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1 COLÉGIO PEDRO II Administração de Materiais e Logística ENSINO MÉDIO INTEGRADO TÉCNICO EM ADMINISTRAÇÃO PROEJA 3ª SÉRIE 2 Sumário 1. Logística ........................................................................................................................................... 6 1.1 Origem do Termo Logística ..................................................................................................... 6 1.2 O que é Logística? .................................................................................................................... 6 1.3 O que é Administração de Materiais? ..................................................................................... 6 1.4 Evolução do Conceito de Logística .......................................................................................... 7 1.5 Relacionamento da Logística com outras áreas da empresa .................................................. 9 1.6 Sistema Logístico ................................................................................................................... 10 1.7 Logística Integrada ................................................................................................................ 10 1.8 Logística Reversa ................................................................................................................... 12 1.9 Custos Logísticos ................................................................................................................... 14 2 Cadeia de Suprimentos ................................................................................................................. 18 2.1 Gestão da Cadeia de Suprimentos (GCS) .................................................................................... 20 2.2 Políticas Colaborativas na Cadeia de Suprimentos ..................................................................... 22 2.2.1 VMI .................................................................................................................................... 22 3 Serviço ao Cliente ou Serviço Logístico (SC/SL) ............................................................................. 26 3.1 Fidelização de Clientes ................................................................................................................ 27 3.2 Determinando o Nível de Serviço Ideal ....................................................................................... 29 4 Compras......................................................................................................................................... 35 4.1 Ciclo de Compras ......................................................................................................................... 36 4.2 Estratégia de Suprimentos: Comprar ou Fabricar? ..................................................................... 38 5 Estoques ........................................................................................................................................ 45 5.1 Objetivos de Estoques ........................................................................................................... 45 5.1.1 Classificação de Estoques .................................................................................................. 45 5.2 Previsão de Estoques ............................................................................................................. 48 5.2.1 Método do Último Período ...................................................................................................... 48 5.2.2 Método da Média Móvel Simples ............................................................................................ 49 5.2.3 Método da Média Móvel Ponderada ....................................................................................... 50 5.3 Níveis de Estoques ................................................................................................................. 57 5.3.1 Curva Dente de Serra ............................................................................................................... 57 5.3.2 Tempo de Reposição ................................................................................................................ 60 3 5.3.3 Ponto de Pedido ....................................................................................................................... 61 5.3.4 Estoque Máximo ....................................................................................................................... 62 5.3.5 Estoque Mínimo ....................................................................................................................... 63 5.3.6 Estoque Médio ......................................................................................................................... 64 5.3.7 Intervalo de Ressuprimento ..................................................................................................... 65 5.4 Modelos de Controle de Estoques ........................................................................................ 71 5.4.1 Sistema Contínuo ..................................................................................................................... 71 5.4.2 Lotes Econômicos de Compra .................................................................................................. 71 5.4.3 Sistema Periódico ..................................................................................................................... 76 5.4.4 Sistema Duas Gavetas .............................................................................................................. 77 5.5 Análise dos Estoques ............................................................................................................. 86 5.5.1 Classificação ABC ...................................................................................................................... 86 5.5.2 Inventário Físico ....................................................................................................................... 93 5.5.3 Acurácia dos Controles ............................................................................................................. 94 5.5.4 Nível de Serviço ou Nível de Atendimento ............................................................................... 95 5.5.5 Giro de estoques ...................................................................................................................... 97 5.5.6 Cobertura de estoques ............................................................................................................. 98 5.6 Avaliação dos Estoques ....................................................................................................... 103 5.6.1 Custo Médio ........................................................................................................................... 104 5.6.2 Método PEPS (FIFO) ............................................................................................................... 106 5.6.3 Método UEPS (LIFO) ............................................................................................................... 107 5.6.4 Custo de reposição ................................................................................................................. 109 5.6.5 Comparação entre os métodos de avaliação dos estoques PEPS e UEPS .............................. 109 6 Armazenagem ............................................................................................................................. 115 6.1 Sistemas de Armazenagem ................................................................................................. 116 6.1.1 Racks .......................................................................................................................................previsão de consumo para Julho é de 60 unidades. Observe que a soma é dividida por 3 (três) pelo fato de definirmos que n seriam os 3 últimos períodos. A vantagem dessa técnica é a simplicidade e facilidade de aplicação. No entanto, há desvantagens, como por exemplo o grande erro implícito que carrega por considerar os valores extremos. Para exemplificar essa desvantagem imagine que uma loja de comercialização de chocolates tenha registrado: Ao apurar a média móvel simples de consumo para o próximo mês, Junho, considerando o consumo dos 3 (três) últimos meses teremos como resultado: Pode-se dizer que o consumo elevado em Abril, em função da Páscoa, afetou a média por ser um valor extremo. Esse tipo de desvantagem pode ser suavizado na técnica da média móvel ponderada com utilização de pesos apropriados para ponderar os valores. Estudaremos essa técnica em detalhes no próximo tópico. 5.2.3 Método da Média Móvel Ponderada O método da média móvel ponderada faz uso de pesos ou fatores de relevância para eliminar a fragilidade do método anterior. Os pesos maiores são atribuídos aos valores dos períodos mais recentes, enquanto que os valores dos períodos mais distantes recebem os MMS: 60 + 65 + 55 3 MMS: 60 Mês Unidades Janeiro 10.000 Fevereiro 2.000 Março 20.000 Abril 50.000 Maio 17.000 MMS: (20.000 + 50.000 + 17.000) = 29.000 unidades previstas para Junho. 3 51 menores pesos. Ou seja, a ordem desses pesos para ponderação segue de forma decrescente e sua soma deverá ser de 100%. Vamos voltar ao exemplo da loja de chocolates para demonstrar na prática a aplicação dessa técnica. Perceba que a distribuição dos pesos foi feita de forma decrescente, do maior peso no período mais recente até o menor peso para o período mais distante. Observa-se também que o somatório dos pesos resultou em 100%. Este exemplo foi utilizado na aplicação de 2 (duas) técnicas, média móvel simples e média móvel ponderada. Logo, ao compararmos os resultados entre as técnicas notamos que eliminamos o fato da média ser afetada por valores extremos na técnica da média móvel. Desta forma, retratamos melhor o comportamento do consumidor suavizando o mês atípico de alto consumo. Neste comparativo demonstramos que a técnica Média Móvel Simples por ser afetada pelos valores extremos, conforme dito no item 2.2.2, neste caso os extremos são valores altos fez com que a média ficasse alta. Caso tivéssemos valores muito baixos no uso dessa mesma técnica a média também seria afetada para baixo. Previsões para Junho Técnica Média Móvel Simples (MMS) 29.000 unidades Técnica Média Móvel Ponderada (MMP) 23.700 unidades Vejamos outro exemplo prático de aplicação da técnica da média móvel ponderada. Considere os dados abaixo e determine o consumo previsto para 2020. Mês Quant. Prevista Janeiro 5% de 10.000 500 Fevereiro 10% de 2.000 200 Março 10% de 20.000 2000 Abril 25% de 50.000 12500 Maio 50% de 17.000 8500 100% 23700 Pesos atribuídos 52 Notem que o maior peso foi atribuído ao período (ano) mais recente. O próximo passo é multiplicar as quantidades pelos pesos. Então, teremos a seguinte previsão de consumo para 2020: As questões abaixo vão te ajudar a entender a aplicabilidade das técnicas de previsão para o estoque. Vamos exercitar! QUESTÕES COMENTADAS 1. (CESPE – GDF – 2004) – A tabela abaixo mostra a previsão de consumo de determinado material nos primeiros meses de 2005. Considerando-se que todo o estudo de estoques tem seu início na previsão do consumo de material e utilizando-se o método móvel para 5 períodos, é correto concluir que o consumo previsto para o mês de julho de 2005 é de 61 unidades. Período Quant. Pesos 2016 90 5% 2017 100 20% 2018 90 25% 2019 80 50% MMP: 0,50 x 80 + 0,25 x 90 + 100 x 0,20 + 90 x 0,05 = 87 unidades Comentários: a questão pede para você analisar a afirmativa, verificando se a previsão para o mês de Julho será de 61 unidades. Vamos demonstrar: MMS: 59+70+58+65+63 5 MMS: 63 Resposta: A afirmativa acima está errada. Demonstramos através da técnica da média móvel que a previsão para Julho será de 63 unidades. Mês Unidades Janeiro 53 Fevereiro 59 Março 70 Abril 58 Maio 65 Junho 63 Consumo material 53 2. (Petrobrás - Adm. Pleno - 2005) - Um grande varejista comercializa diversos aparelhos eletrodomésticos. Este ano verificou que foram as seguintes as vendas do modelo básico de fogões, nos últimos onze meses: De quantas unidades é a previsão de vendas dos modelos básicos de fogões para o mês de dezembro, utilizando o modelo da média móvel do último quadrimestre? (A) 400 (B) 450 (C) 470 (D) 475 (E) 500 3. (Transpetro - Adm. Pleno - 2006) - As vendas de botijões de gás da Gaspar Ltda. têm os valores apresentados na tabela a seguir A previsão de vendas para 2006, utilizando a média móvel dos últimos 3 anos, com fator de ajustamento de 0,5, 0,3 e 0,2 para os anos de 2005, 2004 e 2003, respectivamente, é de: (A) 22.500 (B) 15.000 (C) 9.800 (D) 8.000 (E) 6.900 Mês Jan. Fev. Mar. Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Fogões 550 500 350 450 550 450 550 600 300 350 550 Comentários: a questão pede para você calcular a média móvel dos últimos 4 meses, por isso último quadrimestre. Vamos demonstrar: MMS: 600+300+350+550 4 MMS: 450 Resposta: A alternativa correta é a letra B. 450 unidades Comentários: a questão pede para você calcular a média móvel, mas observem que foram atribuídos pesos, fatores de ajustamento. Para resolver a questão é importante lembrar que os valores mais recentes recebem os pesos maiores. Vamos demonstrar: MMP: 10000 x 0,5 + 8000 x 0,3 + 12000 x 0,2 =9800 Resposta: A alternativa correta é a letra C. 9800 unidades 54 EXERCÍCIOS EXERCÍCIO 1 – (CESGRANRIO - Técnico (BR)/Administração e Controle Júnior /2009) - A tabela a seguir mostra a demanda de botijões de gás liquefeito de uma distribuidora, num determinado período, em cada mês. Aplicando o modelo da média móvel dos últimos quatro meses, a previsão de demanda para o mês de agosto, em quantidade de botijões, é: (A) 10.500 (B) 12.000 (C) 16.500 (D) 18.000 (E) 24.000 EXERCÍCIO 2 – (CESGRANRIO - IBGE - Analista de Planejamento - Gestão e Infraestrutura/2010) Um gerente de Infraestrutura necessita fazer a previsão de demanda de um determinado item de seu estoque, para janeiro de 2010. Observe abaixo a tabela que dispõe dos dados de consumo desse item, de agosto a dezembro de 2009. Com base nos dados dos meses apresentados na tabela acima, qual o consumo previsto para janeiro de 2010, de acordo com as técnicas de média móvel simples e ponderada, respectivamente? 55 (A) 64,0 e 75,0 (B) 64,0 e 84,0 (C) 64,0 e 86,5 (D) 75,0 e 84,0 (E) 75,0 e 86,5 EXERCÍCIO 3 - (CESGRANRIO- IBGE - Analista- /2010) Dados: ▪ Para técnica de Média Móvel Simples (MMS): 4 meses. ▪ Para técnica de Média Móvel Ponderada: pesos de 40% para o primeiro mês imediatamente anterior, 20% para o segundo, terceiro e quatro meses anteriores e 0% para os demais. A partir da análise do histórico de consumo de um item em estoque apresentado na tabela, qual a previsão de demanda para o mês 12 (doze), usando-se o método da Média Móvel Ponderada (MMP)? (A) 14,8 (B) 15,0 (C) 15,5 (D) 15,8 (E) 16,0 EXERCÍCIO 4 – (CESGRANRIO - BR/2008) - A demanda mensal de óleo lubrificante sintético da marca X em determinado período é apresentada na tabela a seguir 56 Utilizando-se a técnica de previsão baseada na média móvel dos últimos três meses, a previsão para o mês de dezembro, em unidades, é de (A) 1.200 (B) 1.500 (C) 1.600 (D) 1.700 (E) 2.100 EXERCÍCIO 5 – (CESGRANRIO – CASADA MOEDA /2005) - As vendas de refrigeradores das lojas Larfeliz, nos últimos oito meses, têm os valores identificados na planilha de dados a seguir Qual a previsão de vendas de refrigeradores para o mês de setembro, utilizando o modelo da média móvel dos últimos seis meses? (A) 22 (B) 23 (C) 27 (D) 30 (E) 40 EXERCÍCIO 6 – (CESGRANRIO – CASA DA MOEDA /2005) - A Casa da Moeda está fazendo um planejamento de compras para o próximo mês. Sabe-se que as quantidades de galões de tinta vermelha, compradas nos últimos seis meses, foram, respectivamente, de 150, 200, 230, 150, 170 e 190, e que a demanda por essa tinta vermelha não apresenta tendência ou sazonalidade. Utilizando uma média móvel trimestral para fazer a previsão, quantos galões (aproxime para valores inteiros) devem ser comprados? (A) 150 (B) 170 (C) 182 (D) 190 (E) 194 EXERCÍCIO 7 – (CESPE – TJDF/2008) – Demonstre se a afirmativa abaixo é Verdadeira ou Falsa. Considere o consumo de determinado material apresentado a seguir. Nessa situação, a previsão de consumo para julho será superior a 310 unidades, se for empregado o método do último período para previsão do consumo. Mês Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Refrigeradores 25 30 32 28 40 33 20 27 mês unidades Janeiro 250 Fevereiro 280 Março 320 Abril 290 Maio 300 Junho 310 57 EXERCÍCIO 8 – (CESPE – TJPA – 2006) - Demonstre se a afirmativa abaixo é Verdadeira ou Falsa. Os estudos referentes a estoques têm seu início na previsão do consumo de material. Nesse sentido, considere o seguinte consumo hipotético de determinado material: Nessa situação, se for empregado o método da média móvel para 6 períodos, então o consumo previsto para o mês de outubro será superior a 78 unidades, em razão de sua tendência crescente. 5.3 Níveis de Estoques Neste tópico vamos reforçar uma das premissas da Administração, o planejamento. E na Administração de Materiais o planejamento é o ponto de partida para determinação dos níveis dos estoques. Vamos estudar a curva dente de serra, o tempo de reposição, o cálculo do ponto de pedido, estoque máximo, mínimo e de segurança, e, por fim, a rotatividade dos estoques. Bons estudos! 5.3.1 Curva Dente de Serra De forma pragmática, a melhor forma de aprender sobre a curva dente de serra é entender o gráfico abaixo. Para isso, vamos analisá-lo em detalhes. Acompanhe. 58 Figura 5.5 – Gráfico Dente de Serra Fonte: elaborada pela autora Vivian F. Análise do Gráfico: 1. O eixo horizontal (abscissa) representa o tempo decorrido, reta (T) de Tempo. Os números de 1 a 12 são os meses, de Janeiro a Dezembro. 2. O eixo vertical (ordenada) representa a quantidade disponível no estoque em unidades. 3. Retas inclinadas em vermelhos com a indicação de Consumo do estoque e reta vertical em azul com a indicação de Reposição do estoque, exemplificam a movimentação do estoque. 4. Nota-se que a reta inclinada é indicativa da diminuição, do consumo do estoque, ao longo do tempo. A medida em que o tempo vai passando o estoque vai diminuindo até zerar e ser solicitado uma nova compra. No mês 6, a reta do consumo do estoque toca o eixo da abscissa, o significa estoque “zerado” e nova reposição chegando. 5. Essa quantidade de 140 unidades, significa que no tempo zero, a empresa tem 140 itens no estoque. Representa a quantidade reposta. Por fim, pode-se afirmar que o gráfico dente de serra representa o movimento de entrada e saída de um item no sistema de estoque. DIAS (2011, p. 43) reforça que este ciclo será sempre repetitivo e constante se: • não existir alteração de consumo durante o tempo T; Quantidade 140- 120- 100- 80- 60- 40- 20- 0- Tempo (T) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 R e p o si çã o d o e st o q u e 59 • não ocorrem falhas administrativas que provoquem um atraso ao solicitar a compra; • O fornecedor da peça nunca atrasar sua entrega; • Nenhuma entrega do fornecedor for rejeitada pelo controle de qualidade. Ou seja, no dia-a-dia das empresas, existem variáveis que podem afetar o movimento constante do gráfico dente de serra e o risco está apresentado na Figura 5.6. Estoque com ruptura trabalhando zerado durante um período porque não houve reposição no tempo esperado. Figura 5.6 – Gráfico Dente de Serra com Ruptura Fonte: elaborada pela autora Vivian F. Então, para absorver as oscilações nos atrasos das entregas, problemas com fornecedor, peças com defeitos, e falhas administrativas, se faz necessário desenvolver um sistema que atenda nesses cenários. Vejam a Figura 5.7. Quantidade 160- 140- 120- 100- 80- 60- 40- 20- 0 - 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tempo (T) -20- -40- -60- -80- 6 7 8 9 60 Figura 5.7 – Gráfico Dente de Serra utilizando o Estoque Mínimo Fonte: elaborada pela autora Vivian F. Observem que o estoque inicia com 140 unidades. No entanto, dessas 140 unidades, 20 foram previamente reservadas para absorver as eventualidades. Ao longo dos meses as 120 unidades são consumidas e esperava-se receber um novo lote no mês 5. Como essa reposição não acontece no tempo previsto o estoque começa a consumir o estoque reserva, também chamado de estoque de segurança ou estoque mínimo. 5.3.2 Tempo de Reposição Agora que já estudamos o gráfico dente de serra e entendemos a relevância do estoque mínimo como estratégia para minimizar os riscos do estoque zero, precisamos aprender a calcular o estoque mínimo. Na prática, sabemos que estoque mínimo super dimensionado significa dinheiro parado, e estoque mínimo subdimensionado não cumpre com efetividade o seu papel. Por isso, é fundamental identificar o tempo de reposição do estoque. O tempo de reposição ou tempo de ressuprimento é o tempo gasto na verificação da diminuição do estoque, identificação de reposição, e a chegada do novo material na empresa. Quantidade 140- 120- 100- 80- 60- 40- 20- 0- 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tempo (T) R e p o si çã o d o e st o q u e n ão ac o n te ce u n o te m p o p re vi st o De Maio a Junho foi consumido o estoque reserva. Estoque mínimo. 61 Segundo DIAS (2011, p. 45) o tempo de reposição é dividido em 3 (três) partes: a) Emissão do pedido: tempo que leva desde a solicitação do pedido de compra para ele chegar ao fornecedor b) Preparação do pedido: tempo que o fornecedor leva para fabricar os produtos, separar, emitir faturamento e disponibilizar para transporte c) Transporte: tempo que leva da saída do fornecedor até o recebimento pela empresa. 5.3.3 Ponto de Pedido O Ponto do Pedido (PP) é o momento em que identificamos a necessidade de solicitar um novo pedido ao fornecedor. Demostramos esse cálculo utilizando as informações dos tópicos acima, definições de estoque mínimo e tempo de reposição. A fórmula para o cálculo do PP é a seguinte: PP = C x TR + E.Mín. em que: PP : ponto de pedido C: consumo médio TR: tempo de reposição, ou Lead time, do fornecedor E.Mín.: estoque mínimo 62 Figura 5.8 Gráfico dente de serra com Ponto de Pedido (PP) e Tempo de reposição (TR) Fonte: elaborado pela autora Vivian F. Análise do Gráfico: 1. C x TR (Consumo multiplicado pela Tempo de Reposição) – para calcular o ponto de pedido é necessário saber o consumo do estoque e multiplicar pelo tempo necessário para o novo pedido chegar. 2. PP (Ponto de Pedido) – o momento em que a gestão de materiais emite a solicitação do novo pedido. Observa-se que esse momento acontece antes do consumo do estoque atingir o estoque de segurança. Aqui temos o resultado da fórmula do PP. (PP = C x TR + E.Mín.) 3. TR (Tempo de Reposição) – o lead time (LT) - durante esse período o pedido é emitido, recebido pelo fornecedor, preparado e disponibilizado para transporte. Ou seja,o lead time representa o tempo decorrido desse o início até a finalização do processo. 5.3.4 Estoque Máximo Voltando na explicação da Figura 5.7, observamos que o estoque inicia com 140 unidades. No entanto, dessas 140 unidades, 20 foram previamente reservadas para absorver Quantidade 140- 120- 100- 80- 60- 40- 20- 0- 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tempo (T) Estoque mínimo. PP C x TR pedido emitido preparação transporte TR Obs: o Tempo de reposição também é chamado de lead time. 63 as eventualidades. Ou seja, estoque máximo é soma do estoque mínimo mais o lote de compra (Q). E.Máx = E.Mín. + Q em que: E.Máx: Estoque máximo E.Mín.: estoque mínimo Q: Lote de compra (quantidade) 5.3.5 Estoque Mínimo Conforme já visto no estudo do gráfico dente de serra, o estoque mínimo ou estoque de segurança representa um estoque morto. É natural que as empresas se protejam minimizando os riscos da falta do estoque por meio de estoques de segurança. Uma fórmula simples de calcular o estoque mínimo é a seguinte: E.Mín.: C x K em que: E.Mín.: estoque mínimo C: consumo médio K: constante (fator de segurança) A determinação do fator de segurança (K) dependerá do nível de segurança que a empresa pretende adotar. Por exemplo, se empresa achar que 10% do seu estoque é capaz de suprir a produção, então, esses 10% é considerado o fator de segurança. Sempre lembrando que estoque parado é dinheiro parado. Logo, a definição do estoque mínimo precisa ser assertiva. Considerando o consumo médio de 200 unidades vamos aplicar a fórmula do estoque mínimo para o exemplo acima: E.Mín.: 200 x 0,10 = 20 64 5.3.6 Estoque Médio Nos itens acima abordamos sobre o Estoque Máximo e Estoque Mínimo, agora vamos aprender sobre Estoque Médio. Este representa um nível médio do estoque num determinado período. Figura 5.9 Gráfico dente de serra com a demonstração do Estoque Médio. Fonte: elaborado pela autora Vivian F. Observe na Figura 5.9 o Estoque Médio. Vejamos as diferentes formas de calcular o estoque médio: 1) Estoque Médio = 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑃𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 + 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑃𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 2 2) Estoque Médio = 𝑆𝑜𝑚𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒𝑠 𝑀𝑒𝑛𝑠𝑎𝑖𝑠 (ú𝑙𝑡𝑖𝑚𝑜 𝑑𝑖𝑎 𝑑𝑜 𝑚ê𝑠) 12 3) Estoque Médio =( 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝐼𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑃𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 + 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝐹𝑖𝑛𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑃𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 2 ) + 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑑𝑒 𝑆𝑒𝑔𝑢𝑟𝑎𝑛ç𝑎 Aplicado em empresas que trabalham com estoque de segurança. Estoque (unidades) Tempo (T) Estoque mínimo ou de segurança. Ponto de pedido (PP) TR PP TR IR (IR) Intervalo de Ressuprimento - intervalo entre dois PP (TR) Tempo de reposição (de atendimento) Estoque médio Estoque máximo https://blog.bluesoft.com.br/2017/03/papo-express-estoque-maximo/ https://blog.bluesoft.com.br/2017/03/papo-express-estoque-minimo/ 65 Como vimos, o cálculo do estoque médio pode ser demonstrado de diferentes formas, sendo relevante para demonstrar o giro e cobertura do estoque, conforme veremos nos itens 5.5.5 e 5.5.6 desta apostila. 5.3.7 Intervalo de Ressuprimento O intervalo de ressuprimento representa o tempo, o intervalo, entre dois pontos de pedidos consecutivos. Figura 5.10 Gráfico dente de serra com a demonstração de Intervalo de Ressuprimento Fonte: elaborado pela autora Vivian F. Observe que na Figura 5.10 o Intervalo de Ressuprimento (IR) acontece entre os meses 3 e 8. Na prática, significa dizer que em Março e Agosto a gestão do estoque irá emitir uma solicitação para novo pedido. Quantidade 140- 120- 100- 80- 60- 40- 20- 0- 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tempo (T) Estoque mínimo. PP TR PP TR IR Intervalo de Ressuprimento - intervalo entre dois PP 66 QUESTÕES COMENTADAS 1. (CESPE – IPAJM/2006) Consumo, tempo de reposição e estoque mínimo são dados utilizados no cálculo do ponto de pedido. Comentários: A questão pede para você analisar se a afirmativa está CERTA ou ERRADA. Ao lembrar do conceito de Ponto de Pedido que estudamos, podemos afirmar que o item está correto. (PP: C x TR + E.Mín) 2. (CESGRANRIO/PETROBRAS/2008) Da ficha de movimentação de estoque relativa ao item ASFF- 77, foram extraídos os dados a seguir. 1. - Demanda média mensal: 500 unidades. 2. - Estoque de segurança: 100 unidades. 3. - Intervalo de ressuprimento: 45 dias. 4. - Tempo de ressuprimento: 15 dias. Considerando o comportamento das entradas e saídas do item ASFF-77 altamente regular, quantas unidades devem ser entregues em cada pedido de ressuprimento? (A) 500 (B) 600 (C) 700 (D) 750 (E) 850 67 Comentários: Aluno, para ajudar na resolução desenvolvemos o gráfico abaixo a partir dos dados extraídos da questão. Vejam: Bom, se o tempo de ressuprimento é de 15 dias e o intervalo de ressuprimento é 45 dias, podemos concluir que a duração do lote comprado será de 45 dias até a chegada de um novo lote. E a partir do momento que o lote chega é consumido em 30 dias até ser disparado um pedido de compra (PP). 500/30 dias = 16,6 unidades por dia 16,6 x 45 dias = 750 unidades Supondo que o exercício pedisse o ponto de pedido =16,6 unidades por dia x 15 dias= 250 + 100 estoque de segurança = 350 3. (Banca: Instituto Quadrix- Profissional de Suporte Técnico - Área Compras/2018) No que se refere à gestão de estoques, julgue: (A questão pede para você analisar se a afirmativa está CERTA ou ERRADA.) Quantidade 750 - 500 - - - - 250 - 100 - 30 dias 15 dias 30 dias 15 dias 0- Tempo (T) Estoque mínimo. PP TR PP TR IR : 45 dias Intervalo de Ressuprimento - intervalo entre dois PP 68 Suponha‐se que o consumo médio mensal de um determinado item do estoque, com sistema de reposição contínua, seja de trezentas unidades, o tempo de reposição, de sessenta dias e o estoque mínimo, de 150 unidades. Nesse caso, o ponto de pedido é de 750 unidades. Comentários: Vamos analisar a partir da fórmula do Ponto de Pedido. PP: C x TR + E.Mín PP: 300 x 2 + 150 = 750 unidades. Essa questão requer apenas que você compreenda que 60 dias de lead time (tempo de reposição) é igual a 2 meses. Isso é necessário porque o consumo médio é mensal. O item está correto. EXERCÍCIOS EXERCÍCIO 1 – Responda: A. O que é Ponto de Pedido? B. O que é Tempo de Ressuprimento? C. O que é Intervalo de Ressuprimento? D. O que Estoque de Segurança ou Estoque Mínimo? EXERCÍCIO 2 - No gráfico abaixo, identifique o PP, TR, IR e E.Mín. Quantidade 140- 120- 100- 80- 60- 40- 20- 0- Tempo (T) 69 EXERCÍCIO 3 - (Fonte: Livro Administração de Administração – Marco Aurélio Dias/2011) O consumo médio mensal de um produto é de 1.500 unidades e são feitos seis ressuprimentos ao ano. O estoque mínimo corresponde à metade do consumo durante o TR, que é de um mês. Calcule o ponto de pedido. EXERCÍCIO 4 - (CESGRANRIO/CMB/ANALISTAGESTÃO/2009) A figura acima representa o comportamento de consumo de um item do estoque de uma empresa que utiliza o sistema de ponto de pedido (ou sistema de reposição contínua). De acordo com as informações da figura e considerando que não existem atrasos no suprimento de materiais, conclui-se que o... (A) ponto de encomenda do lote de reposição é zero. (B) ponto de encomenda do lote de reposição é 20. (C) lote de reposição do estoque é 160. (D) lote de reposição do estoque é 180. (E) lote de reposição do estoque é 200. 70 EXERCÍCIO 5 - (CESGRANRIO – BACEN/ 2010) Uma empresa que usa o modelo de reposição contínua na gestão de estoques tem um consumo médio de um item em estoque de 1.000 unidades por mês e mantém um estoque de segurança de 100 unidades. Supondo que o prazo de entrega,após a colocação do pedido, é de 10 dias úteis, que as compras são feitas em lotes de 5.000, e considerando 20 dias úteis por mês, qual é a quantidade do ponto de pedido? (A) 50 (B) 500 (C) 600 (D) 1.000 (E) 5.000 EXERCÍCIO 6 - (CESPE- AGU/2010) A questão pede para você analisar se a afirmativa está CERTA ou ERRADA. Considerando que certa empresa utilize o sistema de ponto de pedido para atingir a máxima eficiência das reposições de seu estoque; que o consumo diário de determinado item nessa empresa seja de 120 unidade; que o período de reabastecimento do item seja de 2 dias e que o estoque de segurança do item corresponda ao consumo de 1 dia, é correto afirmar que o ponto de pedido do item em questão é de 360 unidades. EXERCÍCIO 7 - (CESPE – TSE/2006) A questão pede para você analisar se a afirmativa está CERTA ou ERRADA. Se determinado material tem consumo mensal de 30 unidades, tempo de reposição e estoque mínimo de um mês e inexistem pedidos pendentes de atendimento desse material, então seu ponto de pedido é igual a 90 unidades. EXERCÍCIO 8 - (CESPE – TST/2008) A questão pede para você analisar se a afirmativa está CERTA ou ERRADA. Se um material apresenta consumo quinzenal de 60 unidades, estoque mínimo de um mês e tempo de reposição de 45 dias e não há pedidos pendentes de atendimento, então o seu ponto de pedido é de 300 unidades. 71 5.4 Modelos de Controle de Estoques 5.4.1 Sistema Contínuo O sistema contínuo ou sistema de reposição contínua é também conhecido como sistema do estoque mínimo, sistema do ponto de reposição, ou sistema de lote padrão. Tudo que você aprendeu no tópico anterior sobre o gráfico dente de serra será utilizado aqui. O gráfico dente de serra é a representação do Sistema Contínuo. Figura 5.11 Gráfico Sistema de Reposição Contínua Fonte: elaborada pela autora Vivian F. Os sistemas contínuos possuem Lotes de entrega de tamanho fixo, e por esta razão, o intervalo entre os pedidos podem variar dependendo da velocidade do consumo do item naquele período. 5.4.2 Lotes Econômicos de Compra Nos sistemas contínuos, precisamos saber quando repor o material e quanto repor. Já aprendemos o “quando” no item 5.3.3 ao estudar o Ponto de ressuprimento (PP). Agora, Quantidade 140- 120- 100- 80- 60- 40- 20- 0- 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Tempo (T) Estoque mínimo. PP TR ou Lead time PP TR ou Lead time Características: LOTE é FIXO INTERVALO VARIA 72 vamos aprender o “quanto” repor através da determinação do Lote econômico de compras (LEC). Lembrando que os lotes do sistema contínuo são constantes, fixos. Para calcular o Lote econômico de compras (LEC), se faz necessário identificar o custo de armazenagem e o custo de pedido. O custo de armazenagem são as variáveis associadas à manutenção física do estoque como custos de obsolescência, quebras, furtos, manuseio, perda, depósito, seguros, etc.). E podem ser expressos de duas formas: 1. Percentual sobre o preço unitário. Ex: 25% do preço de venda. 2. Valor unitário por unidade: Ex: R$ 0,25 por peça. Já o custo de pedido (de encomenda ou de aquisição) refere-se ao custo para fazer um pedido de compra, ou preparo da ordem de compra, deslocamento dos produtos, inspeção de produtos no recebimento para inspeção de qualidade. Vamos analisar o gráfico demonstrativo na Figura 5.7. Figura 5.12. Gráfico demonstrativo do LEC (Lote Econômico de Compras) Fonte: elaborada pela autora Vivian F. Análise do Gráfico: 1. O eixo horizontal (abscissa) representa a quantidade de itens para o estoque. 2. O eixo vertical (ordenada) representa o custo em R$ dos itens do estoque. 3. A reta do custo de armazenagem mostra que à medida que a quantidade aumenta (observe o eixo horizontal), o custo também aumenta (observe o eixo vertical). Custos (R$) Custo Total (CA + CP) Custo de armazenagem (CA) Custo de pedido (CP) LEC Quantidade 73 4. A curva do custo de pedido faz o movimento contrário à reta do custo de armazenagem. O custo vai diminuindo (observe o eixo vertical) à medida que a quantidade vai aumentando (observe o eixo horizontal). O custo de pedido diminui com o tempo pois é dividido com todos os itens 5. A curva do custo total foi obtida a partir da junção dos custos de armazenagem e dos custos de pedido. Onde temos o ponto de mínimo desta função representando a quantidade ótima para compra, o lote econômico. Uma outra forma de interpretar o gráfico da Figura 5.7 é enxergando por partes, conforme representação do gráfico na Figura 5.8. Observe como se comportam as retas do custo de armazenagem e do custo de pedido nas fases Pré-LEC e Pós-LEC. Notamos em Pré-LEC que o custo de armazenagem é baixo e o custo do pedido alto. No Pós-LEC acontece o inverso, custo de armazenagem é alto e custo do pedido é baixo. Por fim, podemos afirmar que o LEC representa o equilíbrio entre o custo de armazenagem e o custo de pedido. O lote que apresentar o menor custo total é o Lote econômico. Figura 5.13 Gráfico demonstrativo do LEC (Pré-LEC e Pós-LEC) Fonte: elaborada pela autora Vivian F. A compreensão da figura 5.8 se faz necessária para consolidar os conceitos do LEC e resolução de várias questões sobre o assunto. Agora vamos estudar como calcular o LEC. Lembrando que LEC representa o ponto mínimo do custo total. Custos (R$) Custo Total (CA + CP) Custo de armazenagem (CA) Custo de pedido (CP) LEC Quantidade Pré-LEC Mín CA Máx. CP Pós-LEC Máx. CA Min. CP 74 Fórmula do LEC: 𝐿𝐸𝐶 = √2 𝑥 𝐷𝑒𝑚𝑎𝑛𝑑𝑎 𝑥 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑒𝑑𝑖𝑑𝑜 𝐶𝑢𝑠𝑡𝑜 𝑑𝑒 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑧𝑒𝑛𝑎𝑔𝑒𝑚 Exemplo: Considerando que uma empresa montadora de computadores utiliza na fabricação 1.000 HDs (memória) por ano. Cada pedido de memória tem um custo de R$ 100,00 e para manter uma memória no estoque o custo é R$ 5,00 ao ano. Aplicando a fórmula: 𝐿𝐸𝐶 = √2 𝑥 1000 𝑥 100 5,00 = 200 𝑢𝑛𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒𝑠 Resposta: A quantidade ótima é de 200 unidades Conforme estudamos na fórmula do LEC, o custo total é o somatório dos custos de armazenagem com os custos dos pedidos. Vejamos outra forma de calcular o LEC quando os dados estão distribuídos em tabela. Vamos utilizar como exemplo prático uma questão de concurso de 2010. Acompanhem: Fonte: (CESGRANRIO/2010) O gerente de compras de uma empresa deseja reduzir o custo total de estoque de um item, usando o método do LEC (Lote Econômico de Compras). A demanda anual do item é de 5.000 unidades e o custo por pedido foi estimado em R$ 100,00. O gerente de armazenagem estimou os custos de armazenagem de acordo com o tamanho do lote e obteve os seguintes resultados: CTe = CAt + CPt (Custo de armazenagem unitário x estoque médio) (Custo de Pedido unitário x Nº de pedidos) *Nº de pedidos = Demanda/lote 75 Com base nos dados da tabela acima e no método do LEC, o tamanho do lote mais econômico é: (A) 100 (B) 200 (C) 300 (D) 400 (E) 500 Comentários: Para resolver esta questão o ponto de partida é analisar a tabela dada. A primeira coluna “Tamanho do lote” consta todos os lotes, e na segunda coluna “Custo de Armazenagem (R$)”, ou seja, não precisamos calcular o custo de armazenagem, pois já está com os valores demonstrados. Então, precisamos calcular o Custo de Pedido para depois seguir analisando qual o lote que irá apresentar o menor custo total. Vamos lá! Montamos a tabela abaixo para demonstrar em detalhes o cálculo do custo de pedido: Figura 5.14. Tabela demonstrativa do cálculo do LEC. Fonte: elaborada pela autora Vivian F. Tamanho do Lote (CA)Custo de Armazenagem (R$) nº de pedidos (CP)Custo de Pedidos (CTe) Custo Total 100 500,00R$ 50 5.000,00R$ 5.500,00R$ 200 1.000,00R$ 25 2.500,00R$ 3.500,00R$ 300 1.500,00R$17 1.666,67R$ 3.166,67R$ 400 2.000,00R$ 13 1.250,00R$ 3.250,00R$ 500 2.500,00R$ 10 1.000,00R$ 3.500,00R$ 600 3.000,00R$ 8 833,33R$ 3.833,33R$ Demanda/Lote Cpu x nº de pedidos 5000/100=50 100 x 50 5000/200=25 100 x 25 5000/300=17 100 x 17 5000/400=13 100 x 13 5000/500=10 100 x 10 5000/600=8 100 x 8 CTe = CAt + CPt A demanda anual do item é de 5.000 unidades A B O custo do pedido unitário é de R$ 100,00 http://administracaocomentada.files.wordpress.com/2011/08/q38.jpg 76 Na figura 5.9, a coluna que chamamos de A foi criada para calcular o número de pedidos. Lembrando que para isso precisamos dividir a demanda anual de 5000 unidades por cada um dos lotes. Agora temos os dados para dar prosseguimento ao cálculo do custo de pedido. Na coluna B multiplicamos o custo do pedido unitário de R$ 100,00 pelos números de pedidos. Por fim, somamos o Custo de Armazenagem (CA) com o Custo do Pedido (CP). Próximo passo é analisar os valores de CA e CP. Como sabemos que CA e CP quando se encontram representam IGUALDADE, procuramos na tabela valores iguais, próximos, ou valores em que o somatório de CA e CP resultem no menor Custo Total. Desta forma, identificamos o lote 300 como o lote econômico de compra (LEC). Lote que minimiza os custos totais. Veja a Figura 5.10. Figura 5.15 Tabela com a identificação do LEC. Fonte: elaborada pela autora Vivian F. 5.4.3 Sistema Periódico O sistema periódico ou sistema de reposição periódico é também conhecido como sistema do estoque máximo, sistema de reposição de períodos fixos, ou do intervalo padrão. A Figura 5.16 demonstra o comportamento do sistema periódico. Tamanho do Lote (CA)Custo de Armazenagem (R$) nº de pedidos (CP)Custo de Pedidos (CTe) Custo Total 100 500,00R$ 50 5.000,00R$ 5.500,00R$ 200 1.000,00R$ 25 2.500,00R$ 3.500,00R$ LEC 300 1.500,00R$ 17 1.666,67R$ 3.166,67R$ 400 2.000,00R$ 13 1.250,00R$ 3.250,00R$ 500 2.500,00R$ 10 1.000,00R$ 3.500,00R$ 600 3.000,00R$ 8 833,33R$ 3.833,33R$ 77 Figura 5.16 Gráfico do Sistema de reposição periódica Fonte: elaborada pela autora Vivian F. Nota-se que ao atingir o ponto de pedido, data da emissão do pedido, verifica-se a quantidade que está faltando para atingir o estoque máximo. Lembrando que essa quantidade pode ser arredondada. Enquanto o sistema de revisão contínua, que estudamos no item 5.4.1, solicita um lote fixo, constante (gráfico dente de serra), no sistema periódico o lote vai variar de tamanho tendo em vista as revisões periódicas do estoque. Na prática, significa que no sistema periódico a quantidade a ser recebida vai oscilar de acordo com a velocidade do consumo deste estoque. Nesse sistema não temos uma linha de ponto de pedido, não teremos lotes já conhecidos, no entanto o intervalo de ressuprimento é fixo. 5.4.4 Sistema Duas Gavetas O sistema de duas gavetas é classificado como um método extremamente simples para controle de estoque. Por esta razão é usado no controle de itens de baixo valor. Importante ressaltar que, mesmo tratando-se de um método simples os conceitos de estoque máximo, estoque mínimo, ponto de pedido e lote econômico (Lec) precisam estar consolidados. De acordo com os dados abaixo vamos organizar os itens do estoque nas 2 gavetas. Dados E.Máx: 20 E.mín: 5 PP: 10 Lec: 15 Quantidade 250- 200- 150- 100- 50- Tempo (T) Estoque Mín. PP PP TR IR : 45 dias Estoque Máx. PP IR : 45 dias Tamanho do lote varia Tamanho do lote varia TR TR Características: LOTE VARIA INTERVALO é FIXO 78 Após a distribuição dos itens nas gavetas 1 e 2, a gaveta 1 começará a ser consumida. Ao zerar a gaveta 1, chegaremos ao momento do ponto de pedido e começaremos a consumir a gaveta 2. GAVETAS 1 2 IIIIIIIIII PP GAVETAS 1 IIIIIIIIII E.máx - PP 2 IIIIIIIIII GAVETAS 1 IIIIIIIIII 2 IIIIIIIIII Estoque Máximo 20 unidades Ponto de Pedido 10 unidades Estoque Mínimo 5 unidades GAVETAS 1 0 (estoque vazio) 2 IIIIIIIIII GAVETAS 1 0 (estoque vazio) 2 IIIIIIIIII PP - Novo pedido é solicitado 1. Começamos colocando os 10 itens do Ponto de Pedido na gaveta 2 2. Dentro do PP estão os 5 itens do Estoque de Segurança 3. O Estoque Máximo é de 20 itens, sendo que 10 já foram colocados na gaveta 2 4. Logo, na gaveta 1 colocaremos o que resta para atingirmos o Estoque Máximo. . Gaveta 1: E.máx - PP 79 O novo lote irá chegar quando a gaveta 2 atingir o estoque de segurança ou estoque mínimo. Com a chegada do novo lote (LEC) com 15 itens, faremos a nova distribuição dos itens nas gavetas. Ao receber o novo lote, 5 unidades vão completar a gaveta 2. Desta forma a gaveta ficará com 10 unidades (PP) e o restante colocaremos na gaveta 1 e todo ciclo inicia-se novamente. Agora encerramos este tópico sobre “modelos de controle de estoque”. Aqui você aprendeu sobre o quanto repor, e para isso, estudou os sistemas de reposição contínuo, sistema periódico e por fim, o sistema das 2 (duas) gavetas. Seguem exercícios para fixar os conceitos. Vamos praticar! GAVETAS 1 0 (estoque vazio) 2 IIIII E.mínimo GAVETAS 1 IIIIIIIIII 2 IIIIIIIIII 80 QUESTÕES COMENTADAS 1. (ADMINISTRADOR – ELETROBRAS/2007) O consumo de uma peça por uma empresa é de 1.620 unidades por ano. O custo de armazenagem por peça e por ano é R$ 4,00 e o custo do pedido é de R$ 1.000,00. O número de peças por pedido no lote econômico de compra dessa empresa é de: (A) 900 (B) 850 (C) 800 (D) 300 (E) 50 3. (CESPE-ANCINE/2006) A adoção do lote econômico objetiva alcançar custos mínimos admitindo que os recursos financeiros são ilimitados, o que não ocorre na realidade. 3. (CESPE-IGEPREV PA/2005) Lote econômico de compras refere-se a uma quantidade ideal a ser comprada ou produzida, em função do menor custo total possível. Comentários: Vamos aplicar a fórmula do LEC. 𝐿𝑒𝑐 = √2𝑋 1620 𝑋 1000 4,00 = √810000 = 900 Resposta: alternativa A. Comentários: Item correto. Lote econômico busca o custo total mínimo porque os recursos financeiros são limitados. Comentários: Item correto. Questão para reforçar o conceito de LEC: quantidade ideal a ser comprada ou produzida, em função do menor custo total possível. 81 EXERCÍCIOS EXERCÍCIO 1 – (CESGRANRIO -IBGE/2010) O gráfico representa um estudo dos custos decorrentes da quantidade do lote de pedido de compra de uma empresa. Comparando as linhas tracejadas R, S e T, afirma-se que os custos da (A) armazenagem são maiores na linha R do que nas S e T. (B) armazenagem são maiores na linha S do que nas R e T. (C) armazenagem são maiores na linha T do que nas R e S. (D) administração de compras é maior na linha S do que nas R e T. (E) administração de compras é maior na linha T do que nas R e S. EXERCÍCIO 2 – Baseando-se no gráfico do Exercício 1, responda: A linha que indica o Lote Econômico de Compra é a (A) S (B) T (C) U (D) V (E) X EXERCÍCIO 3 – (ADMINISTRADOR – BNDES/2005) Deseja-se calcular quanto adquirir de um certo item cujo estoque precisa de reabastecimento. A demanda pelo item é de 2.000 unidades por ano. O custo de colocação de um item é de R$45,00 por pedido e o custo de manutenção de estoque é de R$2,00 por item por ano. Definimos custos de manutenção como 82 o custo de manutenção por unidade multiplicado pelo estoque médio e definimos custos de pedido como o produto do custo por pedido pelo número de pedidos no período. O Lote Econômico de Compra para esses dados é igual a:(A) 150 (B) 225 (C) 300 (D) 375 (E) 500. EXERCÍCIO 4 – (CESGRANRIO - TRANSPETRO - Técnico de Administração e Controle Júnior/2012) O Lote Econômico de Compras representa a quantidade de materiais comprada pela empresa que reduz o custo de manutenção de estoque. Uma empresa do setor de alimentos adquire anualmente 2.000 toneladas de açúcar, que é consumido em seu sistema de produção. O custo anual de manutenção de estoque é de R$ 300,00/tonelada, e o custo estimado para a efetivação de cada pedido é de R$ 50,00/pedido. Pela abordagem do Lote Econômico de Compras (LEC), a expressão a ser utilizada para se calcular o tamanho do lote de fornecimento desse item é: (A) √2𝑋 2000 𝑋 50 300 (B) √2𝑋 2000 𝑋 300 50 (C) √50𝑋 2000 𝑋 300 2 (D) √2000𝑋 300 50/2 (E) √2000𝑋 50 300/2 EXERCÍCIO 5 – (FCC - TRE-RN - Técnico Judiciário - Área Administrativa/2005) O lote econômico de compras, num ambiente de demanda equilibrada, é utilizado na gestão de materiais para encontrar o ponto ótimo no qual o custo total de pedir e manter materiais em estoque é: (A) maximizado (B) eliminado (C) aumentado (D) minimizado (E) diferenciado EXERCÍCIO 6 – (CESGRANRIO - BNDES - Profissional Básico - Engenharia /2013) Uma empresa utiliza o Lote Econômico de Compra (LEC) para repor o estoque de uma das suas 83 peças cuja demanda anual é de 90.000 unidades. Se o custo de colocação de um pedido é de R$ 4.000,00, e o custo de manutenção de estoques é de R$ 20,00 por peça por ano, qual é o LEC utilizado? (A) 30 (B) 60 (C) 4.243 (D) 6.000 (E) 12.000 EXERCÍCIO 7 – (ADMINISTRADOR – BNDES/2009) Um administrador do departamento de Gestão de Materiais está realizando um estudo simplificado para fazer uma estimativa sobre quanto pedir de um produto químico utilizado no processo da empresa. Os dados de consumo e os custos são apresentados na Tabela 1, e os cenários que estão sendo avaliados, na Tabela 2. Dos cenários avaliados, apresenta(m) o menor custo total APENAS o (A) C1 (B) C2 (C) C3 (D) C1 e o C2 (E) C1 e o C3 (CESGRANRIO - IBGE – Analista-Área Logística /2010-adaptada) Considere o gráfico a seguir para responder às questões de números 08 a 10. Ele representa dois planos de reposição de itens de estoque. O plano de reposição 1 está representado em linha contínua e o plano 2 em linha tracejada. Os dois planos têm Lead Times iguais. Quantidade Q1 e Q2 de reposição dos dois planos são constantes ao longo do tempo. 84 EXERCÍCIO 8 – Duas questões são fundamentais na gestão de estoques: Quando repor? e Quanto repor?. Para responder a essas duas questões, foram desenvolvidos dois sistemas de reposição de estoque teóricos: o sistema de revisão contínua, ou sistema Q, e o sistema de reposição periódica, ou sistema P. Os planos de reposição do gráfico são do tipo : (A) sistema Q para os dois planos, pois o pedido de reposição é colocado quando o estoque atinge determinado nível. (B) sistema Q para o plano 1 e sistema “P” para o plano 2, pois as quantidades de ressuprimento Q1 e Q2 são diferentes. (C) sistema Q para os dois planos, pois o pedido de reposição de estoque é feito em intervalos de tempo constantes. (D) sistema P para os dois planos, pois quando o nível de reposição é atingido, as quantidades Q1 e Q2 elevam o nível de estoque ao seu valor máximo. (E) sistema P para o plano 2 e sistema Q para o plano 1, pois os intervalos de ressuprimento são mais previsíveis no plano 2. EXERCÍCIO 9 – Analisando as quantidades de itens representadas por X1, Y1, Y2, Z1 e Z2, afirma-se que: (A) X1 representa o ponto de encomenda para o plano 1. 85 (B) Y1 representa o ponto-limite do estoque de segurança do plano 1. (C) Z1 representa o ponto de ressuprimento do plano 1. (D) Y2 representa o ponto de encomenda do plano 2. (E) Z2 representa o estoque médio do plano 2. EXERCÍCIO 10 - Em que momentos, no plano de reposição 1, a empresa fez uso do estoque de segurança? (A) t2 e t7 (B) t3 e t8 (C) t4 e t9. (D) t1, t2, t4 e t7 (E) t2, t4, t7 e t9 EXERCÍCIO 11- (CEMIG – MG- Analista de Gestão Administrativa JR/2018) São considerados sistemas de controle de estoques, EXCETO o sistema (A) automático da qualidade. (B) das revisões periódicas. (C) de duas gavetas. (D) dos máximos – mínimos. EXERCÍCIO 12- (CESPE-CEBRASPE-Técnico Ministerial/2018) Em uma nota fiscal recebida na aquisição de materiais de escritório, constam as informações mostradas na tabela a seguir. 86 Acerca dessa situação hipotética, bem como de conferência, entrada, critérios e técnicas de armazenagem, julgue o item que segue. A aplicação do sistema de máximos-mínimos para os itens adquiridos poderá ser facilitada com a utilização do sistema de duas gavetas. ( ) Certo ( ) Errado EXERCÍCIO 13 - Um item de estoque apresenta as seguintes informações: E.máx: 16 unidades E.mín: 3 unidades PP: 6 unidades Lec: 13 unidades Determine o sistema de 2 gavetas. 5.5 Análise dos Estoques 5.5.1 Classificação ABC A Classificação ou curva ABC é uma ferramenta bastante utilizada pelas empresas para dimensionar o seu estoque. Trata-se de uma ordenação decrescente que permite identificar os itens de maior relevância monetária. Costuma-se adotar os seguintes critérios para a classificação dos itens: ✓ Classe A: Itens que recebem atenção especial da gestão, pois o valor de consumo acumulado é alto. São poucos itens que somam entre 50% e 80% dos valores totais do estoque. Ou seja, poucos itens com alto valor agregado, geralmente entre 10% e 20% de itens do estoque. ✓ Classe B: Itens intermediários. Menos importantes que itens classificados como A, e mais importantes que itens classificados como C. Apresenta valor de consumo 87 acumulado entre 20% e 30% e representam geralmente entre 20% e 30% dos itens do estoque. ✓ Classe C: Itens de menor relevância na classificação ABC, geralmente acima de 50% dos itens do estoque. Muitos itens com baixo valor agregado. O valor de consumo acumulado é de 5% a 10%. Vejam na figura 5.17, exemplo retirado do livro dos autores Petrônio G. Martins e Fernando P. Laugeni, com adaptações. Figura 5.17. Classificação ABC Fonte: MARTINS & LAUGENI, 2015 – adaptada pela autora Vivian F. Observem que os 2 (dois) itens classificados como A representam 63,74% do valor total consumido. Como temos ao todo 20 (vinte) itens no estoque, pode-se afirmar que os itens classificados como A referem-se à 10% dos itens consumidos (quantidade). Código do item Custo ($/unid.) Consumo (unid.) Valor consumido ($) Valor acumulado ($) % do Valor consumido % do Valor acumulado Classe do item P13 4,50R$ 23.000 103.500,00R$ 103.500,00R$ 41,62% 41,62% A P60 22,00R$ 2.500 55.000,00R$ 158.500,00R$ 22,12% 63,74% A P45 33,60R$ 900 30.240,00R$ 188.740,00R$ 12,16% 75,90% B P2 20,00R$ 600 12.000,00R$ 200.740,00R$ 4,83% 80,73% B P1 3,50R$ 2.010 7.035,00R$ 207.775,00R$ 2,83% 83,56% B P87 10,80R$ 650 7.020,00R$ 214.795,00R$ 2,82% 86,38% B P44 23,00R$ 300 6.900,00R$ 221.695,00R$ 2,77% 89,15% B P22 0,40R$ 15.000 6.000,00R$ 227.695,00R$ 2,41% 91,57% C P30 15,00R$ 330 4.950,00R$ 232.645,00R$ 1,99% 93,56% C P56 2,65R$ 1.500 3.975,00R$ 236.620,00R$ 1,60% 95,16% C P23 12,00R$ 200 2.400,00R$ 239.020,00R$ 0,97% 96,12% C P12 0,70R$ 3.000 2.100,00R$ 241.120,00R$ 0,84% 96,97% C P90 1,04R$ 1.200 1.248,00R$ 242.368,00R$ 0,50% 97,47% C P50 510,00R$ 3 1.530,00R$ 243.898,00R$ 0,62% 98,08% C P11 0,90R$ 1.500 1.350,00R$245.248,00R$ 0,54% 98,63% C P26 2,50R$ 520 1.300,00R$ 246.548,00R$ 0,52% 99,15% C P75 10,30R$ 110 1.133,00R$ 247.681,00R$ 0,46% 99,61% C P76 0,30R$ 1.500 450,00R$ 248.131,00R$ 0,18% 99,79% C P79 6,70R$ 60 402,00R$ 248.533,00R$ 0,16% 99,95% C P84 0,65R$ 200 130,00R$ 248.663,00R$ 0,05% 100,00% C 248.663,00R$ 88 Os 5 (cinco) itens classificados como B representam 25,41% do valor total consumido e 40% dos itens. Itens classificados como C representam 10,85% do valor total consumido e cerca de 65% dos itens. Figura 5.18. Classificação ABC Fonte: MARTINS & LAUGENI, 2015. Segundo os autores Petrônio Martins e Fernando Laugeni, o objetivo dessa divisão de itens em categoria é a definição de critérios para gestão do estoque que incluem dimensionamento e controle do estoque. Os itens A merecem um olhar cuidadoso da gestão de materiais. Já os materiais C podem ter tratamentos administrativos mais simples. Já os itens B sempre terão um tratamento intermediário entre as classes A e C. Vamos ilustrar o estudo da classificação ABC com outro exemplo, construindo o passo a passo. Considere os dados da Tabela 1. 89 Tabela 1. Tabela da Classificação ABC (peça, quantidade e valor unitário) Observe que os dados nesse primeiro momento estão ordenados pela sequência das peças. Precisamos dar continuidade à construção da tabela 1 apurando o cálculo do Valor consumido (Quantidade x Valor unitário). Tabela 2. Tabela da Classificação ABC (peça, quantidade, valor unitário e valor consumido) Em seguida, ordenaremos a coluna “Valor consumido ($)” de forma decrescente. Lembrando que outros critérios podem ser usados para ordenação dos itens. As empresas Peça Quant. Valor Unitário A 5 2.000,00R$ B 10 70,00R$ C 1 800,00R$ D 100 50,00R$ E 5000 1,50R$ F 800 100,00R$ G 40 4,00R$ H 50 20,00R$ I 4 30,00R$ J 240 150,00R$ K 300 7,50R$ L 2000 0,60R$ Peça Quant. Valor Unitário Valor consumido ($) A 5 2.000,00R$ 10.000,00R$ B 10 70,00R$ 700,00R$ C 1 800,00R$ 800,00R$ D 100 50,00R$ 5.000,00R$ E 5000 1,50R$ 7.500,00R$ F 800 100,00R$ 80.000,00R$ G 40 4,00R$ 160,00R$ H 50 20,00R$ 1.000,00R$ I 4 30,00R$ 120,00R$ J 240 150,00R$ 36.000,00R$ K 300 7,50R$ 2.250,00R$ L 2000 0,60R$ 1.200,00R$ 144.730,00R$ 90 podem definir pelos critérios da logística e distribuição. Por exemplo, podem considerar o peso ou o volume a ser transportado. Vejam a ordenação na tabela 3. Tabela 3. Tabela da Classificação ABC ordenado por Valor consumido Após a ordenação, vamos apurar o Valor acumulado ($), o percentual do Valor acumulado, e para ficar didático, vamos apurar também o percentual não acumulado. Por fim, a classificação dos itens em ABC. Tabela 4. Tabela da Classificação ABC ordenado por Valor consumido e valor acumulado. Peça Quant. Valor Unitário Valor consumido ($) F 800 100,00R$ 80.000,00R$ J 240 150,00R$ 36.000,00R$ A 5 2.000,00R$ 10.000,00R$ E 5000 1,50R$ 7.500,00R$ D 100 50,00R$ 5.000,00R$ K 300 7,50R$ 2.250,00R$ L 2000 0,60R$ 1.200,00R$ H 50 20,00R$ 1.000,00R$ C 1 800,00R$ 800,00R$ B 10 70,00R$ 700,00R$ G 40 4,00R$ 160,00R$ I 4 30,00R$ 120,00R$ 144.730,00R$ Peça Quant. Valor Unitário Valor consumido ($) Valor acumulado ($) F 800 100,00R$ 80.000,00R$ 80.000,00R$ J 240 150,00R$ 36.000,00R$ 116.000,00R$ A 5 2.000,00R$ 10.000,00R$ 126.000,00R$ E 5000 1,50R$ 7.500,00R$ 133.500,00R$ D 100 50,00R$ 5.000,00R$ 138.500,00R$ K 300 7,50R$ 2.250,00R$ 140.750,00R$ L 2000 0,60R$ 1.200,00R$ 141.950,00R$ H 50 20,00R$ 1.000,00R$ 142.950,00R$ C 1 800,00R$ 800,00R$ 143.750,00R$ B 10 70,00R$ 700,00R$ 144.450,00R$ G 40 4,00R$ 160,00R$ 144.610,00R$ I 4 30,00R$ 120,00R$ 144.730,00R$ 144.730,00R$ 36.000,00 + 80.000,00 = 116.000,00 91 A coluna “Valor acumulado ($)” foi gerada a partir dos valores dos itens da coluna “Valor consumido($)”. O primeiro valor, item F, foi repetido por não ter item anterior para somar. Observem o item J, somamos R$ 36.000,00 ao R$ 80.000,00 (item anterior), e assim seguimos item por item somando o valor acumulado anterior com o valor atual do item. Outro ponto interessante a observar na tabela 4 é a coluna “Valor acumulado ($)”. Nota-se que o último valor desta coluna deverá ser igual ao valor total da coluna “Valor consumido ($)”. Tabela 5. Tabela da Classificação ABC - % do valor acumulado e % do valor não acumulado Na coluna “% do valor acumulado” apuramos em percentual o quanto “o valor acumulado” de cada item está contido no valor total consumido que é R$ 144.730,00. Para o primeiro item, por exemplo, dividimos 80.000,00 por 144.730,00. O próximo item J, dividimos 116.000,00 por 144.730,00. Notem que estamos apurando a partir dos valores acumulados. Para ficar mais didático e facilitar a visualização no momento da classificação ABC criamos a coluna “% do valor não acumulado”. Agora falta apenas classificar os itens em ABC. Para isso, adotaremos a seguinte distribuição dos percentuais: 80% 15% 5% A B C Peça Quant. Valor Unitário Valor consumido ($) Valor acumulado ($) % do Valor acumulado % do Valor NÃO acumulado F 800 100,00R$ 80.000,00R$ 80.000,00R$ 55,28% 55,28% J 240 150,00R$ 36.000,00R$ 116.000,00R$ 80,15% 24,87% A 5 2.000,00R$ 10.000,00R$ 126.000,00R$ 87,06% 6,91% E 5000 1,50R$ 7.500,00R$ 133.500,00R$ 92,24% 5,18% D 100 50,00R$ 5.000,00R$ 138.500,00R$ 95,70% 3,45% K 300 7,50R$ 2.250,00R$ 140.750,00R$ 97,25% 1,55% L 2000 0,60R$ 1.200,00R$ 141.950,00R$ 98,08% 0,83% H 50 20,00R$ 1.000,00R$ 142.950,00R$ 98,77% 0,69% C 1 800,00R$ 800,00R$ 143.750,00R$ 99,32% 0,55% B 10 70,00R$ 700,00R$ 144.450,00R$ 99,81% 0,48% G 40 4,00R$ 160,00R$ 144.610,00R$ 99,92% 0,11% I 4 30,00R$ 120,00R$ 144.730,00R$ 100,00% 0,08% 144.730,00R$ 92 Tabela 6. Tabela da Classificação ABC Considerando a distribuição dos percentuais paraos itens ABC a coluna “% do valor não acumulado” da tabela 6 será importante para determinar as classificações. Para classificar os itens A somamos 55,28% com 24,87% (total 80,15%). Logo determinamos os itens F e J como de maior relevância na gestão deste estoque. Juntos somam R$ 116.000,00. Para determinar quem serão classificados como B teremos que somar todos os demais percentuais da coluna “% do valor não acumulado” até atingir 15%. Desta forma, identificamos os itens A, E, D, totalizando 15,55% dos valores totais dos estoques. Por fim, a classificação de C busca atingir, nesse caso, até 5% do valor total do estoque, são os seguintes itens: K, L, H, C, B, G, I. Gráfico da Curva ABC Peça Quant. Valor Unitário Valor consumido ($) Valor acumulado ($) % do Valor acumulado % do Valor NÃO acumulado Classe do item F 800 100,00R$ 80.000,00R$ 80.000,00R$ 55,28% 55,28% J 240 150,00R$ 36.000,00R$ 116.000,00R$ 80,15% 24,87% A 5 2.000,00R$ 10.000,00R$ 126.000,00R$ 87,06% 6,91% E 5000 1,50R$ 7.500,00R$ 133.500,00R$ 92,24% 5,18% D 100 50,00R$ 5.000,00R$ 138.500,00R$ 95,70% 3,45% K 300 7,50R$ 2.250,00R$ 140.750,00R$ 97,25% 1,55% L 2000 0,60R$ 1.200,00R$ 141.950,00R$ 98,08% 0,83% H 50 20,00R$ 1.000,00R$ 142.950,00R$ 98,77% 0,69% C 1 800,00R$ 800,00R$ 143.750,00R$ 99,32% 0,55% B 10 70,00R$ 700,00R$ 144.450,00R$ 99,81% 0,48% G 40 4,00R$ 160,00R$ 144.610,00R$ 99,92% 0,11% I 4 30,00R$ 120,00R$ 144.730,00R$ 100,00% 0,08% 144.730,00R$ B A C 0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00% 120,00% F J A E D K L H C B G I % do Valor acumulado 93 Por fim, importante ressaltar que a curva ABC pode ser aplicada na gestão de estoque de pequenas, médias ou grandes empresas. E não inclui apenas programação de atividades de estoque. Podemos usar, por exemplo, para classificar o portifólio de clientes, com intuito de facilitar a atuação da gestão de marketing e vendas. No entanto, o bom senso na aplicação da técnica é fundamental, tendo em vista a dinâmica do mercado o cliente que hoje tem baixo volume financeiro de receita pode ser o seu maior cliente amanhã. Ao final deste tópico são propostos exercícios para praticar as técnicas aprendidas sobre classificação ABC. 5.5.2 Inventário Físico Trata-se uma atividade de conferência do estoque com o objetivo de verificar se a quantidade física armazenada condiz com a quantidade registrada em relatórios contábeis de compra. Periodicamente as empresas realizam a conferência dos seus estoques afim de garantir a efetividade da gestão e todos os processos de quando e quanto comprar itens para o estoque. O autor DIAS (2011, p. 173) esclarece que o inventário buscar verificar: a) discrepâncias (em $) entre o estoque físico e o estoque contábil; b) discrepâncias (em quantidades) entre registro contábil; c) apuração do valor do estoque (contábil) para efeito de balanços ou balancetes. Neste caso, o inventário é realizado próximo ao encerramento do ano fiscal. São 2 (dois) os tipos de inventários: Inventários anuais Inventários anuais também são chamados de inventários gerais, são de longa duração por contemplar todos os itens do estoque e geralmente ocorrem ao final do exercício fiscal. Inventários rotativos A periodicidade dos inventários rotativos é mais curta já que ocorrem a cada entrada e saída do item no estoque. Lojas com artigos de alto padrão, artigos de alto valor agregados precisam fazer inventários frequentemente. Lojas de relógios e joias de luxo, são exemplos sugestivos de inventários rotativos. 94 Para garantir a efetividade dos inventários se faz necessário um planejamento contemplando a disponibilização de recursos como balanças e equipamentos de movimentação previamente para facilitar a realização da atividade. Além disso, a equipe que fará o inventário precisará contar com pelo menos 2 (duas) equipes, uma para verificar e outra para rever a contagem dos itens manualmente. Um dos conceitos mais importantes em inventários é o cut-off. Para Dias (2011, p. 175), se a sua organização não for bem feita, corre-se o risco de o inventário não corresponder à realidade. Cut-off é o procedimento que garante precisão e a confiabilidade do inventário. 5.5.3 Acurácia dos Controles A acurácia ou acuracidade é um indicador que demonstra a confiabilidade do estoque. É através desse índice que a empresa identifica se os produtos disponíveis fisicamente, aqueles que estão no estoque (ESTOQUE REAL), condizem com os dados indicados nos sistemas da empresa (ESTOQUE VIRTUAL). A acurácia é o percentual correspondente a ASSERTIVIDADE deste estoque, ou seja, o quão próximo o ESTOQUE VIRTUAL está do ESTOQUE REAL. Como aferir a acurácia? Vamos lá: Acurácia dos controles = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑡𝑜𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑥 100 Acurácia dos controles = 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑑𝑜𝑠 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑡𝑜𝑠 𝑉𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑥 100 Itens “corretos” são aqueles identificados após a contagem direta no estoque (ESTOQUE REAL) e itens/valor total de itens são aqueles indicados pelo sistema (ESTOQUE VIRTUAL) Exemplo: Apurou-se em um inventário 110.500 itens corretos de um total de 114.000 no almoxarifado. Qual é a acurácia? 95 Acurácia dos controles = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑐𝑜𝑟𝑟𝑒𝑡𝑜𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑖𝑡𝑒𝑛𝑠 𝑥 100 Acurácia dos controles = 110.500 114.000 𝑥 100 = 96,93% Quanto mais próximo de 100% o índice da acurácia estiver melhor será a experiência proporcionada aos clientes com relação a disponibilidade física do estoque para atender as demandas. Uma boa acuracidade reflete no nível de serviço como veremos no item abaixo, 5.5.4. 5.5.4 Nível de Serviço ou Nível de Atendimento Nível de serviço ou nível de atendimento é um importante indicador que permite decisões mais assertivas durante a gestão do estoque da empresa, sendo um grande aliado na busca de novos mercados. Trata-se de um índice que demonstra o potencial de atendimento aos clientes. Com este indicador é possível aferir se o estoque foi ou não capaz de atender as requisições dos setores de produção. Para Gasnier (2002) o cálculo que determina o nível de serviço se dá pela relação entre a quantidade de mercadoria solicitada pelo cliente (número de requisições atendidas) e a quantidade da mercadoria que efetivamente foi entregue dentro do prazo acordado (número de requisições efetuadas). Vejam o exemplo abaixo: Nível de Serviço = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑞𝑢𝑖𝑠𝑖çõ𝑒𝑠 𝐴𝑡𝑒𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑞𝑢𝑖𝑠𝑖çõ𝑒𝑠 𝐸𝑓𝑒𝑡𝑢𝑎𝑑𝑎𝑠 Exemplo: 1) CESGRANRIO - BACEN - 2010 O departamento de administração de materiais de uma empresa recebeu 5.000 requisições no ano de 2009, sendo que cada requisição teve uma média de 1,8 itens. Sabendo que 7.650 itens foram entregues dentro do prazo, qual foi o nível de serviço de atendimento do departamento, em percentual? 5000 requisições x 1,8 itens = 9.000 itens Como 7.650 itens foram entregues no prazo significa que representam as requisições atendidas. Logo, são 7.650 do total de 9.000 96 Aplicando a fórmula: Nível de Serviço = 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑞𝑢𝑖𝑠𝑖çõ𝑒𝑠 𝐴𝑡𝑒𝑛𝑑𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑑𝑒 𝑅𝑒𝑞𝑢𝑖𝑠𝑖çõ𝑒𝑠 𝐸𝑓𝑒𝑡𝑢𝑎𝑑𝑎𝑠 7.650 9.000 =0,85 *100= 85% Quanto mais próximo de 100%, melhor será o nível de atendimento. Segundo Pozo (2008, p.44) o nível de serviço tem por objetivo atender às necessidades do cliente em relação a datas e à presteza de entrega dos pedidos. Comisso, busca-se considerar os estoques para atender a qualquer solicitação do mercado e define-se um percentual como grau de atendimento. O grau de atendimento se dá por: D.C. = P.C. x G.A. Onde: D.C. = disponibilidade de consumo P.C. = previsão de consumo G.A. = grau de atendimento Exemplo: Qual o nível de atendimento devemos ter para um consumo mensal de 800 unidades e um grau de atendimento de 95%? Aplicando a fórmula dada acima, temos: D.C. = 800 x 0,95 = 760 unidades Fez sentido para você a relevância de um bom índice de acurácia e sua relação com o grau/nível de atendimento? Qual a relação dos inventários dos estoques e os impactos nas empresas com baixos índices de acurácia? Podemos aproveitar esse momento para refletir e abrir um debate na turma. O que acham? Vamos lá!? Importante destacar que, com a modernização dos mercados, realizar a entrega dos serviços ou produtos está para muito além de cumprir simplesmente o que foi contratado. Em suas várias etapas do atendimento as empresas seguem entregando aos seus clientes agilidade, qualidade, bom atendimento, e zelo por todo processo. Nos dias atuais com a expansão das vendas, especialmente as vendas on-line bastante evidenciadas durante a pandemia da Covid-19, esse cuidado com a qualidade do 97 que se entrega é enorme, a ausência desse cuidado pode custar muito caro para empresas. Tudo isso porque uma postagem ou uma avaliação na rede são capazes de alavancar ou afundar o crescimento de uma empresa. Sendo assim, como gerar um nível de serviço elevado aos clientes diante das novas demandas do mercado? A literatura nos traz três eixos que amplificam as variáveis relacionadas ao atendimento do mercado, são elas: atendimento, pontualidade e flexibilidade. Atendimento: além da capacidade de entregar o que foi contratado, posicionar o cliente sobre o andamento do seu pedido. Pontualidade: entregar dentro do prazo acordado. Flexibilidade: capacidade de corrigir falhas, promover correções sem impactar no prazo contratado. Empresas comprometidas com esses eixos tendem a fidelizar clientes e manter bons relacionamentos com eles. 5.5.5 Giro de estoques Acompanhar a rotatividade dos estoques é fundamental para a performance da empresa objetivando assim, torná-la mais atrativa do ponto de vista da competitividade do mercado. Para os autores Francischuini e Gurgel (2002, p. 161) a rotatividade do estoque é “o número de vezes em que o estoque de determinado item é renovado em um período de tempo”. Giro de Estoque = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 Observamos que a demonstração da rotatividade de estoque se dá pela relação existente entre consumo anual e o estoque médio do produto. Logo se faz necessário levantar o consumo total no período de tempo indicado ou selecionado. Consumo total no período: Consumo mensal x preço unitário x período 98 Um outro dado importante nessa construção do cálculo do giro de estoque é a apuração do estoque médio que se dá por: Estoque Médio = 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑖𝑛𝑖𝑐𝑖𝑎𝑙+𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑓𝑖𝑛𝑎𝑙 2 Exemplo da aplicação: O consumo de cadeiras para escritório em uma loja especializada foi de 900 cadeiras no ano. O estoque médio no período foi de 100 unidades. O giro seria de: Giro de Estoque = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 = 900 100 = 9 Significa que o estoque girou 9 vezes. O giro do estoque mede se as mercadorias estão saindo, se estão sendo vendidas. Uma rotatividade alta indica maior circulação de capital, mais mercadorias sendo vendidas, por consequência aumento de receita para as empresas. No exemplo acima todos os dados foram apresentados, mas você poderá se deparar com aplicações na prática que vão exigir os cálculos prévios do consumo no período e estoque médio. 5.5.6 Cobertura de estoques “Período de renovação dos estoques” ou “cobertura de estoque” indica o número de meses ou de dias que o estoque irá se movimentar sem que haja necessidade de nova encomenda, ou seja período de tempo que o estoque consegue atender a demandas sem precisar de reposição. Exemplo: Dados: 1. Quantidade vendia: 360/ano 2. Estoque médio mensal: 120 Calcule: a) Giro do estoque (vezes que girou) 99 b) Tempo de permanência ou duração do estoque, em dias c) Taxa de cobertura do estoque a) Giro de Estoque = 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 = 360 120 = 3 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠 𝑎𝑜 𝑎𝑛𝑜 b) Tempo de Duração = 𝑁º 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠 𝑥 30 𝑑𝑖𝑎𝑠 𝐺𝑖𝑟𝑜 = 12 𝑥 30 3 = 120 𝑑𝑖𝑎𝑠 c) Cobertura do estoque = 𝐸𝑠𝑡𝑜𝑞𝑢𝑒 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑛𝑜 𝑝𝑒𝑟í𝑜𝑑𝑜 𝐶𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑜 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑚𝑒𝑛𝑠𝑎𝑙 = 𝑇𝐷 (360/12𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠) = 120 30𝑑 = 4 𝑚𝑒𝑠𝑒𝑠 EXERCÍCIOS EXERCÍCIO 1 As vendas no período jan/jun foram de 600 unidades. As posições dos estoques foram, conforme a tabela abaixo, de: Janeiro 380 Calcule: Fevereiro 370 1. Estoque médio Março 220 2. Giro do Estoque Abril 270 3. Tempo de Duração Maio 300 4. Antigiro ou taxa de cobertura Junho 260 EXERCÍCIO 2 Quantidade vendida: 360/ano Estoque Médio mensal: 120 Calcule: 1. Giro do Estoque 2. Tempo de Duração, em dias 3. Antigiro ou taxa de cobertura 100 EXERCÍCIO 3 A empresa XY S/A, precisa definir critério prioritários de suprimentos para itens de consumo regulares. Por decisão de seus administradores, passou a coletar dados para confecção de um sistema de classificação ABC, nas proporções de 70%, 20%, 10%, conforme podemos visualizar pela tabela abaixo: Pede-se: Efetuar a análise da Curva ABC. Em relação ao grupo A informar o valor em R$ e percentual encontrado por você. Custo Anual Custo Unitário Custo total Item 1 R$ 1.000,00 R$ 2,00 R$ 2.000,00 Item 2 R$ 200,00 R$ 20,00 R$ 4.000,00 Item 3 R$ 2.000,00 R$ 1,00 R$ 2.000,00 Item 4 R$ 100,00 R$ 80,00 R$ 8.000,00 Item 5 R$ 200,00 R$ 20,00 R$ 4.000,00 Item 6 R$ 4.000,00 R$ 10,00 R$ 40.000,00 Item 7 R$ 4.000,00 R$ 48,00 R$ 192.000,00 Item 8 R$ 1.000,00 R$ 84,00 R$ 84.000,00 Item 9 R$ 50,00 R$ 40,00 R$ 2.000,00 Item 10 R$ 30,00 R$ 200,00 R$ 6.000,00 Item 11 R$ 500,00 R$ 4,00 R$ 2.000,00 Item 12 R$ 8.000,00 R$ 4,00 R$ 32.000,00 Item 13 R$ 100,00 R$ 20,00 R$ 2.000,00 Item 14 R$ 1.000,00 R$ 24,00 R$ 24.000,00 Item 15 R$ 10,00 R$ 600,00 R$ 6.000,00 TOTAL R$ 410.000,00 101 Faça a análise ABC das seguintes amostras EXERCÍCIO 4 Considere um sistema de classificação ABC, nas proporções de 70%, 20%, 10%: Peça Quant. Valor Unitário 1 135 R$ 10,00 2 100 R$ 10,00 3 40 R$ 100,00 4 400 R$ 20,00 5 2000 R$ 10,00 6 10000 R$ 10,00 7 120 R$ 50,00 8 135 R$ 10,00 EXERCÍCIO 5 Considere um sistema de classificação ABC, nas proporções de 80%, 15%, 5%: Peça Quant. Valor Unitário A 5 R$2.000,00 B 10 R$ 70,00 C 1 R$ 800,00 D 100 R$ 50,00 E 5000 R$ 1,50 F 800 R$ 100,00 G 40 R$ 4,00 H 50 R$ 20,00 I 4 R$ 30,00 J 240 R$ 150,00 K 300 R$ 7,50 L 2000 R$ 0,60 102 EXERCÍCIO 6 (Fonte: ESAF -2013 – DNIT) Considerando a metodologia ABC de administração dos estoques, assinale a opção incorreta. a) Uma das aplicações da metodologia é a utilização da curva como parâmetro de informação sobre a necessidade de aquisição de mercadorias. b) Na avaliação dos resultados da Curva, pode se identificar o giro dos itens e o nível de lucratividade. c) A classificação por meio da curva ABC permite a identificação dos itens de maior importância que são normalmente de maior número. d) A curva ABC também pode ser utilizada para a definição de políticas de vendas e o estabelecimento de prioridades. e) A análise da curva ABC permite a definição dos recursos financeiros investidos na aquisição de estoques. EXERCÍCIO 7 (Fonte: CESGRANRIO/BACEN Prova: CESGRANRIO - 2010 - BACEN - Técnico do Banco Central - Area 1) Após o término do inventário físico dos itens em estoque, deve-se calcular um índice representativo da acurácia dos controles de movimentação de materiais da empresa. Considerando que foram inventariados 10.000 itens e encontrados 1.200 itens com divergências, o índice de acurácia desse estoque é de a) 12,0% b) 13,6% c) 76,0% d) 88,0% e) 94,0% EXERCÍCIO 8 (Fonte: Concurso: Tribunal de Justiça do Maranhão - MA (TJ MA/MA) 2009/Cargo: Analista Judiciário - Área Administrativa) O estoque médio de uma empresa no ano de 2008 foi de R$ 1.320.000,00. Há em estoque 15.850 itens, dos quais na realização do inventário de final de ano, 326 apresentaram divergência entre a quantidade contada e os registros em estoque. O gasto anual com itens de estoque foi de R$ 14.878.000,00, no atendimento às 37.900 requisições, havendo ainda 103 2.180 requisições não atendidas. Com base nestas informações, assinale a alternativa correta (arredondar o resultado): a) O nível de atendimento foi de 94,25%. b) A acuracidade dos controles de estoques foi de 97,94%. c) O giro de estoques foi de, aproximadamente, 32 dias. d) A classe A, da Classificação ABC – valor do estoque tem, no mínimo, 7.950 itens. EXERCÍCIO 9 (Fonte: Concurso: Conselho Regional dos Representantes Comerciais de São Paulo - SP (CORE/SP) 2019/Cargo: Assistente Administrativo) No cenário da gestão de material, observa-se uma grande diversidade de atividades administrativas e, entre elas, as relacionadas ao supervisionamento do almoxarifado. No processo de inventário, observamos uma série de procedimentos importantes e indispensáveis para que essa prática seja lograda com êxito. Entre esses procedimentos temos o Cut-off, que compreende: a) Na indicação de detalhes sobre os últimos documentos emitidos antes do inventário. b) Na eliminação de itens que não mais interessam permanecer no estoque. c) Em informar quanto tempo determinado item está sendo consumido pela organização. d) Em estabelecer parâmetros que determinem quanto tempo deverá durar o processo. e) Em identificar detalhadamente as pessoas responsáveis pela contagem dos itens do estoque. 5.6 Avaliação dos Estoques A administração eficaz dos estoques permite às empresas aumento de lucros, economia de recursos e vantagens competitivas frente aos seus concorrentes. A avaliação dos estoques tem como premissa fazer o controle do capital direcionado aos estoques. Lembrando que estoque representa custos para as empresas. Nesse sentido, a contabilidade e a gestão dos estoques caminham juntas apurando o quanto de capital está inserido no ativo imobilizado da empresa e controlando o volume físico dos materiais. Pode-se realizar a avalição dos estoques através de quatro métodos: 104 5.6.1 Custo Médio Considerado como o método mais frequente, a avaliação de estoque sob a ótica do método do custo médio tem por base o preço de entrada dos itens no estoque e cria um preço médio estabilizante para equilibrar as possíveis flutuações. Vamos acompanhar o exemplo a seguir: ENTRADAS SAÍDA SALDO Dia Quant. Preço unit. Total Quant. Preço unit. Total Quant. Total Médio 5 600 R$ 20,00 R$ 12.000,00 600 R$ 12.000,00 R$ 20,00 7 300 R$ 25,00 R$ 7.500,00 900 R$ 19.500,00 9 200 R$ - 700 R$ - Observe que no dia 5 houve uma ENTRADA de 600 itens no estoque, custando R$ 20,00 a unidade, com isso totalizamos R$ 12.000,00 (600 x R$ 20,00). Como não houve SAÍDA de estoque no dia 5 os mesmos dados refletem na coluna de SALDO da seguinte forma: quantidade 600, total R$ 12.000,00 e médio (saldo médio) R$ 20,00, significa que cada item custou em média R$ 20,00. Por ser o primeiro registro fica explícito que esses R$ 20,00 representa o custo médio por cada item. Analisando a ocorrência do dia 7, notamos a entrada de 300 itens por R$25,00 a unidade, totalizando R$ 7.500,00 (300 x R$ 25,00). No entanto, ao observar os dados em SALDO temos: quantidade 900 (soma-se aos 300 itens que chegaram agora a quantidade da entrada anterior, logo temos 300 + 600 = 900. A mesma lógica se aplica ao total da coluna SALDO, então, se faz necessário somar R$ 12.000,00 da entrada do dia 5, com R$ 7.500,00 da entrada do dia 7, perfazendo assim um saldo total de R$ 19.500,00. Agora vamos aprender a calcular o custo médio desse registro do dia 07, pois não será R$ 25,00. Para o cálculo do custo médio precisamos dos dados realçados na tabela abaixo. Vejamos: 105 Custo médio = 𝑣𝑎𝑙𝑜𝑟 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = (12.000+7.500) (600+300) = 𝑹$ 𝟐𝟏, 𝟔𝟕 O valor de R$ 21,67, é o custo médio, por unidade. Significa que, as mercadorias que saírem do estoque, a partir desse registro terão este valor médio como referência. Isso independente se foram compradas por R$ 20,00 ou R$ 25,00. Vale esclarecer que este preço médio nada tem a ver com preço de venda. O registro deste estoque pode ser de itens utilizados para produzir o que será comercializado, por exemplo, registro de matéria-prima. Acompanhem abaixo: Notem que no dia 9 houve a SAÍDA de 200 itens do estoque, o preço unitário utilizado é de R$ 21,67, perfazendo um total de R$ 4.333,00. Na coluna SALDO observamos a diminuição da quantidade, registrando a saída das 200 unidades (saldo da quantidade anterior 900 – 200 que representa a SAÍDA atual), assim temos 700 itens. O saldo total resultado da diferença entre o saldo total anterior e o saldo do total da SAÍDA do dia 9 (R$ 19.500,00 – 4.333,33 = R$ 15.166,67). Por fim, nota-se em custo médio o valor de R$ 21,67, resultado da divisão do SALDO por Quantidade (R$ 15.166,67 / 700 = R$ 21,67). A cada nova entrada o preço médio é atualizado. O método custo médio atua como um fator estabilizador por equilibrar as flutuações de preços das compras de materiais, principalmente em períodos inflacionários. Vamos agora ao segundo método de avaliação dos estoques: 106 5.6.2 Método PEPS (FIFO) Avaliação dos estoques adotando este modelo se dará de forma cronológica, considerando FIFO, do inglês first in, first out, significa que O PRIMEIRO ITEM A ENTRAR NO ESTOQUE SERÁ O PRIMEIRO ITEM A SAIR DO ESTOQUE ou seja, aqueles itens que estão a mais tempo no estoque sairão primeiro. Acompanhem o exemplo abaixo: As entradas que aconteceram nos dias 5 e 7 seguem o mesmo raciocínio do método anterior. Observem agora na coluna SAÍDA a ocorrência do dia 9, houve o registro da saída de 600 itens. Já na coluna SALDO, em QUANTIDADE, notem116 6.1.2 Mezaninos .............................................................................................................................. 118 6.1.3 Porta-paletes .......................................................................................................................... 119 6.1.4 Flow rack ................................................................................................................................ 119 6.1.5 Sistema WMS ......................................................................................................................... 120 6.2 Almoxarifado e Depósito ..................................................................................................... 121 4 6.3 Classificação e Codificação de materiais ............................................................................. 122 6.3.1 Código de barras..................................................................................................................... 123 6.3.2 QR CODE – Quick Response Codes (QRC) .............................................................................. 124 6.3.3 Etiquetas eletrônicas (e-tag) .................................................................................................. 125 6.3.4 Endereçamento logístico ........................................................................................................ 127 6.4 Equipamentos de movimentação e manuseio .................................................................... 128 7 Ciclo de Pedidos .......................................................................................................................... 133 7.1 Etapas do Ciclo de Pedidos .................................................................................................. 133 7.2 Principais causas das variabilidades dos ciclos de pedido .................................................. 134 8 Transporte ................................................................................................................................... 136 8.1 Decisões Gerenciais em Transporte .................................................................................... 137 8.1.1 Seleção do Modal de Transporte .................................................................................... 137 8.1.2 Frota própria ou Terceirizar? ........................................................................................... 142 8.1.3 Roteirização ..................................................................................................................... 142 8.1.4 Política de Consolidação de Cargas ................................................................................. 143 8.2 Configurações que impactam a Distribuição Física ............................................................. 145 8.2.1 Transit Point .................................................................................................................... 145 8.2.2 Cross Docking .................................................................................................................. 146 8.2.3 Hub and Spoke................................................................................................................. 147 8.3 Trade-offs do Transporte .................................................................................................... 147 8.4 Depreciação ......................................................................................................................... 149 9 Desafios da Administração de Materiais e Logística ................................................................... 153 9.1 Efeito Chicote ...................................................................................................................... 153 10 Tendências Logísticas .............................................................................................................. 155 REFERÊNCIAS ....................................................................................................................................... 157 5 Prezado docente Esta apostila foi preparada exclusivamente com o objetivo de seguir o currículo contido no Plano do Curso Ensino Médio Integrado – Técnico em Administração do Colégio Pedro II e Ensino Médio Integrado modalidade PROEJA - Técnico em Administração do Colégio Pedro II. Entendemos que toda a teoria pode e deve ser apresentada ao aluno com exemplos práticos que facilitem sua compreensão de forma contextualizada. E para auxiliar nesta compreensão, sugerimos que o docente elabore exercícios de fixação de conteúdo, principalmente com relação às ferramentas e conceitos que poderão ser utilizados na prática administrativa do aluno, seja em seu cotidiano ou em seu ambiente de trabalho. Professoras elaboradoras: Vivian França Vivian Wildhagen 6 1. Logística Prezado estudante, este capítulo tratará de Logística, que é responsável pelos processos desde a aquisição de matérias-primas até a entrega do produto acabado ao consumidor final. Você verá neste capítulo a definição de Logística e sua origem, o sistema logístico, bem como outros conceitos ligados a esse universo. Boa leitura! 1.1 Origem do Termo Logística O termo Logística tem origem francesa, no verbo loger (alojar), e tem raízes na área militar, tendo sido utilizado inicialmente para expressar a arte de transportar, abastecer e alojar tropas. Porém, devido à sua aplicação mais recente à distribuição física de bens, passou a abranger o processamento de pedidos, Compras, a estocagem, a armazenagem, a movimentação de materiais e o nível de serviço ao cliente. A missão da Logística é “O produto certo, na quantidade certa, na hora certa, no lugar certo ao menor custo possível”. 1.2 O que é Logística? De acordo com o Council of Logistics Management (CLM, 1998), “Logística é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo eficiente e economicamente eficaz de matérias-primas, estoque em processo, produtos acabados e informações relativas desde o ponto de origem até o de consumo, com o propósito de atender às exigências dos clientes”. Nesse sentido, a missão da Logística é: “O produto certo, na quantidade certa, na hora certa, no lugar certo ao menor custo possível”. 1.3 O que é Administração de Materiais? A Administração de Materiais envolve o planejamento, execução e controle de atividades de compra de matérias-primas, controle de estoques e de consumo interno de material. A Administração de Materiais, é, portanto, parte da Logística. 7 Dessa forma, podemos afirmar que, de alguma maneira, administramos materiais todos os dias em nossas casas. Quando você vai ao supermercado, por exemplo, chega em casa e ao guardar os mantimentos, procura olhar validades e colocar produtos cuja validade é mais curta por cima de outros para serem usados primeiro? Compra produtos pensando no espaço que você tem disponível para armazená-los? Procura evitar desperdício de materiais? Nas organizações, isso não é diferente, apenas as proporções são bem maiores. Os objetivos principais da administração adequada dos materiais são prezar pela qualidade dos materiais adquiridos, comprar materiais com os menores custos possíveis, garantir que não faltem materiais quando são necessários, evitar excesso de estoque (custo) e armazenar os materiais adequadamente segundo suas características, evitando perdas. Ao longo da apostila, essas atividades serão mais bem detalhadas. 1.4 Evolução do Conceito de Logística Figura 1.1 – Evolução da Logística Fonte: FLEURY, 2000. 8 Figura 1.2 – Evolução Histórica da Logística Fonte: proflogistica apud FILHO (2014). Até os anos 40, a economia agrária prevalecia no cenário econômico e o volume de produçãoque consta o SALDO atualizado após o registro da saída dos 600 itens. Como assim? O SALDO anterior era de 900 itens, com a saída de 600 ( ), o SALDO atual ( ) passa a ser 300 (900 – 600 = 300). A mesma lógica é aplicada na linha abaixo ao registrar a saída de 100 itens no dia 15. Notem que em SAÍDA, consta 100 itens. Em seguida observamos o SALDO atualizado em 200. Como se deu essa atualização? Trata-se da diferença entre o SALDO anterior e a SAÍDA atual (300 – 100 = 200). Como vimos no início desse tópico, o método PEPS nos diz que o primeiro item que entra no estoque será o primeiro a sair. Sendo assim, acompanhem a continuidade do exemplo para visualizar como se dá o cálculo das SAÍDAS e apuração dos valores dos SALDOS: Observe que na saída dos 600 itens foi aplicado o valor da primeira entrada, R$ 20,00 ( ), perfazendo um total de R$ 12.000,00 (600 x R$ 20,00 = R$ 12.000,00). Notem que na coluna ENTRADA os 600 itens estão riscados, 600, para realçar que está zerado. Não há 107 mais itens com o valor de R$ 20,00 a serem retirados do estoque. Restaram 300 itens no estoque que foram adquiridos por R$ 25,00. Após o registro da SAÍDA dos 600 itens precisamos atualizar o SALDO do dia 9. Lembrando que tínhamos 900 itens no saldo anterior (–) os 600 itens, restam 300. Logo, atualizamos o saldo do valor apurando a diferença entre o saldo anterior (R$ 19.500,00) e o valor total da saída dos 600 itens (R$ 12.000,00). Temos assim: R$ 19.500,00 – R$ 12.000,00 = R$ 7.500,00. No dia 15 há o registro de uma nova retirada de 100 itens o valor a ser aplicado será de R$ 25,00 ( ) por unidade retirada do estoque. Com o estoque do primeiro registro zerado, 600, cabe aplicar nesta nova saída o valor do próximo registro de entrada. Desta forma, temos a saída de R$ 2.500,00 (100 x R$ 25,00) do estoque. Próximo passo é atualizar o saldo. Seguindo o mesmo raciocínio do parágrafo acima, temos como saldo anterior 300 itens. Ao atualizar teremos 200 itens (300-100) no saldo das quantidades em estoque. Já o cálculo para apurar o resultado do saldo em R$ se dá através da diferença entre os saldos. Assim, saldo anterior– valor total da saída do dia 15. Temos: R$ 7.500,00 – R$ 2.500,00 = R$ 5.000,00. 5.6.3 Método UEPS (LIFO) Avaliação dos estoques adotando o modelo UEPS, LIFO, do inglês last in, first out, significa que O ÚLTIMO ITEM A ENTRAR NO ESTOQUE SERÁ O PRIMEIRO ITEM A SAIR. Ou seja, mercadorias no estoque com pouco tempo de entrada sairão assim que o estoque for acionado. Acompanhem o exemplo abaixo: As entradas nos dias 5 e 7 seguem o raciocínio já mencionado anteriormente. Basta multiplicar a quantidade pelo preço, conforme observamos no dia 5, 600 x R$ 20,00 = R$ 12.000,00 e no dia 7, 300 x R$ 25,00 = R$ 7.500,00. Notem a ocorrência do dia 9, houve o registro da saída de 300 itens. Já na coluna SALDO, em QUANTIDADE, observem que consta o SALDO atualizado após o registro da 108 saída dos 300 itens. Para esse cálculo teremos que proceder com a diferença ( )entre saldo anterior 900 itens e a quantidade retirada do estoque de 300, o SALDO ( ) atual passa a ser 600 (900 – 300 = 600). A mesma lógica é aplicada na linha abaixo, dia 15, ao registrar a saída de 150 itens. Aplica-se a diferença entre o SALDO anterior e a SAÍDA atual (600 – 150 = 450). No dia 20 ocorre o registro da saída de 50 itens, ao atualizar o SALDO, temos 400 itens (450- 50= 400) Agora vamos aplicar o método UEPS. Lembrando que a premissa deste método é “último a entrar é o primeiro a sair”. Sendo assim, acompanhem a continuidade do exemplo acima para visualizar como se dá o cálculo das SAÍDAS e apuração dos valores dos SALDOS: Observem que na saída ( ) dos 300 itens, dia 9, foi aplicado o valor da última entrada, R$ 25,00, perfazendo um total de R$ 7.500,00 (300 x R$ 25,00 = R$ 7.500,00). Riscamos os 300 na coluna entrada, 300, para realçar que está zerado. Foi dada a baixa no estoque a partir dos últimos itens que foram registrados. Após o registro da SAÍDA dos 300 itens precisamos atualizar o SALDO do dia 9. A apuração do saldo se dá através da diferença entre o saldo anterior (R$ 19.500,00) e o valor total da saída dos 300 itens (R$ 7.500,00). Temos assim: R$ 19.500,00 – R$ 7.500,00 = R$ 12.000,00. No dia 15 há o registro ( ) de uma nova retirada de 150 itens. O valor a ser aplicado será de R$ 20,00 por unidade retirada do estoque. Com o estoque do primeiro registro zerado, 300, cabe aplicar nesta nova saída o valor do penúltimo item registrado na entrada. Desta forma, temos a saída de R$ 3.000,00 (150 x R$ 20,00) do estoque. Próximo passo é atualizar o saldo. Temos assim: o saldo anterior R$ 12.000,00 – R$ 3.000,00, valor total da saída dos 150 itens = R$ 9.000,00. No dia 20, registrou-se a saída de 50 itens do estoque. Temos um saldo de 450 unidade do último lançamento (dia 15). Agora vamos atualizar todos os saldos a partir dessa nova saída. Na coluna SAÍDA temos: 50 x R$ 20,00 = R$ 1.000,00. Atualizando a quantidade teremos: 450 – 50 = 400. Por fim, atualizando o saldo em R$, temos: R$ 9.000,00 – R$ 1.000,00 = R$ 8.000,00. 109 Este método é indicado para períodos inflacionários, por uniformizar o preço dos produtos em estoque para venda no mercado consumidor. Ao final faremos um estudo comparativo entre os métodos de avaliação dos estoques para fecharmos o entendimento sobre essas diferentes práticas. 5.6.4 Custo de reposição Trata-se do método mais simples de todos. Vamos a um exemplo prático para demonstrar como se dá a sua aplicação: Exemplo: Uma empresa tem um estoque de 600 unidades, ao preço unitário de R$ 25,00 por unidade. Espera-se que para os próximos meses, os preços sejam reajustados em 5% em função da inflação. CUSTO DE REPOSIÇÃO (CR)= PREÇO UNITÁRIO + ACRÉSCIMO DO CUSTO DE REPOSIÇÃO 1) Reajuste: Preço = R$ 25,00 % = 0,05 2) Custo de Reposição (CR): CR = 25 x 0,05% CR = 1,25 Logo, cada mercadoria que custava R$ 25,00 passará a custar = (25,00 + 1,25) = R$ 26,25, este é o preço unitário de reposição. 5.6.5 Comparação entre os métodos de avaliação dos estoques PEPS e UEPS Neste tópico vamos entender as diferenças entre os métodos de avaliação dos estoques e o porquê de a legislação brasileira não aceitar o método UEPS como um método de valorização dos estoques. Vamos lá! Para ilustrar numericamente essa análise comparativa entre os métodos vamos utilizar o exercício abaixo: 110 A fábrica de notebook NB consome a matéria prima X no seu produto acabado. A tabela abaixo mostra a movimentação do material X. (Fonte: Defensoria Pública do Rio Grande do Sul - RS (DPE/RS) 2017/Cargo: Técnico - Área Apoio Especializado - Especialidade: Logística/Banca: Fundação Carlos Chagas (FCC)/Nível: Médio O custo unitário do saldo final de estoque do material pelos métodos "Primeiro Entra, Primeiro Sai" (PEPS), "Último Entra, Ultimo Sai" (UEPS) e Custo Médio Unitário são, respectivamente: a) 15,00; 20,00; 18,00 b) 18,00; 20,00; 15,00 c) 20,00; 15,00; 18,00 d) 18,00; 15,00; 20,00 e) 15,00; 18,00; 20,00 GABARITO -LETRA C. Vamos à resolução! O comando da questão pede “saldo final de estoque”. Vamos precisar construir a tabela para cada método solicitado. 1) Método PEPS ENTRADAS SAÍDA SALDO Dia Quant Preço unit. Total Quant Preço unit. Total Quant. Total 8-9 100 R$ 15,00 R$ 1.500,00 100 R$ 1.500,00 9-9 150 R$ 20,00 R$ 3.000,00 150 R$ 3.000,00 23-9 100 R$ 15,00 R$ 1.500,00 0 R$ - 23-9 50 R$ 20,00 R$ 1.000,00 100 R$ 2.000,00 Registrou-se aqui a saída pelo método PEPS. Com isso, o primeiro item a entrar no estoque será o primeiro a sair. Observe que o registro da primeira entrada, dia 8-9, possui apenas 100 https://questoes.grancursosonline.com.br/concurso/dpe-rs-2017-fcc https://questoes.grancursosonline.com.br/prova/dpe-rs-2017-fcc-tecnico-area-apoio-especializado-especialidade-logisticahttps://questoes.grancursosonline.com.br/prova/dpe-rs-2017-fcc-tecnico-area-apoio-especializado-especialidade-logistica https://questoes.grancursosonline.com.br/fcc https://questoes.grancursosonline.com.br/fcc 111 itens, logo não será suficiente. Então, registramos a saída desses 100 itens no valor de R$ 15,00 cada e logo em seguida vamos retirar 50 itens do lote de 150, do dia 9-9. Dessa forma, retiramos 50 itens por R$ 20,00 cada. O saldo será de R$ 2.000,00, ou seja, 100 (saldo restante) x R$ 20,00. 2) Método UEPS ENTRADAS SAÍDA SALDO Dia Quant Preço unit. Total Quant Preço unit. Total Quant Total 8-9 100 R$ 15,00 R$ 1.500,00 100 R$ 1.500,00 9-9 150 20 R$ 3.000,00 250 R$ 4.500,00 23-9 150 R$ 20,00 R$ 3.000,00 100 R$ 1.500,00 Registrou-se aqui a saída pelo método UEPS. Com isso, o último item a entrar no estoque será o último a sair. Com a aplicação desse método a quantidade da última entrada, 9-9, será suficiente para atender a esta demanda de retirada. Logo, registramos então a saída dos 150 itens por R$ 20,00. Com isso zerados o estoque do dia 9-9. E o saldo será o conteúdo do dia 8-9, por isso, saldo final de R$ 1.500,00 (100 x R$ 15,00). 2) Método Custo Médio ENTRADAS SAÍDA SALDO Dia Quant Preço unit. Total Quant Preço unit. Total Quant Total 8-9 100 R$ 15,00 R$ 1.500,00 100 R$ 1.500,00 9-9 150 R$ 20,00 R$ 3.000,00 250 R$ 4.500,00 23-9 150 R$ 18,00 R$ 2.700,00 100 R$ 1.800,00 Registrou-se aqui a saída pelo método do custo médio. Para isso, precisamos calcular o preço do custo médio. Cálculo do custo médio: (R$ 1.500,00 + R$ 3.000,00)= R$ 4.500,00 = R$ 18,00 (100 + 150) R$ 250,00 Após o cálculo do custo médio basta aplicar no registro da saída dos 150 itens. Com isso, observa-se que o estoque do dia 9-9 ficou zerado e o saldo final é de R$ 1.800,00 (100 x R$ 18,00). Lembrando que a cada nova entrada o cálculo do custo médio precisará ser atualizado. 112 Agora vamos comparar os saldos dos 3 métodos: Método Saldo de Estoque PEPS 100 x 20,00 = 2.000,00 UEPS 100 x 15,00 = 1.500,00 Custo Médio 100 x 18,00 = 1.800,00 Nota-se que dentre os 3(três) saldos dos métodos aplicados, o saldo do custo médio apresenta um valor intermediário em comparação com os demais. Isso acontece em períodos inflacionários, pois o custo médio cria um preço estabilizante. Observe-se também ao comparar o saldo resultante do método PEPS com o UEPS que há uma diferença, neste caso, de R$ 500,00. Por que essa diferença se a quantidade que consta no saldo é exatamente a mesma no PEPS, UEPS e custo médio? Olhando para tabela comparativa acima percebemos que o valor unitário aplicado é diferente para cada método. Vamos à explicação: No método PEPS, como já sabemos, o estoque final consiste nas unidades mais recentes já que as unidades mais antigas são retiradas primeiro. Logo, o saldo final é valorizado pelos preços mais recentes. Neste caso, o valor (preço de entrada) mais recente é de R$ 20,00. Já no método UEPS, o estoque final concentra-se nas unidades mais antigas já que as mais recentes são baixadas do estoque primeiro. Com isso, o saldo é avaliado ao custo das unidades mais antigas, no exemplo acima o valor (preço de entrada) mais antigo é de R$ 15,00. O que significa dizer que o valor de custo das mercadorias vendidas, através do método PEPS, será menor do que o método UEPS, consequentemente teremos lucros maiores com o PEPS. O método UEPS não é aceito pela legislação brasileira justamente por diminuir a margem de lucro bruto da empresa, tendo em vista que o custo das mercadorias vendidas por este método será maior e consequentemente haverá lucros menores. O método aceito pela legislação, pela Receita Federal, é o PEPS por apresentar maior resulto. Quanto maior o resultado mais a receita arrecada. 113 QUESTÕES COMENTADAS 1) (Fonte: CESPE – MPEAL – 2006) Custo médio, custo de reposição, PEPS e UEPS são métodos de administração de estoques. RESPOSTA: ERRADO Todos os métodos listados são MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DE ESTOQUES. 2) (Fonte: CESPE – ANAC – 2009) No método PEPS, a saída de estoque é sempre das unidades de mercadoria mais antigas, ficando no estoque as mais recentes. RESPOSTA: CORRETO PEPS, “primeiro a entrar, primeiro a sair”. Ficam as mais recentes porque saem primeiro as mais mercadorias mais antigas do estoque. EXERCÍCIOS EXERCÍCIO 1: (Fonte: Banca: UPENET/IAUPE Órgão: Facepe Prova: UPENET/IAUPE – 2015) Sobre os métodos de controle de estoques (PEPS, UEPS E CUSTO MÉDIO), associe a primeira coluna à segunda I. PEPS II. UEPS III. CUSTO MÉDIO ( ) O custo do estoque é determinado como se as unidades mais recentes, adicionadas ao estoque, fossem as primeiras unidades vendidas. ( ) Baseia-se na aplicação dos custos médios em lugar dos custos efetivos. É o aceito pelo fisco e mais usado amplamente. ( ) Usa-se o custo do lote mais antigo quando da venda da mercadoria até que se esgotem as quantidades desse estoque; daí se parte para o segundo lote mais antigo e assim sucessivamente. Assinale a alternativa que apresenta a sequência CORRETA. a) III, I e II. b) I, III e II. c) II, III e I. 114 d) I, II e III. e) II, I e III. EXERCÍCIO 2 Considerando a movimentação hipotética abaixo, julgue o item que se segue. data movimentação 06/set entrada de 100 unidades ao valor unitário de R$ 6,00 18/set saída de 50 unidades 13/out entrada de 120 unidades ao valor unitário de 6,20 30/out entrada de 90 unidades ao valor unitário de R$ 5,90 27/nov saída de 140 unidades (Fonte: CESPE – ANCINE – 2006) Sabendo-se que a empresa utiliza o método PEPS para avaliação do estoque, nessa situação, o valor do seu estoque em 28/11, é de R$ 715,00. OBSERVAÇÃO: essse tipo de questão pede para analisar se a afirmação acima é VERDADEIRA ou FALSA. Para isso teremos que construir a tabela de registro de estoque conforme dados da tabela acima. EXERCÍCIO 3 A fábrica de televisores Boa Imagem consome a matéria-prima X no seu produto acabado. A tabela a seguir mostra a movimentação do material X. QUANTIDADES VALOR Data Entradas Saídas Saldo Preço Unit. Entradas Saída Saldo 01/jan 100 1,5 150 24/jan 300 400 1,56 468 08/fev 80 320 16/mar 140 180 11/jun 150 330 1,6 240 18/ago 130 200 06/set 110 90 15/out 150 240 1,7 255 29/dez 140 100 Fonte: DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais – Princípios, conceitos e gestão. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2011 a) Qual seria o saldo de estoque final em unidades monetárias do material X pelo método UEPS, PEPS, e custo médio? 115 6 Armazenagem Prezado estudante, este capítulo tratará da armazenagem de produtos, apresentando seu papel dentro da Logística, seus principais sistemas e a diferença básica entre almoxarifados e depósitos. Além disso, você verá como é feita a classificação e a codificação de materiais e o endereçamento logístico e conhecer os principais equipamentos de movimentação e manuseio de materiais. Boa leitura! Armazenagem refere-se ao processo de guarda e movimentação de materiais em uma instalação, ou seja, está conectado à movimentação e ao transporte interno de cargas. A figura 6.1 apresenta de forma simplificada o papel da armazenagem de materiais. Figura 6.1 – Papel da Armazenagem de Materiais. Fonte: Adaptada de GONÇALVES (2004) Uma armazenagem adequada é necessária para reduzir os custos de produção, dar celeridade e otimizar etapas do processo produtivo. Além disso, a eficiência de um almoxarifado pode evitar acidentes de trabalho, uso desnecessário dos equipamentos de movimentação, e a promoção de um ambiente de trabalho mais seguro para todos. 116 No passado,a armazenagem ocorria em locais onde os materiais eram acumulados sem qualquer planejamento ou direcionamento estratégico das empresas. No cenário atual, com mercados cada vez mais acirrados, as empresas investem em soluções tecnológicas que garantam uma gestão facilitada para o manuseio e manutenção dos materiais armazenados. Um bom sistema de armazenagem faz toda diferença. Em 2021, houve registros no Brasil de perdas da vacina contra Covid-19 por falta de armazenamento adequado. Este exemplo é só para ilustrar que quando se trata de materiais críticos, que exigem condições especiais, neste caso, de temperatura, a gestão não adequada ocasiona perda do lote e de todos os custos envolvidos, podendo resultar também na perda de vidas humanas. A armazenagem não deve influenciar na qualidade e/ou características dos materiais armazenados. Outro objetivo de um bom armazenamento é a manutenção de um sistema de informações eficaz para os interessados, setores internos, da empresa. Para isso, existem os sistemas de armazenagem, que correspondem às ferramentas que irão facilitar e otimizar os resultados. No item abaixo vamos trazer os sistemas mais utilizados na gestão dos armazéns. 6.1 Sistemas de Armazenagem De acordo com DIAS (2011, p. 164), a eficiência de um sistema para armazenagem depende da escolha adequada do sistema a ser utilizado. Para ele, a correta gestão do almoxarifado permite economia nos custos logísticos e de movimentação dos materiais. Abaixo apresentamos os principais sistemas que são adaptados às condições específicas da armazenagem do produto e da organização. 6.1.1 Racks São estruturas de metal utilizadas com enfoque na otimização dos espaços no armazém. De forma segura é possível acomodar mais itens sem promover avarias nos materiais. 117 Figura 6.2 - Rack Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 Os paletes são suportes amplamente usados na manipulação e empilhamentos das mercadorias nas estantes. Com o uso dos paletes é possível unitizar os produtos. De acordo com DIAS (2011, p. 185), o conceito de carga unitizada significa “uma carga constituída de embalagens de transporte, arranjada ou acondicionada de modo que possibilite o seu manuseio, transporte armazenagem por meios mecânicos e como uma unidade”. Figura 6.3 – Carga unitizada Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 Os paletes de madeira por serem mais baratos são os mais usados e possuem diferentes modelos no mercado. Já os paletes de plástico oferecem algumas vantagens e desvantagens se compararmos com os de madeira. Vejamos as principais vantagens: são mais leves, mais fáceis de limpar, podem ser personalizados em cores diferentes, e possuem uma durabilidade 10 vezes maior que os de madeira. Pode-se destacar algumas desvantagens, são elas: possuem um custo maior que os paletes de madeira, além de serem https://www.fabrimetalarmazenagem.com.br/blog/racks-de-armazenamento https://www.fabrimetalarmazenagem.com.br/blog/racks-de-armazenamento file:///C:/Users/Vivi_Asus/Downloads/%20https:/caixadepapelao.net.br/ 118 mais propensos a deformação em função do peso da carga e sujeitos a deslizar dos garfos das empilhadeiras caso o palete esteja úmido. Por fim sua resistência está relacionada aos tipos de plástico utilizado em sua fabricação. Figura 6.4 – Diferentes tipos de paletes de madeira Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 6.1.2 Mezaninos Assim como nos racks, os mezaninos permitem a verticalização dos estoques criando condições favoráveis para acomodar mais materiais e dependendo do projeto do mezanino podem ser usadas prateleiras para otimizar mais ainda o espaço. https://www.senacrs.com.br/ 119 Figura 6.5 - Mezanino. Fonte: Disponível em Acesso: junho/2021 6.1.3 Porta-paletes Os porta-paletes representam um sistema de armazenagem vertical e por sua versatilidade é comum nas redes de Supermercado e atacadistas como a rede ASSAÍ, por exemplo. Sua estrutura de aço suporta itens pesados que são movimentados através do uso das empilhadeiras. Mais adiante iremos estudar os equipamentos utilizados no manejo das cargas com materiais. Figura 6.6 – Estante Porta Paletes Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 6.1.4 Flow rack O sistema de armazenamento flow rack atua de acordo com o método FIFO ((First In – First Out). O que significa que os itens que deram entrada primeiro no estoque serão os https://www.estruturasmetalicas.net.br/fabricacao-de-mezanino-metalico-para-empresas https://www.estruturasmetalicas.net.br/fabricacao-de-mezanino-metalico-para-empresas https://www.engesystems.com.br/estante-porta-pallet 120 primeiros a serem retirados. Através dessa lógica os itens são mantidos no estoque de acordo com sua chegada, de forma cronológica. Figura 6.7 – Exemplo do sistema de armazenamento flow rack Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 Pode-se observar na figura acima que a estrutura desse tipo de armazenagem possui uma inclinação que facilita a retirada (saída) por um lado e a estocagem (entrada) por outro lado, simultaneamente, dos itens no estoque. Com isso, há uma movimentação mais dinâmica e ganho em agilidade. Dica: “Trilhos Roletados Flow Rack” Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JyxwDFpPtec&t=1s 6.1.5 Sistema WMS O sistema WMS (Warehouse Management System) ou Sistema de Gerenciamento de Armazém tem por objetivo gerenciar e controlar todos os processos logísticos que ocorrem num armazém ou centro de distribuição (CD). Trata-se de um sistema, um software inteligente que não está condicionado apenas ao cadastro dos produtos, é uma ferramenta estratégica que auxilia no planejamento e tomada de decisão dos gestores. https://ipcindustrial.com.br/ https://www.youtube.com/watch?v=JyxwDFpPtec&t=1s 121 Figura 6.8 – Exemplo da integração promovida pelo sistema WMS Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 CURIOSIDADES Assista aos vídeos explicativos sobre WMS - Warehouse Management System: 1) Como funciona o WMS Sankhya na empresa Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=NnVRWw7dnmc 2) WMS - Warehouse Management System | Sistema de Gerenciamento de Armazem Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=SwtfFCpEUt8 6.2 Almoxarifado e Depósito De acordo com Chiavenato (2005), almoxarifado e depósito constituem os dois extremos do processo produtivo. Enquanto o almoxarifado fornece os insumos / matérias- primas necessárias à produção, o depósito recebe os resultados do processo produtivo (produtos acabados) e os disponibiliza rumo aos clientes. Ou seja, o almoxarifado cuida das matérias-primas no início da produção e o depósito cuida dos produtos acabados no final da produção, conforme podemos observar na figura abaixo. https://wms-tech.com.br/ https://www.youtube.com/watch?v=NnVRWw7dnmc https://www.youtube.com/watch?v=SwtfFCpEUt8 122 Figura 6.9 – O Almoxarifado e o Depósito como entrada e saída do processo produtivo. Fonte: CHIAVENATO (2005). 6.3 Classificação e Codificação de materiais Para um controle eficiente dos estoques e adequados procedimentos de armazenagem, operacionalização e correto manuseio dos materiais se faz necessário um sistema de classificação. Classificar um material significa agrupá-lo de acordo com suas características, forma, tipo, uso, etc. A codificação de materiais é frequentemente utilizada para classificar em grupos, subgrupos, classes,números sequenciais e dígitos de autocontrole. E essa estrutura de código de materiais estabelece um padrão de reconhecimento que tem por objetivo facilitar a identificação dos itens armazenados. Figura 6.10 – Codificação de materiais Fonte: MARTINS, Petrônio G.; LAUGENI, Fernando P. Administração da produção. 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 2015 XX. XX. XX. XXX. X. Dígito de autocontrole (uma posição) Número sequencial (três posições) Classe (duas posições) Subgrupo (duas posições) Grupo ou família (duas posições) 123 Você deve ter observado na figura sobre codificação de materiais que para cada categoria há a especificação de uma, duas ou três posições, agora vamos entender o que significa essa organização: a) Grupo ou família: designa o agrupamento de materiais da família com numeração de 01 a 99, por isso duas posições numéricas; b) Subgrupo: identifica os materiais pertencentes ao subgrupo com numeração de 01 a 99; c) Classe: identifica os materiais pertencentes à classe, numerando de 01 a 99; d) Número sequencial: é um individualizador do material, numerado a partir de 001 a 999; e) Dígito de autocontrole: para os sistemas mecanizados, é necessário a criação de um dígito de controle para assegurar a confiabilidade de identificação pelo programa. 6.3.1 Código de barras O código de barras comum possui um padrão reconhecido oficialmente chamado de “EAN” que representa em inglês “European Article Number” ou “Número de Artigo Europeu” em português. No entanto, o código EAN sofreu alterações na nomenclatura e passou a ser conhecido GTIN que quer dizer “Global Trade Item Number,” ou “Número Global do Item Comercial”. O código GTIN é atribuído a qualquer produto ou serviço que for comercializado. Tem por objetivo mapear a cadeia produtiva da fabricação até a chegada ao consumidor final. Os códigos podem ter 8, 12, 13 ou 14 dígitos, o Brasil utiliza o formato GTIN-13, ou seja, com 13 dígitos. Figura 6.11 – Código de barras Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 http://gbnet.com.br/ 124 6.3.2 QR CODE – Quick Response Codes (QRC) Os Quick Response Codes (QR code) representam um código de barras em 2D muito útil na identificação dos produtos, nas ações estratégicas de marketing, na gestão de grandes eventos e em diversas outras áreas. Trata-se de um código bidimensional de resposta rápida com capacidade de armazenamento de informações. A leitura do QR code é facilmente realizada pela câmera fotográfica da maioria dos celulares e por ter uma capacidade maior de armazenar informações, comparando-se ao código de barras, tornou-se uma ferramenta estratégica para muitas empresas que personalizam o conteúdo com informações, benefícios, aplicabilidade do produto e etc. O uso do QR code permite a interação com o usuário e facilita bastante o acesso às informações adicionais dos produtos. Com o distanciamento social provocado pela covid-19 o Conselho Regional de Medicina disponibilizou à comunidade médica a ferramenta “Receita digital”. Ao término do atendimento remoto ou presencial o paciente recebe via e-mail sua receita ou pedido para exames com o QR code. Não há contato com papel. Outro benefício é o entendimento claro do que está sendo solicitado pelo médico. Basta apresentar o QR code na farmácia ou no laboratório para realização dos exames. Com a covid-19 alguns processos foram acelerados e este foi apenas um exemplo para ilustrar a aplicabilidade do QR code no atendimento médico. O uso do QR code não está unicamente condicionado aos produtos. Figura 6.12 – QR code “Descubra a mensagem codificada na imagem” Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/05/entenda-o-que-sao-os-qr-codes-codigos-lidos-pelos-celulares.html http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/05/entenda-o-que-sao-os-qr-codes-codigos-lidos-pelos-celulares.html 125 CURIOSIDADES “Senai Empresa oferece às indústrias tecnologia QR Code em sistema de gestão da manutenção. “Em um processo normal, teria de identificar a máquina, o nome dela, o número da placa, digitar no sistema para poder pesquisar essa informação e aí ter acesso aos dados da máquina. A pesquisa teria de ser feita manualmente e a pessoa teria de acessar o sistema, fazer login, pesquisar a máquina e só depois ter acesso ao cadastro. Agora basta utilizar a câmera do celular e a informação já estará disponível imediatamente” Fonte: 6.3.3 Etiquetas eletrônicas (e-tag) Figura 6.13 – Etiquetas inteligentes Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 As etiquetas RFID (Radio Frequency Identification) que significa em português - Identificação por Radiofrequência - são pequenos chips que enviam sinais por antena e http://www.fiems.com.br/noticias/senai-empresa-oferece-as-industrias-tecnologia-qr-code-em-sistema-de-gestao-da-manutencao/27418 http://www.fiems.com.br/noticias/senai-empresa-oferece-as-industrias-tecnologia-qr-code-em-sistema-de-gestao-da-manutencao/27418 https://etiquetasinteligentes.wordpress.com/ 126 podem, por exemplo, ser colocados em produtos, equipamentos, embalagem. A tecnologia empregada nas etiquetas RFID permite a leitura sem a necessidade da proximidade do leitor, e várias etiquetas podem ser lidas simultaneamente. O funcionamento de um sistema de RFID se dá através de uma antena, um transceptor (este faz a leitura do sinal e transfere a informação para um dispositivo leitor, e da etiqueta com a informação a ser transmitida. Figura 6.14 – Funcionamento do sistema RFID em praças de pedágio. Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 A etiqueta RFID vai muito além do que substituir os códigos de barras. Em tempos de urgência a utilização dessa tecnologia de transformação representa um diferencial competitivo, pois auxilia na redução do desperdício, gerenciamento dos inventários, simplificação do modelo logístico, ganho na produtividade, mitigação de furtos e roubos, rastreamento das cargas. Destacamos as seguintes vantagens quanto ao uso das etiquetas RFID: 1. Capacidade de armazenamento, leitura e envio dos dados para etiquetas ativas; 2. Durabilidade das etiquetas com possibilidade de reutilização; 3. Redução de estoque; 4. Precisão nas informações de armazenamento e velocidade na expedição; 5. Localização dos itens ainda em processos de busca; 6. Melhoria no reabastecimento, com eliminação de itens faltantes e aqueles com validade vencida; 7. Otimização do processo de gestão portuária, permitindo às companhias operarem muito próximo da capacidade nominal dos portos. https://www.researchgate.net/figure/Funcionamento-do-sistema-RFID-em-pracas-de-pedagio_fig2_306012292 https://www.researchgate.net/figure/Funcionamento-do-sistema-RFID-em-pracas-de-pedagio_fig2_306012292 127 A maior desvantagem das etiquetas RFID é o alto custo de implementação em relação ao código de barras. A tecnologia RFID dependerá não somente da etiqueta, mas de toda estrutura envolvida. Além disso, nos EUA cada etiqueta custa em média 25 centavos de dólar. Segundo a Associação Brasileira de Automação, o custo aqui no Brasil é de aproximadamente 1 dólar por unidade. Do ponto de vista estratégico as etiquetas RFID representam o futuro da logística e suas desvantagens precisam ser ponderadas. Pois sem dúvida ter a tecnologia como aliada permitirá decisões mais assertivas e uma efetividade maior na gestãodas organizações. CURIOSIDADES “Brasil ganha fábrica de etiquetas inteligentes” “E você já o utiliza, sem perceber: o RFID está na base da tecnologia dos aparelhos instalados no para-brisa dos veículos, para que o motorista passe por pedágios e cancelas de shoppings sem precisar parar. Além disso, é provável que você já tenha comprado produtos de lojas que utilizam essa tecnologia em sua cadeia logística e no controle do estoque.” https://valor.globo.com/patrocinado/avery-dennison/noticia/2020/03/13/brasil-ganha-fabrica- de-etiquetas-inteligentes.ghtml 6.3.4 Endereçamento logístico É necessário investir no planejamento da logística para facilitar o entendimento de todos que terão acesso ao espaço do armazenamento. É preciso padronizar os espaços dentro do galpão através de endereços lógicos e que facilitem o fluxo logístico interno. A premissa básica é facilitar a movimentação. Similar ao formato utilizado para localização geográfica das moradias nas cidades, o endereço logístico dentro de um armazém segue um padrão: Corredores = ruas Módulos = edifícios Nível = andar Vão = apartamento https://valor.globo.com/patrocinado/avery-dennison/noticia/2020/03/13/brasil-ganha-fabrica-de-etiquetas-inteligentes.ghtml https://valor.globo.com/patrocinado/avery-dennison/noticia/2020/03/13/brasil-ganha-fabrica-de-etiquetas-inteligentes.ghtml 128 Figura 6.15 – Endereçamento logístico Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 6.4 Equipamentos de movimentação e manuseio O planejamento logístico engloba a definição de quais equipamentos são adequados para movimentação dos materiais. Os equipamentos utilizados terão o objetivo de facilitar e otimizar as atividades logísticas de entrada e saída dos matérias e as especificidades de cada material vão demandar equipamentos apropriados ao seu manejo. Os principais equipamentos para movimentação de carga, são: a) Paleteiras ou Transpaleteiras: Paleteiras, transpaleteiras ou porta-paletes são capazes de deslocar materiais que estejam sobre os paletes. O processo é manual, utilizado em operações de pequeno porte, para pequenas distâncias e indicada para movimentos horizontais já que não faz a elevação a uma altura significativa. Existem transpaleteiras manuais, semielétrica e elétrica. Elas suportam deslocar até 2.200 kg a 3.000 kg, dependendo do porte do equipamento. https://seculos.com.br/ 129 Figura 6.16 – Paleteiras ou Transpaleteiras Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 b) Empilhadeiras: Um dos mais conhecidos e utilizados equipamentos para movimentação de carga em operações de médio e grande porte, usadas geralmente para deslocar cargas em maiores distâncias dentro do ambiente de armazenamento. O mercado oferece diferentes tipos de empilhadeiras, são elas: elétrica, manual, portuária e a combustão. Sua capacidade de operação pode variar de 1.600 a até 7.000 kg, estando sujeito ao modelo escolhido. O manejo desse equipamento requer profissional habilitado já que se trata de um pequeno veículo capaz de levantar os itens do chão. Logo a necessidade de treinamento para evitar problemas que coloquem em risco os funcionários e/ou danos ao equipamento e materiais. Figura 6.17 – Empilhadeiras Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 https://saclogistica.com.br/ https://saclogistica.com.br/ 130 c) Guindastes: Guindastes ou gruas são equipamentos para movimentação e elevação de cargas pesadas. Como podem atingir até 150m de altura, se utilizados em armazéns se faz necessário que o espaço tenha o pé direito elevado. Figura 6.18 – Guindastes Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 d) Comboio Equipamentos para transporte de carga com funcionamento similar a uma locomotiva. Em sua estrutura são acoplados vários compartimentos possibilitando a movimentação de maiores cargas numa única carreta e em um espaço de menor dimensão. Figura 6.19 – Comboios Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 e) Esteira transportadora As esteiras transportadoras são fundamentais para dar celeridade à movimentação dos produtos ou insumos. Podem ser feitas de diferentes materiais dependo da necessidade de cada indústria e do espaço que irá ocupar. Com a chegada das esteiras houve um dinamismo https://saclogistica.com.br/ https://saclogistica.com.br/ 131 maior na logística, além da redução do esforço físico para o carregamento das cargas e de custos de produção e tempo para realização da tarefa. Figura 6.20 – Esteiras transportadora Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 f) Monovias As monovias são construídas de forma específicas de acordo com os pontos de carga e descarga estabelecidos. Fazem a movimentação de cargas pesadas, numa via suspensa, com segurança, rapidez e praticidade. Solução ideal para deslocar vários tipos de materiais em locais pequenos e com trânsito de pessoas. Figura 6.21 – Monovias Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 g) Transelevadores Este equipamento é ideal para espaços de difícil acesso, estreitos e apertados. Os transelevadores atuam de forma automática e por essa razão podem ser programados para fazer o deslocamento dos materiais durante o dia sem a necessidade de deslocar mão-de- obra. São equipamentos com a capacidade de deslocar materiais verticalmente com até 6 toneladas e uma altura de até 40 metros. https://saclogistica.com.br/ https://saclogistica.com.br/ 132 Figura 6.22 – Transelevador Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 EXERCÍCIOS 1) No que tange a Administração de Materiais, complete a frase abaixo e assinale a alternativa correspondente: ________________ é o processo de administração dos espaços necessários para manter os materiais estocados e envolve fatores como localização, dimensionamento, equipamentos de movimentação, equipamentos de armazenagem e sistemas de endereçamento. a) Armazenagem b) Suprimentos c) Planejamento d) Embalagem e) Estoques 2) Qual a principal diferença entre almoxarifado e depósito? 3) Indique um equipamento de movimentação ideal para: a) Cargas pesadas – b) Operações de pequeno porte – c) Operações de médio a grande porte - https://www.mecalux.com.br/ 133 7 Ciclo de Pedidos Prezado estudante, este capítulo tratará do ciclo de pedidos, apresentando o conceito de tempo do ciclo do pedido, os componentes do ciclo do pedido e suas etapas. Além disso, você conhecerá as principais causas das variabilidades dos ciclos de pedido. Boa leitura! Segundo Ballou (2001), os elementos básicos de serviços ao cliente que o profissional de logística pode controlar estão dentro do conceito do tempo do ciclo de pedido (ou do serviço). Nesse sentido, o tempo do ciclo do pedido pode ser definido como: “o lapso de tempo entre o momento em que o pedido do cliente, o pedido de compra ou a requisição de um serviço é colocado e o momento em que o produto é recebido pelo cliente”. (BALLOU, 2001). A figura 7.1 apresenta os componentes de um ciclo do pedido do cliente. Figura 7.1 – Componentes de um ciclo do pedido do cliente Fonte: BALLOU, 2001. 7.1 Etapas do Ciclo de Pedidos A primeira das etapas do ciclo de pedidos é a transmissão do pedido. Essa etapa envolve consolidar o pedido, prepará-lo a partir da reunião das informações acerca dos 134 produtos ou serviços desejados e transmiti-lo efetivamente, formalizando uma requisição que será enviada aos armazéns.Após essa etapa, vem o processamento e a montagem do pedido. Uma vez que o pedido entre, checa-se a acurácia das informações do pedido (descrição do produto ou serviço, quantidades pedidas etc.), checa-se o fato do cliente ter crédito junto ao fornecedor e checa-se o estoque, a fim de verificar se há disponibilidade dos produtos pedidos. Para a montagem efetivamente do pedido, os produtos são separados de acordo com o que foi pedido (chamamos esse procedimento em Logística de picking – separação dos pedidos), depois, são embalados (chamamos essa etapa de packing – acondicionar e embalar os produtos) e preparados para serem expedidos (incluindo a preparação da documentação para expedição). Depois, há o tempo para aquisição do estoque adicional. Essa etapa ocorre sempre que na etapa anterior for percebida a falta de produtos em estoque para atender os pedidos recebidos. Durante esse tempo, os armazéns transmitem para as fábricas as necessidades de itens adicionais e estas, por sua vez, os produzem e os enviam aos armazéns para a montagem final do pedido. Por fim, está o tempo de entrega, que engloba desde o tempo do embarque dos produtos no armazém até o tempo de descarga do produto no ponto de destino (cliente). 7.2 Principais causas das variabilidades dos ciclos de pedido Muitos fatores podem afetar os ciclos de pedido. Dentre os principais, estão os atrasos no processo de transmissão do pedido, incluindo problemas de natureza tecnológica, nos casos em que a transmissão é eletrônica / por meios digitais; a demora na aprovação de crédito, sobretudo no caso de novos clientes; demoras relacionadas à negociação, considerando discussões acerca de formas e prazos de pagamento, concessão de descontos etc; indisponibilidade de estoque, exigindo um tempo para aquisição de estoque adicional; atrasos relacionadas à entrega dos produtos (transporte) etc. A figura 7.2 apresenta um modelo de sistema de gerenciamento de pedidos. 135 Figura 7.2 – Tela de um Sistema de Gerenciamento de Pedidos Fonte: https://www.erpx.com.br/kb-compras/44-cp-pedidos/80-gerenciamento-de-pedidos- de-compras. No exemplo apresentado pela Figura 7.2, é possível perceber que os pedidos podem ser filtrados por vendedor / funcionário ou ainda por unidade, podendo o acesso ficar limitado em casos específicos, tais como não ter uma permissão gerencial para acessar pedidos que não sejam do próprio vendedor realizando o acesso ou ter autorização para acessar apenas os pedidos de uma determinada unidade. https://www.erpx.com.br/kb-compras/44-cp-pedidos/80-gerenciamento-de-pedidos-de-compras https://www.erpx.com.br/kb-compras/44-cp-pedidos/80-gerenciamento-de-pedidos-de-compras 136 8 Transporte Prezado estudante, este capítulo tratará do transporte de produtos, apresentando seu conceito, sua importância dentro da Logística, a distribuição de seus custos e as principais decisões gerenciais relacionadas ao transporte de produtos. Você conhecerá os principais modais de transporte e poderá compará-los. Além disso, você descobrirá as principais configurações que afetam a distribuição física, os principais trade-offs do transporte e o conceito de depreciação. Boa leitura! Transportar significa movimentar alguma coisa de um lugar para outro. Na Logística, a movimentação de materiais acontece internamente nas instalações da empresa, mas depois que o produto acabado chega ao depósito, para fazê-lo chegar ao consumidor final ou ao distribuidor, temos o que chamamos de transporte (um dos subsistemas logísticos). O Transporte é, portanto, o elo entre a empresa e os clientes, uma vez que os produtos são fabricados e consumidos em locais diferentes. O Transporte pode ser dividido em in bound, industrial e out bound. O Transporte in bound é aquele que traz os insumos vindos do mercado de suprimentos para dentro da empresa. O Transporte industrial é aquele que ocorre internamente dando suporte ao processo produtivo. Por fim, o transporte out bound é o que chamamos de Distribuição física, refere-se à expedição. Em outras palavras, é o transporte dos produtos acabados para fora da empresa, até que cheguem aos atacadistas, varejistas ou aos consumidores finais. O Transporte costuma ser responsável por uma parcela significativa dos custos logísticos, podendo representar até 60% destes. Por outro lado, o transporte é fundamental para o alcance do objetivo logístico, que é o produto certo, na quantidade certa, na hora certa, no lugar certo ao menor custo possível. 137 Dentre os custos relacionados ao transporte, pode-se dizer ainda que o custo da distribuição física é o maior deles, de acordo com o Instituto ILOS, conforme mostra a Figura 8.1. Figura 8.1 – Distribuição dos Custos Logísticos de Transporte em Suprimentos, Transferência e Distribuição. Fonte: Pesquisa do Instituto ILOS, 2015. 8.1 Decisões Gerenciais em Transporte “Administrar o Transporte significa tomar decisões sobre um amplo conjunto de aspectos.” (Fleury, 2006) As principais decisões relacionadas à Gestão do Transporte são apresentadas a seguir. 8.1.1 Seleção do Modal de Transporte Quando uma empresa precisa decidir qual a melhor maneira (melhor modal) para transportar suas cargas, deve considerar, entre outras coisas, o manuseio do produto, considerando as características da carga, as rotas de viagem (de onde o material sairá e para onde irá), quanto tempo se tem, além da questão financeira. As principais opções são listadas a seguir. 138 RODOVIÁRIO O modal rodoviário é o mais utilizado no Brasil, apesar da precariedade das estradas brasileiras. Esse uso mais intenso ocorre porque esse é um serviço mais porta a porta se comparado ao que outros modais oferecem, costuma ter mais disponibilidade de serviço e o preço costuma ser um grande diferencial. O cuidado que se deve ter tem a ver com a possibilidade de avarias, dependendo do tipo de produto que se está transportando. A Figura 8.2 apresenta a composição percentual do transporte de cargas no Brasil. O que se nota é que embora tenha havido uma pequena redução no uso do transporte rodoviário, a matriz de carga ainda é bem desequilibrada. Figura 8.2 – Evolução da matriz de transporte de cargas do Brasil, de 2016 para 2018 Fonte: ILOS FERROVIÁRIO O Ferroviário é um modal muito usado para o transporte de longas distâncias e de cargas volumosas, mas é um modal relativamente lento. Uma situação que compromete o uso desse modal é a disponibilidade de ferrovias no Brasil. Trata-se de um modal bastante usado para transportar matérias-primas, tais como produtos químicos, madeira e carvão ou produtos manufaturados de baixo valor, tais como papel, alimentos e produtos de madeira. (BALLOU, 2001). 139 AÉREO O modal aéreo é mais usado para o transporte de produtos de alto valor, em função de ser considerado um modal relativamente seguro / confiável. No entanto, seu custo pode exceder em 2 vezes ou mais o transporte rodoviário e até 16 vezes mais o ferroviário. Por outro lado, sua velocidade é incomparável e isso se torna ainda mais interessante no caso de longas distâncias. AQUAVIÁRIO O transporte fluvial é limitado quando se pensa em escopo, isso porque está confinado aos sistemas de vias aquáticas internas, exigindo que os embarcadores estejam localizados nas vias aquáticas ou ainda que utilizem outro modal de transporte em combinação com o aquaviário (BALLOU, 2001). Trata-se de um modal que consegue transportar altos volumes, porém é bastante vagaroso. DUTOVIÁRIO O transporte por meio de dutovias oferece uma faixa extremamente limitada em termos de capacidades e serviços. O produto que é mais viável economicamente de ser transportado por dutos é o petróleo. De acordo com Ballou (2001), há algumas experiências coma movimentação de produtos sólidos mergulhados em um líquido, chamado de “pasta fluida”, ou contendo os produtos sólidos em cilindros que, por sua vez, movem-se em um líquido. Se essas inovações provarem ser econômicas, o serviço de dutovia tende a expandir-se grandemente. Trata-se de um transporte lento, mas que acontece 24 horas por dia e 7 dias por semana, o que se torna uma vantagem em relação aos demais modais. Além disso, sua capacidade de transporte é alta e sua confiabilidade é a maior de todas, visto que há poucas interrupções e, portanto, o tempo em trânsito não costuma ser afetado. 140 A Figura 8.3 apresenta uma comparação das características dos serviços dos modais de transporte. Figura 8.3 – Comparação das características dos serviços dos modais de transporte. Fonte: ILOS Considerando a comparação feita na figura 8.3, o modal aéreo é o mais veloz. No entanto, considerando que a velocidade deve levar em consideração o tempo gasto no porta a porta, esta vantagem do aéreo só ocorre para distâncias médias e grandes, devido aos tempos de coleta e entrega que precisam ser computados. Ou seja, quanto maior a distância a ser percorrida, maior a vantagem do aéreo em termos de velocidade. Por outro lado, é bom lembrar que, na prática, o tempo do rodoviário, e do ferroviário, dependem fundamentalmente do estado de conservação das vias, e do nível de congestionamento das mesmas. No Brasil, o estado de conservação das vias rodoviárias e ferroviárias está insatisfatório, e varia muito de região para região, e de trecho para trecho, o que pode modificar em muito o desempenho dos modais. (FLEURY, 2002) A consistência tem a ver com a capacidade de cumprir prazos e nesse caso, o duto torna-se a melhor opção por não enfrentar congestionamentos nem ser afetado por variações climáticas. A dimensão capacitação refere-se à possibilidade de um determinado modal trabalhar com diferentes volumes e variedades de produtos. Nesta dimensão, o destaque de desempenho é o modal aquaviário, que praticamente não tem limites sobre o tipo de produto 141 que pode transportar, assim como do volume, que pode atingir centenas de milhares de toneladas. O Duto e o aéreo apresentam sérias restrições em relação a esta dimensão. O duto é muito limitado em termos de produtos, pois só trabalha com líquidos e gazes, e o aéreo possui limitações em termos de volume e tipos de produtos. (FLEURY, 2002) A dimensão disponibilidade tem a ver com o número de locais nos quais o modal está presente. Aqui, aparece a grande vantagem do rodoviário, que quase não tem limites de onde pode chegar. Teoricamente, o segundo em disponibilidade é o ferroviário, mas isto depende da extensão da malha ferroviária em um determinado país. Nos EUA, a malha ferroviária, com cerca de 300 mil quilômetros de extensão, é sem dúvida a segunda em disponibilidade. No Brasil nossa malha de apenas 29 mil quilômetros, tem baixa disponibilidade fora das regiões Sul e Sudeste, o que faz com que o modal aéreo ofereça maior disponibilidade em muitas regiões. O modal aquaviário, embora ofereça potencial de alta disponibilidade devido à nossa costa de oito mil quilômetros, e nossos cinquenta mil quilômetros de rios navegáveis, apresenta, de fato, uma baixa disponibilidade, função da escassez de infraestrutura portuária, de terminais, e de sinalização. (FLEURY, 2002) A frequência se refere ao número de vezes em que o modal pode ser utilizado em um dado horizonte de tempo e nesse caso, o duto é o que apresenta o melhor desempenho, uma vez que trabalha 24 horas por dia, sete dias por semana, podendo ser acionado a qualquer momento, desde que esteja disponível no local desejado. A baixa frequência do aquaviário resulta dos grandes volumes envolvidos na operação, o que o obriga a trabalhar com carga consolidada, diminuindo desta maneira a frequência. A combinação de preço/custo com o desempenho operacional nestas cinco dimensões de serviços resulta na escolha do modal mais adequado para uma data situação de origem – destino e tipo de produto. (FLEURY, 2002) INTERMODALIDADE Atualmente, uma alternativa comum adotada pelas empresas é o uso de dois ou mais modais que são combinados para efetuar a distribuição física. Em muitos casos, essa se mostra uma alternativa economicamente favorável e que permite troca de equipamentos entre os modais envolvidos. Um contêiner, por exemplo, pode ser transportado por um caminhão e ser posteriormente carregado em um avião. 142 A Intermodalidade ainda oferece maiores chances das cargas chegarem ao seu destino satisfatoriamente, considerando que extrai as vantagens que a combinação de modais pode oferecer, incluindo a capacidade de acessar locais de difícil acesso. 8.1.2 Frota própria ou Terceirizar? Uma outra decisão importante na Gestão de Transportes se refere à escolha entre transportar as cargas por meio de frota própria ou terceirizar esse serviço de distribuição física. De acordo com Chiavenato (2005), na prática, sempre que se tiver mais de 60% da utilização efetiva da capacidade operacional do equipamento, é conveniente utilizar frota própria para o transporte. Para tomar essa decisão, a empresa deve pensar o que é mais importante para ela. Terceirizar a frota faz com que a empresa fique com um controle menor sobre suas operações de distribuição física, mas permite reduzir os custos e os investimentos em ativos permanentes e a empresa pode então se concentrar mais na atividade produtiva em si. Já optar por frota própria significa empatar certo capital na compra da frota e posteriormente, ter maiores custos mensalmente com a manutenção dos veículos e o salário de motoristas e ajudantes, porém permite maior controle sobre as operações de distribuição física, além de dar mais autonomia e agilidade nas tomadas de decisão relacionadas ao processo de entrega de produtos ao cliente. 8.1.3 Roteirização Roteirizar significa traçar rotas e cronogramas para a realização de entregas, considerando como diretrizes o menor custo e o menor tempo. Ao fazer uma roteirização, define-se que clientes serão visitados, por quais veículos e com que frequência. Em geral, a roteirização é feita por meio de softwares denominados roteirizadores. Para definir os melhores trajetos, tais sistemas costumam considerar o tempo de viagem estimado, a distância entre o fornecedor e o cliente e a qualidade das vias. Uma roteirização eficaz promove como benefícios maior segurança para os motoristas, permite uma melhor conservação da frota, permite que se evite trânsito intenso, otimiza o tempo de viagem e promove economia de combustível. A Figura 8.4 apresenta um exemplo de tela de um roteirizador. 143 Figura 8.4 – Tela de um roteirizador. Fonte: https://www.cobli.co/blog/roteirizacao-de-cargas/. O exemplo de roteirizador mostrado na Figura 8.4 apresenta 3 rotas partindo de um mesmo ponto. É possível notar que as rotas de entrega são definidas considerando a proximidade entre os pontos de destino. Além disso, são rotas que serão muito provavelmente executadas por 3 veículos diferentes, mas todos encerram suas rotas (ponto de destino 3 ou 5) relativamente mais próximos do ponto de origem, ponto este onde provavelmente o veículo é devolvido. 8.1.4 Política de Consolidação de Cargas Consolidação de cargas é a alocação de produtos diversos, muitas vezes de diferentes fornecedores em um mesmo veículo ou contêiner, de maneira a promover o melhor aproveitamento do espaço, reduzindo custos com o transporte. Dentre os benefícios que a consolidação de cargas pode promover, os principais se referem à otimização de espaços, à redução de custos e combustível e possivelmente, uma https://www.cobli.co/blog/roteirizacao-de-cargas/ 144 redução do número de pessoas envolvidas, uma vez que o manuseio de cargastransportadas de maneira única, facilita os movimentos. Por outro lado, é preciso pensar que, no caso de um transporte de cargas consolidadas com materiais de fornecedores diversos, caso ocorra um roubo, furto ou extravio de mercadoria, a resolução fica mais complexa por envolver mais de um fornecedor. Além disso, todas as entregas tendem a sofrer atraso nesse caso. Esse atraso pode também ocorrer pela simples espera para compor um veículo, ou seja, uma transportadora pode aguardar “lotar” seu veículo antes de partir para as entregas e com isso, comprometer os prazos de entrega daqueles fornecedores que disponibilizarem suas cargas antes dos outros. A postergação do embarque até que se tenha carga suficiente para atingir a máxima capacidade do veículo pode reduzir o nível de serviço ao cliente, gerar saídas irregulares e, portanto, imprevisibilidade das entregas. É preciso considerar também o tipo de produto que se está transportando, pois alguns produtos são mais sensíveis e, se transportados com outros menos sensíveis, podem sofrer atritos no transporte que causem avarias. Nesse sentido, o seguro de cargas se mostra uma boa alternativa. Em outras palavras, as empresas devem pensar se consolidar cargas é vantajoso de fato. Tudo dependerá das questões mencionadas anteriormente. A Figura 8.5 mostra uma configuração possível de consolidação de cargas. Figura 8.5 – Consolidação de cargas. Fonte: https://slideplayer.com.br/amp/385058/. https://slideplayer.com.br/amp/385058/ 145 No exemplo apresentado pela Figura 8.5, a consolidação de cargas ocorre por meio de um centro de consolidação. Nesse caso, veículos distintos coletam produtos de 3 fornecedores diferentes. As cargas são entregues em uma instalação em que são consolidadas e um veículo as leva em direção ao ponto de venda. 8.2 Configurações que impactam a Distribuição Física Algumas configurações específicas impactam a distribuição física. As principais são apresentadas a seguir. 8.2.1 Transit Point Transit Point é uma das estratégias possíveis de distribuição. Essa estratégia oferece a possibilidade de atendimento a diferentes clientes por meio de um armazém avançado, no qual os materiais de um fornecedor são consolidados e, posteriormente enviados para esses diferentes clientes. A Figura 8.6 mostra como se configura um Transit point. Figura 8.6 – Transit Point. Fonte: https://www.senacrs.com.br/cursos_rede/a_gestao_de_armazenagem_com_foco_nos_proce ssos_logisticos/html/22_html_transit_point/index.html. É possível ver que o Transit Point não concentra estoques e como o próprio nome revela, ao pé da letra, tem-se na verdade um ponto de trânsito. Além disso, vale destacar que https://www.senacrs.com.br/cursos_rede/a_gestao_de_armazenagem_com_foco_nos_processos_logisticos/html/22_html_transit_point/index.html https://www.senacrs.com.br/cursos_rede/a_gestao_de_armazenagem_com_foco_nos_processos_logisticos/html/22_html_transit_point/index.html 146 do Transit Point para o cliente, em geral, as distâncias a serem percorridas são pequenas. O Transit Point é, portanto, uma estrutura avançada, instalada mais próxima dos clientes finais. 8.2.2 Cross Docking O Cross-Docking é um sistema de distribuição no qual um armazém recebe mercadorias de fornecedores distintos e não as estoca, mas as prepara para novo carregamento e distribuição, o mais imediatamente possível. Trata-se de um processo de transferência de carga de um veículo para outro. Os produtos são recebidos, separados e encaminhados para outro veículo. Ao pé da letra, significa “atravessamento de docas”. Por suas características, esse sistema de distribuição é também chamado de flow through. Essa mudança de veículo se dá, entre outros motivos, porque em alguns locais nas metrópoles, fica difícil a circulação de veículos e grande porte e por essa razão, a carga é passada para veículos menores que então, efetuarão as entregas, conforme apresentado na figura 8.7. Figura 8.7 – Cross-Docking. Fonte: https://www.datamex.com.br/blog/o-que-e-cross-docking-entenda-como-funciona-e- como-implementar-na-sua-empresa/. https://www.datamex.com.br/blog/o-que-e-cross-docking-entenda-como-funciona-e-como-implementar-na-sua-empresa/ https://www.datamex.com.br/blog/o-que-e-cross-docking-entenda-como-funciona-e-como-implementar-na-sua-empresa/ 147 8.2.3 Hub and Spoke Hub and Spoke é uma configuração de consolidação e redespacho, na qual produtos são conduzidos a um ponto central (HUB) para serem separados e distribuídos deste ponto para os pontos de destino (SPOKES), conforme mostrado na figura 8.8. Figura 8.8 – Hub and Spoke. Fonte: https://klariti.com/2015/09/21/how-to-develop-hub-and-spoke-product-feature-pages/. O hub deve ter localização estratégica em relação aos possíveis spokes. Uma ideia que remete à lógica de hub and spoke são os aeroportos, nos quais os hubs seriam os centros de conexões de vôos usados para transferir passageiros até o destino pretendido. 8.3 Trade-offs do Transporte Um Trade-off é uma espécie de sistema de compensação, no qual escolhe-se uma coisa em detrimento de outra. No cotidiano, um exemplo de trade-off seria pensar em alguém que deixe de lado um pouco os passeios porque decide juntar dinheiro para a compra de um carro ou uma viagem. Nesse caso, opta-se por reduzir o lazer para o alcance de outro objetivo, ou seja, diminui-se alguma coisa para melhorar outra. https://klariti.com/2015/09/21/how-to-develop-hub-and-spoke-product-feature-pages/ 148 Na Logística, trade-offs são comuns. A seguir, são apresentados dois exemplos de trade- offs logísticos. O primeiro trade-off é o que ocorre entre o transporte e o estoque. Nesse caso, muitas empresas pretendem reduzir seus estoques e para tanto, aumentam a quantidade de entregas, ou seja, passam a gastar mais com transporte, visando a redução de custos com estoques. O trade-off, como um sistema de compensação, deseja atingir o menor custo total e para isso, busca encontrar o ponto ótimo entre estoques e transporte, uma vez que reduzir isoladamente o custo de um componente logístico (só estoque ou só transporte) não significa necessariamente o menor custo total. Figura 8.9 – Trade-off Estoque X Transporte. Fonte: https://docplayer.com.br/9824891-Logistica-empresarial-atividades-chave- planejamento-e-estrategia-logistica-prof-jose-correia.html. A partir da figura 8.9, é possível notar que o sistema de compensação se dá porque quanto maior o custo com estoques, menor o custo com transporte. O contrário também ocorre, ou seja, quanto maior o custo com o transporte, menor será o custo com estoques. O melhor custo total representa o ponto ótimo, no qual os custos com transporte e estoque atingem um ponto de equilíbrio. O segundo trade-off que exemplificaremos é o que ocorre entre o transporte e o serviço ao cliente. Observe a figura 8.10. https://docplayer.com.br/9824891-Logistica-empresarial-atividades-chave-planejamento-e-estrategia-logistica-prof-jose-correia.html https://docplayer.com.br/9824891-Logistica-empresarial-atividades-chave-planejamento-e-estrategia-logistica-prof-jose-correia.html 149 Figura 8.10 – Trade-off Serviço ao Cliente X Transporte. Fonte: https://docplayer.com.br/9824891-Logistica-empresarial-atividades-chave- planejamento-e-estrategia-logistica-prof-jose-correia.html. Pelo apresentado na Figura 8.10, notamos que, de certa forma, todos os componentes logísticos contribuem para um nível de serviço melhor para os clientes. O transporte, por ser um dos custos logísticos mais significativos, ganha destaque em nosso exemplo de trade-off. Para oferecer o melhor nível de serviço possível ao cliente, as empresas acabam precisando investir mais em transporte, uma vez que faz parte das exigências comuns dos clientes o cumprimentodo prazo de entregas, a capacidade de acessar mesmo locais mais difíceis e o comprometimento com o manuseio de produtos, de forma a evitar avarias. Tudo isso implica em maiores custos. Então, a decisão envolvida nesse trade-off especificamente consiste em preferir gastar mais com o transporte, em prol de garantir o melhor nível de serviço ao cliente. 8.4 Depreciação A depreciação representa a perda de valor dos bens com o passar do tempo, em função do desgaste e uso de tais bens. Em Logística, a depreciação mais comum acontece com os veículos das frotas. Os fatores mais comuns que levam à depreciação de veículos são o tempo que foram fabricados, o histórico de acidentes e a quilometragem rodada. Leia o texto a seguir para entender melhor o conceito de depreciação. https://docplayer.com.br/9824891-Logistica-empresarial-atividades-chave-planejamento-e-estrategia-logistica-prof-jose-correia.html https://docplayer.com.br/9824891-Logistica-empresarial-atividades-chave-planejamento-e-estrategia-logistica-prof-jose-correia.html 150 CARTA FEMININA PARA UMA REVISTA: “Sou uma garota linda de 25 anos. Sou bem articulada e tenho classe. Estou querendo me casar com alguém que ganhe, no mínimo, meio milhão de dólares por ano. Tem algum homem que ganhe 500 mil ou mais nesta revista? Ou esposas de gente que ganhe isso e que possa me dar algumas dicas? Conheço uma mulher da minha aula de ioga que casou com um banqueiro e vive em Tribeca e ela não é tão bonita quanto eu, nem é inteligente. Então, o que ela fez de certo que eu não fiz? Como eu chego ao nível dela?” RAFAELA S. MELHOR RESPOSTA “O que você oferece, visto da perspectiva de um homem como você procura, é simplesmente um péssimo negócio. Eis o porquê: você sugere uma negociação simples. Você entra com sua beleza física e eu entro com o dinheiro. Mas tem um problema. A sua beleza vai decair e um dia acabar, e o mais provável é que o meu dinheiro continue crescendo. Assim, em termos econômicos, você é um ativo sofrendo depreciação, e eu sou um ativo rendendo dividendos. Você não somente sofre depreciação como essa depreciação é progressiva, sempre aumenta! Você tem 25 anos hoje e deve continuar linda pelos próximos 5 / 10 anos, mas sempre um pouco menos a cada ano e, de repente, se você se comparar com uma foto de hoje, verá que já estará um caco. Isto é, você está hoje na ‘alta’, na época ideal de ser vendida, não de ser comprada. Usando o linguajar de Wall Street, quem a tem hoje deve tê-la em ‘trading position’ (posição para comercializar) e não de buy and hold (compra e retenha), que é para o que você se oferece... portanto, ainda em termos comerciais, casamento (que é um buy and hold) com você não é um bom negócio a médio / longo prazo, mas alugá-la pode ser, e... já cogitando, e para certificar-me do quão ‘articulada, com classe e maravilhosamente linda’ você seja, eu, provável futuro locatário dessa ‘máquina’, quero o que é de praxe: fazer um “test drive...” POSSO MARCAR? O texto acima reforça o conceito de depreciação. Para calcular a depreciação, existe mais de uma forma, uma mais relacionada à Contabilidade e uma mais gerencial. Vamos nos basear no método gerencial. O cálculo gerencial é mais simples e para fazer as contas, são necessárias as seguintes informações: • Quanto foi pago pelo veículo • Por quanto tempo se deseja usá-lo 151 • Valor pelo qual o veículo será vendido. O tempo pelo qual se deseja usar o veículo, bem como o valor que foi pago por ele são informações mais fáceis e que o proprietário tem, mas o valor pelo qual o veículo será vendido, é preciso estimar e para isso, a Tabela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) é uma boa alternativa. Observe o exemplo: Suponha que uma empresa tenha comprado um Hyundai ano 2015. O valor pago pelo veículo foi de R$ 57.522,00. Suponha ainda que você deseja ficar por 3 anos com o veículo. Para saber aproximadamente por quanto o veículo será vendido, consulta-se a tabela FIPE para saber o valor de um mesmo veículo hoje, mas, três anos mais antigo do que o seu. De modo geral, um carro desse modelo ano 2012, custa R$ 47.242,00. Dessa forma, tudo indica que o seu Hyundai 2015, em três anos, valerá o que um Hyundai 2012 vale hoje. Assim, você tem todos os dados necessários para o cálculo da depreciação pelo método gerencial: • Valor de compra: R$ 57.522,00 • Valor de venda: R$ 47.242,00 • Prazo de uso: três anos (ou 36 meses). O cálculo base é feito da seguinte forma: valor de compra menos o valor de venda. Depois, divide-se o resultado pela quantidade de meses de uso. Considerando esse exemplo, os valores ficariam assim: • 57.522,00 – 47.242,00 = 10.280,00 • 10.280,00 / 36 = 285,56 Portanto, a depreciação total desse veículo em três anos será de aproximadamente R$ 10280,00 (e a depreciação mensal R$ 285,56, aproximadamente). As empresas devem considerar esse valor como um custo e tentar reservar tal valor mensalmente para futuramente trocar o veículo. 152 EXERCÍCIO Suponha que uma empresa tenha comprado um Citroen ano 2018. O valor pago pelo veículo foi de R$ 65.700,00. Suponha ainda que a empresa deseja ficar por 5 anos com o veículo. De modo geral, um carro desse modelo ano 2013, custa R$ 52.550,00. Dessa forma, tudo indica que o Citroen 2018, em cinco anos, valerá o que um Citroen 2013 vale hoje. Sabendo disso, qual seria o valor de depreciação desse veículo em cinco anos? Qual seria o valor da depreciação mensal? 153 9 Desafios da Administração de Materiais e Logística A Administração de Materiais e Logística enfrentam diariamente grandes desafios. Dentre os principais, estão questões de segurança relacionadas ao transporte (em função de roubos, infraestrutura precária das estradas e manutenção das frotas), equilíbrio de custos dos componentes logísticos, obsolescência de tecnologias, definições ótimas em relação aos layouts de armazenagem e às localizações das instalações etc. No entanto, um grande desafio que merece destaque é definido abaixo. Trata-se do Efeito Chicote na Cadeia de Suprimentos. 9.1 Efeito Chicote O Efeito Chicote, também chamado de Efeito Forrester é um fenômeno que acontece quando ocorre acúmulo ou falta de produtos ao longo dos elos da cadeia de suprimentos. Esse acúmulo ou falta acontece, entre outras razões, em função da distorção de percepção da demanda, conforme o elo esteja mais distante do consumidor final. Observe a figura 9.1. Figura 9.1 – Efeito Chicote na Cadeia de Suprimentos. Fonte: https://www.linkedin.com/today/author/glaucosantos?trk=author-info__article-link. A Figura 9.1 nos revela que quanto mais distante o elo da cadeia de suprimentos estiver do cliente (demanda real), maior tende a ser o acúmulo de estoques, pois a cada elo, https://www.linkedin.com/today/author/glaucosantos?trk=author-info__article-link 154 costuma-se aumentar o pedido como uma medida de segurança contra a falta, mas em contrapartida, pela incerteza da venda, os produtos vão se acumulando nesses elos. Em outras palavras, esse efeito acontece em razão da discrepância entre a demanda real do cliente e a previsão de demanda por parte das empresas fornecedoras. Essa discrepância pode gerar excesso de estoques ou falta, impossibilitando o atendimento dos pedidos dos clientes. Uma outra causa do efeito chicote é a compra de produtos em lotes, com tamanhos fixos. Então, por exemplo, caso minha empresa precise de 60 unidades de um produto, mas o fornecedor só o venda em lotes de 100 unidades, a cada lote que minha empresa pedir, uma sobra de produtos acontecerá e o efeito é acumulativo. Outra possibilidade que leva à ocorrência do efeito chicote é a compra promocional. Uma empresa pode decidir comprar mais unidades doque realmente precisa de um determinado produto, caso a empresa fornecedora decida vendê-lo com preços abaixo do normal (promocionais). Para aproveitar esse desconto e conseguir uma possível economia de escala, a empresa compradora acaba adquirindo mais do que o necessário e por essa razão, acumula estoques. Para combater ou minimizar o efeito chicote, o compartilhamento de informações reais entre os elos da cadeia de suprimentos é a melhor alternativa. A comunicação eficaz que faça a informação mais precisa sobre a demanda real chegar ao próximo elo da cadeia de suprimentos tende a minimizar ou eliminar esse acúmulo de estoques (que implica em custos). Trata-se de um processo colaborativo, a partir de relações de parceria entre os componentes da cadeia de suprimentos. 155 10 Tendências Logísticas Muitas são as tendências logísticas, mas as principais relacionam-se com a tecnologia, o marketing, a sustentabilidade e os níveis de serviço ao cliente. Quando pensamos em tecnologias e nos últimos avanços mundiais, com certeza a Logística não ficaria de fora. É cada vez mais comum o uso da robótica e da automação nas operações das empresas. Equipamentos cada vez mais sofisticados são também usados nas operações logísticas das empresas por meio do uso de robôs, em função de sua acessibilidade e flexibilidades. Processos de separação de pedidos e embalagem estão cada vez mais automatizados, dispensando a necessidade de intervenção humana. A Amazon, grande empresa mundial de varejo vem desde 2020 testando a entrega de produtos através de drones. Caso essa modalidade de entrega avance, isso pode significar redução do custo com transporte e agilidade nas entregas. Quando pensamos em Marketing, sobretudo em tempos de pandemia, o e-commerce virou uma tendência mundial. Isso promoveu uma verdadeira transformação digital nas operações logísticas. A forma de comunicar os produtos e serviços ao mercado fez com que as empresas precisassem rever suas práticas relacionadas ao Marketing. Além disso, com esse crescimento das vendas on-line, as empresas precisam estar ainda mais ligadas ao que chamamos de CRM (Customer Relationship Management) – Gestão do Relacionamento com o Cliente e com a administração dos dados gerados no que se refere às preferências dos clientes, seu comportamento de consumo, sua frequência de compras etc. Outro desafio e tendência em Logística tem a ver com o fato das empresas estarem em busca de serem cada vez mais sustentáveis. Isso envolve principalmente a redução dos resíduos produtivos, o tratamento de efluentes e a diminuição das emissões de carbono. Então, é cada vez mais comum vermos transportadoras adotando o uso de combustíveis ecológicos ou de veículos elétricos, visando reduzir o nível de ruídos e de poluentes. Todas as medidas adotadas pelas empresas anteriormente citadas são uma tendência nas operações logísticas e têm como principal objetivo o aumento do nível de serviço ao cliente, que é extremamente importante para manutenção das operações das empresas e de suas vendas. Em tempos de pandemia, o que vimos foram inúmeras empresas fechando as portas e diversos segmentos de negócios em uma crise sem precedentes. Enquanto isso, vimos a Logística crescer e ganhar espaço significativo, sobretudo no que se refere às formas de administrar estoques, armazenar produtos, realizar compras, processar pedidos e transportar 156 os produtos. O que esperar diante de tudo isso? É muito provável que várias dessas tendências típicas do período pandêmico não deixem de existir, mesmo diante do controle da pandemia, pois os clientes se acostumaram com certas facilidades, tais como a possibilidade de realizar suas compras sem sair de casa e recebê-las em sua porta em prazos relativamente curtos. Isso para tudo, desde compras de roupas, sapatos, acessórios, eletrônicos e móveis até os produtos mais básicos de mercado e padaria. Dificilmente, essa será uma tendência passageira e mesma que diminua em termos quantitativos, provavelmente não deixará de existir. 157 REFERÊNCIAS ARBACHE, Fernando Saba – Gestão de Logística, distribuição e trade marketing / Fernando Saba Arbache, Almir Garnier Santos, Christophe Montenegro, Wladimir Ferreira Salles – 3 ed. – Rio de Janeiro: Editora FGV, 2006. ARNOLD, J. R. Tony. Administração de Materiais. São Paulo, Editora Atlas S. A., 1999. BAILY, Peter, FARMER, David et al. Compras: princípios e administração. São Paulo: Editora Atlas, 2000. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos – 5 ed. Logística Empresarial - Pearson Education, 2004. BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial – 4 ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. CHIAVENATO, Idalberto – Administração de Materiais: uma abordagem introdutória – Rio de Janeiro: Elsevier, 2005. DIAS, M A P. Administração de Materiais. São Paulo, Editora Atlas, 2005. DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais – Princípios, conceitos e gestão. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2011 FLEURY, Paulo Fernando; WANKE, Peter; FIGUEIREDO, Kleber Fossati – Logística Empresarial: a perspectiva brasileira – São Paulo – Atlas, 2000. FLEURY, Paulo – Gestão Estratégica do Transporte – Artigos ILOS, 2002. 158 FILHO, Edelvino Razzolini – Logística – Evolução na Administração – Desempenho e Flexibilidade – 2 ed – Editora Juruá, 2014. FRANCISCHINI, P. G; GURGEL, F. A. Administração de materiais e do patrimônio. São Paulo: Saraiva, 2000. GASNIER, Georges Daniel. A dinâmica dos estoques. IMAM: São Paulo, 2002 GONÇALVES, Paulo Sérgio – Administração de Materiais: criando vantagens competitivas – Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. LACERDA, Leonardo - Logística Reversa: Uma visão sobre os conceitos básicos e as práticas operacionais – 2002. MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. Editora Saraiva, 2001. MARTINS, Petrônio G.; LAUGENI, Fernando P. Administração da produção. 3. Ed. São Paulo: Saraiva, 2015 MORAES, André. Gestão de Compras. Apostila do Curso de Administração Industrial. CEFDET. Rio de Janeiro: 2005. POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2007. SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert – Administração da Produção (2ª ed.). São Paulo: Atlas, 2018.era muito importante e como o foco era escoar toda essa produção, o transporte era elemento de grande importância. Dos anos 40 aos anos 60, surgiu o termo Logística, em função das grandes guerras. A origem do termo estava no suprimento e movimentação dos materiais e tropas. O foco estava na distribuição física e nos custos. Dos anos 60 aos anos 70, iniciou-se uma busca pela integração funcional (interna) com foco nos serviços, na distribuição e, portanto, no custo total das operações. A visão do processo produtivo tornou-se mais sistêmica. Dos anos 70 aos anos 80, o foco estava no cliente, enfatizando a produtividade e os custos de estoque e, consequentemente, buscando maior eficiência operacional. Dos anos 80 aos anos 90, ultrapassa-se as fronteiras da empresa e foca-se mais no mercado e na integração das atividades logísticas, prezando sempre pela qualidade. Dos anos 90 aos anos 2000, a Logística passa a ser estratégica, um elemento de diferenciação, desenvolvendo-se o conceito de Supply Chain Management ou Gerenciamento da Cadeia de Suprimentos. 9 Finalmente, nos dias atuais, o gerenciamento da cadeia de suprimentos de forma integrada é o verdadeiro desafio para fazer da Logística um diferencial competitivo estratégico para as empresas. Nesses tempos, flexibilidade e agilidade são palavras de ordem. 1.5 Relacionamento da Logística com outras áreas da empresa A atuação da Logística tem ligação direta com as demais áreas da empresa. A Figura 1.3 apresenta algumas dessas ligações. Figura 1.3 – Relacionamento da Logística com as demais áreas da empresa. Fonte: Elaborada pela autora Vivian W. 10 Uma relação que vale destacar, devido ao seu crescimento nos últimos anos refere-se às TICs – Tecnologias da informação e comunicação, cada vez mais presentes nas atividades logísticas. Se pensarmos em hardwares, é comum o uso de ferramentas para auxiliar na execução das atividades logísticas, tais como os computadores, tablets e palmtops para realizar e processar pedidos ou os códigos de barras e seus leitores que agilizam compras e vendas de produtos, os transelevadores (utilizados para movimentação de materiais em áreas de armazenagem), o GPS (Global Positioning System) que ajuda a localizar veículos das frotas etc. Já pensando em softwares, alguns sistemas são muito usados em Logística. Dentre eles, destacamos os roteirizadores (que definem a melhor rota para os veículos na hora de distribuir os produtos), o WMS (Warehouse Management System), que auxilia na gestão de armazéns, o EDI (Electronic Data Interchange), que permite a troca eletrônica de dados entre parceiros da cadeia logística etc. 1.6 Sistema Logístico O Sistema Logístico é formado pelos componentes / processos da Logística e suas integrações. São processos logísticos: Compras, Estoques, Processamento de pedidos, Armazenagem, Transporte e Serviço ao Cliente. Todos os processos logísticos têm atividades próprias e todos esses processos estão intimamente interligados. Essa ligação ajuda a compreender o conceito de Logística Integrada. 1.7 Logística Integrada O conceito de Logística Integrada coloca a Logística como uma ferramenta gerencial coordenada pelo Marketing, a fim de agregar cada vez mais valor aos bens fornecidos (produtos e serviços). Ou seja, internamente, as atividades logísticas se integram, sendo o Marketing responsável por coordenar tais atividades. Adaptando Ballou, Logística Integrada seria a gestão coordenada (pelo Marketing) de atividades (logísticas) inter-relacionadas, em substituição à prática histórica de administrá-las separadamente. 11 A Figura 1.4 apresenta o modelo conceitual de Logística Integrada. Figura 1.4 – Modelo Conceitual de Logística Integrada. Fonte: FLEURY, 2000 – adaptada pela autora Vivian W. Na Figura 1.4, a primeira imagem representa o Mix de Marketing e os componentes mercadológicos desse mix possuem relações com os componentes logísticos, representados na segunda parte da imagem. Ao analisar essas imagens, podemos entender que a Logística deve atender aos níveis de serviço ao cliente, estabelecidos pelas estratégias de Marketing, ao menor custo total de seus componentes (FLEURY, 20000.) Em outras palavras, o Marketing tem a responsabilidade de gerar a demanda e a Logística de atender a demanda gerada. 12 Para ser gerenciada de maneira integrada, a Logística deve ser vista como um sistema, ou seja, formada por componentes interligados que trabalham de forma coordenada em prol de um objetivo comum. Pensando assim, não adiantaria, por exemplo, tentar otimizar um componente do sistema, sob pena de subotimizar os demais. Ocorre o que chamamos de trade-offs, que na figura 1.4, são representados pelas setas. Trade-offs são espécies de compensações ou relações perda-ganho. Por exemplo, se uma empresa desejar reduzir seus custos com transporte de produtos, poderia adotar a consolidação de cargas, mas isso, em contrapartida, aumentaria os níveis de estoque e tenderia, ainda, a aumentar o tempo de entrega dos produtos. Nesse caso, teríamos um ganho no componente transporte e perdas nos componentes estoques e serviço ao cliente que seriam impactados negativamente. 1.8 Logística Reversa Quando pensamos em Logística, imaginamos a gestão do fluxo de materiais e informações desde o ponto de origem até o ponto de consumo. No entanto, também existe o que chamamos de fluxo logístico reverso, ou seja, do ponto de consumo ao ponto de origem e este fluxo também deve ser gerido. Imagine, por exemplo, um bar que vende cervejas em garrafas de vidro ou refrigerante na embalagem retornável. Esses cascos e garrafas precisam ser devolvidos pelos consumidores e, posteriormente, pelo próprio bar, devendo chegar até os centros de distribuição. Além disso, muitas empresas usam como insumos para seus produtos materiais descartados que são reaproveitados. A logística reversa já acontece há algum tempo para determinados materiais e mais recentemente, para outros e duas questões principais causam isso: questões ambientais e redução de custos. Para atender à legislação ambiental, as empresas estão cada vez mais adotando medidas ambientalmente responsáveis e isso inclui o destino dos produtos considerando os impactos ambientais que os mesmos causam. Quanto aos custos, a logística reversa pode ser importante aliada na redução de custos relacionados às embalagens e ao reaproveitamento de materiais. Assim sendo, segundo Lacerda (2002), logística reversa é o processo de planejamento, implementação e controle do fluxo de matérias-primas, estoque em processo e produtos acabados (e seu fluxo de informação) do ponto de consumo até o ponto de origem, com o objetivo de recapturar valor ou realizar um descarte adequado. 13 Figura 1.5 – Processos Logísticos Direto e Reverso. Fonte: LACERDA, 2002 – Adaptado pela autora Vivian W. A logística reversa pode gerar materiais reaproveitados que retornam ao processo logístico direto, conforme indicado na figura 1.5. Nesse processo reverso, há um conjunto de atividades que uma empresa realiza para coletar, separar, embalar e expedir itens usados, danificados ou obsoletos dos pontos de consumo até os locais de reprocessamento, revenda ou de descarte. (LACERDA, 2002). No entanto, os materiais podem ser reprocessados de maneiras distintas, dependendo das condições em que os mesmos entram no processo logístico reverso. Para Lacerda (2002), os materiais podem retornar ao fornecedor quando houver acordos neste sentido. Podem ser revendidos se ainda estiverem em condições adequadas de comercialização. Podem ser recondicionados, desde que haja justificativa econômica. Podem ser reciclados se não houver possibilidade de recuperação. Todas estas alternativas geram materiais reaproveitados,que entram de novo no sistema logístico direto. Em último caso, o destino pode ser a seu descarte final, conforme a figura 1.6. 14 Figura 1.6 – Atividades Típicas do Processo Logístico Reverso. Fonte: LACERDA, 2002. O processo logístico reverso pode acontecer para dois casos: para produtos e para embalagens. Quando ocorre para embalagens, em geral, a razão é a reutilização ou a proibição de seu descarte no meio ambiente (caso de países como a Alemanha). No caso de produtos, pode haver necessidade de conserto, de reciclagem ou simplesmente, porque o cliente não gostou do produto, isso, principalmente, nos casos de compras online. Leitura Complementar sugerida: https://blog.gs1br.org/logistica-reversa-guia-completo-de- como-reduzir-gastos-com-retorno-no-seu-negocio/ 1.9 Custos Logísticos Custos logísticos são todos aqueles que se relacionam com a execução de atividades logísticas. Estes custos tendem a ser bem significativos para as empresas e geri-los de maneira eficiente e eficaz é fundamental, uma vez que a Logística tem como grande objetivo prover determinado nível de serviço ao cliente ao menor custo possível. De acordo com o ILOS – Instituto de Logística e Supply Chain, os custos logísticos representam cerca de 12,2% do PIB brasileiro. O percentual é um dos mais altos da América Latina. Ainda de acordo com o estudo, em 2017 o custo com logística representou 12,37% do https://blog.gs1br.org/logistica-reversa-guia-completo-de-como-reduzir-gastos-com-retorno-no-seu-negocio/ https://blog.gs1br.org/logistica-reversa-guia-completo-de-como-reduzir-gastos-com-retorno-no-seu-negocio/ 15 faturamento bruto das empresas, considerando-se somente a área industrial (sem contar o segmento de serviços). Os principais componentes dos custos logísticos são apresentados na figura 1.7. Figura 1.7 – Principais Componentes dos Custos Logísticos. Fonte: Elaborada pela autora Vivian W. A Figura 1.7 nos mostra que os custos de estoque podem relacionar-se com a aquisição de materiais, com a manutenção do estoque ou com a falta de produtos. Em relação à aquisição, estamos nos referindo à colocação de novos pedidos, ao recebimento de materiais pedidos e a conferência dos mesmos, além do custo da mercadoria pedida em si (CUSTO DO PEDIDO). Quanto à manutenção, estamos falando, sobretudo, do que chamamos de custo de oportunidade. Este custo se refere à perda de receitas em função do capital de giro estar investido em estoque, ou seja, deixa-se de fazer outros investimentos. Há também custos ligados aos seguros e impostos do material estocado e os riscos de roubos, avarias, deterioração e obsolescência. Temos ainda em estoques o custo da falta que se refere aos custos gerados pela falta do produto para atender ao cliente. Quando se trata de venda programada e acordada com o cliente, não ter o produto pode resultar em multas 16 contratuais. Em casos mais comuns e envolvendo quaisquer clientes, temos a perda da venda presente e possivelmente de vendas futuras e perda da participação de mercado. Os custos de armazenagem estão mais relacionados a manter a estrutura de armazenagem funcionando. Isso inclui predominantemente o aluguel e manutenção de galpões / armazéns e seus custos associados (Luz, água, IPTU etc.), a mão-de-obra envolvida e os equipamentos de movimentação e manuseio de cargas e sua depreciação. Os custos administrativos englobam custos com pessoal (setor de compras, processamento de pedidos etc.), materiais de consumo (de escritório, limpeza etc.), além de custos relacionados ao recebimento e processamento de pedidos, separação, embalagem e preparação para expedição de produtos. Os custos de transporte envolvem a manutenção, depreciação da frota e gastos com combustíveis se ela for própria ou custos relacionados com a terceirização (transportadoras). Se a frota for própria, há ainda os custos com o pessoal (motoristas e ajudantes de carga e descarga). Dentre estes custos listados, os mais significativos são os custos relacionados ao transporte, seguido do custo de estoques e, por isso mesmo, merecem maior atenção, uma vez que promovem os maiores trade-offs logísticos também. EXERCÍCIOS Prova: VUNESP 2019 – Administrador Judiciário 1 - O instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada, e que permite o descarte apropriado de materiais e principalmente a preservação ambiental, é: ( ) Logística Reversa ( ) Monitoramento Ambiental ( ) Monitoramento de Desempenho Ambiental ( ) Trade-off logístico ( ) Logística Integrada 17 Prova: ESPP 2013 – Cobra Tecnologia S-A BB - Técnico Administrativo 2 - Assinale a alternativa correta: I. Para que possa ser gerenciada de forma integrada, a logística deve ser tratada como um sistema no qual os componentes são interligados e interagem entre si de forma coordenada, com o objetivo de atender aos níveis de serviços estabelecidos pelos clientes ao menor custo. II. Em logística, um movimento em qualquer um dos componentes de um sistema tem efeito sobre outros componentes do mesmo sistema. A tentativa de otimização de cada um dos componentes, isoladamente, não leva à otimização de todo o sistema. ( ) Somente a I está correta. ( ) Somente a II está correta. ( ) Todas estão corretas. ( ) Nenhuma está correta. 3 – Sobre Logística Integrada, assinale a alternativa errada: ( ) A Logística Integrada substitui a prática de gerenciar as atividades separadamente. ( ) Na Logística Integrada, as atividades são coordenadas pela Produção. ( ) O custo total dos componentes do Sistema Logístico é importante na Logística Integrada. ( ) Trade-offs são comuns em Logística integrada. 4 – Assista ao vídeo Logística Reversa dos Correios, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=kIHpqmsK5Dc e responda: De que forma os Correios colaboram com o processo logístico reverso das empresas? 5 – Comente: “Logística não é só Distribuição Física”. https://www.youtube.com/watch?v=kIHpqmsK5Dc 18 2 Cadeia de Suprimentos Prezado estudante, este capítulo tratará da Cadeia de Suprimentos e sua Gestão, apresentando seus componentes / elos e fluxos que por eles passam. Além disso, você verá como acontece a integração e colaboração entre os componentes da cadeia. Boa leitura! A Cadeia de Suprimentos é um conjunto de empresas ou pessoas, que juntas formam elos, como uma cadeia. É um conjunto de negócios interligados, envolvendo fabricantes, distribuidores, varejistas e consumidores. De acordo com Ballou (2004), a Cadeia de Suprimentos abrange todas as atividades relacionadas com o fluxo e transformação de mercadorias desde o estágio da matéria-prima (extração) até o usuário final, bem como os respectivos fluxos de informação. Materiais e informações fluem tanto para baixo quanto para cima na cadeia de suprimentos, do ponto de origem ao ponto de consumo. O fornecedor é o primeiro elo da cadeia de suprimentos. É o responsável pelo fornecimento da matéria-prima para a indústria / fábrica. Uma cadeia de suprimentos pode ter um ou mais fornecedores. O fabricante, representado pela figura da indústria, é o responsável pelo processo de transformação das matérias-primas em produtos que serão comercializados. O distribuidor é aquele que levará os produtos acabados da fábrica aos pontos de venda ou, em alguns casos, diretamente aos consumidores. Essa atividade é chamada de “distribuição física” e em geral, é realizada por transportadores. O varejistaé aquele que está normalmente nos centros urbanos e vende pequenas quantidades dos produtos diretamente ao consumidor final, em geral, sem intermediários. 19 Por fim, como último elo, está o consumidor, que é aquele que adquire os produtos. A Cadeia de Suprimentos é, portanto, uma estrutura integrada e colaborativa que coordena os fluxos de materiais e informações desde o ponto de origem até o ponto de consumo, de forma a minimizar os custos e maximizar a satisfação do consumidor. Figura 2.1 – Cadeia de Suprimentos Fonte: Adaptada de SLACK et al, 2018. A Figura 2.1 mostra um modelo de Cadeia de Suprimentos com seus respectivos elos e fluxos de materiais e informações. Nesse exemplo, a empresa principal é a fábrica dos artigos plásticos para uso doméstico. O distribuidor de plástico e o fornecedor de embalagem são o que chamamos de fornecedores de 1ª camada, pois fornecem diretamente para a operação em questão, mas estes, por sua vez, também têm seus próprios fornecedores (a empresa química, o fornecedor de papel e papelão e o fornecedor de tinta) e essas são os chamados fornecedores de 2ª camada e assim por diante. Nada impede, porém, que um dos elos da rede seja pulado e um fornecedor de segunda camada forneça diretamente para a operação. Esses elos pra trás da operação principal compõem o caminho a montante da rede. O atacadista é o que chamamos de cliente de 1ª camada, aquele que compra diretamente da operação. Em geral, é o principal cliente. Este, por sua vez, também tem seus próprios clientes, são os varejistas ou clientes de 2ª camada, embora também nada impeça desses clientes comprarem diretamente da operação. Quando fornecedores ou clientes de 20 segunda camada fazem contato direto com a operação, eles compõem a chamada rede imediata de fornecimento e o conjunto com todos os elos participantes é chamado rede total de suprimentos. 2.1 Gestão da Cadeia de Suprimentos (GCS) A gestão da cadeia de suprimentos (GCS), do inglês Supply Chain Management (SCM), é o gerenciamento das ligações entre as empresas envolvidas desde o processo de fornecimento de insumos até a entrega do produto acabado ao cliente. Esse gerenciamento inclui o fluxo de materiais e de informações e vai além dos limites de uma única empresa. De acordo com Ballou (2004), a Gestão da Cadeia de Suprimentos capta a essência da Logística Integrada e a ultrapassa, considerando inclusive as interações logísticas com as demais áreas da empresa em cada um dos elos da cadeia. Para Fleury apud Figueiredo, a Gestão da Cadeia de Suprimentos é uma evolução do conceito de Logística Integrada, mas enquanto a Logística Integrada representa a integração das atividades da empresa internamente, a Gestão da Cadeia de Suprimentos representa a integração externa com as demais empresas que compõem a cadeia. As Figuras 2.2 e 2.3 mostram o escopo da Gestão da Cadeia de Suprimentos com os elos envolvidos. Note que a Logística é parte da Gestão da Cadeia de Suprimentos e preocupa-se com questões que vão desde a aquisição de matérias-primas até a entrega do produto acabado ao cliente, enquanto a Administração de Materiais é parte da Logística e preocupa-se mais com a gestão, manuseio e movimentação dos materiais comprados, estocados e armazenados. Dessa forma, podemos dizer que a Administração de Materiais é a parte inicial da Logística e ambas são partes da Gestão da Cadeia de Suprimentos. 21 Figura 2.2 – Escopo da Gestão da Cadeia de Suprimentos Fonte: Elaborada pela autora Vivian W. Figura 2.3 – Gestão da Cadeia de Suprimentos Fonte: Adaptada pela autora Vivian W. (SLACK et al, 2018). 22 2.2 Políticas Colaborativas na Cadeia de Suprimentos Quando pensamos em políticas colaborativas na Cadeia de Suprimentos somos remetidos a alguns sistemas que permitem a integração maior entre os componentes da Cadeia. Para tanto, o estreitamento das relações é fundamental e isso exige uma comunicação muito eficaz. Um exemplo que indica forte comunicação e colaboração entre parceiros da Cadeia de Suprimentos é o sistema VMI (Vendor Managed Inventory. Esse programa vem evoluindo com o tempo e já serviu de base para sistemas ainda melhores, aperfeiçoados, mas por ser base para outros, vale a pena entendermos um pouco seu papel. 2.2.1 VMI O VMI – Estoque Gerenciado pelo Fornecedor é um sistema / programa de reposição contínua de suprimentos. Surgiu na década de 80 e se popularizou a partir da parceria bem- sucedida entre Walmart e Procter & Gamble, em 1985. Esse sistema só existe mediante a parceria entre fornecedor e a empresa compradora. Consiste na visualização e gestão de estoques da empresa fabricante por parte do fornecedor. Em outras palavras, o fornecedor de determinado suprimento consegue monitorar os níveis de estoque da empresa que é sua cliente, programando entregas de materiais sempre que notar que o estoque de seu cliente está baixo. Com o uso deste sistema, o fornecedor concede acesso ao vendedor, em tempo real, aos seus níveis de estoque, conforme apresentado na figura 2.4. A partir dessa informação, o fornecedor, com base no que tenha sido acordado inicialmente em termos de quantidades, faz a reposição do estoque, sem a participação da empresa cliente. 23 Figura 2.4 – Funcionamento VMI. Fonte: Elaborada pela autora Vivian W. A adoção de tal programa exige muita coordenação das atividades, comunicação eficaz e relação de parceria e confiança entre as empresas envolvidas. Além disso, a empresa que compra os suprimentos deve manter sempre atualizados os níveis de estoque e as vendas para que o fornecedor visualize informações reais e não atrase a reposição dos insumos nem entregue desnecessariamente. Para essa troca de informações, as empresas costumam adotar o chamado EDI – Electronic Data Interchange, em português, Troca eletrônica de dados. Ao usar o VMI, as empresas não precisam se preocupar com a incerteza no fornecimento, uma vez que seu fornecedor estará monitorando os níveis de estoque e sabendo, portanto, o momento ideal para as reposições de materiais. No entanto, a empresa fabricante tem seus dados expostos e, por isso mesmo, conforme falado anteriormente, precisa haver uma relação de confiança e uma comunicação muito eficaz entre os parceiros da Cadeia. Outro ponto positivo do uso desse sistema é a redução dos níveis de estoque e, consequentemente, dos custos, uma vez que o reabastecimento ocorre quando necessário de fato. E, se porventura pensarmos que, por um lado, o fornecedor pode acabar tendo custos maiores pela manutenção de estoques, por outro, a parceria e fidelidade da empresa cliente podem ser bem rentáveis. 24 EXERCÍCIOS 1 – Pense e desenhe como seria, na sua opinião, a Cadeia de Suprimentos de um hospital. PROVA: ESPP – 2013 – Cobra Tecnologia S.A BB – Técnico Administrativo 2 - ___________________ é a integração dos processos do negócio, desde os fornecedores até o consumidor final, que assegure os suprimentos de produtos, serviços e informações, de tal forma que acrescente valor ao cliente. ( ) Administração de Materiais ( ) Gestão da Cadeia de Suprimentos ( ) Gestão do Estoque ( ) Compras PROVA: FEPESE – 2018 – CELESC – Administrador 3 - Assinale a alternativa correta sobre gestão da cadeia de suprimentos. (A) Uma cadeia de suprimentos é um conjunto de empresas que compram produtos ou serviços de uma organização. (B) As compras e o desenvolvimento de fornecedores estão relacionados diretamente com as atividades de marketing de uma organização. (C) A gestão da distribuição física é um sinônimo de gestão de estoques. (D) A gestão da cadeia de suprimentos é realizada geralmente pelo setor encarregado da área de finanças nas empresas. (E) A gestãoda cadeia de suprimentos não se limita à abrangência restrita das fronteiras da empresa. 25 PROVA: CESPE - 2012 - PEFOCE - Perito Criminal - Engenharia Civil 4 - Acerca de logística, julgue o item abaixo. O longo caminho que se estende desde as fontes de matéria-prima, passando pelas fábricas dos componentes, pela manufatura do produto, pelos distribuidores e chegando finalmente ao consumidor por meio do varejista constitui uma cadeia de suprimento. ( ) Certo ( ) Errado PROVA: CEPERJ – 2012 – SEPLAG/RJ – Especialista em Políticas Públicas 5 - O gerenciamento da cadeia de suprimentos tem atraído a atenção das empresas que procuram investir cada vez mais na implantação desse conceito, na busca por vantagem competitiva. Dentre as alternativas seguintes, aquela que não corresponde a uma característica dessa forma de gerenciamento é: (A) Integração de processos industriais e comerciais promovendo a eficiência organizacional (B) Busca de redução de custos, de desperdícios e de funções duplicadas (C) Parceiros que não compartilham informações operacionais e estratégicas (D) Ênfase na satisfação do consumidor final (E) Formação de parcerias entre fornecedores e clientes ao longo da cadeia de suprimentos https://www.qconcursos.com/questoes-de-concursos/provas/cespe-2012-pefoce-perito-criminal-engenharia-civil 26 3 Serviço ao Cliente ou Serviço Logístico (SC/SL) Prezado estudante, este capítulo tratará do Serviço ao Cliente ou Serviço Logístico, demonstrando como definir o nível de serviço mais adequado e conceituando a fidelização de clientes. Boa leitura! De acordo com Fleury (2000), o resultado de todo esforço logístico é o serviço ao cliente. Tudo que as empresas fazem é no sentido de praticar um projeto logístico que as diferencie e ofereça um serviço superior ao cliente. Nesse sentido, há que se responder duas perguntas: para quem e o quê. Consiste em definir o público a ser atendido e que elementos comporão o serviço que será prestado. “Do ponto de vista prático e conceitual, o serviço ao cliente representa o componente chave que diferencia a logística moderna da abordagem tradicional, que tratava somente das questões relacionadas à eficiência operacional. Atualmente, considerar as necessidades dos clientes constitui ponto de partida para o desenvolvimento de uma estratégia logística de vanguarda”. (LAVALLE, 2000) O Serviço ao Cliente está intimamente relacionado ao conceito de Produto Ampliado, representando o “revestimento” do núcleo ou do produto básico, tem a ver com o diferencial do produto ou serviço. Além disso, deve ser pensado com base na segmentação de mercado, ou seja, clientes mais lucrativos, que dão mais retorno à empresa devem receber nível de serviço mais alto. No entanto, esses níveis de serviço mais elevado aumentam significativamente os custos logísticos, pois o produto em si é mais barato, mas os serviços a ele associados estão cada vez mais caros. Observe a charge a seguir. 27 O que essa charge nos faz perceber? Ela nos mostra que a cada dia mais o cliente tem valorizado o Serviço ao Cliente, ou seja, o revestimento dos produtos, seu diferencial, em detrimento de sua funcionalidade original. Nesse caso específico, estamos falando de um celular que, para o cliente, pouco importa se não faz adequadamente ligações móveis (propósito inicial desse produto). O mais importante são os serviços associados ao produto e que o diferenciam de outros. Dessa forma, podemos concluir que quanto maior o revestimento do produto, maior o nível de serviço que está sendo entregue. 3.1 Fidelização de Clientes Vimos no Capítulo 1, em Logística Integrada, a coordenação do Marketing. Essa coordenação se dá sobretudo no que se refere à definição de estratégias para determinar o nível de serviço ao cliente. A participação do Marketing é muito importante, pois ele será o responsável por ouvir o cliente, entrevistá-los e descobrir então quais as suas expectativas com o produto ou serviço, transformando tais expectativas em atributos do produto ou características do serviço. Quando uma empresa conhece o que seu cliente considera como Valor Superior e transforma estas informações em especificações do produto ou serviço, investindo em equipamentos, pessoas, tecnologia e instalações, está no caminho para fidelização. Fidelização significa mais clientes satisfeitos? NÃO! Tem a ver com clientes mais satisfeitos. Fidelizar é fazer com que um cliente tenha vontade de prestigiar repetidamente uma empresa, comprando e usando os produtos e serviços adquiridos e ainda, indicando, 28 voluntariamente a marca daquele vendedor. Fidelidade tem a ver com continuidade, longo prazo, repetição, boca-a-boca e, em alguns casos, exclusividade. Fidelização é, portanto, sinônimo de retenção de clientes. Não basta conquista-los, mas mantê-los e tão ou mais importante do que atrair novos clientes é reter clientes já conquistados. É preciso definir os grupos específicos de clientes mais rentáveis e promover a maior satisfação para esses. Dentre os itens mais considerados pelo cliente no serviço ao cliente, estão a disponibilidade do produto, a consistência do prazo de entrega, o tempo de ciclo do pedido, a remediação de falhas e o apoio pós entrega. A questão das falhas é bem interessante. Para muitos clientes, tão importante quanto não falhar é a flexibilidade para solucionar as falhas quando elas ocorrem. Um cliente que inicialmente se mostre insatisfeito por alguma falha cometida por uma empresa pode tornar- se consumidor e divulgador voluntário da mesma, se a solução for prontamente encontrada. Podemos dizer, então, que ter um bom sistema de remediação de falhas é importante e evita que clientes reduzam ou suspendam suas compras com a empresa, que chamem supervisores e que se recusem a comprar outros itens da mesma empresa. Satisfação do cliente significa que ele repetirá a compra? Não necessariamente. Satisfação é necessária, mas não suficiente. Satisfazer é atender às expectativas, mas fidelizar envolve superar as expectativas. Observe a imagem abaixo. 29 O que a imagem quer nos dizer? A imagem demonstra que quando o serviço ao cliente é forte e, portanto, os clientes estão fidelizados por uma empresa ou marca, as investidas da concorrência não serão fortes o bastante para romper esse relacionamento. Mas como podemos saber o nível de serviço ao cliente ou serviço logístico ideal a ser oferecido ao cliente? 3.2 Determinando o Nível de Serviço Ideal Em geral, o Nível de Serviço ao Cliente tem impacto positivo sobre as vendas da empresa, mas, em contrapartida, aumenta substancialmente os custos logísticos para a maioria dos negócios. Nesse sentido, como saber o nível ideal de serviço a oferecer ao cliente? Considere a tabela a seguir. Nesse caso, qual seria o nível mais adequado de serviço ao cliente? Devemos pensar o seguinte: se multiplicarmos a quantidade vendida (volume de vendas) pelo preço cobrado, teremos a receita obtida. Se subtrairmos dessa receita os custos, teremos o lucro. Fazendo isso, qual o nível de serviço que oferece a melhor lucratividade para empresa? Façamos. 92% - 7.000.000 X 2,00 = 14.000.000 – 7.600.000 = L = 6.400.000. 94% - 7.110.000 X 2,10 = 14.931.000 – 8.660.00 = L = 6.271.000. 96% - 7.200.000 X 2,21 = 15.912.000 – 9.880.000 = L = 6.032.000. 98% - 7.350.000 X 2,32 = 17.052.000 – 11.260.000 = L = 5.792.000. 100% - 7.880.000 X 2,43 = 19.148.400 – 12.840.000 = L = 6.308.400. 30 Para esse exemplo, poderíamos dizer que o melhor nível de serviço a oferecer seria 92%, pois é o nível de serviço que resulta em melhor lucratividade para a empresa. Mas, cada nível de serviço tem uma receita e um custo associado. O normal é que quanto maior o nível de serviço, maior o custoassociado, mas nem sempre a combinação ótima (mais lucrativa) será necessariamente a de mais alto nível de serviço ou a de mais baixo custo. Repare no gráfico: Figura 3.1 – Desempenho do Serviço ao Cliente. Fonte: Elaborada pela autora Vivian W. No gráfico, é possível visualizarmos melhor essa situação descrita. O melhor nível de serviço ao cliente será aquele em que o lucro for máximo, ou seja, onde houver o melhor equilíbrio entre a receita e o custo e esse ponto de lucro ótimo não é necessariamente o ponto onde o nível de serviço é o maior ou o custo o menor de todos. 31 EXERCÍCIOS 1 - Leia o texto a seguir e responda: Fidelizar era mais fácil “nos tempos da minha avó”? Por quê? FIDELIZAÇÃO NOS TEMPOS DA MINHA AVÓ Ouvia sempre minha avó fazer referência ao tempo de recém-casada, quando comprava nos pequenos comércios de bairro. "Era mais fácil. Se tínhamos algum problema, a gente falava com o dono e via a providência sendo tomada na hora! Hoje é tudo grande, a gente tem que falar por telefone, e nem sempre resolve. Preferia o atendimento exclusivo dos mercadinhos." – dizia. Em algumas frases, ela resume com a simplicidade das avós, a evolução do relacionamento das empresas com seus clientes no Brasil, inclusive apontando para uma tendência de futuro. Desde a criação do Código brasileiro de defesa do consumidor, uma verdadeira revolução aconteceu, tornando o cliente que entra na sua loja, na sua empresa, um dos mais exigentes do mundo também. E esta exigência cresce exponencialmente a cada dia ... comoditização. De repente, produtos e preços passaram a ser muito parecidos, e o cliente, aquele mesmo super exigente, passou a ter opção. Assim vender mais que a concorrência e em especial vender sempre para o mesmo cliente, FIDELIZÁ-LO, passou a ser um grande desafio. Neste contexto, o grande diferencial das empresas volta a ser, como nos tempos da minha avó, o relacionamento com o cliente, fundamental para vender mais e fidelizar, não importando o tamanho da sua empresa. Fonte: Alexandre Diogo - Presidente do Instituto Brasileiro de Relações com Clientes – Março de 2008, in www.mundodomarketing.com.br 32 2 – Leia o texto e responda as perguntas a seguir: 33 De acordo com a leitura do texto, é correto afirmar que: (A) as conversas informais entre o cliente oculto e os frequentadores de uma determinada loja constituem a primeira etapa do processo para verificar se os consumidores estão satisfeitos com os serviços oferecidos. (B) o cliente oculto, após avaliar a organização e a competência dos funcionários, identifica- se para o dono do negócio e propõe mudanças na gestão administrativa. (C) o relatório elaborado pelo cliente oculto assemelha-se a uma auditoria, pois o objetivo é denunciar as irregularidades fiscais de um estabelecimento comercial. (D) a estratégia do cliente oculto pode motivar proprietários e funcionários de uma loja a atenderem bem a todos os consumidores, pois, entre eles, pode estar esse profissional a quem cabe avaliar o empreendimento. (E) as empresas que administram várias lojas premiam seus funcionários com viagens, bônus salariais e outros benefícios de acordo com os dados apresentados pelo cliente oculto. Com base no 6º parágrafo e nas demais informações do texto, é correto concluir que: (A) as visitas devem ser recorrentes para permitir que os funcionários reconheçam o profissional que atua como cliente oculto e façam mudanças esporádicas na rotina do estabelecimento. (B) a avaliação de um estabelecimento com base em uma única visita será justa, desde que essa visita tenha sido feita em um dia em que ocorreram situações atípicas no local. (C) o monitoramento constante possibilita ao cliente oculto fazer uma análise adequada do estabelecimento, o que pode levar a melhorias no serviço oferecido aos consumidores. (D) uma única visita do cliente oculto apontará informações precisas e definitivas, se esse profissional se dedicar a fazer um relatório minucioso do que observou na loja visitada. (E) alguns proprietários discordam da tática do cliente oculto, pois esse profissional usa critérios estritamente pessoais para julgar a qualidade de um empreendimento. 34 3) Com base na tabela abaixo, responda: A – Qual o nível de serviço adequado a ser oferecido ao cliente? B – Por que esse é o melhor nível de serviço? 35 4 Compras Prezado estudante, este capítulo tratará da função Compras, apresentando suas atividades básicas e objetivos. Além disso, você verá as etapas do Ciclo de Compras e a decisão sobre a estratégia de suprimentos. Boa leitura! Quando pensamos em definir o termo comprar pensamos em adquirir algum bem (produto ou serviço), pagando um determinado preço por ele. Além disso, quando decidimos comprar alguma coisa, a primeira coisa que fazemos é pesquisar os fornecedores disponíveis no mercado e comparar seus preços e demais condições, tais como sua reputação em termos de qualidade, formas de pagamento e tempo de entrega estimado. Todas essas são mesmo atividades da função Compras. Baily et al. (2000), define que a atividade de compras é um procedimento pelo qual as empresas determinam os itens a serem comprados, identificam e comparam os fornecedores disponíveis, negociam com as fontes de suprimentos, firmam contratos, elaboram ordens de compras e finalmente, recebem e pagam os bens e serviços adquiridos. Além disso, os fatores quando, quanto e como comprar, passaram a ser determinantes para a continuidade das empresas no mercado competitivo (MARTINS & ALT, 2001). A função Compras pode ser bastante decisiva e estratégica para as empresas, uma vez que compras bem realizadas (frutos de boas negociações) podem significar redução de custos e aumento de lucratividade. Segundo Arnold (1999) “a função compras é responsável pelo estabelecimento do fluxo dos materiais na organização, pelo segmento junto ao fornecedor, e pela agilidade da entrega.”. O objetivo das atividades de Compras é obter e coordenar o fluxo contínuo de suprimentos, atendendo aos programas de produção; comprando os materiais aos melhores preços, não fugindo aos parâmetros qualitativos e quantitativos; e procurando as melhores condições para a empresa (DIAS, 2005). O setor de compras está também totalmente relacionado com os níveis de estoque. É de sua responsabilidade a tarefa de equilibrar a quantidade de materiais a serem comprados para satisfazer os demais departamentos da empresa, otimizando o investimento e minimizando as necessidades de capital investido em estoques (DIAS, 2005). Se pararmos pra pensar, é atribuição da função Compras a interação entre a empresa e seu ambiente externo, cabendo a ela o cadastro e seleção de fornecedores, a negociação 36 com fornecedores e a gestão dos contratos de suprimentos. Além disso, há interações internas também, sobretudo, com a gestão dos estoques. Dias (2005) afirma que esta é uma questão delicada para a gestão de compras, pois níveis de estoque, apesar de significarem uma segurança de que a produção não sofrerá interrupções, por outro lado, demanda custos geralmente altos para a empresa, visto que os produtos devem ser armazenados e controlados constantemente. Os níveis de estoque da empresa afetam o custo de produção e acarretam outros problemas, como a necessidade constante de controle, mais pessoal e maiores despesas com sua manutenção. Diante do potencial estratégico da Função Compras, ela passa de uma atividade meramente burocrática para um componente capaz de agregar valor, uma vez que passa de Centro de Custo para Centro de Lucro com verdadeiro potencial para reduzir gastos com matérias-primas. 4.1 Ciclo de Compras Segundo Chiavenato (2005), a atividade de compras é cíclicaporque envolve um ciclo de etapas que dever ser necessariamente cumpridas no tempo certo e sequencialmente e repetitiva, pois o ciclo ocorre cada vez que haja necessidade de comprar materiais. Isso significa dizer também que o processo pode ser aperfeiçoado a cada ocorrência. A Figura 4.1 apresenta as etapas do Ciclo de Compras. Figura 4.1 – Etapas do Ciclo de Compras. Fonte: CHIAVENATO (2005), adaptada pela autora Vivian W. 37 A primeira etapa do ciclo, conforme a figura 4.1, é o recebimento de requisições de compras, em geral vindas de um setor de Planejamento e controle da Produção (que efetua uma programação dos materiais necessários para o processo produtivo). Ao receber as requisições, o setor de Compras as analisa, buscando conhecer melhor as especificações dos materiais que devem ser comprados e certificar-se das quantidades necessárias indicadas. Além disso, a época para realizar a compra também é importante para não comprar antes de haver espaço para armazenagem, mas também não permitir que faltem materiais para Produção. A segunda etapa consiste em pesquisar e selecionar fornecedores. Para isso, o ideal é que o setor de Compras tenha um banco de dados com fornecedores cadastrados. Caso já tenham fornecido materiais para empresa, nesse banco de dados deve constar data do fornecimento anterior, condições de pagamento e se houve cumprimento de prazos. Dentre os fornecedores pesquisados, deve(m) estar o(s) selecionado(s). Para selecionar o fornecedor mais adequado, é preciso comparar as propostas, fazer cotações e comparar preços, formas e prazos de pagamento, além da qualidade do fornecimento e do material. A terceira etapa é a negociação com o fornecedor selecionado. Para essa negociação, o setor de Compras deve considerar a qualidade do material e o atendimento às especificações descritas no pedido e os prazos e formas oferecidos para pagamento. Essa negociação definirá dados da emissão do Pedido de Compra (PC). Observe a seguir um exemplo de Pedido de Compra. 38 A quarta etapa é o que chamamos de Follow-up ou acompanhamento do pedido. Feita a compra, é o acompanhamento do status do pedido, se foi processado, se saiu para entrega, prazo estimado para entrega etc. Esse acompanhamento pode ocorrer por meio de contato telefônico com o fornecedor e atualmente, por meio de rastreio na Internet, no site do vendedor ou da transportadora que o entregará. Por fim, a quinta etapa é a de controle e recebimento do material com a conferência quantitativa dos itens entregues. A conferência qualitativa fica a critério da Produção e da Gestão de Estoques. Uma vez conferidos os produtos quantitativa e qualitativamente, o setor de Compras encaminha ao setor financeiro a autorização para pagamento do fornecedor de acordo com as condições previamente estabelecidas. 4.2 Estratégia de Suprimentos: Comprar ou Fabricar? Quando uma empresa tem a possibilidade de, por sua própria conta, produzir os insumos necessários para seu processo produtivo, ela pode decidir entre comprar de terceiros ou fabricar ela mesma esses insumos. Trata-se de uma decisão bem complexa a ser tomada. Segundo SLACK (2018), “é parte da responsabilidade da Função de Compras investigar se a empresa estará mais bem servida comprando produtos e serviços de fornecedores externos ou produzindo-os em casa”. A integração vertical ou verticalização ocorre quando uma empresa decide por si só absorver a produção de insumos, que seria atividade de algum elo a montante de sua cadeia de suprimentos. Como alternativa à essa verticalização, há a possibilidade de terceirização (ou outsourcing), que consiste em adquirir do mercado fornecedor os insumos necessários ao seu processo produtivo. A decisão sobre comprar ou fabricar os insumos vai além de questões financeiras apenas. Não basta avaliar os custos somente. É necessário pensar na capacidade técnica para fabricação do insumo e na confiabilidade do fornecimento. Um exemplo clássico é o da Fordilândia, um projeto ousado de Henry Ford. Veja: 39 40 Esse exemplo é um clássico de verticalização. Mas, para decidir adotar essa estratégia, é preciso considerar muitos fatores, dentre eles, os custos. Observe o exemplo a seguir. A tabela abaixo mostra as opções de uma empresa para adquirir ou fabricar um determinado insumo. Veja: Caso fossem necessárias 350.000 unidades desse determinado insumo, cujos custos estão definidos acima, qual seria a melhor decisão: comprar do Japão, comprar da China ou fabricar internamente o insumo? 41 Para definir, é preciso calcular o custo total de cada opção da seguinte forma: somando o custo fixo (Máquinas e Equipamentos) de cada opção com os custos variáveis totais (Custo variável é obtido multiplicando o custo variável de uma unidade pelas unidades necessárias (quantidade), ou seja, CVT = CV/unid X Q). Para esse exemplo, o Custo Fixo tem a ver com máquinas e equipamentos. Se você produz o insumo internamente, precisa comprar ou alugar algumas máquinas e equipamentos e se compra de terceiros, na 1ª compra, precisa pagar um valor fixo referente às mudanças que seu fornecedor precisou fazer para atender ao seu pedido (Exemplo: produzir uma nova cor de insumo ou um insumo com uma especificação diferente da que ele sempre produz, para isso, o fornecedor faz então uma adaptação de seu maquinário pra te atender e na sua 1ª compra, você paga por isso. Depois, ele já terá isso em sua posse e você não precisará pagar em pedidos futuros). Além disso, nesse caso específico do exemplo, o custo variável se refere somente ao transporte que fica por conta do comprador. O comprador paga então o Custo Fixo, o custo do transporte (variável) e o preço da peça em si. Vejamos então o que seria a melhor opção, considerando a dimensão custo total: 1) COMPRAR DO JAPÃO: CF + CVT = 75.000 + (0,90 X 350.000) + (11,85 X 350.000) = = 75.000 + 315.000 + 4.147.500 = Custo Total = 4.537.500. 2) COMPRAR DA CHINA: CF + CVT = 50.000 + (1,05 X 350.000) + (11,25 X 350.000) = = 50.000 + 367.500 + 3.937.500 = Custo Total = 4.355.000. 3) FABRICAR INTERNAMENTE: CF + CVT = 125.000 + (12,35 X 350.000) = = 125.000 + 4.322.500 = Custo Total = 4.447.500. A Tabela ficaria assim: 42 Podemos dizer, então, que, no caso desse insumo e considerando como parâmetro o custo total, a melhor opção seria comprar da China, pois o custo total final é menor do que das opções de comprar do Japão ou de produzir internamente. Outras questões também podem ser observadas nesse exemplo, tais como: - Qual das opções tem o maior custo de transporte? - Em que caso o custo com máquinas e equipamentos é maior? Além disso, esse é o cenário considerando o Custo Total como parâmetro, mas outros pontos devem ser pensados, tais como o conhecimento técnico necessário para fabricação da peça (se fôssemos produzir internamente, temos esse conhecimento?), a confiabilidade, sobretudo, no cumprimento de prazos (comprando do Japão ou China, a entrega ocorre dentro do prazo combinado, sem atrasos que comprometam o processo produtivo? Fabricando internamente, a confiabilidade é maior). Por isso, a decisão entre comprar ou fabricar acaba sendo complexa e estratégica para as empresas. 43 EXERCÍCIOS PROVA: MPE/RN 2012 - FCC - ANALISTA DO MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAL – ADM 1) Com relação aos objetivos da administração de compras, considere as afirmativas a seguir: I. Devem-se procurar sempre as melhores aquisições para a empresa, independentemente das condições de pagamento. II. É preciso obter um fluxo contínuo de suprimentos a fim de atender aos programas de produção. III. Coordenar o fluxo de produção de modo que seja necessário um mínimo de investimento no estoqueda empresa. IV. É fundamental a minimização de custos, principalmente no que se refere aos materiais mais utilizados, já que representam uma parcela considerável da estrutura de custo total. Está correto o que se afirma APENAS em: (A) I e II. (B) I, III e IV. (C) I e IV. (D) II, III e IV. (E) II e IV. 2) Julgue a afirmativa a seguir: Denomina-se verticalização o processo em que a empresa se torna seu próprio fornecedor, passando ela própria a produzir internamente suas matérias-primas, para evitar a dependência de fornecedores externos. ( ) Certa. ( ) Errada. 3) Crie um pedido de compras de um restaurante com, pelo menos, 7 itens a serem comprados de um determinado fornecedor. 44 4) Imagine que você precisa de 200.000 unidades de um determinado componente eletrônico para produzir seu produto. Considere as opções que você tem na tabela abaixo e determine qual seria a melhor considerando o parâmetro do Custo total. A - Qual seria a melhor opção considerando o Custo Total? B – Você acredita que essa melhor opção considerando o Custo Total é também a melhor opção se você considerar outros parâmetros envolvidos na decisão entre comprar ou fabricar? Explique. 45 5 Estoques Prezado estudante, este capítulo tratará dos estoques, apresentando seus objetivos, classificação, métodos de previsão e controle. Além disso, você verá as formas de analisar e avaliar estoques. Tudo com seus respectivos cálculos. Boa leitura! 5.1 Objetivos de Estoques Enquanto o Departamento Comercial prefere estoques altos o Departamento Financeiro sempre vai optar por estoques mais enxutos e para equalizar os conflitos de interesses que podem surgir entre os departamentos se faz necessária uma gestão dos estoques que tenha como objetivo principal otimizar o capital investido. As principais funções dos estoques são: a) Assegurar o abastecimento de materiais e funcionamento das empresas mesmo quando houver atraso no fornecimento. Ou seja, tem a função de neutralizar alguns efeitos provocados pela demora nos recebimentos dos materiais pelo fornecedor. b) Promover economia de escala garantindo rapidez e flexibilidade ao processo produtivo. Ao longo do aprendizado você irá compreender como os estoques exercem um papel muito importante dentro das organizações no quesito flexibilidade operacional e como são capazes de atender as flutuações de demanda, além de minimizar os erros do planejamento estratégico das empresas. 5.1.1 Classificação de Estoques Os principais tipos de estoques são: matérias-primas, produtos em processo, produtos acabados e materiais auxiliares e de manutenção. a) Matérias-Primas: todo material que serve para produção do produto acabado. Para produção dos Bolos da Vó Alzira, por exemplo, as matérias-primas são farinha de trigo, fermento, ovos, leite e demais ingredientes que serão processados e transformados em produtos acabados. 46 b) Produtos em Processo: Considera-se produto em processo uma peça, ou parte de uma peça que já tenha passado por processamento. Por exemplo, quando a indústria recebe o minério para transformação em uma placa de aço, o produto passa por várias etapas no processo produtivo com inserção de vários elementos químicos até chegar à chapa de aço. Ou seja, a matéria-prima vai adquirindo diferentes formas ao longo do processo produtivo. Numa pizzaria, a massa da pizza pronta numa linha de produção representa um produto em processo. Trigo, água, óleo, fermento, modificaram a sua forma original e estão aguardando as próximas etapas como: tempo de fermentação, inclusão dos recheios e forno. c) Produtos acabados: produtos já finalizados, já produzidos, mas ainda não vendido. Aproveitando o exemplo anterior da massa da pizza, aqui teremos a pizza finalizada, pronta para ser vendida, consumida. d) Materiais auxiliares e de manutenção: as peças de manutenção e de apoio possuem relevância equiparada às matérias-primas. Isso porque o custo de uma produção parada por falta de peça pode causar prejuízos e gerar impactos em várias esferas organizacionais. CURIOSIDADES Os diferentes tipos de estoque na construção de um caminhão de Lixo 1) Matéria-prima: Figura 5.1 – Matéria-prima: Bobinas de aço Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 http://induscon.com.br/produtos/bobinas-de-aco/ 47 2) Produtos em Processo: Figura 5.2 – Produto em processo: Chapa de aço sendo cortada Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 3) Produtos acabados: Figura 5.3 – Produto acabado: Caminhão pronto para venda Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 4) Materiais auxiliares e de manutenção: Figura 5.4 – Material auxiliar: Paralama Fonte: Imagem disponível em: Acesso: junho/2021 https://riosupercorte.com.br/ https://www.ciadocaminhao.com.br/ 48 QUESTÕES COMENTADAS 1) (CESPE- DOCAS PA – 2006) As organizações devem buscar maximizar seus investimentos em estoques para minimizarem o risco de desabastecimento de matérias- primas. Comentários: Esse tipo de questão pede para analisar se a afirmativa acima é verdadeira ou falsa. Fazendo uma releitura da questão seria: As organizações devem investir o máximo que puderem em estoques para reduzir o risco de desabastecimento de matérias-primas. A afirmativa está errada, pois a empresa pode gastar menos (mesmo respeitando padrões de qualidade) e ter um estoque eficiente e sem risco de faltas de matérias-primas. Resposta: item ERRADO. 2) (CESPE – TRT 16ª REGIÃO – 2005) Estoque é toda porção armazenada de mercadoria, ou seja, aquilo que é reservado para ser utilizado em tempo oportuno. Comentários: Trata-se de uma questão conceitual. Sim, tudo que está armazenado será usado em algum momento. Importante trazer a diferença entre armazenar e estocar. Armazenar está ligado ao espaço físico que irá guardar os materiais. Estudaremos sobre armazenagem ao longo do curso. Estoques se referem aos itens guardados. Resposta: Item CERTO. 5.2 Previsão de Estoques Neste tópico vamos aprender as principais técnicas para previsão dos estoques, são elas: método do último período, método da média móvel simples, e método da média móvel ponderada. 5.2.1 Método do Último Período Este método é o mais simples dos 3 (três) métodos que vamos estudar, não há nenhum embasamento matemático e prevê o período seguinte baseando-se no anterior. 49 Considerando a tabela acima, notamos que a previsão de consumo para o mês de Julho, ou seja, o próximo mês será de 55 unidades. Observe que através dessa técnica basta replicar o mesmo valor do mês anterior, neste caso, o mês anterior era Junho. 5.2.2 Método da Média Móvel Simples O método da média móvel é a continuação do método anterior, aqui a previsão do consumo para o próximo mês será obtida através da média simples dos valores dos " n " últimos períodos. Utilizaremos como exemplo a mesma tabela do tópico 2.2.1. Para facilitar o seu entendimento sobre o cálculo da média móvel simples vamos demonstrar o consumo para o mês de Julho. Para isso, considere neste caso "n" últimos períodos como sendo os 3 últimos meses: Abril, Maio e Junho. Na prática significa que você precisará dividir a soma dos valores desses meses por 3. A fórmula é a seguinte: Em que: MMS – média móvel simples Mês Unidades Janeiro 50 Fevereiro 60 Março 75 Abril 60 Maio 65 Junho 55 Mês Unidades Janeiro 50 Fevereiro 60 Março 75 Abril 60 Maio 65 Junho 55 MMS: C1 + C2 +C3 + ....Cn n 50 n – número de períodos C – valor no período n Sendo assim, a