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Disciplina: RESOLUÇÃO DE CONFLITOS E ARBITRAGEM 
Aluna: Daniele Peixoto Freitas 
Usuário: BRDEMDER2527591 
 
 
 
AULA PRÁTICA – ESTUDO DE CASO 
 
Desenvolvimento das questões 
A partir da justiça restaurativa e da compreensão de seu procedimento, de acordo com 
o caso apresentado: 
 
1 - Que valores devem ser reforçados nas vítimas? 
Inicialmente, cumpre estabelecer o conceito de vítima, de acordo com a Declaração dos 
Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e de Abuso de 
Poder, Resolução da Assembleia Geral 40/34 de 29 de novembro de 1985, art. 1º., 
“vítimas são as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido um prejuízo, 
nomeadamente um atentado à sua integridade física e um sofrimento de ordem moral, 
uma perda material, ou um grave atentado aos seus direitos fundamentais como 
consequência de atos ou omissões violadores das leis em vigor num Estado-membro, 
incluindo as que proíbem o abuso de poder”. 
 
A Declaração também inclui na definição de “vítima”, quando apropriado, “a família 
próxima ou as pessoas a cargo da vítima e as pessoas que tenham sofrido um prejuízo 
ao intervirem para prestar assistência às vítimas em situação de carência ou para 
impedir a vitimização”. 
 
No que confere aos interesses da vítima ou parte ofendida, essas demonstram mais 
desejo na indenização pelos danos causados, que na parte que o Estado pode impor; 
essa é a definição clássica de retribuição da vitima, mas, em uma concepção diferente, 
o que interessa a vitima é entender e obter explicações por parte do vitimário. Acima de 
tudo, às vezes, espera-se que o vitimário peça perdão a ela. 
 
Outrossim, no que confere a ressocialização, o sistema de justiça criminal deve 
compreender que a ressocialização também deve operar sobre a vítima, e isso decorre 
do respeito irrestrito que deve ser demonstrado pelos direitos humanos, a fim de 
conseguir uma verdadeira justiça no julgamento. 
 
Os objetivos dos programas de justiça restaurativa foram declarados de várias maneiras, 
mas referem-se essencialmente aos seguintes elementos-chave: Apoiar as vítimas, dar-
lhes voz, ouvir sua história, incentivá-las a exprimir suas necessidades e desejos, dar-
lhes respostas, permitir-lhes participar no processo de resolução e oferecer-lhes 
assistência. 
 
Na Justiça Restaurativa, os valores centrais a serem reforçados nas vítimas incluem 
além de empoderamento, segurança, respeito, responsabilidade e transformação, o 
perdão (aceito como valor axiológico cristão, tendo em vista o pedido sincero da pessoa 
condenada), resiliência, amor ao próximo, ineficiência na condenação carcerária como 
forma de ressocialização do indivíduo. 
 
Esses valores visam restaurar o equilíbrio emocional e a dignidade da vítima, além de 
promover sua participação ativa no processo de resolução do conflito. 
 
Para as vítimas diretas e difusas, o engajamento no processo de reparação dos danos 
causados, identificando suas necessidades para retomada segura do seguimento da 
vida pessoal e comunitária. Para todos, autor e vítimas, o alcance da compreensão do 
que lhe cabe como responsabilidade restauradora do prosseguimento seguro da vida e 
da convivência comunitária em bases seguras. 
 
2 - Que valores devem ser reforçados na pessoa condenada? 
Na justiça restaurativa, a pessoa condenada deve ter reforçados valores como 
responsabilidade, empatia, respeito, e o compromisso com a reparação dos danos 
causados, além da reintegração à sociedade, confiança, oportunidade, perdão e o 
pertencimento. 
Além disso, é crucial que se estimule a reflexão sobre os próprios atos e as 
consequências para as vítimas e a comunidade, buscando a conscientização e o 
aprendizado para evitar reincidências. O objetivo é a restauração do indivíduo e da 
relação com a vítima, promovendo a reconciliação e a reconstrução do tecido social. 
De acordo com os objetivos subjacentes da justiça restaurativa, os programas de 
assistência ao sentenciado visam desenvolver nelas capacidades que lhe permitam 
funcionar em uma comunidade legitima (Bardales, 2017). 
 
3 - Como a comunidade pode fortalecer a confiança em seus membros? 
A título de exemplo, em pesquisa realizada sobre o papel da comunidade na execução 
penal, compreendeu-se comunidade como um conjunto de indivíduos unidos por 
interesses comuns e sob as mesmas regras de convivência, o que abarca desde uma 
república de estudantes até moradores de um bairro, e assim se considerou que as 
instituições comunitárias (como organizações não governamentais) se caracterizavam 
como partes constitutivas da comunidade e representantes das necessidades 
geograficamente situadas, podendo ser elas mesmas consideradas como comunidade. 
Entende-se que a comunidade pode ser atingida pelo fato danoso e é capaz de 
participar ativamente da deliberação sobre a reparação. 
A comunidade pode fortalecer a confiança em seus membros por meio da justiça 
restaurativa ao promover a participação ativa e a responsabilização, o diálogo aberto, a 
compreensão mútua e a reparação de danos. A justiça restaurativa busca envolver todas 
as partes afetadas por um conflito, incluindo vítimas, ofensores e a comunidade, em um 
processo colaborativo para encontrar soluções que atendam às necessidades de todos 
e reconstruam os laços rompidos. 
A participação da comunidade na justiça restaurativa permite que seus membros se 
sintam mais envolvidos e responsáveis pela segurança e bem-estar do seu território, 
fortalecendo o senso de pertencimento e confiança. 
Ainda, importa registrar que o papel da comunidade também está adstrito a não 
estimagtização do condenado, oferecer oportunidades de emprego. Também, 
denunciando o comportamento do delinquente como inaceitável, mas afirmando seu 
compromisso com ele ao expressar o desejo ativo de reintegra-lo à sociedade, 
O resultado restaurativo é um acordo alcançado por meio de um processo restaurativo 
e pode incluir restituição, serviço comunitário ou qualquer outro meio de reparar a vítima 
e à comunidade pelo dano sofrido, bem como a reintegração da vítima e/ou do(a) 
ofensor(a). Assim, intui-se que a comunidade também pode ser beneficiária da 
reparação e também pode se responsabilizar ativamente pela ocorrência do conflito. 
 
4 - A implementação da justiça restaurativa trará benefícios para a comunidade? 
Sim, a implementação da justiça restaurativa pode trazer diversos benefícios para a 
comunidade. Essa abordagem visa a resolução de conflitos de forma mais humana e 
participativa, buscando a reparação dos danos causados às vítimas e a 
responsabilização dos ofensores, além de promover a reconciliação e o fortalecimento 
dos laços sociais. 
Por intermédio de um facilitador, a justiça restaurativa reúne vítima, ofensor e 
comunidade. Em contraposição à justiça criminal, a justiça restaurativa minoriza os 
impactos causados não apenas em relação aos condenados, como a vítima. 
Em longo prazo, a tendencia é que tal conscientização da danosidade do delito, aliada 
às ferramentas de inclusão do condenado, possam reduzir a violência. 
“De 80% a 90% dos que passam por um processo de jsutiça 
restaurativa – pela qual o criminoso se encontra com a vítima e busca 
reparar os danos que causou – não voltam à praticar delitos. Contudo, 
esse sistema só funcionará de verdade quando advogados e 
promotores mudarem suas posturas e passarem a ter em mente os 
impactos de seu trabalho na sociedade” (RODAS, 2015) 
A prestação aos serviços comunitários, por exemplo, se mostra bastante eficaz não 
apenas em relação à substituição da pena pelo condenado – em especial, réus primários 
– como na materialização do sentimento de pertencimento à comunidade por parte do 
condenado. A vitima por sua vez, tem a capacidade de superar traumas e ver a justiça 
sendo efetivamente feita. 
Segundo o professor Mark Umbrei, a Justiça Restaurativa reduz a reincidência criminal.As vítimas de crimes ficam muito mais satisfeitas do que aquelas que passam pelo 
procedimento normal da justiça criminal, pois elas sentem que o processo foi justo. 
Os ofensores, aqueles que cometeram os crimes, sentem-se satisfeitos com o processo. 
As vítimas são muito mais propensas a conseguir restituição e compensação pelo crime 
sofrido do que no procedimento normal, em que a Corte ordena determinada restituição 
que, na verdade, acaba não sendo efetivamente ofertada. Então, há muitos benefícios 
práticos que podem ser elencados. Mas em um sentido mais profundo, acredito que o 
maior benefício é recuperar a alma de nossas culturas, a bondade das pessoas. 
 
5 - O sistema de justiça poderia obter algum benefício? 
A Justiça Restaurativa (JR) traz benefícios significativos para o sistema de justiça, 
promovendo a resolução de conflitos de forma mais humanizada, com foco na reparação 
de danos e na prevenção da reincidência. Ao envolver a vítima, o ofensor e a 
comunidade, a JR oferece um espaço para diálogo e construção de soluções conjuntas, 
resultando em maior satisfação das partes e redução de custos para o sistema. 
 
6 - A justiça restaurativa fortaleceria o Estado? 
Sim, a justiça restaurativa pode fortalecer o Estado ao promover a pacificação social, 
reduzir a reincidência criminal e fortalecer a confiança nas instituições. Ao focar na 
reparação de danos e no diálogo entre vítima e ofensor, a justiça restaurativa contribui 
para a construção de uma sociedade mais justa e segura, alinhada com os princípios 
de direitos humanos e proteção integral. 
 
 
Bibliografia 
Resolução de Conflitos e Arbitragem – Apostila FUNIBER – Formação 
Universitária Iberoamericana. 
Manual sobre PROGRAMAS DE JUSTIÇA RESTAURATIVA – UNODC – United 
Nations Office on Drugs and Crime, Disponivel em: 
https://www.unodc.org/documents/justice-and-prison-
reform/Portugues_Handbook_on_Restorative_Justice_Programmes_-_Final.pdf , 
acesso em: 22 de abril de 2025. 
Pilares, Valores, Princípios da Justiça Restaurativa - Núcleo da Justiça 
Restaurativa - Poder Judiciário do Estado do Piauí Brasil – disponível em: 
https://www.tjpi.jus.br/portaltjpi/njr/pilares-valores-principios-da-justica-
restaurativa/ acesso em 31 de março de 2025. 
O PAPEL DA COMUNIDADE NA JUSTIÇA RESTAURATIVA E SEU POTENCIAL NA 
DEMOCRATIZAÇÃO DO PODER JUDICIÁRIO – disponível em: 
https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/15139/2/MARCIA_JAQUELINE_OLIVEIRA_SANTANA.p
df acesso em: 01 de abril de 2025. 
Justiça restaurativa contribui para pacificação da sociedade – disponível em: 
https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especial-cidadania/justica-restaurativa-
contribui-para-pacificacao-da-sociedade acesso em: 03 de abril de 2025. 
Justiça Restaurativa: um meio de vida para recuperarmos a nossa humanidade – 
disponível em: https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-
produtos/artigos-discursos-e-entrevistas/entrevistas/2019/justica-restaurativa-uma-
forma-de-recuperarmos-nossa-humanidade acesso em 07 de abril de 2025. 
https://www.unodc.org/documents/justice-and-prison-reform/Portugues_Handbook_on_Restorative_Justice_Programmes_-_Final.pdf
https://www.unodc.org/documents/justice-and-prison-reform/Portugues_Handbook_on_Restorative_Justice_Programmes_-_Final.pdf
https://www.tjpi.jus.br/portaltjpi/njr/pilares-valores-principios-da-justica-restaurativa/
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https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/15139/2/MARCIA_JAQUELINE_OLIVEIRA_SANTANA.pdf
https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/15139/2/MARCIA_JAQUELINE_OLIVEIRA_SANTANA.pdf
https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especial-cidadania/justica-restaurativa-contribui-para-pacificacao-da-sociedade
https://www12.senado.leg.br/noticias/especiais/especial-cidadania/justica-restaurativa-contribui-para-pacificacao-da-sociedade
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/artigos-discursos-e-entrevistas/entrevistas/2019/justica-restaurativa-uma-forma-de-recuperarmos-nossa-humanidade
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/artigos-discursos-e-entrevistas/entrevistas/2019/justica-restaurativa-uma-forma-de-recuperarmos-nossa-humanidade
https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/artigos-discursos-e-entrevistas/entrevistas/2019/justica-restaurativa-uma-forma-de-recuperarmos-nossa-humanidade
A justiça restaurativa como instrumento de fortalecimento da cultura de paz – 
disponível em: REVISTA BRASILEIRA DE POLITICAS PÚBLICAS - UNICEUB

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