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FARMÁCIA FARMÁCIA INTERDISCIPLINAR (FI) ATIVIDADE 3 – EXAME ARTIGO DE REVISÃO DA LITERATURA POLO TATUAPÉ 2024 RESUMO A água é de suma importância em laboratórios clínicos. Por ter diversas finalidades como solvente, preparo de soluções, de reagentes, calibração de 1 equipamentos e até mesmo lavagem de vidrarias e equipamentos, ela deve passar por processo de purificação que pode ser de diversos métodos, tais como destilação, osmose reversa, filtração ou deionização. O uso da água não purificada pode ocasionar em um resultado incorreto de uma análise clínica e acarretar diversos outros problemas. Neste trabalho, objetiva-se mostrar a importância e a finalidade da água em laboratórios clínicos, os diferentes tipos de água tratada, dando ênfase a água reagente, os métodos de tratamento e purificação desta. Para isso, lançaremos mão da revisão bibliográfica existente como artigos na plataforma digital e das entidades regulamentadoras atuais como INMETRO e Anvisa. Palavras-chave: Água, Laboratório, Impurezas, Reagentes, Farmacêutico. INTRODUÇÃO A água é um suprimento de baixo custo para o Laboratório Clínico, mas sua qualidade é frequentemente negligenciada, apesar de ser um reagente importante e amplamente utilizado. A classificação da água "PURA" pode variar dependendo do uso. Para uso doméstico, significa que é segura para consumo humano, enquanto para uso farmacêutico, significa que é livre de pirogênios e microrganismos. No laboratório clínico, a água é utilizada como reagente químico e deve conter poucos contaminantes não interferindo nos testes. Impurezas na água, como íons e metais, podem acelerar ou inibir reações nos testes laboratoriais, levando a erros significativos. Por exemplo, o cloro na água pode introduzir erros na determinação de cloretos. No laboratório, é essencial garantir a qualidade da água purificada, realizando testes regulares para verificar a presença de contaminantes importantes, como silicatos e bactérias. Além disso, é necessário manter um sistema de registro da condutividade, absorbância e controle microbiológico da água, repetindo os testes semanalmente e tomando ações corretivas se necessário DESENVOLVIMENTO 2 Em um laboratório clínico a água tem diversas finalidades. Sua aplicação pode ser desde a lavagem de vidrarias e demais utensílios, calibração de equipamentos, diluente de soluções ou até mesmo como reagente para análises. Ainda mais, se tratando de análises laboratoriais em que a água deve estar em grau puro, pois, se assim não estiver, pode interferir nos resultados das análises, como por exemplo, um ensaio por colorimetria para determinação de cálcio em que o analista lavou as vidrarias com água de torneira em vez de utilizar água purificada. Na água de torneira, considerada como água natural, a concentração dos íons cálcio e magnésio excedem em muito a de outros íons (MORETTO, 2020), e este excesso interferirá no resultado da análise, o que não ocorreria se as vidrarias fossem lavadas conforme recomenda o DOQ-CGCRE-027, Anexo A, “o recipiente deve ser enxaguado com água destilada e deve-se assegurar que as paredes estejam suficientemente limpas” (INMETRO, 2011). Essa prática incorreta, de lavagem dos tubos com água de torneira poderia diagnosticar o paciente em uma hipercalcemia, gerando, pelo menos, novos exames para descobrir a causa dessa “falsa” hipercalcemia que poderia ser desde um distúrbio da paratireóide ou uma insuficiência renal (SALVARO et al., 2023), e até mesmo câncer (OLIVEIRA et al., 2024). Isso comparando uma “simples” lavagem de vidraria feita de forma errada. Por isso, para cada finalidade da água deve-se ter tratamento adequado para garantir a qualidade desta e de todas as etapas e aplicações a que ela se destina, principalmente, nas análises clínicas. A água é essencial para diversos fins, incluindo laboratoriais. É necessário que ela passe por procedimentos de purificação para remover impurezas e torná-la adequada para uso em soluções e experimentos. Esse processo garante a qualidade e segurança da água utilizada. Segundo a farmacopéia brasileira são considerados como água para uso farmacêutico os diversos tipos de água empregados na síntese de fármacos; na formulação e produção de medicamentos; em laboratórios de ensaios; diagnósticos e demais aplicações, relacionadas à área da saúde, inclusive como principal componente na limpeza de utensílios, equipamentos e sistemas. A água reagente pura é fundamental para várias aplicações em laboratórios, como produção de medicamentos e calibração de equipamentos. Existem diferentes tipos de água, a água potável serve como base para qualquer processo de purificação de água para uso farmacêutico, sendo empregada em procedimentos de limpeza e obtenção de 3 água mais pura. A água purificada é obtida a partir da água potável é utilizada como excipiente em formas farmacêuticas não parenterais, preparo de soluções e em análises menos exigentes. Já a água ultrapurificada é ideal para aplicações mais exigentes em laboratórios de ensaios, garantindo máxima precisão e exatidão. Por fim, a água para injetáveis é utilizada na preparação de produtos parenterais, requerendo um processo de purificação específico para garantir sua qualidade. Todas essas águas possuem características de pureza diferentes e aplicações específicas na indústria farmacêutica. Para garantir a pureza da água,é necessário alguns métodos de purificação supervisionados por associações governamentais e públicas, como ANVISA, ASTM, USP, ACS, BSI, ISO, CAP, CLSI e OMS, conforme Cruz (2016) e Mendes et al. (2011). Normas, padronização e métodos de purificação são essenciais para obter água reagente de alta precisão. Os principais métodos incluem destilação, osmose reversa, deionização e filtração, garantindo eficiência e pureza. A destilação separa misturas sólido-líquido através de mudanças de fases, removendo contaminantes. Osmose reversa utiliza membranas para reter partículas e bactérias, equalizando concentrações. Deionização remove íons inorgânicos por troca com resinas carregadas eletricamente, enquanto a desmineralização remove íons dissolvidos seletivamente. A filtração também é usada como pré-tratamento, retendo partículas contaminantes. A água de laboratório deve ser quimicamente purificada, classificada em diferentes tipos e usada imediatamente após o processo de purificação para evitar a contaminação. É fundamental seguir essas diretrizes para garantir a qualidade da água reagente utilizada em experimentos laboratoriais. Água reagente Tipo I é a mais pura, ideal para análises precisas. Não deve ser estocada. Água reagente Tipo II é de uso geral, precisa ser esterilizada antes de usar. Água reagente Tipo III é usada para remover contaminantes, requer controle microbiológico rigoroso. A formação de biofilme nas tubulações exige técnicas de espalhamento em placa ou membrana para filtrar microrganismos. O controle físico-químico é feito através da análise de pH, cloro, substâncias orgânicas totais, condutividade, dureza, flúor, cálcio, magnésio, sódio, cobre, selênio, potássio, pirogênicos e microrganismos. O pH varia de 0 a 14, sendo ácido abaixo de 7, básico acima de 7 é neutro em 7. O cloro é um potente bactericida usado no tratamento da água potável fornecida pelas cidades.A sílica é o óxido de silício, presente na água como silicato, que pode aumentar a condutividade da água. Materiais orgânicos, como o 4 carbono, interferem na água reagente atuando nas trocas iônicas. Esses materiais podem ser de origem vegetal ou animal, produzidos no ambiente aquático ou transportados para lá.O nitrogênio e o fósforo são nutrientes ligados a esteambiente, eles estão relacionados com a produção de algas e vegetais superiores (LABORCLIN, 2019). A condutividade da água está relacionada à quantidade de íons presentes, influenciando sua capacidade de conduzir corrente elétrica. Já a dureza pode ser temporária ou permanente e exige análise de um condutivímetro. A dureza da água pode ser temporária, devido ao bicarbonato de cálcio e magnésio, ou permanente, causada pelos cloretos e sulfatos. Ambas afetam a manutenção dos aparelhos, pois os compostos podem se acumular nas paredes, entupir tubulações e prejudicar análises devido à água com alta dureza. (SILVA; SOUZA, 2013). Em situações laboratoriais, é fundamental manter a integridade do trabalho e resolver rapidamente qualquer problema relacionado a contaminantes na água reagente. Para garantir a qualidade da água, é essencial utilizar instrumentos como peagâmetro e condutivímetro, além de realizar testes indicativos para detectar possíveis desvios de qualidade. A manutenção da qualidade da água em todo o percurso, incluindo o armazenamento em caixas d'água, é fundamental para garantir sua utilização em situações críticas. A limpeza dos reservatórios deve seguir as normas estabelecidas, utilizando produtos biodegradáveis e evitando o uso de cloro, que pode gerar subprodutos prejudiciais à saúde e ao meio ambiente. É importante garantir também que as tubulações estejam livres de microrganismos patogênicos e biofilmes. A legislação brasileira sobre o uso de água em laboratórios é regulada por várias instituições, como o CONAMA, ANVISA, ABNT, e legislações estaduais e municipais. O CONAMA estabelece critérios para a qualidade da água, enquanto a ANVISA regula a qualidade da água para consumo humano e para uso em laboratórios de análises clínicas e farmacêuticas. As normas da ABNT, como a NBR 13969, tratam da qualidade da água para uso em laboratórios. As Boas Práticas de Laboratório (BPL) também fornecem diretrizes sobre a gestão e qualidade da água utilizada. Recomenda-se consultar a legislação específica do estado ou município, em conjunto com as normas aplicáveis ao tipo de laboratório em questão. A deposição de partículas e incrustações nas superfícies internas dos reservatórios pode contribuir para a propagação de microrganismos patogênicos, comprometendo a qualidade da água. Portanto, é essencial pesquisar e implementar métodos adequados para manter a qualidade da água e garantir condições ideais para o funcionamento do laboratório e equipamentos. 5 A forma correta de armazenar a água é em um local fresco, seco e bem ventilado, longe de fontes de calor e luz solar direta, bem como de produtos químicos que possam reagir com ela. Use EPIs adequados ao manusear a água reagente e tenha um plano de emergência em caso de acidentes. Monitore regularmente os recipientes e o ambiente de armazenamento e siga as regulamentações locais para descartar a água reagente quando não for mais necessária. Estas diretrizes garantem a segurança e eficácia no armazenamento da água reagente. As principais cepas de bactérias encontradas em análises de água são Alcaligenes, Pseudomonas, Escherichia, Flavobacterium, Klebsiella, Enterobacter, Aeromonas e Acinetobacter. É importante evitar estocagem para evitar contaminações. Para armazenar água reagente com segurança, é importante seguir algumas diretrizes específicas. Escolha recipientes de materiais compatíveis, como vidro ou plástico, e evite metais que possam reagir com a água. Rotule os recipientes de forma clara, indicando o conteúdo, data de armazenamento e possíveis riscos. CONCLUSÃO As águas de uso em laboratórios de análises clínicas desempenham um papel fundamental na realização de diagnósticos precisos e confiáveis. A qualidade da água utilizada em diversas etapas dos processos laboratoriais é crucial, uma vez que qualquer contaminação ou impureza pode comprometer os resultados dos testes e, consequentemente, a saúde dos pacientes. Dentre os diferentes tipos de água, a água reagente se destaca por suas características específicas, que a tornam indispensável em protocolos analíticos. Essa água deve ser de alta pureza, livre de contaminantes químicos, biológicos e físicos, garantindo que os reagentes e amostras testados não sejam alterados por impurezas. A água reagente é essencial para a preparação de soluções, diluições, lavagens de materiais e na execução de testes que requerem precisão. Além de sua função como solvente, a água reagente também tem um impacto significativo na qualidade do controle de qualidade laboratorial. Protocolos rigorosos de validação e monitoramento são necessários para assegurar que a água utilizada atenda aos padrões exigidos pelas normas de qualidade, como as estabelecidas pela ISO e pela ANVISA. Em suma, a qualidade da água utilizada em laboratórios de análises clínicas, especialmente a água reagente, é um fator determinante para a confiabilidade dos 6 resultados laboratoriais. Investir em sistemas de purificação e controle rigoroso do uso da água é essencial para assegurar a excelência nos serviços prestados e, consequentemente, um diagnóstico mais assertivo, que é vital para o tratamento e acompanhamento da saúde dos pacientes. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7 A Água como Reagente - Labtest Diagnóstica. Labtest Diagnóstica, 7 ago. 2021. Disponível em: . Acesso em: 2 dez. 2024 Água de uso farmacêutico. Disponível em: . Acesso em: 2 dez. 2024. BRASIL; Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO). Coordenação Geral de Acreditação. Orientação para a acreditação de laboratórios na área de volume: documento de caráter orientativo. 2011. Disponível em: http://www.inmetro.gov.br/Sidoq/Arquivos/Cgcre/DOQ/DOQ- CAMPOS, M. L.; SOUSA, T. J.** (2020). *Análise da Qualidade da Água em Laboratórios de Pesquisa: Métodos e Normas*. Belo Horizonte: Editora UFMG. Cgcre-27_01.pdf. Acesso em: 27 de novembro de 2024. 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