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Criminologia Obra organizada pelo Instituto IOB – São Paulo: Editora IOB, 2014. ISBN 978-85-8079-028-3 Informamos que é de inteira responsabilidade do autor a emissão dos conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem a prévia autorização do Instituto IOB. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/1998 e punido pelo art. 184 do Código Penal. Tradição + Inovação Duas grandes instituições de ensino, o IOB Concursos e o Marcato, se juntaram no final de 2013 dando origem ao IOB Concursos Marcato. A tecnologia do IOB Concursos aliada à tradição e reconhecimento do Marcato resultaram numa metodologia simples e interativa. Presente em 100% do território nacional, conseguimos levar nossa tecnologia de ensino a todas as cidades, colaborando para a democratização do ensino no Brasil. As videoaulas e o material didático são as ferramentas de aprendizagem. 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A Moderna Criminologia Científica – Biologia Criminal, 20 3. A Moderna Criminologia Científica – Psicologia Criminal, 21 4. A Moderna Criminologia Científica – Sociologia Criminal, 22 Capítulo 5. Principais Teorias Macrossociológicas da Criminologia, 24 1. A Escola de Chicago – Principais Teorias Oriundas da Escola de Chicago – Teoria Ecológica – Teoria Espacial, 24 2. Associação Diferencial – Sociólogo Edwin Sutherland – Crime do Colarinho Branco – Teoria da Associação no Plano Jurídico Penal, 25 3. Teoria do Etiquetamento ou Labelling Approach – Principais Precursores e Metodologia – Teorias Críticas – Grupos da Teoria do Conflito, 26 4. Teoria das Janelas Quebradas – Base de Estudo – Repressão de Pequenos Delitos como Forma de Inibir Delitos mais Graves – Teoria da Tolerância Zero – Filosofia Jurídico-política, 27 5. Teorias Macrossociológicas – Anomia – Enfoques da Concepção de Pena Funcional, 28 6. Teoria Macrossociológica – Subcultural – Fatores que caracterizam a Subcultura Delinquencial e Formação de Grupos – Preceitos Fundamentais da Teoria da Subcultura, 29 7. Cifras da Criminalidade – Cifras Negras – Cifras Douradas – Cifras Cinzas – Cifras Amarelas – Filtros Propostos por Arno Pilgran, 30 8. Fenômeno do Bullying – Prática Reiterada de Atos Agressivos Verbais ou Físicos – Danos Psicológicos às Crianças e aos Adolescentes – Prática de Cyberbullying – Assédio Moral no Ambiente de Trabalho, 31 Gabarito, 34 Capítulo 1 O Que é Criminologia? 1. O Que é Criminologia? Criminologia é a ciência que estuda a criminalidade. Sem desejar transformar- -se em mera fonte de dados, a Criminologia, como ciência empírica, baseada na realidade, e interdisciplinar, ou seja, somando ensinamentos da sociologia, psicologia, medicina legal e o próprio direito, apresenta como objeto de estudo o crime, o criminoso, a vítima e o controle social. Importante ressaltar que a Criminologia analisa o crime de um modo diferente. O Direito Penal realiza uma abordagem legal e normativa, já que estabelece que crime é toda conduta prevista na lei penal e somente aquela a que a lei penal impõe sanção. A Segurança Pública, por sua vez, traz uma abordagem fática, estabelecendo que crime é a perturbação da ordem pública e da paz social, demandando a apli- cação de coerção em algum grau. A Sociologia traz uma abordagem social, pois diz que o delito é a conduta desviada, sendo os critérios de referência para aferir o desvio as expectativas so- ciais. Neste sentido, desviado será um comportamento concreto, na medida em que se afaste das expectativas sociais em um dado momento, enquanto contrarie os padrões e modelos da maioria. Por fim, para a Moderna Criminologia, o crime é um problema social e comu- nitário. Não se trata de mera responsabilidade do sistema de justiça, pois surge na comunidade, é um problema da comunidade. Trata-se da ciência que estuda os crimes e os criminosos, isto é, a criminalidade. Exercício 1. (Vunesp – 2014 – PC-SP – Escrivão de Polícia) São objetos de estudo da Cri- minologia moderna __________, o criminoso,_________e o controle social. Criminologia6 Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas do texto. a) A desigualdade social ... o Estado. b) A conduta ... o castigo. c) O direito ... a ressocialização. d) A sociedade ... o bem jurídico. e) O crime ... a vítima. 2. O Conceito de Criminologia Criminologia é a ciência que estuda o fenômeno e as causas da criminalidade, a personalidade do delinquente e sua conduta delituosa e a maneira de ressocializá-lo. Trata-se de uma ciência empírica e interdisciplinar que se ocupa do estudo do crime, da pessoa do infrator, da vítima, do controle social e do comportamento delitivo, buscando informações sobre a gênese, a dinâmica e as variáveis do cri- me, a fim de embasar programas de prevenção criminal e técnicas de intervenção positiva do homem delinquente. A Criminologia enxerga parte do crime como um problema (base conflitual + aspecto humano). Ainda, a Criminologia Moderna amplia o conceito de Criminologia na medida em que incorpora a questão das vítimas e do controle social. Ademais, acentua a orientação prevencionista do saber criminológico. Insta salientar que o saber criminológico exige do intérprete da lei um conhecimento amplo e abrangente das vertentes do crime, necessitando uma visão da crimina- lidade diferenciada daquela apresentada pelo Direito Penal. Cumpre reiterar que a Criminologia não concorre com o Direito Penal; são ciências distintas. Em 1879, o antropólogo francês Paul Topinard foi quem utilizou pela primeira vez o termo criminologia. No entanto, seu reconhecimento oficial se deu em 1885, quando o italiano Raffaele Garofalo o utilizou como título de uma obra – A Criminologia de Garofalo – e, junto a Cesare Lombroso e Enrico Ferri, foram os três grandes fundadores da Criminologia Científica. Exercício 2. (Vunesp – 2014 – PC-SP – Escrivão de Polícia) Conceitua-se a criminologia, por ser baseada na experiência e por ter mais de um objeto de estudo, como uma ciência: Criminologia 7 a) Abstrata e imensurável. b) Biológica e indefinida. c) Empírica e interdisciplinar. d) Exata e mensurável e) Humana e indefinida. 3. Funções da Criminologia Inicialmente, a função básica da Criminologia é informar a sociedade e os pode- res públicos sobre o delito, o delinquente, a vítima e o controle social, reunindo um núcleo de conhecimentos seguros que permita compreender cientificamente o problema criminal, preveni-lo e intervir com eficácia e de modo positivo no homem delinquente. Importante destacar que a Criminologia não é mera fonte de dados ou esta- tísticas, mas, sim, uma ciência preocupada com problemas e conflitos concretos, históricos. Demais disso, o papel da Criminologia é a luta contraa criminalidade, controle e prevenção do delito. Outro ponto a ser observado é que a Criminologia possui um tríplice alcance: 1. explicação científica do fenômeno criminal; 2. prevenção do delito; 3. intervenção no homem delinquente. Sabe-se que, hoje, infelizmente, existe uma ineficácia da prevenção penal, já que o infrator é estigmatizado e a suposta execução penal consolida o status do criminoso como um desviado. Neste sentido, há necessidade de intervenção de maior alcance, intervenções ambientais, melhoria nas condições de vida e reinserção dos ex-reclusos. Exercício 3. (Vunesp – 2013 – PC-SP – Perito Criminal) Assinale a alternativa correta, a respeito da Criminologia: a) Constitui seu objeto a análise apenas do delito e do delinquente, fican- do o estudo da vítima sob a alçada da psicologia social. b) São características fundamentais de seu método o dogmatismo e a intervencionalidade. Criminologia8 c) É uma técnica de investigação policial, que faz parte das Ciências Jurídicas. d) São suas finalidades a explicação e a prevenção do crime bem como a intervenção na pessoa do infrator e avaliação dos diferentes modelos de resposta ao crime. e) É uma ciência dogmática e normativista, que se ocupa do estudo do crime e da pena oriunda do comportamento delitivo. 4. Principais Características da Moderna Criminologia Destacam-se quatro principais características da moderna Criminologia: 1. amplia o âmbito tradicional da Criminologia, adicionando a vítima e o con- trole social aos seus objetivos; 2. parte da caracterização do crime como “problema” – face humana e do- lorosa do crime; 3. substitui o conceito “tratamento” por “intervenção”, deixando de lado a conotação clínica e individualista para uma noção mais dinâmica, complexa e pluridimensional, próxima da realidade criminal; 4. não renuncia, porém, a uma análise etiológica do delito – desviação primá- ria – no marco do ordenamento jurídico como referência. Insta salientar que hoje a opinião dominante é que a Criminologia, a Política Criminal e o Direito Penal são os três pilares do sistema das ciências criminais, inseparáveis e interdependentes. Exercício 4. (Delegado de Polícia – Polícia Civil – SP/2008) Uma das características mais destacadas da criminologia moderna é o estudo de sua evolução histórica nos últimos anos. Sobre esta evolução, assinale a alternativa INCORRETA: a) O saber criminológico moderno agrupa os conhecimentos interdiscipli- nares sobre o problema criminal. b) Diversos ramos do saber humano contribuem com a criminologia moder- na, tais como a sociologia, filosofia, direito penal, medicina, entre outros. c) A criminologia moderna tem como um dos maiores autores Cesare Lombroso, considerado o seu fundador. d) A criminologia moderna se ocupa somente do delito em si. e) A criminologia clássica fez do conceito do delito uma questão metodo- lógica prioritária. Capítulo 2 História do Pensamento Criminológico 1. A Fase Pré-científica Inicialmente, as fases da Criminologia são divididas em período pré-científico e período científico. O período pré-científico abrange desde a Antiguidade, em que se encontram alguns textos esparsos demonstrando preocupação com o crime e termina com o surgimento do trabalho de Beccaria e de Lombroso. Importante observar que, na etapa pré-científica, surgiram dois enfoques: a Criminologia Clássica e a Criminologia Empírica. Na fase Clássica, não havia muito estudo acerca da Criminologia, apenas textos esparsos. Exemplo: Código de Hamurabi – pobres e ricos com julgamentos distintos. No Século XVI, a obra de Thomas Motus (Utopia) relacionava a desorganiza- ção social e a pobreza com a delinquência. Dizia que o ouro era a causa de todos os males. Já, no Século XVIII, surgiu a frenologia (estudiosos das dimensões do crânio). Franz Joseph Gall e Johann Gaspar Spurzheim sustentavam ser possível determi- nar o caráter, características da personalidade, e grau de criminalidade pela forma da cabeça. A Escola Clássica apareceu no final do Século XVIII, tendo sido formada por um conjunto de ideias, teorias políticas, filosóficas e jurídicas sobre as principais questões penais. Para a Escola Clássica, a responsabilidade penal se fundamenta- va no livre-arbítrio. Destaca-se aqui a presença de Beccaria com a obra Dos Delitos e Das Penas, bem como Francesco Carrara e Giovanni Carmignani. O Século XIX trouxe a loucura moral ou “monomania homicida”. Jean-Étienne Dominique Esquirol e James Prichard viam o criminoso como um indivíduo com princípios morais deficientes, apresentando privação ou alteração das faculdades afetivas, emotivas e do senso moral. Criminologia10 Por fim, os médicos franceses Philippe Pinel e Félix Voisin defendiam a tese de que a criminalidade se manifestava em razão de uma deficiência no sistema nervoso central dos indivíduos. Exercício 5. (Delegado de Polícia – Polícia Civil – SP – 2008) A imagem do homem como ser racional, igual e livre, e a concepção utilitária do castigo, não desprovida de apoio ético, constituem pensamento da Escola: a) Moderna. b) Clássica e da Escola Moderna. c) Clássica. d) Lambrosiana. e) Positiva. 2. Cesare Lombroso e a Escola Positiva A Escola Positiva Italiana defendia que os indivíduos são fortemente condiciona- dos em sua maneira de agir por razões de sua forma externa e interna, vinculando a ideia de que o criminoso é um doente. Lombroso se baseou numa investigação indutiva, em que considerava o crime como um fato humano e social, traçando um perfil biológico de cada um deles, denominada perfil Lombrosiano. Os principais nomes dessa Escola Positiva foram: Rafael Garófalo, Enrico Ferri e Cesare Lombroso. As teses defendidas por Lombroso eram: que existia um criminoso nato, que o criminoso nato era antropologicamente diferente dos outros indivíduos, a epi- lepsia era fator predominante na origem da criminalidade, que o criminoso era resultado do atavismo (algo que é passado geneticamente) e a prostituição femi- nina equivalia à criminalidade masculina. A classificação de criminoso feita por Lombroso era: nato, louco, de ocasião e criminoso por paixão. Lombroso trouxe de importante em 1876 a obra O homem delinquente, onde criou a chamada bioantropologia criminal, que ganhou importância dos estudos para fins de estatística e comparação. Garófalo, outro estudioso da Escola Positiva, trazia a ideia de que o crime era sistema de anomalia moral ou psíquica do indivíduo, os criminosos possuíam carac- terísticas fisionômicas especiais, que os distinguiam dos demais indivíduos e que o delito era a lesão daqueles sentimentos mais profundamente radicados no espírito humano. Classificava o criminoso como: assassino, violento, ladrão e lascivo. Criminologia 11 Ferri trazia que o crime era o resultado da soma de vários fatores, como: an- tropológicos, físicos ou telúricos e sociais. Análise do criminoso, no clima e análise social. Exercício 6. (Polícia Civil – SP – 2008) Trata-se do autor da teoria do “delinquente nato”, formulada após a realização de centenas de autópsias em delinquentes mortos e milhares de exames em delinquentes presos: a) Pinel. b) Ferri. c) Lombroso. d) Garófalo. e) Bentham. 3. Escola Francesa de Lyon A Escola Francesa de Lyon defendia questões totalmente antagônicas em relação à Escola Positiva, pois era uma escola baseada em conceitos da medicina. Essa escola também denominada Escola Antropossocial ou Criminal-sociológi- ca, recebeu influência do químico Pasteur, o qual utilizava com frequência o símil do micróbio para explicar a transcendental importância do meio social na gênese da delinquência. A Escola de Lyon reconheceu que o homem delinquente apresentava mais anomaliascorporais e anímicas que o homem não delinquente, mas estimava que estas eram produto do meio social. A Escola de Lyon defendia posição contrária à de Lombroso, pois entendia que não eram anomalias que faziam o delinquente, mas, sim, a relação sempre dinâmica do sistema nervoso central do indivíduo e o meio social que se traduzia em imagens mais ou menos equilibradas do cérebro. Para os clássicos, não existia diferença qualitativa alguma entre o delinquente e o não delinquente. A Escola de Lyon criticava a Escola Positiva no sentido de que o criminoso não nascia criminoso, reconhecia um fundo patológico, mas essa predisposição era aliada ao fator determinante, que era social e não ao fator de nascença. Defendia que o que gerava o crime era o comportamento desse criminoso dentro do con- vívio do meio social, ou seja, os fatores predispostos mais os determinantes que eram decisivos para o agente praticar uma conduta criminosa. Criminologia12 Exercício 7. (Polícia Civil – SP – 2010) A Escola Positiva: a) Crê no determinismo e defende o tratamento do criminoso. b) Tem em Bentham um de seus percursores. c) Foi consolidada por Carrara. d) Baseia-se no método dogmático e dedutivo. e) Surgiu na etapa pré-científica da criminologia. 4. A Ciência Conjunta do Direito Penal A ciência conjunta do direito penal é a necessária interação entre o Direito Penal, a Política Criminal e a Criminologia. Com a interação desses três ramos, podemos chamar de modelo tripartido da ciência integrada, não havendo qualquer hierar- quia entre elas. A Criminologia analisa a realidade para dar base de sustentação para uma efetiva política criminal, a fim de que possa traçar metas, para que os nossos governantes tenham base para poder se estruturar. A Política Criminal parte das conclusões da Criminologia e exerce influência no sistema penal. A Criminologia dá à Política Criminal uma visão mais ampla da realidade. A dogmática jurídico-penal é rede de conceitos imutáveis, uma verdade que não se discute, é a própria lei penal, extrai conceitos e categoriais gerais para con- feccionar um sistema absorvendo e qualificando fatos para subsumir as normas. A Política Criminal é o estudo das medidas que poderiam ser tomadas para impedir ou diminuir no futuro o cometimento de novos delitos. Isso faz parte dos planos de governo. Diante dessa ciência conjunta do Direito Penal, é que surgiu a ideia da Etiolo- gia Criminal, que é a parte da Criminologia que estuda os mecanismos de natu- reza biológica, psicológica e social, por meio dos quais se projetam os comporta- mentos criminosos. É soma de fatores, onde se buscam conhecimentos sociais, psicológicos e os sintomas para identificar as causas do crime. Exercício 8. (Investigador de Polícia – Polícia Civil – SP – 2013) Entende-se por Etiologia Criminal a ciência que estuda e investiga: Criminologia 13 a) A criminalística, isto é, o processo de desenvolvimento do crime. b) A transmissão congênita de fatores psicológicos, propensos ao desen- volvimento da criminalidade. c) A criminogênese, que objetiva explicar quais são as causas do crime. d) O fenômeno do delito e as formas de prevenção secundária. e) A transmissão genética de fatores biológicos, propensos soa desenvol- vimento da criminalidade. Capítulo 3 O Objeto de Estudo da Moderna Criminologia 1. Crime Os objetos da Moderna Criminologia são: crime, criminosos, vítima e o controle social. O crime surge na sociedade e, por ser um problema social, exige concentração de estudos para ser compreendido. O crime tem incidência massiva na população, tem capacidade de causar dor e aflição, persistência no espaço temporal, falta de consenso social sobre as cau- sas e sobre técnicas eficazes de intervenção e a consciência social generalizada a respeito de sua negatividade. O crime migra de determinada região para outra, tendo essa característica que ser analisada e estudada. Não há ainda uma linguagem única e focada para o combate ao crime. Há uma política federal que age de determinada maneira em contraposição com a política estadual; não há, pois, consenso. Toda sociedade tem que entender que haverá crime e ela deverá conviver com isso. Para a Criminologia, crime é um fenômeno social, comunitário e que se de- monstra como um problema maior, exigindo assim dos estudiosos uma visão am- pla que permita aproximar-se dele e compreendê-lo em seus diversos enfoques. É um problema social, comunitário e exigirá uma interação biopsicossocial. Exercício 9. (Polícia Civil – SP – 2008) Assinale a alternativa que melhor relaciona os termos da criminologia moderna: Criminologia 15 a) Crime = fato isolado e individual. b) Crime = interação biopsicossocial. c) Crime = decisão livre do autor, incompatível com a existência de outros fatores. d) Crime = influência humanista iluminismo. e) Crime = fato e não o autor. 2. Delinquente Atualmente, na Criminologia Moderna, ao analisar o criminoso, o examina como unidade biopsicossocial e não mais como unidade biopsicopatológica. Para a escola clássica, o criminoso era um ser que pecou, que optou pelo mal, embora pudesse e devesse escolher o bem, enquanto que, para a Escola Positiva. o criminoso era um ser geneticamente determinado como criminoso, preso em sua deformação patológica (nascia criminoso). Já, para a Escola Correcionalista, o criminoso era visto como ser inferior e inca- paz de se governar por si próprio, merecendo do Estado uma atitude pedagógica e de piedade. Para a Escola Marxista, o criminoso era vítima inocente da sociedade, das es- truturas econômicas, ou seja, era fruto da sociedade capitalista, em que a pessoa não alcançava seus objetivos e, por isso, se tornava um criminoso. Atualmente, o delinquente tem as seguintes características: é o homem real do nosso tempo, que se submete às leis ou não pode cumpri-las por razões que nem sempre são compreendidas pela sociedade. Exercício 10. (Polícia Civil – SP – 2008) Atualmente, são unânimes certas afirmações ex- plicativas que visam justificar o comportamento criminoso. De acordo com a criminologia moderna, é correto afirmar que: a) O fenômeno criminoso é uma interação biopsicossocial e o homem está sujeito a esta interação, podendo responder com mais de um comportamento delituoso. b) O círculo negativo de amizades e a falta de escolaridade são a certeza para um comportamento delituoso. c) O convívio com condutas antissociais repetitivas, somado à ausência de afetividade paterna e materna, sempre leva a um comportamento criminoso. Criminologia16 d) O meio social desfavorecido economicamente, em especial aquele em que a traficância de drogas é uma constante, transforma obrigatoria- mente o indivíduo em um criminoso. e) Filho de mãe solteira e que nunca teve contato com o pai tem grande probabilidade de se tornar um delinquente. 3. Controle Social Seguindo no estudo dos objetos da Criminologia, veremos agora o chamado controle social. Controle social é o conjunto de instituições, estratégicas e sanções sociais que pre- tendem promover a submissão dos indivíduos aos modelos e normas comunitárias. Existem dois sistemas de controle social: a) formal: exercido pela polícia, Poder Judiciário, administração penitenciária, Ministério Público, Defensoria, etc.; e b) informal: estabelecido pela família, escola, igreja, emprego, dia a dia, ami- gos, etc. O controle social formal entra em ação toda vez que ocorre uma falha do con- trole social informal. Não existindo a atuação eficaz da família, escola, sociedade de um modo geral sobre seus integrantes, será acionada a polícia, o Ministério Público, ou seja, o Estado, para, em última instância, deixar sua característica subsidiária para atuar, impondo a leie fazendo-a cumprir. O controle social formal divide-se em 3 seleções: a) primeira: é a atuação dos órgãos de repressão jurídica, ou seja, o trabalho desenvolvido pelas polícias civil e federal, isto é, a polícia judiciária. É o início da persecução penal com a atividade investigativa, buscando apontar autoria mate- rialidade e circunstâncias do delito; b) segunda: é representada pela atuação do Ministério Público com o início da ação penal, com o oferecimento da denúncia; c) terceira: decorre da tramitação do processo judicial com a consequente con- denação do criminoso, depois do trânsito em julgado da sentença penal condena- tória. Nesta seleção, o Estado, de maneira absoluta sobre o indivíduo, impõe-lhe uma sanção penal. Exercício 11. (PC-SP – 2010) Para Garcia Pablos de Molina, é entendido como o conjunto de instituições estratégicas e sanções sociais que pretendem promover à submissão dos indivíduos aos modelos e normas comunitárias. Criminologia 17 a) Crimiogênese. b) Fatos condicionantes biológicos. c) Controle social. d) Fatos condicionantes sociológicos. e) Fatos condicionantes criminais. 4. Vítima O quarto objeto de estudo da criminologia é a vítima. Nos dois últimos séculos, o direito penal desprezou a vítima, colocando-a como uma simples peça na existência do delito. No estudo da vítima, encontra- mos 3 momentos importantes: – idade do ouro: ocorreu no início da civilização até a Idade Média, onde os conflitos regiam-se pela autotutela e pela Lei de Talião. A vítima, neste mo- mento, tinha todo o poder de buscar a sua justiça em suas próprias mãos; – neutralização do poder da vítima: surgiu com o processo inquisitivo e pela assunção do Poder Público no monopólio da jurisdição. O Estado puxava para si a atribuição jurisdicional; – revalorização da vítima (Escola Clássica): a vítima ganha destaque no pro- cesso penal, pois é entendida como um sujeito capaz de influir significati- vamente em sua estrutura dinâmica e prevenção. É o momento atual. Observa-se que o próprio Código de Processo Penal traz dispositivos que materializam o importante papel da vítima. Vide, por exemplo, o art. 201, em especial seus parágrafos, cuja redação foi dada pela Lei nº 11.690/2008 (comuni- cações à vítima dos andamentos do processo, espaço separado para a vítima em audiência, atendimento multidisciplinar, preservação da intimidade, vida privada, honra e imagem da vítima). Exercício 12. (Perito – PC-SP – 2013) Assinale a alternativa correta: a) No modelo clássico (tradicional) de Justiça Criminal, a vítima é enca- rada como mero objeto, pois dela se espera que cumpra seu papel de testemunha, com todos os inconvenientes e riscos que isso acarreta. b) A Vitimologia não possui relação com a Sociologia. c) A Vitimologia não estuda a vítima e suas relações com o infrator e com o sistema de persecução criminal. Criminologia18 d) A Vitimologia não possui relação com a Criminologia. e) No modelo clássico (tradicional) de Justiça Criminal, a vítima é enca- rada como sujeito passivo da relação jurídica, pois dela se espera que cumpra seu papel de ofendido, com todos os direitos e deveres que isso acarreta. Capítulo 4 O Método e a Moderna Criminologia Científica 1. Prevenção do Delito A prevenção do delito é um dos objetivos do Estado de Direito, pois, realizada com êxito, alcança-se a manutenção da paz social e da ordem pública. A prevenção do delito pode ser estudada por dois enfoques: sobre a aborda- gem da Criminologia Clássica e sobre a abordagem da Criminologia Moderna. a) Criminologia Clássica (preocupação principal e única: punir): – o crime como um enfrentamento da sociedade pelo criminoso, numa for- ma minimalista do problema; – pena como resultado do enfrentamento do Estado em face do infrator; – satisfação da pretensão punitiva do Estado como objetivo principal, senão o único; – ausência de preocupação com a reparação do dano, a ressocialização do infrator e a prevenção do delito; b) Criminologia Moderna (preocupação principal: ressocialização, reparação do dano e prevenção do delito): – o delito assume papel mais complexo, de acordo com a dinâmica de seus personagens, assim como pelos fatores de convergência social; – destaca o lado humano e o lado conflitivo do problema criminal; – o castigo não esgota as expectativas em torno do fato delituoso; – a pena como intervenção positiva no infrator; – os objetivos essenciais são a ressocialização do delinquente, reparação do dano e a prevenção do crime. Existem, atualmente, 3 tipos de prevenção: a) primária: ataca a raiz do problema; é o cuidado com a pessoa, para que não venha a cometer crime; Criminologia20 b) secundária: é a atuação da polícia; c) terciária: é a destinada à população carcerária, com o objetivo de evitar a reincidência. Exercício 13. (Perito – PC-SP – 2013) Do bem-estar social e da qualidade de vida das pes- soas de uma determinada comunidade são os elementos essenciais de um programa de prevenção: a) Terciária. b) Quinária. c) Secundária. d) Primária. e) Quaternária. 2. A Moderna Criminologia Científica – Biologia Criminal Parte das reflexões e das pesquisas sobre aquilo que hoje designamos de compor- tamentos desviantes, delinquentes ou criminosos, consoante as perspectivas teó- ricas, tem-se traduzido numa única e simples questão: por que motivo(s) alguns indivíduos parecem mais predispostos que outros ao cometimento de delitos? Num primeiro momento, os comportamentos delinquentes foram explicados pelos fatores externos aos homens, de alguma forma, inexplicáveis, remetidos a causas sobrenaturais subjacentes a todo tipo de evento e de comportamento. Os comportamentos delinquentes, suas causas e suas relações eram simplesmente atribuídos à ação de deuses ou outros poderes sobrenaturais. Num segundo momento, os comportamentos dos criminosos passaram a ser explicados por fatores internos, qualidades intrínsecas a alguns indivíduos, mes- mo que relativamente abstratas (maldade, imoralidade, egoísmo, desonestidade). Finalmente, num terceiro momento, já dominados por paradigmas científicos, o comportamento delinquente passou a ser explicado pelas características bioló- gicas, psicológicas ou sociais. Durante esses momentos, apenas um pressuposto se manteve inalterado: quem se envolve em delitos é necessariamente diferente, e esta diferença permi- te explicar e, eventualmente, prever e prevenir os comportamentos delinquentes. Criminologia 21 No campo da biologia, a diferença foi remetida para atavismos que se manifes- tavam quer em nível intelectual, quer em nível físico. Pensou-se que tais atavismos eram hereditários, de modo que a ideia era a de eliminá-los fisicamente. Ao conjunto de teorias elucidativas do fenômeno criminal no campo biológico, dá-se o nome de Criminologia Clínica. Tais teorias apresentam um equívoco co- mum: pretendem explicar isoladamente o complexo fenômeno da criminalidade. Exercício 14. (Polícia Civil – SP – 2010) A associação entre hereditariedade/delito e ano- malias cromossômicas/comportamento criminal inserem-se no modelo da: a) Biologia Criminal. b) Sociologia Criminal. c) Psicologia Criminal. d) Psiquiatria Criminal. e) Frenologia Criminal. 3. A Moderna Criminologia Científica – Psicologia Criminal Na Biologia Criminal, a análise era comparar o criminoso ao portador de uma anomalia, uma doença. Na Psicologia Criminal, temos a análise da personalidade do agente. Personalidade é a síntese de todos os elementos que concorrem para a con- formação mental de uma pessoa, de modo a conferir-lhe fisionomia própria. Na constituição da personalidade, interferem ou atuam múltiplas variáveis de ordem biopsíquica somadas às experiências de vida.O professor Odon Ramos Maranhão informa que a constituição é o conjunto da estrutura do organismo e do temperamento: tipo morfológico + tipo tempe- ramental + caráter conjunto de experiências vividas. As bases fundamentais da personalidade são: a) unidade e identidade; b) vitalidade; c) consciência; d) relações com o meio ambiente. É difícil estabelecer um critério de personalidade normal. O critério biopsicoló- gico apresenta 3 tipos somáticos: Criminologia22 – leptossômico; – pícnico; – atlético. Já a personalidade patológica apresenta as seguintes perturbações: – oligofrenias (não desenvolvimento da inteligência); – deterioração mental; – neuroses. As personalidades psicopáticas são determinadas por condutas anormais. Apresentam ausência de sentimento, tendência à impulsividade e agressividade, falta de motivação e intolerância à frustração. Gostam de demonstrar poder, são sádicos, não assumem o crime, são levados ao crime por motivos diversos. Os psicopatas não são tipos raros (estimativa: 40% da população). Agem em locais públicos, escolhem vítimas sozinhas; os ataques são em sua maioria noturnos ou durante fins de semana e abordam geralmente pedindo informação ou oferecendo algo atrativo. Exercício 15. (Investipol – SP – 2013) Um indivíduo que, ao abrir a porta de seu veículo automotor, a fim de sair do estacionamento de um shopping center, é sur- preendido por bandido armado que estava homiziado em local próximo, aguardando a primeira pessoa a quem pudesse roubar, é: a) Tão culpado quanto o criminoso. b) Vítima ideal. c) Mais culpado que o criminoso. d) Exclusivamente culpado. e) Vítima de culpabilidade menor. 4. A Moderna Criminologia Científica – Sociologia Criminal Desde os primórdios, a violência acompanha a conduta humana, fazendo parte da natureza do homem independentemente de este se encontrar em ambiente urbano ou rural. A violência é uma característica que emana da evolução do homem, da glo- balização, da exclusão e dos diversos níveis sociais. Nesse sentido, a Sociologia Criminal quer estudar a motivação da perpetuação do crime na sociedade. Criminologia 23 Deve-se deixar à margem aquela violência do campo, onde as contendas são resolvidas “na base do facão”, porquanto esta espécie de conduta não se reveste da degradação lato sensu do homem. O estudo da Criminologia abrange a compreensão dos fatores biológicos, psi- cológicos e sociais que conduzem o ser humano à prática criminosa. Quanto maior a comunidade, menor será o nível de interação entre os indi- víduos. Segundo a Escola de Chicago, a ausência de contato é que favorece o cometimento do delito. Alguns homens cometem crimes levados pela influência do meio em que vi- vem, a condição social abarca a sua condição econômica, entendendo-se como a renda insuficiente ou inexistente em razão da falta de oportunidade de trabalho. Na sociedade moderna, também é causa reflexa no índice de criminalidade a formação de caráter, levando-se em conta a estrutura familiar na qual o indivíduo foi criado. Outra causa a ser observada é a condição digna de moradia com habitação e infraestrutura adequada ao ser humano. Exercício 16. (2013 – Perito – SP) Assinale a alternativa correta: a) A teoria do controle postula que o crime ocorre como resultado de um equilíbrio entre os impulsos em direção à atividade criminosa e os con- troles éticos ou morais que a detém. Interessa-se principalmente pelas motivações que os indivíduos possuem para executar os crimes. b) A escola de Bufallo é o berço da moderna Sociologia americana. c) A moderna Sociologia Criminal contempla o fato delitivo invariavel- mente como fenômeno natural e pretende explicá-lo em função de um determinado marco jurídico. d) Teorias do conflito, tradição na sociologia criminal norte-americana, pressupõem a existência, na sociedade, de uma pluralidade de grupos e subgrupos que, eventualmente, apresentam discrepâncias em suas pautas valorativas. Capítulo 5 Principais Teorias Macrossociológicas da Criminologia 1. A Escola de Chicago – Principais Teorias Oriundas da Escola de Chicago – Teoria Ecológica – Teoria Espacial A Escola de Chicago é o berço da moderna sociologia americana, que teve seu início nas décadas de 20 e 30, à luz do Departamento de Sociologia da Universi- dade de Chicago. Esse processo se inicia a partir de estudos em Antropologia Urbana, ou seja, tem no meio urbano seu foco de análise principal, constatando a influência do meio ambiente na conduta delituosa e apresenta um paralelo entre o crescimento populacional das cidades e o consequente aumento da criminalidade. A teoria fornecida por essa Escola tem uma perspectiva transdisciplinar que discute múltiplos aspectos da vida humana e todos os relacionados com a vida da cidade, isto é, as pessoas eram contaminadas pelos ambientes sociais nos quais se encontravam inseridas. Esse contágio era fruto do contato com comportamentos criminosos, que os demais indivíduos passavam a assimilar com naturalidade. Segundo os defensores dessa teoria, a cidade produz a delinquência e existem áreas bastante definidas onde a criminalidade se concentra e outras com índices bem reduzidos. Pode-se afirmar que os estudos produzidos na Escola de Chicago têm como marca o seu empirismo e sua finalidade pragmática, isto é, totalmente baseada na análise da realidade. A solução apresentada para reduzir os efeitos da criminalidade é a ação pre- ventiva que, por sua vez, minimizaria a atuação repressiva do Estado. Criminologia 25 Dessa forma, as principais teorias criminológicas oriundas dessa Escola são: a Teoria Ecológica, a Teoria Espacial, a Teoria das Janelas Quebradas e a Teoria da Tolerância Zero. A Teoria Ecológica ou da Desorganização Social informa que a ordem social, a estabilidade e a integração contribuem para o controle social e a conformidade com as leis, enquanto a desordem e a má integração conduzem ao crime e à delinquência. Tal teoria propõe ainda que quanto menor a coesão e o sentimento de soli- dariedade entre o grupo, a comunidade ou a sociedade, maiores serão os índices de criminalidade. Criada na década de 40, a Teoria Espacial trata da reestruturação arquitetônica e urbanística das grandes cidades como medida preventiva da criminalidade. Essa teoria preza pela organização dos municípios como forma de conter a violência. 2. Associação Diferencial – Sociólogo Edwin Sutherland – Crime do Colarinho Branco – Teoria da Associação no Plano Jurídico Penal A Teoria da Associação Diferencial, também conhecida por Teoria da Aprendi- zagem Social ou Social Learning, surgiu no final de 1924 e foi difundida pelo sociólogo americano Edwin Sutherland com base no pensamento do sociólogo francês Gabriel Tarde. Segundo Sutherland, a associação diferencial é o processo de aprendizagem dos tipos de comportamento desviante, que requerem conhecimento especiali- zado e habilidade, bem como a inclinação de tirar proveito de oportunidade para usá-lo de maneira desviante. Para essa teoria, o criminoso aprende com outro criminoso, principalmente, crimes que exigem maior conhecimento do agente, pois mesmo a prática delituo- sa requer certa técnica, como os crimes do colarinho branco. No final dos anos 30, Sutherland apresentou a expressão white-collar crime, identificando os autores de crimes diferenciados que apresentavam pontos acen- tuados de dessemelhança com os criminosos denominados como comuns. A Teoria da Associação Diferencial tem como premissa que o crime não pode ser definido simplesmente como disfunção ou inadaptação das pessoas de classes menos favorecidas, pois isso não é de exclusividade destas. Seu postulado não se baseia apenas no perfil biológico do criminoso,mas, sim, dentro de uma perspectiva social. Logo, ninguém nasce criminoso, mas, sim, Criminologia26 a delinquência é o resultado de socialização inadequada. Não há herança biológi- ca e sim um processo de aprendizagem que conduz o homem à prática dos atos socialmente reprováveis. No plano jurídico penal, a Teoria da Associação Diferencial permite compreen- der o Direito Penal Econômico, com todas as suas especificidades, demonstrando com isso o modo como a empresa pode ser um centro de imputação. Assim, com o surgimento das Teorias Sociológicas da Criminalidade (ou Teo- rias Macrossociológicas da Criminalidade), houve uma repartição marcante das pesquisas criminológicas em dois grupos principais. 3. Teoria do Etiquetamento ou Labelling Approach – Principais Precursores e Metodologia – Teorias Críticas – Grupos da Teoria do Conflito A Teoria do Etiquetamento ou Teoria da Rotulação ou Labelling Approach surgiu no ano de 1960, nos Estados Unidos e também é conhecida por interacionismo simbólico ou reação social. Essa teoria tem raízes na obra de Émile Durkheim, que se referiu aos processos de construção da delinquência e à normalidade dela. Essa teoria integra o conjun- to relacionado às Teorias do Conflito. Os principais precursores da Teoria da Rotulação foram Erving Goffman, Ed- wim Lemert e Howard Becker, considerados como autores da Nova Escola de Chicago. Dessa forma, um fato só será considerado criminoso, a partir do momento em que adquire esse status por meio de uma norma criada de forma a selecionar certos comportamentos como desviantes, no interesse de um sistema social. Estes autores adotam a metodologia da observação direta e o trabalho de campo. Assim, as questões centrais relacionadas à prática criminosa não estão re- lacionadas ao crime; sua relação nasce pela maneira que o Estado age no campo preventivo, normativo e repressivo. A Teoria Crítica Abolicionista propõe a mudança do Direito Penal, apresentan- do como solução dos problemas o diálogo ao invés de aplicação de punições. Tal posição tem fundamento na solidariedade. Já, pela Teoria Criminalista Minimalista, o conceito de limitação do Direito Penal surge diante da ideia do Direito Penal Mínimo. Criminologia 27 Exercício 17. (2008 – Polícia Civil – SP) A vertente do pensamento criminológico cujo interesse e consequente objeto de investigação fixam-se nos processos de criminalização, em detrimento da pessoa do delinquente e do seu meio, reporta-se à teoria: a) Da contenção. b) Da aprendizagem social (social learning). c) Do etiquetamento (labelling approach). d) Do controle social. e) Da conformidade diferencial. 4. Teoria das Janelas Quebradas – Base de Estudo – Repressão de Pequenos Delitos como Forma de Inibir Delitos mais Graves – Teoria da Tolerância Zero – Filosofia Jurídico-política A Teoria das Janelas Quebradas tem sua origem nos Estados Unidos onde dois crimi- nalistas da Universidade de Harvard, James Wilson e George Kelling, apresentaram um estudo estabelecendo a relação de causalidade entre desordem e criminalidade. O estudo inédito publicado em março de 1982 propondo essa ideia está inti- mamente atrelado à Escola de Chicago. Esse estudo baseou-se num experimento realizado por Philip Zimbardo, um psicólogo da Universidade de Stanford, com um automóvel deixado num bairro de classe alta da Califórnia. Ocorre que, durante a primeira semana de teste, o carro não foi danificado. Porém, após o pesquisador quebrar uma das janelas, o carro foi completamente destroçado e roubado por grupos vândalos, em poucas horas. Conforme os defensores desta teoria, caso se quebre uma janela de um edifício e não haja imediato conserto, em pouco tempo todas serão quebradas. A Teoria da Tolerância Zero é uma filosofia jurídico-política, pautada em deci- sões desprovidas de discricionariedade por parte das autoridades policiais de uma organização. Assim, a atuação policial seguiria padrões predeterminados no que se refere à atribuição de punições, independentemente da culpa do infrator ou da situação peculiar em que se encontre, sendo essa atuação extremamente intransigente com delitos menores. Criminologia28 Exercício 18. (Polícia Civil – SP – 2010) O movimento Lei e Ordem e a teoria das Janelas Quebradas (broken windows) defendem que pequenas infrações, quando toleradas, podem levar à prática de delitos mais graves. O texto se refere à: a) Criminologia Radical. b) Defesa Social. c) Tolerância Zero. d) Escola Retribucionista. e) Lei de Saturação Criminal. 5. Teorias Macrossociológicas – Anomia – Enfoques da Concepção de Pena Funcional Uma das mais tradicionais explicações de cunho sociológico acerca da criminali- dade é a Teoria da Anomia, de Robert King Merton (1938). Segundo essa aborda- rem, a motivação para a delinquência decorria da impossibilidade de o indivíduo atingir metas desejadas por ele, como sucesso econômico ou status social. Assim, o fracasso no atingimento das aspirações ou metas culturais em ra- zão da impropriedade dos meios institucionalizados pode levar à anomia, isto é, a manifestações comportamentais em que as normas sociais são ignoradas ou contornadas. Quando não se alcança o objetivo desejado, surge o alcoólatra, o drogado, o mendigo, entre outros. A contribuição da Teoria da Anomia para com o direito penal está na concep- ção de pena funcional, que se apresenta mediante três enfoques: – como meio de intimidação individual, que se dirige ao delinquente ocasional; – como instrumento de reinserção social, voltada ao delinquente habitual corrigível; – como mecanismo de neutralização, dirigida ao delinquente incorrigível. Exercício 19. (Defensor – PR – 2012) Paulo, executivo do mercado financeiro, após um dia estressante de trabalho, foi demitido. O mundo desabara sobre sua cabeça. Pegou seu carro e o que mais queria era chegar em casa. Mas o horário era de rush e o trânsito estava caótico, ainda chovia. No interior de seu carro sentiu o trauma da demissão e só pensava nas dívidas que já estavam para vencer, quando fora acometido de uma sensação terrível: uma mistura de Criminologia 29 fracasso, com frustração, impotência, medo, etc. Neste instante, sem quê nem porque, apenas querendo chegar em casa, jogou seu carro para o acostamento, onde atropelou um ciclista que por ali trafegava, subiu no passeio onde atropelou um casal que ali se encontrava, andou por mais de 200 metros até bater num poste, desceu do carro meio tonto e não hesitou, agrediu um motoqueiro e subtraiu a motocicleta, evadindo-se em desaba- lada carreira, rumo à sua casa. Naquele dia, Paulo, um pacato cidadão, pa- gador de impostos, bom pai de família, representante da classe média alta daquela metrópole, transformou-se num criminoso perigoso, uma fera que ocupara as notícias dos principais telejornais. Diante do caso narrado, identifique dentre as Teorias abaixo, a que melhor analisa (estuda/explica) o caso: a) Escola de Chicago. b) Teoria da associação diferencial. c) Teoria da anomia. d) Teoria do labeling approach. e) Teoria crítica. 6. Teoria Macrossociológica – Subcultural – Fatores que caracterizam a Subcultura Delinquencial e Formação de Grupos – Preceitos Fundamentais da Teoria da Subcultura Teoria da Subcultura Delinquente foi desenvolvida por Albert K. Cohen, que teve como marco o lançamento de seu livro Deliquent boys, em 1955, onde explicou que todo agrupamento humano possui subculturas, oriundas de seu gueto, filo- sofia de vida, onde cada um se comporta de acordo com as regras do grupo, as quais não correspondem com a regra da cultura geral. Cohen afirmou que a subcultura delinquencial está caracterizada em três fatores: – não utilitarismo da ação: revela-se no fato de quemuitos crimes não pos- suem motivação racional; – malícia da conduta: é o simples prazer em prejudicar o outro; – negativismo da conduta: mostra-se como um polo oposto aos padrões da sociedade. Criminologia30 Essa teoria analisa a formação de grupos subculturais, que são alheios aos pa- drões impostos pela sociedade, bem como contestadores dos fins por ela propostos. Defende, ainda, a existência de uma subcultura da violência como um modo normal de resolver os conflitos sociais. Além disso, sustentam que algumas subculturas, em verdade, valorizam a vio- lência, assim como a sociedade dominante impõe sanções àqueles que deixam de cumprir as leis punindo com ostracismo, desdém ou indiferença dos indivíduos que não se adaptam aos padrões do grupo. Para a Teoria da Subcultura, o delinquente apresenta três preceitos funda- mentais: – caráter pluralista e atomizado da ordem social; – cobertura normativa da conduta desviada; – semelhança estrutural, em sua gênese, do comportamento regular. Exercício 20. (Polícia Civil – SP – 2008) O pensamento criminológico que professava, den- tre seus postulados, a “semelhança estrutural, em sua gênese, do compor- tamento regular e irregular” (Antonio Garcia-Pablos de Molina) reporta-se à(s) teoria(s): a) Da anomia. b) Subculturais. c) Ecológicas. d) Da desorganização social. e) Do controle social. 7. Cifras da Criminalidade – Cifras Negras – Cifras Douradas – Cifras Cinzas – Cifras Amarelas – Filtros Propostos por Arno Pilgran Cifra negra, também denominada por cifra ou zona escura, dark number ou ciffre noir, representa a diferença existente entre a criminalidade real e a criminalidade registrada pelos órgãos públicos. Cifra negra é o número de delitos que, por alguma razão, não são levados ao conhecimento das autoridades públicas, contribuindo para uma estatística distor- cida da realidade fenomênica. Criminologia 31 A cifra dourada, subtipo da cifra negra, está relacionada às infrações penais da elite, não reveladas ou apuradas pelo Estado. Por exemplo, os crimes de sonegação fiscal, falências fraudulentas, lavagem de dinheiro, crimes eleitorais e ambientais. A doutrina criminológica utiliza-se do termo cifra dourada para designar o índice de crimes praticados por criminosos diferenciados, ou seja, indivíduos das altas classes da sociedade que se valem de seus conhecimentos técnicos, da habi- lidade profissional e da influência pessoal ou política para consumarem intentos delituosos, que, via de regra, consistem exclusivamente em violações ao sistema financeiro, econômico e fiscal. Cifra cinza consiste nas ocorrências políticas registradas nos órgãos públicos competentes, mas que encontram nas próprias delegacias de polícia a solução do conflito. Por exemplo: o não oferecimento de representação nos crimes de ação penal pública condicionada à representação. A cifra amarela consiste no número de ocorrências praticadas contra violên- cias policiais contra indivíduos da sociedade que, por temor de represália pelas instituições integrantes da segurança pública, deixa de denunciar os agressores aos órgãos públicos de fiscalização como ouvidorias e corregedorias. Exercício 21. (Polícia Civil – SP – 2010) O termo cifra dourada é indicativo: a) Dos crimes praticados por membros da realeza. b) Da violência doméstica ocorrida nas classes altas e não relatadas à polícia. c) Dos crimes esclarecidos mediante a oferta de uma recompensa. d) Do número de jovens de alto poder aquisitivo envolvidos com o narco- tráfico. e) Dos crimes denominados de “colarinho branco”. 8. Fenômeno do Bullying O termo significa bullying ameaçar. Representa o desejo consciente e intencional de maltratar uma pessoa ou colocá-la sob tensão. Também é usado pela literatura psicológica anglo-saxônica ao tratar dos comportamentos agressivos e antisso- ciais no âmbito dos estudos da violência escolar. Mas observe que o fenômeno bullying ocorre não só no ambiente escolar, mas sim com uma abrangência mais ampla, por ser algo agressivo e negativo exe- cutado quando há um desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas, podendo Criminologia32 o comportamento ser gerado em vários outros ambientes além da escola, como no trabalho ou até mesmo entre vizinhos. De acordo com a regulamentação da Lei 13.185/2015, bullying é a prática reiterada de atos agressivos verbais ou físicos por um ou mais indivíduos contra um ou mais sujeitos, isto é, concentra-se na combinação entre intimidação e humilhação de pessoas geralmente mais acomodadas, passivas ou que não pos- suem condições de exercer poder sobre alguém ou sobre um grupo (art. 1º, § 1º). Esta lei foi criada justamente para combater a prática do bullying, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática em todo o território nacional. Uma das características do bullying é o desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas. O art. 2º traz a caracterização do bullying: Art. 2º Caracteriza-se a intimidação sistemática (bullying) quando há violên- cia física ou psicológica em atos de intimidação, humilhação ou discriminação e, ainda: I - ataques físicos; II - insultos pessoais; III - comentários sistemáticos e apelidos pejorativos; IV - ameaças por quaisquer meios; V - grafites depreciativos; VI - expressões preconceituosas; VII - isolamento social consciente e premeditado; VIII - pilhérias. Cyberbullying é a prática de bullying por meios eletrônicos e virtuais, isto é, intimidação sistemática na rede mundial de computadores quando se usarem os instrumentos que lhe são próprios para depreciar, incitar a violência, adulterar fotos e dados pessoais com o intuito de criar meios de constrangimento psicos- social. No art. 3º da Lei, temos a classificação do bullying, conforme as ações pratica- das, e no art. 4º os objetivos do Programa de Combate à Intimidação Sistemática. Exercício 22. (MP/MG) Marque a alternativa INCORRETA: a) A prática do bullying configura-se em uma atividade saudável ao de- senvolvimento da sociedade, pois que investe no bom relacionamento entre as pessoas. Criminologia 33 b) As principais áreas do estudo do criminólogo são: o delito, o delin- quente, a vítima e o controle social. c) A teoria do etiquetamento diz respeito aos processos de criação dos desvios. d) A criminologia da reação social procura expor de forma clara e precisa que o sistema penal existente nada mais é do que uma maneira de dominação social. e) A cifra negra pode ser concebida, resumidamente, no fato de que nem todos os crimes praticados chegam ao conhecimento oficial do Estado. Anotações Criminologia34 Gabarito 1. Letra E. 2. Letra C. 3. Letra D. 4. Letra D. 5. Letra C. 6. Letra C. 7. Letra A. 8. Letra C. 9. Letra B. 10. Letra A. 11. Letra C. 12. Letra A. 13. Letra D. 14. Letra A. 15. Letra B. 16. Letra D. 17. Letra C. 18. Letra C. 19. Letra C. 20. Letra B. 21. Letra E. 22. Letra A.