Prévia do material em texto
AS LIDERANÇAS DOS POVOS INDÍGENAS O (a) pajé, xamã ou ancião(ã) (a forma de nomear esta função, depende do povo a quem estamos nos referindo), é o(a) líder espiritual, exercendo o papel de conselheiro(a) e curandeiro(a), cuja função é promover o equilíbrio e a saúde do seu povo. É uma figura muito importante nas comunidades indígenas do Brasil. Ele é o curandeiro e conhecedor de rituais ligados aos deuses indígenas. É ele quem faz os rituais chamados de pajelança e que tem os maiores conhecimentos sobre o poder dos chás e das ervas usados na tribo. O pajé tem grande reconhecimento na tribo pela sua sabedoria sendo o detentor de muitos conhecimentos e da história da tribo, ele é considerado o indígena mais experiente. Os pajés são mais comuns entre os povos indígenas da família linguística tupi-guarani. Ele atua como uma ponte entre o mundo espiritual e o mundo material, ajudando a tribo a entender e lidar com as forças da natureza. Conhecido como "médico da tribo", o pajé usa técnicas de massagens, banhos e até mesmo algumas práticas cirúrgicas para curar os seus pacientes. Além disso, é um conhecedor dos "medicamentos naturais", a base de ervas medicinais, raízes, sementes, substâncias animais e minerais que auxiliam de acordo com a cultura indígena, a cura das mais diversas doenças, sejam elas físicas ou espirituais. Uma qualidade muito comum das lideranças indígenas é a capacidade de saber partilhar seu conhecimento e sua sabedoria com os demais membros da comunidade. Além disso, as lideranças indígenas são marcadas pela coletividade, ou seja, na busca por interesses coletivos. Os(as) pajés e xamãs exercem o papel de líderes religiosos(as) não por imposição, mas porque suas comunidades os(as) escolheram e os(as) reconheceram como guias espirituais. Funções e Importância do Pajé • Ele é o responsável por passar adiante a cultura, história e tradições da tribo; • O pajé também possui a função de curandeiro dentro da tribo, pois conhece diversos rituais e também o poder de cura de ervas e plantas; • O pajé também tem a função de líder espiritual da tribo. Ele conhece os meios de entrar em contato com os espíritos e deuses protetores da tribo. Portanto, é ele que tem a função de invocar e controlar os espíritos; • Ele quem faz a análise e interpretação dos sonhos e visões, oferecendo orientação espiritual com base neles; • Durante a pajelança, o pajé entra em contato com espíritos de pessoas mortas ou animais com o objetivo de promover curas, resolver problemas pessoais dos índios ou da tribo. Neste ritual, o pajé pode utilizar ervas ou outras plantas. Ritual de Cura A pajelança é um ritual de cura conduzido pelo pajé, líder espiritual e curandeiro de uma tribo indígena. Esse ritual desempenha um papel importante para os povos indígenas, pois promove a união da tribo e possui um profundo significado religioso. ATIVIDADES 1. Com suas palavras, explique a importância do pajé como líder espiritual e curandeiro nas tribos indígenas. ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 2. Assinale (V) para verdadeiro ou (F) para falso nas afirmações sobre o texto: a. ( ) O pajé é responsável pelos rituais de pajelança e possui amplo conhecimento sobre chás e ervas utilizados na tribo. b. ( ) Nas tribos indígenas, o pajé é visto como o indígena mais experiente e sábio, detendo conhecimentos importantes sobre a história da tribo. c. ( ) Os pajés são figuras comuns em todas as tribos indígenas do Brasil, independentemente da família linguística. d. ( ) O pajé atua como uma ponte entre o mundo espiritual e o material, ajudando a tribo a se relacionar com as forças da natureza. 3. De que maneira o pajé contribui para a preservação da cultura e das tradições indígenas? _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________ 4. Apresente as características do Pajé conforme descritas no texto. AS LIDERANÇAS DOS POVOS INDÍGENAS Os povos indígenas brasileiros são múltiplos e complexos. Para se ter uma ideia, são pelo menos 305 povos indígenas, com mais de 270 línguas faladas vivendo e convivendo no Brasil, cada um com características e modos de vida diferentes. Geralmente, os povos indígenas possuem dois tipos de liderança: o(a) cacique que é o(a) líder político e organizacional, que representa a comunidade fora da aldeia perante as autoridades; e o(a) pajé, xamã ou ancião(ã) (a forma de nomear esta função, depende do povo a quem estamos nos referindo), que é o(a) líder espiritual, exercendo o papel de conselheiro(a) e curandeiro(a), cuja função é promover o equilíbrio e a saúde do seu povo. Uma qualidade muito comum das lideranças indígenas é a capacidade de saber partilhar seu conhecimento e sua sabedoria com os demais membros da comunidade. Além disso, as lideranças indígenas são marcadas pela coletividade, ou seja, na busca por interesses coletivos. Um(a) cacique se torna líder, geralmente, por escolha da sua comunidade, baseado na sua sabedoria, experiência, participação e atuação dentro da comunidade, o que lhe confere prestígio e respeito. Os(as) pajés e xamãs exercem o papel de líderes religiosos(as) não por imposição, mas porque suas comunidades os(as) escolheram e os(as) reconheceram como guias espirituais. No Brasil existem muitas lideranças indígenas famosas como Ailton Krenak (povo Krenak), Davi Kopenawa (povo Yanomani), Jacir de Souza Macuxi (povo Macuxi), Mapu Huni Kuin (povo Kaxinawá), Raoni Metuktire (povo Kayapó), Sônia Guajajara (povo Guajajara/Tenetehára). A seguir conheceremos um pouco mais duas lideranças. Liderança do povo Mebêngôkre O cacique Raoni Metyktire pertence ao povo Mebêngôkre, mais conhecidos por Kayapó, nasceu em 1930 no Mato Grosso. Raoni tornou-se conhecido internacionalmente por sua luta em defesa dos povos indígenas e pela preservação da Amazônia, de tal modo que seu nome já foi cotado várias vezes para receber o Prêmio Nobel da Paz. Iniciou seu trabalho na pacificação das aldeias Mebêngôkre em 1954 e na demarcação de territórios nas décadas de 80 e 90. Desempenhou um papel crucial na preservação de extensas áreas de floresta tropical. Sua atuação na Assembleia Constituinte de 1987-1988 resultou na inclusão dos direitos fundamentais dos povos indígenas na Constituição Federal de 1988. Ao longo dos anos 2000, ele ampliou sua influência internacional, mobilizando apoio e fundos para a demarcação de terras indígenas e sensibilizando o público sobre a importância da proteção da Amazônia. Diante de desafios políticos em 2018, Raoni voltou à linha de frente, alertando sobre desmatamento, agronegócio, garimpo e exploração madeireira. Em 2019, liderou uma campanha global pela proteção territorial e sociocultural indígena, culminando em um encontro histórico em janeiro de 2020, onde reiterou a importância da união contra retrocessos nos direitos e políticas indígenas e ambientais. Liderança do povo Tenetehára Sônia Guajajara, do povo Tenetehára, conhecida como Guajajara, é a liderança indígena mulher mais conhecida do Brasil, porém é importante salientar que ela não é a única. Cada vez mais mulheres indígenas têm se tornado líderes de seus povos. Sônia nasceu em 1974 em uma aldeia do povo Guajajara/Tentehar, na região de Floresta Amazônica do Maranhão. Já ocupou diversos cargos de coordenação em Organizações Indígenas e já concorreu a vice-presidente da república nas eleições de 2018. Nas eleições de 2022, Sônia foi eleita deputada federal por São Paulo. Há mais de 25 anos Sônia Guajajara luta na defesa dos direitos dos povos indígenas. image5.jpeg image1.jpeg image2.jpeg image3.emf image4.jpeg