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Prezados alunos, Neste conteúdo estão os exercícios de ED que deverão ser realizados e JUSTIFICADOS. Para justificativa solicitamos que consulte a bibliografia recomendada para a disciplina. Bom estudo! Exercício 1: A Anatomia é a base para outras diciplinas aplicadas do curso de Medicina Veterinária, seu nome deriva do Grego e significa: a) Destruir em várias partes b) Separar em diferentes regiões c) Cortar em partes (sem destruir) d) Unir estruturas adjacentes e) Compreender a função dos órgãos Exercício 2: Dos grandes Artistas da história, um deles envolveu-se profundamente com a Anatomia Comparativa. De quem estamos falando? a) Charles Chaplin b) Rodin c) Pablo Picasso d) Leonardo da Vinci e) Mozart Exercício 3: Leia as frases abaixo e assinale a alternativa correta, no que se refere à Nomenclatura Anatômica Veterinária (N.A.V.). I) A N.A.V. foi realizada pela primeira vez em 1968, por um Comitê Internacional, nomeado pela Associação Mundial de Anatomistas Veterinários. II) A N.A.V. compreende 6545 termos em latim, que podem ser traduzidos em cada país de acordo com as normas gramaticais locais. III) A N.A.V. aplica-se à anatomia dos animais domésticos, ou seja, especificamente o canino, o felino, o suíno, o ovino, o caprino, o bovino, o eqüino e as aves. IV) A N.A.V. utiliza-se atualmente de epônimos, para facilitar a memorização das estruturas e dos grandes anatomistas da história. a) A afirmativa II está incorreta. b) A afirmativa IV está correta. c) As afirmativas I e II estão incorretas. d) As afirmativas III e IV estão incorretas. e) As afirmativas II e III estão corretas. Exercício 4: Em relação aos termos de direção é incorreto afirmar que: a) O termo rostral aplica-se às estruturas da cabeça, quando estas estão mais afastadas das narinas. b) O termo dorsal pode ser aplicado às estruturas do membro torácico, abaixo da região do carpo. c) O termo ventral não é aplicado às estruturas do membro. d) O termo plantar pode ser aplicado às estruturas do membro pelvino, abaixo da região do tarso. e) O termo caudal pode ser aplicado às estruturas da cabeça, em oposição ao termo rostral. Exercício 5: Em relação aos termos de direção é correto afirmar que: a) O termo rostral aplica-se às estruturas da cabeça, em semelhança ao termo cranial no restante do corpo. b) O termo oclusal é utilizado para os dentes, na região em que estes se relacionam com a gengiva. c) O termo distal é utilizado para as estruturas dos membros, que estão voltadas para a cauda do animal. d) O termo axial é normalmente utilizado nos membros dos eqüinos, por este animal possuir apenas um dígito. e) O termo caudal é utilizado para designar os cirros da parte posterior do animal. Exercício 6: Leia as frases abaixo e assinale a correta. a) O eixo crânio-caudal percorre o animal de cima para baixo. b) O eixo látero-lateral aplica-se tanto para o lado direito, quanto para o lado esquerdo do animal. c) O eixo dorso-ventral é constituído pelos planos de construção, dorsal e ventral. d) O eixo crânio-caudal é formado através dos planos de delimitação, cranial e caudal. e) Os eixos de construção são formados a partir dos planos de construção. Exercício 7: Os eixos utilizados para a construção do plano mediano são: A) dorso-ventral e médio-lateral B) dorso-medial e crânio-caudal C) crânio-caudal e látero-lateral D) dorso-medial e médio-lateral E) dorso-ventral e crânio-caudal Exercício 8: O osso carpo intermédio pode ser classificado como: A) Plano B) Longo C) Curto D) Irregular E) N.d.a Exercício 9: Os músculos podem ser classificados quanto a arquitetura como: A) Penado, fusiforme, estriado, liso B) liso, estriado, em fita, bipenado C) Liso, estriado, penado, em fita D) Em fita, fusiforme, penado, bipenado E) N.d.a Exercício 10: A coluna vertebral do cão é composta por: A) 6 vértebras cervicais, 13 vértebras torácicas, 7 vértebras lombares, 3 vértebras sacrais e 20 vértebras caudais B) 7 vértebras cervicais, 13 vértebras torácicas, 7 vértebras lombares, 3 vértebras sacrais e 20 vértebras caudais C) 7 vértebras cervicais, 12 vértebras torácicas, 7 vértebras lombares, 3 vértebras sacrais e 20 vértebras caudais D) 7 vértebras cervicais, 13 vértebras torácicas, 6 vértebras lombares, 3 vértebras sacrais e 20 vértebras caudais E) N.d.a Exercício 11: Os músculos que formam o grupo ventrolateral do abdômen são: A) M. reto do abdômen, m. escaleno, m. oblíquo externo e m. oblíquo interno B) M. reto do abdômen, m. escaleno, m. oblíquo externo, m. transverso C) M. escaleno, m. oblíquo interno, m. oblíquo externo, m. transverso D) M. reto do abdômen, m. oblíquo externo, m. oblíquo interno, m. transverso E) N.d.a Exercício 12: Os componentes da túnica externa do olho são: A) Esclera e córnea B) Esclera e corpo ciliar C) Esclera e cristalino D) Esclera e coróide E) N.d.a Exercício 13: A definição de sinóvia é: A) Líquido encontrado na cavidade abdominal B) Líquido encontrado no interior das articulações C) Líquido encontrado nos vasos linfáticos D) Líquido produzido pelo plexo coróide E) N.d.a Exercício 14: As meninges que recobrem o Sistema Nervoso Central são respectivamente: A) Dura-máter, aracnóide, pia-máter B) Pia-máter, dura-máter, aracnóide C) Aracnóide, tua-máter, sua-máter D) Dura-máter, membrana encefálica, aracnóide E) N.d.a Exercício 15: A câmara anterior do olho está delimitada por: A) Córnea e retina B) Esclera e córnea C) Córnea e iris D) Córnea e cristalino E) N.d.a Exercício 16: Os ossículos que encontramos na orelha média são: A) Bigorna, foice e martelo B) bigorna, foice e palatino C) bigorna, foice e vômer D) Martelo, bigorna e malleus E) Martelo, bigorna e estribo Exercício 17: O seio interdigital é encontrado em qual das espécies domésticas abaixo: A) Caninos B) Felinos C) Bovinos D) Caprinos E) Ovinos Exercício 18: Os ossos do carpo no eqüino são: A) Carpo radial, talo, carpo acessório, carpo ulnar, quarto carpiano, segundo carpiano terceiro B) Carpo acessório, carpo ulnar, carpo radial, calcâneo, segundo carpiano, terceiro carpiano, quarto carpiano C) Carpo acessório, carpo ulnar, carpo intermédio, estapédio, segundo carpiano, terceiro carpiano, quarto carpiano D) Carpo radial, carpo intermédio, carpo ulnar, malleus, segundo carpiano, terceiro carpiano, quarto carpiano E) N.d.a Exercício 19: Assinale a alternativa que contém um osso esplâncnico: A) Sesamóide B) Fíbula C) Osso frontal D) Fabela E) Osso peniano Exercício 20: Dentre os ossos citados abaixo, um deles não apresenta cavidade medular, apesar de ser tipicamente um osso longo e, por isso, alguns anatomistas o denominam de alongado. Que osso é este? A) Rádio B) Tíbia C) Coxal D) Escápula E) Costela Exercício 21: A sínfise pélvica recebe esta alcunha porque entre os 2 ossos coxais há: A) Fibrocartilagem B) Tecido conjuntivo frouxo C) Tecido conjuntivo denso D) Fibras musculares E) Cartilagem hialina Exercício 22: Os ossos curtos facilitam a movimentação, um tipo especial está relacionado com os tendões musculares e permitem o trabalho muscular com um menor esforço, por atuar como uma roldana. Que tipo de osso é esse? A) Primeiro carpiano B) Terceiro carpiano C) Sesamóide proximal D) Quarto carpiano E) Segundo carpiano Exercício 23: A gonfose não é considerada uma articulação, porque não une um osso a outro. Que estruturas anatômicas ela une? A) Osso com músculo B) Osso com dente C) Osso com meninges D) Osso com meniscos E) Osso com corpo cavernoso Exercício 24: Quanto ao tecido ósseo é correto afirmar: A) Os osteócitos são as células produtoras de osso B) Os osteoclastos são as células que absorvem o osso e só existem nos animais idosos C) Os osteoblastos são células ósseas diferenciadas que surgem apenas após o nascimento, pelas exigências físicas do animal D) Os osteoclastos são células que absorvem o osso e existem desde o período fetal E) Os osteoblastos são células produtoras do osso e só existem nos fetos Exercício 25: Qual tipo de articulação que diminui em quantidade nos animaisque se aproximam lembram a aparência das margens cortantes de uma serra (ex.:entre o osso parietal e o osso frontal); as suturas escamosas aonde as margens ósseas se sobrepõem, como se fossem as escamas de um peixe (ex.:entre o osso parietal e o osso temporal), e, as suturas folhosas, existentes apenas em suídeos, aonde as lâminas ósseas são delgadas e amplas lembrando as folhas de caderno (ex.:entre o osso frontal e o nasal). A esquindilese é uma sutura aonde um osso se encaixa em uma canaleta formada por outro osso, como a articulação envolvendo a crista do vômer. Enquanto a gonfose seria uma sutura se fosse uma articulação entre ossos, porém ela é a união entre um dente e um osso, ou seja, o encaixe do dente em um alvéolo dentário mediante tecido conjuntivo fibroso. As articulações cartilaginosas podem ser unidas por cartilagem hialina, nas chamadas sincondroses, ou por uma mistura de tecido conjuntivo fibroso e cartilaginoso formando a fibrocartilagem, como ocorre nas sínfises (ex.:articulação entre o corpo de duas vértebras torácicas, no local onde se interpõe o disco intervertebral, pois este disco apresenta uma parte externa de cartilagem e uma parte central de tecido conjuntivo denso, o núcleo pulposo). As sincondroses podem ser subdivididas em intra-ósseas e interósseas. As intra-ósseas existem apenas em filhotes e são representadas pela linha de crescimento dos ossos, local que apresenta cartilagem hialina separando partes de um mesmo osso (ex.:entre a epífise proximal do Fêmur e a diáfise do Fêmur). As interósseas, como o próprio nome diz são aquelas entre ossos diferentes (ex.:entre o osso Occipital e o osso Esfenoidal). As articulações sinoviais são aquelas unidas por líquido sinovial, que recebe este nome por ser parecido com a clara do ovo. A classificação destas articulações sinoviais relacionada à forma das superfícies articulares e quanto aos movimentos, serão descritas no estudo das articulações sinoviais. Termos antigos em desuso, como sinartroses (unidos e sem movimento), anfiartroses (unidos e com pouco movimento), diartroses (unidos e com grande movimentação), sinostose (unidos por tecido ósseo) e sinsarcose (unidos por músculos), ainda podem ser encontrados em livros textos. JUNTURAS SINOVIAIS As junturas sinoviais eram consideradas as articulações verdadeiras e possuem como sua principal característica a presença de uma cavidade articular, delimitada pela cápsula articular, e preenchida por líquido sinovial, ou sinóvia (nome originado de sua aparência com a clara do ovo). Além disto, visualizamos sempre a presença das cartilagens articulares do tipo hialino, que recobrem as superfícies ósseas que participam da articulação, denominadas superfícies articulares. Todo este conjunto trabalha permitindo uma deformação e uma elasticidade para tentar impedir a ocorrência de fraturas ósseas. A quantidade de ossos participantes de uma articulação pode ser maior do que dois, mas esta é a quantia mais comum. O número de cartilagens articulares varia de acordo com o número de ossos e, se considerarmos algumas articulações como um todo (Ex.: Articulações Társicas), veremos que um osso pode ter mais do que uma cartilagem articular. Então, as estruturas anatômicas que sempre estão presentes nas articulações são: o líquido sinovial, a cavidade articular, a cápsula articular e as cartilagens articulares (recobrindo as superfícies articulares). A cápsula articular é constituída de dois estratos: o estrato fibroso externo e o estrato sinovial interno. O estrato fibroso, por apresentar um tecido fibroso resistente, serve de proteção para a articulação, além disso, são ricamente inervadas (sensíveis a dor) e pobremente vascularizadas (de difícil regeneração em traumas). O estrato interno, também conhecido como membrana sinovial, é rico em vasos, nervos e células, sendo que, estas células estão dispostas na camada mais íntima e fazem fagocitose de material da sinóvia e fornecem material para ser secretado neste líquido. O líquido sinovial é secretado pelo estrato sinovial, tem aparência semelhante à clara do ovo e funciona para diminuir o atrito entre as cartilagens articulares, protegendo-as de lesões, e para nutrir a cartilagem articular, que não é vascularizada (existem controvérsias), não é inervada (existem controvérsias) e não é revestida pelo pericôndrio. A sua insensibilidade é um ponto ruim, pois as lesões progridem antes do paciente perceber. Existem depressões em algumas cartilagens articulares, revestidas com tecido conjuntivo, chamadas de fossas sinoviais (fóveas), que podem ter indícios de locais de produção de sinóvia, também (Dyce et al., 1997). Estas fossas sinoviais servem em algumas articulações como pontos de inserção de ligamentos e podem ser confundidas pelos pouco estudiosos como lesões articulares. Existem outros componentes que podem completar o conjunto de estruturas anatômicas para auxiliarem na união, como por exemplo, os ligamentos, os coxins adiposos, os meniscos e os discos articulares. Os meniscos e os discos articulares são estruturas fibro-cartilaginosas, que permitem uma melhor adaptação das estruturas articulares para estabilizar as articulações. Os ligamentos são faixas fibrosas que unem os ossos e acabam evitando alguns movimentos, podem ser classificados de acordo com a posição em intra- capsulares, capsulares e extra-capsulares. CLASSIFICAÇÃO DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS Podemos classificar as articulações segundo a forma das superfícies, porém esta classificação é dependente dos tipos de movimentos permitidos, o que é influenciado por outros fatores além da forma. Assim, encontramos a articulação plana, onde encontramos duas superfícies opostas retas e paralelas, que permite apenas o movimento de deslizamento; a articulação esferóide com uma esfera encaixada em cavidade correspondente, que permite movimentos variados e amplos, por isso, multiaxial; as elipsóides com uma superfície ovóide encaixada em cavidade correspondente, os gínglimos (uma superfície em cilindro e outra escavada recebendo-a, como uma dobradiça), as condilares (os côndilos arredondados encaixados em áreas côncavas), as trocóideas (como um pino encaixado em um anel) e as selares (duas superfícies invertidas e encaixadas, com áreas convexas e côncavas alternando). Apesar das articulações sinoviais serem chamadas de articulações verdadeiras, ou móveis (diartrose), gostaria de enfatizar que o papel de uma articulação não é o de criar o movimento, mas sim, o de evitar o movimento, organizando os movimentos desejados para cada região do corpo, conforme as necessidades da espécie. Afinal, articular significa unir ou juntar e, para isso, desenvolveram-se todas as estruturas anatômicas das junturas sinoviais. Assim, a estabilidade é o objetivo final, para controlar os movimentos que são realizados pelos músculos (componentes ativos da locomoção) ou pelas forças externas (gravidade). MOVIMENTOS DAS ARTICULAÇÕES SINOVIAIS Podemos estudar e classificar os movimentos que existem nas diferentes articulações, comparando-os entre as espécies. Então, encontramos os movimentos de deslizamento, os angulares e os rotatórios. Os movimentos angulares ainda podem ser divididos em flexão/extensão e adução/abdução. Este princípio básico de movimentação levou os estudiosos a estabelecerem uma outra classificação, aonde são considerados os eixos pelos quais uma articulação pode se movimentar (sendo ditas: uniaxiais, biaxiais e multiaxiais). Entretanto, não descreverei mais sobre este assunto por acreditar que para os animais domésticos este tema ainda é limitado. Referências DYCE, K.M.,SACK,W.O.,WENSING,C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinária. Cap.4. São Paulo, Elsevier, 2004. KÖNIG, H.E., LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. Vol.1, Introdução. Porto Alegre, Artmed, 2002. SCHALLER, O. Nomenclatura Anatômica Veterinária Ilustrada. São Paulo, Manole, 1999. GETTY, R. Sissin/Grossman Anatomia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan,e alargam o ventre, voltando a se unirem na terminação, originam os músculos em forma de fuso. Quando as fibras formam anéis, podemos chamá-los de músculos orbiculares ou em forma de círculo, são músculos que agem como esfíncteres para controlar a abertura de cavidades. Quando as fibras partem de um tendão central para as extremidades, como se fossem as penas de uma ave, originam os músculos penados. De acordo com a quantidade de tendões e a disposição das fibras podem ser: semi-penados e multipenados. Estes padrões musculares tendem a ser fortes em relação à sua massa, pois estes músculos conseguem acomodar maior quantia de fibras musculares. Os tendões são estruturas cilíndricas alongadas de tecido conjuntivo diferenciado, que formou suas fibras colágenas modeladas em resposta às trações exercidas. Pela riqueza de fibras colágenas são brancos e inextensíveis, entre as fibras colágenas existe a substância fundamental amorfa e fibroblastos. Suas fibras se entrelaçam para distribuir a força uniformemente, mas se dispersam na terminação, para que partes sucessivas recebam a força total de tração. Quando a inserção abrange uma grande área, o tendão produz um movimento mais poderoso, porém mais lento e menos extenso. Outros músculos possuem tendões longos e o ventre muscular próximo do tronco, assim usam menos energia para o movimento que realizam. IRRIGAÇÃO e INERVAÇÃO MUSCULAR A irrigação muscular é abundante, mesmo que o músculo seja penetrado por apenas uma artéria existe uma ampla distribuição pelo ventre muscular. As artérias acompanham os septos de tecido conjuntivo no interior do músculo e formam os capilares no endomísio. As veias são satélites das artérias, ou seja, fazem o mesmo percurso, porém o sangue caminha em sentido inverso. Os tendões são pouco vascularizados, o que afeta a sua cicatrização. Quando as fibras musculares contraem-se ocorre uma pressão nos vasos e isto permite a circulação dentro do músculo, porém as contrações em massa interrompem a circulação e são nocivas se mantidas por muito tempo. Os vasos linfáticos são encontrados dentro dos maiores tratos de tecido conjuntivo do ventre muscular, embora alguns autores discordem. A maioria dos músculos recebe apenas um nervo, mas os músculos do tronco e alguns outros, recebem inervação múltipla. O trajeto dos nervos no interior da massa muscular acompanha aos vasos. Existem fibras motoras terminando em placas motoras e fibras sensitivas terminando em fusos musculares, fusos neuro-tendíneos e outros receptores. Está descrita na literatura a unidade motora, esta unidade é formada por um neurônio e as fibras musculares que este inervará, considerada a unidade fisiológica da contração. Acredita-se que, quanto menos fibras existirem por uma unidade, maior a capacidade de controle dos movimentos, como por exemplo, a grande habilidade da tromba do elefante. AÇÕES MUSCULARES A ação normal é alterar os ângulos das articulações onde se conectam, por isso, para produzirem um movimento os músculos devem percorrer mais do que uma articulação. Um músculo pode agir de modo diferente durante as fases da locomoção, por exemplo, o músculo bíceps femoral flexiona o joelho quando o membro é erguido e provoca extensão quando o pé está apoiado. Quando um músculo está produzindo um movimento ele é denominado de agonista para aquele movimento e os músculos que se opõem à sua ação são chamados de antagonistas. Assim, na flexão do joelho o m. bíceps femoral é um dos agonistas e o m. quadríceps femoral é antagonista a ele. Quando vários músculos movem uma articulação, uns podem iniciar o movimento e outros completam a ação, por possuírem uma contração mais demorada. Quando um músculo age para completar ou modificar a ação de um agonista, ele é denominado de sinergista. As ações musculares podem ser classificadas de acordo com a maneira pela qual os ossos são movimentados. Assim, teríamos as ações de flexão, de extensão, de adução, de abdução, de pronação, de supinação, de elevação, de depressão, de dilatação, de constrição e de fixação (estabilização). Um músculo está em estado de contração mínima contínua, através da ação reflexa para produzir equilíbrio e a prontidão para a ação. ANEXOS MUSCULARES Existem estruturas corpóreas com íntima relação com os tendões, atuando na sua proteção ou facilitando a sua ação, estas estruturas são denominadas de anexos musculares. Quando existir muita pressão do tendão sobre um osso, forma-se uma bolsa sinovial, que possui uma cavidade com líquido envolvida por uma cápsula de tecido conjuntivo, e a superfície de contato do tendão com o osso pode se tornar cartilaginosa. Quando existe muita movimentação, ou mudanças de direção, o tendão é circundado por uma bainha sinovial, é um tubo bilaminado e enrolado ao redor do tendão. É como se fosse uma bolsa sinovial, porém dobrada para envolver todo o tendão. Quando for necessária muita força muscular, polpa o músculo pela presença de ossos sesamóideos junto aos tendões, agindo como se fossem polias de uma roldana. Quando auxiliam como reforços para a contenção dos tendões, encontramos os retináculos, que atuam como faixas moderadoras de tecido conjuntivo. Auxiliando na contenção de todo o músculo existe a fáscia profunda, esta estrutura emite os septos de tecido conjuntivo intermuscular. A loja fascial é uma área do corpo delimitada pelos folhetos da fáscia, apresentando um músculo ou um grupo muscular em seu interior. O espaço entre duas fáscias pode ser denominado de fenda fascial. CLASSIFICAÇÕES MUSCULARES QUANTO AO TECIDO Existem dois tipos básicos de fibras musculares: as lisas e as estriadas. As fibras estriadas podem ser diferenciadas, sendo o ponto principal a localização, por isso, denominados de músculo estriado esquelético (ligado aos ossos) e músculo estriado cardíaco (miocárdio). QUANTO À FORMA Os músculos podem assumir formatos variados, como: triangulares, quadriláteros, planos, em fuso, em fita e em forma de pena. Sendo que, os músculos com a forma de pena podem possuir uma haste com as inserções apenas de um lado, que seriam metades de uma pena (semi-penados), ou apresentando várias hastes com inserções variadas (multi-penados). QUANTO A AÇÃO Os músculos podem diminuir o ângulo de uma articulação, em relação ao eixo transversal a ela, ou aumentar o ângulo. Temos os músculos flexores e extensores, respectivamente. Alguns podem fazer com que os membros se afastem do tronco, em direção lateral, ou aproximarem-se dele. São os músculos abdutores e adutores, respectivamente. Se lembrarmos que, alguns músculos fazem uma região movimentar-se em torno de um eixo longitudinal a ela, podendo ser movimentos em direções laterais ou mediais, descreveremos assim, os músculos supinadores e os pronadores, respectivamente. Existem movimentos locais, não necessariamente relacionados ao esqueleto. Como, por exemplo, aqueles que ampliam algumas estruturas (dilatadores) e outros diminuem (tensores); uns abaixam (retratores) e outros sobem estruturas (levantadores); alguns retraem (retratores) e outros projetam (protratores); alguns fecham e abrem orifícios (esfíncteres e orbiculares). Referências DYCE, K.M.,SACK,W.O.,WENSING,C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinária. Cap.4. São Paulo, Elsevier, 2004. KÖNIG, H.E., LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. Vol.1, Introdução. Porto Alegre, Artmed, 2002. SCHALLER, O. Nomenclatura Anatômica Veterinária Ilustrada. São Paulo, Manole, 1999. GETTY, R. Sissin/Grossman Anatomia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1986. Exercício 1: Os músculos que formam o grupo ventrolateral do abdômen são: A) M. reto do abdômen, m. escaleno, m. oblíquo externo e m. oblíquo interno B) M. reto do abdômen, m. escaleno, m. oblíquo externo, m. transverso C) M. escaleno, m. oblíquo interno, m. oblíquo externo, m. transverso D) M. reto do abdômen, m. oblíquo externo, m. oblíquo interno, m. transverso E) Exercício2: Os músculos podem ser classificados quanto a arquitetura como: A) Em fita, fusiforme, penado, bipenado B) Liso, estriado, penado, em fita C) Liso, estriado, em fita, bipenado D) Penado, fusiforme, estriado, liso E) Exercício 3: Qual estrutura abaixo não é um anexo muscular? A) retináculo B) sinsarcose C) bainha sinovial D) osso sesamóide E) Exercício 4: Quanto ao tipo de tecido, como classificamos os músculos que encontramos nos animais domésticos? A) Liso, fusiforme e estriado esquelético B) Liso, estriado cardíaco e estriado esquelético C) Liso, penado e estriado cardíaco D) Liso, elástico e estriado esquelético E) Exercício 5: A fina capa de tecido conjuntivo que reveste uma fibra muscular, é denominada de: A) Perimísio B) Epimísio C) Endomísio D) Inframísio E) A segunda aula referente ao estudo da Anatomia Veterinária diz respeito ao estudo dos ossos, conhecendo os fatores de sua estrutura e da arquitetura óssea. Seguindo-se a ela o estudo dos outros componentes do Aparelho Locomotor, como as articulações e os músculos. Este estudo da Anatomia pode ser encontrado em diversos livros básicos da disciplina, que variam apenas quanto ao enfoque oferecido sobre cada tópico. Sendo assim, indicamos as seguintes bibliografias: Dyce, Sack e Wensing. Tratado de Anatomia Veterinária. Elsevier, São Paulo, 2004. König e Liebich. Texto e Atlas de Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Rio Grande do Sul, 2003. Schaler, O. Nomenclatura Anatômica Veterinária Ilustrada. Manole, São Paulo, 1998. Sisson e Grossman. Anatomia dos Animais Domésticos - GETTY. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1994 Exercício 1: O osso quanto a forma pode ser: A) longo, plano, irregular e espesso B) alongado, delgado, irregular e ramificado C) longo, delgado, plano e ramificado D) alongado, plano, curto e espesso E) irregular, plano, curto e longo Exercício 2: Dentre as articulações citadas abaixo, quais são as que representam tipos cartilaginosos? A) sínfise e sincondrose B) sindesmose e sutura C) sindesmose e sínfise D) sínfise e sutura E) sincondrose e sutura Exercício 3: Qual estrutura abaixo não é um anexo muscular? A) tróclea muscular B) osso sesamóide C) bainha sinovial D) retináculo E) sinsarcose O último componente deste primeiro semestre da Anatomia é referente ao conhecimento do Sistema Nervoso e dos Órgãos dos Sentidos. Esta parte do estudo da Anatomia pode ser encontrada em diversos livros básicos da disciplina, que variam apenas quanto ao enfoque oferecido sobre cada tópico. Sendo assim, indicamos as seguintes bibliografias: Dyce, Sack e Wensing. Tratado de Anatomia Veterinária. Elsevier, São Paulo, 2004. König e Liebich. Texto e Atlas de Anatomia dos Animais Domésticos. Artmed, Rio Grande do Sul, 2003. Schaler, O. Nomenclatura Anatômica Veterinária Ilustrada. Manole, São Paulo, 1998. Sisson e Grossman. Anatomia dos Animais Domésticos - GETTY. Guanabara Koogan, Rio de Janeiro, 1994 Exercício 1: Quais estruturas são derivadas do metencéfalo? A) Ponte e bulbo B) Bulbo e quiasma C) Colículos e pedúnculos D) Cerebelo e colículos E) Ponte e cerebelo Exercício 2: As estruturas anatômicas da túnica fibrosa do olho são: A) retina e córnea B) córnea e esclera C) esclera e retina D) úvea anterior e posterior E) íris e pupila Exercício 3: As vesiculas primárias do encéfalo são: A) Mielencéfalo, metencéfalo e mesencéfalo B) prosencéfalo, mesencéfalo e rombencéfalo C) ventrículos laterais e aqueduto do mesencéfalo D) rombencéfalo, mesencéfalo e telencéfalo E) mielencéfalo, mesencéfalo e prosencéfalo Exercício 4: As vesículas derivadas do prosencéfalo são: A) mielencéfalo e mesencéfalo B) prosencéfalo e mesencéfalo C) telencéfalo e diencéfalo D) ponte e cerebelo E) mielencéfalo e metencéfalo Exercício 5: Os nervos cranianos que participam do sistema nervoso autônomo são: A) oculomotor, trigêmeo e abducente B) olfatório, óptico e vestíbulo-coclear C) oculomotor, troclear, abducente e hipoglosso D) vago e hipoglosso E) oculomotor, facial, glossofaríngeo e vago Exercício 6: As camadas do olho, de dentro para fora e na seqüência correta são: A) fibrosa, vasculosa e nervosa B) vasculosa, nervosa e fibrosa C) nervosa, vasculosa e fibrosa D) córnea, íris e retina E) retina, cristalino e córnea Exercício 7: A faringe se comunica com qual cavidade da oreelha? A) interna B) externa C) tímpano D) média E) cóclea Exercício 8: As estruturas que, respectivamente, se sensibilizam com a audição e o equilíbrio são: A) estribo e bigorna B) tímpano e meato acústico interno C) bolha timpânica e ossículos auditivos D) incus e maleus E) cóclea e vestíbulo Exercício 9: O nervo craniano que não se origina da face ventral do tronco encefálico e está responsabilizado pela inclinação do olho, é o: A) óptico B) oculomotor C) abducente D) troclear E) trigêmeo Exercício 10: Qual é a cavidade associada ao diencéfalo? A) I ventrículo B) II ventrículo C) III ventrículo D) Aqueduto do mesencéfalo E) IV ventrículo ORELHA INTRODUÇÃO: A orelha é denominada, apropriadamente, órgão vestibulococlear, pois não só permite que o animal ouça, mas também lhe confere um sentido de equilíbrio. Os estímulos mecânicos produzidos por ondas sonoras transformam-se em impulsos nervosos na cóclea; e a ação de pequenas coleções de líquidos e cristais microscópicos em neurorreceptores dentro do vestíbulo proporcionam ao animal uma precepção de posição e do movimento de sua cabeça em relação à gravidade. Ambas as funções são efetuadas na orelha interna. As outras subdivisões são a orelha média e a externa. Apenas a orelha externa é visível no animal intacto, estando as outras duas contidas no osso temporal. ORELHA EXTERNA: A orelha externa é comporta por duas partes: a aurícula e o meato acústico externo. A aurícula ou pina é a “orelha”, assim identificada pelo leigo como a parte que se salienta da cabeça. O meato acústico externo é o canal que comunica a base da aurícula com a membrana timpânica. A aurícula apresenta formato de funil, no polo ventral é bem aberta para receber o som e, no dorsal, ondula-se, formando um tubo que se curva no sentido medial para conectar-se com o meato acústico externo. Nos animais, a aurícula pode voltar-se em direção à origem do som; as aurículas podem mover-se de forma independente, de modo que cada uma possa se concentrar em sons isolados. O formato da aurícula é determinado pela cartilagem auricular. Na maioria dos mamíferos domésticos, essa cartilagem é suficientemente rígida para manter a aurícula sempre ereta. Em muitas raças de cães e em alguns outros animais, a cartilagem é relativamente flexível, permitindo que a aurícula se dobre; mesmo assim, a maioria dos cães pode empinar as orelhas e fazê-las virar quando necessitam de maior atenção ao som. O meato acústico externo tem origem na região onde a parte ondulada da cartilagem auricular se estreita e termina no tímpano. O meato possui partes cartilaginosas e ósseas, e seu revestimento interno está repleto de glândulas sebáceas e ceruminosas tubulares. As últimas secretam o cerúmen, que supostamente impede a poeira de chegar à delicada membrana timpânica. A orelha do cão é a de maior interesse clínico. Infelizmente, seu meato acústico externo é curvo, tornando difícil a passagem do otoscópio reto para o exame da parte medial do meato e do tímpano. ORELHA MÉDIA: A orelha média está inserida no osso temporal sendo, basicamente um pequeno espaço cheio de ar conhecido como cavidade timpânica. É revestida por uma mucosa delgada que se comunica com a nasofaringe por meio da tuba auditiva. A parte dorsal da cavidade timpânica é comprimida de lado a lado e inclinada para fora. A parede lateral da cavidade contém a membrana timpânica. A parede medial é formada pela parte petrosa do osso temporal, que aloja a orelha interna. Contém duas janelas, fechadas no seu estado natural, através dasquais os estímulos mecânicos produzidos por ondas sonoras entram na orelha interna, para tradução em impulsos nervosos. A janela mais dorsal, une a cavidade timpânica ao vestíbulo da orelha interna. A outra, a janela da cóclea, conduz a cavidade da cóclea. A cavidade timpânica pode ser dividida nas faces dorsal, média e ventral. A face dorsal (recesso epitimpânico) situa-se acima do nível da membrana timpânica. Contém a cadeia de ossículos da audição e os dois músculos associados. A face média inclui a membrana timpânica na sua parede lateral e se abre rostralmente na nasofaringe, via tuba auditiva. A face ventral é uma extensão bulbosa alargada do osso temporal, conhecida como bula timpânica. A bula varia em proeminência entre as espécies; em algumas é subdividida m diversas células ósseas. A função não é conhecida com exatidão, mas propõe- se que possa melhorar a preparação de sons de frequências muito baixas e muito altas. A membrana timpânica é uma parede delgada que separa o lúmen do meato acústico externo da cavidade timpânica. Como a cavidade timpânica, a membrana é inclinada de modo que sua face dorsal é mais lateral que a ventral e, assim, sua superfície é consideravelmente maior que a do meato acústico externo em secção transversal. Ossículos auditivos: A transmissão de ondas sonoras pela cavidade timpânica é mediada pelos três ossículos auditivos conhecidos, em sequência lateromedial, como martelo, bigorna e estribo. O cabo do martelo fica incrustado na membrana timpânica de modo que a cabeça do martelo forma uma saliência acima da membrana por alguns milímetros. A cabeça articula-se com o corpo da bigorna, e esse com a cabeça do estribo, por meio do seu processo longo. A base do estribo aloja-se na janela vestibular na parede medial da cabeça timpânica. As vibrações da membrana timpânica percebidas pelo manúbrio do martelo são ampliadas e transmitidas à janela vestibular por ação de alavanca por meio da cadeia de ossículos. A base do estribo é posta em movimento, o que leva o líquido da orelha interna a vibrar. Isso estimula as células neurorreceptoras no labirinto membranoso, e o som é percebido. Tuba auditiva: Essa estrutura, denominada trompa de Eustáquio, conecta a cavidade timpânica com a nasofaringe. É curta, apresenta um lúmen estreito comprimido lateralmente e, em geral, colabado. A tuba está confinada por uma depressão cartilaginosa invertida, exceto ao longo de sua margem ventral. A parede membranosa da tuba auditiva do equino evagina-se por meio desta falha ventral no suporte cartilaginoso, formando a ampla bolsa gutural, de paredes delgadas, dorsolateral à nasofaringe. As aberturas faríngeas das tubas auditivas localizam-se nas paredes laterais da nasofaringe e são marcadas por aglomerados de tecido linfoides. A cartilagem da tuba auditiva estende-se pela parede medial da abertura faríngea e a enrijece. As tubas permitem a equalização das pressões dos dois lados das delicadas membranas do tímpano. Algumas vezes, a pressão desequilibra, como, por exemplo, durante o transporte em um elevador rápido, e seu restabelecimento repentino provoca um estalo em nossas orelhas. As tubas auditivas se abrem temporariamente a cada vez que engolimos ou bocejamos. ORELHA INTERNA: Os estímulos mecânicos produzidos pelo som e pelas mudanças de posicionamento da cabeça são transformados em impulsos nervosos na orelha interna. Ela é um delicado mecanismo, não superior a 12 mm de lado a lado no cão, completamente envolvida pelo osso temporal muito firme para proteção e funcionamento adequado. Fica exposta a vibrações sonoras na face lateral, e os impulsos em que essas vibrações deixam o osso por fibras nervosas que atravessam o meato acústico interno na face medial. A orelha interna consiste em um sistema fechado de minúsculos ductos e cavidades membranosas conhecidas por sua complexidade como labirinto membranoso. Essa estrutura contém endolinfa, cujo movimento no interior do sistema estimula as células sensoriais na parede membranosa. Duas dilatações no centro do labirinto membranoso são conhecidas como utrículo e sáculo. A partir do utrículo surgem três ductos semicirculares relacionados com o equilíbrio e, do sáculo surge o ducto coclear, espiral, que está relacionado com a audição. O labirinto membranoso fica contido em um labirinto ósseo similar, porém ligeiramente maior, localizado em uma cavidade complexa no osso temporal. A câmara central do labirinto ósseo, o vestíbulo, aloja o utrículo e o sáculo. Os ductos semicirculares situam- se dentro dos canais semicirculares. O ducto coclear passa sobre o canal espiral da cóclea, que se apresenta como uma cavidade muito semelhante ao interior de uma concha de caramujo. REFERÊNCIA: - K.M.Dyce, W.O.Sack, C.J.G.Wensing. Tratado de Anatomia Veterinária. Elsevier: Rio de janeiro, 2010 ORGÃO OLFATÓRIO, ÓRGÃO GUSTATÓRIO E SENSIBILIDADE CUTÂNEA ORGÃO OLFATÓRIO: O sentido da olfação é muito desenvolvido nos animais domésticos do que no homem; isso é particularmente verdadeiro no cão, que é capaz de detectar substâncias transportadas pelo ar em concentrações incrivelmente baixas. Grande parte do “contato” como o meio ambiente e com outros animais é feita por meio desse sentido, e os exemplos citados aqui ressaltam a importância do olfato na vida do animal. Essa capacidade é explorada quando os cães são usados para “apontar” a caça, para perseguir um odor na pista de fugitivos e quando cães e suínos são treinados para encontrar trufas enterradas. As fêmeas reconhecem sua prole em grande parte pelo sentido do olfato, os animais selvagens identificam a extensão de seu território por odores no solo, e herbívoros silvestres examinam o ar no rastro de predadores. O órgão olfatório, evidentemente, situa-se no nariz. Em animais com olfato bem desenvolvido, ele consiste em uma área relativamente ampla da mucosa olfatória, revestindo a parede lateral e as conchas etmoidais na face caudal da cavidade nasal. Embora descrita como um pouco mais amarelada que a mucosa respiratória rostral a ela, não se consegue identificar de maneira satisfatória a mucosa olfatória por inspeção visual. Os cortes histológicos mostram a presença e células olfatórias que, como as células fotorreceptoras da retina, são neurônios bipolares. Seus dentritos alcançam a superfície do epitélio, que apresenta minúsculos pelos olfatórios expostos ao ar da cavidade nasal. Os axônios das células reúnem-se de modo a formar os fascículos do nervo olfatório, que passam pela lâmina crivosa em direção ao bulbo olfatório adjacente. O órgão vomeronasal, encontrado na cavidade nasal, também está relacionado ao olfato. Consiste em dois ductos estreitos, paralelos, que estão alojados no palato duro, um de cada lado em sua junção com o septo nasal. Os ductos, sustentados nas faces lateral, ventral e medial por cartilagens delgadas, são parcialmente revestidos por mucosa olfatória. Eles terminam em fundo cego na parte caudal, mas abrem-se rostralmente na papila incisiva que ligam as cavidade nasal e oral por meio de aberturas no palato duro, na maioria dos mamíferos. Esse órgão tem recebido atenção considerável dos estudiosas de fisiologia reprodutiva e do comportamento do animal em função do seu envolvimento em atividade sexual., particularmente no ato do “Flehmen”exibida pelos machos excitados pelo odor da secreção vaginal ou da urina de fêmeas. ÓRGÃO GUSTATÓRIO: Os receptores para o sentido da olfação são os botões gustatórios, abrigos microscópicos de células associadas principalmente às papilas linguais, embora também seja encontrada pequena quantidade no palato mole e nas proximidades da epiglote. Os botões gustatórios são quase tão altos quanto o epitélio onde se localizam e se comunicam com a cavidade oral por poros gustatórios por meio dos quais entram soluções a fim de estimularas células receptoras. Os poros gustatórios não podem ser visualizados a olho nu. Os botões gustatórios consistem em células de sustentação ou de suporte, além de células receptoras ou gustatórias. As últimas possuem núcleos alongados, e suas extremidades livres exibem microvilosidades que se projetam para dentro do poro gustatório. As glândulas profundas às papilas liberam uma secreção serosa na superfície do epitélio. Acredita-se que a secreção limpe os poros gustatórios e aumente a percepção das células gustatórias. Para que sejam distinguidas, as substâncias nutritivas devem estar em solução. Uma das razões da necessidade de o alimento ser impregnado de saliva é proporcionar a dissolução das partes para a atuação dos botões gustatórios. As principais sensações são doçura, acidez e salinidade. No cão, parece que a doçura e a salinidade são percebidas nos dois terços rostrais da língua, onde os botões gustatórios estão nas papilas fungiformes e as substâncias ácidas são percebidas por toda língua, principalmente no terço caudal, onde os botões ficam nas papilas valadas e folhadas. SENSIBILIDADE CUTÂNEA: Grande parte do ambiente é sentido pelo animal por meio de sua pele. As sensações são tato, pressão, dor, calor e frio; o tato é um estímulo leve, tal como é produzido por uma mosca na pelagem, e a pressão é um estímulo mais intenso e mais profundo, como sentido por um equino que recebe uma sela. Os receptores responsáveis pela detecção desses estímulos variam consideravelmente em sua estrutura. Infelizmente, devido ao fato de existirem muitas formas intermediárias, é difícil classifica-los e atribuir classificações definitivas a cada tipo. Os receptores sensoriais da pele podem ser divididos em terminações nervosas livres e terminações que contém corpúsculos terminais. As terminações nervosas livres são aglomerados formados pelas ramificações das fibras nervosas, que terminam em pontas delgadas ou em proeminências semelhantes a botões; são encontradas principalmente na epiderme e acredita-se que sejam receptores de dor. As terminações corpusculares dividem-se em três tipos: bulbosa, lamelar e meniscoide. Acredita-se que os corpúsculos bulbosos – aglomerados terminais encapsulados por fibras nervosas que são encontrados na derme – respondem ao calor ou ao frio. Os corpúsculos lamelares são grandes e consistem em muitas lamelas concêntricas no centro das quais está a fibra nervosa; são encontradas no tecido subcutâneo e acredita-se que sejam receptores de pressão. Os corpúsculos meniscoides nas extremidades das fibras nervosas, que entram em contato com as células táteis; geralmente são encontrados encapsulados na camada papilar da derme e também livres na epiderme adjacente, sendo provavelmente receptores de tato. REFERÊNCIA: - K.M.Dyce, W.O.Sack, C.J.G.Wensing. Tratado de Anatomia Veterinária. Elsevier: Rio de janeiro, 2010jovens? A) Sinovial B) Sindesmose C) Sinarcose D) Sinostose E) Sincondrose Exercício 26: O conjunto de ossos relacionados com a fixação do língua é conhecido por: A) Aparelho hióide B) Aparelho lingual C) Aparelho da mastigação D) Aparelho suspensor glossal E) Aparelho tireóideo Exercício 27: Em que lugar existe a sincondrose intra-óssea? A) Na cavidade medular B) Entre a epífise e a diáfise dos osso dos filhotes C) Nos discos intervetebrais D) ossos planos do crânio E) Nas superfícies articulares Exercício 28: O que é o acetábulo e como ele está encoberto? A) Fossa - Osso B) Cavidade - Músculos C) Depressão - Cabeça do fêmur D) Processo articular - Líquido sinovial E) Superfície articular - Cartilagem hialina Exercício 29: A união da escápula ao tronco nos mamíferos domésticos ocorre de maneira peculiar para facilitar a locomoção destes animais cursores. Que tipo de meio de união existe? A) Sinsarcose B) Sindesmose C) Sinostose D) Sincondrose E) Sinovial Exercício 30: A cavidade medular existente em alguns ossos do corpo está relacionada com: A) A produção de osteblastos B) A produção de calcio C) A produção de células do sangue D) A diminuição do peso dos ossos E) O acúmulo de sangue para nutrir os ossos Exercício 31: Os tipos de suturas encontradas no crânio do eqüino são: A) Folhosas, planas e serráteis B) planas, escamosas e folhosas C) Serráteis, escamosas e folhosas D) Planas, escamosas e serráteis E) Folhosas, valadas e serráteis Exercício 32: Os ossos planos auxiliam na proteção de estruturas anatômicas vitais, na região da cabeça eles possuem uma particularidade para auxiliar nesta função, qual é? A) Agem como polias B) Apresentam grandes vasos sangüíneos C) Apresentam uma capa de gordura D) Apresentam cavidades cheias de ar E) Agem como espinhos, pelas suas projeções ósseas Exercício 33: Uma outra sínfise de grande importância para a Medicina Veterinária, além da pélvica é formada pela: A) Presença de meniscos no joelho B) Presença dos discos na articulação têmporo-mandibular C) Presença de cartilagem entre a epífise e a diáfise de um osso longo D) Presença do osso peniano E) Presença dos discos intervetebrais Exercício 34: A união de um osso com outro era designada de: A) Sinsarcose B) Sinostose C) Sindesmose D) Sindesmocorial E) Sincondrose Exercício 35: O meio de união visto nas sincondroses é: A) Cartilagem hialina B) cartilagem e tecido conjuntivo fibroso C) Fibrocartilagem D) Fibras musculares E) Líquido sunovial Exercício 36: Os burracos existentes nos ossos apresentam grande valor clínico e cirúrgico, por serem os locais de estruturas anatômicas importantes. Assinale a alternativa que fale o nome destes e as estruturas que o atravessam. A) Tubérculos - vasos sangüíneos B) Fossas - nervos e vasos C) Incisuras - ligamentos D) Forames - vasos e nervos E) Vávulas - sangue Exercício 37: Qual o tipo de articulação que aumenta em quantidade nos animais idosos? A) Sinovial B) Suturas C) Sinostoses D) Sincondroses E) Sindesmoses Exercício 38: Assinale a alternativa incorreta: A) A ossificação endocondral ocorre após um molde de cartilagem B) A ossificação intramembranosa ocorre nos ossos planos, como por exemplo, no osso parietal C) A ossificação endocondral ocorre nos ossos longos, como por exemplo, no osso fêmur D) A ossificação intramembranosa ocorre direto de um tecido conjuntivo E) Nos ossos longos ocorrem apenas ossificação endocondral Exercício 39: A linha metafisária de um osso longo pode ser vista através de exames radiográficos e indica que: A) O animal está jovem e nesta região possui cartilagem hialina B) O animal está adulto e completou o seu crescimento C) O animal está com uma patologia D) O animal recebeu excesso de cálcio e não crescerá mais E) O animal é jovem e nesta região possui apenas vasos sangüíneos Sistema Nervoso Autônomo O sistema nervoso autônomo faz parte da via eferente visceral. É uma característica desta via a presença de três neurônios envolvidos no processo de condução do estímulo nervoso, ao contrário da via eferente somática que envolve apenas dois neurônios. Sendo assim, para a via eferente somática, aonde o estímulo chega até um músculo estriado esquelético, observa-se a presença de um neurônio motor superior, no interior do sistema nervoso central, e um neurônio motor inferior, que deixa a medula em direção ao músculo em questão. Já para a via eferente visceral, existe a presença de um neurônio partindo do encéfalo (que corresponderia ao neurônio motor superior da via eferente somática), um neurônio dito pré-sináptico, que possui seu pericário no sistema nervoso central e manda suas fibras até um gânglio, e um neurônio pós-sináptico, que parte do gânglio e dirige-se até a víscera em questão (desta forma, os neurônios pré e pós-sináptico da via eferente visceral corresponderiam ao neurônio motor inferior da via eferente somática) O sistema nervoso autônomo é amplamente controlado pelo hipotálamo, e é dividido em simpático e parassimpático, que atuam de forma antagônica e independente da vontade ou controle consciente do indivíduo. Existem diferenças anatômicas características entre o simpático e o parassimpático, sendo elas: 1) Região do sistema nervoso central onde se localiza o pericário do neurônio pré-sináptico: para o sistema nervoso parassimpático, o pericário do neurônio pré-sináptico encontra-se localizado no tronco encefálico ou na medula sacral, enquanto para o simpático sua localização dá-se nas regiões torácicas e lombar da medula espinhal, sempre na região de substância cinzenta (H medular). Deste modo, podemos afirmar que nenhum nervo craniano possui fibras do sistema nervoso autônomo simpático. 2) Tamanho da fibra do neurônio: No sistema nervoso parassimpático, o neurônio pré-ganglionar é muito extenso, enquanto o pós ganglionar é extremamente curto, pois os gânglios relacionados ao sistema parassimpático encontram-se situados na parede das vísceras. No caso do sistema simpático ocorre o inverso: o neurônio pré ganglionar é pequeno enquanto o pós ganglionar é mais longo. 3) Presença de gânglios visíveis macroscopicamente: no sistema parassimpático os gânglios não são visíveis macroscopicamente, justamente por estarem localizados nas paredes das vísceras. Já no sistema nervoso simpático estes gânglios são visíveis e estão dispostos em duas cadeias, uma bilateral localizada ventral e lateral aos corpos vertebrais (cadeia paravertebral) e uma localizada ventral aos corpos vertebrais e junto de grandes artérias do corpo (cadeia pré-vertebral). Além das diferenças acima citadas, existem outras peculiaridades relacionadas a estes dois sistemas. Na região das sinapses entre neurônios, existem vesículas contendo neurotransmissores; estas vesículas relacionadas ao sistema parassimpático são agranulares, enquanto aquelas do sistema simpático são granulares. Uma diferença farmacológica também é observada quanto a estes dois sistemas: o simpático atua por ação da noradrenalina, de forma que suas fibras são chamadas de adrenérgicas, enquanto o parassimpático tem sua atuação relacionada a acetilcolina, possuindo assim fibras colinérgicas. A atuação dos componentes do sistema nervoso autônomo, simpático e parassimpático, ocorre sempre de maneira antagônica. Apesar disso, os efeitos da atuação do simpático são generalizadas, enquanto que o parassimpático atua localmente. A tabela abaixo traz alguns exemplos da atuação destes dois sistemas sobre diferentes estruturas do corpo: ESTRUTURAS SIMPÁTICO PARASSIMPÁTICO ÍRIS Dilatação Constrição GLÂNDULA LACRIMAL _____ Secreção abundante GLÂNDULA SALIVAR Secreção pequena Secreção abundante VASOS Vasoconstrição periférica Vasodilatação periférica CORAÇAO Taquicardia Bradicardia BRÔNQUIOS Dilatação Contração ADRENAL Secreção de adrenalina _____ ÓRGÃOS GENITAIS Estimula secreção Inibe secreção BEXIGA E URETRA Contração do esfíncter uretral Relaxamento do esfíncter uretralReferências DYCE, K.M.,SACK,W.O.,WENSING,C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinária. Cap.4. São Paulo, Elsevier, 2004. KÖNIG, H.E., LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. Vol.1, Introdução. Porto Alegre, Artmed, 2002. SCHALLER, O. Nomenclatura Anatômica Veterinária Ilustrada. São Paulo, Manole, 1999. GETTY, R. Sissin/Grossman Anatomia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1986. Exercício 1: Os gânglios que estão localizados dentro da parede das visceras, pertencem a qual parte do sistema nervoso? A) Sistema nervoso autônomo parassimpático B) Sistema nervoso autônomo simpático C) Sistema nervoso central D) Sistema nervoso periférico E) Exercício 2: Quais segmentos do sistema nervoso dos animais que é amplamente coordenado pelo hipotálamo e age independentemente do controle consciente do indivíduo? A) Sistema nervoso simpático e sistema nervoso periférico B) Sistema nervoso parassimpático e sistema nervoso periférico C) Sistema nervoso parassimpático e sistema nervoso central D) Sistema nervoso parassimpático e sistema nervoso simpático E) Exercício 3: Para o sistema nervoso parassimpático, o pericário do neurônio pré-sinaptico fica localizado em quais partes do sistema nervoso central? A) Tronco encefálico e medula sacral B) Tronco encefálico e medula espinhal torácica C) Tronco encelálico e medula espinhal lombar D) Medula sacral e medula espinhal lombar E) Exercício 4: Quando realizamos algum procedimento cirúrgico no pescoço, temos que tomar cuidado com o tronco vagossimpático, porque o sistema nervoso parassimpático é estimulado rapidamente. O que aconteceria com o coração pelo estímulo desta parte do sistema nervoso autônomo? A) Taquicardia B) Bradicardia C) O coração não sofreria nenhuma alteração D) Ocorreria uma ruptura de uma das coronárias E) Planos, eixos e termos de posição 1.POSIÇÃO ANATÔMICA Para podermos evitar erros de interpretação, uso de diversos termos descritivos e para que os pontos de referência se mantenham constantes, adotou-se uma posição anatômica dos animais domésticos. O animal doméstico em posição anatômica encontra-se com os quatro membros estendidos e apoiados no solo, com a região cervical inclinada (cerca de 40 graus em relação a uma linha imaginária, paralela ao solo) e a cabeça firme, tendo os olhos voltados para o horizonte. 2. PLANOS DE DELIMITAÇÃO Agora, podemos idealizar este animal dentro de um aquário e, deste modo, cada vidro (incluindo a tampa) seria um plano que delimitaria o corpo deste vertebrado. O chão do aquário seria o plano ventral, o teto seria o plano dorsal, a cauda do animal tocaria o plano caudal, o animal estaria olhando para o plano cranial e em suas laterais, os planos laterais: direito e esquerdo. Estes são os planos de delimitação do corpo dos animais domésticos, sendo alguns importantes para o conhecimento dos termos de direção. 3. EIXOS e PLANOS DE CONSTRUÇÃO Quando seguimos os passos da Anatomia do Desenvolvimento, de cada espécie animal, observamos que há um padrão de formação do corpo e que muitas vezes é mantido no animal adulto. Este padrão de formação constitui as Unidades Morfológicas de Construção do Corpo dos Vertebrados. Cada unidade morfológica pode ser conhecida se compreendermos os planos de construção destes indivíduos. E, para estabelecermos os planos, precisamos começar determinando os eixos de construção. Deste modo, cada um dos eixos (são três) é formado com a utilização de dois planos de delimitação, como apresentado a seguir: a) eixo crânio-caudal: passamos as diagonais nos planos cranial e caudal, encontramos um ponto central de intersecção destas diagonais em cada um, e unimos os pontos de intersecção. Esta linha imaginária é o eixo crânio-caudal. b) eixo dorso-ventral: com as diagonais dos planos dorsal e ventral, encontramos os pontos centrais de intersecção e façamos a união dos opostos. Esta linha imaginária é o eixo dorso- ventral. c) eixo látero-lateral: procedemos da mesma maneira utilizando os planos laterais: esquerdo e direito. Esta linha imaginária é o eixo látero-lateral. O encontro de dois eixos e o deslizamento entre eles produz os planos de construção, os quais são os formadores das unidades morfológicas. Para idealizarmos a construção destes planos, voltaremos à idéia de um aquário, e imaginaremos a colocação de vidros centrais entre os planos de delimitação. Estes seriam os planos: mediano (imaginado entre os planos laterais), horizontal (imaginado entre o dorsal e o ventral) e transversal (imaginado entre o cranial e o caudal). Assim, deslocando-se o eixo crânio-caudal ao longo do eixo dorso-ventral, encontramos o plano mediano, que divide o animal em duas metades semelhantes, denominadas de antímeros (direito e esquerdo). Da mesma maneira, deslocando-se o eixo látero-lateral pelo eixo dorso-ventral, encontramos o plano transversal, que divide o animal em segmentos desiguais, os quais de modo sucessivo crânio-caudalmente passam a ser chamados de metâmeros. Por último, com os eixos látero-lateral e crânio-caudal encontramos um plano dorsal (NAV), que preferimos chamar de horizontal, para evitarmos confusões com o plano dorsal de delimitação, e divide o animal em partes distintas, os paquímeros. 4. TERMOS DE DIREÇÃO Os termos de direção são aqueles que auxiliam na descrição de uma estrutura em relação ao corpo como um todo, ou quando estabelecemos uma relação e comparação entre estruturas. Lembrando que os termos utilizados devem ser opostos. Desta feita, descrevemos uma estrutura mais próxima da cabeça como cranial, em oposição àquelas caudais. Ressaltando que, quando nos retratamos a estruturas da cabeça, devemos utilizar o termo rostral ao invés do cranial. Do mesmo modo, quando uma estrutura está mais próxima ao plano dorsal, é referenciada como dorsal em detrimento de outra ventral. Considerando que, o termo dorsal pode ser usado para o dorso da mão (abaixo dos ossos do carpo) e dorso do pé (abaixo dos ossos do tarso). Alguns termos são relativos aos membros, como podemos citar: proximal, que está próximo ao tronco; distal, que está distanciando-se para as extremidades; medial, mais próximo do centro; lateral, distante do centro; médio ou intermédio, no centro, entre outras estruturas; axial, próximo ao eixo funcional dos dígitos; abaxial, afastando-se do eixo; palmar, na parte de trás da mão (a partir dos ossos do carpo); plantar, na parte de trás do pé (a partir dos ossos do tarso). Referências DYCE, K.M.,SACK,W.O.,WENSING,C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinária. Cap.4. São Paulo, Elsevier, 2004. KÖNIG, H.E., LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. Vol.1, Introdução. Porto Alegre, Artmed, 2002. SCHALLER, O. Nomenclatura Anatômica Veterinária Ilustrada. São Paulo, Manole, 1999. GETTY, R. Sissin/Grossman Anatomia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1986. Exercício 1: Quais são os planos de delimitação do corpo dos animais domésticos? A) Lateral, ventral, rostral, caudal e dorsal B) Ventral, dorsal, caudal, lateral e cranial C) Medial, lateral, dorsal, cranial e caudal D) Medial, cranial, caudal, dorsal e ventral E) Exercício 2: Quais são os eixos de construção do corpo dos animais domésticos? A) Eixo crânio-caudal, eixo látero-medial e eixo dorso-ventral B) Eixo rostro-caudal, eixo látero-lateral e eixo dorso-proximal C) Eixo dorso-ventral, eixo látero-lateral e eixo crânio-caudal D) Eixo dorso-lateral, eixo crânio-ventral e eixo caudo-lateral E) Exercício 3: Quais são os planos de construção do corpo dos animais domésticos? A) Dorsal, Mediano e transversal B) Longitudinal, mediano e transversal C) Dorsal, medial e transversal D) Horizontal, intermédio e longitudinal E) Exercício 4: Leia as frases abaixo e assinalea correta. A) O eixo crânio-caudal percorre o animal de cima para baixo B) O eixo látero-lateral aplica-se tanto para o lado direito, quanto para o lado esquerdo do animal C) O eixo dorso-ventral é constituído pelos planos de construção, dorsal e ventral D) O eixo crânio-caudal é formado através dos planos de delimitação, cranial e caudal E) Exercício 5: Os eixos utilizados para a construção do plano mediano são: A) dorso-ventral e médio-lateral B) dorso-medial e crânio-caudal C) crânio-caudal e dorso-ventral D) crânio-caudal e látero-lateral E) Tegumento Comum A palavra Tegumento deriva do Latim e designa “tudo o que serve para cobrir”, sendo a principal função deste conjunto criar uma barreira de proteção para o organismo do animal em relação ao meio em que ele vive. Sendo assim, refere-se a cute (pele) e as estruturas anexas (pêlos, cornos, glândulas, úngulas e outros). A pele indica diretamente o modo e o meio ambiente em que o animal vive, portanto o clima influencia em grande escala a estrutura tegumentar, e os animais que habitam o mesmo meio às vezes parecem ter um parentesco muito maior do que na realidade o tem. Por exemplo, se fossemos nos deter na pelagem um Elefante parece ter um parentesco maior com os Rinocerontes do que com seus ancestrais os Mamutes. O tegumento tem importância vital para o animal, tem importância clínica para o Médico Veterinário por indicar processos de doenças internas e externas dos animais e tem função econômica para muitas atividades humanas. Outra característica importante é que o tegumento muitas vezes define classes, famílias e espécies. Por exemplo, ter pêlos é uma característica da Classe dos Mamíferos. Assim como ter Glândula Mamária. Para alguns autores a pele é o maior órgão do corpo, outros autores não a consideram como um órgão e dentro da Anatomia este padrão deveria ser o adotado. Afinal, se assim fosse, a pele deveria ser estudada no tópico da Esplancnologia e isto não acontece. Se pedirem para um professor definir esplancnologia e citar os itens estudados nela, dificilmente será citada a pele (para não dizer nunca)! Em média, o tegumento representa 15% do peso vivo de um cão adulto, o que é fidedigno com o seu extenso volume. A estrutura e a espessura da cútis dos animais varia amplamente, não apenas pelas variações entre as classes de animais, mas também existem variações individuais dependentes até da idade de animais da mesma raça. A arquitetura da pele é determinada na fase embrionária, assim quando transplantada para outra área ela tende a continuar com as características antigas da região de origem. O tegumento dos vertebrados consiste de uma camada externa, a epiderme, composta de células derivadas do ectoderma, e uma camada inferior mesodermal conhecida como a derme, ou cório. Em tetrápodas a ecdise consiste de mudanças, ou esfoliação da camada externa da epiderme. Em algumas formas estas mudanças são feitas como um todo, mas em outras ocorre em pequenos fragmentos de várias áreas. Abaixo da derme há uma camada frouxa de tecido conjuntivo, o tecido subcutâneo. Em locais como a sola das mãos e a palma dos pés as fibras da derme estão firmemente aderidas àquelas da camada subcutânea que a pele destas regiões está mais firmemente aderida. Em seres humanos o epitélio mais externo, ou a epiderme, é feito totalmente de células que estão arranjadas em camadas mais ou menos distintas. Está intimamente ligada à derme subjacente. Na camada mais profunda, o estrato germinativo, ou camada de Malpighi, as células apresentam a forma de colunas e arranjadas perpendicularmente à derme. Estas células sofrem mitoses contínuas. Como novas células são formadas elas gradualmente se aproximam da superfície, tornando-se cada vez mais achatadas. A região onde isto ocorre é chamada de camada de transição. Na outra superfície as células estão morrendo e perdem o seu núcleo. A camada externa de células achatadas é o estrato córneo, ou camada calosa da pele. Seu principal constituinte é a queratina, uma camada dura, resistente, uma proteína insolúvel. A epiderme do ser humano é um excelente exemplo de epitélio escamoso estratificado. As células do estrato germinativo ficam em contato direto com a derme que é ricamente suprida de vasos sangüíneos dos quais deriva a sua nutrição. Desde que novas células estão constantemente sendo formadas, as outras células achatadas passarão para a sua última forma uma camada muito espessa não pelo fato delas estarem continuamente sendo esfoliadas, ou pela exaustão, pela superfície e recolocação das novas células. O padrão de proliferação das células é aproximadamente o mesmo que aquele padrão das células se descamando, assim a espessura da epiderme é relativamente constante. Um aumento da fricção em uma certa área da epiderme parece estimular as células a se dividirem mais rapidamente e resulta na formação de calos. Assim áreas espessas fazem grande proteção aos delicados tecidos interiores. 1.Principais Funções -Proteção Mecânica: dependente da sua resistência e da sua elasticidade a cute confere uma proteção mecânica contra desgastes, inclusive pela existência de pêlos, unhas (úngulas e ungüículas), cornos (e chifres) e pelo estrato córneo da epiderme (mais espesso nas regiões de maior risco de lesão). -Proteção Microbiana: devido à ação da secreção das glândulas sebáceas, e por alguns outros meios, evita a penetração de microrganismos. -Proteção Solar: através dos pigmentos formados pelos melanócitos evita a lesão pela irradiação actínica da luz ultravioleta. -Termo-regulação: pela ação das glândulas sudoríferas, pela capa de pêlos, pela camada de ar abaixo da capa de pêlos, pela vascularização cutânea e pelo depósito de tecido adiposo no tecido subcutâneo (hipoderme). Funciona muitas vezes como um isolante térmico. -Proteção Hídrica: previne o ressecamento e a hiper-hidratação do corpo por ser muito impermeável a água. Ajuda também a controlar a entrada e saída de eletrólitos, o que seria uma proteção química, principalmente pela relação com a água. -Sensibilidade: pela existência de diversas terminações nervosas e de receptores, o tegumento faz o animal receber os estímulos do meio em que vive. Como os estímulos para tato, pressão, temperatura, prurido (coceira) e dor. -Excreção: devido às glândulas que possui a cútis elimina excreções sebáceas, suor, leite e outras substâncias como os ferormônios (feromonas). -Ação Metabólica: a pele participa na formação da vitamina D, por ação solar principalmente nas glândulas sebáceas, com ação anti-raquítica. A vitamina em questão está envolvida na homeostasia do cálcio, portanto importante para os dentes e para os ossos. -Controla a Pressão Sangüínea: pelas alterações vasculares no tegumento de vaso-constrição e vaso-dilatação, que ocorrem por comando do Sistema Nervoso Autônomo e pelas variações de temperatura. -Armazenamento: várias substâncias podem ser armazenadas no tegumento, como eletrólitos, água, vitaminas, carboidratos, proteínas, remédios e tecido adiposo (gordura). -Anexos queratinizados especializados: o tegumento produz diversos tipos de anexos, estes podem participar das funções anteriormente citadas ou terem funções específicas. Como a úngula para a locomoção dos ungulados. 2.CUTE -EPIDERME A epiderme se desenvolve do ectoderma se tornando no fim do desenvolvimento fetal um tecido epitelial estratificado pavimentoso queratinizado. As células dos estratos mais profundos estão em diferenciação e migram para as camadas mais superficiais, até a sua morte, e outras surgem constantemente. Esta renovação contínua foi vista acontecendo em cães da raça Beagle em um período de 22 dias, mas podem existir variações. Esta camada da pele não possui vasos sangüíneos (artérias e veias) e nem vasos linfáticos. Assim, a sua nutrição é feita pela difusão dos nutrientes oriundos dos vasos da derme subjacente. Os estratos serão estudados na disciplinade Histologia, mas é importante citarmos que em regiões de pele espessa podemos encontrar cinco camadas da epiderme. Os estratos são nomeados da seguinte forma: córneo (mais superficial), lúcido, granuloso, espinhoso e basal. Além das células epidérmicas presentes nestes estratos, que muitos autores chamam de ceratinócitos (queratinócitos), existem outros tipos celulares em menor quantidade. Por exemplo, existem as células designadas de melanócitos derivadas da crista neural e são produtoras da melanina. Os albinos produzem mínimas quantias de melanina por ausência congênita de uma enzima denominada de tirosinase, mas o número de melanócitos não varia. -DERME A derme tem origem mesodérmica através dos dermátomos e da somatopleura, sendo formada por tecido conjuntivo frouxo (celular), que é a matéria-prima do couro, e a derme é muito bem suprida por vasos e nervos. Os folículos pilosos, as glândulas, os músculos eretores dos pêlos e outros componentes (fibras colágenas, fibras elásticas, fibras reticulares, etc.), estão presentes na derme. Como todo tecido conjuntivo frouxo a derme possui a substância fundamental amorfa que controla a passagem de eletrólitos, água, outros nutrientes e vários tipos celulares. A função principal é ajudar na proteção do corpo dos animais, mas também fornece suporte para a epiderme e leva os nutrientes até esta camada externa, lembrando que a epiderme não é vascularizada. Nas áreas hirsutas (com pêlos) da pele a camada dérmica é mais espessa. Assim como na epiderme, na derme também existem vários tipos celulares, não apenas os fibroblastos e fibrócitos (células do tecido conjuntivo). Existem mastócitos, histiócitos e outros tipos celulares. 2.TECIDO SUBCUTÂNEO (HIPODERME) A hipoderme possui origem mesodérmica, sendo constituída de lipócitos (células do tecido adiposo), vasos (linfáticos e sangüíneos), nervos e tecido conjuntivo frouxo. Possui grande importância na absorção de impactos, devido ao acúmulo de gordura, assim como serve como isolante térmico por conta deste mesmo acúmulo. Em algumas regiões do corpo pode apresentar uma lâmina muscular, que é chamado de músculo cutâneo, por exemplo existente na face lateral do tórace com o nome de M. Cutâneo do Tronco. Alguns profissionais chamam o tecido subcutâneo de fáscia superficial quando não apresenta um músculo cutâneo em seu interior e chamam de tela subcutânea quando apresenta esta camada. Outra importante relação do tecido subcutâneo é acomodar a pele e facilitar a movimentação das estruturas próximas. Deste tecido conjuntivo do subcutâneo partem lâminas para as partes mais internas do corpo, sendo estas lâminas designadas de fáscia profunda. A fáscia profunda envolve grupos musculares, principalmente músculos de mesma função, formando as lojas musculares. A hipoderme, por ser uma região de reserva de gordura, é amortecedora de impacto, como ocorre nos coxins digitais acima da cunha na úngula. 3.PÊLOS Cada pêlo cresce de um minúsculo orifício, como uma invaginação ectodérmica da futura epiderme, posteriormente se ramifica formando as glândulas cutâneas e na extremidade forma uma dilatação, o bulbo do pêlo. O pêlo é formado de uma haste externa e uma raiz contida dentro de um folículo piloso. O folículo piloso apresenta na extremidade proximal um músculo eretor do pêlo, cuja contração é involuntária (pelo controle do sistema nervoso autônomo), principalmente em resposta a queda de temperatura. A vida do pêlo é restrita, sendo descartados principalmente na primavera e no outono, decorrentes da interferência da luminosidade do meio ambiente (fotoperíodo). Consideramos que o ciclo do pêlo possui três fases distintas: a anagênese (crescimento do pêlo), a catagênese (transição) e a telogênese (repouso e surgimento do próximo pêlo). A atividade metabólica gasta é intensa, visto que o pêlo é uma proteína sólida (a queratina) e a média de crescimento esperada fica em torno de 18-21 metros por dia. Os pêlos geralmente ocorrem em grupos, com um principal e os demais secundários (lanosos), tendo vários folículos em uma abertura externa comum. Em cães podemos encontrar 1 pêlo principal e 39 auxiliares, mas em chinchila foi observado 1 pêlo principal para 75 auxiliares. Este padrão interfere na maciez da pele do animal. O folículo piloso possui várias estruturas associadas e interferentes na sanidade do pêlo, sendo que o conjunto pode ser denominado de Unidade Folicular Pilosa. A unidade é constituída dos folículos com seus devidos pêlos, os músculos eretores do pêlo e as glândulas. Entre os diferentes tipos de pêlos são muito importantes os chamados de Táteis, afinal como o próprio nome sugere, eles conferem sensibilidade tátil para a movimentação do animal e percepção do meio ambiente. Os folículos pilosos ficam rodeados de pequenos vasos sangüíneos e principalmente de terminações nervosas (mecanoceptores). Os pêlos, em geral, funcionam para proteção (térmica, traumas, sol e outras), sensibilidade do animal, isolantes, estética do animal e identidade do indivíduo no grupo. 4.TOROS (Coxins) As almofadinhas pelas quais os animais caminham, não são recobertas por pêlos, são muito espessas (queratinizadas), geralmente muito pigmentadas e com o subcutâneo espesso. Na maioria dos animais apresenta glândulas sudoríparas no tecido subcutâneo, cuja secreção umedece o toro e pode servir para marcar trilhas. Os toros recebem o nome de acordo com a região em que se encontram, por exemplo, toro cárpico, toro társico (raros), toro metacárpico, toro metatársico e os toros digitais. O toro digital dos eqüinos é a conhecida cunha (grotescamente chamada de ranilha). A castanha e o esporão do cavalo são toros rudimentares. Estes coxins conferem resistência a abrasão, quando os animais caminham em solos muito quentes; servem como amortecedores de impacto; e, ajudam no retorno de líquidos das extremidades, como por exemplo o retorno venoso. 5.CORNOS Os cornos são estruturas da pele da cabeça que possuem uma parte central óssea, ao contrário dos chifres que não possuem esta interiorização de um processo ósseo. Além do que, os cornos são definitivos, uma vez retirados não cresce um novo no lugar, e a maioria dos chifres é temporária e cresce dependente da época do ano (possuem sazonalidade). A parte óssea interna do corno é conhecida como processo cornual do osso frontal e apresenta uma cavidade central, que é a própria continuação do seio paranasal frontal, fato que deve sempre ser lembrado pelos Médicos Veterinários. A derme está aderida ao processo cornual, com suas papilas inclinadas para o ápice do corno, favorecendo o crescimento da epiderme. A epiderme tem a queratina tubular e a queratina intertubular, sendo que na base do corno esta queratina apresenta-se mais macia e é conhecida pela alcunha de epícera. Em alguns animais o chifre é constituído por um tecido ósseo modificado e recoberto com o tegumento, mas não existe cavidade interna no osso correspondendo a um seio paranasal frontal. 6.ÚNGULA A úngula é formada pela queratinização da epiderme sobre a derme modificada de acordo com a região, que se continuam com a pele após a região do limbo (perioplo no eqüino). Existem cinco regiões distintas e importantes na úngula dos eqüinos (animal aonde a estrutura apresenta maior interesse aplicado), que são as regiões: do limbo (perioplo), da coroa, da parede, da sola e da cunha (que não deve ser chamada de ranilha). A epiderme do limbo é uma estreita faixa com tecido macio que cobre a coroa na transição com a pele normal, que em direção palmar (ou plantar) se amplia na região dos bulbos dos talões, aonde irá cobrir a base da cunha. A constituição é de queratina tubular e intertubular, produzidas na estreita derme (cório) correspondente, ou seja, na derme do limbo (perioplo). Esta camada é responsável por produzir a fina camada brilhante que cobre o casco no aspecto dorsal e lateral, sendo conhecida como estrato externo da úngula(casco) ou verniz. Em contato direto com o limbo e na parte mais proximal da úngula encontramos a região da coroa, assim conhecida pela posição que ocupa e pelo formato. Também é formada de queratina tubular e intertubular, com uma derme da coroa correspondente. Aliás, a derme (cório) da coroa é muito saliente pela existência de um coxim adiposo em seu interior, criando um sulco interno na epiderme da coroa, chamado de sulco coronal. Ela é responsável em formar o estrato médio da úngula, também conhecido como estrato tubular que é pigmentado. A parede é a região que atinge o solo formando a margem da sola, mas ela é composta tanto do estrato externo oriundo do limbo, quanto do estrato médio oriundo da coroa que atingem o solo, cobrindo o estrato interno oriundo da própria parede. Uma lesão na derme da coroa provocaria defeitos da queratinização da epiderme, ficando a lesão visível na epiderme e em 8 meses atingiria a margem da sola. A parte mais desenvolvida é a parede, muito ampla na extremidade mais dorsal (que alguns chamam de pinça) e diminui em tamanho na direção lateral e palmar, respectivamente conhecidos como quartos e talões (para os profissionais que trabalham com produção animal, mas não são termos anatômicos). As partes que se curvam nos talões são conhecidas como barras. Quando citamos que uma região é mais desenvolvida estamos nos referindo tanto ao tamanho, quanto à espessura. Também é constituída de queratina tubular e intertubular, e apresenta uma derme correspondente com o mesmo nome. Na parede é importante ressaltar a comunicação entre a epiderme e a derme, com desenvolvidas papilas dérmicas, tão desenvolvidas que assumem o aspecto de lâminas e assim são chamadas. Nesta região é que ocorre a famosa doença LAMINITE. As lâminas da epiderme formam o estrato interno da úngula (casco) que não é pigmentado. A região da sola é um pouco côncava, então não atinge o solo. A sua constituição apresenta queratina tubular e intertubular mais macia, com uma derme correspondente. A transição entre a epiderme da parede (após a margem da sola) e a epiderme da sola ocorre pela linha branca, porém apesar de ser considerada como transição esta linha é uma estrutura da parede. A cunha é uma das estruturas mais importantes da úngula, o seu formato de cunha permite a distinção de uma base larga entre a parede lateral e a medial na região palmar (ou plantar), também conhecida como região dos talões. A epiderme da cunha está separada da epiderme das barras da parede e da epiderme da sola por sulcos profundos, os sulcos paracuneais. A sua epiderme é tubular, muito macia e elástica, sendo mantida flexível pela secreção de glândulas existentes no seu espesso coxim digital. O tecido subcutâneo que une a derme nas outras estruturas internas é muito fino na úngula, mas torna-se espessado em dois pontos, formando então os coxins da coroa e da cunha (coxim digital). Estes coxins são estruturas de tecido conjuntivo com tecido adiposo, portanto são os verdadeiros coxins, e não estão associados aos coxins que alguns livros usam como sinônimo para os toros dos animais. Porque na úngula o toro digital é a própria cunha (erroneamente chamada de ranilha). Além da epiderme, da derme e do tecido subcutâneo (incluindo os coxins, coronário e digital), que são as estruturas constituintes da úngula, existe dentro do casco tendões (tendão do M. Flexor digital profundo e tendão do M. Extensor digital comum ou longo no membro pélvico), ossos (falange distal, sesamóideo distal e parte da falange média), a articulação interfalangeana distal que é sinovial e a cartilagem ungular (comumente denominada de cartilagem alar). A cunha, o coxim digital e a cartilagem ungular são fundamentais para a movimentação do animal. Devido a mobilidade destas estruturas elas auxiliam no amortecimento do impacto no solo e devolvem por elasticidade o impulso. 7.GLÂNDULAS As glândulas se originam e crescem como brotos aparecendo e invadindo o interior do mesoderma. Em relação ao tegumento contamos com as glândulas sudoríferas (sudoríparas), as glândulas sebáceas e as glândulas mamárias dos mamíferos. Embora em sentido amplo existam muitas variações destes três tipos básicos, inclusive a glândula mamária não deixa de ser uma glândula sudorífera modificada. As sudoríparas têm o ducto se abrindo no folículo piloso ou direto sobre a superfície da pele, estando amplamente distribuída. Então, aparecem tanto em pele glabra (sem pêlo), como em pele hirsuta (com pêlo). Existem até glândulas sudoríparas especializadas na região do meato acústico externo e das pálpebras de caninos. Porém, alguns animais podem apresentar carência de glândulas sudoríparas, como nos carnívoros, principalmente nos caninos, estes animais controlam a perda de calor através da ofegação. De acordo com alguns livros de Fisiologia Veterinária apenas os Ungulados e os Marsupiais perdem calor pelo suor, não estamos incluindo aqui os Humanos. As glândulas sudoríferas possuem um formato tubular enovelado. Alguns animais secretam ferormônios, que são substâncias com odor específico, capazes de estimular animais da mesma espécie a longa distância e principalmente estão associadas a comportamentos reprodutivos. As glândulas sebáceas associam-se aos pêlos e secretam uma substância gordurosa, o sebo, rica em lipídeos, que lubrifica e confere brilho ao pêlo, que protege da umidade a pele e impermeabiliza a pele, que favorece a disseminação do suor, que dificulta o crescimento de bactérias, pode ajudar a marcar território e ter importância no comportamento sexual. As glândulas sebáceas possuem a forma alveolar ramificada e a eliminação ocorre com auxílio da contração dos músculos eretores do pêlo. As únicas exceções de existência de pêlo sem a associação com as glândulas sebáceas são: os pêlos do ânus, do meato acústico externo e das pálpebras. As glândulas especializadas são: as circum-orais, encontradas ao redor dos lábios dos felinos e marcam território; as cornuais, posicionadas atrás do corno de caprinos e relacionadas à época de reprodução; as do divertículo infra-orbitário, rostrais ao olho dos ovinos; as do carpo, na face palmar da região carpal em suínos, marcam as fêmeas na hora da cópula; as do divertículo interdigital, entre os dígitos principais dos ovinos, marcam trilhas e território; as da cauda, circum-anais e do saco anal em carnívoros, que marcam território; a mentoniana dos suínos, que marca território; a inguinal dos ovinos, para reconhecimento de indivíduos dentro do grupo e os filhotes se orientam pelo odor para chegar ao úbere materno. Se formos pensar em todos os animais da natureza, as diferenciações seriam maiores (em aves aquáticas existe a glândula do uropígio), mas não temos esta intenção neste momento. Aliás, se fosse assim a aula de tegumento iria durar mais do que um mês. Referências DYCE, K.M.,SACK,W.O.,WENSING,C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinária. Cap.4. São Paulo, Elsevier, 2004. KÖNIG, H.E., LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. Vol.1, Introdução. Porto Alegre, Artmed, 2002. SCHALLER, O. Nomenclatura Anatômica Veterinária Ilustrada. São Paulo, Manole, 1999. GETTY, R. Sissin/Grossman Anatomia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1986. Exercício 1: O seio interdigital é encontrado em qual das espécies domésticas abaixo: A) Ovina B) Suína C) Caprina D) Canina E) Exercício 2: Na região cárpica de uma espécie doméstica existem várias glândulas chamadas de cárpica, que são utilizadas para marcar as fêmeas. Que espécie apresenta estas glândulas? A) Canina B) Ovina C) Bovina D) Suína E) Exercício 3: Qual camada da pele que não possui vasos sanguíneos e vasos linfáticos e sua nutrição é proveniente da camada mais interna? A) Hipoderme B) Epiderme C) Derme D) Infraderme E) Exercício 4: Qual das camadas da pele que em algumas regiões do corpo, como a região do tronco, é dotada de uma fina camadamuscular? A) Hipoderme B) Epiderme C) Derme D) Supraderme E) Exercício 5: Nos carnívoros é encontrada uma glândula sudorífera que é responsável por marcação territorial, e ela está localizada lateral ao ânus. Qual é o nome desta glândula? A) Saco anal B) Circum-oral C) Paranal D) Metoniana E) Glândula Mamária A glândula mamária é um tecido glandular túbulo-alveolar composto, considerado na evolução como uma glândula sudorífera modificada. Porém, esta é uma parte da estrutura do órgão como um todo, o órgão é a mama ou o úbere. O úbere é um conjunto de mamas, formando uma grande massa saliente com tecido glandular em seu interior. Então, em ruminantes e eqüinos encontramos o úbere, e em carnívoros e suínos encontramos as várias mamas separadas. O número comum de mamas para a cadela é de 10 (5 pares), para a gata é de 8 (4 pares) e para a porca é de 14 (7 pares). O número comum de papilas no úbere da vaca é de 4 (2 pares de papilas), para a ovelha, para a cabra e para a égua é de 2 (1 par de papilas). Não importa se estamos estudando uma mama ou um úbere, alguns constituintes estão sempre presentes nos mamíferos domésticos. Assim, encontraremos sempre: uma papila mamária, que quando estimulada irá liberar o leite para o filhote; a pele protegendo toda a estrutura; um corpo, onde está o tecido glandular produtor do leite; um ou mais tecidos glandulares, dependentes do número de óstios na papila mamária; um tecido conjuntivo fibroso de sustentação; um conjunto de vasos sangüíneos e linfáticos; fibras nervosas; e tecido adiposo (dependente de várias condições). O tecido da glândula mamária é alveolar e está disposto separadamente em lóbulos. Um ou dois alvéolos drenam a secreção para o mesmo pequeno canal (ducto intralobular), os pequenos canais se unem e o novo canal percorre o espaço entre lóbulos diferentes, passando a ser chamado de ducto interlobular. Estes ductos interlobulares se unem com os vizinhos e formam canais maiores, os ductos intralobares. A união de ductos intralobares formará os grandes ductos lactíferos, que por sua vez desaguaram no seio lactífero. Os ductos lactíferos possuem internamente uma parede muscular capaz de reter o leite antes da lactação. O seio lactífero se abre em um ducto papilar, e este termina no óstio da papila mamária, que é o orifício por onde o leite se exterioriza. O ducto papilar possui internamente em suas camadas um músculo esfíncter da papila mamária, que pode controlar a saída do leite. A quantidade de tecido glandular para cada papila é dependente do número de óstios papilares, pois internamente estes tecidos não se comunicam. Então, a égua tem duas papilas mamárias, mas para cada uma tem dois tecidos glandulares produtores de leite separados. Os animais que apresentam úbere precisam de uma especialização do tecido conjuntivo fibroso (estroma) para sustentar o peso do conjunto. Esta especialização de tecido conjuntivo recebe a denominação de Aparelho Suspensor do Úbere, composto por duas lâminas mediais e duas lâminas laterais. De cada uma das lâminas parte para o interior do tecido glandular (parênquima) algumas pequenas lâminas de tecido conjuntivo fibroso, as lamelas suspensórias. Para qualquer procedimento médico veterinário em um conjunto anatômico é importante saber: a vascularização sangüínea, a drenagem linfática e a inervação. Para o úbere dos ruminantes as artérias são ramos das Artérias Pudendas Externas e das Artérias Perineais. As veias drenam para vasos de mesmo nome. Os vasos linfáticos drenam para os linfonodos mamários e ilíacos, que formam o linfocentro íngüino-femoral. E, os nervos são oriundos do plexo lombo-sacro, sendo o nervo mais importante o gênito-femoral. Referências DYCE, K.M.,SACK,W.O.,WENSING,C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinária. Cap.4. São Paulo, Elsevier, 2004. KÖNIG, H.E., LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. Vol.1, Introdução. Porto Alegre, Artmed, 2002. SCHALLER, O. Nomenclatura Anatômica Veterinária Ilustrada. São Paulo, Manole, 1999. GETTY, R. Sissin/Grossman Anatomia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1986. Exercício 1: Qual fêmea doméstica é dotada de 5 pares de glândulas mamárias? A) Vaca B) Cabra C) Cadela D) Égua E) Exercício 2: Qual fêmea doméstica é dotada de 8 glândulas mamárias? A) Gata B) Cadela C) Vaca D) Ovelha E) Exercício 3: Qual das fêmeas domésticas apresenta 7 pares de glândulas mamárias? A) Cadela B) Gata C) Égua D) Porca E) Exercício 4: Quais são os principais linfonodos que drenam o úbere das vacas? A) Linfonodos mamário e sacral B) Linfonodos mamário e ilíaco C) Linfonodos mamários e inguinais profundos D) Linfonodos mamário e púbico E) Osteologia A importância funcional dos ossos envolve não apenas os aspectos mórficos regionais, mas também o equilíbrio de todo o organismo e em todos os aspectos. Apresentamos uma lista de funções dos ossos: 1.base para a sustentação do corpo dos vertebrados; 2.alavancas usadas como componentes passivos da locomoção; 3.pontos de fixação para músculos e ligamentos; 4.auxiliam a homeostasia (equilíbrio) dos minerais, funcionando como reserva, principalmente de cálcio (99%); 5.protegem mecanicamente os órgãos vitais; 6.alojam a medula óssea, responsável pela hematopoiese (produção de células sangüíneas); 7.auxiliam o vôo nas aves, facilitando-o pela existência de cavidades cheias de ar, por isso, são denominados de ossos pneumáticos; 8.os ossos pneumáticos também são encontrados nos animais domésticos, na região da cabeça, auxiliando na proteção mecânica e térmica do encéfalo, e diminuindo o peso da cabeça; 9.algumas ossificações ocorrem em órgãos corpóreos para facilitar o funcionamento destes, são os chamados ossos esplâncnicos (ou viscerais); 10minimizam o desgaste energético de músculos, por deslocarem o trajeto de seus tendões, como se fossem roldanas em um sistema de polias. Sendo denominados nesta situação de ossos sesamóideos. O osso apresenta como propriedades uma quantia de matéria orgânica, que confere flexibilidade, e o dobro de matéria inorgânica, que confere durabilidade. A matéria orgânica consiste de fibras colágenas (95%), substância fundamental amorfa (proteoglicanas e glicoproteínas) e osseína (proteína do osso). Dentre os componentes inorgânicos, o principal é o fosfato de cálcio, sendo 25% de cálcio e 12% de fósforo, mas existe uma quantia de bicarbonato, magnésio, potássio, sódio, cloro, citrato e outros componentes. Ao redor dos cristais formados apresenta-se uma camada de água (capa de hidratação), que facilita as trocas dos íons com o fluido (líquido) intersticial. A associação dos cristais de substâncias inorgânicas com as fibras colágenas é responsável pela resistência e durabilidade dos ossos. Sendo que, as fibras colágenas conferem resistência à tração e os cristais resistem contra a compressão. Relembrando, os ossos são componentes do aparelho locomotor. Este aparelho inclui todos os órgãos que promovem estabilidade e permitem a movimentação das partes independentes do organismo e, ao mesmo tempo, promove a base para as conformações características de espécies individuais. Para isso, existe uma interação entre a parte passiva e a parte ativa. A primeira formada por modificações do tecido conjuntivo (ossos e articulações) e a última pelo tecido muscular. O conjunto dos ossos forma o que chamamos de esqueleto, porém este termo pode ter um significado mais amplo, o cadáver seco, indicando a armação de estruturas duras que suporta e protege os tecidos moles. Afinal, os ossos se desenvolveram para proteger e dar forma ao corpo dos vertebrados, sem eles seria difícil a sustentação de partes moles do corpo. Os vertebrados seriam todos seres amorfos sem o esqueleto. OSSIFICAÇÃO e CRESCIMENTO ÓSSEO A ossificação é um processo que descreve a formação de um osso em um animal a partir de outros tecidos. Atualmente são bem conhecidos dois tipos distintos de ossificação. A primeira ocorredireto de um tecido conjuntivo (ossificação desmal ou intra-membranosa) e é responsável pela formação dos ossos planos, contribui para o crescimento dos ossos curtos e para aumentar a espessura dos ossos longos. A segunda ocorre a partir de um tecido cartilaginoso (ossificação endocondral) responsável pela formação dos ossos longos e curtos, e contribui para o crescimento dos ossos longos O tecido conjuntivo do embrião é denominado de mesênquima, por isso, também chamada de ossificação mesenquimatosa. No centro da região aonde irá se formar o osso chegam células indiferenciadas que se transformam em osteoblastos (células formadoras de osso), elas sintetizam a matriz óssea que se calcifica englobando os osteoblastos, a partir deste momento os osteoblastos param de sintetizar a matriz e reduzem o seu diâmetro, neste momento os microscopistas o chamam de osteócito (célula do osso). Esta matriz calcificada forma as pequenas lâminas ósseas (lamelas ósseas), que se unem formando as pequenas traves (trabéculas) e entre elas existem espaços penetrados por vasos. Através dos vasos passam novas células indiferenciadas que prolongam o processo de crescimento do osso, fazendo um crescimento em sentido radial. A parte de tecido conjuntivo nas extremidades que não se ossificam e recobrem o osso, formam o chamado periósteo. Em outros ossos ocorre a formação de um modelo de cartilagem hialina e inicia-se a construção de um cilindro ósseo. Este processo é feito pela hipertrofia da cartilagem, com morte dos condrócitos (células da cartilagem) que deixam lacunas separadas por finas paredes de matriz cartilaginosa e esta começa a se calcificar. Os vasos provenientes da periferia, que invadem o periósteo (tecido conjuntivo que envolve o osso) e adentram as cavidades da cartilagem. Através destes vasos chegam células indiferenciadas, que se transformam em osteoblastos e sintetizam a matriz óssea sobre uma fina parede de cartilagem já existente. Desta forma surge o centro de ossificação primário no centro da diáfise (corpo do osso longo), com crescimento rápido e longitudinal. Desde o início da formação de um osso longo, surgem os osteoclastos no centro do osso que absorvem o centro da calcificação, iniciando a formação da cavidade medular. Neste período, surge também em cada extremidade do osso, ou seja, nas epífises, os centros de ossificação secundários, porém estes apresentam um padrão de crescimento radial. Nas margens externas das epífises encontramos sempre a cartilagem articular de tecido hialino. Entre cada epífise e a diáfise do osso longo permanece um anel de cartilagem hialina que é responsável pelo crescimento do osso em comprimento, formando a linha de crescimento (epifisária), enquanto houver possibilidade do osso crescer ela continuará sendo de cartilagem hialina. Assim, todo crescimento osso ocorre pela formação de tecido ósseo novo, com reabsorção parcial do tecido antigo. Sendo que, os ossos planos crescem pelo periósteo e pelas suturas (quando presentes), os ossos longos crescem longitudinalmente pela linha epifisária e em espessura pelo periósteo e os ossos curtos crescem pelo periósteo. CLASSIFICAÇÃO DOS OSSOS QUANTO AO DESENVOLVIMENTO A origem dos componentes que formaram o tecido ósseo pode ser diversa, existem ossos que são formados dos arcos branquiais existentes nos embriões, portanto ossos de origem visceral (Ex.: Mandíbula); enquanto outros, se originam dos somitos, pequenos segmentos de mesoderma localizados lateralmente ao tubo neural, são ditos ossos somáticos (Ex.: Úmero). Por outro lado, podemos classificar os ossos de acordo com a origem tecidual primária. Assim, temos os ossos que se diferenciam direto do mesênquima (tecido conjuntivo do embrião), possuem ossificação mesenquimal ou desmal, comum aos ossos planos (Ex.: Frontal); mas existem os ossos que derivam da cartilagem, são as ossificações endocondrais, comum à maioria dos ossos (Ex.: Fêmur). QUANTO AO TECIDO ÓSSEO Quando se forma um osso, suas lamelas (pequenas lâminas) estão desorientadas, sem um alinhamento padrão que possa indicar as linhas de força que agem sobre aquele osso, deste modo, dizemos que é um tecido ósseo primário. Com o passar do tempo, as forças que atuam passam a delinear o sentido das lamelas, desta maneira, as lamelas passam a ser organizadas e nos levam a denominar o tecido de secundário. De outro modo, podemos encontrar em um mesmo osso, duas maneiras de disposição das lamelas. Na periferia do osso, sendo bem desenvolvida no corpo (diáfise), encontramos a substância óssea compacta, onde as lamelas estão bem aderidas entre si, sem espaços visíveis a olho nú. Assim, encontramos internamente lamelas unidas em pequenos grupos, sendo estes grupos denominados de trabéculas (pequenas traves), separados por espaços (aréolas), sendo denominada de substância óssea esponjosa. QUANTO À FORMA Cada osso isolado assume uma forma anatômica própria, que pode ser diferenciada, indicando o osso em questão. Porém, o modelo arquitetônico dos ossos obedece a padrões de construção que facilita a identificação de certos grupos. Assim, encontramos os ossos longos (Ex.: Tíbia), onde o comprimento excede qualquer outra dimensão, que facilitam suas funções de alavancas na movimentação e colunas de suporte; os ossos planos (Ex.: Parietal), onde possui amplas faces, em detrimento a sua pequena largura (margens finas), para serem utilizados como grande área de inserção muscular e para a proteção de componentes importantes, alguns vitais, como por exemplo, o encéfalo; os ossos curtos (Ex.: Carpo-radial), que apresenta suas dimensões quase equivalentes e reduzidas, cuja existência permite em uma pequena região do corpo grandes movimentos e diminui a possibilidade de traumas; e, os ossos irregulares (Ex.: Coxal), que não podemos incluir em padrões definidos, podendo ter características comuns aos outros grupos. QUANTO À REGIÃO CORPÓREA O esqueleto é dividido em externo (exoesqueleto) e interno (endoesqueleto), sendo este último o único existente nos mamíferos domésticos. Assim, é dividido em axial e apendicular. O esqueleto axial compreende os ossos do eixo maior de construção do corpo dos vertebrados. Este conjunto de ossos é formado pelos ossos da cabeça, vértebras, costelas e esterno. O esqueleto apendicular é formado pelos ossos dos membros, ou seja, os apêndices torácicos e pélvicos. ARQUITETURA ÓSSEA Descreveremos agora a constituição arquitetônica de um osso longo e, posteriormente, faremos as devidas alusões aos outros tipos morfológicos de osso. A descrição que segue confere uma abordagem da superfície externa para a interna, começando do periósteo, uma camada de tecido conjuntivo que envolve a superfície externa dos ossos, com exceção da cartilagem, a camada mais superficial confere proteção e é constituída de tecido conjuntivo fibroso, por isso, também conhecida como lâmina fibrosa, enquanto a camada mais profunda mantém a celularidade e, mesmo em adultos, pode formar tecido ósseo, sendo assim, chamada de lâmina osteogênica. Quanto mais ativo o periósteo, mais vascularizado se encontra e desta camada muitos vasos penetram nos ossos pelos canalículos transversais. A forma de um osso é garantida pelo córtice (córtex), que é o estrato de substância óssea compacta, com finas lamelas em séries de tubos concêntricos, rodeando canalículos longitudinais. Esta camada é mais espessa na diáfise (corpo) dos ossos e difere de espessura de acordo com as pressões sofridas. Nas pequenas lâminas (lamelas) de tecido ósseo existem lacunas aonde visualizamos os osteócitos irradiando os seus prolongamentos. Na diáfise, as lamelas formam um padrão arquitetônico típico, apresentando os sistemas de Havers (osteônios), o sistema externo de circunferências (próximo ao periósteo), o sistema interno de circunferências (junto a cavidade medular) e o sistema intermediário (restos de sistemas). Cada osteônio é formado por um cilindro longo, paraleloà diáfise, variando até vinte lamelas concêntricas, apresentando no centro um canal longitudinal, com vasos, nervos e tecido conjuntivo frouxo. Existe, entretanto, uma camada de substância óssea esponjosa internamente, apresentando lamelas ósseas separadas, como se fossem pequenas traves (trabéculas) e as cavidades que as separam são denominadas de aréolas (pequenos aros). Possui importância clínica fundamental ao osso, afinal é capaz de sofrer pequenas modificações para não traumatizar o osso em impactos poderosos. Revestindo todos os espaços ósseos existe o endósteo, tanto a cavidade medular, quanto os canalículos longitudinais e transversais, e as cavidades do osso esponjoso. Assim, o tecido mais interno em um osso longo é a medula óssea que preenche a cavidade medular. A medula óssea é produtora de células sangüíneas, papel conhecido como hematopoiese, nesta fase é delicada, é muito vascularizada e conhecida como medula óssea vermelha. Com o passar do tempo torna-se latente e começa a formar um depósito de tecido adiposo, sendo denominada de medula óssea amarela, fato que só ocorre com o passar da idade. VASCULARIZAÇÃO e INERVAÇÃO Os ossos apresentam rica vascularização, apresentando de cinco a dez por cento do débito cardíaco. Apresentam uma artéria para a diáfise, denominada de artéria nutrícia, que pelo seu calibre parece ser a maior fonte para a vascularização do osso, todavia ela contribui menos do que as outras em conjunto. A artéria nutrícia penetra através do forame nutrício, atinge a medula, se ramifica em dois ramos, com trajetos tortuosos para reduzir a pressão dentro da frágil medula. Os ramos menores anastomosam-se com os sinusóides da medula óssea, assim como, os capilares dos canalículos e, na metáfise, se anastomosam com os ramos dos vasos metafisários e epifisários. Portanto, as extremidades dependem mais dos vasos metafisários e epifisários, mas se um trauma acometer uma das circulações, as anastomoses garantem a sobrevivência do osso. Vale a pena ressaltar, que em animais jovens, pela existência da linha de crescimento (de cartilagem hialina), não existem uniões entre os vasos da diáfise e das outras regiões. Assim, são circulações independentes. Segundo Getty (1986), existem artérias no periósteo, que se ramificam e emitem ramos para as extremidades, suprindo a periferia e a substância óssea esponjosa, continuando-se pelos canalículos transversais. Muitos autores não acreditam na existência de vasos linfáticos no interior dos ossos, mas sabemos que as infecções ósseas se disseminam rapidamente para os linfáticos adjacentes. Segundo Getty (1986), eles existem como canais perivasculares no periósteo, nos canais longitudinais e na periferia da medula óssea. Quanto à inervação, sabe-se que os grandes vasos são acompanhados pelos nervos que se ramificam nos canais longitudinais. Algumas fibras são vasomotoras e outras são sensitivas, sendo a camada do periósteo a mais sensível. Gostaria de ressaltar que, a atrofia do esqueleto ocorre por paralisia muscular local e conseqüente desuso dos ossos e não por problemas na inervação do osso. OSSOS ESPECIALIZADOS Alguns ossos são encontrados em certos locais específicos e apresentam funções específicas, por isso, os consideramos ossos especializados. Encontramos determinados ossos em tendões (ou até ligamentos) que promovem mudanças de direção dos tendões sobre determinadas proeminências ósseas, o que os colocariam em excessiva pressão. Tais ossos são conhecidos pelo nome de ossos sesamóideos, sendo capazes de aumentar a capacidade de força de alavanca de seus devidos músculos. Sua origem parece ser geneticamente determinada no embrião e, algumas vezes, voltam a se formar após sua retirada cirúrgica. Alguns ossos possuem grandes cavidades preenchidas por ar, estes espaços aéreos em mamíferos apresentam-se na cabeça e são denominados de seios paranasais, enquanto os ossos relacionados são ditos ossos pneumáticos. A mucosa nasal invade as lâminas ósseas no lugar da díploe. Entretanto, nas aves, o esqueleto pós-cranial desenvolve um sistema de cavidades com ar em comunicação com os órgãos respiratórios. Por fim, existem os ossos viscerais, ou esplâncnicos, como o osso cardíaco (ruminantes) e o peniano (carnívoros). Referências DYCE, K.M.,SACK,W.O.,WENSING,C.J.G. Tratado de Anatomia Veterinária. Cap.4. São Paulo, Elsevier, 2004. KÖNIG, H.E., LIEBICH, H-G. Anatomia dos Animais Domésticos. Vol.1, Introdução. Porto Alegre, Artmed, 2002. SCHALLER, O. Nomenclatura Anatômica Veterinária Ilustrada. São Paulo, Manole, 1999. GETTY, R. Sissin/Grossman Anatomia dos Animais Domésticos. Rio de Janeiro, Guanabara Koogan, 1986. Exercício 1: A coluna vertebral do cão é composta por: A) 6 vértebras cervicais, 13 vértebras torácicas, 7 vértebras lombares, 3 vértebras sacrais e 20 vértebras caudais B) 7 vértebras cervicais, 13 vértebras torácicas, 7 vértebras lombares, 3 vértebras sacrais e 20 vértebras caudais C) 7 vértebras cervicais, 12 vértebras torácicas, 7 vértebras lombares, 3 vértebras sacrais e 20 vértebras caudais D) 7 vértebras cervicais, 13 vértebras torácicas, 6 vértebras lombares, 3 vértebras sacrais e 20 vértebras caudais E) Exercício 2: Classificamos o osso carporradial quanto a sua forma como: A) Irregular B) Curto C) Plano D) Longo E) Exercício 3: A linha metafisária de um osso longo pode ser vista através de exames radiográficos e indica que A) O animal está jovem e nesta região possui cartilagem hialina B) O animal está adulto e completou o seu crescimento C) O animal está com uma patologia D) O animal recebeu excesso de cálcio e não crescerá mais E) Exercício 4: Assinale a alternativa incorreta: A) A ossificação endocondral ocorre após um molde de cartilagem B) A ossificação intramembranosa ocorre nos ossos planos, como por exemplo, no osso parietal C) A ossificação intramembranosa ocorre direto de um tecido conjuntivo D) Nos ossos longos ocorrem apenas ossificação endocondral E) Exercício 5: Os burracos existentes nos ossos apresentam grande valor clínico e cirúrgico, por serem os locais de estruturas anatômicas importantes. Assinale a alternativa que fale o nome destes e as estruturas que o atravessam. A) Forames - vasos e nervos B) Tubérculos - vasos sangüíneos C) Incisuras - ligamentos D) Fossas - nervos e vasos E) Artrologia O estudo das articulações ou junturas recebe o nome de artrologia, do grego arthron (juntura, conexão) e logos (estudo). Em termos anatômicos as junturas podem ser definidas como as conexões de quaisquer partes rígidas componentes do esqueleto de um animal, sejam elas estruturas ósseas ou cartilaginosas (nos animais com esqueleto apenas cartilaginoso, os denominados Chondrichthyes). A união entre os ossos e cartilagens não ocorre apenas para colocá-los em contato, mas também para controlar e, principalmente, limitar a mobilidade entre as estruturas articuladas. Outra importante participação das articulações diz respeito à resistência frente às tensões existentes sobre as superfícies articulares, principalmente, nos ossos dos membros dos animais de grande porte. CLASSIFICAÇÕES DAS ARTICULAÇÕES Existem articulações formadas por diversos tipos de tecidos, mas conceitualmente definimos três tipos: as fibrosas, as cartilaginosas e as sinoviais. As articulações fibrosas são aquelas unidas por tecido conjuntivo fibroso (ou denso). Este tipo de articulação pode ser subdividido em: sindesmose (amplas membranas de tecido conjuntivo, como na articulação entre o rádio e a ulna no cão) e sutura (espaços mínimos, preenchidos por pouco tecido fibroso),existentes somente entre ossos do crânio, e lembrando a costuras. As suturas podem ser classificadas de acordo com a forma das margens ósseas que se unem. Assim, encontramos as suturas planas aonde as margens são retilíneas e paralelas entre si (ex.:entre o osso nasal direito e o esquerdo); as suturas serráteis aonde as margensas células receptoras. Os poros gustatórios não podem ser visualizados a olho nu. Os botões gustatórios consistem em células de sustentação ou de suporte, além de células receptoras ou gustatórias. As últimas possuem núcleos alongados, e suas extremidades livres exibem microvilosidades que se projetam para dentro do poro gustatório. As glândulas profundas às papilas liberam uma secreção serosa na superfície do epitélio. Acredita-se que a secreção limpe os poros gustatórios e aumente a percepção das células gustatórias. Para que sejam distinguidas, as substâncias nutritivas devem estar em solução. Uma das razões da necessidade de o alimento ser impregnado de saliva é proporcionar a dissolução das partes para a atuação dos botões gustatórios. As principais sensações são doçura, acidez e salinidade. No cão, parece que a doçura e a salinidade são percebidas nos dois terços rostrais da língua, onde os botões gustatórios estão nas papilas fungiformes e as substâncias ácidas são percebidas por toda língua, principalmente no terço caudal, onde os botões ficam nas papilas valadas e folhadas. SENSIBILIDADE CUTÂNEA: Grande parte do ambiente é sentido pelo animal por meio de sua pele. As sensações são tato, pressão, dor, calor e frio; o tato é um estímulo leve, tal como é produzido por uma mosca na pelagem, e a pressão é um estímulo mais intenso e mais profundo, como sentido por um equino que recebe uma sela. Os receptores responsáveis pela detecção desses estímulos variam consideravelmente em sua estrutura. Infelizmente, devido ao fato de existirem muitas formas intermediárias, é difícil classifica-los e atribuir classificações definitivas a cada tipo. Os receptores sensoriais da pele podem ser divididos em terminações nervosas livres e terminações que contém corpúsculos terminais. As terminações nervosas livres são aglomerados formados pelas ramificações das fibras nervosas, que terminam em pontas delgadas ou em proeminências semelhantes a botões; são encontradas principalmente na epiderme e acredita-se que sejam receptores de dor. As terminações corpusculares dividem-se em três tipos: bulbosa, lamelar e meniscoide. Acredita-se que os corpúsculos bulbosos – aglomerados terminais encapsulados por fibras nervosas que são encontrados na derme – respondem ao calor ou ao frio. Os corpúsculos lamelares são grandes e consistem em muitas lamelas concêntricas no centro das quais está a fibra nervosa; são encontradas no tecido subcutâneo e acredita-se que sejam receptores de pressão. Os corpúsculos meniscoides nas extremidades das fibras nervosas, que entram em contato com as células táteis; geralmente são encontrados encapsulados na camada papilar da derme e também livres na epiderme adjacente, sendo provavelmente receptores de tato. REFERÊNCIA: - K.M.Dyce, W.O.Sack, C.J.G.Wensing. Tratado de Anatomia Veterinária. Elsevier: Rio de janeiro, 2010