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SABERES DOCENTES: OS SABERES DA FORMAÇÃO PROFISSIONAL Tópico 2: Formação de professor: identidade e saberes da docência INTRODUÇÃO Campo novo, pouco explorado até na educação. Professor: em sua trajetória, constrói e reconstrói seus conhecimentos conforme a necessidade de sua utilização, suas experiências, seus percursos formativos e profissionais etc. Prática: espaço de mobilização de saberes profissionais. # Questões : Os professores sabem alguma coisa, mas o quê? Só transmitem o saber de outros ou produzem o seu próprio saber no exercício da profissão? Que interferências o professor faz na seleção e transmissão dos saberes na instituição? Qual é a função do professor na produção do saber pedagógico? Composição dos saberes docentes 1) Saber que se compõe de vários saberes e de diferentes fontes: disciplinares, curriculares, profissionais e experienciais; É um saber social onde quem o possui não é valorizado; Os experienciais constituem os fundamentos da prática e da competência do professor. 1. O saber docente: plural, estratégico e desvalorizado Saberes profissionais: transmitido pelas instituições de formação de professores, onde o professor e o ensino são objetos de estudo. Os conhecimentos adquiridos podem ser transformados em tecnologia da aprendizagem. Saberes pedagógicos: agrupamento de diversos saberes. Formatados a partir de reflexões sobre a prática educativa que orientam a atividade dos professores. Ex: Princípios da Escola Nova: arcabouço ideológico, formas de saber fazer e técnicas. Saberes disciplinares: definidos e selecionados pela universidade e são organizados em disciplinas. São formatados a partir da tradição cultural dos grupos sociais produtores do saber. Saberes curriculares: programas escolares ( objetivos, conteúdos e métodos a aplicar). Saberes experienciais: forjados no trabalho cotidiano e no conhecimento do meio em que atuam. Incorporados ao habitus pela habilidade de saber fazer e de saber ser. O que é um professor? Alguém que deve conhecer a sua matéria, sua disciplina e seu programa, além de possuir certos conhecimentos relativos às ciências da educação e à pedagogia e desenvolver um saber prático baseado em sua experiência cotidiana com os alunos. DOMINAR INTEGRAR MOBILIZAR saberes Construto da imagem social Deveria ser reconhecido socialmente por dominar uma gama variada de saberes e só ele produzir e sistematizar o experiencial. As relações dos professores com os seus próprios saberes A atividade docente constitui-se numa confluência de vários saberes. Mas esses não são produzidos pelos docentes. Daí a desvalorização: possuem o saber, mas não o produziram = relação de exterioridade. Tais saberes precedem e dominam a prática, mas não provém dela. Um pouco de história 1) Divisão do trabalho: idade antiga e medieval, os mestres eram aqueles que produziam o saber e o transmitia. 2) Revolução industrial: divisão do trabalho. Cisão entre os que pensam e os que executam. Professores como ‘ segunda classe’: desenvolvem formas de como ensinar o que os outros produzem. 3) Ciências da Educação: - psicologização da educação; - formação geral para a especializada; formadores de professores separados da prática docente (cientistas – produz e legitima e tecnólogos executa e aplica). 4) Instituições escolares modernas: são de massa e estão para um tratamento uniforme a população, debaixo de um sistema jurídico e um planejamento centralizado. Fase em que houve todo o processo de profissionalização docente. Mesmo com toda a evolução, um ponto permanece: executor e não produtor. No interior da escola... Diversificação de tarefas e de foco de ação para atender a diferentes ‘clientelas’. Mudou-se a competência: ele passa a cuidar da instrução em não da formação da personalidade. 5) Releitura da função da escola: somente a escolarização não basta... Ponto: pode haver uma redefinição em termos de leis de mercado, de formação de clientelas úteis... 2. O docente diante dos seus saberes: as certezas das práticas e a importância crítica da experiência É a partir dos saberes da experiência que os professores julgam a sua formação anterior e a que se dá ao longo da carreira. São referências para se julgar os modelos de excelência dentro da profissão. O que são os saberes da experiência? Um conjunto de representações a partir das quais os professores interpretam, compreendem e orientam sua profissão e sua prática cotidiana em todas as suas dimensões = cultura docente. Caracterizando: são diversos dos cientistas e dos técnicos que trabalham com modelos e condicionantes aplicados ou elaborados. Prático: condicionantes de situações concretas, marcadas pela improvisação e habilidade pessoal; capacidade de enfrentar situações mais ou menos transitórias e variáveis. O desenvolvimento do habitus – disposições adquiridas na prática para enfrentar o imponderável da profissão. Podem se transformar em macetes e traços da personalidade profissional. Característica da atividade docente: ocorre em meio a uma interação com outras pessoas, marcada pelo dominante humano com a presença de símbolos, sentimentos, atitudes que são interpretados e pedem decisões de caráter marcados pela urgência = interação com pessoas. Interações: - ocorre num determinado meio (escola) que é marcado por regras, hierarquias, normas, prescrições. O saber experiencial lhe garante transitar nesse universo. 3 objetos dos saberes experienciais: Relação e interação com os demais atores; Obrigações e normas as quais está submetido; Funções diversificadas na instituição. # Condições da profissão: Diante dos desafios do exercício da profissão, diversas atitudes: a) diante da dura realidade, choque e se dão conta dos limites de seus saberes pedagógicos diante das turmas e salas de aula. b) Rejeição pura e simples da formação anterior, achando que nada valeu e que agora ele tem que dar conta. c) Julgamentos mais relativos: o estudo ajudou para organizar as aulas, o material. 2) 1- 5 anos: acúmulo de experiência fundamental. Tem que aprender fazendo e se colocam a prova ( a si e aos outros). Evolui para uma maneira pessoal de ensinar. 3) Objetos condições mudam de valor: saber reger uma sala de aula é mais que conhecer os mecanismos da secretaria de educação; relacionar com os alunos é mais importante que com os especialistas. SABERES DOCENTES: obedecem a uma hierarquia diferente... O valor depende das dificuldades em relação à prática. O discurso docente, as relações com os alunos são o que validam a competência. Então os saberes da experiência são subjetivos? Não. São partilhados por outros sujeitos mais experientes, os colegas de trabalho, nos treinamentos... Isso formulado, reformula e dá o status de experiência coletivizada. Os saberes são partilhados através dos macetes, do material didático e modo de fazer e organizar a sala de aula, trocas de informações sobre os alunos. Congressos, reuniões são espaços de troca de saberes. Prática: espaço em que os professores retraduzem os demais saberes, fazendo os recortes necessários e mantendo o que convém. = validação. Conclusão: o saber docente e a condição de um novo profissionalismo Saberes experienciais não são como os demais. São retraduzidos deles, polidos e submetidos às certezas construídas na prática e na experiência. REFERENCIAL DE NOVO PROFISSIONALISMO: Tornar os saberes da prática reconhecidos pelos produtores dos demais saberes partilhados pelos docentes. Estratégia: parceria entre os produtores dos demais saberes, cada qual reconhecendo sua importância. Estabelecimento de um diálogo entre os professores da escola e as faculdades e professores universitários, de modo que esses últimos reconhecessem que é preciso IR À ESCOLA para com ela aprender sobre o que é o ensinoe como ensinar? Bibliografia TARDIF, Maurice. Saberes docentes e formação profissional. 17ªedição. RJ: Vozes, 2014 – p. 31-54. image3.jpeg image4.png