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ABORDAGEM DO PACIENTE COM DOR ABDOMINAL Alan Alves de Lima Cidrão SEMIOLOGIA MÉDICA Julho/2025 Aspectos gerais • Queixa comum • Condições benignas • Condições graves • Condições diferentes podem apresentar padrão de dor semelhante Observar x Intervir Fisiopatologia da dor abdominal • Receptores de dor (serosa, mesentério, parede de vísceras ocas): estímulos químicos e mecânicos • Estímulos: estiramento, distensão, contração, compressão, torção • Localização: • Linha média: maioria dos órgãos (inervação bilateral) • Lateralizada: órgãos com inervação unilateral (rim, ureter, ovário) • Exceções: vesícula, cólon ascendente, cólon descendente (inervação bilateral, dor lateralizada) • Dor referida: • Localizada nos dermátomos que compartilham os níveis de entrada medulares das dores viscerais Etiologias por topografia Etiologias por topografia Avaliação Clínica – História Características da dor • Dor aguda x Dor crônica x Agudizada • Velocidade de instalação (progressiva, súbita) • Localização / Irradiação • Qualidade (ex: queimação, cólica, em faixa) • Intensidade (pode ter relação com a gravidade) • Fatores precipitantes/alívio (ex: alimentação, posição, intolerância alimentar) Avaliação Clínica – História Sintomas associados • Sintomas TGI: náuseas, vômitos, diarreia, constipação, hemorragia digestiva, mudança coloração das fezes • Sintomas geniturinários: urgência, disúria, hematúria, atraso menstrual, corrimento genital • Sintomas constitucionais: febre, calafrios, anorexia, perda de peso • Sintomas cardíacos/pulmonares: dispneia aos esforços, tosse, ortopneia Avaliação Clínica – História Outros aspectos importantes • Uso de medicações: AINEs, corticóides, ATB • Cirurgia abdominal prévia • Fatores de risco cardiovasculares, fibrilação atrial • Tabagismo, etilismo • História familiar de câncer, DII Avaliação Clínica – Exame Físico • Sinais vitais – Podem indicar gravidade • Inspeção (att: posição do paciente), Ausculta (att: ruídos de luta), Percussão (timpanismo, macicez móvel), Palpação (organomegalia, massas, dor, pesquisa de hérnia de parede, sinais de irritação peritoenal) • Exame retal (fecaloma, apendicite retrocecal, doenças da próstata) • Exame pélvico (mulheres com suspeita de doenças pélvicas) • Outros (pesquisar sinais de icterícia, sinais de doenças cardíacas, sinais sistêmicos de DII) Avaliação Clínica – Exames complementares • Laboratório: De acordo com a hipótese (Hmg, VHS, PCR, eletrólitos, FR, função hepática, enzimas pancreáticas, B-hCG, EAS) • Imagem: De acordo com a hipótese (USG, TC, RM/ColangioRM, Colonoscopia, EDA, ECG, RX tórax) Sinais de alarme Considerações Sobre Abdome Agudo Não-Traumático • Síndrome dolorosa abdominal, não traumática, súbita, que necessita de intervenção imediata. • Inflamatório: apendicite, colecistite, pancreatite, diverticulite • Obstrutivo: hérnias, aderências, neoplasia, fecaloma, íleo paralítico • Perfurativo: neoplasias, processos inflamatórios, corpos estranhos, iatrogenia • Vascular/Isquêmico: FA, valvopatias, idade avançada, tabagismo (alta mortalidade, exame desproporcional) • Hemorrágico: ruptura de tumores, aneurisma de aorta, gravidez ectópica Abdome Agudo Não-Traumático (Manobras e Sinais Clássicos) • Sinal de Blumberg: dor à descompressão brusca do ponto de McBurney (apendicite) • Sinal de Rovsing: Dor na fossa ilíaca à compressão da fossa ilíaca esquerda (apendicite) • Sinal do obturador: dor hipogástrica e FID á flexão e rotação externa do quadril direito (apendicite) • Sinal do ileopsoas: dor em PID á extensão passiva do quadril direito (apendicite) Abdome Agudo Não-Traumático (Manobras e Sinais Clássicos) • Sinal de Chandelier: dor intensa à movimentação do colo uterino (DIPA) • Sinal de Jobert: hipertimpanismo em loja hepática (pneumoperitônio) • Sinal de Giordano: dor à percussão da loja renal (pielonefrite) • Sinal de Corvoisier-Terrier: palpação da vesícula biliar (neoplasia) • Sinal de Murphy: Interrupção da respiração à compressão do HD (Colecistite) Abdome Agudo Não-Traumático (Manobras e Sinais Clássicos) • Sinal de Cullen e Gray-Turner: equimose periumbilical e flancos (sangramento intra ou retroperitoneal - pancreatite) Abdome Agudo Não-Traumático (Sinais Clássicos em Exames de Imagem) Abdome Agudo Não-Traumático (Sinais Clássicos em Exames de Imagem) Considerações Sobre o Tratamento do Abdome Agudo Não-Traumático • Estabilização clínica • Dieta zero + descompressão gástrica (aliviar distensão gástrica e vômitos) • Analgesia + antieméticos (cuidado para não mascarar sintomas) • Correção DHE • ATBterapia (infecção bacteriana, peritonite, sepse abdominal) • Tratamento cirúrgico, quando indicado (individualizado) Referências ABORDAGEM DO PACIENTE COM ICTERÍCIA Alan Alves de Lima Cidrão SEMIOLOGIA MÉDICA Julho/2025 Aspectos gerais • A icterícia é um sinal caracterizado pela coloração amarelada da pele, esclera e mucosas. • Aumento das bilirrubinas (geralmente > 2,5 – 3 mg/dL) Metabolismo da Bilirrubina Classificação e Etiologia das Icterícias • Aumento da produção de bilirrubina: anemias hemolíticas/eritropoiese ineficaz, reabsorção hematomas/hemorragias internas • Captação reduzida pelo hepatócito: drogas, alguns casos de síndromde de Gilbert • Conjugação prejudicada: icterícia fisiológica do RN, Crigler-Najar I e II, Gilbert, doença hepatocelular difusa • Excreção hepatocelular reduzida: deficiência de transportadores de membrana (Dubin- Johnson) • Fluxo biliar prejudicado: colestase Avaliação do paciente com icterícia • História clínica • Exame físico • Exames laboratoriais Hipóteses Exames complementares Avaliação do Paciente com Icterícia – História • Medicações, suplementos, drogas, substâncias tóxicas • Consumo de álcool • Risco para hepatites, HIV • Cirurgias abdominais, incluindo vesícula • História de desordens genéticas, incluindo hemólises • Sintomas associados: • Surgimento/Piora de icterícia em situações de estresse (Sd Gilbert?) • Febre, calafrios, dor QSD, história prévia de cirurgia biliar (colangite?) • Anorexia, mal estar, mialgia, acolia fecal (hepatites virais?) • Perda ponderal (neoplasia?) Avaliação do Paciente com Icterícia – Exames laboratoriais BT e frações, FA, GGT, AST, ALT, INR, Albumina Padrão colestático Padrão hepatocelular Hiperbilirrubinemia isolada Aumento desproporcional de FA em relação às transaminases Aumento desproporcional das transaminases em relação a FA Elevação isolada de bilirrubinas Bilirrubinas podem estar elevadas Bilirrubinas podem estar elevadas Transaminases normais Função hepática pode estar normal Função hepática pode ser normal FA normal Padrão colestático Padrão hepatocelular Hiperbilirrubinemia Direta Isolada • Sd Dubin-Johnson • Sd Rotor Hiperbilirrubinemia Indireta Isolada Referências