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Intensivo Delegado de Polícia Civil Noturno - Área Judiciária CARREIRAS JURÍDICAS Damásio Educacional MATERIAL DE APOIO Disciplina: Constitucional Professor: Flavio Martins Aulas: 11 a 12 | Data: 18/05/2015 1.1. ANOTAÇÃO DE AULA SUMÁRIO DIREITOS E GARANTIAS EM ESPÉCIE 1. Direito À vida 2. Igualdade 3. CF, art. 5º, II - Princípio da legalidade. 4. CF, art. 5º, III – vedação à tortura e ao tratamento desumano ou degradante. 5. CF, art. 5º, IV – liberdade de manifestação do pensamento. 6. CF, art. 5º, V – consequências do abuso da liberdade de manifestação do pensamento. 7. CF, art. 5º, VI – liberdade de consciência e crença. DIREITOS E GARANTIAS EM ESPÉCIE 1. Direito À vida Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: O direito à vida tem vários significados: Direito de continuar vivo, de não ser morto (aspecto negativo, o Estado não pode nos matar) Direito a uma vida digna (aspecto positivo, o Estado tem que nos proporcionar) Início da tutela: A CF/88 não prevê o momento inicial em que o direito à vida passa a ser tutelado, protegido; mas o “Pacto de San Jose da Costa Rica” prevê que a vida deve ser tutelada desde a concepção. Como sabemos, tal pacto está acima das leis, é norma supra legal, mas está abaixo da CF/88. E a Lei brasileira protege a vida intrauterina: O aborto, em regra, é crime segundo o CP. A Lei dos Alimentos Gravídicos determina que os alimentos são devidos pelo suposto pai desde a gravides, não se espera a criança nascer e se pagam já na gravidez à mãe. Página 2 de 5 O direito à vida não é um direito absoluto. Uma das características dos direitos fundamentais é a relatividade, nenhum deles é absoluto.: a) Aborto legal: existem no Brasil algumas hipóteses, CP 128, por exemplo, quando a gravidez decorre de estupro. b) Pena de morte em caso de guerra declarada: no art. 5º, inciso XLVII, CF. c) “Lei do abate”: art. 303 do Código Brasileiro de Aeronáutica – permite a destruição de aeronaves hostis que invadam o espaço aéreo brasileiro e não respeitem a ordem de pouso da torre de comando, matando os ocupantes (ver no YouTube “lei do abate”, reportagem da TV bandeirantes em que aeronave trazendo drogas da Bolívia quase foi abatida, mas pousou antes). d) Feto anencéfalo: o STF é possível interrupção da gravidez do feto anencéfalo. O STF não usou a expressão “aborto do anencéfalo”, mas sim “interrupção”, pois aborto é por fim à vida intrauterina, e segundo o STF não é o que acontece no caso do feto anencéfalo: se o feto não tem cérebro não tem vida, portanto não é aborto, é interrupção da gravidez, pois ali não havia vida. Os argumentos, portanto, foram ausência de vida e a dignidade da pessoa humana da gestante. Pois a gestante não é obrigada a interromper a gestação, o martírio é voluntário, mesmo sabendo que o filho será natimorto ou morrerá instantes após o parto. e) Eutanásia: do grego, “boa morte”, é matar alguém para aliviar seu sofrimento. A consequência jurídica é homicídio privilegiado, art. 121 § 1º CP. Abreviar a vida de quem sofre, agoniza, seria o argumento de “relevante valor moral”. f) Ortotanásia: NÃO CONFUNDIR COM EUTANÁSIA! É a eutanásia por omissão. Exemplo: desligar os aparelhos que mantêm artificialmente a vida. A pessoa à beira da morte e sem chance de cura que decide passar seus últimos dias em casa têm o direito de morrer com dignidade, pois isso faz parte do direito à vida: passar seus últimos instantes do lado dos entes queridos. A ortotanásia é possível desde que respeitados os regramentos que a disciplinam. O Conselho Federal de Medicina diz numa portaria como o médico deve realizar a ortotanásia. É considerada constitucional. g) Suicídio: não é crime no Brasil. Apenas a participação em suicídio alheio é crime, art. 122 CP. h) Embriões congelados: segundo o STF não são titulares de direitos fundamentais. 2. Igualdade Igualdade formal: consiste em dar a todos o mesmo tratamento. Igualdade material: consiste em dar aos desiguais um tratamento desigual na medida da sua desigualdade. Exemplos: a) Vagas reservadas (5% a 20%) a pessoas com deficiência em concursos públicos: (art. 37, VII, CF). Segundo o STF, não é possível suprimir essas vagas no edital do concurso público. Durante o certame, verificar-se-á se essa deficiência é compatível ou não com a função. b) Idade máxima em concursos públicos: limitações de idade, altura ou quaisquer outras somente serão possíveis se houver vinculação com a função a ser exercida. Exemplo: um policial tem que correr bem para perseguir suspeitos e com idade avançada é difícil. Ou pilotos de avião devem ter altura mínima. A Polícia Federal não impõe limites, mas realiza exame físico muito rigoroso para selecionar. c) Imunidade parlamentar: art. 53, CF, tratamento diferenciado dado a parlamentares, não serão responsabilizados penal ou civilmente por suas palavras e atos. Não é um privilégio, mas sim uma prerrogativa: privilégio é algo que pertence à pessoa, mas prerrogativa pertence à função exercida. NÃO É FORO PRIVILEGIADO, É FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO! Página 3 de 5 Ações afirmativas: do inglês, affirmative actions, são políticas públicas destinadas a dar a certos grupos historicamente desprestigiados um tratamento diferenciado. Exemplo: sistema de quotas em universidades públicas e em concursos públicos. O STF decidiu que é constitucional ao examinar o vestibular da UNB que possuía vagas reservadas para afro-brasileiros, e por meio de ADPF decidiu-se que o sistema de quotas é constitucional, sendo um exemplo de igualdade material. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão. E logo após não fez nada pelos escravos. Estes ficaram marginalizados. A seguir o Estado brasileiro estimulou a migração de europeus, aumentando a marginalização. No ano passado entrou em vigor a Lei Federal 12.990/2.014 determinando que todos os concursos da administração federal deve reservar 20% das vagas para “negros”. CF, art. 5º, I - Igualdade entre homem e mulher: é uma igualdade material, pois se faz diferenças entre ambos: 1. Tempo para aposentadoria: pela CF, 30 anos de contribuição para mulheres, 35 para homens. 2. Serviço militar obrigatório: pela CF, em tempo de paz, mulheres e eclesiásticos estão dispensados do serviço militar obrigatório. 3. Lei Maria da Penha 11.340/2.006: violência (física/sexual/moral/patrimonial/psicológica) doméstica ou familiar apenas contra mulher. Exclui o JECRIM (Lei 9.099/1.995). O STF decidiu que é constitucional. 4. Lei do feminicídio: é uma nova qualificadora no crime de homicídio apenas na morte de mulher. É constitucional. 3. art. 5º, II - Princípio da legalidade Art. 5º, II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei. É lei no sentido amplo, ou seja, atinge qualquer ato normativo do poder público: lei, medida provisória do presidente, decreto, etc. Exemplo: no governo FHC a medida provisória do apagão obrigou as pessoas a economizarem 20% de energia elétrica. Existe uma legalidade para o Estado e outra para as pessoas: Legalidade para o Estado: O Estado deve fazer o que a lei determina. Exemplo: licitações devem ser feitas dentro das regras da lei a não ser nas hipóteses em que a lei dispense. Legalidade para as pessoas: as pessoas podem fazer o que a lei não proíbe. 4. CF, art. 5º, III – vedação à tortura e ao tratamento desumano ou degradante. Tortura é crime equiparado a hediondo: (CUIDADO, NÃOÉ HEDIONDO, É EQUIPARADO A HEDIONDO) previsto na Lei 9.455/1.997. Portanto pela CF não há anistia, graça, fiança para tortura. Tortura é crime prescritível: segundo a CF, pois só existem dois crimes imprescritíveis pela CF: racismo e grupo armado contra estado. Tratamento degradante: súmula vinculante nº 11, fala que o uso das algemas é excepcional: por exemplo, se a pessoa não apresenta nenhum risco não se usa, mas pode ser usada em: 1. Risco de fuga 2. Resistência 3. Risco à integridade física do preso ou de terceiros Página 4 de 5 Uso inadequado das algemas: se algemou quando não devia as consequências ao policial são: 1. Responsabilidade penal, civil e disciplinar do agente; 2. Responsabilidade civil do Estado: 3. Nulidade da prisão ou ato processual a que se refere. 5. CF, art. 5º, IV – liberdade de manifestação do pensamento Não é um direito absoluto. Abusos poderão ser responsabilizados penal e civilmente. Exemplos: injúria, calúnia, difamação, incitação ao crime, etc. Vedação ao anonimato: se fosse permitido às pessoas o usariam para ofender impunemente. Mas existe uma exceção: a “denúncia anônima” (o correto seria “notitia criminis anonima”); os tribunais superiores admitem, com cautela, o uso da “denúncia anônima”. Segundo o STF não pode a ação penal ser iniciada somente com base em denúncia anônima, pois esta não é prova e o promotor não pode denunciar ninguém com ela. Mas pode começar como “estopim” da investigação, pelo delegado, por exemplo. Segundo o STJ, não pode ser decretada interceptação telefônica com base em denúncia anônima. 6. CF, art. 5º, V – consequências do abuso da liberdade de manifestação do pensamento. 1. Indenização por dano material ou moral 2. Direito de resposta proporcional ao agravo: no mesmo local, com o mesmo espaço e no mesmo tempo em que houve a ofensa, a pessoa ofendida poderá se defender. 7. CF, art. 5º, VI – liberdade de consciência e crença. É a liberdade de professar qualquer religião dentro de certos limites. Aspecto positivo: É a liberdade de professar qualquer religião dentro de certos limites. Qualquer direito tem limites. Exemplo: são proibidos sacrifícios humanos. Aspecto negativo: qualquer um tem direito de não ter religião. O Brasil é um Estado laico (leigo): não tem religião, Mas na primeira CF/1/824 previu como religião oficial a Católica Apostólica Romana. O preâmbulo da CF fala “deus”: o que não fere a laicidade do Estado Laico Brasileiro, pois o STF entende que o preâmbulo não é norma constitucional. Crucifixos em repartições públicas: prevalece o entendimento de que não ferem a laicidade do Estado Brasileiro. Feriados cristãos: não ferem a laicidade do Estado Brasileiro. Questões Considerando o disposto expressamente no Pacto Internacional de San José da Costa Rica (Convenção Americana de Direitos Humanos de 1969), a respeito do direito à vida e do direito à integridade pessoal, é correto afirmar que: (A) os processados devem ficar separados dos condenados, salvo em circunstâncias excepcionais, e devem ser submetidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas não condenadas. (B) toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida, e o direito de ser protegido pela lei, em geral, desde o momento do seu nascimento. (C) todos os países estão proibidos de adotar a pena de morte e aqueles que já a adotem devem aboli-la de imediato. Página 5 de 5 (D) é vedada pelos Estados a adoção da pena de prisão perpétua, exceto para casos de crimes hediondos. (E) a pena de trabalhos forçados será vedada unicamente para menores de vinte e um anos e a maiores de setenta anos. Respostas: A A prevalência dos direitos humanos constitui um dos: a) princípios que regem a República Federativa do Brasil nas suas relações internacionais. b) objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. c) objetivos derivados da República Federativa do Brasil. d) objetivos fundamentais da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos municípios. Resposta: A
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