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ENFERMAGEM 
NA SAÚDE DO 
ADULTO II
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Sintetizar as ações de enfermagem na admissão do paciente no centro 
cirúrgico.
 > Reconhecer a importância de documentos de segurança como checklist 
e termo de consentimento.
 > Caracterizar os procedimentos de antissepsia cirúrgica e posicionamento 
do paciente na mesa cirúrgica.
Introdução
A cirurgia é um procedimento realizado com fins de diagnóstico, prevenção e 
tratamento de doenças, ferimentos, lesões ou deformidades. O ato cirúrgico 
é uma ação complexa e exige uma preparação dos profissionais que são res-
ponsáveis pela sua execução e pela logística do ambiente.
Assistência de 
enfermagem 
no período 
perioperatório: 
monitoração 
e funções
Katty Amador
O enfermeiro, que presta assistência ao paciente que passará ou que passou 
por uma cirurgia, é o profissional responsável pela recepção do paciente na ins-
tituição de saúde e pela coordenação da assistência prestada em todas as fases 
do período perioperatório. Muitas vezes, a atuação do enfermeiro é crucial para 
direcionar o sucesso da cirurgia e do funcionamento da unidade.
Neste capítulo, vamos falar sobre temas relacionados à assistência 
perioperatória, sobretudo sobre o papel do enfermeiro como responsável pelo 
processo de enfermagem. Além disso, veremos como são desenvolvidas as ações 
baseando-se na segurança do paciente.
Admissão do paciente e o papel 
da enfermagem
A assistência de enfermagem no período perioperatório contempla, continu-
amente, as fases pré-operatória, transoperatória e pós-operatória. O modelo 
de assistência de enfermagem perioperatória mais utilizado no Brasil é o 
Sistematização da Assistência de Enfermagem Perioperatória (Saep). Esse 
modelo “[...] tem como base o atendimento das necessidades humanas básicas 
e o Processo de Enfermagem (PE), estruturados por Wanda de Aguiar Horta” 
(CARVALHO; BIANCHI, 2016, p. 38). Por meio da Saep, é possível oferecer uma 
assistência holística e individualizada, proporcionar momentos de interação 
e educação em saúde direcionados ao paciente e à família, coletar dados para 
o desenvolvimento de uma assistência única para cada paciente, realizar um 
plano de cuidados levando-se em consideração todos os atores envolvidos 
no processo cirúrgico e avaliar o desenvolvimento das ações prestadas pela 
equipe de enfermagem.
Assim como o processo de enfermagem, descrito na Resolução do Conselho 
Federal de Enfermagem (Cofen) nº 358, de 15 de outubro de 2009, a SAEP tam-
bém possui cinco etapas. Vejamos (CONSELHO FEDERAL DE ENFERMAGEM, 2009).
1. Visita pré-operatória ou avaliação pré-operatória. Nessa fase, é reali-
zada a consulta de enfermagem pré-operatória, em que são coletados 
os dados necessários para o desenvolvimento das próximas fases da 
Saep.
2. Identificação de problemas. Nessa fase, ocorre a determinação dos 
diagnósticos de enfermagem individuais para cada paciente.
Assistência de enfermagem no período perioperatório: monitoração e funções2
3. Planejamento de cuidados. Aqui, é feita a descrição do plano de cui-
dados holístico e individualizado.
4. Implementação da assistência de enfermagem. Nessa fase, ocorre o 
desenvolvimento das ações planejadas na etapa anterior.
5. Avaliação da assistência. Refere-se à avaliação da assistência em todo 
o período perioperatório e à reformulação das intervenções que não 
foram efetivas.
A admissão do paciente na instituição de saúde é realizada na fase 
pré-operatória da cirurgia, ou seja, na primeira etapa da Saep. A avaliação 
pré-operatória é uma das etapas mais importantes para operacionalizar 
uma assistência de qualidade e segura. Nesse período, são coletadas as 
informações necessárias que embasarão a assistência nas próximas fases 
operatórias, são passadas todas as informações sobre o procedimento cirúr-
gico e são sanadas as principais dúvidas, com intuito de diminuir a ansiedade 
do paciente e da família. Nessa fase, também há a conferência dos exames 
pré-operatórios.
Durante a admissão, o enfermeiro deve realizar uma consulta de enferma-
gem visando à construção do histórico de enfermagem por meio de entrevista 
e exame físico. Nesse momento, o enfermeiro identificará os problemas 
que podem interferir no processo de recuperação do paciente, os principais 
anseios do paciente e da família, e as características individuais do paciente 
que podem interferir de forma positiva ou negativa no pós-operatório. 
Os dados coletados permitem que o enfermeiro descreva os diagnósticos de 
enfermagem (identificação de problemas) e, em seguida, trace o plano de 
cuidados para o indivíduo durante as fases trans e pós-operatória.
É de extrema importância que, durante a avaliação pré-operatória, o 
profissional demonstre uma postura solícita para que o paciente se 
sinta à vontade para realizar todas as suas indagações. O procedimento cirúrgico 
é uma situação que, quase sempre, provoca medo e ansiedade no paciente e 
na família. Por isso os profissionais envolvidos nessa assistência devem ficar 
atentos às dúvidas que possam surgir. Controlar a ansiedade é essencial para 
uma cirurgia segura e livre de intercorrências.
Assistência de enfermagem no período perioperatório: monitoração e funções 3
Ainda durante a consulta de enfermagem, o enfermeiro pode conferir 
se o paciente trouxe todos os exames pré-operatórios solicitados ante-
riormente. Os exames comumente solicitados são hemograma completo, 
coagulograma, glicemia de jejum, hemoglobina glicada, urina tipo I, ureia, 
creatinina e eletrocardiograma. 
Ainda durante essa visita, o enfermeiro deve fornecer ao paciente informa-
ções sobre a recuperação pós-anestésica e o pós-operatório imediato, como 
possíveis desconfortos que podem aparecer, quando será possível voltar a 
comer ou beber água, que tipo de dieta será fornecida nas primeiras horas 
e sinais e sintomas aos quais o paciente deve ficar atento para relatar assim 
que possível. É importante que o paciente compreenda que a sua colaboração 
é essencial para o processo de recuperação e para evitar complicações car-
diovasculares, respiratórias, musculoesqueléticas e de integridade tissular.
No pré-operatório, também é realizada a avaliação pré-anestésica e a 
assinatura no termo de consentimento informado. Segundo Sampaio (2018, 
p. 116):
A avaliação pré-anestésica é um procedimento realizado pela equipe de anestesio-
logia de fundamental importância para a assistência ao paciente cirúrgico, através 
dela é possível a identificação de complicações potenciais, histórico do paciente e 
realização do exame físico, além de exames laboratoriais e histórico de complica-
ções relacionadas a anestesias anteriores. É, também, a partir dessas informações 
que o anestesiologista define a escolha da medicação pré-anestésica, e esse é 
o momento em que são passadas as orientações referentes ao ato anestésico.
O consentimento informado ou termo de consentimento livre e esclarecido 
(TCLE) é um documento em que consta a descrição do procedimento cirúrgico 
com as possíveis implicações deste. Esse documento é necessário antes de se 
realizar uma cirurgia eletiva. O enfermeiro pode ser o profissional responsável 
por coletar e testemunhar a assinatura do TCLE, mas é obrigação do cirurgião 
fornecer uma explicação detalhada e clara sobre as vantagens e implicações 
da cirurgia antes do consentimento do paciente.
Compreende-se que a fase pré-operatória precisa de um estabelecimento 
de rotinas e da sistematização das ações prestadas por toda a equipe mul-
tiprofissional, com foco no atendimento holístico e individualizado. De fato, 
a equipe de enfermagem tem papel fundamental no sucesso dessa fase e, 
consequentemente, de todo o período perioperatório.
Assistência de enfermagem no período perioperatório: monitoração e funções4
Orientações pré-operatórias para prevenir 
complicações pós-operatórias
Veja, a seguir, orientações para prevenir complicações no pós-operatório. 
Todas as orientações listadas a seguir só devem ser prescritasapós avaliação 
da necessidade de cada paciente (HINKLE; CHEEVER, 2016).
 � Respiração diafragmática: refere-se a um achatamento da cúpula do 
diafragma durante a inspiração, com o alargamento resultante das 
costelas e do abdome superior conforme o ar entra. Durante a expiração, 
os músculos abdominais se contraem. Esse tipo de respiração deve ser 
treinado na mesma posição em que o paciente ficará após a cirurgia.
 � Tosse cinética: apoiando o local da incisão com as mãos, o paciente 
deve realizar uma inspiração profunda e rápida e, em seguida, tossir 
fortemente uma ou duas vezes. Isso ajuda na remoção das secreções 
localizadas no pulmão. 
 � Exercícios de membros inferiores: deitado em posição de semi-Fowler, 
o paciente deve flexionar o joelho com o pé flexionado, em seguida 
estender a perna e por fim, abaixar até o leito. Repetir esse movimento 
cinco vezes.
 � Exercícios para os pés: deitado em posição de semi-Fowler, o paciente 
deve realizar movimentos de rotação com os pés.
 � Passar para o decúbito lateral: deitado em decúbito dorsal, o paciente 
deve inclinar-se para o lado com a perna de cima flexionada e apoiada 
em um travesseiro, segurar a grade lateral para ajudá-lo a manobrar 
para o decúbito lateral e praticar a respiração diafragmática e a tosse 
cinética enquanto permanece em decúbito lateral.
 � Sair do leito: deitado em decúbito dorsal, o paciente deve virar-se de 
lado e empurrar o próprio corpo com uma das mãos conforme joga as 
penas para fora do leito.
Admissão do paciente no centro cirúrgico
A fase transoperatória se inicia com a admissão do paciente no centro cirúr-
gico e é finalizada com a saída dele para a sala ou unidade da recuperação 
pós-anestésica (SRPA). O papel da equipe de enfermagem se inicia com a 
admissão do paciente na unidade de cirurgia. É importante receber o paciente 
de forma cordial para minimizar a ansiedade, atendendo às necessidades que 
foram requeridas pela equipe que o recebeu na fase pré-operatória. Deve-se 
Assistência de enfermagem no período perioperatório: monitoração e funções 5
observar o nível de consciência do paciente no momento da chegada, pois ele 
pode estar sob efeito de medicamentos pré-anestésicos, o que pode exigir 
cuidados diferenciados (SAMPAIO, 2018).
O profissional responsável pela admissão do paciente na unidade de ci-
rurgia deve conferir o nome completo do paciente, a pulseira de identificação, 
o TCLE, a avaliação pré-anestésica, os exames, o prontuário e as observações 
de todos os profissionais envolvidos. O paciente deve ser levado a sala de 
cirurgia sem nenhum tipo de objeto de uso pessoal.
Para evitar erros e prezar pela segurança do paciente, o Ministério 
da Saúde recomenda fortemente que seja utilizada uma lista de 
verificação de cirurgia segura. Ela deve ser implementada desde a chegada do 
paciente no centro cirúrgico até o momento antes de o paciente sair da sala de 
operações. Existem diversas evidências de que essa lista reduz complicações, 
a ocorrência de incidentes, eventos adversos e a mortalidade cirúrgica (BRASIL, 
2013a).
Protocolo para segurança do paciente e 
cirurgia segura 
A Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013, instituiu o Programa Nacional de 
Segurança do Paciente. Essa portaria criou o Comitê de Implementação do 
Programa Nacional de Segurança do Paciente, o qual teve o papel de de-
senvolver protocolos, guias e manuais voltados à segurança do paciente em 
diferentes áreas, como (BRASIL, 2013b):
 � infecções relacionadas à assistência à saúde; 
 � procedimentos cirúrgicos e de anestesiologia; 
 � prescrição, transcrição, dispensação e administração de medicamentos, 
sangue e hemoderivados; 
 � processos de identificação de pacientes; 
 � comunicação no ambiente dos serviços de saúde; 
 � prevenção de quedas; 
 � úlceras por pressão; 
 � transferência de pacientes entre pontos de cuidado; 
 � uso seguro de equipamentos e materiais.
Assistência de enfermagem no período perioperatório: monitoração e funções6
O protocolo para cirurgia segura foi desenvolvido baseando-se nas 10 
orientações para cirurgia segura da Organização Mundial de Saúde (ORGA-
NIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 2009), listadas a seguir.
1. A equipe operará o paciente certo e no local cirúrgico certo.
2. A equipe usará métodos conhecidos para impedir danos na adminis-
tração de anestésicos, enquanto protege o paciente da dor.
3. A equipe reconhecerá e estará efetivamente preparada para perda de 
via aérea ou de função respiratória que ameacem a vida.
4. A equipe reconhecerá e estará efetivamente preparada para o risco 
de grandes perdas sanguíneas.
5. A equipe evitará a indução de reação adversa a drogas ou reação 
alérgica sabidamente de risco ao paciente.
6. A equipe usará, de maneira sistemática, métodos conhecidos para 
minimizar o risco de infecção no sítio cirúrgico.
7. A equipe impedirá a retenção inadvertida de instrumentais ou com-
pressas nas feridas cirúrgicas.
8. A equipe manterá seguros e identificará precisamente todos os es-
pécimes cirúrgicos.
9. A equipe se comunicará efetivamente e trocará informações críticas 
para a condução segura da operação.
10. Os hospitais e os sistemas de saúde pública estabelecerão vigilância 
de rotina sobre a capacidade, o volume e os resultados cirúrgicos.
Nesse protocolo, há a lista de verificação de segurança cirúrgica, a qual 
é dividida em três etapas:
1. antes da indução anestésica;
2. antes da incisão cirúrgica;
3. antes do paciente sair da sala de cirurgia.
A lista de verificação de segurança cirúrgica é essencial para evitar 
erros no transoperatório, diminuindo a chance de sequelas e morte 
devido ao procedimento cirúrgico. Além disso, a lista faz o trabalho ser mais 
raciocinado e menos automático.
Assistência de enfermagem no período perioperatório: monitoração e funções 7
Apenas uma pessoa deve ser responsável por utilizar e checar a lista de 
verificação. Em cada fase, o condutor da lista deve observar e confirmar se 
o profissional ou a equipe realizou as suas tarefas antes de prosseguir para 
a próxima etapa. Caso seja percebido algum erro ou algum item não tenha 
sido realizado de forma correta, a verificação deverá ser pausada e o paciente 
mantido na sala de cirurgia até que o problema seja solucionado (BRASIL, 
2013a; EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES, 2020). O Quadro 1 
especifica cada item da lista em cada uma das fases.
Quadro 1. Lista de verificação de segurança cirúrgica recomendada pelo 
Ministério da Saúde
Antes da indução 
anestésica
Antes da incisão 
cirúrgica
Antes de o paciente 
sair da sala de 
operações
Identificação Confirmação Registro
Paciente confirmou:
 � identidade;
 � sítio cirúrgico;
 � procedimento;
 � consentimento.
Sítio demarcado/não se 
aplica
Verificação de 
segurança anestésica 
concluída
Oxímetro de pulso 
no paciente e em 
funcionamento
O paciente tem:
Alergia conhecida?
( ) Não
( ) Sim
Via aérea difícil/risco de 
aspiração?
( ) Não
( ) Sim
Confirmar que todos 
os membros da equipe 
se apresentaram pelo 
nome e função
Cirurgião, 
anestesiologista e 
equipe de enfermagem 
confirmam verbalmente:
identificação do 
paciente;
sítio cirúrgico;
procedimento.
Eventos críticos 
previstos 
Revisão do cirurgião: 
quais são as etapas 
críticas ou inesperadas, 
duração da operação, 
perda sanguínea 
prevista?
Revisão da equipe de 
anestesiologia: há 
alguma preocupação 
específica em relação 
ao paciente? 
O profissional da 
equipe de enfermagem 
ou da equipe médica 
confirma verbalmente 
com a equipe:
Registro completo 
do procedimento 
intraoperatório, 
incluindo procedimento 
executado 
Se as contagens 
de instrumentais 
cirúrgicos, compressas 
e agulhas estão 
corretas (ou não se 
aplicam) 
Como a amostra para 
anatomia patológica 
está identificada 
(incluindo o nome do 
paciente)
Se há algum problema 
com equipamento para 
ser resolvido
(Continua)
Assistência de enfermagem no período perioperatório: monitoração e funções8
Antes da indução 
anestésica
Antesda incisão 
cirúrgica
Antes de o paciente 
sair da sala de 
operações
Há equipamento/
assistência disponíveis?
Risco de perda 
sanguínea > 500 ml 
(7 ml/kg em crianças)?
( ) Não
( ) Sim
Há acesso endovenoso 
adequado e 
planejamento para 
fluidos?
Revisão da equipe 
de enfermagem: os 
materiais necessários 
(instrumentais, 
próteses, etc.) estão 
presentes e dentro do 
prazo de esterilização 
(incluindo resultados do 
indicador)? 
Há questões 
relacionadas a 
equipamentos 
ou quaisquer 
preocupações?
A profilaxia 
antimicrobiana foi 
realizada nos últimos 60 
minutos? 
( ) Não se aplica
( ) Sim
As imagens essenciais 
estão disponíveis?
( ) Não se aplica
( ) Sim
O cirurgião, o 
anestesiologista e a 
equipe de enfermagem 
revisam preocupações 
essenciais para a 
recuperação e o manejo 
do paciente (especificar 
critérios mínimos a 
serem observados, 
como dor, por exemplo)
Fonte: Adaptado de Brasil (2013a).
Atuação da enfermagem no transoperatório
Com o paciente dentro da unidade de cirurgia, a checklist de “Antes da indução 
anestésica” verificada e o paciente anestesiado, inicia-se o preparo deste 
para a cirurgia. Normalmente, a equipe de enfermagem atua diretamente 
nos seguintes procedimentos: 
 � tricotomia;
 � passagem de sonda vesical de demora (SVD);
 � posicionamento cirúrgico;
 � colocação da placa dispersiva;
 � preparo da pele do paciente;
(Continuação)
Assistência de enfermagem no período perioperatório: monitoração e funções 9
 � auxílio durante toda a cirurgia no que for necessário.
Cada um desses procedimentos será apresentado em mais detalhes a 
seguir.
Tricotomia
A tricotomia é a retirada dos pelos da pele com o intuito de facilitar a incisão 
cirúrgica, a sutura e evitar acúmulo de sujidades da ferida operatória. Esse 
procedimento deve ser realizado, preferencialmente, por um tricotomizador 
elétrico para não causar lesões na pele.
Passagem de sonda vesical de demora
É um procedimento invasivo e estéril que consiste na introdução de uma sonda 
através da uretra até a bexiga, com a finalidade de drenar a urina por diversos 
dias. Esse procedimento deve ser realizado pelo enfermeiro ou pelo médico.
Posicionamento do paciente
O posicionamento cirúrgico é a forma como o paciente ficará acomodado 
durante toda a cirurgia. É uma tarefa complexa, que deve ser feita com res-
ponsabilidade pelos profissionais que estão envolvidos nesse processo. 
Deve-se levar em consideração o local da cirurgia, o acesso do cirurgião, 
as necessidades do anestesiologista, os efeitos fisiológicos do posiciona-
mento e as características individuais de cada paciente. Há posicionamentos 
de decúbito dorsal, decúbito lateral e decúbito ventral. Veja, na sequência, 
a descrição de cada um dos posicionamentos conforme Carvalho e Bianchi 
(2016).
Posições de decúbito dorsal
 � Decúbito dorsal ou supina: o paciente fica deitado com o abdome 
voltado para cima, com os braços estendidos ao longo do corpo. 
A depender da mesa cirúrgica, os braços podem ficar próximos ao 
corpo ou em abdução com angulação inferior a 90°.
 � Posição de Trendelenburg: o indivíduo permanece em decúbito dorsal, 
com as pernas e a pelve mais elevadas do que a parte superior do dorso.
Assistência de enfermagem no período perioperatório: monitoração e funções10
 � Posição de Trendelenburg reversa: como o próprio nome diz, essa 
posição é o inverso da Trendelenburg. A parte superior do dorso fica 
elevado em relação à pelve e às pernas.
 � Posição de litotomia ou ginecológica: com o paciente em decúbito 
dorsal, coloca-se os membros inferiores elevados e abduzidos e com 
a articulação do joelho flexionada, deixando a perna em um ângulo 
de cerca de 90° para expor a região genital.
 � Posição de Fowler: essa é uma variação do decúbito dorsal em que o 
paciente fica sentado. O dorso do paciente é elevado e as pernas e os 
pés são colocados em um suporte com angulação não superior a 45°.
 � Posição da mesa de ortopedia: esse posicionamento geralmente é 
utilizado para tratamento cirúrgico de fratura de quadril ou fixação 
femoral fechada. O paciente é colocado em decúbito dorsal, com a 
pelve estabilizada contra uma coluna vertical perineal bem acolchoada.
Posições de decúbito lateral
 � Posição lateral — tórax: o paciente fica deitado lateralmente e os mem-
bros superiores são flexionados à frente, formando um ângulo de cerca 
de 90° com o corpo. O braço lateral à parte torácica que será operada 
é flexionado levemente na altura do cotovelo para elevar a escápula, 
fornecer acesso adequado às costelas e ampliar o espaço intercostal.
 � Posição lateral — região dos rins: em decúbito lateral, o paciente é 
posicionado de forma que a crista ilíaca que encosta na mesa cirúrgica 
fique abaixo do elevador dos rins.
Posições de decúbito ventral
 � Decúbito ventral ou prona: nessa posição, o paciente fica com o abdome 
voltado para baixo, em contato com a mesa cirúrgica, com os braços 
estendidos ao longo corpo e a cabeça lateralizada.
 � Posição de canivete, Jackknife, Kraske ou Depage: posicionamento 
utilizado para cirurgias proctológicas ou de coluna lombar. O abdome 
e o tórax ficam fletidos sobre a mesa cirúrgica, facilitando o acesso à 
região a ser operada.
Assistência de enfermagem no período perioperatório: monitoração e funções 11
Colocação da placa dispersiva
A placa dispersiva é um instrumento indispensável para cirurgias que utilizam 
o bisturi elétrico. Ela serve para auxiliar na condução da corrente elétrica 
gerada por esse equipamento. Portanto, antes do início da cirurgia, esse 
acessório deve estar em contato uniforme com o corpo, em uma área onde 
haja massa muscular, o mais próximo possível do sítio cirúrgico, afastado 
de próteses metálicas, em superfície seca, sem pelos e com pele íntegra 
(CARVALHO; BIANCHI, 2016).
Na maioria dos centros cirúrgicos, a colocação da placa dispersiva é res-
ponsabilidade do circulante.
Preparo da pele da cirurgia
O preparo da pele do paciente deve ser feito com a aplicação de uma solução 
degermante seguida de uma solução antisséptica. A degermação consiste na 
remoção ou redução dos microrganismos da pele, enquanto a antissepsia é 
o processo que visa a inibir o crescimento de microrganismos.
Ultimamente, utiliza-se a solução de clorexidina degermante (base sabão) 
para degermação e solução de clorexidina tintura (base alcoólica) para an-
tissepsia da pele do paciente. Nos casos de antissepsia de mucosas e áreas 
escarificadas, utiliza-se solução de clorexidina tópica (base aquosa). Segundo 
Dumville et al. (2015, p. 14):
Uma revisão abrangente das evidências atuais encontrou alguma evidência de que 
a preparação pré-operatória da pele com clorexidina a 0,5% em álcool metílico está 
associada a menores taxas de infecção cirúrgica após a cirurgia limpa do que a 
tintura de iodopovidona à base de álcool. No entanto, essa evidência se baseia em 
um único estudo que foi mal descrito. Portanto, ao selecionar diferentes opções 
antissépticas, os cirurgiões podem levar em consideração outras características, 
tais como custos e possíveis efeitos colaterais.
Após todos esses procedimentos, com o paciente pronto para iniciar a 
cirurgia, faz-se a segunda etapa da lista de verificação de cirurgia segura. 
Ao finalizar a cirurgia, faz-se a terceira etapa da lista de verificação de cirurgia 
segura e, em seguida, o paciente é encaminhado para a sala de recuperação 
pós-anestésica.
O período perioperatório acompanhado da lista de verificação da cirurgia 
segura tornou-se um momento mais seguro para o paciente e para a prática 
profissional. Essa medida garantiu práticas assistenciais mais corretas e 
confiantes, evitando muitos erros cirúrgicos e na assistência em geral.
Assistência de enfermagem no período perioperatório: monitoração e funções12
Referências
BRASIL. Ministério da Saúde. Anexo 03: protocolo de cirurgia segura. 2013a. Disponível 
em: https://proqualis.net/sites/proqualis.net/files/0000024279j862R.pdf. Acesso em: 
8 set. 2021.
BRASIL.Portaria nº 529, de 1º de abril de 2013. Institui o programa nacional de se-
gurança do paciente (PNSP). Diário Oficial da União, Brasília, 1 abr. 2013b. Disponível 
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2013/prt0529_01_04_2013.html. 
Acesso em: 8 set. 2021.
CARVALHO, R.; BIANCHI, E. R. F. (org.). Enfermagem em centro cirúrgico e recuperação. 
2. ed. Barueri: Manole, 2016. (Série Enfermagem).
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http://www.cofen.gov.br/resoluo-cofen-3582009_4384.html. Acesso em: 8 set. 2021.
DUMVILLE, J. C. et al. Preoperative skin antiseptics for preventing surgical wound 
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Disponível em: https://www.cochranelibrary.com/cdsr/doi/10.1002/14651858.CD003949.
pub4/epdf/full. Acesso em: 8 set. 2021.
EMPRESA BRASILEIRA DE SERVIÇOS HOSPITALARES. Procedimento operacional padrão: 
cirurgia segura. Campina Grande: EBSERH, 2020. (E-book).
HINKLE, J. L.; CHEEVER, K. H. Brunner e Suddarth: tratado de enfermagem médico cirúrgica. 
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ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Segundo desafio global para a segurança do pa-
ciente: cirurgias seguras salvam vidas. Rio de Janeiro: Opas-OMS/Ministério da Saúde/
Anvisa, 2009. (E-book). 
SAMPAIO, M. O. Enfermagem em centro cirúrgico. Londrina: Editora e Distribuidora 
Educacional S.A., 2018. (E-book).
Leitura recomendada
TOSTES, M. F. P.; GALVÃO, C. M. Lista de verificação de segurança cirúrgica: benefícios, 
facilitadores e barreiras na perspectiva da enfermagem. Revista Gaúcha de Enfermagem, 
v. 40, nº esp., p. 1-11, 2019. Disponível em: https://www.scielo.br/j/rgenf/a/VBVNNpyq
XyWrcFwL9hNKy3K/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 8 set. 2021.
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Assistência de enfermagem no período perioperatório: monitoração e funções 13

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