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Introdução e histórico da saúde do trabalho: -A saúde é um objetivo de todos nós seres humanos desde os primórdios da civilização. -Para atender à demanda em produção de saúde, ações de promoção, prevenção e recuperação precisam estar alinhadas a conhecimentos técnico-científicos, tecnologia e formação de profissionais. Saúde Ocupacional: -Revolução industrial: Péssimas condições de trabalho, não era considerado o esgotamento físico, mental, tempo de descanso ou alimentação. -Trabalho: Um meio das pessoas se desenvolverem, desenvolvendo a sociedade, realizando seus desejos. -Para organizar o trabalho, ou uma tarefa, é importante considerar: · As etapas que o trabalhador executará. · As legislações pertinentes. · A capacidade de cada trabalhador. · O ambiente e a remuneração que será oferecida. -O trabalho não pode provocar adoecimento! -A saúde é necessária para trabalhar e o trabalho é fonte de saúde e realização pessoal. -Surgimento da Medicina do trabalho: Inglaterra, século XIX, trabalhar para ter o rendimento máximo, apenas pensando na fabrica e não nos trabalhadores, trouxeram consequências horríveis para os trabalhadores. Pensando em como resolver isso Robert Dernham, proprietário de uma fábrica têxtil, junto do Dr Robert Baker, fizeram uma vistoria na fábrica do proprietário, e concluiu a importância de um medico presente dentro da fábrica, para inspecionar e prevenir qualquer alteração na saúde dos trabalhadores. E mais: esse médico deveria assumir total responsabilidade pelos agravos à saúde que ocorriam no local de trabalho. As finalidades iniciais desse serviço seriam: · Serviços dirigidos por pessoas de inteira confiança do empresário, e que se dispusessem a defendê-lo. · Serviços contratados na figura do médico. · Prevenção como tarefa eminentemente do médico. · Responsabilidade pelos problemas de saúde transferida para o médico. - O serviço de Medicina do Trabalho se espalhou e foi sendo desenvolvido em paralelo com o avanço do processo de industrialização. Organização da Medicina do Trabalho e Saúde Ocupacional -Organização Internacional do Trabalho (OIT) objetivo principal promover a justiça social. Possui uma estrutura tripartite e sua função é formular e aplicar as normas internacionais do trabalho. -Preocupado com o índice elevado de adoecimentos e acidentes de trabalho, a OIT busca criar diretrizes que darão origem à Medicina do Trabalho, em 1954, na Conferência Internacional do Trabalho. -Por meio da Recomendação 112, surge a definição “Serviço de Medicina do Trabalho”, que seria um serviço organizado nos locais de trabalho (ou próximo), realizado somente por médicos, com objetivos de cuidar da saúde dos trabalhadores por meio da redução de riscos físicos e mentais, cuidar da integralidade da saúde e do seu bem-estar. -A Recomendação 112 tinha como objetivos: · Assegurar a proteção dos trabalhadores contra todo risco. · Contribuir com a adaptação física e mental dos trabalhadores. · Contribuir com o estabelecimento e manutenção do nível mais elevado possível do bem-estar físico e mental dos trabalhadores. -Por mais que a Medicina do trabalho tenha surgido, posta em pratica, ela não conseguiu atingir seus objetivos, e isso ocorreu devido ao processo de industrialização acelerado, à economia avançando com a guerra e à quantidade de doentes e perdas no pós-guerra. -O caos foi instalado. Houve uma expectativa de promover a “adaptação” do trabalhador ao trabalho, assim como manter sua saúde em dia. Isso refletia a influência que ainda prevalecia do pensamento mecanicista da medicina científica da época. -“O corpo médico é a seção de minha fábrica que dá mais lucro” – Henry Ford · O corpo médico de uma fábrica ou empresa pode selecionar mão-de-obra que pode dar “menos problemas futuros”. · A equipe de saúde controla melhor o absenteísmo dentro da empresa, e facilita um retorno mais rápido dos funcionários após um afastamento. -Em resposta a essa situação, criou-se a “Saúde Ocupacional”, com a proposta de investir na higiene e segurança do trabalho, na intervenção nos postos de trabalho, com foco no trabalho em equipe multi e interdisciplinar. -A Saúde Ocupacional tem como caraterística ser um serviço que busca a promoção e preservação da integridade física do trabalhador, por meio do reconhecimento dos riscos ambientais. -Falar da saúde dos trabalhadores significa dizer que o objetivo é promover a saúde, proteger e recuperar o trabalhador por meio de ações que detectem e reduzam os riscos presentes nos ambientes e nas condições de trabalho, que minimizem problemas da saúde do trabalhador e que organizem e prestem assistência aos trabalhadores de forma integral, possibilitando qualidade de vida no trabalho e no dia a dia. -E com a construção dos sindicatos, junto com a busca por indenizações, as empresas passam a investir cada vez mais na promoção e prevenção da saúde para diminuir as doenças ocupacionais que ocorrem por fatores sociais, econômicos e riscos ambientais. -Falhas da saúde ocupacional: · A saúde ocupacional manteve o referencial da Medicina do Trabalho, ou seja, o mecanicismo. · A área não concretizou o apelo à interdisciplinaridade. · O alto ritmo de transformação dos processos de trabalho não foi acompanhado por um avanço na capacitação de recursos humanos e produção de conhecimento e tecnologia. · Continuou-se a tratar os trabalhadores como “objetos” das ações de promoção à saúde. Avanços na saúde e no trabalho. -O cuidado com a saúde no século XX era concentrado no controle da doença. -Não havia competências na saúde que permitissem a prevenção das doenças e a cura. -O controle na morte da população e a preservação da vida passam ser necessários para a produção nas empresas e nas guerras, papel este que será realizado pela Saúde Ocupacional. -Brasil: Demorou para acontecer essa evolução já que o trabalho escravo predominou por 400 anos. Quando as pessoas escravizadas adoeciam eram jogadas no mar, descartadas e executadas. Muitas pessoas morriam por conta da violência imposta pelos castigos, dos donos de escravos. Na tentativa de não passarem por essa situação, muitos buscavam tratar da sua saúde utilizando a medicina tradicional africana. -Entramos tardiamente na industrialização, e as precárias condições de trabalho já prevaleciam, como o trabalho infantil, jornadas abusivas e condições degradantes de trabalho das mulheres. -Já no século XX, em movimentos sociais buscam por melhorias, surge a legislação trabalhista. Com o surgimento dessa lei, a comunicação do acidente de trabalho passa a ser responsabilidade do patrão, e não mais do trabalhador. -Algumas doenças endêmicas avançavam no Rio de Janeiro e em Santos e, para fugir delas, os navios não atracavam nessas cidades, o que gerou um intenso prejuízo econômico. - Para conter essas doenças infectocontagiosas, houve o movimento de vacinação da população que ficou conhecido como “A Revolta das Vacinas”. -Era a resposta da população à iniciativa de obrigatoriedade da vacina com intervenção até de força policial adotada pelo médico sanitarista Oswaldo Cruz no tratamento aos habitantes da cidade do Rio de Janeiro. -A aposentadoria dos trabalhadores avança em um novo cenário e há uma reorganização com a criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs), que prometiam garantir as aposentadorias e prestar assistência aos trabalhadores doentes e/ou incapazes, em nível nacional e a diversas categorias profissionais. A proposta é implementada, mas passou a enfrentar dificuldades por ter seus recursos aplicados em outros setores da economia, inclusive nas indústrias que surgiam. -Na era de Getúlio Vargas, o Brasil passou a ter grandes mudanças nas relações de trabalho. A Constituição de 1934 proporcionou aos trabalhadores novos direitos, como o salário mínimo, férias remuneradas, jornada de oito horas, proibição do trabalho infantil, dentre outros benefícios. -Em 1943, Vargas publica as Leis do Trabalho, a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), com a intenção de normatizar e unificar de forma coerente osdireitos dos trabalhadores visando à maior proteção dos trabalhadores. Nessa época, o Estado passou a ser um importante mediador nas relações laborais e questões como saúde, higiene, Segurança do Trabalho e penalidades já perpassavam esse documento. -As primeiras grandes alterações na CLT ocorreram em 1967 pelo Decreto-Lei 229, quando surge a Medicina do Trabalho. As alterações continuaram durante o regime militar, quando ocorreram vários avanços na CLT referentes à saúde. -Durante o golpe militar, os governantes se concentraram na segurança e no desenvolvimento econômico e, mais uma vez, a saúde sofreu várias reduções de financiamento. -Com isso, várias doenças infectocontagiosas aumentaram sua incidência. Com a proposta de melhorar a saúde para a população, o Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) unifica todos os órgãos previdenciários que vinham funcionando desde 1930. -O Brasil, em 1969, torna-se o campeão em acidentes de trabalho. -As diretrizes para um sistema nacional de saúde, único e descentralizado, que originariam o Sistema Único de Saúde (SUS), foram criadas em 1986 na Oitava Conferência Nacional de Saúde. -Somente em 1990, no governo de Fernando Collor de Mello, foram aprovadas a Lei Orgânica da Saúde (8.080/90) e a Lei de Participação Social (8.142/90), que estruturam o controle social em conselhos tripartites deliberativos. -Depois da Constituinte, todos os brasileiros passaram a ter direito ao Sistema Único de Saúde (SUS), não sendo mais, portanto, necessário ter vínculo empregatício, contribuição previdenciária ou realizar pagamentos extras. · O SUS, com 30 anos de existência, atende 70% da população brasileira e teve uma atuação ímpar na pandemia da covid-19. · É uma política de Estado, que traz a saúde como direito de todos, propondo uma atenção integral descentralizada, regionalizada e humanizada · Tendo seus princípios, valores e diretrizes que o norteiam, o SUS é um dos maiores sistemas de saúde do mundo, e oferece à população brasileira programas importantes, como o de imunização, transplantes, controle da AIDS, dentre outros. Normas Regulamentadoras. -Complementando a legislação trabalhista da CLT, surgem as Normas Regulamentadoras (NRs), que são utilizadas como ferramentas de prevenção de acidentes, doenças laborais e doenças agravadas nas avaliações da saúde e segurança do trabalhador nas empresas e instituições públicas. -As normas são revisadas e elaboradas atualmente pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho (MTP). -O não cumprimento das normas pelas empresas e instituições públicas pode causar ações reclamatórias ou civis, ou pagamentos de multas e despesas com tratamento médico. -Ao mesmo tempo que as normas buscam os riscos de danos ao trabalhador, elas trazem soluções para esses riscos por meio do esclarecimento aos trabalhadores quanto aos cuidados preventivos para evitar acidentes de trabalho e/ou doenças laborais, incentivo à integridade física do trabalhador pela preservação e ações de promoção da saúde, regulamentação da segurança e saúde do trabalhador e promoção de uma política de saúde de segurança do trabalhador. -A Higiene do Trabalho, que é uma ciência que atua em equipe multiprofissional para prevenção das doenças laborais decorrentes dos riscos ambientais, faz parte da Saúde Ocupacional. A estrutura macro da Saúde do Trabalhador caracteriza-se por ser uma ciência que busca, por meio da redução dos riscos existentes, manter o foco nas ações de promoção e prevenção da saúde do trabalhador.