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ÍNDICE SOBRE O AUTOR.................................................................................................................................................................3 PREFÁCIO......................................................................................................................................................................5 INTRODUÇÃO .........................................................................................................................................................................8 CAPÍTULO 1: AQUECENDO AS MÃOS E A CABEÇA.............................................................................................11 CAPÍTULO 2: O CÓDIGO DA MATRIX...........................................................................................................................18 CAPÍTULO 3: O SIGNIFICADO DAS FORMAS............................................................................................................34 CAPÍTULO 4: COMO ENXERGAR O CÓDIGO NO DIA A DIA...................................................................................42 CAPÍTULO 5: SE TORNANDO O ESCOLHIDO.............................................................................................................56 CAPÍTULO 6: EXERCÍCIOS PARA VOCÊ PRATICAR TUDO QUE APRENDEU ATÉ AGORA.............................65 CAPÍTULO 7: CRIANDO UMA ROTINA DE DESENHO E DICAS PARA MANTER A PRÁTICA...................72 O FIM (QUASE)...................................................................................................................................................................76 SOBRE O AUTOR Eu me lembro claramente de um dos primeiros desenhos que fiz na vida. Com apenas 3 ou 4 anos, minha paixão por carrinhos me levou a criar este desenho simples aqui ao lado. Tem duas coisas que acho muito interessante sobre esse carrinho. A primeira é que por mais simples que ele seja, dá pra ver que é um carro. E a segunda é que desde cedo eu já estava usando as formas básicas (círculo, quadrado e triângulo) para fazer minhas criações! Hoje eu percebo que existe um motivo para isso. Desde muito pequenos, somos introduzidos a essas formas, seja por meio de brinquedos ou livros infantis, e elas são realmente muito memoráveis. Por isso, é fácil para uma criança reproduzi-las e, em vez de ficar travada dian- te de uma imagem complexa e não conseguir desenhar, ela usa essa limitação e arranja as formas que conhece para criar algo que faça sentido! Depois desse carrinho continuei desenhando um pouquinho todo dia, aprendendo coisas novas cada ano que se passava, comecei a estudar anatomia, luz e sombra, perspectiva, to- dos os conceitos básicos que podemos pensar. Nesse tempo criei muitos outros desenhos, preenchi cadernos, escrevi histórias em quadrinhos, pintei quadros, animei personagens, fiz meu próprio curta metragem e mais ou menos 24 anos depois estou aqui entregando parte do meu conhecimento para você na forma deste livro. Depois de passar a minha vida inteira desenhando, hoje meu objetivo é mostrar que desenho é algo que qualquer pessoa pode aprender, independentemente de seu ponto de partida. Ao compreender e aplicar a teoria das formas, você também será capaz de transformar ideias em realidade, assim como eu fiz desde aquele primeiro carrinho! 04. SOBRE O AUTOR PREFÁCIO Meu objetivo com este livro é mostrar o caminho para você se tornar o mestre dos desenhos. Aquele que domina o elemento do traço e é capaz de criar um universo inteiro apenas com a própria imaginação! Vou te mostrar o método que eu uso para enxergar o mundo através de formas e, depois, como manipulo essas formas para conseguir desenhar qualquer coisa. Mas, antes de começarmos, eu tenho quatro coisas MUITO importantes para te falar! E eu quero que você lembre disso não só enquanto estiver praticando os exercícios do livro, mas toda vez que você for desenhar. PREFÁCIO 06. Não existe certo ou errado. Estamos falando de artes, o lugar onde podemos inventar o que quisermos! O certo é a sua visão, o errado é quando a sua visão não fica clara no papel. Para inventar, primeiro precisamos conhecer. Só podemos inventar um dragão depois de ter visto uma lagar- tixa e um morcego: assim juntamos as duas referências para inventar nosso monstro! Não tenha medo! Na maioria das vezes, temos medo de errar; por isso, nem tentamos desenhar, mas ninguém precisa ver seu caderno. Faz parte da jornada errar e errar muito! Se eu te mostrasse meus cadernos antigos, você nem imagina as atrocidades que eu já cometi... Mas, quando só nos soltamos e colocamos no papel, podemos errar e entender o que precisa melhorar. E eu te garanto: esse é o único caminho para melhorar! Divirta-se. Desenho é pra ser algo divertido, não estressante! Então se não estiver conseguindo desenhar al- guma coisa muito complexa, pare e vá desenhar alguma coisa mais confortável, algo que você faz sempre. Às vezes, precisamos soltar a mão e relaxar a cabeça antes! Afinal de contas, você não deve nada para ninguém. Não se compare com os outros, só se compare com você mesmo de ontem! Cada um tem seu ritmo, seus de- safios e sua própria jornada e a sua começa agora! Se você começar a se sentir inseguro ao longo da jornada, volte nessa parte e leia novamente para lembrar do que eu te falei! Nunca tenha medo de usar referência!!! Como você vai desenhar um pato se você nunca viu um pato antes? 07. QUAC K! QUACK! INTRODUÇÃO 09. INTRODUÇÃO Com a mente no lugar certo, podemos dar início à nossa jornada! Para começarmos, vou passar algumas recomendações e sugerir alguns materiais para usarmos nos exercícios do livro. Você pode seguir tudo o que vou mostrar tanto no digital quanto no papel! Mas eu recomendo demais que você faça no papel, porque lá, não existe “ctrl Z” e o seu maior professor (além de mim claro hehe) são os seus próprios erros! Eu sei que dói desenhar um rosto todo bonito e, na hora de fazer os olhos, um deles sai torto... Dá até vergonha de olhar para o papel... mas é essa dor que vai fazer você querer melhorar e fazer de novo! E outra coisa: ninguém está olhando, então para que ter vergonha? Pense no caderno como o seu diário: é só seu e ninguém precisa ver. 10. Sem mais delongas, recomendo que você use os seguintes materiais: Caderno ou folhas de papel soltas (Realmente não precisa ser nenhum papel chique); Alguns lápis coloridos (eu gosto de vermelho, azul e verde); Uma caneta preta (pode ser uma caneta nanquim ou esferográfica). E é isso! Ao longo do livro vai ficar claro qual material será necessário usar em cada exercício. Mas o mais importante é você usar materiais que você se sinta confortável e que te dão vontade de usar! Não precisa ser caro, nem barato, quem faz a arte é o artista, não o material ;) CAPÍTULO 1: AQUECENDO AS MÃOS E A CABEÇA 12. Colocamos nossa mente no lugar certo, temos os nossos materiais, agora só precisamos colocar o nosso corpo no lugar certo, afinal desenho é uma atividade tão mental quanto física. É como se nossas mãos fossem a impressora da nossa mente! A criatividade é como um músculo! E do mesmo jeito que, quando vamos nos exercitar, precisamos alongar, aqui eu vou te mostrar alguns exercícios para soltarmos a mão e “alongarmos” a nossa criatividade! Isso também vai ajudar a gente a ficar menos inse- guros, porque no final de contas, só vamos fazer alguns rabiscos no papel, então por que ter medo de errar? AQUECENDO AS MÃO E A MENTE 13. Com um lápis ou uma caneta, vamos imaginar que existe um retângulo no papel (figura 1) e vamos tentar preencher ele só com riscos na diagonal (figura 2), tentando manter eles dentro desse perímetro invisível. Faça isso 3 vezes, mudando o ângulo dos riscos em cada um deles. (1) (2) Esse exercício vai aquecer o seu pulso e vai ajudar na sua coordenação motora entre mão e visão. Mais exemplos: 14. Com um lápis ou uma caneta e - MUITO IMPORTANTE - com o cotovelo apoiado na mesa,vamos tentar traçar várias linhas retas, uma paralela à outra. Pode ser em qualquer direção, o interessante aqui é tentarmos deixar elas com o mesmo espa- çamento e o mais reto possível. O ideal é sempre desenharmos com o cotovelo na mesa, pois assim tiramos a pressão do nosso pulso e deixamos que o nosso braço (que é muito mais forte) faça o trabalho pesado. O cotovelo ajuda a estabilizar nosso traço, pois serve como âncora. Esse exercício vai te dar mais confiança para fazer traços mais fluidos e menos picados. 15. Com um lápis ou uma caneta, vamos tentar fazer alguns círculos pelo papel com apenas um traço. Algo que pode ajudar é fazer- mos um círculo “fantasma” antes de de fato colocar a ponta do lápis no papel. Comece a fazer um movimento circular com a mão e vá descendo até que a ponta encoste no papel e, de fato, o seu círculo seja traçado! Não se preocupe em fazer círculos perfeitos. O mais importante é dar o seu melhor para fechar os círculos com um único traço. Isso vai unir tudo que usamos nos exercícios anteriores, pois vamos aprender a confiar no nosso traço e, ao mesmo tempo, exercitar a coordenação motora para fechar o círculo de uma vez só! 16. Ex.4: Com um lápis ou uma caneta, faça dois pontos aleatórios no papel. Agora sua missão é unir os dois pontos. Coloque a pon- ta do lápis em um dos pontos e, com um único movimento, trace uma reta até o outro ponto. Lembrando de apoiar o cotovelo na mesa como eu já te mostrei algumas páginas atrás! Esse exercício vai ser ótimo para trabalhar a sua confiança no traço e sua coordenação entre olho e mão. 17. Você pode repetir esses exercícios quantas vezes quiser. Inclusive recomendo que sempre antes de começar a desenhar faça pelo menos um deles para se soltar e chegar mais con- fiante no desenho! MAS AGORA QUE JÁ ESTAMOS AQUECIDOS, VAMOS AO QUE INTERESSA… CAPÍTULO 2: O CÓDIGO DA MATRIX 19. Agora que nossos músculos estão aquecidos, posso te introduzir ao método que irá mudar a sua vida como desenhista. Uma vez que você decidir prosseguir com esses ensinamentos, não há mais volta, você nunca mais verá o mundo como via antes… ENTÃO AGORA VOCÊ PRECISA ESCOLHER: Você toma a pílula azul, fecha o livro e volta para a sua vida normal, ou você toma a pílula vermelha e eu te mostro como entender e manipular o código da vida... 20. ÓTIMA ESCOLHA. 21. Quando eu te mostro essa imagem, você provavelmente está acostumado a olhar para isso e pensar: Ah, é um cavalo! Mas e se eu te disser que na verdade isso é apenas um conjunto de peças organizadas de uma forma específica para te enganar que é um cavalo? 22. Veja bem, tudo na vida é formado por essas três formas básicas: o círculo, o quadrado e o triângulo. E o meu trabalho aqui é te mostrar como ler esse código na vida para que depois você possa manipulá-lo como quiser e criar o seu próprio mundo. 23. Voltando para o nosso amigo aqui (o cavalo), se olharmos bem, a cabeça do cavalo é apenas um trapézio (que é uma variante do quadrado) com uma bola na ponta, dois triângulos menores em cima para as orelhas, um pequeno triângulo para o olho e um trapézio grande para o pescoço. Quando apagamos a imagem do cavalo e deixamos só as formas, ainda é possível ver o cavalo, não é mesmo? 24. Vamos para o nosso exercício da vez: olhe para a estrutura da cabeça do cavalo abaixo por 10 segundos. Em seguida, sem olhar para ela, tente copiar! Faça esse exercício pelo menos três vezes para ter certe- za de que as formas ficaram gravadas na sua memória. É muito importante que você olhe por apenas 10 segundos e não mais do que isso, porque assim vamos colocar nosso cérebro em um processo de leitura e síntese das formas que estamos olhando! 25. Se você conseguiu fazer uma estrutura bem pa- recida com a minha nas três tentativas, muito bem! Caso contrário, volte, observe a estrutura por mais 10 segundos e tente novamente! 26. Agora, sabe por que foi fácil lembrar do cavalo quando pensamos só nas formas básicas? Porque é muito mais fá- cil lembrarmos de círculos, quadrados e triângulos, que são formas que já estamos acostumados desde sempre, do que a forma complexa de um cavalo! O interessante é que, uma vez que temos essa base das formas, podemos distorcer elas como quisermos para inventar novas criaturas que derivam do cavalo! Mas vamos falar mais sobre como manipular o código da matrix mais para frente! 27. O que precisamos entender até agora é que com essas três formas, podemos analisar qualquer coisa do mun- do e traduzí-la como fizemos com o cavalo, por exemplo: 28. É importante lembrar que as formas básicas também têm suas variantes, como já mencionei antes. Por isso, podemos ser criativos ao escolher quais formas usar em cada situação. Aqui alguns exemplos: 29. E para ter certeza de que estamos em sintonia nessa primeira etapa da jornada, quero que você olhe por 10 segundos para cada uma dessas imagens nas pró- ximas três páginas e repita o mesmo processo que fizemos para o cavalo. Olhe para elas, depois sem olhar tente reproduzir apenas as formas básicas que compõem as imagens. É muito importante que você olhe apenas por 10 se- gundos para cada imagem porque estamos querendo treinar o nosso cérebro a sintetizar a informação que estamos olhando da maneira mais simples e rápida possível. Quando olhamos por muito tempo, come- çamos a focar nos detalhes e paramos de pensar nas formas. Mas os detalhes, como o próprio nome diz, são ape- nas detalhes! São a cereja do bolo, só vamos nos pre- ocupar com eles depois que nosso desenho tiver uma estrutura bem sólida. Vire a página para começar o exercício! 30. 31. 32. 33. Só passe para o próximo capítulo depois que você estiver confortável com os resultados dos exercícios que você fez até agora! Caso contrário, você sempre pode voltar e refa- zê-los repetindo o processo. CAPÍTULO 3: O SIGNIFICADO DAS FORMAS 35. Vamos entrar em uma parte mais psicológica da nossa jornada agora. E eu garanto que, para os curiosos (o que todo bom artista deveria ser) esta pode ser uma das partes mais fascinantes! 36. Agora eu quero te mostrar algumas coisas sobre essas três formas que usamos para construir nosso cavalo. Além de servirem como peças para criar objetos, cada forma possui diferentes significados. Compreender esses significados pode nos ajudar a descobrir a melhor maneira de usar essas formas e influenciar as emo- ções das pessoas que olham para a nossa arte. 37. Vamos Começar com o círculo: Essa é a forma mais segura da natureza, ela representa o aconchego, um ninho, uma coisa que podemos abraçar sem nos machucarmos! 38. Quando falamos do quadrado, estamos falando de estabilidade, de algo forte como um prédio. É algo que podemos confiar, subir e ter certeza de que não vai cair! 39. Agora, o triângulo é uma forma interessante, pois representa velocidade e algo afiado. Ao encostarmos em suas quinas, podemos nos machucar. No entanto, se posicionarmos o triângulo com a base para bai- xo, ele simboliza uma estrutura firme. Por outro lado, quando o colocamos com a ponta para baixo, ele representa algo leve ou instável, já que, ao tocá-lo, ele pode tombar! 40. Com tudo isso em mente, ao construirmos algo com essas formas, precisamos considerar qual significado queremos transmitir. Por exemplo, podemos criar três cavalos diferentes usando as mesmas formas várias vezes, e cada um deles poderá trazer um sentimento deferente. Veja como isso pode funcionar na prática com nosso cavalo: 41. Então agora é a sua vez, para praticarmos isso, eu quero que você desenhe personagens ou animais ape- nas usando círculos, depois apenas usando quadrados e, por último, apenas triângulos. Você pode tentar fazer algo da sua imaginação ou usando uma referência. Não precisa ficar perfeito! O objetivo aqui é você experimentar e se entender melhor com as nossas formas. Vou deixar aqui alguns exemplos para você se inspirar! CAPÍTULO 4: COMOENXERGAR O CÓDIGO NO DIA A DIA 43. Agora que entendemos melhor esse “código da Matrix”, é hora de aprender a enxergar o mundo por meio dele. Vamos relembrar como desenhamos o cavalo, mas, desta vez, vamos focar em um hipopótamo. O segredo aqui é começarmos do maior para o menor, do macro para o micro. Então, se você tivesse que escolher apenas uma forma para desenhar o hipopótamo, qual seria? 44. Olha que legal: ele cabe certinho dentro de um grande retângulo (vale lembrar que o retângulo é uma variante do quadrado). O mais interessante disso é que, se voltarmos à parte que eu te expliquei sobre os significados das formas, o quadrado/retângulo, assim como o hipopótamo, é algo muito firme que não vai para lugar algum se tentarmos empurrar. Ele é um animal forte e bem estruturado! 45. Agora se pudéssemos usar mais algumas formas, mas ainda pensando no mínimo possível, poderíamos usar outros retângulos para cabeça e pernas e um grande oval para o tronco. Ainda não parece tanto um hipopótamo, mas estamos chegando lá! 46. Como eu falei, agora chegamos na parte de pensar no micro, nos detalhes. As orelhas cabem dentro de qual forma? Um triângulo (1)! E se fossemos colocar mais detalhes no rosto, a parte do fo- cinho dele é bem redondinha, podemos colocar um oval (2) ali na ponta e, para completar o nariz dele, colocamos mais um trapézio (3) em cima para dar esse formato clássico do hipopótamo. Algumas formas também podem nos auxiliar a lapidar melhor o formato dele, como esse oval na bochecha (4) dele e esse retângulo no pescoço (5). (1) (2) (5) (4) (3) Agora sim, quando apagamos a imagem e deixamos apenas as formas, por mais abstrato que seja, parece um hipopótamo! 47. E, como eu te mostrei com o cavalo, uma vez que entendemos a estrutura que está por trás do que queremos desenhar, podemos criar da nossa imaginação o nosso próprio hipopótamo! Como nesses desenhos abaixo: 48. VAMOS VER SE VOCÊ ESTÁ APTO A SER O ESCOLHIDO... 49. IMPORTANTE: Esse exercício tem várias partes e depois de cada parte, vou te mostrar como eu teria feito para você poder consultar e comparar. Então é importante que você só mude de página depois de ter feito o que está sendo pedido. Com um lápis de uma cor, desenhe as imagens acima com apenas uma forma. 50. Eu imaginei assim! Ficou parecido com a sua versão? Não tem problema se não ficou igual! O importante é estar na mesma vibe. Agora com um lápis de uma cor diferente, por cima do desenho que você já fez, quero que você use mais algumas formas para desenhar essas imagens. Lembre, tente usar o mínimo possível. 51. O meu está assim por enquanto! Agora com uma cor diferente, podemos começar a pensar nas formas menores que faltam para deixar a nossa imagem mais clara. 52. O meu ficou assim! Não se preocupe se o seu não ficou igual, a pergunta importante aqui é: dá para identificar o que você fez apenas com essas formas? Se a resposta é não, você pode comparar com a minha versão e tentar apontar o que você fez diferente de mim! Pense nos seguintes pontos: - Será que foi a quantidade de formas que usei? Usei formas em excesso ou não usei formas o suficiente? - Será que escolhi formas que não representam tão bem a minha figura? - Será que comecei pensando nos detalhes ao invés de fazer da maior forma possível até as menores (do macro ao micro)? 53. Caso contrário, se você gostou do seu resultado, show de bola! Provavelmente você entendeu bem o exercício :) 54. Esse último exercício que você acabou de fazer vai ajudar a desenvolver esse olhar pelas formas. E a limitação de usar o mínimo possível delas vai colocar o seu cérebro para pensar da forma mais abstrata, assim você pode focar nas formas e esquecer a figura em si! Afinal de contas, é como eu dis- se: é muito mais fácil lembrar das formas do que de uma criatura. Mas eu gostaria de lembrar que aqui não existe certo ou errado! Parece besteira falar isso, mas estamos falando de artes! Tudo depende. O que eu estou te mostrando aqui é apenas um método para desenvolver a sua visão e imaginação. Entendendo essa base, você vai conseguir seguir o seu próprio caminho no desenho! Sem contar que esse processo faz com que seja muito mais fácil de lembrar da estrutura, então uma vez que desenhamos um cavalo usan- do esse método, sempre vamos lembrar de como desenhar um cavalo, mesmo sem uma referência (ou seja, da imaginação). 55. Agora para continuar praticando, escolha um animal, um objeto e um personagem e faça esse mesmo proces- so que fizemos no exercício 1 com cada um deles. E no final, contorne as formas e adicione os detalhes neces- sários para finalizar o desenho. Você vai ver que uma vez que você tem a estrutura, fica fácil fazer as linhas. Vou deixar aqui um exemplo de como eu faria com um tigre para você se inspirar: CAPÍTULO 5: SE TORNANDO O ESCOLHIDO 57. Agora que você sabe ler o código da Matrix, chegou a hora de aprender a manipular ele! Para não só desenharmos qualquer coisa que existe da nossa imaginação, mas também qualquer coisa que SÓ existe na nossa imaginação! 58. Voltando para o nosso querido cavalo... Se nós soubermos as formas que precisamos para construir ele, podemos também distorcer essas formas para inventar uma criatura que deriva do cavalo, como essa aqui embaixo! 59. Então agora eu quero testar as suas habilidades criativas. Quero que você manipule o código desse gato, camaleão e elefante: Dessa vez você vai pegar a estrutura base de cada um dos animais que eu montei acima e vai distorcê-las, alongando um retângulo, substituindo um dos círculos por um quadrado, como você preferir! Em seguida trace a linha final e adicione os detalhes. A ideia é você usar essa base que eu criei e mudar ela para inventar criaturas novas (como no exemplo da página anterior). Recomendo que você faça a base original primeiro para entender ela antes de começar a manipular. 60. Agora que entendemos o código, é como se nos tornássemos hackers, capazes de mudar o que quisermos e da maneira que quiser- mos! Inclusive misturar uma coisa na outra, por exemplo: se eu quisesse criar um ser que funciona como a cavalaria de um exército de ogros, que precisa ser bem robusto e forte para aguentar os trancos e o peso dos ogros e suas armas, eu poderia pensar em misturar o código do cavalo com o código do hipopótamo. 61. E, para isso, vamos partir do princípio das formas básicas que usamos para construir os dois. Podemos pegar o corpo do hipopótamo, combinar com a cabeça do cavalo, usar o focinho e a boca do hipopótamo, as orelhas do cavalo, e, ao distorcer as formas para que se encaixem do jeito que quisermos, podemos criar uma criatura nova para um mundo imaginário! 62. Agora vamos para o meu exercício favorito e o seu teste final para se tornar o escolhido. Esse eu pratico sempre quan- do estou empacado e sem criatividade. Vamos pegar duas figuras diferentes e você vai misturar elas para criar uma coisa nova! Mas antes de sair misturando, quero que você faça o processo de entender quais são as formas básicas que constroem elas, pois, assim vamos poder criar uma base sólida para depois passar a limpo. 63. Escolha dois animais dentre esses abaixo. Quero que você faça o processo de entender quais são as formas básicas que constroem eles, que nem fizemos com o cavalo. Em seguida, misture a estrutura desses dois animais da forma que você quiser, assim como eu te mostrei na página anterior. E por último finalize o de- senho no estilo que preferir. Mas antes de sair desenhando monte o rascunho usando as formas básicas. OBS: Você pode procurar mais imagens dos animais escolhidos para ter mais referências de ângulos diferentes se precisar! 64. Quando acabar, você pode postar uma foto do seu desenho no instagram e me marcar @brunobigh e usar a hashtag #desafioanimalbigh para que eu possa ver a sua criação! Assim vamos comparti- lhar com a comunidade e você também vai ver o que as outras pessoas estão criando!Mal posso esperar para ver o que você fez :) CAPÍTULO 6: EXERCÍCIOS PARA VOCÊ PRATICAR TUDO QUE APRENDEU ATÉ AGORA! 66. Neste capítulo, vou te mostrar alguns exercícios que podem te ajudar quando estiver enfrentando um bloqueio criativo, precisando aquecer a men- te e as mãos, ou simplesmente quiser se divertir. São exercícios muito legais de praticar! 67. BRINCANDO COM AS FORMAS Escolha uma das três formas básicas, em seguida comece a colocá-la pelo papel repetidamente, variando sua escala para começar a montar algo, que pode ser um personagem, um objeto, ou o que surgir! Deixe as formas tomarem conta e vá encontrando um desenho aos poucos, mas apenas usando uma única forma (como fiz na figura 1)! Depois que tiver alguma figura visível, comece a desenhar novamente e substitua alguma das partes do desenho por uma nova forma (como fiz na figura 2). Quando estiver satisfeito com o que você fez até agora, adicione a última forma que falta. Deixo aqui um exemplo desse exercício. Mas é importante lembrar que você não precisa começar com o quadrado, é só escolher uma das três formas básicas e depois ir adicionando as duas restantes! 68. O QUEBRA-CABEÇAS Com um lápis, delimite uma área quadrada ou retangular (figura 1). Em seguida, com algum marcador ou ca- neta colorida, desenhe formas aleatórias dentro da área que você fez (figura 2). Para finalizar, tente visualizar rostos de personagens nessas formas e os desenhe (figura 3). Esse exercício é extremamente libertador, pois não precisamos nos preocupar com o que queremos desenhar. Funciona mais como um mini-jogo, no qual precisamos decifrar um quebra-cabeça. Cada rosto pode ser completamente diferente do outro! O objetivo aqui é deixar a criatividade fluir. (1) (2) (3) 69. DESENHO CEGO DE OBSERVAÇÃO Olhando para algum objeto ou pessoa ao seu redor, tente desenhar o que está enxergando sem olhar para o papel e sem tirar a ponta do lápis/caneta do papel. Escolha um ponto para começar e depois não olhe mais para o papel. Pode parecer loucura e provavelmente o desenho vai ficar bem esquisito, mas isso é um grande estímulo para treinarmos o nosso olho a enxergar e não apenas olhar. Quando olhamos para uma girafa, olhamos e pensamos: “isso é uma girafa”. Mas quando enxergamos, nós usamos nossos olhos como pequenas mãos que vão passando pela coisa que estamos observando, assim, sentindo cada detalhe e notando coisas que nunca perceberíamos se estivéssemos apenas olhando aquilo. E a melhor parte desse exercício é que não precisamos pensar em traço, estilo ou beleza no desenho. Você só precisa tentar fazer o seu melhor para a sua mão acompanhar o seu olho. 70. 1 - 10 - 1 Ex: Escolha alguma coisa que você quer desenhar, por exemplo um crânio. Em seguida, tente desenhar o que escolheu apenas de memória em 1 minuto (cronometre o tempo). Depois, pegue uma foto do que você esco- lheu desenhar. E, então, determine um detalhe bem específico que você gostaria de melhorar no seu dese- nho e olhe por 10 segundos para a foto. Agora em 1 minuto, faça um novo desenho sem olhar para a imagem enquanto desenha. Repita esse processo por pelo menos 3 vezes ou até você ficar satisfeito com o seu dese- nho. Por fim, compare o seu primeiro desenho com o seu último para ver o progresso! É impressionante como conseguimos melhorar tanto em apenas alguns minutos. Isso acontece porque a limitação de tempo força nosso cérebro a simplificar o que queremos aprimorar, focando no essencial. Em vez de nos perdermos nos detalhes, somos obriga- dos a pensar em formas básicas — que é a maneira mais fácil de lembrarmos o que acabamos de observar por apenas 10 segundos. Só da imaginação Depois de fazer esse exercício 71. DE OLHO NO RABISCO Em uma folha em branco e com uma caneta na mão, feche os olhos e faça um rabisco completamente ale- atório no papel (figura 1). Em seguida, tente encontrar alguma imagem escondida dentro desse rabisco! Um rosto, uma figura humana, um alien? Pode ser o que a sua imaginação encontrar ali. Quase como se estivés- semos olhando para as nuvens e enxergando coisas nelas. E, então, faça o seu desenho dentro do rabisco! Este exercício não é apenas ótimo para treinar nosso cérebro a identificar formas, mas também para aqueles momentos em que estamos com pouca criatividade e precisamos de um empurrãozinho para começar a desenhar! CAPÍTULO 7: CRIANDO UMA ROTINA DE DESENHO E DICAS PARA MANTER A PRÁTICA 73. Você pode até ter se tornado o escolhido depois dessa jornada… Mas não sei se você se lembra, bem no comecinho do livro, que eu falei que a criatividade é como um músculo. E como todo músculo, se paramos de exercitar, ele vai em- bora... Então, para que você continue mantendo o cinturão de “o escolhido” vou te passar algumas dicas para ter uma rotina de desenho que vai te tornar um artista ainda melhor e um verdadeiro desenhista da imaginação! 74. Em desenho devemos ter o seguinte mantra: feito é melhor do que perfeito. Quanto mais fizermos, melhor. Em desenho, quanto mais fazemos, mais erramos e quanto mais erramos, mais aprendemos. Por isso, quantidade quase sempre vai ser melhor que qualidade. Então vamos para as três coisas que não podem faltar na rotina de um desenhista: 75. FAZENDO O DOWNLOAD DO CÓDIGO Assim como eu te mostrei ao longo do livro, a nossa imaginação só vai gerar ideias, quando tivermos armazenado algu- mas referências em nossas cabeças, por isso é muito importante sempre consumir referências diversas, sejam elas de fotografias, artes de outros artistas, ou até mesmo observando o mundo à nossa volta! Você pode adquirir referências em sites como o Google, Pinterest, Artstation, assistindo a filmes de diversos gêneros, visitando exposições, o mais importante é você sempre diversificar suas fontes de referência para poder ter ideias mais inusitadas e únicas. LENDO E ENTENDENDO O CÓDIGO DAS COISAS Além de consumir todas essas referências, é muito importante estudá-las. E podemos fazer isso através do método que aprendemos aqui no livro, o método das formas! Então escolha algumas das referências que você mais gostou e, no seu caderno, faça o processo de transformar ela em uma estrutura utilizando apenas as formas básicas. Assim você vai co- meçar a construir uma biblioteca de estruturas na sua cabeça que vai ser extremamente útil quando for inventar coisas da sua imaginação. ESCREVENDO O CÓDIGO DO NOSSO UNIVERSO Só depois de construirmos essa biblioteca mental de referências e estruturas é que teremos as ferramentas necessárias para criar o que quisermos! No final do dia, tudo na vida é um remix e o nosso trabalho como artistas é encontrar duas ou mais coisas inesperadas e misturá-las de uma forma que ninguém imaginou antes. Então, todo dia tente pensar: e se eu misturar A com B? No começo pode parecer difícil, mas se todo dia você seguir esses três passos e colocar alguma ideia nova no papel, você vai estar um passo mais perto de criar o que você quiser. O FIM (QUASE) 77. Infelizmente, chegamos ao fim do livro! Mas não se preocupe, já estou trabalhando em mais livros, cursos e conteúdos para vocês! Uma coisa importante que eu gostaria de te falar é: Volte nas páginas do livro e pratique mais vezes os exercícios. Você pode sempre pegar imagens do Google ou Pinterest para usar como referência e refazer os exercícios com outras imagens! Um pouco de prática todo dia, que sejam 5-10 minutos vão te levar muito longe. O mais importante para nos tornarmos bons artistas é sermos consistentes na prática e estarmos sempre observando. Observando o mundo ao nosso redor, como as coisas se encaixam, como as formas básicas estão presentes em todos os lugares! 78. Tem uma história que eu gosto muito: uma vez, o Picasso estava jantando em um restaurante, quando uma fã veio pedir para ele desenhar no guardanapo dela. Em menos de 1 minuto ele fez um desenho maravilhoso, assinou e devolveu para a moça. Ela então disse para ele - “Nossa, você faz isso em 1 minutoe cobra milhões pelas suas ar- tes?” - E o Picasso então replicou - “Eu não fiz esse desenho em 1 minuto, fiz ele em 47 anos e 1 minuto.” Isso é para te mostrar que não somos o desenho que fizemos hoje e sim todos os desenhos que fizemos até agora, todas as referências que colocamos na nossa biblioteca mental ao longo da vida e todos os desenhos ruins que fizemos para chegar até aqui. Boa sorte na sua jornada e nos vemos por aí :) O FIM.