEs nO JuizaDO 
EsPECial CívEl E CRiMinal
As partes no processo civil, autor 
e réu, que figuram no processo ativa e 
passivamente, trazem elementos fáti-
cos que são apreciados e valorados ou 
pelo juiz, ou pelo conciliador, que, com 
prudência, num juízo de razoabilidade, 
procuram encontrar a solução mais 
justa para a contenda. 
Estabelece o artigo 8o, da Lei 
no 9.099/95, que não poderão figu-
rar como partes no Juizado Especial 
Cível, o incapaz, o preso, as pessoas 
jurídicas de direito público, as empre-
sas públicas da União, a massa falida 
18 Enunciados Cíveis e Criminiais do Forum Permanente de Juízes Conci-
liadores dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais do Brasil, atualizado até 
novembro de 2001.
e o insolvente civil. A intenção do 
legislador foi, neste caso, de valorizar 
a conciliação e a celeridade.
As pessoas jurídicas também não 
podem ser autoras no Juizado Especial 
Cível (§ 1o, art. 8o). Assim também 
os entes formais (Massa Falida, Con-
domínio, Espólio, Herança Vacante 
ou Jacente), que, embora não sendo 
pessoas jurídicas, mas universalidade 
de bens, muito se assemelham a elas. 
A lei, nesse particular, foi taxativa: 
somente as pessoas físicas capazes 
serão admitidas a propor ação peran-
te o Juizado Especial. Exceção a esta 
regra ocorreu com as microempresas, 
uma vez que a Lei no 9.841, de 05 de 
outubro de 1999, que instituiu o Es-
tatuto da Microempresa e da Empresa 
de Pequeno Porte, em seu artigo 38, 
possibilitou que as mesmas pudessem 
ingressar como parte autora nos Juiza-
dos Especiais Cíveis, senão vejamos:
Art. 38: “Aplica-se às microem-
presas o dispositivo no parágrafo 
primeiro do artigo 8o da Lei no 
9.099/95, de 26 de setembro de 
1995, passando essas empresas, 
assim como as pessoas físicas 
capazes, a serem admitidas a pro-
porem ação perante o Juizado Es-
pecial, excluídos os cessionários 
de direito de pessoas jurídicas.
Questionou-se se persiste aplicá-
vel a regra do artigo 9o, § 3o, da Lei no 
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT26
9.099/95, diante do Estatuto da OAB. 
A controvérsia não pode ser apreciada 
isoladamente.
As partes podem se fazer acom-
panhar por advogados no Juizado Es-
pecial. A assistência pelo profissional, 
contudo, não é impositiva nas causas 
até 20 salários mínimos (art. 3o, caput), 
mas obrigatória nas demais hipóteses. 
Cabe ressaltar que o mandato pode 
ser até verbal, salvo quanto aos po-
deres especiais (art. 9o, § 3o, da Lei no 
9.099/95).
A Lei no 9.099/95 teve nítida 
inspiração de facilitar o acesso à 
Justiça nas causas que menciona, em 
cumprimento a preceitos constitu-
cionais (repetidos no art. 5o, incisos 
XXXIV e XXXV da C.F./88, por isso, 
outra lei, que regula matéria diversa 
(Estatuto da Advocacia e OAB), não 
poderá alterá-la, sob pena de vulnerar 
a Constituição. Até porque lei nova 
que estabeleça disposições gerais 
ou especiais, a par das já existentes, 
não revoga nem modifica a lei ante-
rior. Com efeito, a Lei no 9.099/95 é 
posterior ao Estatuto da OAB, e, no 
artigo 9o, caput, estabeleceu claramen-
te quais as hipóteses em que cabe a 
dispensa do advogado.
Em nossa opinião, o referido 
artigo não prejudicou os advogados 
- indispensáveis à administração da 
Justiça - contudo veio permitir às 
pessoas hipossuficientes, pobres, sem 
um mínimo de condições para arcar 
com honorários advocatícios, o acesso 
à Justiça, sendo também um direito 
e uma garantia constitucional. Por 
outro lado, afigura-se essencial, ainda, 
a existência efetiva de órgão da Defen-
soria Pública atuante junto ao sistema 
do Juizado Especial Cível, mormente 
em razão da regra contida no artigo 9o, 
§ 1o, da Lei no 9.099/95, que estabele-
ce que “sendo facultativa a assistência, 
se uma daspartes comparecer assistida 
por advogado, ou se o réu for pessoa 
jurídica ou firma individual, terá a 
outra parte, se quiser, assistência ju-
diciária prestada por órgão instituído 
junto ao Juizado Especial, na forma 
da lei local.” O objetivo de tal dispo-
sitivo legal foi possibilitar o equilíbrio 
jurídico entre as partes. É importante 
destacar que, consoante o § 2o, “o juiz 
alertará as partes da conveniência do 
patrocínio por advogado, quando a 
causa o recomendar.”
Releva notar que a lei permite 
que ao réu pessoa jurídica ou titular 
de firma individual, que possa ser re-
presentado por preposto credenciado 
(§ 4o). Ora, preposto é aquele que 
mantém vínculo empregatício com a 
ré. É que a lei exige e faz questão do 
comparecimento pessoal das partes, 
de modo a desenvolver melhor o 
processo com a tomada eventual de 
depoimento pessoal, viabilizando ain-
da, e principalmente, eventual com-
posição do litígio (caput do art. 9o). 
Além do mais, aquele que outorgou 
DOUTRINA 27
a carta de preposição ao empregado 
deve estar autorizado pelos estatutos 
da empresa. Tais elementos devem 
ser comprovados pelo réu ou seu 
representante-preposto por ocasião da 
audiência. A omissão implicará revelia 
(art. 21, Lei no 9.099/95).
Anote-se que a lei não permite, 
no processo de conhecimento ou de 
execução, qualquer forma de inter-
venção de terceiro. Há uma impreci-
são técnica na redação do artigo 10, 
da Lei no 9.099/95, pois a assistência 
repelida isoladamente é também for-
ma de intervenção de terceiro.
No processo penal, temos as 
ações penais de natureza pública in-
condicionada, na qual figuram como 
partes - o promotor, o acusado e a víti-
ma. O primeiro representa o Estado na 
persecução penal e como fiscal da lei. 
O segundo é o sujeito nuclear do pro-
cedimento e do processo. O terceiro 
passou a ser alvo de preocupação que 
refletiu ao longo da Lei no 9.099/95, 
que se ocupou da reparação de danos 
civis, como um dos seus objetivos 
preponderantes.
Nos Juizados Especiais Crimi-
nais, as funções de que estão incum-
bidos o juiz e o promotor, a despeito de 
serem distintas e independentes, estão 
imbrincadas na análise da conduta 
do suposto acusado, possibilitando, 
sempre que possível, tanto a reparação 
dos danos sofridos pela vítima, quanto 
a proposição do Ministério Público da 
aplicação imediata, pelo juiz, de pena 
restritiva de direitos ou multa, a ser 
especificada na proposta. Trata-se de 
um exercício de tutela de cidadania 
e de um esforço despenalizador, em 
compasso harmônico com os novos 
ideais, princípios e valores contempo-
râneos do Estado Democrático Social 
de Direito. A despeito de eventuais 
falhas, o modelo do Juizado Especial 
representa um avanço extraordinário 
para a realização da Justiça. 
COnClusõEs
A sociedade vem reclamando 
uma postura cada vez mais ativa do 
Judiciário, não podendo este ficar 
distanciado dos debates sociais, de-
vendo assumir seu papel de partícipe 
no processo evolutivo das nações, 
eis que é também responsável pelo 
bem comum, notadamente em temas 
como a dignidade da pessoa humana, 
a redução das desigualdades sociais e 
a defesa dos direitos de cidadania.
O Juizado Especial representa, 
verdadeiramente, o símbolo vivo da 
luta pela realização dos direitos de 
cidadania visto que, se não dermos a 
mesma dignidade a todo e qualquer di-
reito, estaremos longe de nos conside-
rarmos como partícipes de um Estado 
Democrático Social de Direito. Ele é 
um fenômeno nascido da democracia 
participativa, do amadurecimento da 
cidadania, da compreensão do Di-
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT28
reito como instância que extrapola a 
função de instrumento de prevenção/
composição de conflitos para pôr em 
prática a pacificação e a solidariedade 
social. A Lei no 9.099/95 tem como 
principal característica a humanização 
democrática das relações entre Poder 
Público e particulares, na medida em 
que concede à vítima e ao agente o po-
der de deliberação na solução de seus 
conflitos, sem a imposição de fórmulas 
legais rígidas e preconcebidas, de apli-
cação genérica, as quais presumem, de 
forma difusa, a igualdade de todas as 
situações fáticas, desconsiderando o 
caso concreto e a individualidade dos 
cidadãos. São objetivos primordiais 
dos Juizados Especiais a conciliação, a 
reparação dos danos sofridos pela víti-
ma, a aplicação de pena não privativa 
de liberdade e a transação. A possibi-
lidade de “transação” e de suspensão 
do processo nas infrações de menor 
potencial ofensivo representam duas 
importantes vias despenalizadoras, 
reclamadas há tempo pela moderna 
criminologia, pois procuram evitar a 
pena de prisão e estão proporcionando 
benefícios nunca antes imaginados, 
principalmente em favor das vítimas 
dos delitos dado que, em muitos ca-
sos, permitem a reparação dos danos 
imediatamente ou mesmo a satisfação 
moral. De outro lado, deve-se ressal-
tar que a cada cidadão é assegurado 
o direito de provar sua inocência, 
mediante a garantia constitucional 
do due process of law, no qual exercerá 
o contraditório e sua ampla defesa 
porque “ninguém será considerado 
culpado até o trânsito em julgado 
de sentença penal condenatória”. 
Verifica-se que através do instituto 
da transação penal, nos Juizados Es-
peciais Criminais há proposição, pelo 
Ministério Público, de aplicação de 
pena restritiva de direitos (prestação 
de serviços à comunidade, pagamento 
de cestas básicas a entidades carentes, 
etc.), contudo é preciso registrar que 
tal instituto processual não fere o 
devido processo legal. A uma, pois 
não há assunção da culpabilidade 
pelo autor do fato. A duas, visto que 
tal instituto despenalizador, obedece 
o preceito constitucional do artigo 98, 
I da Constituição Federal.
Graças à flexibilidade da Lei no 
9.099/95, é possível a sua aplicação 
de uma forma socioeducativa, inclu-
sive permitindo o desenvolvimento 
de projetos e parcerias que levem ao 
envolvimento da comunidade para a 
solução eficaz dos litígios. Nesse sentido, 
a prestação gratuita de serviços à comu-
nidade e o encaminhamento dos agres-
sores envolvidos em violência doméstica 
para acompanhamento psicossocial, 
bem como a utilização de tratamento 
especializado nos casos de alcoolismo 
e de envolvimento com drogas, têm se 
mostrado eficazes para consecução des-
se objetivo. Portanto, o Juizado Especial 
deve pautar-se pela transdisciplinarieda-
DOUTRINA 29
de, isto é, pela necessidade de agregar 
o conhecimento de outras ciências na 
aplicação do Direito, como a Psicologia, 
a Sociologia, etc., com o escopo de 
realizar uma abordagem que atenda de 
maneira mais eficaz a problemática das 
pessoas envolvidas. 
Os Juizados Especiais se apre-
sentam como um novo modelo de 
Judiciário, mais consentâneo com o 
perfil de Estado Democrático de Direi-
to plasmado na Constituição de 1988. 
Trata-se de uma revolução em termos 
de mentalidade dos Operadores do 
Direito (juízes, promotores de justi-
ça, advogados, defensores públicos, 
conciliadores, etc.) Constituem-se, ao 
nosso entender, na proposta mais efe-
tiva dos constituintes de modificação 
estrutural do Poder Judiciário desde a 
proclamação da República, de cunho 
político-filosófico-pragmático voltado 
para a aproximação desse segmento 
do Poder das camadas sociais mais 
sofridas, para melhor satisfação dos 
anseios dos jurisdicionados.
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—— • ——
JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 31
Jurisprudência Cível
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT32
JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 33
Acórdãos
aCiDEnTE DE TRÂnsiTO
aCiDEnTE DE TRÂnsiTO - Pa-
RaDa ObRigaTÓRia, DEsREs-
PEiTO - vElOCiDaDE suPE-
RiOR aO PERMiTiDO - CulPa 
COnCORREnTE
ACÓRDÃO Nº 372.918. Relato-
ra: Juíza Lucimeire Maria da Silva. 
Apelante: Eunice Teixeira Machado. 
Apelado: Luiz Vieira da Silva.
EMEnTa
JUIZADOS ESPECIAIS. CO-
LISÃO DE VEÍCULOS. CULPA 
EXCLUSIVA DA RÉ POR DES-
RESPEITAR SINAL DE PARADA 
OBRIGATÓRIA RECONHECIDA 
EM SENTENÇA. VELOCIDADE 
DESENVOLVIDA PELO VEÍCULO 
DO RÉU SUPERIOR AO LIMITE 
PERMITIDO DEMONSTRADA 
PELA RÉ EM CONTRAPOSIÇÃO 
À CONSTANTE DE LAUDO PE-
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT34
RICIAL. NÃO VINCULAÇÃO DO 
JUIZ AO LAUDO. APLICAÇÃO 
DO ART. 436 DO CPC. CULPA 
CONCORRENTE DO AUTOR 
RECONHECIDA.
1. O juiz não se vincula ao teor 
do laudo pericial, podendo divergir 
do seu teor para formar sua convic-
ção com base em outros elementos 
constantes dos autos, nos termos do 
art. 436 do CPC. 
2. Não obstante do laudo pe-
ricial conste a informação de que o 
limite de velocidade máxima permi-
tida no local de colisão é de 60 km/h, 
pode a informação ser desconsiderada 
se constatado ser o limite diverso, de 
40 km/h, com base em fotografias do 
local e em regra de experiência, a fim 
de se conferir à lide decisão justa e 
equânime. Aplicação dos artigos 5º e 
6º da Lei dos Juizados Especiais.
3. Demonstrado nos autos que 
o veículo do autor trafegava em ve-
locidade superior ao limite permitido 
para o local, impõe-se reconhecer a 
sua culpa concorrente no evento em 
face da contribuição do excesso de 
velocidade para a extensão dos danos 
que sofreu, os quais, por tal razão, não 
podem ser atribuídos unicamente à 
ré.
aCÓRDÃO
Acordam os Senhores Juízes da 
1ª Turma Recursal dos Juizados Espe-
ciais Cíveis e Criminais do Distrito 
Federal, LUCIMEIRE MARIA DA 
SILVA - Relatora, FLÁVIO FER-
NANDO ALMEIDA DA FONSECA 
- Vogal, LUIS EDUARDO YATSU-
DA ARIMA - Vogal, sob a presidên-
cia do Juiz FLÁVIO FERNANDO 
ALMEIDA DA FONSECA, em 
CONHECER. PROVER PARCIAL-
MENTE O RECURSO. UNÂNIME, 
de acordo com a ata do julgamento e 
notas taquigráficas.
Brasília/DF, 30 de junho de 
2009.
RElaTÓRiO
EUNICE TEIXEIRA MACHA-
DO interpôs recurso contra a sen-
tença proferida pelo MM. Juiz de 
Direito do Segundo Juizado Especial 
Cível da Circunscrição Judiciária de 
Taguatinga, nos autos da ação que 
lhe foi movida por LUIZ VIEIRA DA 
SILVA, a qual julgou parcialmente 
procedente o pedido formulado na 
inicial, condenando a ré ao pagamen-
to da importância de R$ 5.000,00, a 
título de danos emergentes, corrigidos 
desde 19.10.2007, e acrescida de juros 
moratórios a partir de 07.07.2007, 
bem como ao pagamento do importe 
de R$ 3.000,00, a título de lucros 
cessantes, corrigidos da forma retro 
mencionada.
Interpôs a ré o presente recurso 
sustentando, nas razões recursais, que 
o juiz sentenciante não analisou ade-
quadamente a dinâmica do acidente 
JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 35
ocorrido na QS 03, no sentido norte/
sul, no balão atrás do Taguatinga 
Shopping, uma vez que deixou de 
considerar a culpa concorrente do 
autor, que trafegava à velocidade de 
70 km/h, quando a permitida para a 
via era de 40 km/h (fl. 46), não obs-
tante a perícia ter constatado que a 
velocidade máxima permitida para o 
local é de 60 km/h (fl. 23).
Sustenta que o juiz sentenciante 
deixou de considerar que a velocidade 
praticada pelo autor, correspondente 
a quase o dobro da permitida para a 
via, contribuiu para a ocorrência do 
acidente, uma vez que, se estivesse 
em menor velocidade, teria tido maior 
controle do veículo, cuja consequên-
cia presumida seria a frenagem com 
maior segurança, de forma a evitar 
ou, na pior das hipóteses, a amenizar 
os resultados dele advindos. Afirma, 
em decorrência, a culpa corrente do 
autor, na mesma proporção dada por 
si, para o acidente e que não houve 
conclusão lógica entre a motivação 
da sentença e as razões do convenci-
mento do juízo quanto à exclusão da 
culpa concorrente.
Requer o reexame dos fatos para 
dar provimento ao recurso e reformar 
a sentença.
Pugna pela concessão dos bene-
fícios da justiça gratuita. 
Nas contrarrazões, o autor afir-
ma que a ré foi a causadora do aci-
dente, uma vez que a sua conduta foi 
determinante para a ocorrência do 
evento, circunstância devidamente 
constatada pela perícia, única prova 
trazida aos autos, que ressaltou a 
velocidade máxima para a via como 
sendo 60 km/h. Pugna pela impro-
cedência do recurso, bem como pela 
manutenção da sentença.
É o relatório.
vOTOs
A Senhora Juíza LUCIMEIRE 
MARIA DA SILVA - Relatora
Presentes os pressupostos de 
admissibilidade, conheço do recurso.
Interpôs a ré o presente recurso 
para o fim de postular a divisão pro-
porcional dos danos materiais e lucros 
cessantes impostos na sentença, ao 
argumento de ter o acidente ocorrido 
por culpa concorrente do autor e não 
exclusivamente sua, como entendeu 
o julgador. Para tanto, sustenta, 
como fundamento do recurso, que a 
velocidade de 70 km/h empreendida 
pelo autor era superior ao limite de 
velocidade de 40 km/h permitida para 
a via. Para corroborar a afirmativa, co-
laciona fotografias, que foram impug-
nadas pelo autor, durante a audiência 
de instrução e julgamento.
O laudo da perícia realizada no 
local evidencia, às fls. 21/23, que ‘... a 
pista (...) é devidamente sinalizada com 
placa de parada obrigatória. Quando 
dos exames, a pista estava seca e não 
apresentava deformações ou obstáculos 
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT36
que impedissem ou mesmo dificultassem 
o deslocamento normal de veículos. A 
velocidade máxima no local é de 60 km/h, 
estabelecida por placas de sinalização”. 
A informação constante do 
laudo, porém, se encontra incorreta, 
pois a velocidade máxima permiti-
da no local é de 40 km/h e não de 
60Km/h, o que é demonstrado pelas 
fotografias acostadas pela ré em seu 
recurso. Além disso, o limite de ve-
locidade de 40 km/h na referida via 
é de conhecimento geral dos que já 
transitaram pelo local, de forma que, 
por decorrer de experiência, pode tal 
dado ser aplicado nos autos, em face 
da permissão expressa contida no art. 
5º da Lei 9.099/95.
Diante disso, a informação 
constante do laudo não pode ser con-
siderada, sendo aquele afastado, nesse 
ponto,para o julgamento da demanda 
na presente fase recursal. É oportuno 
salientar inexistir óbice para tanto, 
já que o julgador não se encontra 
adstrito ao laudo, nos termos do art. 
436 do Código de Processo Civil, do 
seguinte teor:
Art. 436. O juiz não está adstrito ao 
laudo pericial, podendo formar sua 
convicção com outros elementos ou 
fatos provados nos autos.
Assim, não obstante a ré tenha 
dado causa ao acidente, por não ter 
observado a parada obrigatória para 
os veículos oriundos da pista sentido 
oeste/leste em que trafegava, para 
adentrar a via em que trafegava o 
veículo do autor sem verificar, confor-
me exigido pelo art. 34 do Código de 
Trânsito, se as condições para fazê-lo 
lhe eram favoráveis, sua conduta não 
deve ser a única a ser considerada 
quanto aos efeitos do acidente, eis 
que houve, também, culpa do réu no 
fato, já que seu veículo trafegava com 
velocidade superior ao limite admitido 
na via.
Com efeito, conforme constata-
do pela perícia, a velocidade do veícu-
lo do autor no momento da colisão era 
de 70 km/h, muito superior, portanto, 
ao limite de 40 km/h admitido para o 
local. Por tal razão, deve-se considerar 
que o excesso de velocidade desenvol-
vida contribuiu para o resultado do 
acidente, ou seja, para os danos dele 
decorrentes, pois, à evidência, que 
uma colisão em velocidade menor tem 
impacto menor e, portanto, produz 
danos menores. 
Ora, conforme dispõe o art. 
944 do Código Civil, a indenização 
por ato ilícito mede-se pela extensão. 
Logo, quanto maior a extensão, maior 
a indenização. Assim, se uma veloci-
dade maior contribui para uma maior 
extensão dos danos, razoável se mos-
tra a conclusão de que o excesso de 
velocidade desenvolvida pelo veículo 
do autor contribuiu para a extensão 
dos danos, razão pela qual não pode 
ser menosprezado. Por tal razão, não 
se mostra justo responda a ré inte-
JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 37
gralmente pelos danos decorrentes 
da colisão. 
Em outras palavras, a ré deu 
causa ao acidente, mas o autor con-
tribuiu para a extensão dos danos dele 
decorrentes. Assim, não obstante a ré 
deva ser responsabilizada pelos danos 
sofridos pelo autor, sua responsabi-
lidade deve ser mitigada de forma a 
permitir que indenize proporcional-
mente à extensão dos danos para os 
quais contribuiu diretamente, caben-
do ao autor arcar com a diferença, 
correspondente à parte da extensão 
daqueles a que deu causa, em face de 
sua culpa concorrente no evento. 
Nesse diapasão, diante da im-
possibilidade, nos presentes autos, 
de aferir a exata contribuição que o 
excesso de velocidade desenvolvida 
pelo veículo do autor deu para a 
extensão dos danos, deve-se tomar 
como parâmetro a própria velocidade 
desenvolvida por seu veículo: como 
esta era quase o dobro da permitida 
para o local, afigura-se razoável que 
a ré responda por metade dos danos 
sofridos pelo veículo do autor. Trata-
se, no caso, de aplicação da regra pre-
vista no art. 6º da Lei 9.099/95, como 
forma de aplicar ao caso uma decisão 
equânime e mais consentânea com os 
fatos narrados na inicial.
Ante o exposto, DOU PROVI-
MENTO AO RECURSO para refor-
mar a sentença e reduzir a condenação 
imposta à ré a 50% dos valores dos 
danos naquela estabelecidos.
É o voto.
O Senhor Juiz FLÁVIO FERNAN-
DO ALMEIDA DA FONSECA - Vogal
Com a Relatora.
O Senhor Juiz LUIS EDUAR-
DO YATSUDA ARIMA - Vogal
Com a Turma.
DECisÃO
Conhecido. Provido parcial-
mente. Unânime.
(aCJ 2007071034629-7, 1ª TRJE, Publ. 
EM 03/09/09; DJE, P. 79)
—— • ——
COnDOMíniO
COnDOMíniO - CRiaÇÃO DE 
aniMal DOMÉsTiCO - REgi-
MEnTO inTERnO, PROibi-
ÇÃO
ACÓRDÃO Nº 366.947. Relator: Juiz 
Asiel Henrique de Sousa. Apelante: 
Cláudio Ferreira Magalhães. Apelado: 
Condomínio do Edifício Rio Negro.
EMEnTa
DIREITO CIVIL E PROCES-
SUAL CIVIL. CRIAÇÃO DE ANI-
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT38
MAL DOMÉSTICO EM UNIDADE 
RESIDENCIAL DE CONDOMÍNIO. 
ALEGAÇÃO DE COMPROMETI-
MENTO À SAÚDE E SOSSEGO 
NO EDIFÍCIO. NORMAS IN-
TERNAS RESTRITIVAS E PROI-
BITIVAS. PREVALÊNCIA DA 
VONTADE DA MAIORIA. 1 - O 
Código Civil de 2002 e a Lei 4.591/64 
contemplam a prevalência do direito 
da maioria quando em contraposição 
a postulações minoritárias que não te-
nham conotação jurídica de proteção 
à identidade, à consciência e a valores 
étnicos de minorias. 2 - Havendo 
nas previsões normativas internas 
condominiais disposições proibitivas 
e restritivas à criação de animais do-
mésticos, afigura-se afronta à vontade 
da maioria a permanência de cão em 
unidade residencial. 3 - Recurso co-
nhecido e improvido.
aCÓRDÃO
Acordam os Senhores Juízes da 
1ª Turma Recursal dos Juizados Espe-
ciais Cíveis e Criminais do Distrito Fe-
deral, ASIEL HENRIQUE DE SOU-
SA - Relator, FLÁVIO FERNANDO 
ALMEIDA DA FONSECA - Vogal, 
LUIS EDUARDO YATSUDA ARI-
MA - Vogal, sob a presidência do Juiz 
FLÁVIO FERNANDO ALMEIDA 
DA FONSECA, em CONHECER. 
IMPROVER O RECURSO. UNÂ-
NIME, de acordo com a ata do julga-
mento e notas taquigráficas.
Brasília/DF, 23 de junho de 
2009.
RElaTÓRiO
Trata-se de ação de conhe-
cimento proposta por CLÁUDIO 
FERREIRA MAGALHÃES em face 
de CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO 
RIO NEGRO, visando à autorização 
de permanência de animal de esti-
mação nas dependências do Condo-
mínio, à suspensão da cobrança de 
multas pela manutenção do referido 
animal, bem como a condenação do 
Condomínio no pagamento de vinte 
salários mínimos a título de danos 
morais. 
Narrou que possui um cachorro 
Yorkshire Terrie e que o Condomínio, 
por possuir Convenção e Regimento 
Interno que proíbem a permanência 
de animais em suas dependências, 
exigiu a saída do animal, impondo-
lhe multa. 
Alegou que as normas do Con-
domínio estão em desacordo com a 
Constituição Federal e outras normas 
legais. 
A liminar foi deferida às fls. 
43/44, determinando ao Condomí-
nio que se abstivesse de qualquer 
ato impeditivo do direito do autor de 
manter em sua unidade residencial 
o animal de estimação descrito, sob 
pena de multa. 
Em contestação (fls. 53/56), o 
réu alegou que a proibição de manter 
JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 39
animais está prevista na Conven-
ção do Condomínio, aprovada pela 
maioria dos condôminos, e que so-
mente a assembléia tem o poder de 
modificá-la. 
Realizada a sessão de concilia-
ção, restou essa infrutífera, passando-
se à audiência de instrução e julga-
mento (fl. 52).
Sentenciando (fls. 76/79), o 
MM. Juiz a quo julgou improcedente o 
pedido do autor, revogando a decisão 
liminar que antecipou os efeitos da 
tutela.
Irresignado, apelou o autor (fls. 
83/90), alegando que os termos das 
convenções condominiais que proí-
bem a presença de animais devem ser 
relativizados, uma vez que tais normas 
objetivam impedir a permanência 
de animais que causem incômodos, 
perturbem o sossego e se constituam 
ameaça à saúde e à segurança dos 
demais moradores.
Afirmou que é necessária a 
investigação sobre o animal a fim 
de esclarecer se este causará ou não 
transtornos aos condôminos, ou, de-
vido a sua raça ou tamanho, oferecerá 
perigo aos moradores. 
Requereu a reforma da sentença 
monocrática para que seja permitida a 
permanência do cão no Condomínio 
e a extinção das multas decorrentes 
desta infração. 
Preparo regular à fl. 90. 
Contrarrazões às fls. 94/96. 
É o relatório.
vOTOs
O Senhor Juiz ASIEL HENRI-
QUE DE SOUSA - Relator
Presentes os pressupostos de 
admissibilidade, conheço do recurso 
do autor.
Trata-se de ação de conhe-
cimento visando à autorização de 
permanência de animal de estimação 
nas dependências do Condomínio, à 
suspensão da cobrança de multas pela 
manutenção do referido animal, bem 
como a condenação do Condomínio 
no pagamento de vinte salários míni-
mos a títulode danos morais. 
Julgado improcedente o pedido 
do autor, foi apresentado o presente 
recurso. 
Do compulsar dos autos, obser-
va-se que o Regimento Interno do 
Condomínio, aprovado por 2/3 dos 
condôminos (fl. 38), estabelece que é 
norma “não criar ou manter animais 
de qualquer natureza, ou pássaros 
silvestres, nas respectivas unidades 
autônomas” (item 6.0 - fl. 24).
No mesmo sentido, a Conven-
ção do Condomínio estabelece em 
seu art. 5º, alínea “j”, que são deveres 
dos condôminos manter animais 
nas respectivas unidades autônomas 
(fl. 30).
Cumpre ressaltar que as normas 
estabelecidas na Convenção e no 
Regimento Interno do Condomínio 
estão acobertadas pelos arts. 1.277 e 
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT40
1.336 do Código Civil de 2002, bem 
como pelos arts. 10 e 19 da Lei dos 
Condomínios - Lei 4.591/64. 
Assim, ao adquirir o imóvel em 
Condomínio o autor ficou vinculado 
ao estabelecido nas normas do Con-
domínio, conforme previsto no art. 
1.333 Código Civil e art. 9º, § 2º, da 
Lei 4.591/64, não podendo recusar-se 
ao seu cumprimento. 
Observa-se, ainda, que o Re-
gimento Interno do Condomínio foi 
aprovado, ressalte-se, por 2/3 de seus 
membros, em 1997, e que as penalida-
des aplicadas ao autor referem-se ao 
ano de 2008, de onde se conclui que 
o autor, ao mudar-se para o referido 
Condomínio, já sabia das regras e 
proibições lá existentes, tendo ciência 
que as alterações só podem ser reali-
zadas com a concordância de 2/3 das 
frações que compõem o Condomínio 
(fl. 39). 
A alegação de que o cão causa 
incômodos aos vizinhos também não 
merece ser acolhida, uma vez que, 
apesar de o autor juntar declaração 
do veterinário sobre a boa saúde e 
docilidade do animal (fl. 11) e os 
respectivos comprovante de vacina-
ção e vermifugação (fls. 12/13), estes 
documentos nada atestam sobre o 
sossego, salubridade e segurança dos 
outros moradores.
Por sua vez, a declaração de bom 
comportamento do cão entregue pelo 
autor (fl. 15) também não contribui 
para atestar o incômodo aos outros 
moradores, uma vez que apresenta a 
assinatura de apenas 13 (treze) con-
dôminos, sendo que o Condomínio 
possui 42 apartamentos (fl. 29), ou seja, 
o número de moradores que aceita a 
permanência do animal é bem inferior 
à metade dos moradores, não servido 
para comprovar a vontade da maioria, 
muito menos para alterar o Regimento 
Interno, onde o quorum necessário é 
de 2/3 dos condôminos em assembléia 
específica designada com esse fim.
Nesse sentido já se manifestou 
esta Corte:
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL 
CIVIL. REVELIA. PRESUNÇÃO 
DE VERACIDADE DOS FATOS 
ALEGADOS PELO AUTOR. 
OCORRÊNCIA. CRIAÇÃO DE 
ANIMAL DOMÉSTICO EM 
UNIDADE RESIDENCIAL DE 
CONDOMÍNIO. ALEGAÇÃO 
DE COMPROMETIMENTO À 
SAÚDE E SOSSEGO NO EDI-
FÍCIO. NORMAS INTERNAS 
RESTRITIVAS E PROIBITIVAS. 
PREVALÊNCIA DA VONTADE 
DA MAIORIA. SENTENÇA RE-
FORMADA.
(...)
2 - O ordenamento jurídico contempla 
a prevalência do direito da maioria 
quando em contraposição a postu-
lações minoritárias que não tenham 
conotação jurídica de proteção à 
identidade, à consciência e a valores 
étnicos de minorias.
JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 41
3 - Havendo nas previsões normativas 
internas condominiais disposições 
proibitivas e restritivas à criação de 
animais domésticos, afigura-se afronta 
à vontade da maioria a permanência 
de cão em unidade residencial (APC 
20030710032857, 4ª Turma Cível, 
Relator Des. Angelo Passareli, julgado 
em 29/08/2007, DJU 13/09/2007).
Assim, apesar de toda irresigna-
ção do autor, há de ser preservada a 
vontade da maioria, que decidiu, com 
um quorum qualificado, a proibição de 
animais no Condomínio.
A violação às normas do condo-
mínio dá ensejo à aplicação das pena-
lidades previstas nelas mesmas, não 
havendo espaço para a intervenção 
do Poder Público, a não ser quando 
as referidas normas convencionadas 
se sobrepujam à lei. A flexibilização 
dessas normas tem lugar quando para 
proteger interesse de outra grandeza, 
como em razão de saúde, o que não 
é o caso. 
Diante do exposto, conheço do 
recurso e NEGO-LHE PROVIMEN-
TO, mantendo incólume a sentença 
atacada. 
Nos termos do artigo 55 da 
Lei dos Juizados especiais (Lei nº 
9.099/95), condeno o apelante ao 
pagamento das custas processuais e 
honorários advocatícios, estes fixados 
em 10% (dez por cento) do valor da 
condenação.
É o voto.
O Senhor Juiz FLÁVIO FER-
NANDO ALMEIDA DA FONSECA 
- Vogal
Com o Relator.
O Senhor Juiz LUIS EDUAR-
DO YATSUDA ARIMA - Vogal
Com a Turma.
DECisÃO
Conhecido. Improvido. Unâ-
nime.
(aCJ 2008061005884-8, 1ª TRJE, Publ. 
EM 27/07/09; DJE, P. 207)
—— • ——
DanO MORal - Cia. aÉREa
DanO MORal - Cia. aÉREa - 
EXTRaviO DE bagagEM
ACÓRDÃO Nº 376.287. Relator: 
Juiz César Loyola. Apelante: Gol 
Transportes Aéreos S/A. Apelado: 
James Maxwell Brito Coelho.
EMEnTa
DANO MORAL. EXTRAVIO DE 
BAGAGEM. ATRASO INJUS-
TIFICADO EM VOO. DANO 
MORAL VERIFICADO. NÃO 
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT42
COMPROVAÇÃO DE QUE NA 
BAGAGEM EXTRAVIADA HA-
VIA UMA CÂMERA FOTO -
GRÁFICA. RESSARCIMENTO 
INCABÍVEL. O extravio da baga-
gem, ficando o passageiro, em solo 
estrangeiro, privado de seus per-
tences pessoais, bem como o atraso 
injustificável, por longas horas, no 
embarque, são fatos que refletem 
de forma negativa causando angús-
tias e sofrimentos, evidenciando o 
dano moral. Incabível o pedido de 
ressarcimento se o passageiro não 
comprova que na bagagem havia 
uma câmera fotográfica, haja vista 
que tal objeto deve ser transportado 
na bagagem de mão, conforme as 
normas da empresa aérea. Recurso 
parcialmente provido.
aCÓRDÃO
Acordam os Senhores Juízes da 
2ª Turma Recursal dos Juizados Espe-
ciais Cíveis e Criminais do Tribunal de 
Justiça do Distrito Federal e dos Ter-
ritórios, CÉSAR LOYOLA - Relator, 
TAVERNARD LIMA - Vogal, EDI 
MARIA COUTINHO BIZZI - Vogal, 
sob a presidência do Juiz TAVER-
NARD LIMA, em CONHECER E 
DAR PARCIAL PROVIMENTO AO 
RECURSO, POR UNANIMIDADE, 
de acordo com a ata do julgamento.
Brasília (DF), 25 de agosto de 
2009.
RElaTÓRiO
JAMES MAXWELL BRITO 
COELHO propôs ação de indeniza-
ção por danos materiais e morais em 
contra de GOL LINHAS AÉREAS 
INTELIGENTES S.A, em face de 
extravio de bagagem, sumiço e danifi-
cação de objetos embarcados, e atraso 
injustificado no embarque. 
A sentença julgou parcialmente 
procedente o pedido para condenar a 
ré a pagar ao autor a importância de 
R$ 2.000,00 (dois mil reais), a título 
de indenização por danos morais, e 
R$ 631,37 (seiscentos e trinta e um 
reais e trinta e sete centavos), pelos 
danos materiais.
Inconformada, a recorrente 
alega que o Código de Defesa do 
Consumidor não é aplicável ao caso, 
mas sim o Código Civil e o Código 
Brasileiro de Aeronáutica; que o 
recorrido não comprovou que os ob-
jetos mencionados na inicial estavam 
dentro da mala, ou que embalou as 
garrafas de vinho de forma adequada, 
sendo descabida a inversão de provas. 
Afirma que o recorrido assinou termo 
de limite de responsabilidade, pelo 
qual estava ciente que a Gol não se 
responsabilizaria por prejuízos com a 
caixa de bebidas. Alega que não estão 
presentes os elementos caracterizado-
res da responsabilidade civil, seja no 
tocante aos danos materiais ou morais. 
Pede, ao final, a reforma da sentença 
para que a condenação seja afastada 
JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 43
ou então que o valor da indenização 
seja reduzido. 
A parte contrária não apresen-
tou contrarrazões.
vOTOs
O Senhor Juiz CÉSAR LOYO-
LA - Relator
Presentes os requisitos legais, 
conheço do recurso. 
O autor chegou ao destino, 
Santiago-Chile, às15hs e 30min, e 
sua bagagem somente foi entregue 
no hotel na madrugada. Ao receber a 
mala,percebeu a ausência do cadeado. 
Ao abri-la, verificou que seus objetos 
estavam revirados, e faltava uma câ-
mera digital. 
Na volta ao Brasil, após esperar 
mais de 10 horas no aeroporto de 
Santiago, embarcou com uma mala 
e uma caixa contendo 4 garrafas de 
vinho. Depois de 20 horas, chegou a 
Brasília. Ao pegar a caixa de vinhos, 
na esteira de bagagem, verificou que 
a mesma estava danificada. Posterior-
mente, em casa, constatou que uma 
garrafa estava quebrada. 
Inicialmente, destaco que incide 
à hipótese o Código de Defesa do Con-
sumidor, haja vista que o passageiro 
insere-se no conceito de consumidor, 
e a companhia aérea na condição de 
prestadora de serviços. 
Nesse sentido é a iterativa ju-
risprudência das Turmas Recursais, 
do Tribunal de Justiça e do Superior 
Tribunal de Justiça:
TRANSPORTE AÉREO - ATRA-
SO DE VOO E EXTRAVIO DE 
BAGAGEM - DANO MORAL - 
CÓDIGO DE DEFESA DO CON-
SUMIDOR E CONVENÇÃO DE 
VARSÓVIA - DANOS MATE-
RIAL E MORAL FIXADOS EM 
PRIMEIRO GRAU - APELAÇÃO 
- REFORMA DA SENTENÇA - 
RECURSO ESPECIAL - PRETEN-
DIDA REFORMA - SENTENÇA 
DE 1º GRAU RESTABELECIDA 
- RECURSO ESPECIAL CONHE-
CIDO E PROVIDO EM PARTE.
I - Prevalece o entendimento na 
Seção de Direito Privado “de que 
tratando-se de relação de consumo, 
em que as autoras figuram inques-
tionavelmente como destinatárias 
finais dos serviços de transporte, 
aplicável é à espécie o Código de 
Defesa do Consumidor” (REsp 
538.685, Min. Raphael de Barros 
Monteiro, DJ de 16/2/2004).
II - De igual forma, subsiste orientação 
da E. Segunda Seção, na linha de que 
“a ocorrência de problema técnico é 
fato previsível, não caracterizando 
hipótese de caso fortuito ou de força 
maior”, de modo que “cabe indeniza-
ção a título de dano moral pelo atraso 
de voo e extravio de bagagem. O dano 
decorre da demora, desconforto, afli-
ção e dos transtornos suportados pelo 
passageiro, não se exigindo prova de 
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT44
tais fatores” (Ag. Reg. No Agravo n. 
442.487-RJ, Rel. Min. Humberto Go-
mes de Barros, DJ de 09/10/2006).
III - Recurso especial conhecido em 
parte e, nessa extensão, provido tam-
bém em parte, para restabelecer-se 
a sentença de primeiro grau, fixada 
a indenização por dano material 
em R$194,90 e, por seu turno, a 
relativa ao dano moral na quantia de 
R$5.000,00, atualizáveis a contar da 
data da decisão do recurso especial.
(REsp 612.817/MA, Rel. Ministro 
HÉLIO QUAGLIA BARBOSA, 
QUARTA TURMA, julgado em 
20/09/2007, DJ 08/10/2007 p. 
287)
CIVIL. CÓDIGO BRASILEIRO 
DE AERONÁUTICA. CÓDIGO 
DO CONSUMIDOR. BILHETE 
ÁEREO. EXTRAVIO DE BAGA-
GEM, LOCALIZADO QUATRO 
DIAS APÓS O AUTOR CHEGAR 
AO SEU DESTINO, EM LOCAL 
TURÍSTICO. DANO MATERIAL 
E DANO MORAL EXISTENTE. 
INDENIZAÇÕES CABÍVEIS. 
SENTENÇA CONFIRMADA. 
1. A ação envolve relação de consumo 
entre o hipossuficiente e a empresa de 
transporte aéreo. Responsabilidade 
objetiva. 
2. Não se aplicam as disposições do 
Código Brasileiro de Aeronáutica, 
no presente caso, posto que patente 
a relação de consumo havida ente o 
autor e a ré no contrato de transpor-
te de pessoa. Aplicação do CDC.
3. É cabível o ressarcimento das des-
pesas feitas pelo autor para adquirir 
novos objetos pessoais contidos na 
mala extraviada, uma vez que se en-
contrava em hotel, em local turístico, 
não dispondo de outro meio para suprir 
a ausência desses bens. 
4. Há dano moral indenizável, diante 
do fato da angústia do autor em ficar 
sem seus pertences por quatro dias, 
em local turístico em período de férias, 
privado de suas roupas e acessórios 
adequados para o veraneio. 
5. Pela sucumbência, arcará a recor-
rente com o pagamento das custas 
processuais e honorários advocatícios 
calculados à razão de 10% (dez por 
cento) sobre o valor da condenação, 
devidamente corrigidos.
6. Recurso conhecido e improvido. Sen-
tença mantida na forma que foi lança-
da, fl 05/07.(20080110040777ACJ, 
Relator LEONOR AGUENA, 
Segunda Turma Recursal dos Juiza-
dos Especiais Cíveis e Criminais do 
D.F., julgado em 24/03/2009, DJ 
04/05/2009 p. 222)
Rejeito, pois, a alegação. 
Na contestação, a Recorrente 
não nega ter havido o extravio da 
bagagem, que somente de madrugada 
foi entregue no hotel em que se en-
contrava o Recorrido. Não contesta, 
também, que a bagagem foi entregue 
avariada, e que na viagem de retorno, 
teve o recorrido que amargar longas 
JURISPRUDÊNCIA CÍVEL – ACÓRDÃOS 45
horas de espera para embarcar de 
retorno ao Brasil.
Esses dois fatos acima menciona-
dos, incontroversos, haja vista que não 
foram impugnados, tem aptidão para 
interferir na esfera psíquica e certa-
mente causaram angústias e situação 
desconfortável ao autor/recorrido, 
que ficou privado de seus pertences 
pessoais em solo estrangeiro, presu-
mindo-se, pelas regras de experiência, 
a ocorrência do dano moral. 
Nesse sentido, o precedente 
abaixo:
EXTRAVIO DE BAGAGEM. DA-
NOS MORAIS. VALOR.
1.No caso de extravio de bagagem, o 
dano moral é presumido, não sendo 
necessária a prova do prejuízo e nem 
a intensidade do sofrimento experi-
mentado pelo ofendido, sendo certo 
que o extravio de bagagem, por si só, 
mostra-se hábil a configurar dano 
moral, passível de ser indenizado. 
2.O valor da indenização deve ser 
fixado considerando-se a lesão sofrida, 
a condição financeira do réu e o cará-
ter pedagógico e punitivo da medida, 
ponderando-se pela proporcionali-
dade e razoabilidade, evitando-se o 
enriquecimento sem causa do autor.
(20080810004225ACJ, Relator 
ASIEL HENRIQUE, Primeira Tur-
ma Recursal dos Juizados Especiais 
Cíveis e Criminais do D.F., julgado 
em 16/12/2008, DJ 30/06/2009 p. 
159)
Saliento que o fato de ter ado-
tado todos os procedimentos neces-
sários para a localização da bagagem 
não isenta a companhia aérea de 
responsabilidade pelos danos gerados 
pelo fato, ou seja, pela não entrega da 
mala no momento do desembarque do 
passageiro.
Tenho que o valor fixado para 
a indenização pelos danos morais, R$ 
2.000,00, está adequado, consideran-
do o grau de culpa e a inexistência de 
repercussões mais graves. 
No tocante aos danos materiais, 
a pretensão do autor/recorrido diz res-
peito ao sumiço de uma câmera digital 
e um cartão de memória, que estariam 
na bagagem extraviada, e à garrafa de 
vinho, quebrada durante o transporte 
no retorno ao Brasil. 
É incontroverso que a bagagem 
foi entregue avariada, mas o recorrido 
não comprovou que entre os perten-
ces estava a câmera fotográfica. No 
caso, não há como inverter o ônus 
probatório, haja vista que é impossí-
vel à companhia aérea provar que o 
objeto não estava na mala. 
Demais disso, em se tratando 
de produto eletrônico, deveria ter 
sido conduzido na bagagem de mão, 
conforme as normas da companhia 
aérea.
Portanto, cabia ao recorrido, 
nos termos do artigo 333, I, do CPC, 
provar que havia, entre os pertences, 
uma máquina fotográfica, não tendo 
se desincumbido desse ônus. 
REVISTA DOS JUIZADOS ESPECIAIS – TJDFT46
Quanto a quebra da garrafa de 
vinho, os argumentos do apelante são 
improcedentes. Se as garrafas de vinho 
não estavam embaladas corretamente, 
como afirma, a empresa não deveria 
tê-las admitido quando do despacho. 
Note-se que nas próprias razões re-
cursais constam informações extraídas 
do site da empresa (fl.98), no sentido 
de que artigos frágeis “somente serão 
aceitos como bagagem se estiverem 
devida e adequadamente embaladas”. 
Sendo assim, se a caixa contendo as 
garrafas de vinho foi aceita e des-
pachada, presume-se que estavam 
adequadamente embaladas quando 
recebida. 
Em face do exposto, quanto 
aos danos materiais a sentença deve 
ser mantida apenas no tocante ao 
valor da garrafa de vinho quebrada 
durante o transporte, excluindo-se 
o valor da câmera fotográfica e do

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