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________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 1 1ª. Parte Diagramas de Equilíbrio de Ligas Binárias ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 2 Diagrama de fases Introdução: Fase: num material é uma região que difere da outra, no que se refere a estrutura e composição. Diagramas de fases: representações gráficas que indicam, para diferentes temperaturas, pressões e composições, quais as fases presentes num sistema material. Oparte dos diagramas de fases são construídos admitindo condições de equilíbrio e são utilizados pelos engenheiros e cientistas para compreender e prever muitos aspectos do comportamento dos materiais. A partir dos diagramas de fases, podem obter-se informações importantes, tais como: 1. Mostrar, em condições de arrefecimento lento (equilíbrio), quais as fases presentes para diferentes composições e temperaturas. 2. Indicar, em condições de equilíbrio, a solubilidade no estado sólido de um elemento (ou composto) em outro. 3. Indicar a temperatura à qual uma liga, arrefecida em condições de equilíbrio, começa a solidificar, assim como o intervalo de temperaturas em que a solidificação ocorre. 4. Indicar a temperatura à qual as diferentes fases começam a fundir. Os diagramas de equilíbrio de fases são determinados em condições de arrefecimentos lento. Na maioria dos casos o equilíbrio é quase atingido, mas nunca completamente. Um exemplo familiar de duas fases de uma substancia pura em equilíbrio, é o de um copo de água com cubos de gelo. Neste caso, a água solida e água líquida constituem duas fases distintas, que estão separadas por um limite ou fronteira de fase que é a superfície dos cubos de gelo. ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 3 Sistemas Binários Isomorfos Consideremos, em lugar de substâncias puras, uma mistura ou liga de dois metais. Uma mistura de dois metais é designada por liga binária e constitui um sistema com dois componentes, já que cada um dos elementos metálicos da liga é considerado um componente distinto. Assim, o cobre puro constitui um sistema com um só componente, enquanto que uma liga de cobre e níquel constitui um sistema com dois componentes. Por vezes, um composto também é considerado um componente numa liga. Por exemplo, os aços-carbono contendo principalmente ferro e carbeto de ferro são considerados sistemas com dois componentes. Em alguns sistemas metálicos binários, os dois elementos são completamente solúveis um no outro, quer no estado líquido, quer no estado sólido. Nestes sistemas, existem apenas uma única estrutura cristalina qualquer que seja a composição e, por esta razão, são designados sistemas isomorfos. Para que dois elementos tenham solubilidade total no estado sólido, têm de verificar-se uma ou mais das seguintes condições, formuladas por Hume-Rothery, e conhecidas por regras de Hume-Rothery para a solubilidade no estado sólido: ? A estrutura cristalina dos dois elementos da solução sólida deve ser a mesma. ? Os tamanhos dos átomos de cada um dos dois elementos não devem diferir mais do que 15%. ? Os elementos não devem formar compostos, isto é, as electronegatividades dos dois elementos não devem será apreciavelmente diferentes. ? Os elementos devem ter a mesma valência. Nem sempre todas as regras de Hume-Rothery são aplicáveis a todos os pares de elementos que apresentam solubilidade total no estado sólido. Um ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 4 exemplo importante de um sistema binário isomorfo é o sistema cobre-níquel. Na fig.1, mostra-se o diagrama de fases deste sistema, com a temperatura no eixo das ordenadas e a composição química, em percentagem em peso ou percentagem ponderal (% pond.), no eixo das abcissas. Este diagrama foi determinado à pressão atmosférica, em arrefecimento lento, ou seja em condições de equilíbrio, e não se aplica a ligas arrefecidas rapidamente no intervalo da temperatura de solidificação. A região acima da linha superior do diagrama, designada por liquidas, corresponde à região de estabilidade da fase líquida, e a região abaixo da linha inferior, designada por solidus, representa a região de estabilidade da fase sólida. A área entre o liquidus e o solidus representa urna região bifásica, na qual coexistem as fases líquida e sólida. Para localizar um ponto na região monofásica do diagrama de fases correspondente à solução sólida α, tem de se especificar quer a temperatura, quer a composição da liga. Por exemplo, a temperatura 1050ºC e 20% Ni especifica o ponto a no diagrama de fases Cu—Ni da fig. 1 A esta temperatura e composição, a microestrutura da solução sólida a é idêntica à do metal puro. Isto é, utilizando o microscopio óptico, a única coisa que se observa são os limites de grão. Contudo, como a liga é uma solução sólida com 20% Ni em cobre, terá resistência mecânica e resistividade eléctrica superiores às do cobre puro. ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 5 FIGURA 1 Diagrama de fases cobre-níquel. O cobre e o níquel têm solubilidade total no estado líquido e no estado sólido. As soluções sólidas cobre-níquel fundem num intervalo de temperaturas, em vez de fundirem a uma determinada temperatura como, acontece no caso dos metais puros. Na região entre as linhas liquidus e solidus coexistem as fases líquida e sólida. A quantidade de cada uma das fases presentes depende da temperatura e da composição química da liga. Consideremos uma liga com 53% pond. Ni-47% pond. Cu a 1300ºC. Dado que, a 1300ºC, esta liga contém as fases líquida e sólida, nenhuma destas fases pode ter a composição média de 53% Ni-47% Cu. A 13000C, as composições das fases líquida e sólida podem ser determinadas, traçando uma linha conjugada horizontal a esta temperatura entre as linhas liquidus e solidus e, em seguida, traçando linhas verticais até ao eixo horizontal das composições. A 13000C, a composição da fase líquida (wL) é 45% pond. Ni e a composição da fase sólida (wS) é 58% pond. Ni, conforme indicado pelos pontos de intersecção das linhas verticais tracejadas com o eixo das composições.Os diagramas de equilíbrio de fases de sistemas binários em que os componentes são completamente solúveis um no outro no estado sólido, podem ser construídos a partir de um conjunto de curvas de arrefecimento líquido-sólido, conforme se mostra na fig. 2 para o sistema Cu—Ni. ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba6 FIGURA 2 Construção do diagrama de equilíbrio de fases Cu—Ni, a partir de curvas de arrefecimento líquido-sólido. (a) Curvas de arrefecimento, (b) diagrama de equilíbrio de fases. As curvas de arrefecimento para os metais puros apresentam, à temperatura de solidificação, patamares horizontais, como aparece ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 7 representado na fig. 2a pelos traços AB e CD para o cobre e o níquel puros. As curvas de arrefecimento de soluções sólidas binárias apresentam variações de declive nos pontos correspondentes às linhas liquidus e solidus, conforme se mostra na fig. 2a para as composições 80% Cu—20% Ni, 50% Cu—50% Ni e 20% Cu—80% Ni. As variações de declive em L1, L2 e L.3 da fig. 2a correspondem aos pontos L1, L2 L3 da linha liquidus da fig. 2b. De igual modo, as variações de declive em S1,S2 S3 da fig. 2a correspondem aos pontos S1, S2 eS3 sobre a linha solidus da fig. 2b. Pode obter-se uma maior precisão na construção do diagrama de fases Cu—Ni, considerando mais curvas de arrefecimento correspondentes a ligas com composições intermédias. REGRA DA ALAVANCA Em qualquer região bifásica de um diagrama de fases binário, as percentagens ponderais de cada uma das fases podem ser determinadas utilizando a regra da alavanca. Por exemplo, utilizando a regra da alavanca, podem determinar- se as percentagens ponderais das fases líquida e sólida presentes numa liga com uma determinada composição e a uma determinada temperatura, na região bifásica “líquido mais sólido” (líquido±sólido) do diagrama de fases cobre-níquel da fig. 1 Para deduzir as equações correspondentes à regra da alavanca, consideremos o diagrama binário de equilíbrio de fases, de dois elementos A e B que são completamente solúveis um no outro, conforme se mostra na fig. 3. Designemos por x a composição da liga e por w0 a fração em peso de B em A na liga. Consideremos a temperatura T e tracemos, a esta temperatura, a linha conjugada entre as linhas liquidus e solidus (linha LS). A temperatura T, a liga x é constituída por uma ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 8 mistura de líquido, cuja fração ponderal de B é wL, e de sólido, cuja fração ponderal de B é wS. Podem deduzir-se as equações correspondentes `a regra da alavanca a partir de balanços mássicos. Uma das equações para a dedução da regra da alavanca é obtida a partir da soma da fração ponderal da fase líquida, XL, com a fração ponderal da fase so;ida, XS, soma essa que tem de ser igual a 1. Assim: XL+XS=1 XL=1 - XS Xs=1 - XL A segunda equação para a dedução da regra da alavanca é obtida pelo balanço mássico de B na liga como um todo e da soma de B nas duas fases. Consideremos 1 g de liga e façamos o seu balanço mássico: Gramas de B = gramas de B + gramas de B na mistura bifásica na fase líquida na fase sólida ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 9 ( )( ) 100 %11 0wg = ( )( ) 100 %1 11 wXg + ( )( ) 100 %1 SS wXg Legenda: (1g) (1) = fração ponderal da mistura de fases 100 %0w = fração ponderal média de B na mistura de fases (1g) (XL) = fração ponderal da fase líquida 100 %Lw = fração ponderal de B na fase líquida (1g) (XS) = fração ponderal da fase sólida 100 %Sw = fração ponderal de B na fase sólida Combinando: SSLL wXwXw +=0 SL XX −=1 Obtem-se: ( ) SSLS wXwXw +−= 10 Reordenando: LLSSS wwwXwX −=− 0 Fracção ponderal de fase sólida: LS L S ww wwX − −= 0 (1) Do mesmo modo para a fase líquida: LS S L ww wwX − −= 0 (2) As equações (1) e (2) são as equações da regra da alavanca. As equações da regra da alavanca estabelecem que, numa mistura bifásica, para calcular a fração em peso de uma fase, devemos utilizar o segmento da linha conjugada no lado oposto da liga e que está mais afastado da fase cuja fração em peso se ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 10 pretende determinar. O quociente entre esse segmento da linha conjugada é a linha conjugada total dá a fração em peso da fase. Assim, na Fig. 3, a fração em peso da fase líquida é dada pelo quociente OS/LS e a fração em peso da fase sólida é dada pelo quociente LO/LS. As frações ponderais podem ser convertidas em percentagens ponderais multiplicando por 100. L O S wL w0 wS ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 11 Estudo do Resfriamento de ligas: Eutéticas, Hipoeuteticas e Hipereutéticas Sistema Eutético ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 12 ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 13 Resfriamento da liga Eutética para o gráfico em anexo.(Composição da liga 45%Y) T1⇒ 100%L ; L{45%Y e 28%X} T2⇒ Ocorrendo a solidificação ( duas fases) T3⇒ 100%S ⇒ PN= 100% PE 100%S ⇒ PT= X + Y 100%X liga 100%Y 0 45 100 → % Y =−= 100 100 45100% xX 55 == 100 100 45% xY 45 ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 14 Resfriamento da Liga Hipoeutética para o gráfico em anexo( Composição daliga 15%Y) T1⇒ 100%L ; L{15%Y e 85%X} T2⇒ ≈ 100%L ; L{15%Y e 85%X} 1º. sólido ⇒ 100%X T3⇒ Ocorrendo a solidificação ( duas fases) 100%S(X) liga 100%L 0 15 29 → %Y =− −= 100 029 015% xL 52 L{29%Y;71%X} =− −= 100 029 1529% xS 48 S{100%X} T4⇒ ≈ 100%S e último líquido ⇒ LE ⇒ L{45%Y e 55%X} T5⇒ 100%S ⇒ PN= X + PE 100%X liga 100%PE 0 15 45 → %Y =− −= 100 045 015% xPE 33,33 =− −= 100 045 1545% xX 66,67 100%S ⇒ PT= X + Y 100%X liga 100%Y 0 15 100 → %Y ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 15 =− −= 100 0100 15100% xX 85 =− −= 100 0100 015% xY 15 Resfriamento da Liga Hipereutética para o gráfico em anexo( Composição da liga 80%Y) T1⇒ 100%L ; L{80%Y e 20%X} T2⇒ ≈ 100%L ; L{80%Y e 20%X} 1º. sólido ⇒ 100% Y ; T3⇒ Ocorrendo a solidificação ( duas fases) 100%L liga 100%S 56 80 100 → %Y =− −= 100 56100 80100% xL 45,5 L{56%Y;44%X} =− −= 100 56100 5680% xS 54,5 S{100%Y} T4⇒ ≈ 100%S e último líquido ⇒ LE ⇒ L{45%Y e 55%X} T5⇒ 100%S ⇒ PN= PE +Y 100%PE liga 100%Y 45 80 100 → %Y =− −= 100 45100 80100% xPE 36,4 =− −= 100 45100 4580% xY 63,6 100%S ⇒ PT= X + Y 100%X liga 100%Y ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 16 0 80 100 → %Y =− −= 100 0100 80100% xX 20 =− −= 100 0100 080% xY 80 Observações: Produto Normal: Liga Eutética = 100% PE PE = forma combinada de X + Y Liga Hipoeutética = X + PE PE = forma combinada de X + Y Liga Hipereutética = PE+ Y PE = forma combinada de X + Y Produto Total = PT PT = X + Y ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 17 Estudo do Resfriamento de ligas: Eutéticas,Hipoeuteticas e Hipereutéticas Sistema com Solubilidade Parcial ________________________________________________________Materiais para Construção Mecânica II – Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 18 Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 19 Resfriamento da liga Eutética para o gráfico em anexo.(Composição da liga 72%B) T1⇒ 100%L ; L{72%B e 28%A} T2⇒ Ocorrendo a solidificação ( duas fases) T3⇒ 100%S ⇒ PN= 100% PE 100%S ⇒ PT= α + β 100%α liga 100%β 06 72 93 → % B =− −= 100 0693 7293% xα 24 α{06%B; 94%A} =− −= 100 0693 0672% xβ 76 β{93%B; 07%A} T4⇒ 100%S ⇒ PN= 100% PE 100%S ⇒ PT= α + β 100%α liga 100%β 04 72 95 → % B =− −= 100 0495 7295% xα 25,3 α{04%B; 96%A} =− −= 100 0495 0472% xβ 74,7 β{95%B; 05%A} Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 20 T5⇒ 100%S ⇒ PN= 100% PE 100%S ⇒ PT= α + β 100%α liga 100%β 02 72 98 → % B =− −= 100 0298 7298% xα 27 α{02%B; 98%A} =− −= 100 0298 0272% xβ 73 β{98%B; 02%A} Resfriamento da Liga Hipoeutética para o gráfico em anexo( Composição da liga 30%B) T1⇒ 100%L ; L{30%B e 70%A} T2⇒ ≈ 100%L ; L{30%B e 70%A} 1º. sólido ⇒ 100%α ; α{03%B e 97%A} T3⇒ Ocorrendo a solidificação ( duas fases) 100%S(α) liga 100%L 06 30 56 → %B =− −= 100 0656 0630% xL 48 L{56%B;44%A} =− −= 100 0656 3056% xα 52 α{06%B; 94%A} T4⇒ ≈ 100%S Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 21 último líquido ⇒ LE ⇒ L{72%B e 28%A} T5⇒ 100%S ⇒ PN= α + PE 100%α liga 100%PE 06 30 72 → %B =− −= 100 0672 0630% xPE 36,5 PE{8,76%α e 27,74%β } Para a composição do Produto Eutético: 100%PE ⇒ 24%α e 76%β 36,5% PE⇒ 8,76%α(2) e 27,74%β =− −= 100 0672 3072% xα 63,64 (1) α{06%B;94%A} 100%S ⇒ PT= α + β 100%α liga 100%β 06 30 93 → %B =− −= 100 0693 3093% xα 72,41 α{06%B;94%A} =− −= 100 0693 0630% xβ 27,59 β{93%B;07%A} Confirmando para o produto total: αT = αLivre(1) + αCombinado(2) αT = 63,64 + 8,76 ⇒ 72,4 βT = βCombinado = 27,6 T6⇒100%S ⇒ PN= α + PE Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 22 100%α liga 100%PE 04 30 72 → %B =− −= 100 0472 0430% xPE 38,24 PE{9,67%α e 28,57%β} Para a composição do Produto Eutético: 100%PE ⇒ 25,3%α e 74,7%β 38,24% PE⇒ 9,67%α(2) e 28,57%β =− −= 100 0472 3072% xα 61,76 (1) α{04%B;96%A} 100%S ⇒ PT= α + β 100%α liga 100%β 04 30 95 → %B =− −= 100 0495 3095% xα 71,43 α{04%B;96%A} =− −= 100 0495 0430% xβ 28,57 β{95%B;05%A} Confirmando para o produto total: αT = αLivre(1) + αCombinado(2) αT = 61,76 + 9,67 ⇒ 71,43 βT = βCombinado = 28,57 T7⇒ 100%S ⇒ PN= α + PE Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 23 100%α liga 100%PE 02 30 72 → %B =− −= 100 0272 0230% xPE 40 PE{10,8%α e 29,2%β} Para a composição do Produto Eutético: 100%PE ⇒ 27%α e 73%β 40% PE⇒ 10,8%α(2) e 29,2%β =− −= 100 0272 3072% xα 60 (1) α{02%B;98%A} 100%S ⇒ PT= α + β 100%α liga 100%β 02 30 98 → %B =− −= 100 0298 3098% xα 70,83 α{02%B;98%A} =− −= 100 0298 0230% xβ 29,17 β{98%B;02%A} Confirmando para o produto total: αT = αLivre(1) + αCombinado(2) αT = 60 + 10,8 ⇒ 70,8 βT = βCombinado = 29,2 Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 24 Resfriamento da Liga Hipereutética para o gráfico em anexo( Composição da liga 85%B) T1⇒ 100%L ; L{85%B e 15%A} T2⇒ ≈ 100%L ; L{85%B e 15%A} 1º. sólido ⇒ 100% β ; β{95%B e 05%A} T3⇒ Ocorrendo a solidificação ( duas fases) 100%L liga 100%S(β) 80 85 94 → %B =− −= 100 8094 8594% xL 64,29 L{80%B;20%A} =− −= 100 8094 8085% xβ 35,71 β{94%B; 06%A} T4⇒ ≈ 100%S último líquido ⇒ LE ⇒ L{72%B e 28%A} T5⇒ 100%S ⇒ PN= PE +β 100%PE liga 100%β 72 85 93 → %B =− −= 100 7293 8593% xPE 38,09 PE{9,14α e 28,96%β } Para a composição do Produto Eutético: 100%PE ⇒ 24%α e 76%β 38,09%PE⇒9,14%α e 28,96%β(2) Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 25 =− −= 100 7293 7285% xβ 61,9 (1) β{93%B;07%A} 100%S ⇒ PT= α + β 100%α liga 100%β 06 85 93 → %B =− −= 100 0693 8593% xα 9,2 α{06%B;94%A} =− −= 100 0693 0685% xβ 90,8 β{93%B;07%A} Confirmando para o produto total: βT = βLivre(1) + βCombinado(2) βT = 61,9 + 28,96 ⇒ 90,8 αT = αCombinado = 9,2 T6⇒ 100%S ⇒ PN= PE +β 100%PE liga 100%β 72 85 95 → %B =− −= 100 7295 8595% xPE 43,48 PE{11%α e 32,48%β} =− −= 100 7295 7285% xβ 56,52 (1) β{95%B;05%A} Para a composição do Produto Eutético: 100%PE ⇒ 25,3%α e 74,7%β 43,48%PE⇒ 11%α e 32,48%β(2) 100%S ⇒ PT= α + β Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 26 100%α liga 100%β 04 85 95 → %B =− −= 100 0495 8595% xα 10,99 α{04%B;96%A} =− −= 100 0495 0485% xβ 89,01 β{95%B;05%A} Confirmando para o produto total: βT = βLivre + βCombinado βT = 56,52 + 32,48 βT = 89 αT = αCombinado(2) αT = 11 T7⇒ 100%S ⇒ PN= PE +β 100%PE liga 100%β 72 85 98 → %B =− −= 100 7298 8598% xPE 50 PE{13,5%α e 36,5%β} =− −= 100 7298 7285% xβ 50 (1) β{98%B;02%A} Para a composição do Produto Eutético: 100%PE ⇒ 27%α e 73%β 50% PE⇒ 13,5%α e 36,5%β(2) 100%S ⇒ PT= α + β 100%α liga 100%β Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 27 02 85 98 → %B =− −= 100 0298 8598% xα 13,54 α{02%B;98%A} =− −= 100 0298 0285% xβ 86,46 β{98%B;02%A} Confirmando para o produto total: βT = βLivre + βCombinado βT = 50 + 36,5 βT = 86,5 αT = αCombinado(2) αT = 13,5 Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 28 2ª.PARTE AÇOS COMUNS RESFRIADOS LENTAMENTE O SISTEMA FERRO-CARBONO Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 29 1.1 O ELEMENTO FERRO O ferro apresenta as seguintes transformações (Fig.1.1) Fig. 1.1 – Mudanças de fase do ferro puro Observa-se que o ferro sólido, ao ser aquecido a partir da temperatura ambiente, muda a sua estrutura de cúbica de corpo centrado (CCC) para cúbica deface (CFC) a 911ºC. Continuando o aquecimento , a 1400ºC, o ferro muda novamente de estrutura, passando de CFC para CCC (figs. 1.2 e 1.3). Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 30 Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 31 Para se medir a densidade volumétrica da célula unitária, ou seja, a porcentagem do volume da célula que é efetivamente ocupada pelos átomos, utiliza-se o fator de empocamento (F.E.) : F.E. = n Va / Vc onde : n = número de átomos inteiros dentro da célula Va = número do átomo ( = 4/3 π r3) Vc = número da célula (= a3 no caso de células cúbicas). Calculando-se o fator de empacotamento para estruturas cúbicas encontra-se: Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 32 F.ECCC = 0,68 F.ECFC = 0,74 ou seja, na estrutura de corpo centrado 68% do volume é ocupado por átomos, e na estrutura cúbica de face centrada 74% do volume da mesma é ocupado por átomos, sendo o restante vazio. 1.2 SOLUÇÕES SÓLIDAS DE FERRO Quando dois metais se misturam para formar uma solução sólida, os átomos do soluto podem substituir uma fração dos átomos da matriz (solução sólida substitucional), Fig. 1.5, ou se alojar nos espaços vazios da matriz (solução sólida intersticial), Fig. 1.6. Para que uma solução sólida substitucional seja formada, além de compatibilidade eletro-químico é necessário que o tamanho dos átomos do soluto seja próximo do tamanho dos átomos da matriz (mais ou menos 15% de variação no raio ou diâmetro atômico. O ferro apresenta vãos octaédricos e tetraédricos em suas estruturas CCC e CFC (Figs. 1.7 e 1.8). Para elementos de estrutura de cúbica, como o ferro, as relações entre o raio (r) do átomo que se alojaria num vão tetraédrico ou octaédrico e o raio (R) da matriz são apresentadas na Tabela 1.1 : Estrutura Relação r R F.E Octaédrico Tetraédrico CFC 0,414 0,225 0,74 CCC 0,154 0,291 0,68 Tabela 1.1 -Relações entre o raio do átomo intersticial ( r ) e o raio do átomo de matrizes ( R ) com estrutura cúbica. Pela Tabela 1.1 observa-se que além da estrutura CFC ser mais compacta que CCC, ela apresenta vãos maiores, embora, obviamente, em menor número. Antes de analisarmos o diagrama Fe-C, vamos comparar o tamanho do átomo de carbono com os interstícios da matriz de ferro (Tabela 1.2). Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 33 Ferro Carbono Intersticial Substitucional Temperatu ra ºC Estrutura Raio Fe 0 A Raio do vão Octaédric o 0 A Raio do vão Tetraédrico 0 A ±15% do raio do Fe 0 A Raio do Carbono 0 A a 15º C (grafite) 500 CCC 1,25 0,19 0,36 1,06- 1,44 0,71 1000 CFC 1,29 0,53 0,29 1,10- 1,48 Tabela 1.2 - Comparação entre o raio atômico do carbono e os vãos da estrutura do ferro. Dados do ferro calculados a partir da Fig. 1.4, equações (1.a) e (1.b) e Tabela 1.1 . A análise da Tabela 1.2 indica que : a) O carbono não forma solução sólida substitucional com o ferro . b) O raio atômico do carbono é maior que o maior raio do vão octaedrico da estrutura CFC. c) O raio atômico do carbono é muito maior que o maior raio do vão tetraédrico da estrutura CCC do ferro (≅ 0 71, e 0,36 oA , respectivamente), o que acarretará uma solubilidade quase nula do carbono no ferro α (máxima de 0,02% a 723ºC). Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 34 1.3 DIAGRAMA FERRO - GRAFITA A combinação do carbono e ferro, em equilíbrio termodinâmico, dará origem a diferentes fases para as diversas temperaturas avaliadas. Isto é indicado no diagrama de equilíbrio Fe-C (grafita) da Fig. 1.9 . Este diagrama, construído em escala logarítmica para concentrações, indica que na temperatura ambiente os constituintes do sistema Fe-C seriam ferrita ( α) e grafita. 1.4 DIAGRAMA FERRO - CEMENTITA Na produção industrial do aço, entretanto, a solidificação e o resfriamento são muito rápidos para que o equilíbrio termodinâmico seja alcançado. Ocorre, então, a formação de uma fase metaestável a Fe3C (cementita ou carboneto de ferro) no lugar da grafita. Embora essa fase seja termodinamicamente metaestável, em termos de aplicações práticas ela é Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 35 considerada estável, pois na temperatura ambiente, a difusão do carbono no ferro é muito baixa ( Dc = 2,9 x 10 –19 cm2/s), e a transformação de cementita em grafita é praticamente nula. O diagrama de fase (e não equilíbrio, como é erroneamente chamado) entre o ferro e a cementita é mostrado na Fig. 1.10. As fases que aparecem no diagrama da Fig. 1.10 são descritas a seguir: Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 36 Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 37 FERRITA (α) Solução sólida de carbono em ferro CCC, existente até a temperatura de 911ºC. Nesta faixa de temperatura, a solubilidade do carbono no ferro é muito baixa, chegando ao máximo de 0,022% a 723ºC. Na temperatura ambiente, a solubilidade máxima do carbono no ferro é de 0,008%. Assim, até 0,008% de carbono, o produto siderúrgico seria chamado de ferro comercialmente puro. AUSTENITA (γ) Solução sólida de carbono em ferro CFC, existindo entre as temperaturas de 911 e 1493ºC, e com solubilidade máxima de carbono no ferro de 2,05% a 1146ºC. O teor de carbono 2,05% é adotado como separação teórica entre os dois principais produtos siderúrgicos: Aços - teores de carbono menores que 2,05% Ferros Fundidos - teores de carbono maiores que 2,05% FERRITA (σ) Para pequenos teores de carbono, acima de 1400ºC, o ferro muda novamente para cúbico de corpo centrado, dando origem á ferrita σ, que é uma solução de carbono em ferro CCC, sendo estável até 1536ºC, quando o ferro se liqüefaz. Tendo o ferro uma estrutura CCC, a solubilidade do carbono é baixa, atingindo um máximo de 0,09% a 1493ºC. Os nomes de ferrita α e ferrita σ são usados para indicar a mesma solução sólida de carbono em ferro CCC, porém ocorrendo em diferentes faixas de temperatura. A solubilidade máxima de carbono na ferrita s é um pouco maior que na ferrita α (0,09 e 0,02%, respectivamente), devido ao fato de que a ferrita σ ocorre em temperatura maiores, onde a agitação térmica da matriz de ferro é também maior, favorecendo a maior dissolução do carbono.Quando não houver referência contrária, o termo ferrita, neste texto, subentenderá a ferrita α Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 38 CEMENTITA ( Fe3C) É um carboneto de ferro com estrutura ortorrômbica e de alta dureza. A cementita dá origem a um eutetóide de extrema importância no estudo dos aços- a perlita -, que será vista posteriormente, com mais detalhes. 1.5 PONTOS RELEVANTES DO DIAGRAMA FERRO-CEMENTITA Existem várias temperaturas e linhas de importância prática no diagrama de fase ferro-cementita LINHA A1 Indica a reação eutetóide γ → α + Fe3C, a 723ºC. A utilização da letra "A" para designar estas linhas foi primeiramente utilizada pelo francês Le Chatelier, e indica a ocorrência de uma parada (Arrêt) durante a transformação. Assim ao se resfriar um aço com 0,8% C, observa-se uma "parada" na temperatura de 723ºC, ou seja, enquanto a transformação γ→ α + Fe3C não se completar, a temperatura permanecerá invariante (Fig. 1.11) Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 39 LINHA A2 Transformação magnética do ferro CCC, ocorrendo a 769ºC (também chamada de temperatura CURIE da ferrita). Nesta temperatura o ferro muda de paramagnético para ferromagnético. LINHA A3 Temperatura de transformação γ → α . Para o ferro puro, ocorre a 911ºC. E a medida que o teor de carbono vai aumentando, a temperatura A3 vai diminuindo, até o limite de 723ºC, onde se encontra com A1. LINHA ACM Temperatura de transformação γ → Fe3C. Indica-se a 723ºC com 0,8%C e vai aumentando com elevação do teor de carbono, até atingir 1143ºC a 2,05% C. LINHA A4 Temperatura de transformação γ → σ. Indica-se a 1394ºC para o ferro puro e vai aumentando com adição de carbono no ferro, atingindo um máximo a 1493ºC com 0,17% C. LINHA LIQUIDUS Acima desta linha, todo o aço está na forma líquida. A temperatura na qual o aço começa a solidificar abaixa com aumento do teor de carbono, partindo de um máximo a 1536ºC no ferro puro, até atingir 1146ºC na liga Fe - 4,30%C. O aspecto tecnológico imediato que resulta desta observação é que é mais fácil fundir ferros fundidos do que aços, pois as temperaturas de fusão são menores. LINHA SOLIDUS Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 40 Abaixo desta linha todo o material estará no estado sólido. Na região entre as linhas Liquidus e Solidus haverá, no equilíbrio, a coexistência de fases sólidas e líquidas. Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 41 1.6 EFEITOS DO RESFRIAMENTO E AQUECIMENTO NAS LINHAS DE TRANSFORMAÇÃO No diagrama da Fig. 1.10, as transformações limitadas pelas linhas A1, A2, ACM etc. são supostas de ocorrer no equilíbrio. Nas condições industriais de processamento metalúrgico, estas transformações ocorrem fora do equilíbrio termodinâmico, e as linhas de transformações para aquecimento e resfriamento apresentam-se defasadas ( Fig. 1.12). Para as condições de equilíbrio utilizam-se as notações : A1,A2 etc., ou Ae1, Ae2 etc. Para aquecimento, utiliza-se Ac1, Ac2 etc., pois a sigla vem do francês ( c = “chauffage” = aquecimento). Para o resfriamento, utiliza-se Ar1 , Ar2 etc., que vem de “ refroidissement”. 1.7 REAÇÕES INVARIANTES Reações invariantes são as que ocorrem com temperatura constante ( Fig. 1.11). Algumas das comuns são indicadas na Fig. 1.13. Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 42 Uma reação invariante importante no estudo dos aços é a eutetóide, que ocorre a 723º C. Para um aço com 0,8% C, o produto formado é a perlita, que não é uma fase, mas uma mistura de duas fases - ferrita e cementita - com uma estrutura lamelar característica. Um aço com 0,8% C é chamado de eutetóide. Aços com menos 0,8% C são chamados hipoeutetóides e com mais de 0,8 % C são hipereutetóides. Embora a perlita não seja uma fase, e sim um constituinte, é possível interpretar o diagrama de fase Ferro-Cementita de modo a prever sua ocorrência e quantidade relativa na microestrutura. Assim, aços com menos de 0,8% C possuem ferrita e perlita em sua microestrutura; com 0,8% C, só perlita; e acima de 0,8% C, perlita e cementita ( Fig. 1.14). Isto, obviamente, se obtidos através de um resfriamento lento ( dentro do forno, por exemplo). Se o resfriamento for mais rápido (em óleo, em água etc.), aparecerão outras fases, metaestáveis, e que não são previstas pelo diagrama Ferro-Cementita. Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 43 Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 44 Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 45 1.8 OBSERVAÇÕES DA MICROESTRUTRA Para se observar as fases presentes em um aço, faz-se o polimento da amostra até que a mesma fique “ como espelho”, seguindo-se um ataque com reagentes químicos apropriado. Um dos reagentes químicos mais empregados para aços carbono é o NITAL, que consiste em uma mistura de 0,5 a 2% de ácido nítrico em álcool etílico. A amostra apenas polida e não atacada revela descontinuidades como trincas, poros, inclusões etc. Na amostra atacada quimicamente consegue-se observar tanto mas fases como sua distribuição, o que permite avaliar aspectos estruturais de fabricação ( regiões afetadas pelo calor da soldagem, linhas de deformação ocorridas no forjamento) e características como segregações etc. na Fig. 1.15 observa-se uma amostra de aço 1020 antes e depois do ataque químico. Nota-se que a peça possui inclusões; foi conformada por deformação (e não fundida); apresenta bandas de segregação de carbono; possui ferrita e perlita na estrutura; a granulação da mesma é fina ( grãos pequenos); e ainda que o teor de carbono do aço deve ser de 0,2 % ( o que será explicado no próximo item). Estas observações indicam a importância do exame metalográficos, pois um ensaio simples como este pode fornecer uma série de informações importantes sobre a estrutura e o processamento de uma determinada peça. Ainda na Fig. 1.15, observa-se que o ataque químico revela o contorno de grão da ferrita, e diferencia, por coloração, a ferrita da perlita. Com o NITAL, a ferrita aparece “branca” e a perlita “preta”, que não significa que este ataque químico tenha colorido de maneira distinta as duas fases, ou o contorno de grão da ferrita, mas sim que o reagente químico ataca mais uma fase do que outra, produzindo diferenças de altura em relação à superfície, e com isto refletindo mais ou menos luz para aocular do microscópio. No contorno de grão o processo é semelhante: como os contornos de grão são regiões mais desordenadas que as regiões centrais dos Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 46 mesmos, é mais fácil para o ácido remover os átomos do contorno, essa corrosão química mais profunda no contorno de grão formará uma região mais escura durante a observação no microscópio (Fig. 1.16). Na Fig. 1.17 observam-se aços hipoeutetóide, eutetóides e hipereutetóides. Deve-se notar que, com baixo aumento (100x), a perlita apresenta-se como uma massa escura homogênea. Porém, utilizando-se ampliações maiores, conseguimos notar que a mesma é formada por lamelas alternadas de ferrita e cementita. Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 47 1.19 DETERMINAÇÃO DA FRAÇÃO VOLUMÉTRICA DAS FASES Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 48 Quando um lingote de aço solidifica, observa-se pelo diagrama de fase que o mesmo sofre uma série de transformações, desde o estado líquido até a temperatura ambiente. Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 49 Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 50 Analisemos, como exemplo, no resfriamento de uma liga Fe-0,25% c a partir do seu estado líquido (1600ºC), até a temperatura ambiente ( Fig. 1.18). A análise desta figura indica que em duas ocasiões a liga é monofásica, ou seja, apresenta uma única fase (no estado líquido e no campo austenítico). Neste caso é obvio que a amostra tem 100% líquido ou 100% γ (austenita). Existem situações, entretanto, em que amostra se apresenta bifásica ( σ + L, L + γ, γ + α ,α + “P”). Nestes casos podemos calcular a fração volumétrica de cada fase utilizando a “regra da alavanca” (Fig. 1.19). Suponhamos que a liga apresente uma composição C0 (por ex. 0,25%C na liga Fe-C). na temperatura T1 a liga apresentará duas fases α e β , cujas frações volumétricas são dadas por: % * % * % % α β α β β β α α β α = −− = −− + = C C C C C C C C 0 0 100 100 100% Desta mesma forma, para um aço hipoeutetóide de composição C0, resfriado lentamente, a fração de ferrita livre (ou seja, somente os grãos isolados de ferrita, sem levar em conta a ferrita presente na perlita) seria dada por: % , , * , * % , * α α L L C ou C = − = − 0 8 0 8 0 008 100 1 0 8 100 0 0 e a quantidade de perlita seria dada por: Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 51 Assim, um aço com C0 = 0,2% apresentará aproximadamente 25% de perlita e 75% de ferrita . Um aço com 0,4% C apresentará, aproximadamente, 50% de perlita e 50% de ferrita. E um aço com 0,8 % C apresentará 100% de perlita e nenhuma ferrita. Então, se soubermos o teor de carbono do aço, podemos avaliar qual vai ser sua estrutura em termos de ferrita e perlita, desde que o mesmo seja resfriado lentamente. De maneira inversa, se avaliarmos através da microscópica seu teor de ferrita e perlita, poderemos estimar seu teor de carbono utilizando a equações acima. Por exemplo: ( ) % , , % P C ou C P = = 100 0 8 0 8 100 0 Assim, se microscopicamente observamos que aço tem 40% de perlita e 60% de ferrita, pela equação acima estimamos o seu teor de carbono em: ( ) CC C %3,0 %3,0 100 408,0 0 0 ≅ ≅= Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 52 1.10 EFEITO DA VELOCIDADE DE RESFRIAMENTO NA FRAÇÃO VOLUMÉTRICA DA FERRITA E PERLITA O teor de carbono do aço carbono só pode ser avaliado em função de suas áreas de ferrita e perlita se o resfriamento for muito lento (no forno, por exemplo). Se o resfriamento for mais rápido, mesmo que a microestrutura seja ainda de ferrita e perlita, a quantidade de ferrita será menor que prevista pelo diagrama de fase, pois a perlita começa a se formar antes de finalizar a formação da ferrita, interrompendo o seu processo de crescimento ( Figs. 1.20 a1.21). Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 53 1.11 EFEITO DOS ELEMENTOS DE LIGAS NOS AÇOS1.12 IMPUREZAS DOS AÇOS Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 54 Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 55 Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 56 Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 57 1.12 IMPUREZA DOS AÇOS Além dos elementos adicionados propositadamente na fabricação dos aços (elementos de liga), existem outros cuja introdução no aço é decorrente do processo de fabricação. Entre eles pode-se citar: P, S, Mn, Si , Al, N, O e H. Fósforo O fósforo dissolve-se na ferrita, endurecendo-a, ocasionando fragilidade a frio. Isto significa baixa resistência ao choque e baixa tenacidade, o que é acentuado pelo aumento da porcentagem de carbono. Além disto, é um dos responsáveis pelos fenômenos de fragilidade de revenido. Por isso o teor máximo deste elemento é rigorosamente controlado nos aços e situa-se entre 0,005 e 0,1%, dependendo da qualidade desejada e da aplicação a que se destina o aço. Embora o fósforo apresente algumas vantagens, como aumento da resistência ao desgaste e à corrosão, melhoria na usinabilidade dos aços de corte rápido e aumento na resistência mecânica, seus aspectos prejudiciais nos aços predominam, sendo ele considerado como uma impureza. Enxofre Quando ocorre a formação de FeS, o enxofre torna os aços frágeis durante os processos de trabalho a quente. O manganês, combinado-se com o enxofre, forma o sulfeto (MnS) e elimina este problema, desde que a relação Mn/S e teor máximo de S sejam adequadamente controlados. Em aços de corte rápido adiciona-se enxofre para formar, sob efeito do trabalho a quente, inclusões alongadas. Isso provoca o rompimento doscavacos na usinagem, prolongando a vida da ferramenta de corte. Silício Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 58 O silício é empregado durante a fabricação do aço como desoxidante. Além disto, aumenta a resistência da ferrita, sem sacrificar a ductilidade e a tenacidade, para porcentagens de até 1%. Na maioria dos aços, a porcentagem de silício chega até 0,3% no máximo. Manganês O manganês é utilizado para controlar os efeitos negativos do enxofre, formando inclusões de MnS, e como desoxidante. Para essas finalidades sua adição em geral é menor que 1%. Para aços estruturais, teores de até 1,5% são usuais. Alumínio É um dos mais efetivos agentes desoxidantes utilizados na fabricação dos aços. Através da formação do nitreto de alumínio, permite o controle do tamanho de grão, porém é necessário um controle rigoroso em sua dosagem, dado que o excesso deste nitreto pode fragilizar o aço. Estanho Sua presença se deve a chapas soldadas ou estanhadas na sucata, originando superfícies defeituosas e fragilidade no trabalho a quente. Nos aços temperados e revenidos o estanho contribui para fragilidade de revenido. O estanho tem os mesmos efeitos prejudiciais que o fósforo. Hidrogênio Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 59 Juntamente com o oxigênio e nitrogênio, o hidrogênio contamina o aço durante sua elaboração. Causa fragilização do aço. Pode ser eliminado através da desgaseificação. Oxigênio O oxigênio tem elevada solubilidade no aço líquido e baixíssima solubilidade no aço sólido. Esta diferença de solubilidade pode conduzir à precipitação de diferentes óxidos durante a solidificação. Quando o CO é formado durante a solidificação tem-se aços efervescentes ou semi- acalmados. Outros óxidos (alumina, silicatos etc.) terão influência como inclusões não-metálicas. Nitrogênio Forma nitretos quando combinados com alumínio, vanádio e cromo, conferindo ao aço uma elevada dureza e grande resistência ao desgaste. Também dissolve-se na ferrita endurecendo-a e pode formar o nitreto de ferro, que também provoca o endurecimento por precipitação. Contribui para a ocorrência de escoamento nítido, prejudicial para chapas para embutimento profundo. CLASSIFICAÇÃO E SELEÇÃO DE AÇOS AÇOS ESTRUTURAIS Vergalhões para concreto Os vergalhões para concreto armado são especificados segundo a norma NBR 7480, sendo designados CA xx, onde os dois algarismos representam o limite de escoamento mínimo, em Kgf/ mm2 ( ex.: CA-25, CA-50, etc.). Pertencem à duas classes: A- laminados a quente e B- encruados ( Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 60 aminados a frio ou torcidos). É importante notar que, enquanto os CA’s da classe A quando soldados não apresentam enfraquecimento, os aços encruados podem recristalizar e sofrer transformações, durante a soldagem, que reduzam seu limite de escoamento. Para concreto pretendido, a NBR 7482 designa os aços CO-xxx, onde os algarismos indicam o limite de ruptura em Kgf/ mm2, havendo 3 classes: A- laminados a quente, B- encruado e C- temperado. Novamente deve- se observar os possíveis efeitos negativos da soldagem nas classes B e C. É sempre recomendável, entretanto, quando se deseja soldar vergalhões, obter a composição química do material, para verificar sua soldabilidade. Chapas e Perfis Estruturais Chapas e perfis são, em geral, fornecidos pelas grandes siderúrgicas, ou fabricados ( no caso de perfis dobrados ou soldados) a partir de materiais desta procedência. Perfis são especificados de acordo com as normas NBR 7007 ( aços para perfis laminados...), NBR 6109 ( cantoneiras de abas iguais) e NBR 6352 (cantoneiras de abas desiguais), entre outras. No caso de perfis e chapas laminados, as grandes siderúrgicas os fornecem de diversas resistências. É importante ter-se em mente que plasticidade para conformação a frio é uma propriedade que merece cuidados especiais. Sempre que se desejar aço estrutural para posteriores dobramentos, é conveniente contactar o fornecedor, verificando especialmente a adequação do material à operação desejada. É importante especificar também o sentido do dobramento- longitudinal ou transversal - de vez que a anisotropia destes materiais é bastante elevada, em decorrência do próprio processo de elaboração. É conveniente, em casos de dúvida, conduzir-se testes. No caso de perfis fabricados(soldados ou dobrados), é necessário certificar-se da capacidade desejado, seus métodos de inspeção, etc. Novamente, neste caso, é necessário que o projetista mantenha alerta seu bom senso. Em aplicações de pouca importância, onde o custo é o fator dominante, não há sentido em se exigir inspeção das soldas, por exemplo. Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 61 AÇOS DE ALTA RESISTÊNCIA E BAIXA LIGA (ARBL) A classificação de aços como de “Alta resistência e baixa liga” é bastante genérica e freqüentemente, conduz z mal entendidos. Há uma superposição natural entre o conceito de aços ARBL e classificações baseadas no emprego, isto é, aços ARBL são empregados como aços estruturais, aços para embutimento, aços para tubulações, vasos de pressão, etc. Além disto, alguns destes aços têm sido agrupados em famílias em função de alguma características comum, como: aços bi-fásicos (dualphase), aços de perlita-reduzida (reducerd-pearlite), aços laminados controladamente, aços “spray-quenched”,etc. Evidentemente, todas as classificações ou agrupamentos são válidos ou úteis dentro de determinadas condições; é importante , entretanto, não se deixar confundir pelas diversas nomenclaturas, pois assim como o próprio “nome” dado ao aço, elas não podem alterar suas propriedades e características. Estas decorrem, fundamentalmente, de sua composição química, processamento e, conseqüentemente, estrutura (macro e micro), e não dependem da “etiqueta” que se coloca no produto. As últimas décadas viram grandes desenvolvimentos na tecnologia dos aços ARBL (ou HSLA, em inglês). estes desenvolvimentos foram baseados, em sua maioria, na compreensão da correlação entre propriedades e microestrutura. Historicamente, pontos notáveis da evolução destes aços, segundo Pickering, são: Inicialmente, o projeto de estruturas era baseado no limite de ruptura e o carbono era principal elemento de liga. Apesar do baixo custo, tenacidade e soldabilidade eram baixas. O advento da soldagem exigiu a redução do teor de carbono. para manter a resistência, o teor de manganês foi aumentado. Falhas catastróficas de estruturas soldadas levaram ao reconhecimento da importância do controle da tenacidade. Ao mesmo tempo, os critérios de projetos passaram a dar mais importância ao limite de escoamento. O teor de Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 62 C foi reduzido ainda mais, mantendo-seo teor de Mn elevado. A importância do tamanho de grão na resistência e tenacidade foi reconhecida. Aços de grão-fino (condições de AIN, por exemplo) foram desenvolvidos. As vantagens associadas as estas adições são obtidas na condição normalizada. Limites de escoamento da ordem de 300 Mpa e temperaturas de transição abaixo de 0ºC foram obtidos. Aumentos adicionais no limite de escoamento passaram a ser obtidos nos aços de grão-fino, através de endurecimento por precipitação ( Carbetos de vanádio, nióbio e titânio). Posteriormente, o reconhecimento da importância do tamanho de grão na resistência e na tenacidade levou à pesquisa de meios de se obter grãos cada vez mais finos. Um processo que permita obter, durante a laminação, austenita de grão fino e, eventualmente, encruada, favorece, naturalmente, a nucleação de ferrita no resfriamento e resulta em microestruturas de grão extremamente fino. Para se atingir estas condições, tratamentos termomecânicos em que deformações significativas são realizadas a temperaturas inferiores à temperatura de recristalização do material, são necessários. Devido à baixa temperatura de recristalização dos aços C-Mn, para estes aços isto só é possível com laminadores de alta potência. Uma alternativa é o uso de elementos microligantes, como o Nb que, dissolvido na austenita ou precipitados como carbonitretos, aumentam a temperatura de recristalização, retardam o crescimento do grão austenítico. Tais tratamentos termomecânicos permitem o aproveitamento máximo dos elementos de liga e (ou) micro liga e, corretamente empregados, conduzem a excelentes combinações de propriedades mecânicas e tecnológicas. Aços assim produzidos vêm sendo extensivamente utilizados em diversas aplicações, como tubulações (oleodutos, gaseodutos) construção naval, vasos de pressão, etc). AÇOS PARA EMBUTIMENTO E ESTAMPAGEM Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 63 Estas operações de conformação a frio podem variar grandemente em severidade, desde um dobramento com raio várias vezes superior à espessura da chapa até embutimentos complexos, com repuxamentos severos, como no caso diversas peças de carrocerias de automóveis. Além disto, dependendo do acabamento desejado na peça, estrias e outros defeitos superficiais podem não ser aceitáveis. Associa-se a estas operações graus de severidade, enquanto as siderúrgicas fornecem chapas em grupos de diferentes resistências ao embutimento. Apesar de diversos testes para determinar o grau de estampabilidade serem aceitáveis pelo material ( Ex.: Testes de Copo: Olsen, Erichsen), é bastante difícil correlacionar a severidade do teste com a severidade da operação. Em geral, a seleção pode ser baseada na experiência do projetista, seguida de testes visando determinar o material de custo mínimo capaz de aceitar a deformação do processo. Adicionalmente, o desenvolvimento de conceitos como o Diagrama Limite de Conformação vem permitindo uma análise mais sistemática destas operações e uma melhor caracterização do comportamento do material. AÇOS PARA CONSTRUÇÃO MECÂNICA Enquanto aços estruturais são normalmente fornecidos para atender a requisitos mecânicos ( com alguns limites de composição química com vistas a soldabilidade, por exemplo), aços para construção mecânica são usualmente fornecidos para atender faixas de composição química. O SISTEMA ABNT Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 64 O sistema de classificação de aços empregados pela ABNT (NBR 6006) é basicamente o mesmo usado pelo AISI ( American Iron and Steel Instute) e pela SAE (Society of Automotive Engineers). Nestes sistemas, os aços são divididos em grupos principais e, dentro destes grupos, em famílias de características semelhantes (tabela 6.1 e 6.2). Estas famílias são designadas por conjuntos de algarismos, em geral 4, da seguinte forma: XX XX Família Teor de C em centésimos de porcento (0,01%) Assim, um aço 4340, é formado da família 43, isto é, com 1,8%Ni, 0,08%Cr, 0,25%Mo e com 40 centésimos de porcento de C, isto é, 0,40%C. Além dos algarismos, são empregadas letras na classificação, principalmente “H”, após os algarismos, que indica temperabilidade assegurada e “B” entre dois grupos de dois algarismos que indica a presença de boro, para aumento da temperabilidade. Por exemplo, um aço 8620H é um aço com resposta ao tratamento térmico mais consistente que o 8620, sendo que suas propriedades se situam na parte superior da faixa de dureza do 8620. Do mesmo modo, o aço 10B46, é essencialmente um aço 1046 (aço carbono com 0,46%C) ao qual adiciona-se um mínimo de 5 ppm de boro, que melhora a temperabilidade. Nos casos dos aços inoxidáveis e aços- ferramenta, os algarismos finais não representam o teor de carbono. Para aços inoxidáveis (NBR 5601) da série 3xx, a letra L após os algarismos indica carbono extra-baixo, com melhores características de resistência à corrosão. Os aços que são, comercialmente mais comuns. São exemplos típicos : 8620, 8640, 4140, 4340, 1045, 3310, 9315, 52100, 304, 410, 420. É claro que, ao projetar uma peça que requererá pequena quantidade de aço e será fabricada com pouca freqüência, deve ser dada preferência a um dos aços comercialmente mais comuns, pois são estes aços que se encontram, em Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 65 geral, em estoque no produtor. Assim, as chances de se obter o material em curto prazo, por preço razoável, aumentarão bastante. Por outro lado, na especificação de um aço para peças a serem produzidas em série, em grandes quantidades, é conveniente selecionar o material realmente necessário, evitando excessos (especificar aços com teores de elementos de liga superiores aos necessários, por exemplo) que, certamente, aumentarão os custos da produção seriada. A partir de 1975, num esforço para estabelecer um sistema único para a designação de metais e ligas, a ASTM e a SAE passaram a publicar o UNS ( Unified Numbering System). Neste sistema ( ASTM E 527), um prefixo de uma letra é seguido por cinco algarismos. A letra dá uma indicação da família do metal ou liga indicado e os algarismos identificam a liga específica. Para os aços normalizados pela SAE, o UNS tentou manter o mesmo código numérico. Aços ao Carbono Aços de alta resistência e baixa liga (ARBL) Aços Ferramenta Aços rápidos Aços para trabalho a quente Aços indeformáveis Aços resistentes ao choque Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 66 Etc. Aços Inoxidáveis Martensíticos Ferríticos Austeníticos Aços Carbono 10xx Aço Carbono 11xx Aço Carbono Ressulfurado ( corte fácil) 12xx Aço Carbono Ressulfurado e Refosforado ( corte fácil) Aços de Baixa Liga ( Construção Mecânica) 13xx Mn 1.75 23xx Ni 3.5 25xx Ni 5.0 31xx Ni1.25 Cr 0.65 33xx Ni 3.50 Cr 1.55 40xx Mo 0.25 41xx Cr 0.50 ou 0.95, Mo 0.12 ou 0.20 43xx Ni 1.80, Cr 0.50 ou 0.80, Mo 0.25 46xx NI 1.55 ou 1.80, Mo 0.20 ou 0.25 47xx Ni 1.05, Cr 0.45, Mo 0.20 48xx Ni 3.50, Mo 0.20 50xx Cr 0.28 ou 0.40 51xx Cr 0.80 a 1.25 5xxx Cr 0.50 ou 1.00 ou 1.45, C 1.00 61xx Cr 0.80 ou 0.95, V 0.10 ou 0.15 min. 86xx Ni 0.55, Cr 0.50 ou 0.65, Mo 0.20 87xx Ni 0.55, Cr 0.50, Mo 0.25 92xx Mn 0.85, Si 2.00 93xx Ni 3.25, Cr 1.20, Mo 0.12 98xx Ni 1.00, Cr 0.80, Mo 0.25 Aços Inoxidáveis ( Resistentes ao calor e à corrosão) 2xx Cr, Ni, Mn Austenítico 3xx Cr, Ni Austenítico 4xx Cr Ferrítico 4xx Cr Martensítico 5xx baixo cromo-resistente ao calor Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 67 3ª Parte Ferro Fundido Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 68 FERRO FUNDIDOS GENERALIDADES: Introdução Dentre as ligas ferro-carbono, os ferros fundidos constituem um grupo de ligas de importância fundamental para indústria, não só devido as características inerentes ao próprio material, como também pelo fato de, mediante introdução de elementos de liga, aplicação de tratamentos térmicos adequados e pelo desenvolvimento do ferro fundido nodular, ter sido viável ao seu emprego em aplicações que, de certo modo, eram exclusivas dos aços. Assim sendo, o seu estudo é fundamental para engenheiro mecânico e tecnólogo, ao qual se oferece mais uma opção no sentido da seleção de materiais metálicos para as diversas aplicações industriais. Definições Pelo conhecimento do diagrama de equilíbrio Fe-C, costuma-se definir ferro-fundido como “ligas Fe-C cujo teor de carbono se situa acima de 2,05% aproximadamente”. Face à influência do silício nessa liga, sobretudo sob o ponto de vista de sua constituição estrutural, o ferro fundido é normalmente considerado uma “liga ternária Fe-C-Si”, pois o silício está freqüentemente presente em teores superiores ao do próprio carbono. Por outro lado, em função de sua constituição estrutural, o carbono está geralmente presente, em grande parcela, na forma “livre”. Então ferro-fundido: “É a liga ferro-carbono-silício, de teores de carbono geralmente acima de 2,05% em quantidade superior à que ser retida em solução sólida na austenita, de modo a resultar carbono parcialmente livre, na forma de veios ou lamelas de grafita”. Dentro da denominação geral de “ferro fundido”, podem ser distinguidos os seguintes tipos de liga: Ferro fundido cinzento: fratura mostra uma coloração escura Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 69 (donde a sua denominação), caracteriza por apresentar como elementos de liga fundamentais o carbono e o silício e estrutura em que uma parcela relativamente grande do carbono está no estado livre ( grafita lamelar) e outra parcela no estado combinado (FE3C); Ferro fundido branco: fratura mostra uma coloração clara (donde a sua denominação), caracterizado por apresentar ainda como elementos de liga fundamentais o carbono e o silício, mas cuja estrutura, devido às condições de fabricação e menor teor de silício, apresenta o carbono quase inteiramente na forma combinada (Fe3C); Ferro fundido mesclado fratura mostra uma coloração mista entre branca e cinzenta ( donde a sua denominação), caracterizado igualmente por uma mescla de proporções variáveis de ferro fundido branco e ferro fundido cinzento; Ferro fundido maleável é caracterizado por ser obtido a partir do ferro fundido branco, mediante um tratamento térmico especial (maleabilização), resultando numa transformação de praticamente todo o ferro combinado em grafita na forma de nódulos (em vez de veios ou lamelas) Ferro fundido nodular é caracterizado por apresentar, devido a um tratamento realizado ainda no estado líquido, carbono livre na forma de grafita esferoidal, o que confere ao material característica de boa ductilidade, donde a denominação freqüente para esse material de ferro fundido dúctil. Ferro fundido de grafita compactada é caracterizado pelo fato da grafita apresentar-se em “escamas” ou seja com a forma de plaquetas ou estrias, motivo pelo qual tem sido também designado por “quasi-escamas”. Outras denominações são: escama agregada, semi-ondular e vermicular. É um produto que, como o ferro nodular exige adição de elementos especiais como terras raras, como um elemento adicional, como titânio, que reduz a formação de grafita esferoidal. O ferro fundido de grafita compactada pode ser Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 70 considerado um material intermediário entre o ferro fundido cinzento e o ferro nodular; possui a fundibilidade do ferro fundido cinzento, com melhor resistência mecânica e alguma ductilidade. Sua comercialização é relativamente recente. Diagrama Ferro-Carbono: O seu estudo é realizado nas porcentagens acima de 2,05% de carbono como verificado no diagrama abaixo: ? teor de carbono de 4,3% á temperatura de 11460C: corresponde a liga eutética de mais baixo ponto de fusão, chamada de liga eutética. ? ligas entre 2,05 e 4,3%C são chamadas de ligas hipoeutéticas e acima de 4,3%C são chamadas de ligas hipereutéticas. Resfriamento de uma liga eutética: Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 71 Ao resfriar lentamente a liga eutética, no ponto C, a mesma se solidifica havendo austenita + Fe3C . Este Eutético é conhecido por “Ledeburita” e é constituído de um fundo de cementita com aproximadamente 6,7%C e cristais de dendritas de austenita com 2,05%C. Continuando o resfriamento da liga, o teor de carbono da austenita diminui por acompanhar a inclinação da linha Acm. Ao atingir a temperatura de 7230 C com 0,8%C na linha A1, a austenita inicia a transformação em perlita. Abaixo de A1 a ledeburita será constituída de um fundo de cementita com glóbulos de perlita. Esta microestrutura é representado na fig.4.2 . Fig 4.2 Aspecto micrográfico da ledeburita. Estrutura típica de um ferro fundido eutético com 4,3%C. matriz de cementita com glóbulos de cementita. Ataque pícrico com aumento de 530X Resfriamento de uma liga hipoeutética: Materiais para Construção Mecânica II - Teoria Faculdade de Tecnologia de Sorocaba 72 Ao resfria agora uma liga com 3,0%C, por exemplo, verificamos que acima da linha liquidus, a liga está totalmente na fase liquida. Ao atingir X1, os primeiros cristais precipitados são de austenita, cujo teor de carbono é dado pela intersecção da horizontal passando a partir de X1 até encontrar a linha solidus. Continuando
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